Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 GESTÃO DE CUSTOS NA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – UNIDADE II É claro que a análise do custo possui aplicação em todos os empreendimentos e investimentos humanos, na era contemporânea. Saber de antemão o quantum, com a certeza de que é o melhor preço a ser pago, indubitavelmente é fator preponderante. Todavia, como se sabe, essa prática ainda não é uma realidade no âmbito do setor público municipal. Em especial, tratando-se desse tema como um ramo da Contabilidade, visando a produção de informações gerenciais, para planejamento e deliberações. O objetivo essencial é alocar criteriosamente os custos a serem aplicados na produção de bens e serviços. Isso, com a compilação de dados internos e externos. Com esse curso, o egresso estará apto a atuar com competência na Gestão de Custos na Administração Municipal, realizando com maior facilidade e segurança as relevantes tarefas que lhes sejam afetas na Gestão Pública, além de pontuar para progressão em sua carreira, pelo conhecimento adquirido. Ou, caso pretenda, participar com chances nos concursos públicos para a área e/ou outras correlatas. A Gestão de Custos relaciona-se com os princípios da Administração Pública ao fornecer as informações para o gestor, possibilitando controlar os gastos, otimizá-los, saber da viabilidade de possíveis investimentos, a fim de atender as necessidades coletivas, com qualidade, transparência e respeito aos cidadãos. 2 ÍNDICE TÓPICOS PÁGINA 1. LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL – LEI COMPLEMENTAR Nº 101/00 3 1.1 Objetivos 3 1.2 Pilares da LRF 4 2. O SISTEMA DE CUSTOS 7 2.1 Introdução 7 2.2 O Sistema de Informação Contábil 10 2.3 O Sistema de Informação 11 2.4 Sistema de Informações Contábeis e o Sistema de Informação de Custo 11 2.5 Orçamento Público e o Processo Decisório 12 3. GESTÃO DE CUSTOS 13 3.1 Gestão de Custos e a Contabilidade Pública 13 3.2 Contabilidade de Custos 14 3.3 Orçamento Público 18 3.4 Ciclo do Orçamento Público 21 3.5 Gestão por Resultados 22 4. COMPLIANCE: CONCEITO, EVOLUÇÃO E IMPLANTAÇÃO 29 4.1 Implantação de um Programa de Compliance 39 5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA MUNICIPAL 45 5.1 Mecanismos de Alteração do Orçamento 46 5.2 O Plano de Contas Aplicado ao Poder Público 49 6. BIBLIOGRAFIA 63 3 1. LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL – LEI COMPLEMENTAR Nº 101/00 1.1 OBJETIVOS De acordo com Marcos Nóbrega (2002), os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal são: 1) instituir uma gestão fiscal responsável, com ênfase no controle do gasto continuado e no endividamento; 2) prevenir desvios e estabelecer mecanismos de correção e, dessa forma, punir administradores pelos desvios graves e por eventual não adoção de medidas corretivas; 3) modificar profundamente o regime fiscal brasileiro, dando um “choque” de transparência no setor público, com maior divulgação das contas públicas e, ao mesmo tempo, tornando-as mais inteligíveis. 4 1.2 PILARES DA LRF A LRF está apoiada em quatro princípios conjugados, os quais são responsáveis pelo alcance de seus objetivos: O Planejamento, O Controle, A Transparência, A Responsabilidade. A rigor, esses pontos são recorrentes na doutrina sobre requisitos da boa administração pública. Para José Nilo de Castro (2006), o planejamento dá suporte técnico à gestão fiscal, por meio de mecanismos operacionais, como o Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária - LOA. Por meio desses instrumentos, há condições objetivas de programar a execução orçamentária e atuar no sentido do alcance de objetivos e metas prioritárias. Segundo Flávio Régis Xavier de Moura Castro (2000, p. 22), os sistemas de controle deverão ser capazes de tornar efetivo e factível o comando legal, fiscalizando a direção da atividade administrativa para que ocorra em conformidade com as novas normas. Segundo ainda, o mesmo autor a fiscalização, que há de ser rigorosa e contínua, exigirá atenção redobrada de seus executores, principalmente dos tribunais de contas. Nas linhas de Carlos Maurício Figueiredo (2000) a transparência coloca à disposição da sociedade diversos mecanismos de cunho democrático, entre os quais merecem relevo: a participação em audiências públicas e a ampla divulgação das informações gerenciais, através do Relatório Resumido da 5 Execução Orçamentária, do Relatório de Gestão Fiscal, bem como dos Anexos de Metas e Riscos Fiscais. O último alicerce, referente à responsabilidade, é importantíssimo, pois ele impõe ao gestor público o cumprimento da lei, sob pena de responder por seus atos e sofrer as sanções inseridas na própria Lei Complementar 101/2000 e em outros diplomas legais, como disposto no artigo 73 da LRF. Como foi aludido, o planejamento é o primeiro sustentáculo, a ferramenta básica para que o Estado alcance o seu fim último, que deve ser o bem-comum. A Lei Complementar nº 101/00 – LRF, ao estabelecer regras de gestão fiscal, assenta-se, ainda, nos seguintes princípios: Planejamento – instrumento indispensável para racionalizar a ação do Estado, posto que evidencia os meios necessários ao alcance dos objetivos almejados. Está previsto em diversos dispositivos da LRF, como: inovações na lei de diretrizes orçamentárias e leis orçamentárias anuais (arts. 4º e 5º) e programação financeira (art. 8º) Equilíbrio das contas públicas – são exemplos da aplicação deste princípio: equilíbrio entre receitas e despesas e metas de superávit primário (art. 4º, I, a); regras pertinentes a renúncias de receitas (art. 14, I), a aumento de despesas (arts. 16 e 17) e aos sistemas previdenciários dos entes da Federação (art. 69). Controle – a Lei estabelece novas atribuições ao Legislativo e, em especial, às Cortes de Contas, como: mecanismo de emissão de alerta, verificação dos limites de gastos com pessoal, atingimento das metas fiscais, limites e condições para realização de operações de crédito (art. 59). Responsabilidade – submete os atos de gestão e o próprio gestor público a sanções, caso infrinja a LRF (arts. 1º, 15, 16,17, 21, 34, 35, 37, 39, 40 e 42). Responsividade (accountability) –segundo afirma Diogo de Figueiredo Moreira Neto: [...]o princípio da responsividade vem, por isso, complementar o princípio da responsabilidade e ampliar-lhe os efeitos, além da legalidade estrita (...) é princípio instrumental da democracia, uma vez que se destina a salvaguardar a legitimidade, ou seja, a conciliar a expressão da vontade popular, democraticamente recolhida, com a racionalidade pública. Significa que o gestor tem o dever subjetivo de prestar contas pela legitimidade das suas escolhas fiscais. 6 Transparência – o legislador, por intermédio da LRF, inovou ao estabelecer, além do consagrado princípio da publicidade, o da transparência, ao inserir no Capítulo IX a Seção I, intitulada “Da Transparência da Gestão Fiscal”. Esta distingue-se daquela, por exemplo, por exigir: o incentivo à participação popular e a realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos (art. 48); o franqueamento das contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade (art. 49); a ampla divulgação da apreciação das contas públicas (art. 56, § 3º) e a manutenção de sistema de custos, que permita a avaliação e acompanhamento da gestão (art. 50, § 3º). 7 2. O SISTEMA DE CUSTOS Para iniciarmos esta temática, questionamos: O que são Custos? Entendemos que Custos são todos os gastos relacionados a um produto, até deixá-lo em condições de vender. Ou seja, tudo aquilo que é utilizado para produzir um bem ou serviço ou adquirir um bem paraser vendido. Assim, no setor público, os custos merecem uma abordagem mais ampla em relação à Contabilidade de Custos praticada no setor privado, pois envolve critérios e exigências característicos da Contabilidade Pública, uma vez que a privada tem como característica a preocupação com a produtividade e a eficácia nos resultados de produtos e serviços de mercado. Diante deste cenário o objetivo deste estudo é analisar a importância do sistema de custos e a nova contabilidade, tendo em vista a legislação pertinente na percepção de especialistas brasileiros no segmento da nova contabilidade. 2.1 INTRODUÇÃO A proposta central das chamadas reforma do Estado tem sido a mudança do padrão burocrático de gestão, para um padrão gerencial proativo. A sociedade anseia por um Estado mais transparente, na qual as informações sobre os gastos públicos e os benefícios correspondentes estejam disponíveis, permitindo a participação dos cidadãos no controle da gestão do Estado. Os gestores públicos carecem de um conjunto de informações gerenciais para cumprirem com eficiência, eficácia e efetividade as políticas públicas. Na atual conjuntura, não se admite mais tomar decisão sem conhecer as diferentes alternativas de ação, seus custos e seus benefícios. Diante disso, há a necessidade de utilização de um sistema de informação de custos capaz de auxiliar decisões típicas, tais como: comprar ou alugar, produzir internamente ou terceirizar determinado serviço ou atividade, permitir comparações entre os custos de atividades ou serviços iguais produzidos por outros órgãos públicos diferentes, que tenha como objetivo conhecer e estimular a melhoria da performance de seus dirigentes. 