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Criminologia | 
Introdução 
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DISCIPLINA 
CRIMINOLOGIA 
 
CONTEÚDO 
Teorias Psicológicas e 
Comportamento Humano 
Criminologia | 
Introdução 
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Criminologia | 
Introdução 
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1 Sumário 
1 Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 3 
2 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
3 O homem delinquente: teorias biopsicológicas, psicodinâmicas e psicológicas --------- 4 
4 A criminologia do comportamento humano ------------------------------------------------------ 10 
4.1 Teorias Behavioristas da agressividade -------------------------------------------------------------------------- 10 
4.2 Transtornos da personalidade -------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4.2.1 Neuroses ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
4.2.2 Psicose -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
4.2.3 Personalidade psicopática ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19 
4.2.4 Transtornos da sexualidade ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 
6 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 26 
 
 
 
Criminologia | 
Introdução 
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2 Introdução 
O estudo da criminologia se intensificou em meados do século XIX, quando surgiram 
diversas correntes que sistematizaram os princípios e os pensamentos criminológicos 
da época. A essas diversas correntes deu-se o nome de escolas penais, também 
chamadas de escolas criminológicas. 
 
Inicialmente, a criminologia tinha como único e principal objeto o crime praticado, 
portanto os estudos a respeito dessa ciência se concentravam na escola clássica. 
Grandes pensadores como Cesare Beccaria – Dos Delitos e das Penas (1764) –, 
Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani despontaram como 
teóricos desse pensamento. Eles baseavam-se na filosofia jusnaturalista, consideravam 
o crime um fenômeno jurídico e a pena um meio retributivo pela conduta, visto que 
foi praticada de forma livre e consciente. 
 
No entanto, não demorou muito para que, além da conduta em si, os teóricos 
analisassem o indivíduo delinquente e seu comportamento. Então, em meados do 
século XIX na Europa, surge a escola positivista, influenciada pelos pensadores Cesare 
Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, que dividiram o positivismo em três fases, 
respectivamente, antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo). 
 
Diferentemente da escola clássica, que tinha como fator principal a análise do crime, 
a escola positiva deixa o delito em segundo plano e passa a se preocupar com o 
indivíduo em si e com o meio social em que ele está inserido. A escola positivista 
mantém um pensamento determinista e defensivista, vez que encara o crime como 
um fenômeno social, e a pena como meio de defesa da sociedade e de recuperação 
do indivíduo. 
 
3 O homem delinquente: teorias biopsicológicas, 
psicodinâmicas e psicológicas 
Conforme vimos, a escola positiva italiana defende um pensamento determinista e 
considera que o ato criminoso não passa de um fenômeno social, ao passo que a pena 
imposta ao delito é considerada um meio de defesa da sociedade. Essa escola defende 
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O homem delinquente: teorias biopsicológicas, 
psicodinâmicas e psicológicas 
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que os indivíduos são fortemente condicionados em sua maneira de agir, 
influenciados por fatores exógenos (externos) e endógenos (internos) do 
comportamento e o foco da criminologia a época era analisar esse comportamento 
através da sociologia, psicologia, antropologia e, até mesmo, da estatística. 
 
 
Figura 1– Teorias sociais e biopsicológicas 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Os estudos realizados pela escola positivista podem ser classificados em três fases 
diferentes, antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo), todos 
tem como foco principal o indivíduo, porém, ele é analisado sob diferentes óticas. 
Inclusive, foi através da interdisciplinaridade da criminologia científica que surgiram 
os primeiros estudos a respeito da etiologia criminal, também conhecida como 
criminogênese. 
 
Assim, o estudo da criminogênese pode ser definido como um desdobramento da 
criminologia que concentra sua atenção nos mecanismos de natureza biológica, 
psicológica e social, com o intuito de desvendar os motivos que levaram o indivíduo 
a praticar determinado ato criminoso, através da interdisciplinaridade, analisando os 
fatores de natureza sociológica, econômica, filosófica, política, médica e psicológica. 
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O homem delinquente: teorias biopsicológicas, 
psicodinâmicas e psicológicas 
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Figura 2 – Vertentes da escola positivista. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Desta forma, analisando a perspectiva e o método de análise de cada estudioso, 
Lombroso se baseou numa investigação indutiva, em que considerava o crime como 
um fato humano e social, traçando um perfil biológico de cada um deles, denominada 
perfil Lombrosiano ou teoria do criminoso nato. Ao longo de suas pesquisas, o 
criminólogo analisou diversos cadáveres de presos e soldados, com o intuito de 
verificar se os indivíduos portavam alguma peculiaridade física ou psicológica e 
comparou o resultado das pesquisascom os dados estatísticos da criminalidade. 
 
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O homem delinquente: teorias biopsicológicas, 
psicodinâmicas e psicológicas 
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Considerado o pai da criminologia, Lombroso tentava localizar e identificar o fator 
diferencial em alguma parte do corpo ou no funcionamento do sistema e subsistema 
do ser humano, estabelecendo um padrão para determinado tipo de criminoso, de 
modo que a conduta delitiva pode ser entendida como uma espécie de consequência 
patológica. Esses estudos, posteriormente, comporiam a teoria do criminoso nato 
defendida pelo autor, através da qual ele acreditava ser possível determinar o caráter 
criminoso do indivíduo antes mesmo dele cometer um crime, apenas com base em 
suas características. 
 
