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AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA DO RIO PACIÊNCIA: UM ESTUDO DA VIABILIDADE DO USO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS PARA O ABASTECIMENTO URBANO EVALUATION OF THE WATER QUALITY INDEX IN THE RIVER BASIN PACIÊNCIA: A STUDY OF THE FEASIBILITY OF THE USE OF SURFACE WATERS FOR URBAN SUPPLY Eliseu Batista Ferreira1 Mestre. Alessandro Resende Marchado 2 Resumo: A água é um bem essencial à vida e para muitas atividades econômicas. Contudo, sua degradação ocorre de forma acelerada, tornando-a imprópria para os múltiplos usos da sociedade. O Rio Paciência constitui um dos principais mananciais da Ilha de São Luís, tendo importante contribuição no sistema de abastecimento da região metropolitana da capital. Atualmente, recebe descargas acentuadas de esgotos domésticos ao longo do seu curso, comprometendo a qualidade de suas águas. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o atual estado da qualidade das águas na bacia do Rio Paciência, que corta os 4 municípios da Grande ilha (São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar), utilizando-se o Índice de Qualidade de Água da Cetesb (IQAcetesb). Busca determinar o grau de contaminação do corpo d’agua através de parâmetros adotados e adaptados pela Cetesb, que podem ser consultados na Resolução CONAMA N° 357 de 17 de março de 2005. A resolução CONAMA 357/05 dispõe dos valores máximos de cada parâmetro e classifica as águas por meio de classes que variam de 1 a 4. Os resultados obtidos com os ensaios realizados serão comparados com os determinados por esta resolução, afim de dar um diagnóstico sobre a situação atual do manancial. Palavras-chave: Índice de qualidade de água. Saneamento. Abastecimento Público. Abstract: Water is an essential good to life and for many economic activities. However, its degradation occurs in an accelerated manner, making it unusable for the multiple uses of society. The Paciência River is one of the main springs of the Island of São Luís, having an important contribution in the supply system of the capital. Currently, it receives marked loads of domestic effluents throughout its course, compromising the quality of its waters. The present work aims to evaluate the current state of water quality in the paciência river basin, which cuts through the 4 municipalities of the Greater Island, using the Cesteb Water Quality Index (IQAcestb). It seeks to evaluate the degree of contamination of the water body through parameters adopted and adapted by Cesteb, which can be consulted in CONAMA Resolution No. 357 of March 17, 2005. Conama resolution 357/05 has the maximum values of each parameter and classifies the waters by means of classes ranging from 1 to 4. The results obtained with the tests performed will be compared with those determined by this resolution, in order to give a diagnosis about the current situation of the source. KeyWords: KeyWords: Water Quality Index. Sanitation. Public Supply. 1 Eliseu Batista Ferreira Concludente do Curso de Engenharia civil – E-mail: mr3861609@gmail.com 2 Alessandro Resende Marchado – Mestre – E-mail: alessandro004926@ceuma.com.br 2 Submissão: 06 de junho de 2022 1 INTRODUÇÃO O Brasil é o país com a maior reserva de água doce do planeta. Porém, grande parte desse recurso está concentrada em regiões onde há menor uma quantidade de pessoas. E “pouca disponibilidade nos grandes centros urbanos onde há elevada densidade populacional e alta demanda pelos recursos hídricos, e, na maioria dos casos, sofrem com a poluição e, por consequência, há uma piora considerável na qualidade da água, tornando o abastecimento nas grandes cidades um desafio ainda maior. A qualidade das águas superficiais pode ser facilmente alterada, o uso dos recursos naturais pelo homem em áreas urbanas, na indústria, em atividades agrícolas, e incluindo processos naturais como a variação da precipitação, acaba tornando-as inadequadas para o consumo. Grande parte dos ecossistemas aquáticos brasileiros sofre algum tipo de impacto direto ou indireto por poluentes advindos dos grandes centros urbanos, o que intensivamente prejudica a capacidade de resiliência dos recursos naturais. O rio paciência, que corta a cidade de São Luís e mais 3 municípios de sua região metropolitana, sofre com esses problemas, que afetam ‘visivelmente em alguns pontos’, a qualidade da água do manancial, e ocorrem de diversas formas, como o lançamento de esgotos domésticos tratados ou não tratados de forma adequada; a falta ou incapacidade