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CONTABILIDADE 
TRIBUTÁRIA
Claudia dos Santos Farias
Elisão Fiscal: procedimentos 
contábeis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Diferenciar as alternativas de planejamento tributário.
 � Distinguir as formas de contabilização.
 � Identificar as vantagens da elisão fiscal, como forma de planeja-
mento tributário.
Introdução
Para o contribuinte, a elisão fiscal torna-se arma essencial na econo-
mia fiscal. O planejamento tributário está relacionado com a elisão. 
Elidir é evitar, reduzir o montante ou retardar o pagamento 
do tributo por atos ou omissões lícitos do sujeito passivo, an-
teriores à ocorrência do fato gerador. Portanto, elisão fiscal é definida 
como a economia tributária lícita.
Neste texto, você vai estudar a Elisão Fiscal e seus procedimentos 
contábeis. Sem informações contábeis adequadas, o planejamento 
tributário ficará dependente de dados avulsos, não regulares, sujeitos 
a estimativas, erros e avaliações equivocadas. Desta forma, a contabi-
lidade, sendo um sistema de registros permanentes das operações, é 
um pilar de tal planejamento.
Elisão fiscal – planejamento tributário lícito
Empresas de pequeno, médio e grande portes, atualmente, se veem diante de 
um quadro tributário catastrófico, devido à alta carga tributária sobre suas 
operações, o que leva muitas dessas empresas a aderirem a um planejamento 
tributário minucioso em todos seus aspectos mercantis. 
O propósito negocial será sempre o de se obter lucro com a operação, 
porém sem ultrapassar os limites da lei e sempre obtendo um melhor resultado 
de seus produtos ou serviços para sociedade.
O propósito negocial é a chave da intenção do planejamento tributário e, 
desde que a finalidade não seja unicamente reduzir a carga tributária burlando 
o fisco, terá validade e poderá ser utilizado como meio financeiro positivo 
para concretizar suas operações.
A contabilidade como ferramenta para 
otimizar o planejamento tributário
A contabilidade é uma ferramenta que visa a evidenciar, mensurar, avaliar e 
registrar todos os atos e fatos administrativos de um negócio, seja empresarial 
ou pessoal. Também evidencia fatos que não aconteceram, mas, pelo princípio 
da prudência, o faz registar para demonstrar sua mensuração como custo de 
oportunidade, sempre servindo de comparativos.
Em todo planejamento, se não houver uma forma de controle de todos os 
seus aspectos, correrá o risco de se tornar inviável. A contabilidade, como 
ferramenta de precisão, embasará toda tomada de decisão, visto que os fatos 
que não ocorreram, mas tem probabilidade de ocorrer, sejam registros para 
que os gestores possam mensurar o risco e o ganho dos negócios.
As chamadas contas de provisões ou de contingências evidenciam todo 
registro das operações e, com isso, se obtém uma visão de curto e longo prazo 
para os negócios, cabendo somente ao gestor analisar se será viável ou invi-
ável economicamente. 
De fato, ainda assim, os riscos por má administração ou por falta de 
atenção aos lançamentos contábeis poderão gerar um risco muito grande ao 
negócio, pois o controle das informações e dos valores é fundamental para 
que o planejamento ocorra como previsto, sem margens exorbitantes ao erro.
Formas e alternativas para o planejamento 
tributário e seus procedimentos contábeis
Um planejamento tributário ocorrerá de forma que o gestor de uma empresa 
se encontre em situação de poder seguir por vários caminhos, sabendo que um 
deles poderá ser vantajoso financeiramente e legalmente aceito; este será o ca-
minho pelo qual o gestor sempre deverá optar. Porém, para isso, é necessário 
um conhecimento profundo de seu negócio, bem como um conhecimento es-
pecializado na legislação tributária. 
Você verá que uma análise minuciosa sobre os aspectos tributários pode 
mudar o rumo nas tomadas de decisões por parte dos gestores. 
Contabilidade tributária2
Planejamento tributário – dividendos ou juros s/capital 
próprio (JCP)?
Uma determinada empresa, ao apurar um lucro em seu resultado contábil, 
deverá remunerar seus sócios ou acionistas pelo capital investido.