8 Além disso, as informações de custos e benefícios das políticas públicas devem ser a base para a formulação da proposta orçamentária, sendo o orçamento um instrumento fundamental e preciso visando executar as despesas e prestar os serviços públicos planejados e gastos controlados. Para tanto, a Lei nº 4.320/64, que estabelece as normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços de todos os entes da Federação, trata especificamente de apuração de custos no art. 85, relativo à contabilidade, preconizando: “Art. 85 – Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitir o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, [...]” [grifos nossos]. Ainda nesta esteira, foi ditada a Lei Complementar nº 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Portanto, não se trata mais de se apurar custos para auxiliar na precificação dos serviços públicos, mas determina implantação de um sistema de custos que permita a avaliação de resultados, de desempenhos e o acompanhamento das gestões orçamentária, financeira e patrimonial. O que era uma necessidade dos gestores públicos, com a edição da LRF em 2000, passou a ser uma imposição legal. Esta lei estabelece que “[...] a Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial” (art. 50, § 3º) e também, que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) disporá sobre “normas relativas ao controle de custos e à avaliação de resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos” (art. 4, Inciso I, letra “e”). O sistema de custos pode ser um dos principais indicadores de desempenho, pois podem orientar decisões do gênero: melhoria ou reestruturação de processos de trabalho, terceirização, outorga de concessão, adoção de parcerias, ações de descentralização e adoção de contratos de gestão, entre outros. O sistema de custo objetiva fornecer informações alinhadas com a avaliação da eficiência, da eficácia e da efetividade dos gestores no uso dos recursos públicos. 9 O ponto de partida para a construção desse sistema é o Orçamento Público, utilizado como fonte de parâmetros físicos e monetários e como base de comparação entre os custos projetados e os efetivamente incorridos. A proposição tem como base três áreas de conhecimento: a) orçamento público, b) contabilidade aplicada ao setor público e c) gestão de custos, de onde podem ser retirados os elementos constitutivos do sistema integrado de informação de custo do setor público. Assim, o sistema origina-se de três pontos: 1) As classificações orçamentárias como base para a definição dos objetos de custo; 2) O conceito de despesas orçamentárias liquidadas como elo entre o sistema de custos e a contabilidade pública; 3) A utilização do método de custeio direto para estabelecer o relacionamento entre os recursos consumidos e os objetos de custo. O custo dos serviços prestados pelo setor público propõe-se ser mensurado pelo método do custeio direto, visto ser mais apropriado, porque evita que a gestão de uma determinada área seja penalizada, por custos em que sua área não incorreu e sobre os quais não possui controle. Um sistema de gestão por resultados implica critérios de mensuração aptos a identificar receitas e custos apenas com as áreas e decisões que os originaram, evitando-se todo rateio. Nesse contexto, é proposição explicitar um conjunto de diretrizes para a construção de um sistema de informação de custo integrado ao orçamento público e à contabilidade pública, que atenda às exigências legais e auxilie na avaliação de resultados e desempenhos dos gestores do setor público. Alerte-se que esta proposição tem caráter informativo, visto que não se pretende demonstrar como é o sistema de informação de custo do setor público, mas como deveria sê-lo. 10 2.2 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL A NBCT 16.2 nos itens 10, 11, 12 e 13, apresenta assim o Sistema Contábil, como segue: 10. O sistema contábil representa a estrutura de informações sobre identificação, mensuração, registro, controle, evidenciação e avaliação dos atos e dos fatos da gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social. 11 13. Os subsistemas contábeis devem ser integrados entre si e a outros subsistemas de informações de modo a subsidiar a administração pública sobre: 2.3 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO Diante da diversidade, há consenso de que o sistema de informação é composto por subsistemas; no entanto, não existe padrão ou acordo sobre quais seriam esses subsistemas nem sobre o método de defini-los. 2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CUSTO Para proposição de implantação de sistema de custos no setor público, considera-se que os componentes subsidiários ao sistema de informações contábeis para o setor público, são o subsistema de contabilidade governamental, o subsistema de orçamento público, o subsistema de processamento de dados e o subsistema de custos em estudo. Explica-se que: a) O orçamento público e a contabilidade pública são subsistemas já implantados desde o advento da Lei nº 4.320/64, com legislação própria, objetivos e limites claramente definidos; b) O sistema de processamento de dados que opera os recursos de processamento e comunicação de dados, já está implantado nas entidades governamentais e é utilizado de forma integrada, tanto pelo sistema contábil, quanto pelo sistema orçamentário; c) O sistema de custos é o que se propõe desenvolver, em atendimento as necessidades gerenciais e legais, incorporando assim ao sistema de informações contábeis gerenciais. 12 2.5 ORÇAMENTO PÚBLICO E O PROCESSO DECISÓRIO Nas sociedades democráticas, o modelo de decisão do setor público, em sua intervenção na economia, tem se materializado nas práticas, conceitos e normas que regem as finanças públicas, destacando-se o orçamentopúblico. Nesse sentido, o orçamento público é percebido como poderoso instrumento capaz de alcançar três grandes objetivos: 1) controle político da arrecadação e dos gastos públicos; 2) intervenção econômica, e 3) administração ou gestão pública. Assim, o orçamento público caracteriza-se por ser multifacetado, ou seja, possui características políticas, jurídicas, contábeis, econômicas e administrativas. O Orçamento Programa, adotado no Brasil, objetiva a racionalização do processo de fixação de políticas públicas por meio da análise custo-benefício das alternativas para se atingir os objetivos propostos, incorporando nesse processo a mensuração dos produtos para propiciar eficácia no atingimento desses objetivos. 13 3. GESTÃO DE CUSTOS 3.1 GESTÃO DE CUSTOS E A CONTABILIDADE PÚBLICA No Brasil, a ciência da contabilidade vem passando por significativas transformações rumo a convergência as normas internacionais. O processo de evolução da contabilidade no setor público deve ser analisado de forma histórica e contextualizada com o próprio processo de evolução das finanças públicas. Nesse sentido, o primeiro marco histórico foi a publicação da Lei Federal nº. 4.320/1964 que estabeleceu regras sobre o controle das finanças públicas, bem como, contribuiu para a construção de uma administração financeira e contábil sólidas no País, tendo como principal instrumento o orçamento público, que a partir de então ganhou significativa importância no Brasil. Deste modo, as normas relativas a registros e demonstrações contábeis vigentes, acabaram por dar mais enfoque aos conceitos orçamentários, em detrimento dos aspectos patrimoniais. Outro importante marco do avanço da área das finanças públicas, foi a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - Lei Complementar nº. 101/2001, que estabeleceu para todas a Federação, a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município, direta ou indiretamente, normas de finanças públicas, com o intuito de propiciar o equilíbrio das contas públicas e instituir instrumentos de transparência e responsabilidade na gestão fiscal e o equilíbrio. Trataremos um pouco mais sobre esta Lei e sobre orçamento público na sequência do capítulo. A partir daí, podemos conceituar a Contabilidade Pública. A Contabilidade Pública, como ramo da contabilidade geral, tem por objetivo evidenciar “perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrarem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados”. (SLOMSKI, 2003, p.28) Assim como nas empresas privadas, a administração pública tem na contabilidade um instrumento de informação para a gestão, controle e análise dos fatos de natureza financeira. Andrade (2006) conceitua Contabilidade Pública como sendo uma especialização da ciência contábil que tem como objetivos registrar, controlar e estudar os fatos e atos administrativos e econômicos que se operam no patrimônio de uma organização pública, permitindo o fornecimento de informações, variações e resultados sobre a composição deste, recebidos pelos gestores e pelos usuários. 