Nas palavras de Juarez Cirino dos Santos (2019, p. 56), a teoria de Lombroso parte de 
uma intuição Darwiniana e “supõe que o crime é um produto de fixações atávicas do 
criminoso: o comportamento antissocial é definido como uma forma de regressão ao 
estado selvagem, produzido por degenerações biológicas identificáveis por estigmas 
(caracteres físicos) do sujeito”. Isto é, Lombroso acreditava que o criminoso era 
portador de algumas características físicas e psíquicas dos homens primitivos, por isso 
agia de forma peculiar, muitas vezes beirando a selvageria. 
 
Outro fator relevante e que poderia influenciar no comportamento criminoso do 
indivíduo é a epilepsia. Durante as suas muitas pesquisas, Lombroso teve a 
oportunidade de realizar o exame necroscópico do famoso bandido Giuseppe Villella, 
conhecido como calabrês, e do soldado Misdea, constatou que a epilepsia larvar 
poderia desencadear impulsos nervosos, culminando em um comportamento 
criminoso. Assim, o criminólogo classificava os indivíduos em criminosos natos, 
loucos, de ocasião e criminosos por paixão. 
 
 
 
 
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psicodinâmicas e psicológicas 
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No mais, devemos ressaltar o entendimento de Natacha Alves (2020, p. 74) com 
relação as contribuições de Lombroso no estudo da criminologia. 
Em pleno século XXI, as vetustas concepções lombrosianas permanecem arraigadas no 
consciente coletivo, ante ao julgamento preconceituoso com base na aparência física de 
determinados grupos sociais. Exemplo claro disso é a comum seletividade de pessoas negras 
e pobres em buscas pessoais realizadas em blitz policiais, com base no vago conceito de 
"fundada suspeita" previsto no art. 240, § 2°, do Código Processual Penal. 
 
Analisando a criminologia a outros olhos, Raffaele Garofalo também estudioso da 
escola positivista, defende que o crime pode ser entendido como um sistema de 
anomalia moral ou psíquica do indivíduo, que se assemelha a uma conduta 
degenerada. Garofalo acreditava que, os criminosos possuíam características 
fisionômicas especiais que os distinguiam dos demais indivíduos e que o 
comportamento delinquente era sintoma de uma anomalia moral ou psíquica. Assim, 
é justamente neste aspecto, que o criminalista desenvolve o conceito de 
periculosidade, fixando o grau de maldade de cada sujeito e o quando devia ser 
temido pela sociedade. 
 
Além disso, o jurista Raffaele Garofalo levantou a necessidade de punir os indivíduos 
que apresentavam as referidas anomalias de forma diferente, assim, o criminólogo 
propôs a utilização da medida de segurança como uma nova modalidade de 
intervenção penal, alegando que esses indivíduos precisam de tratamento médico. 
Inclusive, de acordo com Natacha Alves (2020, p. 77) Garofalo “sustenta o dever de o 
criminoso indenizar o Estado e a vítima do crime, bem como prioriza a rigorosa 
repressão, chegando a admitir, inclusive, a pena de morte”. À vista disso, Garofalo 
passou a classificar os criminosos como: assassinos, violentos (enérgicos), ladrões 
(neurastênicos) e lascivos (cínicos). 
 
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O homem delinquente: teorias biopsicológicas, 
psicodinâmicas e psicológicas 
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Agora, nos distanciando mais das teorias biológicas, resta falar sobre as contribuições 
do político socialista italiano Enrico Ferri no estudo da criminologia. Diferente de seus 
companheiros de escola – Lombroso e Garofalo – que dedicavam boa parte dos seus 
estudos unicamente ao indivíduo, Ferri somava as pesquisas antropológicas, físicas e 
biológicas aos aspectos sociais do indivíduo. 
 
Ferri defendia a ideia de que o crime era o resultado da soma de vários fatores 
antropológicos, físicos ou telúricos e sociais. O autor diz que “assim como as células, 
os tecidos e os órgãos não têm existência biológica no corpo do animal, a não ser 
como partes de um conjunto, o homem não tem existência sociológica senão como 
membro de uma sociedade” (OLIVEIRA, 2020, p. 75). 
 
Além disso, o criminólogo acreditava na tese de negativa do livre-arbítrio. Isto é, 
diferente de seus companheiros clássicos que defendiam o crime como sendo um 
produto da vontade livre e consciente do indivíduo, Ferri apoiava a ideia de que a 
conduta criminosa nada mais era do que um produto da sociedade, gerado por causas 
naturais, alheios a vontade do sujeito. 
 
Neste sentido, o autor propõe inda a lei da saturação criminal, dizendo que assim 
como determinado líquido entra em combustão e evapora quando aquecido em certa 
temperatura, alguns crimes também podem ser influenciados por determinadas 
condições sociais presentes no meio em que o indivíduo está inserido, como o clima, 
temperatura ou estações do ano. De acordo com Ferri, em determinados casos, esses 
fatores poderiam elevar as taxas de criminalidade (sobressaturação criminal). 
 
Assim, diante das diversas teorias apresentadas pelos criminólogos a respeito da 
saúde mental dos delinquentes, surgiram muitos estudos relacionados a isso nas áreas 
da psicologia e psiquiatria criminal, com foco principal no comportamento humano, 
tentando explicar a agressividade do indivíduo e sua tendencia ao crime. 
 
Criminologia | 
A criminologia do comportamento humano 
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4 A criminologia do comportamento humano 
Conforme vimos, há muito tempo o comportamento humano tem sido um dos 
objetos de estudo mais fascinante da criminologia, desde a escola positiva o que tinha 
como elemento principal, até a criminologia crítica que analisa os aspectos sociais e 
tem como uma das fontes de pesquisa o comportamento do indivíduo. 
 