do modo que os efluentes industriais são verificados, de forma que sua destinação seja feita corretamente algo que a fiscalização dessas indústrias não faz com eficiência; do desmatamento; da urbanização desordenada, entre outros. Tendo papel tão importante na manutenção da vida, em relação a seus diversos usos e à manutenção de sua qualidade e quantidade, os recursos hídricos são considerados bens comuns, que devem ser geridos de forma integrada, garantindo o aproveitamento com o mínimo de conflito, e fazendo dos recursos hídricos uma questão não só ecológica como também política, econômica e social. Na maior parte das cidades brasileiras, o sistema de captação de água para o abastecimento público é feito diretamente de um manancial que passa próximo da área urbana da cidade, devido a facilidade e ao baixo custo operacional, com o tratamento adequado, a recuperação do manancial só trará benefícios, pois permitirá o retorno da população marinha, tornando-se uma fonte própria para o abastecimento e trazendo mais qualidade de vida para a população que diretamente ou indiretamente depende do manancial. De acordo com o manual de saneamento publicado pela Fundação Nacional de Saúde, o primeiro critério a ser adotado na escolha de um manancial para ser usado como fonte de abastecimento, previamente e indispensável, é a realização de análises de componentes orgânicos, inorgânicos e bacteriológicos das águas do manancial, para verificação dos teores de substâncias prejudiciais, limitados pela Resolução nº 20, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 18 de junho de 1986 – Que dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. O Índice de Qualidade da água (IQA) foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta, destinada ao uso em abastecimento público, após o tratamento. É calculado com parâmetros definidos em pesquisas científicas por diversos pesquisadores e organizações, usados para dar uma ideia da qualidade da água, pois combina os resultados de várias variáveis com um indicador. Assim, transmitindo informações que possam ser compreendidas pelo público em geral. O presente estudo, baseado no método experimental, visa determinar o nível 3 de poluição da água em questão, utilizando parâmetros de qualidade da água; físico-químicos e microbiológicos. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Diversos estudos têm sido realizados ao redor do mundo com o objetivo de avaliar a qualidade da água utilizada para consumo humano. Órgãos internacionais e nacionais têm falado muito sobre o assunto que hoje é amplamente debatido, por ser um recurso importante para a vida e também por ser limitado. O homem sempre se preocupou com o problema de obter a qualidade e a quantidade de água para uso e desde muito jovem, embora não tivesse muita experiência, sabia distinguir a água pura, sem cor e odor, daquela que não possuísse estas propriedades (Manual de Esgoto, 5ª ed., 2018 FUNASA). Com o crescimento das populações humanas e o aumento da necessidade de uso da água, o homem passou a realizar atividades em grande escala voltadas à captação, transporte e armazenamento desse líquido e ao desenvolvimento de técnicas de tratamento, interrompendo assim o ciclo hidrológico. A água não émais encontrada pura na natureza. Quando cai em forma de chuva, já carrega sujeira e quando atinge o solo, com seu grande poder de dissolver e carregar coisas, muda ainda mais suas propriedades. Entre as substâncias dissolvidas existem substâncias muito diversas, como calcário e magnésio, que tornam a água dura; substâncias férteis que lhe conferem cor e sabor diferentes e substâncias das atividades humanas, como produtos industriais, que a tornam imprópria para consumo. Além disso, a água pode carregar coisas por suspensão, como pequenas partículas do solo por onde passa e dar lama; também pode transportar organismos, como algas, que alteram seu cheiro e sabor, além de desintoxicar, por exemplo. cianobactérias, ou ainda, ao passar pela terra sob atividades humanas, podem carrear bactérias patogênicas por suspensão (FUNASA, 2019). Em 1949, a Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conservação e Uso dos Recursos Naturais reuniu pela primeira vez, cientistas de todas as regiões do planeta para analisar a gestão dos recursos naturais, mas nesse primeiro evento, problemas básicos como a degradação de rios e mares e poluição industrial. O aumento do uso da água no mundo e a pressão das instituições quanto ao surgimento da crise hídrica no médio prazo, levaram a ONU a convocar