14 Ainda segundo Slomski (2003) a Contabilidade Pública está estruturada conforme a Lei nº. 4.320/64, em quatro sistemas contábeis que interagem entre si: a) Sistema Orçamentário – nesse sistema são realizados os registros contábeis da previsão da receita e da fixação da despesa, ou seja, é feito o controle da execução do orçamento público. O melhor resultado em um sistema orçamentário é o nulo, sendo que todos os valores previstos foram arrecadados e tudo o que foi definido como projetos e atividades foram executados (gastos) durante o exercício. b) Sistema Financeiro – sistema que representa o fluxo de caixa da instituição. Tem como principal finalidade transferir recursos que pertencem a entidade para o setor produtivo ou de consumo. O Balanço Financeiro tem como função demonstrar as movimentações financeiras realizadas durante o exercício. c) Sistema Patrimonial – tem a função de registrar os bens patrimoniais considerados permanente, ou que sejam resultados do movimento financeiro, indicando os elementos necessários para a caracterização de cada um deles e pelos responsáveis por sua administração. d) Sistema de Compensação – nesse sistema, registram-se os bens, valores, obrigações e outras situações que não são representados nos grupos de ativo e passivo e/ou que não afetam de imediato o patrimônio, como por exemplo: ajustes, acordos, contratos, convênios. Fechando os conceitos sobre Contabilidade Pública é importante conhecermos de forma clara e permanente os conceitos de Receita e Despesa. Receita – a receita pública tem como característica a entrada de recursos financeiros ao patrimônio público, refletindo no aumento das disponibilidades. Despesa – a despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos órgãos públicos para custear os serviços públicos ou para realizar investimentos. 3.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS A contabilidade de custos tem como finalidade produzir informações para fins gerenciais, no processo de planejamento, controle e para a avaliação do desempenho da organização. Como é um ramo da contabilidade, sua metodologia é de coletar, classificar, registrar e evidenciar os dados internos e externos, monetários ou físicos, da empresa ou do órgão público. 15 Custo de forma ampla pode ser entendido como tudo aquilo que incide e afeta diretamente o preço de aquisição ou produção de um produto ou serviço, um sacrifício de recurso. Isso significa que os custos são todos e quaisquer gastos referentes à aquisição ou produção de mercadoria, como por exemplo, compra de matéria-prima, pagamento de mão de obra, energia elétrica, manutenção, materiais de conservação e limpeza para a fábrica, viagens de funcionários, etc. Essa definição se relaciona com a necessidade de se conhecer o quanto de recursos econômicos é preciso para a elaboração de um produto ou fornecimento de um serviço. Segundo o Manual de Contabilidade aplicada ao setor público (MCASP), para se encontrar o valor desse sacrifício de recurso, ou custo, deve utilizar um sistema de custos. O Governo Federal, por exemplo, utiliza e utiliza o Sistema de Informações de Custos – SIC – como um banco de dados que se utiliza da extração de dados dos outros sistemas estruturantes da administração pública federal, tal como SIAPE, SIAFI e SIGPlan, para gerar informações a fim de subsidiar decisões governamentais e organizacionais que conduzam à alocação mais eficiente do gasto público. Um sistema de custos deve estar sustentado em três elementos principais: Sistema de acumulação: forma com que os custos são acumulados respeitando o fluxo físico operacional do processo produtivo; Sistema de custeio: modelo de mensuração das informações de custos; Método de custeio: apropriação de custos, está associado ao processo de identificação e associação do custo ao objeto do custo. O método de custeio se subdivide-se em: Custeio por absorção: é aquele no qual todos os custos são alocados ao produto ou serviço, seja esses custos definidos como diretos, indiretos, fixos ou variáveis; Custeio variável: esse tipo de custeio apropria apenas os custos variáveis aos produtos e serviços. O custo fixo, neste caso, é tratado como despesa do período; Custeio direto: é aquele que apropria os custos diretos, fixos ou variáveis nos produtos, lotes de produtos, ou quaisquer outros de interesse do gestor. Essa apropriação não admite nenhuma forma de rateio; Custeio baseado em atividade: a cada atividade é atribuído um recurso, em seguida, as atividades são atribuídas a objetos de custos com base no seu uso. 16 Antes de prosseguirmos com o tema, é oportuno verificarmos alguns conceitos básicos da Contabilidade de Custos segundoalguns autores, que serão apresentados no quadro a seguir: Conceitos básicos da Contabilidade de Custos Bornia Martins Passarelli Bomfim Custo Valor dos insumos utilizados na fabricação de produtos e são divididos em custos de matéria- prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Gasto diretamente relacionado com a produção de bens e serviços destinados à comercialização pela organização. Gasto É o valor dos insumos obtidos pela empresa, tendo sido utilizados ou não. Sacrifício financeiro que a empresa arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, representado por entrega ou promessa de ativos. Valor monetário de todos os desembolsos e compromissos assumidos pela empresa no desempenho de suas operações de produção de bens e serviços. Despesa Valor dos insumos consumidos com o funcionamento da empresa e que não estão relacionados com a fabricação e são divididos em: administrativa, comercial e financeira. Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a aquisição de receitas. Demais gastos decorrentes do exercício das funções empresariais pós-venda ou da administração. Desembolso Corresponde ao ato do pagamento e pode acontecer em ocasião diferente do gasto. Pagamento que resulta da obtenção do bem ou do produto. Perda Valor dos insumos consumidos de forma anormal, aumento de gastos que não agrega valor ao produto. Bem ou serviço consumido de maneira atípica e involuntária. Desperdício Esforços econômicos que não agrega valor ao produto e também não serve para suportar diretamente o trabalho efetivo. Gasto desnecessário ou excessivo de qualquer natureza. Investimento Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios que são atribuídos a períodos futuros. Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios que são atribuídos a períodos futuros. Fonte: Adaptado de Bornia (2002) e Martins (2003). Ainda, os custos podem ser classificados em custos diretos e indiretos e em custos fixos e variáveis. Custos Diretos Custos Indiretos Custos Fixos Custos Variáveis São aqueles para os quais é mais fácil atribuir um valor, ou seja, mensuráveis sem dificuldade, sem necessidade de rateio. Exemplos: matéria-prima, mão de obra direta. São aqueles que em que é difícil atribuir um valor para cada unidade produzida, necessário o método do rateio. Exemplos: energia elétrica, água. São os gastos que existem todo mês, independente do volume de produção e/ou vendas. Exemplos: aluguel, máquinas, salários. São aqueles que sofrem alterações relacionadas com o volume de produção e/ou vendas. Exemplos: matéria prima, insumos, tributos. 17 É no Tesouro Nacional que são definidas as regras sobre como o dinheiro e o patrimônio públicos devem ser contabilizados pelos entes da Federação (União, Estados e Municípios). Além disso, é ele quem contabiliza as receitas e despesas, bem como os ativos e passivos do Governo Federal (União) Conheça um pouco mais sobre a contabilidade de custos do Governo Federal. https://www.tesourotransparente.gov.br/dec/descubra Para saber mais sobre a Gestão do orçamento Público http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico A mensuração dos custos no setor público, tem então, por objetivo principal subsidiar decisões governamentais para que gerenciem à alocação do gasto público de forma mais eficiente. O tema tem sido amplamente debatido no âmbito da administração pública federal, principalmente por meio da Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria de Orçamento Federal, Ministério da Economia. Nessas circunstâncias, é importante que o gestor público faça bom uso das informações que um sistema de custos disponibiliza a fim fazer o melhor uso possível do orçamento e ainda: Elaborar uma base segura para o processo de planejamento orçamentário; Gerir os recursos públicos de maneira a encontrar a melhor economicidade; Comparar a prestação de serviços semelhantes, verificando a eficiência do gasto público; Ampliar a prestação dos serviços públicos a sociedade, de modo a contribuir para a qualidade de vida da sociedade. https://www.tesourotransparente.gov.br/dec/descubra http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico 18 3.3 ORÇAMENTO PÚBLICO O orçamento público é um dos instrumentos de gestão mais importante da administração pública. É utilizado pelos governos para organizar e controlar os seus recursos financeiros. Sua existência está prevista na Constituição Federal e é materializada anualmente em lei específica que “estima receita e fixa despesa” para um determinado ano (exercício). Na Constituição Imperial de 1824 surgem as primeiras exigências na elaboração de orçamentos formais. Alguns autores consideram que a primeira lei de orçamento no Brasil foi a de 14/12/1827. Entretanto, a deficiência nos mecanismos de arrecadação, as dificuldades de comunicação e conflitos com normas legais, características do período colonial, foram fatores que frustraram aquela lei orçamentária. Com isso, o primeiro orçamento brasileiro teria sido então, aquele aprovado pelo Decreto Legislativo de 15/12/1830 que fixava as despesas e orçava as receitas para o exercício de 1º de julho de 1831 a 30 de junho de 1832 (MOOJEN, 1959). Em 17 de março de 1964, foi publicada a Lei Federal nº. 4.320, que instituiu normas gerais do direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Municípios e do Distrito Federal. Esta lei, representou um passo significativo na direção do aperfeiçoamento do processo orçamentário, da contabilidade pública e, de modo geral, das finanças públicas. Contribuiu para introduzir importantes linhas que até hoje vigoram nas finanças públicas nacionais, como por exemplo, os princípios orçamentários da universalidade, anualidades e exclusividade; das etapas das realizações dos gastos