Assim, conforme destaca Natacha Alves (2020, p. 43-44), devido a importância do 
comportamento humano para o estudo da criminologia, ele foi analisado sob 
diferentes perspectivas de acordo com cada escola criminológica, 
Para a Escola Clássica, o autor do fato, dotado de livre-arbítrio, era visto como um pecador que 
teria optado pelo mal quando poderia ter direcionado sua conduta para o bem. Por sua vez, 
de acordo com o positivismo antropológico, vigia a concepção de criminoso nato, 
visualizando-se o criminoso como um ser atávico simiesco. Ainda, de acordo com a Escola 
Correcionalista, o criminoso era visto como alguém que precisava de ajuda e a pena seria 
dotada de uma função terapêutica, despida de conteúdo retribucionista. 
 
Desta forma, surgiram diversas teorias que, ao longo da história, esmiuçaram o 
assunto, como a teoria behaviorista da agressividade e os estudos a respeito dos 
transtornos da personalidade com o advento da criminologia clínica. 
 
4.1 Teorias Behavioristas da agressividade 
O movimento denominado Behaviorista surge em 1913, com a publicação do artigo 
“Psicologia: como os behavioristas a veem” e da obra “Behavior”, ambos de autoria de 
John Watson, como uma forma de contrapor a psicologia introspectiva de Wundt e 
William James. 
 
A teoria behaviorista idealizada por Watson tem o intuito de analisar o 
comportamento humano e, a partir das respostas obtidas, definir um mecanismo de 
estímulos e respostas. Influenciado pelo pensamento deDescartes, Pavlov, Loeb e 
Comte, o behaviorismo de Watson era baseado nos métodos empíricos de natureza 
objetiva, de modo que partem da observação do comportamento do indivíduo, 
Criminologia | 
A criminologia do comportamento humano 
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descrevendo-o através de formas de estímulos e respostas (OLIVEIRA, 2020, p. 129). 
 
Assim, conforme destaca Juarez Cirino dos Santos (2019) as teorias psicológicas 
behavioristas defendem a existência de predisposições agressivas inatas enraizadas 
na estrutura somática do ser humano, que podem ser definidas como uma espécie de 
“ativo instinto para ferir e destruir”, de modo que essas disposições podem ser 
controladas pelos processos de socialização, mas nunca erradicadas da estrutura 
fisiológica do indivíduo, dado que são intrínsecas a ele. Desta forma, sob a ótica da 
criminologia, a teoria behaviorista de Watson tem o intuito de modificar o 
comportamento delinquente através de esforços positivos, sendo representada na 
fase da execução penal, pelo sistema de recompensas e punições (OLIVEIRA, 2020, p. 
129). 
 
Ainda, é válido destacar que, embora tenha como precursor o inglês John Watson, a 
teoria behaviorista se subdividiu em outras vertentes. Um exemplo disso é o 
behaviorismo radical defendido pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner 
que, diferente de seu antecessor, dizia ser possível determinar e modificar o 
comportamento humano, de acordo com o meio ambiente em que o sujeito está 
inserido, considerando que o comportamento se traduz nas reações de fome, raiva, 
tristeza ou paixão, por exemplo. No entanto, ainda que muito criticada, a vertente 
radical do behaviorismo não nega a existência de emoções ou sentimentos, ela 
simplesmente não os considera como uma causa relevante para o comportamento 
humano e sim como formas de se comportar, diferente das teorias atuais. 
 
Portanto, de acordo com Juarez Cirino (2019, p. 63-64) as teorias behavioristas da 
agressividade, de um modo geral são criticadas pela explicação que conferem a 
violência, dado que possuem as mesmas deficiências de outras teorias biológicas do 
comportamento no estudo da criminologia, como, por exemplo, a “acentuação dos 
fatores fisiológicos do comportamento criminoso e exclusão das condições políticas 
e ideológicas da organização social da vida”. 
 
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4.2 Transtornos da personalidade 
Além da teoria behaviorista e suas vertentes, surgiram também, junto com a 
criminologia clínica, diversos estudos relacionando os aspectos da criminologia com 
os transtornos da personalidade humana. Inclusive, nas palavras de Newton e Valter 
Fernandes (2010, p. 182) a personalidade humana pode ser definida, basicamente, 
como “a hegemonia mental e emocional da pessoa moral, hegemonia determinante 
de sua individualidade. É a maneira estável de ser de uma pessoa que a distingue de 
outra”. 
 
Assim, despontam no âmbito da medicina legal a psicologia criminal e a psiquiatria 
criminal, tendo como atividade principal o estudo do comportamento humano. A 
psicologia criminal pode ser definida como sendo aquela matéria que estuda a 
“personalidade normal” do indivíduo e os fatores que possam influenciá-la de alguma 
forma. Por outro lado, a psiquiatria criminal é a ciência responsável pela análise 
daqueles transtornos tidos como “anormais” da personalidade, ou seja, as doenças 
mentais, os retardos mentais, as demências, esquizofrenias e outros transtornos, sejam 
de caráter psicótico ou não (PENTEADO FILHO, 2020). 
 
Desta forma, a psicologia e a psiquiatria criminal, através da psicopatologia, definiram 
os transtornos da personalidade de diferentes formas, sendo denominado ao longo 
da história como “insanidade moral (moral insanity), monomania moral, neurose de 
caráter, caracteropatia, psicopatia”, até culminar, finalmente, no transtorno de 
personalidade, termo utilizado hoje em dia (DALGALARRONDO, 2019). 
 
