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BOWLBY, J. Formação e Rompimento dos laços afetivos. São Paulo: Martins Editora, 2015. Professor Alyson Barros 1 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS John Bowlby2Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianovaInstagram: @psicologianovaProfessor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Avisos Iniciais O livro trata de uma série de conferências ministradas por Bowlby, por isso: temos zilhões de repetições. 3 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS 1. Psicanálise e cuidados com a criança Fundamentos a criança infeliz converte-se no infeliz adulto neurótico o que importa é o comportamento daqueles entre os quais uma criança cresce... e, nos primeiros anos, especialmente o comportamento da mãe A pesquisa moderna sugere que as influências mais formativas são aquelas que a criança recebe antes de iniciar a sua escolaridade, e que, por essa época, certas atitudes que podem afetar decisivamente todo o seu desenvolvimento subseqüente já adquiriram forma 4 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Condições que geram dificuldade. Portanto, uma chave para os cuidados com a criança é tratá-la de tal maneira que nenhum dos dois impulsos que põem em perigo a pessoa amada — a voracidade libidinal e o ódio — se tome demasiado intenso. Parece existir agora uma razoável certeza de que é por causa da intensidade da demanda libidinal e do ódio gerados que a separação de uma criança de sua mãe, depois que formou com ela uma relação emocional, pode acarretar efeitos tão devastadores para o desenvolvimento de sua personalidade. 10 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Alguns pais acham difícil que tais métodos sejam eficazes ou sensatos, e pensam que se deveria inculcar nas crianças que o ódio e o ciúme não são apenas coisas ruins, mas potencialmente perigosas. Há dois métodos comuns para fazer isso. Um deles é a expressão veemente de reprovação por meio do castigo; o outro, mais sutil e explorando o sentimento infantil de culpa, consiste em incutir na criança a certeza de que está sendo ingrata, e indicar- lhe o sofrimento, físico e moral, que tal comportamento causa em seus dedicados pais. Embora ambos os métodos pretendam controlar as paixões malignas da criança, a experiência clínica sugere que nem um nem outro é muito bem-sucedido na prática, e que ambos acarretam um pesado ônus de infelicidade. 11 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Em primeiro lugar, as frustrações realmente importantes são as que dizem respeito à necessidade que a criança tem de amor e atenção por parte dos pais. Desde que essas necessidades sejam satisfeitas, as frustrações de outras espécies importam muito pouco. Não que sejam particularmente boas para a criança. Com efeito, uma das artes de ser um bom pai ou uma boa mãe reside na habilidade para distinguir as frustrações evitáveis das inevitáveis. Uma quantidade imensa de atrito e raiva em crianças pequenas, e de perda de paciência por parte dos pais, pode ser evitada por procedimentos simples como apresentar um brinquedo atraente antes de intervir para retirar das mãos da criança a melhor peça de porcelana da mãe, ou atraí-la para a cama com insinuante bom humor em vez de exigir a pronta obediência, ou permitir-lhe que escolha a sua própria dieta e coma ao seu próprio jeito, incluindo, se ela assim o desejar, o uso da mamadeira até os dois anos de idade ou mais. 13 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS A quantidade de ansiedade e irritação que resultam da expectativa de que crianças pequenas se conformem às nossas próprias idéias sobre o que, como e quando devem comer é ridícula e trágica — ainda mais por dispormos hoje de tantos estudos minuciosos que demonstram a eficiência com que bebês e crianças pequenas podem regular suas próprias dietas, e a conveniência e comodidade que resultam para os pais quando esses métodos são adotados (Davis, 1939). 