a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre a Água, realizada em março de 1977, na Argentina, onde foi considerado um documento de referência completo sobre recursos hídricos até a definição de um capítulo específico sobre água da Agenda 21 (REVISTA ECO21, 2020) A “Conferencia da Água” realizada em 1977, em Mar del Plata (Argentina), também pela ONU, tem neste percurso um papel simbólico, a medida em que um “Decênio Internacional de Abastecimento de Água potável e Saneamento”, para decorrer entre 1981-1990. Estabelecem um “plano de ação” com uma série de medidas para assegurar o acesso da população mundial a águas controladas (abastecimento de água potável e garantia de saneamento básico), defendendo isso como um esforço concentrado dos países da comunidade internacional. (Mendes D. 2008) No Brasil, foi criado em 1920 o Departamento de Saúde Pública, por meio do decreto n°. 3.987/20, com base na lei n°. 6.229/75 que dispunha sobre a organização do Sistema Nacional de Saúde. No ano de 1977 o governo criou o decreto 79.367/77 passando a competência de criar e organizar normas para estabelecer um padrão de potabilidade da água para consumo humano para o Ministério da Saúde. Ficando este responsável por articular juntamente com as secretarias de saúde dos estados e munícios, normais sanitárias sobre proteção dos mananciais, abastecimento da população, e controle e qualidade de águas de sistemas de abastecimento público. 4 Em São Luís a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA), é quem efetua o controle da qualidade das águas dos mananciais superficiais e subterrâneos (poços) e da rede de distribuição através das análises físicas, químicas e bacteriológicas da água a partir de amostras coletadas da água bruta, junto ao ponto de captação, assim como da água tratada nas Estações de Tratamento da Água e em pontos da rede de distribuição, de acordo com os parâmetros exigidos na Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021, do Ministério da Saúde (CAEMA, 2018). A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão – CAEMA é uma empresa de economia mista, que detém a concessão de execução operação e exploração dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário do município de São Luís, através do termo de Ratificação Contratual, firmado entre a CAEMA e a Prefeitura Municipal de São Luís, em 1996 com vigência até 2026. De acordo com a empresa, a qualidade da água dos mananciais Rios: Itapecuru, da Prata, Riacho Mãe Isabel e Barragem do Batatã é regulamentada com base na Resolução nº 357/05 e n° 430/11do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), sendo responsável também por este monitoramento a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA. A água produzida e distribuída por Sistemas de Abastecimento de Água supridos por poços tubulares profundos é submetida a processo de desinfecção, e os supridos por mananciais superficiais é submetida a processos de tratamento (CAEMA, 2018). 2.1. ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA O desenvolvimento de indicadores de qualidade da água visa transformar as informações produzidas pelo monitoramento em um formulário de fácil acesso e compreensão pelas pessoas envolvidas na gestão dessa fonte e, em especial, pelas pessoas que utilizam essas nascentes. O IQA é utilizado de formas muito diversas como método de síntese, convertendo diferentes informações em um único resultado numérico (ALMEIDA, 2003). "Os índices podem ser interpretados como pontos, que expressam a qualidade da água de um determinado ponto em um único valor, o que facilita o entendimento do público em geral e a comparação entre os pontos testados" (SPERLING, 1996). Dentre os IQA, o mais conhecido e amplamente utilizado é o proposto pela National Sanitation Foundation (NSC); que vem sendo preparado em regiões muito diferentes. Vale ressaltar que no caso do "índice de qualidade, vários foram desenvolvidos por organizações diferentes e têm objetivos diferentes, e todos têm a mesma combinação de um conjunto de elementos" (BRAGA, 2005). Foram criados também, por exemplo, o Índice de Preservação da Vida Aquática (IVA), o Índice do Estado Trófico (IET), entre outros, cada um para uma determinada finalidade. No Brasil, o NSC IQA foi adaptado e substituído pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. Isso tem sido usado por vários pesquisadores e organizações ambientais como uma ferramenta de avaliação da qualidade da água. A CETESB desenvolveu o Índice de Qualidade da Água Bruta para Abastecimento Público (IAP), vinculado ao IQA, e o Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas (ISTO). 