Portanto, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 
atualmente o transtorno de personalidade é caracterizado pelo “padrão persistente 
de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das 
expectativas de cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou 
no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a prejuízo” (DSM-V, 2014, 
p. 645). Sendo assim, “os transtornos de personalidade não são tecnicamente doenças, 
mas anomalias do desenvolvimento psíquico, sendo consideradas, em psiquiatria 
criminal, perturbações da saúde mental” (PENTEADO FILHO, 2020, p. 228). 
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A criminologia do comportamento humano 
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Desta forma, são consideradas, a respeito do estudo da criminologia e do 
comportamento humano, dentre as espécies mais frequentes do transtorno da 
personalidade: as neuroses; as psicoses; as personalidades psicopáticas; e os 
transtornos da sexualidade (parafilias). 
 
 
Figura 3 – Transtornos de personalidade. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus. 
 
4.2.1 Neuroses 
As neuroses são estados mentais da pessoa humana, que conduzem o indivíduo à 
ansiedade e a distúrbios emocionais como: medo, raiva, rancor e sentimento de culpa. 
Assim, pode-se afirmar que as neuroses são afecções muito difundidas, sem base 
anatômica conhecida e que, apesar de intimamente ligadas à vida psíquica do 
paciente, não lhe alteram a personalidade como as psicoses, ao passo que 
acompanham de consciência penosa e frequentemente excessiva do estado mórbido 
(MARANHÃO, 2004, p.356). 
 
A base anatômica do transtorno é representada pela ausência de características físicas, 
capazes de indicar se determinada pessoa é portadora ou não do transtorno, sendo 
assim a pessoa neurótica não possui nenhum sintoma físico que dê indícios do 
transtorno, é algo totalmente psíquico, assim como não existe nenhuma forma de 
prevenir ou antecipar o transtorno. Neste sentido, dispõe Paulo Dalgalarrondo (2019, 
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p. 650) que, 
As neuroses se caracterizavam, no plano da subjetividade, por dificuldades e conflitos 
intrapsíquicos e interpessoais que mantinham no indivíduo um estado contínuo de sofrimento 
associado a frustração, angústia, rigidez emocional e sentimentos de inadequação. Seus 
mecanismos básicos eram o recalque (mas também projeção, deslocamento, negação, 
regressão, racionalização e formação reativa), que representava a luta interna, quase sempre 
inconsciente, entre impulsos inaceitáveis perante um julgamento rígido e automático. Também 
de grande importância eram as dificuldades interpessoais do sujeito “neurótico”, o qual era 
marcado pela rigidez e frustração recorrente nas relações pessoais e pela insatisfação 
constante com o que recebia e dava aos outros (DALGALARRONDO, 2019, p. 650). 
 
Desta forma, não sendo a neurose associada a um fim pejorativo ou popular banal, 
recebe um nome técnico cuja definição está relacionada com as características 
psíquicas que alteram o estado emocional do indivíduo e não a sua personalidade. 
Lembrando que, a psicose não deve ser confundida com a neurose, dado que esta não 
altera a personalidade do indivíduo e nem possui uma base anatômica conhecida. 
Além disso, um sujeito neurótico reconhece que está doente e, na maioria dos casos, 
procura auxílio médico, diferente do que ocorre na psicose, vez que o sujeito não 
percebe sua enfermidade, pois a doença altera a percepção da realidade. 
 
Ademais, afirmam Newton e Valter Fernandes (2010, p. 190-191) que “as neuroses são 
doenças mentais da personalidade que se destacam por conflitos intrapsíquicos que 
inibem os comportamentos sociais. São desacertos incompletos da personalidade que 
incomodam mais o equilíbrio interior da pessoa do que o seu relacionamento com o 
mundo exterior”. Assim, as neurosespodem ser classificadas como uma doença 
mental moderada, dado que apresenta apenas sintomas subjetivos – ex.: angústia e 
ansiedade – os quais podem ser amenizados pelo sistema de defesa do próprio 
indivíduo, estando, portanto, abaixo da psicose. 
 
No entanto, em casos mais graves, a neurose pode se transformar em uma neurose-
obsessiva, que embora tenha as mesmas origens, possui consequências muito mais 
intensas, como por exemplo, desencadear um distúrbio que obriga um indivíduo a 
praticar furtos (cleptomania) ou criar incêndios (piromania), que diante de tanto medo 
e sofrimento podem levar o indivíduo a cometer um homicídio ou suicídio. Tem-se aí, 
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as neuroses obsessivas que devido a intensidade e a constância do sofrimento, fazem 
com que o sujeito tenha atitudes criminosas como consequência (FERNANDES e 
FERNANDES, 2010). 
 
Ainda, com relação a este aspecto, José Fiorelli e Rosana Mangini (2020, p. 465-466) 
classificam o comportamento como sendo uma espécie de delinquência neurótica, 
neste caso, “a conduta delitiva é encarada como uma manifestação dos conflitos do 
sujeito com ele mesmo. O que incomoda o psiquismo reflete-se no ato, com a 
finalidade inconsciente (total ou parcial) de punição. Trata-se, pois, de uma 
delinquência sintomática”. Isto é, para esses indivíduos a punição é aplicada para 
amenizar um sentimento de culpa, proveniente do conflito primário. 
 