públicos, entre outros temas essenciais. Mas, foi em 5 de outubro de 1988, que o país recebeu, a sua sétima Constituição. Já nas primeiras discussões, o tema orçamentário recebeu grande atenção dos constituintes, pois o assunto era lembrado como prerrogativa parlamentar perdida durante o período autoritário. Assim, o orçamento é tratado em uma seção específica, integrante do capítulo II – Das finanças públicas – e abrange cinco artigos, com inúmeros incisos e parágrafos, trazendo novos conceitos e regras, além de confirmar princípios e normas tradicionais. Com ênfase, podemos destacar o art. 165 que estabelece as Leis que devem ser de iniciativa do Poder Executivo em relação as finanças públicas: 19 I - o plano plurianual (PPA); II - as diretrizes orçamentárias (LDO); III - os orçamentos anuais (LOA). O Plano Plurianual, que podemos chamar de PPA, é um plano de médio prazo (duração de quatro anos) por meio do qual se procura ordenar e estabelecer as metas de continuidade dos programas e projetos de longo prazo, observando novas expectativa de desenvolvimento. Elaborado a cada quatro anos, o PPA deve atender aos anseios da sociedade dentro dos princípios da eficiência, eficácia, efetividade e equidade. Sua vigência entre o início do segundo ano de mandato e o final do ano do mandato subsequente, ou seja, um mandato do executivo, não coincide com o período de duração do plano. O próximo chefe do executivo (prefeito, governador ou presidente) herda sempre o último ano de vigência do PPA do mandato anterior, e, deverá cumpri-lo. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, conhecida como LDO, é o instrumento que dita as regras para o equilibro da receita e da despesa para cada ano (exercício), estabelece as metas e prioridades para oexercício financeiro seguinte; além de dar transparência ao processo orçamentário, promovendo a participação do Poder Legislativo no disciplinamento e na fiscalização das finanças públicas. A LDO, além de orientar a elaboração da LOA fornece também as instruções e regras a serem cumpridas pela gestão na execução do orçamento. Como principais atribuições definidas para a LDO, podemos citar: equilíbrio entre receita e despesa; metas fiscais; riscos fiscais; programação e cronograma de execução financeira mensal de desembolso, a serem estabelecidos pelo Poder Executivo trinta dias após a publicação da lei orçamentária; normas de controle de custo e a avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos do orçamento; condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; concessão ou ampliação de incentivos ou benefícios de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita; entre outras. Os orçamentos anuais, formalmente estabelecido na Lei Orçamentária Anual (LOA), apresenta em termos monetários, as receitas e as despesas públicas que o governo pretende realizar no período de 20 um exercício financeiro (um ano). É o orçamento propriamente dito. Deve ser elaborado pelo Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo. O governo (federal, estadual e municipal) estabelece na LOA as prioridade já definidas no PPA e as metas que devem ser atingidas naquele ano. A LOA regulamenta todas as ações do governo, sendo que nenhuma despesa pública pode ser executada fora do orçamento. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas nas leis orçamentárias dos Estados e Municípios Trata-se de uma lei autorizativa e não impositiva, o que quer dizer que o gestor tem a faculdade de realizar ou não as despesas nela inserida. Conforme disposição constitucional, a LOA é constituída por três orçamentos: fiscal, seguridade social e investimentos. Orçamento Fiscal: é o principal dos três orçamentos e refere-se aos Poderes, com seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações mantidas pelo Poder Público; Orçamento da Seguridade Social: abrange as entidades e órgãos vinculados a seguridade social – saúde, previdência social e assistência social, quanto da administração direta como da indireta. Orçamento de investimentos das empresas: trata-se dos investimentos realizados pelas empresas em que o Poder Público, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Neste caso, separam-se do orçamento as receitas e despesas operacionais, contemplando-se somente os investimentos das estatais, pelo fato de que as fontes de recursos que financiam esses investimentos possuem natureza de receita pública. 21 3.4 CICLO DO ORÇAMENTO PÚBLICO Após a contextualização geral de cada uma das etapas do processo de elaboração do orçamento público separadamente, é necessário compreender a forma operacional e conjunta da constituição destes instrumentos. A concepção destes instrumentos ocorre por meio do ciclo orçamentário, que integrando todas as suas etapas (PPA, LDO, LOA) provoca uma reflexão por parte de todos os poderes do Estado, em vários níveis de discussão, inclusive com a participação do cidadão, (por intermédio dos orçamentos participativos e audiências públicas) sobre os gastos públicos, procurando promover a relação do estado com o cidadão. O ciclo orçamentário pode explicado como uma sequência de fases que devem ser cumpridas como parte do processo do orçamento. A maioria dos autores adota como fases do ciclo orçamentário: elaboração, apreciação do Poder Legislativo, execução e acompanhamento, controle e avalição, quando então, se inicia o próximo ciclo. Corresponde ao período em que se processam as atividades do orçamento público, desde sua concepção até a avaliação final. Em síntese, o ciclo do orçamento, abrange uma série de processos que devem ser articulados, com períodos de tempo fixados, observando uma relação contínua de elaboração, execução, avaliação e controle, resultando em uma efetiva ferramenta de planejamento e controle, alinhando os objetivos do Estado com suas reais finalidades e necessidades. Sobre o Controle Social dos gastos públicos http://www.portaltransparencia.gov.br/pagina-interna/603399-controle-social IMPORTANTE No Portal da Transparência do Governo Federal, você consegue consultar dados sobre a execução do orçamento fiscal e da seguridade social, uma vez que esses são os investimentos e gastos que afetam diretamente o seu dia a dia. http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico Conheça mais! Para quem desejar se aprofundar um pouco mais sobre a Lei Federal Lei nº. 4320/64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm e sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.portaltransparencia.gov.br/pagina-interna/603399-controle-social http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm 22 A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), oficialmente chamada de Lei Complementar nº101, é uma lei complementar que visa impor o controle dos gastos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e foi a partir dela, que se introduziram novas responsabilidades para o gestor público com relação ao processo orçamentário, limitando gastos com pessoal, proibiu a criação de despesas de duração continuada sem indicação de fonte de receita e ainda, criou a disciplina fiscal para o Legislativo e o Judiciário. Foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso em 04 de maio de 2000. A LRF é considerada um marco histórico das finanças públicas no Brasil, pois, ao controlar as despesas de acordo com as receitas de cada ente federativo, podemos obter o equilíbrio fiscal. É possível por meio dela, avaliar e acompanhar melhor a gestão de prefeitos, governadores e presidentes, que já não podem mais deixar incontáveis passivos de um governo para o outro. O Planejamento é o ponto de partida da LRF, mas ela se apoia ainda em outros três importantes eixos: transparência, controle e responsabilidade. 3.5 GESTÃO POR RESULTADOS A partir da era do conhecimento e da globalização, as organizações vêm se conscientizando que existe uma necessidade de mudanças e adaptações nos modelos de gestão. No setor privado, a motivação para tal consiste, principalmente na sobrevivência e competitividade de mercado. Já no caso das organizações do setor público, a motivação existe para disponibilizar uma melhoria na qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos. No modo geral, podemos dizer que a administração ou gestão para resultados é uma ferramenta administrativa que, por meio de uma metodologia, alinha o planejamento, a avaliação e o controle, apoiando a tradução dos objetivos e o gerenciamento responsável. Sua essência se encontra na efetividade e flexibilização dos processos, ajudando a suprimir costumes enraizados de normas e 23 procedimentos burocráticos, assim como possibilitando mais eficiência, eficácia e accountabillity no setor público e privado. Resume-se, basicamente, pela transformação de objetivos em resultados concretos. Usualmente a gestão por resultados é considerada uma parte fundamental da administração estratégica, uma vez que constitui o fluxo necessário para alcanças os resultados pretendidos pela organização. Reforçando Gomes (2009) descreve que a gestão por resultados configura-se por constituir um ciclo que se inicia com o estabelecimento dos resultados desejados, a partir da tradução dos objetivos de governo, além de prescrever o monitoramento e a avaliação do desempenho da organização ou da políticapública, retroalimentando o sistema de gestão, proporcionando ações corretivas resultantes dessa avaliação. Independente do modelo de gestão por resultado adotado, o planejamento estratégico deve orientar a atuação administrativa amparada em uma