2.1.1 Índice de Qualidade de Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público (IAP) O Índice de Qualidade da Água Bruta para Abastecimento Público (IAP) foi estabelecido por um Grupo Técnico formado por membros da CETESB, SABESP, institutos de pesquisa e universidades. (ANA, 2021). Consiste em três grupos de parâmetros: a) Índice de Qualidade da Água (IQA): temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes fecais, nitrogênio total, fósforo total, sedimento total e turbidez; 5 b) Parâmetros que verificam a presença de substâncias tóxicas (teste de mutagenicidade, capacidade de formar trihalometanos, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio e níquel); novamente c) Parâmetros que afetam a qualidade organoléptica da água (fenóis, ferro, manganês, alumínio, cobre e zinco). 2.1.2 Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas - ISTO As variáveis que indicam a presença de substâncias tóxicas e que afetam a qualidade organoléptica foram coletadas para fornecer o Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas (ISTO), que é usado para determinar o IAP, com base no IQA original. Para cada parâmetro incluído no ISTO, são estabelecidas curvas de qualidade que dão pesos que variam de 0 a 1. As curvas de qualidade, representadas pela variável poder de formação de trihalometanos e metais, são construídas usando dois níveis de qualidade (qi), que associam os valores numéricos 1,0 e 0,5, respectivamente, ao limite inferior (LI) e ao limite superior (LS). A figura 1 mostra a curva de qualidade padrão para as variáveis incluídas no ISTO, com exceção feita à variável e número de célula de cianobactérias (CETESB, 2021, Ap. D, p. 7) Figura 1 - Curva de qualidade padrão para as variáveis incluídas no ISTO Fonte: (CETESB, 2021, Ap. D, p. 7). De acordo com o Apêndice D, Índices de Qualidade das Águas da CETESB,as faixas de variação de qualidade (qi), que são atribuídas aos valores medidos para o potencial de formação de trihalometanos, para os metais que compõem o ISTO, refletem as seguintes condições de qualidade da água bruta destinada ao abastecimento público: Valor medido ≤ LI: águas adequadas para o consumo humano. Atendem aos padrões de potabilidade da Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde em relação às variáveis avaliadas. LI < Valor medido ≤ LS: águas adequadas para tratamento convencional ou avançado. Atendem aos padrões de qualidade da classe 3 da Resolução CONAMA 357/05 em relação às variáveis determinadas. Valor medido > LS: águas que não devem ser submetidas apenas a tratamento convencional. Não atendem aos padrões de qualidade da classe 3 da Resolução CONAMA 357/05 em relação às variáveis avaliadas. Dessa forma, o limite inferior de cada uma dessas variáveis será considerado conforme os padrões de usabilidade estabelecidos na Portaria nº. 5, de 09/2017 do Ministério da Saúde e o limite superior dos padrões de qualidade da água doce na Classe 3 do CONAMA 357/05. A Tabela 1 lista os limites inferior e superior aceitos para metais e o potencial para formação de trihalometanos. 6 Tabela 1 – Limites Superiores e Inferiores dos metais e PFTHM FONTE – (CETESB, 2021, Ap. D, p. 8). Por considerar uma maior quantidade de variáveis e ensaios mais aprofundados o diagnóstico do IAP se torna um processo muito mais caro em relação apenas á determinação do IQA, por esse motivo, no presente trabalho será apenas determinado os valores obtidos através do cálculo do Índice de qualidade da água. 2.1.3. Cálculo do IQA O IQA é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água correspondentes às variáveis que integram o índice. A seguinte fórmula é utilizada: onde: IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100; qi: qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva “curva média de variação de qualidade”, em função de sua concentração ou medida e, wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que: em que: n: número de variáveis que entram no cálculo do IQA. As classificações do IAP estão ilustradas na tabela 2. Tabela 2 – Classificação do IAP 7 FONTE – (CETESB, 2021, Ap. D, p. 8). 