4.2.2 Psicose 
O termo psicose surgiu para enfatizar as afecções mentais mais graves apresentadas 
pelo sujeito. Assim, podemos defini-las como um conjunto de doenças caracterizadas 
pelos transtornos emocionais do indivíduo, sua relação com a realidade social e com 
o convívio em sociedade. Nas palavras de Newton e Valter Fernandes (2010, p. 194), 
As psicoses, de fato, são responsáveis pela desintegração da personalidade do indivíduo e pelo 
seu conflito com a realidade. Trata-se de categoria de doenças caracterizadas por desordens 
cognitivas mais graves, incluindo, frequentemente, delírios e alucinações, oportunidade em 
que o enfermo torna impossível o convívio social ou familiar, devendo permanecer sob 
vigilância médica para evitar que provoque danos físicos em si próprio ou em terceiros. 
 
Isto é, as síndromes psicóticas são geralmente caracterizadas por episódios de 
alucinações e delírios, confusão do pensamento e comportamento catatônico. 
Conforme destaca Paulo Dalgalarrondo (2019, p. 667) “na psicose, o mundo é que é 
percebido como se dirigindo ao sujeito. O mundo invade, por assim dizer, a 
consciência. Há, assim, a chamada inversão do arco intencional da consciência”. 
 
Além disso, afirmam também José Fiorelli e Rosana Mangini (2020, p. 464) que, a 
psicose também pode se manifestar no comportamento delinquente do indivíduo, 
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através da chamada delinquência psicótica, ou seja, “a prática criminosa que se efetiva 
em função de um transtorno mental”. Os autores complementam dizendo que, além 
da psicose, “diversas psicopatologias podem conduzir a comportamento delitivo; 
devem ter diagnóstico por especialista e é indispensável que o quadro seja 
predominante ao tempo da ação”. 
 
No mais, é válido destacar que, o transtorno psicótico pode se manifestar de 
diferentes formas no indivíduo, contudo, ao longo do texto abordaremos três delas, 
que se mostram mais relevantes ao estudo da criminologia. 
 
 
 
4.2.2.1 Psicose paranoica 
De acordo com Genival França (2017) as psicoses paranoicas podem ser definidas 
como uma espécie de transtornos mentais caracterizados por pensamentos delirantes, 
que facilitam a manifestação de ideias autofilistas e egocêntricas. Os paranoicos 
fantasiam e nos seus delírios relacionam o seu bem-estar ou a dor com as pessoas 
que lhes rodeiam, atribuindo a elas a causa de seu estado. Por exemplo, a paranoia 
do ciúme, a de perseguição e a erótica. Seriam considerados paranoicos os assassinos 
de Abraham Lincoln, Gandhi e John Lennon e aquele que atentou contra a vida do 
Papa João II (FERNANDES e FERNANDES, 2010). 
 
Em outras palavras, para aquele indivíduo que sofre de psicose paranoica as fantasias 
presentes em sua mente beiram a realidade, sejam elas agradáveis ou não. Diferente 
do que ocorre com as interpretações delirantes que, em algumas situações, podem 
representar o completo desconhecimento das pessoas a sua volta e, inclusive, do 
Psicose Paranoica
Psicose Maníaco depressiva
Psicose Carcerária
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ambiente que se encontram, ou seja, durante o episódio tanto amigos ou pessoas 
próximas, quanto inimigos ou pessoas desconhecidas, se apresentam ao paranoico de 
diferentes formas (FERNANDES e FERNANDES, 2010). 
 
Desta forma, os paranoicos psicóticos exigem uma atenção especial, devido a 
instabilidade de seu comportamento que, em alguns casos, conforme citamos acima, 
podem gerar mortes, pois, eles culpam as pessoas existentes em seu círculo mental 
pelo seu sofrimento ou bem-estar. 
 
Por fim, como bem destacam Newton e Valter Fernandes (2010, p. 198) “o paranoico, 
às vezes, aparenta certa normalidade; aliás, os psiquiatras se deparam com vários 
indivíduos assim, contudo, a qualquer momento, vem à baila a moléstia, revelando o 
verdadeiro estado mental do paciente”. Assim, tem-se que a principal característica da 
paranoia psicótica é o fato de o sujeito fantasiar situações irreais e associar seus 
sentimentos a elas e as pessoas que a rodeiam. 
 
4.2.2.2 Psicose maníaco-depressiva 
A psicose maníaco-depressiva, atualmente estudada como transtorno bipolar do 
comportamento, é marcada por crises de excitação psicomotora e estado depressivo. 
A fase maníaca é caracterizada por hiperatividade motora e psíquica, com agitação e 
exaltação da afetividade e do humor, o maníaco não permanece quieto, é eufórico. A 
melancolia ou depressão, caracteriza-se pela inibição ou diminuição das funções 
psíquicas e motoras, ao passo que o indivíduo apresenta um quadro marcado pela 
tristeza, pessimismo, sentimento de culpa. As tentativas de suicídio são frequentes 
durante este período (FRANÇA, 2017). 
 
Neste sentido, afirmam Newton e Valter Fernandes (2010, p.199) que a psicose 
maníaco-depressiva pode ser definida como uma espécie de “enfermidade de caráter 
endógeno, hereditária, caracterizada pela anormalidade de ânimo, anormalidade 
anímica, da qual surgem os restantes sintomas, sem que a doença seja de curso 
progressivo, nem conduza jamais à demência, intercalando-se entre suas fases 
períodos de remissão mais ou menos prolongados”. 
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Os autores afirmam ainda que, 
Nos casos mais graves e em que existe ansiedade, o doente tende a movimentar-se 
continuamente, passeia infatigável o dia todo de um lado para outro, chora muito e se lamenta, 
arranca os cabelos ou esmurra a parede, chegando a bater com a cabeça nela, quebra objetos 
ou os atira furioso contra o solo, buscando no movimento a descarga que o libere do 
sofrimento cruel que lhe provoca o intenso estado de tensão interna (FERNANDES e 
FERNANDES, 2010, p. 201). 
 