Há duas alternativas de se distribuir lucros de acordo com a Lei nº 6.404/76 
(lei das sociedades por ações), que são:
1. Dividendos – é considerada a parte do lucro que uma empresa atri-
buirá aos sócios. Por uma assembleia geral os dirigentes da alta admi-
nistração poderão escolher se distribuem parte do lucro aos sócios ou 
investem no resultado operacional da empresa, fazendo uma reserva 
de lucro.
2. Juros s/capital próprio – caracteriza a remuneração aos sócios pelo ca-
pital investido. É também uma forma de planejamento tributário, visto 
que o fisco permite deduzir seu valor da base de cálculo do IRPJ. 
Ambas as operações se caracterizam como distribuição de lucros. As 
empresas podem optar por um ou outro, ou ainda distribuir os lucros com a 
combinação dos dois (uma parte em dividendos e outra parte em juros sobre o 
capital próprio), cumprindo assim com essa obrigação. Em termos de planeja-
mento tributário, é importante que os gestores saibam que a segunda opção é 
a melhor, em função de permitir dedução na base de cálculo de tributos. Veja 
na prática a apuração e a contabilização das duas alternativas.
Dividendo – apuração e contabilização
De acordo com o artigo 202 da Lei nº 6.404/76, os acionistas têm direito a 
receber como remuneração uma parcela do lucro líquido contábil em cada 
exercício social, na forma de dividendos. A parcela do lucro não poderá ser 
diferente daquela estabelecida no contrato social. No entanto, caso o estatuto 
for omisso, a empresa tem que distribuir 50% do seu lucro líquido ajustado. 
A lei nº 6.404/76 (artigo 202, § 2º.) também estabelece que, quando o estatuto 
for omisso e a assembleia geral deliberar alterá-lo, o dividendo obrigatório 
não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido ajustado. Ou seja, as empresas 
devem distribuir no mínimo 25% do lucro líquido ajustado, na primeira vez 
que estabelecerem o percentual em estatuto. Entende-se como lucro líquido 
3Elisão Fiscal: procedimentos contábeis
ajustado o lucro líquido do exercício diminuído da importância destinada à 
reserva legal e reserva para contingências e acrescido da reversão de reserva 
para contingências, quando ocorrer.
O demonstrativo do resultado do exercício (DRE) será o relatório que dará 
suporte legal para o cálculo dos dividendos, e será nele que se achará o valor 
do lucro líquido do exercício.
Suponhamos que uma empresa tenha obtido um lucro líquido de 
R$ 100.000,00 e a parcela do lucro a distribuir seja como dividendo.
Fonte: Contábeis (2015).
(=) Lucro líquido do exercício R$ 100.000.000,00
(-) Destinação à reserva legal (5%) (R$ 5.000.000,00)
(+) Reversão de reserva de contingência R$ 25.000.000,00
(=) Lucro líquido ajustado R$ 120.000.000,00
(=) Lucro por ação (reais/ação) R$1,20
Destinações e distribuições
Reserva de lucros R$ 90.000.000,00
Distribuição de dividendos R$ 30.000.000,00
‘(=) Dividendo por ação R$ 0,03
LUCROS ACUMULADOS RESERVA DE LUCROS
(1) 90.000,00 90.000,00 (1)
(2) 30.000,00
120.000,00 90.000,00
120.000,00 90.000,00
DIVIDENDOS PROPOSTOS 
A PAGAR
BANCO
(3) 30.000,00 30.000,00 (2) 30.000,00 (3)
30.000,00 30.000,00
30.000,00 30.000,00
Contabilidade tributária4
Você pode perceber que, quando se remunera pelo pagamento de dividendos, a par-
cela efetiva do lucro é que está sendo retirada da empresa.
Juros s/capital próprio – apuração e contabilização
De acordo com o artigo 9º da Lei nº 9.249/95 e também de acordo com o artigo 
347º do Regulamento do Imposto de Renda: 
As empresas poderão deduzir, para efeitos de apuração do lucro 
real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, os 
juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios 
(Continua)
PATRIMÔNIO LÍQUIDO VALORES
Capital social 3.000.000,00
Reserva de reavaliação 500.000,00
Outras reservas 350.000,00
Lucros acumulados 1.000.000,00
Totalpatrimônio líquido 4.850.000,00
Lucro do exercício antes dos juros s/capital próprio 600.000,00
Taxa anual – TJLP 12%
Demonstrativo do Cálculo
5Elisão Fiscal: procedimentos contábeis
Fonte: Portal de Auditoria (201-?).