2.2. PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA Para caracterizar a água, foram determinados vários parâmetros que representam suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Esses são indicadores de qualidade da água, e quando atingem valores superiores aos estabelecidos para um determinado uso, ocorre a poluição (Morinelli et al., 2015) Para definição de tais índices em Brown et al. (1970), realizou uma pesquisa de opinião com diversos especialistas em qualidade de águas superficiais, para quer fossem selecionados os principais parâmetros que fossem relevantes para compor um IQA. Foram então selecionados 9 deles: Oxigênio dissolvido, pH, demanda bioquímica de oxigênio, nitratos, fosfato total, turbidez, temperatura da água, sólidos totais dissolvidos e coliformes termotolerantes (NSF, 2016). Os parâmetros e os pesos originais deste índice podem ser consultados no site oficial da ANA (2017) assim como estão dispostos na tabela 3 abaixo: Tabela 3: Parâmetros de Qualidade da Água do IQA e respectivo peso. Fonte: (ANA, 2017). Para facilitar a divulgação e interpretação de dados sobre os parâmetros de qualidade das águas ao público, os Índices de Qualidade das Águas expressam, através de um valor único, a qualidade das águas em um ponto de monitoramento específico, o qual aponta de forma classificatória a qualidade da água (VON SPERLING, 2005). O índice criado por Brown et al. (1970) foi adaptado pela Cetesb, criando o IQACETESB (DI LULLO et al., 2018). Após o cálculo, um valor de 0 a 100 é obtido, onde 0 representa péssima qualidade e 100 ótima qualidade como mostra na tabela 4, sendo possível classificar a amostra na escala de categorias de qualidade de água. Os parâmetros e os pesos originais deste índice podem ser vistos em ANA (2017). Tabela 4 – Classificação de acordo com o valor do IQAcetesb. 8 Fonte: (ANA, 2017). 2.2.1. Oxigênio Dissolvido De acordo com a Agencia Nacional de Águas, o oxigênio dissolvido é importante para a manutenção da vida aquática porque muitos organismos, como os peixes, precisam de oxigênio para respirar. A água contaminada com esgoto tem menos oxigênio dissolvido porque é utilizada no processo de decomposição da matéria orgânica. Por outro lado, a água doce tem um teor de oxigênio dissolvido mais alto, normalmente superior a 5 mg/L, a menos que as condições ambientais façam com que esse parâmetro seja baixo. A água estrófica (rica em nutrientes) pode ter uma concentração de oxigênio superior a 10 mg/L, uma condição conhecida como supersaturação. Isso é especialmente verdadeiro em lagos e lagoas onde o crescimento excessivo de algas faz com que os níveis de oxigênio aumentem durante o dia, devido à fotossíntese. Por outro lado, durante a noite a fotossíntese não ocorre, e a respiração dos organismos faz com que a concentração de oxigênio caia significativamente, o que pode causar a morte dos peixes. 2.2.2 Coliformes termotolerantes Bactérias coliformes termotolerantes são encontradas no intestino de animais de sangue quente e são indicadores de contaminação por esgoto. Eles não são patogênicos (não causam doenças), mas sua presença em grande número indica a possibilidade da presença de microrganismos patogênicos responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica (por exemplo, disenteria bacilar, febre tifoide, cólera) (ANA, 2017). 2.2.3. Potencial Hidrogeniônico (pH) Cetesb (2009) afirma que o pH possui uma grande influência sobre os ecossistemas aquáticos, isso ocorre por causa da fisiologia de várias espécies. E que em determinadas condições, pode contribuir para determinar o risco de elementos químicos tóxicos como metais pesados na água, outras condições podem desempenhar efeitos sobre as solubilidades de nutrientes. O pH afeta o metabolismo de várias espécies aquáticas. A Resolução CONAMA 357 estabelece que para a proteção da vida aquática o pH deve estar entre 6 e 9. (ANA, 2017). 2.2.4. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20) Identificada pela sigla DQO, a Demanda Bioquímica de Oxigênio representa a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica presente na água através da decomposição microbiana aeróbia. A DBO5,20 é a quantidade de oxigênio consumido durante 5 dias em uma temperatura de 20°C. Valores altos de DBO5,20, num corpo d'água são provocados geralmente causados pelo lançamento de cargas orgânicas, principalmente esgotos 9 domésticos. As análises dos valores de DQO é uma das mais importantes para definição do grau de poluição de um manancial. A ocorrência de altos valores deste parâmetro causa uma diminuição dos valores de oxigênio dissolvido na água, o que acaba provocando a mortalidade de peixes e a eliminação de outros organismos aquáticos. 