Assim, nestes casos, os índices de suicídios ocasionados pela depressão profunda são 
extremamente elevados, pois, ainda que o sujeito esteja tomado por um sentimento 
de extrema alegria, pode se afundar rapidamente em uma profunda tristeza, que vem 
acompanhada de uma intensa sensação de morte. No entanto, embora muito 
frequentes, o suicídio pode ser impulsivo ou premeditado, por isso, os pacientes 
acometidos desta enfermidade, devem estar sob vigilância constante. 
 
4.2.2.3 Psicose carcerária 
A psicose carcerária é decorrente da privação da liberdade do indivíduo submetido a 
estabelecimentos carcerários que nãodispõem, em sua grande maioria, de condições 
adequadas de espaço, iluminação e alimentação. Isto é, essa psicose é frequente em 
pessoas que tiveram sua liberdade restrita ou que foram submetidas a condições sub-
humanas de encerramento. 
 
A pessoa acometida desse mal, manifesta a "síndrome crepuscular de Ganser", 
apresentando sintomas com as seguintes características: estranhas alterações da 
conduta motora e verbal do indivíduo que, quando interrogado, encerra-se em 
impenetrável mutismo ou passa a exibir para respostas ("respostas ao lado"), como se 
estivera acometido de um estado deficitário orgânico. Além disso, não é raro que o 
transtorno venha acompanhado de sintomas depressivos ou catatônicos (FERNANDES 
e FERNANDES, 2010). 
 
Outra denominação empregada a esse transtorno é “delírio pré-senil de indulto”, de 
modo que alguns velhos presidiários são consumidos por um súbito sentimento de 
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anistia e “passam a apregoar sua iminente libertação, mostrando-se eufóricos e 
agradecidos às autoridades judiciárias e adotando, no interior do presídio, conduta 
consentânea com o conteúdo apriorístico de suas convicções” (FERNANDES e 
FERNANDES, 2010, p. 202). 
 
4.2.3 Personalidade psicopática 
A personalidade psicopática é caracterizada por uma distorção do caráter do 
indivíduo. Os indivíduos acometidos por tal personalidade geralmente apresentam o 
seguinte quadro característico: são inteligentes, amorais, inconstantes, insinceros; são 
egocêntricos, inclinados a condutas mórbidas. Nas palavras de Genival França (2017, 
p. 1.856) “os psicopatas não vivem, representam. Pode-se dizer que eles, a seu modo, 
são felizes porque não sofrem, não sentem culpa, não têm remorso. Sabem o que 
fazem, mas não se importam com as consequências. São mentirosos e 
manipuladores”. 
 
 
 
No entanto, é válido destacar que, o termo psicopata, ao longo do tempo, se tornou 
banal e genérico, não sendo mais utilizado no âmbito da psicologia e da psiquiatria 
para definir o sujeito com tendencias psicopáticas, atualmente a denominação clínica 
correta é transtorno de personalidade antissocial, contudo, isso não impede que 
ainda os profissionais da área ainda indiquem que seus pacientes apresentam uma 
personalidade psicopática. 
 
Neste sentido, o psicólogo Paulo Dalgalarrondo (2019, p. 517) afirma que apresentam 
o transtorno de personalidade antissocial, embora reconhecidos há muito tempo, 
ainda guardam uma posição polemica no âmbito da psicologia, dado que não é 
“[...] enquanto os criminosos comuns almejam riqueza, status e poder, os 
psicopatas apresentam manifesta e gratuita crueldade” (PENTEADO FILHO, 2020, 
p. 229). 
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possível identificar se o transtorno está relacionado a uma variação da normalidade 
ou a uma doença psicopatológica. Nestes casos o sujeito “têm muita dificuldade nas 
relações interpessoais; falta-lhes sensibilidade ao sofrimento dos outros (ou podem 
apresentar mesmo elementos de sadismo, tendo satisfação ou prazer com o 
sofrimento alheio). Há um padrão difuso de desconsideração pelas outras pessoas, 
violação dos direitos alheios”. 
 
Assim, conforme ressalta Nestor Sampaio (2020, p. 229) “é bem verdade que o 
portador de psicopatia não é um doente, na acepção estrita do termo, no entanto se 
acha à margem da normalidade emocional e comportamental, ensejando dos 
profissionais de saúde e do direito redobrada atenção em sua avaliação”. Por isso, a 
análise dos transtornos da personalidade se torna tão importante para o estudo da 
criminologia, à medida que os portadores desses transtornos se envolvem facilmente 
em atos criminosos. 
 
Ainda, com relação as sanções aplicadas os sujeitos que detêm uma personalidade 
psicopática, os teóricos José Fiorelli e Rosana Mangini (2020, p. 157) destacam 
algumas informações pertinentes. 
Na prática prisional, o fundamental, que torna a intervenção mais delicada, é a dificuldade de 
essas pessoas aprenderem com a experiência, sendo que a intervenção terapêutica, em geral, 
não alcança os valores éticos e morais comprometidos. Para alguns autores, pessoas que 
preenchem os critérios plenos para psicopatia não são tratáveis por qualquer tipo de terapia; 
alguns estudos, porém, indicam que, após os 40 anos, a tendência é diminuir a probabilidade 
de reincidência criminal. Existe medicação que busca minimizar a excitabilidade do 
comportamento (FIORELLI e MANGINI, 2020, p. 157). 
 