visão de longo prazo. Em qualquer modelo também, deverá ser definido a missão, a visão, os objetivos, as metas e os indicadores (Paludo, 2013). A gestão por resultados, no setor público, deve abranger simultaneamente: Focar na efetividade ou no que de verdadeiramente é importante ao cidadão e a sociedade; Flexibilizar a condução dos processos, remediando os problemas burocráticos, relacionados aos apegos excessivos às normas e procedimentos; Propiciar mais eficiência e accontability. De acordo com Garces e Silveira (2002) podemos entender resultado com a solução de um problema ou o atendimento de uma demanda da sociedade – mesurados para a indicação de indicadores no período de execução do programa, possibilitando assim, avaliação objetiva da atuação do governo. Na gestão púbica por resultados no Brasil, o Plano Plurianual (PPA), como já vimos, é organizado em diversos programas que são orientados para o alcance dos objetivos da gestão seja ela Federal, Estadual ou Municipal. Estes objetivos são concretizado em resultados. No PPA existe a fase da “metodologia de acompanhamento” que tem a finalidade de identificar quais as metas pactuadas estão sendo atingidas e, dessa forma, estabelecer contramedidas e montar um novo plano de ação, caso as mesmas não estejam sendo atingidas. O acompanhamento da execução das atividades constantes dos planos de ação deve ser feito mensalmente com o objetivo de comparar os resultados financeiros obtidos com os procedimentos propostos e adotados pelo órgão. A cada mês são 24 anotadas em uma planilha ou em sistema próprio, as medidas tomadas, de forma a criar um histórico do processo e auxiliar a replicação em outros órgãos ou setores. MODELO DE PLANILHA DE ACOMPANHAMENTO DE PLANO DE AÇÃO 25 Identificadas as ações que melhor atingiram os resultados desejados, são realizadas novas análises de situação considerando os procedimentos e valores adotados. Essa análise deve ser formalizada em um relatório de boas práticas que indique o desempenho do processo de execução, os custos e benefícios, a normatização necessária, as formas e sistemas de controle, bem como as demais informações necessárias para implementação da prática em outro órgão ou setor. Como exemplos de boas práticas adotadas por órgãos do Governo Federal, podemos destacar: a instalação, junto à central telefônica, de uma interface de celulares, popularmente chamada de cellfix, que transforma a ligação fixo-móvel para móvel-móvel; assim como a otimização do cálculo da demanda de energia elétrica, a ser negociada com a concessionária, utilizando como base a série histórica da despesa e abrangendo as sazonalidades características desse tipo de serviço, tais como as variações térmicas das estações do ano. A administração baseada em resultados possui uma base norteadora. A prática da administração voltada para os resultados, deve se preocupar em ter como requisito uma gestão organizacional articulada acerca de vários elementos, que podem ser diferenciados em quatro principais (Zeghal, 1977): Quadro estratégico responsável pela formulação da estratégica referente ao alcance da meta da organização e dos meios para alcança-la; Delegação, habilitação e responsabilização; Concentração em resultado pela eliminação de controles inúteis; Implementação de um sistema de reporting e de comunicação. Um sistema de reporting é uma ferramenta utilizada para a análise de dados de uma empresa ou organização, com a finalidade de tomar decisões e atuar no sentido de corrigir erros ou potenciais perdas de rentabilidade. Para a implementação de um quadro estratégico na gestão pública será necessário o abandono da visão legalista, pois o enfoque nos resultados dever ser traduzido pela formulação de estratégias que permitam ao órgão público identificar meta a ser atingida, bem como o caminho mais apropriado para isso. O quadro de gestão por resultados exige novos valores que ajudem a catalisar o processo de obtenção de resultados. A delegação implica na transferência de responsabilidades aos gestores, a 26 habilitação consiste em disponibilizar a eles os meios necessários a fim de facilitar o processo decisório. É relevante que se estabeleçam os seguintes mecanismos: a) objetivos esclarecidos para a conscientização de todos os envolvidos; b) definição de indicadores de rendimento para se avaliar os resultados; c) implementação de sistema de informação viável; d) elaboração de relatórios apropriados de resultados. Para um maio êxito na gestão por resultados, deve-se trabalhar para o fim dos excessos de burocracia, característica do setor privado, eliminando-se controles desnecessários que resultam em limitações ou barreiras para a obtenção de resultados oriundos da decisão centralizada. Desse modo, o processo de afirmação e comunicação exigem o fornecimento e disponibilidade de informações confiáveis, completas e úteis. Na base da gestão por resultados, está o accountability (prestação de contas) que representa uma etapa crucial na implementação desse modelo de gestão no processo gerencial do setor público. Outra fase importante da gestão de resultados é a mensuração de resultados. Umas das finalidade que se busca com essa fase, em qualquer esfera governamental, é quantificar de forma clara o consumo de bens e os gastos da administração pública, por meio de contratações de compras, de serviços e de obras. Com essa quantificação, pode-se executar os programas, de forma desdobrada em atividades e projetos, os quais, sempre devem estar voltados para o interesse público. A função da mensuração de resultados no setor público, ao contrário do setor privado, não é uma medida destinada a exploração econômica voltada a lucratividade. Consiste, sim, na execução das 27 atividades visando aos objetivos voltados diretamente ao atendimento dos princípios da eficiência, da eficácia e da efetividade para a satisfação do cidadão. Para uma perfeita mensuração vale a adoção de alguns critérios. Porém, a adoção de critérios para a obtenção de resultados envolvem questões relevantes de mensuração. Diniz (2004) sublinha a utilização dos resultados apresentados de forma quantitativa, em termos de valor econômico. Associados a indicadores qualitativos, esses resultados serão mais compreensíveis tanto pelos gestores quanto pela sociedade. Assim, apenas os custos são expressos em termos monetários, e estes devem ser comparados aos benefícios, sejam eles quantitativos ou qualitativos, para fins de avaliação. Veja na prática, o exemplo do Estado Paulo, sobre a gestão por resultados no setor público. https://www.youtube.com/watch?v=rOKj9qQ83Lk O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA existe, para apoiar o desenvolvimento e a implantação de soluções que permitam um contínuo aperfeiçoamento dos sistemas de gestão das organizações públicas e de seus impactos junto aos cidadãos, http://www.gespublica.gov.br/ https://www.youtube.com/watch?v=rOKj9qQ83Lk http://www.gespublica.gov.br/ 28 29 4. COMPLIANCE: CONCEITO, EVOLUÇÃO E IMPLANTAÇÃO A Lei 12.846/2013, regulamentada pelo Decreto Federal 8.420/2015, conhecida com a Lei Anticorrupção, Lei da Empresa Limpa, trouxe consigo a palavra Compliance, que para fins do Brasil, recebeu uma palavra sinônima que é Integridade. O termo Compliance, deriva do verbo inglês “to comply”, que para efeito de aplicação, nas organizações públicas ou privadas podemos definirde várias maneiras como, cumprir, executar, estar em conformidade com leis, padrões éticos e idoneidade em todas as relações, processos e operações da empresa, agir de acordo com uma regra, instrução interna, regulamentos internos e externos, ou seja, fazer a coisa certa, do jeito certo. Conforme Candeloro et al, Compliance “é um conjunto de regras, padrões, procedimentos éticos e legais, que, uma vez definido e implantado, terá a linha mestra que orientará o comportamento da instituição no mercado em que atua, bem como a atitude dos seus funcionários” (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2012, p. 30). Com a implantação do Programa de Compliance, a gestão busca blindar a instituição seja pública ou privada, ou seja, contribuindo para que os riscos sejam minimizados, para efeito de não comprometer a gestão, os resultados, a imagem, a marca, perante os stackeholders (acionistas, clientes, fornecedores, colabores, governo, etc.), a sociedade, os contribuintes, bem como, a sua continuidade. 