14 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Problemas emocionais dos pais. Os pais, especialmente a mãe, são, pois, pessoas muito caluniadas; receio que caluniadas sobretudo pelos profissionais, tanto médicos como profissionais de outras áreas afins. No entanto, seria absurdo pretender que os pais não cometam erros. Alguns erros nascem da ignorância, mas talvez mais numerosos sejam os que são fruto dos problemas emocionais inconscientes que têm origem em nossa própria infância. Quando examinamos crianças numa clínica de orientação infantil, pode parecer que, num certo número de casos, as suas dificuldades resultam da ignorância dos pais sobre coisas tais como os efeitos nocivos da privação materna ou da punição prematura e excessiva, mas, com freqüência muito maior, os problemas surgem porque os próprios pais têm dificuldades emocionais de que só estão parcialmente conscientes e que não podem controlar. Por vezes, eles leram todos os livros mais recentes sobre cuidados com crianças e assistiram a todas as conferências de psicólogos, na esperança de descobrirem a melhor maneira de lidar com seus filhos, mas, apesar disso, as coisas continuam saindo erradas. 15 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Ouvimos freqüentemente de professores e outros profissionais que uma criança está sofrendo por causa da atitude de um de seus pais, geralmente a mãe. Dizem-nos que a mãe é uma criatura excessivamente ansiosa ou repressora do bebê, super-possessiva ou propensa à rejeição, e tais comentários são repetidamente justificados. Mas o que os críticos geralmente não levam em conta é a origem inconsciente dessas atitudes desfavoráveis. Por conseguinte, os pais desorientados vêem-se alvo de uma mistura de exortação e críticas, cada uma delas mais inútil e ineficaz do que as outras. 16 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Uma abordagem psicanalítica esclarece a origem das dificuldades parentais e, ao mesmo tempo, fornece uma base racional para ajudar os pais. Muitas das dificuldades com que os pais se defrontam, o que não chega a causar surpresa a ninguém, resultam da sua incapacidade para regular a própria ambivalência. Quando nos tornamos pais para uma criança, poderosas emoções são despertadas, emoções tão fortes quanto as que vinculam um bebê à mãe ou um amante a outro. Nas mães, em particular, existe o mesmo desejo de possessão completa, a mesma devoção e a mesma renúncia a outros interesses. Mas, lamentavelmente, a par de todos esses sentimentos deliciosos e ternos, ocorre também, com excessiva freqüência, uma mistura — hesito em dizê-lo — de ressentimento, e até de ódio. 17 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Acredito que o problema não reside na simples repetição de antigos sentimentos — talvez uma certa dose desses sentimentos esteja presente em todos os pais — mas, sobretudo, na incapacidade parental para tolerar e regular esses sentimentos. Aqueles que, na infância, experimentaram intensa ambivalência em relação aos pais ou irmãos, e que recorreram então, inconscientemente, a um dos muitos mecanismos primitivos e precários de resolver o conflito a que me referi antes — repressão, deslocamento, projeção, etc. — estão despreparados para a renovação do conflito quando se tomam pais. Em vez de reconhecerem a verdadeira natureza de seus sentimentos em relação à criança ede ajustarem seu comportamento, vêem-se instigados e impelidos por forças que ignoram, e mostram-se perplexos por serem incapazes de agir com todo o amor e paciência que desejam. 19 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Provavelmente não existe nada mais prejudicial para uma relação do que uma parte atribuir suas próprias falhas e defeitos à outra, convertendo -a em bode expiatório. Infelizmente, os bebês e as crianças pequenas são perfeitos bodes expiatórios, pois manifestam de forma nua e crua todos os pecados de que a carne é herdeira; são egoístas, ciumentos, sujos, interessados em sexo e propensos a explosões coléricas, à obstinação e à voracidade. Os pais que carregam consigo um sentimento de culpa em relação a uma ou outra dessas fraquezas podem tornar-se extremamente intolerantes diante de suas manifestações num filho pequeno. 21 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Conflito extrapsíquico e conflito intrapsíqiuco. O ponto de vista que estou defendendo, como se verá, baseia- se na convicção de que muita infelicidade e muita enfermidade mental se devem a influências ambientais, as quais está a nosso alcance mudar. Em psicanálise, como em outros ramos da psiquiatria, de fato, em todas as ciências biológicas, discute- se constantemente sobre as contribuições da hereditariedade e da aprendizagem, sobre o que é inato e o que é adquirido. 