Por fim, no que diz respeito a classificação das pessoas que possuem o transtorno de 
personalidade antissocial, assim como as características da personalidade psicopática 
não são pacíficas no meio clínico, dado que, cada paciente se comporta de uma forma 
diferente destacando alguns aspectos mais do que outros. Desta forma, é possível 
classificar o transtorno de personalidade antissocial da seguinte forma: 
 
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Figura 4 – Classificação da personalidade psicopática. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus. 
 
EXPLOSIVOS/ EPILEPTOIDES 
São classificados como explosivos ou epileptoides aqueles indivíduos que 
manifestam em seu comportamento a habitualidade de um estado colérico, raivoso, 
agressivo, tanto verbalmente como fisicamente. De acordo com Genival França 
(2017, p. 1.859) predominam nos psicopatas com personalidade explosiva “uma 
irritabilidade excessiva do humor e da afetividade, seguida de tensões motoras, 
violentas”. Geralmente, essas pessoas são extremamente instáveis na relação 
conjugal e não costumam ser bons exemplos na educação dos filhos. 
 
PERVERSOS/ AMORAIS 
Os perversos ou amorais são maldosos, cruéis, destrutivos, esses indivíduos não são 
capazes de sentir afeto, simpatia ou qualquer outro sentimento de estima por 
qualquer pessoa, portanto, estão sujeitos a prática de qualquer conduta antissocial, 
desde os menores delitos como furto até o mais bárbaro dos homicídios. 
Tais características revelam-se precocemente em crianças, nas tendências à 
preguiça, inércia, indocilidade, impulsividade, indiferença, propensos à 
criminalidade infanto-juvenil. Na fase adulta, o indivíduo possui grau elevado de 
inteligência, podendo ser observadas mentiras, calúnias, delações, furtos, roubos. 
Encontram-se no rol dos amorais os incendiários, os vândalos, os "vampiros" e os 
envenenadores. (FERNANDES e FERNANDES, 2010). 
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Ainda, conforme destaca Genival França (2017, p. 1.860) os crimes cometidos pelos 
psicopatas que apresentam uma personalidade perversa ou amoral “são 
desumanos, frios, impulsivos, bestiais”. Esses indivíduos, “não admitem ser 
fiscalizados e realizam atos movidos pelas suas paixões, pelo domínio dos 
componentes instintivos de sua personalidade. Praticam o mal por necessidade 
mórbida”. 
 
Por fim, é válido destacar que, todas as medidas de reeducação e de recuperação 
impostas aos indivíduos caracterizados como perversos têm-se mostrado inúteis e 
ineficazes, ao passo que o confinamento carcerário só vem acelerando e 
requintando suas técnicas amorais e delituosas. Assim, principal questão debatida 
no direito e principalmente no estudo da criminologia é, qual a punição mais 
adequada para esses casos (FRANÇA, 2017). 
 
FANÁTICOS 
Os fanáticos são caracterizados por um ânimo constante de eufemismo, além da 
extrema exaltação daquilo que desejam. Esses indivíduos lutam por seus ideais de 
forma impulsiva, sem qualquer limite ou controle de suas ações, os fanáticos são 
capazes de praticar qualquer ato delinquente na busca incessante por seus 
interesses. 
De acordo com Genival França (2017, p. 1.861) a principal questão e justamente o 
que requer uma atenção especial nos fanáticos, é que eles podem “assumirliderança 
de grupos ou massas humanas em épocas de instabilidade político-social, mesmo 
sendo eles intelectualmente limitados e de ideias confusas”. Os fanáticos jamais 
serão julgados por ficarem “em cima do muro”, pois, até nas situações mais banais 
e insignificantes, tomam partido e defendem o seu ponto de vista de forma 
fervorosa. 
 
MITOMANÍACOS 
Os mitomaníacos, por sua vez, são acometidos de um desequilíbrio da inteligência 
no tocante à realidade. Esses indivíduos são totalmente propensos à mentira, à 
simulação e à fantasia, eles conseguem distorcer, de forma quase convincente, a 
realidade dos fatos, podendo chegar a extremos de delírios e devaneios. 
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Nas palavras de Newton e Valter Fernandes (2010, p. 187) “a mitomania pode se 
acentuar até o estado de devaneio, os verdadeiros delírios de imaginação, agudos 
ou em eclipse, mas frequentemente sintomáticos de estados hipomaníacos, tóxicos 
ou orgânicos, que vêm a despertar as aptidões mitopáticas do indivíduo”. Essa 
característica pode se manifestar tanto em crianças quanto nos adultos e, 
geralmente, são acompanhadas de outras debilidades mentais, como, por exemplo, 
as paranoias e as perversões instintivas. 
 
4.2.4 Transtornos da sexualidade 
O estudo da sexualidade anômala, também chamado de transtornos da sexualidade, 
são definidos pelo estudioso Genival França (2017, p. 1.016) como “distúrbios 
qualitativos ou quantitativos do instinto sexual, fantasias ou comportamento 
recorrente e intenso que ocorrem de forma inabitual”, os quais podem se manifestar 
através de sintomas de perturbação psíquica, como intervenção de fatores orgânicos 
glandulares ou simplesmente como uma questão de preferência sexual. 
 