30 É importante, que todos na Instituição e não somente os colaboradores, mas também o empresário, no caso da iniciativa privada, e na gestão governamental, não apenas os servidores públicos, mas também os detentores de cargo de confiança, Presidente, Governador, Prefeitos, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Ministros de Estado, Secretários Estaduais e Municipais e Vereadores, tenham em mente que, mesmo buscando cumprir todas as normas, regulamentos, a entidade independentemente de ser pública ou privada está sujeita a riscos. Daí a razão, de se estar atento constantemente ao Risco de Compliance. Conforme “Blook “(pág. 15, 2017),” Risco de Compliance, é o risco de sanções legais ou regulamentares, códigos de conduta”. Portanto, os Riscos de Compliance podem advir de várias formas, não e tão somente do descumprimento de alguma norma legal, mas também da conduta ética, íntegra, honesta, de todos os colaboradores, independente de cargo ou função. Esses são fatores mais difíceis de monitorar, mas se a Instituição tem a pretensão de que o seu Programa de Compliance, não seja apenas um faz de conta, mas incorporado e principalmente cumprido, deve criar a cultura em todos os níveis, ou seja, Compliance é o que deve nortear a conduta da organização perante os stackeholders (acionistas, clientes, fornecedores, colaboradores, governo, sociedade, etc.). A cultura organizacional do Compliance, o seu acompanhamento, aperfeiçoamento, faz com que a organização independentemente de ser pública ou privada, com o passar do tempo passe a gerar confiança, nas suas relações perante o mercado, o que a leva a ter um grande ativo, ou seja, um excelente diferencial perante seus concorrentes, atração de novos investidores, e fixação de sua marca. No caso da gestão pública, a cultura do Compliance, contribui para que os servidores públicos, ou àqueles que ocupam algum cargo público mesmo que temporariamente, sejam mais comprometidos e 31 responsáveis no trato da coisa pública, além do cumprimento da Lei de Responsabilidade Pública, no que se tange aos gastos com folhas de pagamento, também, contribui para uma boa avaliação do gestor, perante os contribuintes e a sociedade. Daí, a razão que a cultura do Compliance seja incorporada desde os mais altos cargos, escalões, e que desses emanem os exemplos da sua prática, pois se assim não for, os demais colaboradores, servidores públicos, como não tem na referência o exemplo, podem se achar no direito de não cumprir nenhuma norma, não ter responsabilidade, ética, visto que sempre usarão como desculpa, que explica, mas não justifica a percepção do não comprometimento dos seus líderes maiores, nos altos escalões, pois essa liderança deveria buscar se desenvolver, envolver e se comprometer nos processos da empresa, sendo éticos, honestos e íntegros. Como forma de criar o ambiente propício a implantação e ao desenvolvimento do Programa de Compliance, é importante que as Corporações e os Governos Federal, Estaduais e Municipais, elaborem manuais de conduta, de ética, regulamentos, normas, dentro do possível com a participação de todos, para que na organização saibam o direcionamento em todas as suas ações, as consequências de suas decisões, sejam em atendimento ao público interno ou externo, e tenham consciência que a prática constante do Programa de Compliance, é que fará a organização se manter, e se diferenciar no seu segmento. As empresas que participam de licitações, como forma de manter relação por meio do fornecimento para o poder público, de produtos ou serviços, devem cada vez mais além de estar intrínsecos na sua Missão os elementos do Compliance, buscar contribuir com a diminuição da corrupção, em todos os níveis. 32 Por conta da constituição, de um número cada vez maior de Observatórios Sociais, ONG’S - Organizações não Governamentais, que tem como objetivo exigir a boa prática de governança, acompanhar, monitorar, fiscalizar, relatar e divulgar, as relações entre a Administração Pública e a iniciativa privada, em todas as esferas, federal, estadual, municipal, como forma de transparência e proteção no sentido ético de todas as operações e mesmo os envolvidos, é que o Governo dentro das suas três esferas deve direcionar a criação de mecanismos de controles internos, e mesmo externos, que busquem coibir desvios de conduta, atos ilegais, inadequados, que possam levar a fraude, corrupção, gerando prejuízo ao erário público, e por consequência aos contribuintes e à sociedade. No que se refere ao setor público, seja nas esferas federal, estadual e municipal, o servidor público, e todos os demais agentes, que em algum momento detém cargo de confiança, devem, e aqui é imperativo, saber que são responsáveis pelos recursos, bens, que estão gerindo, visto que o recurso financeiro não é do poder público, e sim da sociedade que contribui através dos tributos, em especial os impostos. Assim, o poder público tem a responsabilidade de implementar e implantar Programas de Compliance em todas as esferas governamentais e por conseguinte em todas as estruturas de governo, investindo maciçamente na sua difusão, e principalmente buscando a sua aplicação, desde o maior até o menor cargo e função. Criar mecanismos de acompanhamento, mensuração e avaliação é primordial para que a cultura do Compliance fique impregnada na Instituição, não sendo apenas mais um programa, mas e principalmente passe a fazer parte do cotidiano governamental. Em assim se posicionando, aos poucos, todos estarão envolvidos, seja governo, sociedade, resultando em uma melhor gestão, onde se diminuem os riscos de desvios, fraudes, os recursos são melhores aplicados, passando a ter uma relação de confiança, de ganha-ganha. Segundo o dicionário Houlais, fraude é: Logro; falsificação de produtos, documentos, marcas etc.; qualquer ação ilícita, desonesta, ardilosa que busca enganar ou ludibriar alguém. No âmbito da Administração Pública, corrupção é o fenômeno pelo qual um funcionário é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troca de benefício ou recompensa. Corrupto é, assim, o comportamento ilegal daquele que desempenha uma função na estrutura do Estado, fazendo uso de sua função para atender finalidade diversa da que lhe é própria (interesse público). 33 Importante ressaltar que, ao nos depararmos com esse conceito de corrupção, verificamos que não se trata apenas de algo voltado a moral, mas sim a ética, a legalidade. O desenvolvimento da corrupção na esfera governamental é instituído como prática corriqueira, sistematizado, amplificado, na medida em que não são colocados em funcionamento, mecanismos de controles como forma de blindar as operações, processos da Instituição pública, que levem a essa situação. Os efeitos negativosda corrupção para o desenvolvimento do país são irreparáveis, ocasionando desarranjo no sistema econômico como um todo, por conta que alguns segmentos, empresas, passam a ser privilegiados em detrimento dos demais, passando a valer quem detém mais poder financeiro para corromper a máquina pública, a informação diferenciada, do que a livre iniciativa, a competência, a lisura, a ética nos negócios, colocando em cheque todo o sistema. Qualquer país, como forma de salvaguardar sua economia, desenvolvimento, seu povo, deve ter muito cuidado para não ser assaltado por verdadeiras máfias, gangues, formadas por empresas e empresários sanguessugas do poder público, como também, servidores públicos que se mancomunam, deixando ambos o civismo, o amor à pátria, para pela prática da corrupção, enriquecerem de forma desmedida, ilícita, deixando um rastro de destruição, econômica, financeira e social. 34 Observamos que a corrupção não deve ser tratada como algo singular, e sim plural, ou seja, avança em todo o sistema, em países fortes ou fracos economicamente, de democracias mais ou menos desenvolvidas, pelo fato que vai criando como que uma teia, onde as relações políticas e o mercado se entrelaçam se confundem, onde os limites deixam de existir. A concepção de Programas de Compliance e sua aplicação na esfera governamental, nos mais diversos níveis hierárquicos, tende a resgatar o posicionamento, limites do mundo corporativo no que se referem as suas relações com o poder público, e vice-versa. Como vimos Compliance, significa fazer o certo da maneira certa, agir em sintonia com as regras, dentro de um alinhamento Corporativo ou Institucional, mais do que normas legais, regulamento, código de conduta, controles externos e internos, se trata de um jeito de ser de todos, pessoas físicas, jurídicas. Portanto, não pode nem deve ficar calcado apenas no cumprimento de dispositivos legais, mas deve ser elaborado, implantado e implementado, também como forma de pró ativamente em se antecipar às falhas, corrigi-las, evitando ou mitigando a exposição da Instituição, bem como, de seus agentes. “O termo Compliance, deriva do verbo inglês “to comply”, que para efeito de aplicação, nas organizações públicas ou privadas podemos definir de várias maneiras como, cumprir, executar, estar em conformidade com leis, padrões éticos e idoneidade em todas as relações, processos e operações da empresa, agir de acordo com uma regra, instrução interna, regulamentos internos e externos, ou seja, fazer a coisa certa, do jeito certo.” Para podermos iniciar o nosso estudo sobre o nosso tema, e toda a sua aplicação por meio de programas, seja nas instituições públicas ou privadas, se faz necessário que busquemos o conhecimento do surgimento do Compliance. Uma das primeiras aparições do programa de Compliance se dá em 1913 com a criação do FED – System Federal Reserve, sistema de bancos centrais americanos, que buscava a estabilidade e segurança do mercado financeiro. O FED é equivalente ao Banco Central do Brasil. 