22 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Os etologistas deram uma importante contribuição para o nosso conhecimento das condições externas relevantes para o organismo. Heinroth foi um dos primeiros a assinalar que os padrões de comportamento específicos da espécie são freqüentemente ativados pela percepção de Gestalten visuais ou auditivas bastante simples a que elas são inatamente sensíveis. Exemplos muito conhecidos disso, analisados por meio de experimentos que usam bonecos de vários formatos e cores, são a resposta de acasalamento do macho do esgana- gato, a qual é suscitada pela percepção de uma forma que se assemelha a uma fêmea grávida, a resposta de bico escancarado do filhote da gaivota falcoeira, suscitada pela percepção de um ponto vermelho semelhante ao que se observa no bico de uma ave adulta, e a resposta de ataque de um pintarroxo, suscitada pela percepção em seu próprio território de um tufo de penas vermelhas semelhante ao que existe no peito de um macho rival. Em todos os três casos, a resposta parece ser provocada pela percepção de uma Gestalt muito simples, conhecida como um “estímulo de sinal”. 25 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Visto por esse prisma, estarei interessado, é claro, em identificar as condições, internas e externas ao bebê, que são necessárias para provocar um sorriso, e as condições que levam à sua terminação. Em especial, tentarei apurar se responde a estímulos-sinais visuais e auditivos, e se está ou não sujeito, sob qualquer aspecto, às fases sensíveis do desenvolvimento. Além disso, espero vê-lo atuando como um componente na organização superior de padrões de comportamento que compreendem o “comportamento de ligação” no bebê ligeiramente mais velho, ou seja, o complexo de comportamento que liga a criança à figura materna. Pesquisas nesse sentido estão sendo empreendidas em Tavistock pelo meu colega Anthony Ambrose. 27 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Nos últimos vinte anos, acumularam-se muitas provas que indicam a existência de uma relação causal entre a perda dos cuidados matemos nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da personalidade perturbada (Bowlby, 1951). Muitos desvios comuns parecem resultar de uma experiência desse gênero — desde a formação do caráter delinqüente até uma personalidade propensa aos estados de ansiedade e à doença depressiva. Embora haja ainda alguns psiquiatras que contestam essa conclusão geral, uma atitude mais usual consiste em aceitar que existe, provavelmente, alguma coisa nessa relação e pedir informações mais minuciosas. Uma solicitação particular tem sido para que se formule uma hipótese capaz de fornecer uma explicação plausível de como os efeitos perniciosos atribuídos à separação e privação resultam de tais experiências. Nas linhas que se seguem apresentarei um esboço do caminho para onde as provas parecem estar nos conduzindo. 29 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Após o terceiro ano, o comportamento de ligação é suscitado um pouco menos prontamente do que antes, embora a mudança seja apenas de grau. A partir do primeiro aniversário, outras figuras, como o pai ou uma avó, também podem tornar-se importantes para a criança, de modo que a sua ligação não se limita mais a uma única figura. No entanto, existe usualmente uma preferência bem marcada por uma determinada pessoa. À luz da filogenia, é provável que os vínculos instintivos que ligam o bebê humano a uma figura materna sejam construídos de acordo com o mesmo padrão geral presente em outras espécies mamíferas (Bowlby, 1958; Rollman-Branch, 1960; Harlow e Zimmermann, 1959). 31 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS A maioria das crianças não passa por qualquer desintegração dessa ligação primária em seus primeiros anos de vida. Elas vivem com sua figura materna e, durante os períodos relativamente breves em que a mãe está ausente, são cuidadas por uma figura secundária familiar. Por outro lado, uma minoria sofre tais desintegrações. A mãe pode abandonar o lar ou morrer; a criança pode ser deixada num hospital ou instituição; pode ser transferida de uma figura materna para uma outra. A interrupção pode ser longa ou breve, acontecer uma única vez ou repetir-se. As experiências englobadas sob a designação geral de privação materna são, pois, múltiplas e nenhuma investigação pode estudá-las todas. Portanto, para que a pesquisa seja eficaz, a experiência a ser estudada deve ser definida com muita precisão em cada projeto. 