Assim, de forma suscinta os transtornos da sexualidade podem ser definidos como 
uma espécie de distúrbio mental caracterizado pela degeneração psíquica do 
indivíduo ou por fatores orgânicos glandulares, os quais podem ser classificados da 
seguinte forma: 
→ Sadismo: o termo “sádico” ou sadismo surge a partir do Marquês de Sade, que 
mantinha sua satisfação sexual através do sofrimento de suas companheiras. 
Assim, o sadismo pode ser definido como um transtorno sexual, através do qual 
o indivíduo obtém prazer sexual ao ver o parceiro ou parceira sofrer fisicamente, 
através da crueldade podendo, inclusive, resultar na morte do sujeito. 
→ Masoquismo: diferente do sadismo em que o indivíduo sente prazer no 
sofrimento alheio, no masoquismo o indivíduo só consegue sentir prazer sexual 
diante do próprio sofrimento, quando é humilhado ou castigado pelo 
companheiro ou companheira. 
→ Pedofilia: a pedofilia é uma das formas de parafilia caracterizada pela 
predileção sexual e atração por crianças ou adolescentes. A satisfação sexual do 
indivíduo vai desde “atos obscenos até a prática de atentados violentos ao 
pudor e ao estupro, denotando sempre graves comprometimentos psíquicos e 
morais de seus autores” (FRANÇA, 2017, p. 1.039). 
Criminologia | 
Conclusão 
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→ Vampirismo: é a aberração venérea na qual a gratificação é alcançada com o 
degenerado sugando obsessivamente o sangue de seu parceiro sexual, ou seja, 
o indivíduo só sente prazer durante a relação ao sugar literalmente o sangue 
do parceiro. A medicina legal ainda estuda estes casos. 
→ Necrofilia: é uma das espécies de transtorno sexual caracterizado pela prática 
de relações sexuais com cadáveres. De acordo com Genival França (2017, p. 
1.035) muitos dos indivíduos que possuem esse tipo de transtorno “chegam a 
penetrar nos cemitérios e violar os corpos retirados dos túmulos. Outros se 
satisfazem com o ato de masturbar-se diante do cadáver”. 
 
De uma forma geral, os transtornos da sexualidade sempre que tratados exigem um 
certo cuidado, pois, até muito pouco tempo atrás era um assunto velado e gerava 
grande constrangimento ao ser comentado, até mesmo pela comunidade acadêmica. 
Contudo, atualmente, tem se tornado cada vez mais “comum falar sobre sexo a 
qualquer pretexto, ou até sem pretexto algum, utilizando-se falsos conceitos 
científicos ou escamoteados por propósitos pouco recomendáveis” (FRANÇA, 2017, p. 
1.016). 
 
Ainda, conforme destaca Paulo Dalgalarrondo (2019, p. 745) em determinados casos 
a linha entre o comportamento normal e o patológico nos transtornos da sexualidade 
é muito tênue, “visto que nem sempre é fácil a discriminação entre o gostar e integrar 
determinada fantasia ou prática, em meio à atividade sexual geral, e o fixar-se de 
forma intensa a um padrão sexual frequente, muitas vezes exclusivo, e que traz 
sofrimento ou dano significativo”. Desta forma, embora tratemos o assunto com certa 
naturalidade, é preciso destacar tamanha sua importância para as áreas criminais, pois, 
em alguns casos a barreira da naturalidade é quebrada e o ato praticado viola a 
integridade física, psíquica ou moral de terceiros. 
 
5 Conclusão 
Por muito tempo o comportamento humano representava um grande ponto de 
interrogação para os estudiosos não só do campo criminológico, como para aqueles 
que se dedicavam as ciências clínicas da psicologia e da psiquiatria. Assim, desde os 
estudos realizados pela escola positivista com as análises biológica, psicológica e 
Criminologia | 
Conclusão 
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sociológicas a respeito do comportamento do indivíduo, até o surgimento da 
psicologia e da psiquiatria criminal, que os estudiosos tendam desvendar as nuances 
do comportamento humano e qual sua relação com as condutas criminosas. 
 
É a partir disso que surgem, as teorias behavioristas, tentando explicar a agressividade 
do indivíduo, utilizando métodos empíricos – mecanismo de estímulos e respostas – 
buscando modificar o comportamento do delinquente através de esforços positivos, 
empregando um sistema de recompensas e punições. Ainda, no âmbito da 
criminologia clínica, através da interdisciplinaridade, se intensificam os estudos a 
respeito do indivíduo e suas propensões criminosas especialmente com relação aos 
transtornos de personalidade, na psicologia e psiquiatria criminal, à medida que 
relacionam o comportamento delinquente do sujeito a uma psicopatologia. 
 
No entanto, devemos concordar que, embora tenha evoluído consideravelmente 
comparado aos séculos passados, a mente humana está longe de ser desvendada por 
completo e, portanto, os estudos a respeito deste tema não apenas relevantes para a 
criminologia e o direito em si, mas para todas as outras áreas, afinal a cada dia nos 
conhecemos um pouco mais. 
 
 
Criminologia | 
Referências Bibliográficas 
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6 Referências Bibliográficas 
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crime. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
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DE MORAES, Rodrigo Iennaco. Behaviorismo e criminologia: controle do 
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Referências Bibliográficas 
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	1 Sumário
	2 Introdução
	3 O homem delinquente: teorias biopsicológicas, psicodinâmicas e psicológicas
	4 A criminologia do comportamento humano
	4.1 Teorias Behavioristas da agressividade
	4.2 Transtornos da personalidade
	4.2.1 Neuroses
	4.2.2 Psicose
	4.2.2.1 Psicose paranoica
	4.2.2.2 Psicose maníaco-depressiva
	4.2.2.3 Psicose carcerária
	4.2.3 Personalidade psicopática
	4.2.4 Transtornos da sexualidade
	5 Conclusão
	6 Referências Bibliográficas

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