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Isolamento do AAS em Analgésico Juliano Corrêa Rodrigues 1 - Curso de Farmácia da UFCSPA Porto Alegre, RS, 90050-170, Brasil juliano.rodrigues@ufcspa.edu.br RESUMO O Ácido Acetilsalicílico (AAS) é um dos fármacos mais populares mundialmente produzidos e consumidos. O presente experimento utiliza de medicamento vendido em farmácia (aspirina), para extrair o ingrediente ativo, ácido acetilsalicílico (AAS), por dissolução do comprimido em um solvente apropriado, utilizando técnicas de extração e cromatografia em coluna. Posteriormente, a pureza do ingrediente ativo será analisada. Os resultados serão observados a fim de calcular o rendimento final do princípio ativo. Uma aspirina é composta por 500 mg de ácido acetilsalicílico, referente aos dados fornecidos pela fabricante. INTRODUÇÃO O ácido acetilsalicílico (AAS), também conhecido como Aspirina, é um dos fármacos mais comercializados no mundo. O AAS foi desenvolvido na Alemanha em 1897 por Felix Hoffmann, um pesquisador das indústrias Bayer. Este fármaco de estrutura relativamente simples atua no corpo humano como um poderoso analgésico (alivia a dor), antipirético (reduz a febre) e anti-inflamatório. A aspirina pode ser sintetizada da seguinte forma: Figura 1: reação de síntese do ácido acetilsalicílico. A Aspirina possui dois excipientes, amido e celulose, que são utilizados para garantir a estabilidade e as propriedades biofarmacêuticas dos medicamentos. Estes excipientes possuem alta polaridade e interagem diretamente com a alumina, enquanto o ácido acetilsalicílico possui baixa polaridade e possui maior afinidade com o metanol. Figura 2: molécula de amido (polar). No presente experimento, o princípio ativo, ácido acetilsalicílico, será isolado por meio da técnica de cromatografia em coluna. Assim, os excipientes serão separados do princípio ativo. Cromatografia em coluna A cromatografia é utilizada para a separação de uma mistura de dois ou mais compostos por distribuição entre as duas fases, uma das quais é a estacionária, alumina (Al2O3), e a outra, móvel, metanol. A cromatografia em coluna é uma técnica baseada na capacidade distinta de adsorção e solubilidade de compostos diferentes entres as fases sólida e líquida. Desse modo, a mistura a ser separada é inserida em uma coluna com o eluente metanol (menos polar) e como adsorvente a alumina (mais polar). Na cromatografia em coluna, a substância a ser separada é colocada na parte superior da coluna previamente empacotada com a fase estacionária e a fase móvel. Posteriormente, o eluente é vertido em quantidade que deve ser suficiente para promover a separação dos componentes da mistura. O fluxo de solvente contínuo e os diferentes componentes da mistura vão se mover em velocidades diferentes dependendo da sua afinidade com o adsorvente e com o eluente. À medida que os compostos da mistura são separados, bandas começam a ser formadas. O ideal é que cada banda contenha apenas um composto. Em geral os compostos apolares passam através da coluna mais facilmente que os compostos polares. Figura 3: ilustração de uma coluna cromatográfica. Objetivos Isolar o princípio ativo (ácido acetilsalicílico) de medicamentos comerciais por dissolução do comprimido em solvente apropriado utilizando técnicas de extração e cromatografia em coluna. Por fim, calcular a percentagem de recuperação do ingrediente ativo. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Pesou-se o balão volumétrico, recipiente, para identificar seu peso sem o princípio ativo. Quebrou-se um comprimido e, com o auxílio de um almofariz, o medicamento foi moído. Adicionou-se o material pulverizado em um tubo de centrífuga com tampa. Posteriormente, adicionou-se 2 mL de metanol ao tubo e agitou-se a mistura vigorosamente, para aliviar a pressão, removeu-se a tampa do tubo. Após a sedimentação do sólido, foi utilizada uma pipeta de Pasteur para que a parte líquida fosse transferida para outro tubo de centrífuga. Adicionou-se 2 mL de metanol ao tubo original e o processo foi repetido novamente. Depois, juntou-se as fases metanólicas e o extrato foi posto em uma centrífuga por 3 minutos, dessa maneira deixando o sobrenadante límpido, o qual foi transferido para um novo tubo de centrífuga. A coluna foi preparada da seguinte maneira: colocou-se uma pequena quantidade de algodão na ponta da coluna e, em seguida, adicionou-se 0,5 g de alumina suspensa em metanol. Após o empacotamento da coluna, a mesma foi fixada em um suporte na posição vertical de modo que o líquido escoado pudesse alcançar o balão volumétrico. Logo após houve a adição da fase orgânica na coluna, deixando-o escoar até o balão volumétrico. Posteriormente houve a evaporação do solvente (metanol). Para isso foi utilizado um banho-maria a 50 °C, colocou-se o balão volumétrico no banho por, aproximadamente, 10 minutos, porém o produto não se precipitou. Dessa maneira, deixou-se o produto uma semana no laboratório para sua eventual cristalização e pesagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Obteve-se, aproximadamente, 265 mg do princípio ativo, dessa maneira foi calculado a percentagem de aproveitamento do ácido acetilsalicílico, utilizando 500 mg, dados fornecidos pela fabricante. Por meio de regra de 3 chegou-se a 53% de aproveitamento do princípio ativo (Equação (1)): 500 mg ---------- 100% 265 mg ----------- X X = 53% Observa-se que grande parte do princípio ativo não foi recuperado. Dentre os possíveis problemas que causaram essa perda estão: o adsorvente escolhido, polaridade do solvente escolhido, tamanho da coluna, alumina seca, velocidade de eluição, a perda do princípio ativo no momento de trituração do medicamento ou durante a transferência da parte orgânica junto à parte inorgânica para um novo tubo. Esses são problemas que podem ter causado essa diferença final na obtenção do princípio ativo isolado. CONCLUSÃO Desse modo, devido ao experimento realizado, conseguiu-se isolar o ácido acetilsalicílico. No entanto, apenas 53% do princípio ativo foi recuperado, não alcançando as 500 mg esperadas, ou seja, houve a perda de quase metade do princípio ativo descrito pela fabricante durante o procedimento. REFERÊNCIAS 1. Bayer S.A. Aspirina ®. São Paulo. Disponível em: https://www.bayer.com.br/sites/bayer_com_br/files/aspirina-prevent-bula- profissionais-012022.pdf. Acesso em: 31/10/2022. 2. Pavia, Donald L. et al. Química Orgânica Experimental: Técnicas de pequena escala. 2ª. edição. Porto Alegre, Artmed Editora S.A., 2009. 3. Solomons, T. W. G. Química Orgânica. Volumes 1 e 2. 12ª edição. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2021