2.2.5 Temperatura da água A temperatura influencia alguns parâmetros físico-químicos da água, como tensão superficial e viscosidade. Animais aquáticos são afetados por temperaturas fora de seus limites de tolerância térmica, o que afeta seu crescimento e reprodução (ANA, 2017). Todos os corpos d'água apresentam variações de temperatura ao longo do dia e das estações.No entanto, descargas de águas residuais em altas temperaturas podem ter um impacto significativo nos cursos d’água. 2.2.6 Nitrogênio Total Em corpos d'água, o nitrogênio pode ocorrer nas formas de nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato. Os nitratos são tóxicos para os seres humanos, e em altas concentrações causam uma doença chamada metemoglobinemia infantil, que é fatal em crianças (ANA, 2017). Como os compostos nitrogenados são elementos em processos biológicos, sua liberação em grandes quantidades na água, juntamente com outros elementos como o fósforo, provoca o crescimento excessivo de algas, processo conhecido como eutrofização, que pode prejudicar o abastecimento público, a recreação e a conservação da vida aquática. As fontes de nitrogênio para os corpos hídricos são diversas, sendo as principais os lançamentos de esgoto e efluentes industriais. Também ocorre a fixação biológica do nitrogênio atmosférico pelas algas e bactérias. Além disso, outros processos, tais como a deposição atmosférica pelas águas das chuvas também causam aporte de nitrogênio aos corpos d’água (ANA, 2017). 2.2.7 Fósforo Total Segundo a ANA, 2017, da mesma forma que o nitrogênio, o fósforo é um nutriente importante para os processos biológicos e seu excesso pode causar eutrofização da água. Dentre as fontes de fósforo, destaca-se o esgoto doméstico, devido à presença de detergentes superfosfatos e da própria matéria fecal. O escoamento da água da chuva de áreas agrícolas e urbanas também é uma importante fonte de fósforo na água. Entre os resíduos industriais, das indústrias de fertilizantes, alimentos, laticínios, freezers e frigoríficos. 2.2.8 Turbidez De acordo com FUSATI (2021) A turbidez é a condição da água com uma quantidade excessiva de partículas em suspensão. A presença dessas partículas afeta a dispersão da luz na água e, assim, causa uma falta de transparência na fonte que é importante para os organismos vivos. A turbidez indica o grau de turvação que um feixe de luz atravessa ao passar pela água. Essa redução ocorre por meio da absorção e dispersão da luz causada por sólidos em suspensão (silte, areia, argila, algas, detritos etc.) (ANA, 2017). O aumento da turbidez resulta em maiores quantidades de produtos químicos (por exemplo, coagulantes) sejam usados em estações de tratamento de água, aumentando os custos de tratamento. Além disso, a alta poluição também afeta a conservação da vida aquática, uso 10 industrial e atividades recreativas. A principal fonte de erosão é a erosão do solo, onde durante a estação chuvosa a água da chuva traz uma grande quantidade de sólidos para a água (ANA, 2017). 2.2.9 Resíduo Total O resíduo total é a matéria restante após a secagem, evaporação ou desidratação após um certo tempo e temperatura. Se os resíduos sólidos forem depositados em leitos d'água, podem causar a formação de lodo, o que cria problemas de navegação e pode aumentar o risco de inundações. Além disso, podem causar danos à vida aquática, pois, ao serem colocados no leito, destroem os organismos que vivem no fundo e servem de alimento para outros organismos, além de danificar os locais de desova de peixes (ANA, 2017). Além de seu peso (w), cada parâmetro possui um valor de qualidade (q), obtido do respectivo gráfico de qualidade em função de sua concentração ou medida (figura 3, abaixo). Figura 2 – Curvas médias de variação dos parâmetros de qualidade das águas para o cálculo do IQA 11 Fonte: (ANA, 2005). A salinidade é a quantidade total de sais dissolvidos presentes na composição da amostra de água. Os níveis de salinidade tendem a aumentar durante os períodos mais quentes e secos do ano devido à maior evaporação e maior influência das marés que temos nessa região. A importância de medir esse parâmetro da água se deve ao fato de que, em altas concentrações, o sal pode ser prejudicial à saúde. Além disso, essas substâncias também podem afetar a densidade da água, prejudicando seu uso na agricultura e na criação de espécies aquáticas, por exemplo. 