35 Em 1929, ocorreu nos Estados Unidos o chamado Crash, onde as bolsas quebraram, gerando falências de empresas e insolvência de uns cem números de investidores, levando ao que se chamou de grande depressão americana, por doze anos. Com base nessa situação gravíssima, que atingiu a economia americana gerando muitos desempregos e perda de patrimônio para os investidores, o governo americano como forma de resgatar a credibilidade da bolsa de valores, a confiança das empresas e principalmente dos investidores cria no ano de 1934, a S.E.C. – Securities Exchange Commission. “Precisamos falar de Compliance. Acesse o link abaixo: https://www.migalhas.com.br” Assim, a S.E.C., passou implantar e implementar a exigência de um nível de controle maior para com as empresas americanas, que quisessem participar do mercado de capitais, em especial àquelas que negociavam ações na bolsa de valores. O intuito era de mitigar o risco dos investidores, contribuindo assim para evitar uma nova quebradeira. No Brasil, temos a Comissão de Valores Mobiliários – C.V.M., que equivale a S.E.C. americana. Na década de 70, a S.E.C. deflagrou uma série de investigações em empresas americanas, onde o que se questionava eram pagamentos a políticos, partidos políticos estrangeiros, funcionários públicos. Essa operação dará origem a Lei Anticorrupção transnacional, a F.C.P.A. – Foreing Corrupt Practies Act, que passa a endurecer as penalizações às empresas americanas, que se envolvessem com práticas comerciais de corrupção no exterior. https://www.migalhas.com.br/ 36 Nos anos 80, os Estados Unidos da América se vê envolvido em uma grande recessão. Nesse período algumas empresas multinacionais, como Enron, Wordlcom, e até mesmo uma das maiores empresas de auditoria do mundo, vão aparecer em volta a escândalos contábeis, com a participação do governo. As bolsas de valores americanas nesse período e as empresas sofreram significativas perdas, forçando mesmo que a contragosto muitas vezes, a implantar programas de compliance, como forma de não apenas demonstrarem sua seriedade, responsabilidade, perante os stackeholders (acionistas, clientes, fornecedores, colabores, governo, etc.), como também, garantir sua manutenção no mercado. Entre as fraudes estava inflar balanços, gerando um valor irreal para suas ações, como forma de enganar os investidores das bolsas de valores. Essa nova situação de desconfiança por parte dos investidores, demanda uma série de investigações determinando o surgimento da S.O.X – Lei Sarbanes Oxley, cuja a base era o aperfeiçoamento dos mecanismos de controles na gestão das empresas. O Caso Enron. Acesse o link abaixo: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-escandalo-da-enron-saiba- o-queesta-acontecendo Com base na falta de um consenso internacional sobre o pagamento de propinas as autoridades públicas estrangeiras, é que passamos a entender um pouco melhor, por que a corrupção na área governamental advinda da relação com a iniciativa privada, tomou proporções quase que fora de controle, e passou a ser considerada quase que algo normal na relação público privada, e foi tão nefasta no desenvolvimento dos países, e, por conseguinte de suas populações. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-escandalo-da-enron-saiba-o-queesta-acontecendo https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-escandalo-da-enron-saiba-o-queesta-acontecendo 37 Dentro da perspectiva negativa mundial, no que se refere a seriedade das transações comerciais, as relações da empresas com o setor público, especificamente com o envolvimento dos servidores públicos em atos de fraudes e corrupção, a O.C.D.E. – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, colocou em vigor a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, que o mercado cuidou de chamar de Convenção Anti – Propina. O Brasil foi signatário da Convenção Anti-Propina, elaborando e promulgando a Lei Federal 10.467/2002, como forma de aplicar sanções penais ao cumprimento do que constava na Convenção Anti- Propina. Diversos são os órgãos que trabalham na busca ao combate à corrupção no Brasil, entre eles está o C.O.A.F. – Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Bacen – Banco Central do Brasil, R.F.B – Receita Federal do Brasil, os Ministérios Público Estaduais e Federal, C.V.M. – Comissão de Valores Mobiliários. 38 Mesmo, com a existência de todos os órgãos de combate à corrupção, que já possuem alguns controles, o surgimento do Compliance no Brasil se deu com o advento da Lei 9.613/1998 – Lei de Lavagem de Dinheiro, destinadas às Instituições Financeiras e àquelas a elas equiparadas. A Lei 12.683/2012 alterou a Leide Lavagem de Dinheiro, especialmente no que se refere a especificar as exigências quanto ao Compliance. Já em 2013, a Lei 12.846/2013, vem abordar o combate à corrupção, chamada de Lei Anticorrupção, ou Lei da Empresa Limpa. A Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) buscou blindar o governo nas suas diferentes esferas, no que se referem às relações com empresas privadas, “dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências” (BRASIL, 2013). A Lei estabeleceu algumas regras, para as empresas privadas que tenham ou queiram prestar serviços ou vender produtos, entre elas a determinação que essas implantem setor de auditoria interna, elaborem códigos de ética e conduta, criem canais de denúncias de irregularidades, também detectando e saneando possíveis fraudes e desvios, tendo como objetivo maior salvaguardar a gestão pública tanto em questões nacionais, quanto internacionais. Podemos afirmar que a Lei 12.846/2013 – Lei Anticorrupção, ao instituir regras para as empresas privadas, contribuiu não apenas com a gestão governamental, como também fez com àquelas desenvolvessem os seus Programas de Compliance, disciplinados e sistematizados. Para as empresas brasileiras que atuam apenas no Brasil, não deixa de ser um grande desafio, de mudar a cultura organizacional, onde todos, independentemente de hierarquia devem ter como objetivo não cometer irregularidades de base legal, nem muito menos deixarem de ser éticos. 39 As empresas brasileiras, ou multinacionais que aqui atuam, não ficaram tão surpresas com a nova Lei Anticorrupção, visto que, no exterior esse tipo de legislação de restrições, de combate a corrupção, é mais comum por parte de alguns países. Percebemos que a prática dos quesitos da Lei Anticorrupção, por parte das empresas, com esse grau de exigência, contribui em muito para um salto positivo no que concerne ao desenvolvimento, controle, melhora na qualidade de gestão delas próprias e nos seus resultados, como também, um novo posicionamento em relação à condução do encaminhamento dos negócios por parte da iniciativa privada, em contato com a gestão governamental. VOCÊ SABIA? A Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) buscou blindar o governo nas suas diferentes esferas, no que se referem às relações com empresas privadas. 4.1 IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE COMPLIANCE Antes de discorrermos sobre a implantação de um Programa de Compliance, é importante ressaltar que o mesmo, faz parte de um dos pilares da Governança Corporativa. Segundo apresentado em maio de 2011 no Fórum promovido pela Associação Brasileira de Bancos – ABB “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas / Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da Empresa, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. 40 Na década de 90, o mundo corporativo se viu a frente de um fenômeno chamado Globalização, onde as empresas passaram a não ter mais fronteiras econômicas, e sim apenas fronteiras geográficas. Essa nova realidade vai exigir que as empresas tenham que rever seus controles, devido às demandas crescerem muito, e, por conseguinte o aumento no fluxo de informações. Ainda, segundo apresentado em maio de 2011 no Fórum promovido pela Associação Brasileira de Bancos – ABB, as inúmeras demandas passam por uma gestão corporativa, que consiga atender “Complexidade maior devido à globalização, Maiores pressões competitivas, Aumento de Escândalos éticos e financeiros, Demandas de transparência e prestação de contas, Maiores demandas dos stakeholders, Expectativas de desempenho direcionadas para a integridade, Novas tecnologias, Aumento de competitivas regulamentações”. Frente a todas essas demandas, e praticamente tendo que atendê-las ao mesmo tempo, as empresas necessitam se reinventar, inclusive em relação ao seu modo de gestão, onde não houver sinergia, alinhamento de interesses, dentro desses ambientes heterogêneos, é notório que cada um saiba claramente qual a importância do que desenvolve nas organizações privadas e públicas, pois não será alcançado um ambiente saudável e, por conseguinte haverá perdas econômicas, financeiras e de pessoal. Para dar conta de tudo isso, surge a Governança Corporativa, como um suporte a organização e aos gestores, que busca a otimização dos processos da empresa com o objetivo da melhora contínua da gestão da organização, sua manutenção e aumento de valor no mercado. A Governança Corporativa segundo o I.B.G.C – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa esta alicerçada em quatro pilares, sendo que um deles é o Compliance. Transparência: Todas as decisões tomadas devem ser claras para todos dentro de uma empresa. Do governo ao cliente, dos investidores à sociedade, as informações não devem ser restritas para as partes interessadas. Equidade: Os sócios e stakeholders devem receber tratamento justo e igualitário dentro de uma empresa. 41 Prestação de contas: As empresas devem prestar contas de todas as atividades realizadas para seus sócios e para as demais partes interessadas de forma clara, concisa e compreensível. Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem ter uma visão ampla da empresa para zelar pela viabilidade econômico-financeira e todas as variações possíveis nesse processo. Aprofunde sobre GOVERNANÇA CORPORATIVA. Acesse o Link: https://www.ibgc.org.br Agora, que já verificamos que o Compliance é um dos pilares da Governança Corporativa, iremos discorrer sobre os principais elementos ou pilares de um Programa de Compliance. Segundo a C.G.U.