PATRIMÔNIO LÍQUIDO VALORES
(+)Total patrimônio líquido 4.850.000,00
(-)Reserva de reavaliação -500.000,00
TOTAL PL 4.350.000,00
 
Alíquota 12%
Valor dos juros 522.000,00
 
Limite de dedutibilidade 
Maior valor de: 
50% Lucro do exercício (100.000 x 50%) 50.000,00
Ou
50% Lucros acumulados (1.000.000,00 x 50%) 500.000,00
 
Valor dedutível a ser contabilizado 500.000,00
IRRF - 15%  a recolher 75.000,00
(Continuação)
ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calcula-
dos sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, 
pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP
Os JCP é também uma característica de distribuição de lucros, mas dife-
rente dos dividendos, pois seu cálculo não recai efetivamente sobre a parcela 
do lucro líquido, e sim do patrimônio líquido, o que por si só já causa um outro 
impacto sobre o fluxo financeiro da empresa, fora também por seu valor ser 
dedutível do lucro líquido, e abatido da base de cálculo do IRPJ e do CSLL, 
obedecendo a um limite fixado em lei.
O JCP será calculado com base no patrimônio líquido, e 15% de imposto 
de renda serão retidos na fonte, portanto, poderão ser dedutíveis do lucro lí-
quido, e deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
Contabilidade tributária6
Embora no exemplo do cálculo dos dividendos, não seja feita referência do 
mesmo relatório contábil, você terá uma noção de um melhor planejamento tri-
butário no momento de decidir qual a melhor forma de distribuição de lucros. 
De uma forma resumida, sua contabilização ficará da seguinte maneira:
JCP – DESPESA FINANCEIRA JCP A PAGAR – ACIONISTA A
(1) 500.000,00 (2) 425.000,00 425.000,00 (1)
- - -
90.000,00 30.000,00 - 90.000,00
90.000,00 - - 90.000,00
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE BANCO
(3) 75.000,00 75.00000 (1) 425.000,00 (2)
- - 75.000,00
-
(3)
- - - 500.000,00 
- - 500.000,00 
Como você pode observar, a conta de JCP – despesa financeira será de-
duzida do lucro real para fins de tributação do IRPJ e da CSLL, portanto, 
sofreu uma retenção de 15% na fonte de imposto de renda, que será abatido 
na apuração do IRPJ.
Os JCP são facultativos aos acionistas em substituição dos dividendos, 
tendo, portanto, o gestor que analisar e calcular minuciosamente a melhor 
opção pela remuneração da distribuição do lucro. Dessa forma, tem-se um 
planejamento tributário lícito.
7Elisão Fiscal: procedimentos contábeis
CONTÁBEIS: o portal da profissão contábil. Lucro e dividendos distribuídos aos acionistas 
com base na Lei nº 6.404/76 e possíveis consequências da modificação da Lei nº 9.249/95. R7 
Economia, 2015. Disponível em: <http://www.contabeis.com.br/artigos/2500/lucro-e-
-dividendos-distribuidos-aos-acionistas-com-base-na-lei-no-640476-e-possiveis-con-
sequencias-da-modificacao-da-lei-no-924995>. Acesso em: 13 set. 2016.
PORTAL DE AUDITORIA. Juros sobre capital próprio. [201-?]. Disponível em: <http://www.
portaldeauditoria.com.br/tematica/fechbalanco_jurossobrecapitalproprio.htm>. Aces-
so em: 13 set. 2016.
Leituras recomendadas
MACHADO, H. B. Introdução ao planejamento tributário. São Paulo: Malheiros, 2014.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade intermediária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SCHOUERI, L. E. (Coord.). Planejamento tributário e o “propósito negocial”: mapeamento 
de decisões do conselho de contribuinte de 2002 a 2008. São Paulo: Quartier Latin, 
2010.
Contabilidade tributária8

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