3 PROCEDIMENTO METODOLOGICO A bacia do Rio Paciência possui uma área de aproximadamente 153,12 km² e situa-se entre os paralelos 02º 25’ 30” a 02º 37’ 30” de Latitude Sul e 44º 07’ 30” a 44º 16’ 30” de Longitude Oeste, na região nordeste da ilha de São Luís (Figura 3). Sua nascente está localizada parte central da ilha, entre os bairros de São Cristóvão e Santa Bárbara, como mostrado na figura abaixo; Figura 3 - Bacia hidrográfica do rio paciência Adaptado pelo autor – Bacia do rio paciência, google Earth. O presente estudo tem como base a metodologia exploratória, a pesquisa será realizada 12 em duas partes, a primeira constituiu em um levantamento bibliográfico em diversos bancos de dados, relatórios de órgãos públicos e privados, bibliotecas de instituições de ensino e em meio eletrônico, bibliografias referentes à temática em bases de dados, tais como o Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online. Além de consultas a Leis Federais, Estaduais e Municipais. Na segunda parte, serão realizadas visitas in loco para a coleta da amostragem da água, e realização de registros fotográficos. Foram determinados 3 (três) pontos de coleta em locais distintos (Figura 4), ao longo da extensão do corpo hídrico. Nesses pontos duas amostras mensais serão coletadas, a primeira está programada para o dia 30 de junho e a segunda, está para ser realizada durante o mês de outubro. Figura 4 - Pontos de coleta das Amostras Adaptado pelo autor - Pontos de captação das amostras, google Earth. Serão realizadas as análises de 4 parâmetros básicos (pH, oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade). Esses 4 parâmetros têm seus resultados obtidos automaticamente por meio de sondas multiparamétricas que são postas em contato com os corpos d’água, não necessitando de coleta, transporte e análise de amostras em laboratórios. Não existem procedimentos padronizados no Brasil para coleta e preservação de amostras de qualidade de água. Como consequência, duas amostras retiradas num mesmo trecho de rio podem apresentar resultados distintos, se realizadas por diferentes instituições. Por isso, é necessário padronizar os procedimentos de coleta e de preservação de amostras para que as informações possam ser comparáveis (ANA, 2017). Em razão disso para manter a confiabilidade da pesquisa, as amostras em estudo serão realizadas em conformidade com o Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras (ANA; CESTEB; 2011). Aos demais parâmetros, serão coletados e armazenados em caixa de isopor com gelo, de acordo com as as técnicas de preservação do GNCPA. Quem têm por objetivo retardar a ação biológica e a alteração dos compostos químicos; reduzir a volatilidade ou precipitação dos constituintes e os efeitos de adsorção; e/ou preservar organismos, evitando ou minimizando alterações morfológicas, fisiológicas e de densidades populacionais, em todas as etapas da amostragem (coleta, acondicionamento, transporte, armazenamento, até o momento do ensaio) (ANA; CESTEB; 2011). Os ensaios serão realizados nos laboratórios da Universidade Ceuma – Uniceuma e na Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 13 Após a realização das duas campanhas, os resultados serão comparadoscom as condições e padrões de qualidade das águas doces estabelecidos pela Resolução CONAMA N° 357 de 17 de março de 2005, para as classes 1, 2 e 3. 4 RESULTADOS ESPERADOS Devido ao longo tempo de descaso do poder público e da falta de conscientização por parte da população, espera-se encontrar o manancial em estado bastante degradado, visto que nasce na parte central da ilha e durante o percurso até chegar ao estuário recebe acentuadas cargas de resíduos, sejam eles domésticos ou industriais, além de sofrer com o assoreamento e a ocupação sem planejamento em algumas locais ao longo da sua margem. REFERENCIAS Agência Nacional de Águas (Brasil). Panorama da qualidade das águas superficiais no Brasil / Agência Nacional de Águas, Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos. - Brasília: ANA, SPR, 2005. AZEVEDO S.M.F.O. Toxinas de Cianobactérias: Causas e Consequências para a Saúde Pública. Medicina No Linne, volume 1, ano 1, número 3, 1998. ANDRADE, Eunice M. de et al. Seleção dos indicadores da qualidade das águas superficiais pelo emprego da análise multivariada. Engenharia agrícola, v. 27, n. 3, p. 683-690, 2007. 14 ALMEIDA, M. A. B.; SCHWARZBOLD, A. Avaliação sazonal da qualidade das águas do Arroio da Cria Montenegro, RS com aplicação de um índice de qualidade de água (IQA). Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 8, n. 1, p. 81-97, 2003. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Eliminar as lacunas geográficas e temporais no monitoramento de qualidade de água. Disponível em: Portal da Qualidade das Águas (ana.gov.br) Acesso em: mai. 2022. BROWN, Robert M. et al. Um índice de qualidade da água- ousamos. 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