- Controladoria Geral da União, são 05 esses elementos ou pilares e estão apresentados abaixo: 1º.) Comprometimento e apoio da alta direção; 2º.) Instância responsável pelo programa de compliance ou de integridade (que se já independente das demais); 3º.) Análise de perfil e riscos da empresa por meio da due diligence; 4º.) Estruturação das regras e instrumentos (elaboração de código de ética e de conduta, criação de canais de denúncia, treinamentos periódicos, previsão e aplicação de sanções e medidas disciplinares); 5º.) Estratégias de monitoramento contínuo (identificação do funcionamento ou não do programa de compliance). Percebemos que a prática dos quesitos da Lei Anticorrupção, por parte da empresas, com esse grau de exigência, contribui em muito para um salto positivo no que concerne ao desenvolvimento, controle, melhora na qualidade de gestão delas próprias, nos seus resultados, como também, um novo posicionamento em relação, condução do encaminhamento dos negócios por parte da iniciativa privada, em contato com a gestão governamental. A empresa deve buscar também dar atenção ao Compliance Concorrencial, que concilia a função econômica, com a geração de lucro, e a função social, tendo como ênfase a preservação dos recursos naturais. Também deve ser eliminador condutas lesivas à livre concorrência, que é um princípio contido https://www.ibgc.org.br/ 42 na Constituição Federal de 1988, art. 170, IV, bem como, garantir o cumprimento da legislação da concorrência, conforme a Lei 12.529/11, também conhecida como Lei de Defesa da Concorrência. LINK – Compliance Concorrencial http://www.lecnews.com.br/blog/compliance-concorrencial-ganhaespaco/ No que se refere ao Compliance Criminal, as principais Leis são: Lei 7.492/86 – Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, ou Lei do Colarinho Branco. A Lei 8.137/90 Lei de Crimes Contra a Ordem Econômica, Tributária e contra as Relaçõesde Consumo. Outra Lei, é a de número 9.613 (Lei de Lavagem de Capitais). Também a Lei 12.846/13 – Lei Anticorrupção e o Decreto 8.420/15, que regulamenta a Lei Anticorrupção. A Administração pública dispõe de mecanismos para a responsabilização de atos praticados, sendo entre eles: Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar (PAD), previstos na Lei 8.112/90, Lei aplicáveis apenas aos servidores públicos estatutários. Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo de uma forma mais ampla, sendo aplicável tanto aos servidores públicos estatutários, quanto aos empregados públicos celetistas. Processo Administrativo de Responsabilização (PAR), trazido pela Lei 12.846/13, (Lei Anticorrupção), que trata da responsabilização das pessoas jurídicas e pelo Decreto 8.420/15, que regula o PAR. O acordo de leniência consta da Lei 12.846/13, Lei Anticorrupção, tem o objetivo de fazer com que as empresas colaborem efetivamente com as investigações e com o processo administrativo. Dele deve resultar a identificação dos demais envolvidos na infração administrativa, quando couber; e a obtenção célere de informações e documentos que comprovem a infração sob apuração. É dever da empresa a http://www.lecnews.com.br/blog/compliance-concorrencial-ganhaespaco/ 43 reparação integral do dano. Existe também o Manual de Direito Disciplinar para Empresas Estatais elaborado pela C.G.U.- Controladoria Geral da União. Nessa esteira não podemos deixar de citar a Lei 13.303/16, conhecida como a Lei das Estatais, uma Lei Nacional de abrangência às três esferas governamentais, federal, estadual, municipal, que se dirige a toda empresa pública, bem como, sociedade de economia mista e sociedade de propósito específico. O artigo 9º da referida Lei, no que se refere a Integridade, aponta a obrigatoriedade da elaboração de um Código de Conduta e Integridade por parte das empresas estatais. Quanto à Governança, o art. 1º, indica que caso as estatais dos Poderes Executivos (Federal, Estadual e Municipal), não estabeleçam regras de Governança próprias no prazo de 180 dias, se submeterão ás regras de Governança da Lei 13.303/16, e caso elaborem estatuto próprio, este deverá estar em consonância com a Lei das Estatais. O Programa de Compliance na Administração Pública é de suma importância, seja para garantir a conformidade do setor público com o regramento legal vigente, como para uniformizar etapas na busca de dificultar ou reduzir práticas de corrupção, seja em processos de licitação, contratação pública, ou fraudes em concursos públicos. Dentro da família ISO, existe a norma de diretrizes, ISO 31.000, que trata da Gestão de Riscos, englobando princípios, diretrizes e informações, aplicável a qualquer tipo de risco (estratégico, operacional, financeiro, externo, interno), de empresa estatal, privada, comunitária, de qualquer segmento. Os reflexos da ISO 31.000 na Administração Direta e Indireta, no que tange às empresas estatais, públicas e sociedades de economia mista, um forte reflexo nas licitações, contratos administrativos. Conforme Gonçalves, com a implantação do Programa de Compliance, a empresa passa a ter: “proteção contra as pressões das emergências; ter uniformidade e coerência em todos os seus atos e decisões, colaborando com a transparência dos processos; facilitar a adaptação de novos empregados à cultura 44 organizacional; disponibilizar aos gestores mais tempo para repensar políticas e atuar em questões estratégicas; aumentar e aperfeiçoar o conhecimento da organização por todos os seus atores”. (GONÇALVES, 2012, p. 64-65). Podemos citar também outros benefícios que a Instituição tem com a implantação e implementação de um Programa de Compliance: Maior credibilidade perante os stackeholders; para efeito de a empresa vir atuar no mercado internacional, tem maior credibilidade; produtos e serviços passam a ter maior qualidade e eficiência; aperfeiçoamento dos níveis de governança corporativa. Seja em âmbito privado ou público, a implantação do Programa de Compliance, é um desafio a ser superado, mas tão difícil quanto, e para que não perca a credibilidade perante os stackeholders, seja perene e tenha sucesso, é importante a reposição de Leis e Normas que sejam importantes para as operações da empresa, como forma da empresa dar continuidade ao Programa de Compliance. 45 5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA MUNICIPAL O orçamento municipal tem tudo a ver com o dia a dia do brasileiro. Grande parte das receitas arrecadadas pelo governo sai do bolso dos munícipes, direta ou indiretamente. Repassamos uma parcela do que ganhamos para o governo em forma de impostos indiretos, isto é, impostos que estão embutidos no preço das mercadorias e das tarifas de serviços públicos. Há também os impostos diretos, como o imposto de renda, que é pago por milhões de pessoas quando recebem o salário ou quando prestam serviços para uma empresa ou para outras pessoas. O orçamento público transforma- se em lei após passar por um processo de ampla negociação, em que os governos federal, estadual e municipal deixam claro como pretendem gastar a curto e médio prazo, os recursos arrecadados com impostos, contribuições sociais e outras fontes de receita. A elaboração do orçamento público é obrigatória a todos os níveis de governo. A elaboração do orçamento segue uma periodicidade prevista em lei e na Constituição Federal de 1988. Assim, ele acontece de forma cíclica, de maneira que todas as ferramentas se encaixem, ou seja, formando uma orientação lógica para orientar o orçamento público. Isso é chamado de ciclo orçamentário. Assim, o objetivo deste conteúdo é facilitar o entendimento do gestor acerca das normas existentes que regem as finanças públicas, alertando a respeito das regras (para a receita e despesa, por exemplo) e limites, a serem observadas, as medidas que devem ser adotadas e as penalidades aplicadas em caso de descumprimento. Por fim, tratando-se de um instrumento normativo que busca promover o desenvolvimento conceitual da Execução Orçamentária Municipal que visa servir como meio de treinamento para novos colaboradores que não tenham conhecimento desta área. 46 5.1 MECANISMOS DE ALTERAÇÃO DO ORÇAMENTO Publicada a Lei Orçamentária Anual (LOA), pode-se verificar a necessidade de ajustar a programação originalmente aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República. Tais ajustes visam atender: a) programações insuficientemente dotadas, para realização de ações contidas na LOA; b) necessidade de realização de despesa não autorizada inicialmente na LOA; c) ajustes nos classificadores de receita ou de despesa, não implicando aumento nas dotações originalmente aprovadas. Todos esses ajustes, caso sejam feitos, alteram de alguma forma a posição inicial da LOA e se dividem em créditos adicionais e outras alterações orçamentárias. Os créditos adicionais estão relacionados aos itens “a” e “b”, citados anteriormente, e as outras alterações orçamentárias, relacionadas ao item “c”. 5.1.1 Créditos Adicionais De acordo com art. 41, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, os créditos adicionais se dividem em: suplementares, especiais e extraordinários. a) Créditos Suplementares Destinam-se ao reforço de dotação orçamentária. Para tanto, há necessidade de que a programação (em termos de subtítulo/localizador) exista na lei orçamentária original. Outro dispositivo legal que guia esse tipo de crédito se encontra no art. 165, §8º, da Constituição Federal/88. Esse artigo disciplina o conteúdo exclusivo da LOA, pois não existirá dispositivo diverso à previsão de receita e à fixação da despesa. Uma das exceções é a autorização para abertura de créditos suplementares pelo Poder Executivo, ou seja, por meio de decreto presidencial. Os créditos
Compartilhar