32 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebê parece esquecer sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Esta é a terceira fase — a do desligamento. Em cada uma dessas fases a criança é propensa a birras e episódios de comportamento destrutivo, muitas vezes de um tipo inquietantemente violento. 34 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS O comportamento da criança ao voltar para casa depende da fase atingida durante o período de separação. Usualmente, durante um certo tempo, mostra-se indiferente e nada pede; em que grau e por quanto tempo, depende da duração da separação e da freqüência das visitas. Por exemplo, quando esteve fora e sem receber visitas durante semanas ou meses, e atingiu assim os primeiros estágios do desligamento, é possível que a indiferença persista durante um período que vai de uma hora a um dia ou mais. Quando finalmente se desfaz, torna-se manifesta a intensa ambivalência de seus sentimentos pela mãe. Desencadeia-se uma tempestade de sentimentos, intenso apego à mãe e, sempre que esta se afasta, nem que seja por instantes, uma intensa ansiedade e raiva. Daí em diante, por semanas ou meses, a mãe poderá estar sujeita a solicitações ansiosas de sua presença constante e a recriminações furiosas quando se ausenta. 35 Grupo do TELEGRAM:https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Entretanto, quando a criança esteve fora por um período superior a seis meses ou quando houve separações repetidas, de modo a ter sido alcançado um estágio avançado de desligamento, há o perigo de que a criança fique permanentemente desligada e nunca mais recupere sua afeição pelos pais *(1). Ora, na interpretação desses dados e em seu relacionamento com a psicopatologia, um conceito-chave é o de luto. Existem, de fato, boas razões para acreditar que a seqüência de respostas descrita — protesto, desespero e desligamento — é uma seqüência que, numa variante ou outra, é característica de todas as formas de luto. 36 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Impulsos para recuperar e para recriminar a pessoa perdida: seu papel na psicopatologia. Nem sempre se percebe que a raiva constitui uma resposta imediata à perda, comum e talvez invariável. Em lugar da raiva indicando que o luto está seguindo um curso patológico — uma opinião sugerida por Freud e comumente sustentada — as provas existentes evidenciam que a raiva, incluindo a raiva com relação à pessoa perdida, é parte integrante da reação de pesar. A função dessa raiva parece ser a de reforçar o ímpeto dos esforços vigorosos tanto para reaver a pessoa perdida como para dissuadi- la de uma nova deserção, que são marcas distintivas da primeira fase do luto. Como até hoje não se tem prestado muita atenção a essa fase e como, além disso, ela parece ser crucial para um entendimento da psicopatologia, toma-se necessário explorá-la mais completamente. 38 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Prevalecimento da vinculação. Antes de examinarmos os efeitos do rompimento de vínculos, é conveniente uma nota sobre a vinculação e seu prevalecimento. O trabalho a que nos referimos mostra que, mesmo que não sejam universais em aves e mamíferos, vínculos fortes e persistentes entre indivíduos são a regra em numerosas espécies. Os tipos de vínculos que são formados diferem de uma espécie para outra, sendo os mais comuns aqueles que existem entre os pais e sua prole, e entre adultos de sexos opostos. Nos mamíferos, incluindo os primatas, o primeiro e mais persistente de todos os vínculos é geralmente entre a mãe e seu filho pequeno, um vínculo que freqüentemente persiste até a idade adulta. Como resultado de todos esses trabalhos, é possível, agora, considerarmos os fortes e persistentes vínculos afetivos estabelecidos por seres humanos a partir de um ponto de vista comparativo. 40 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vínculo afetivo A característica essencial da vinculação afetiva é que os dois parceiros tendem a manter-se próximos um do outro. Quando, por qualquer razão, se separam, cada um deles procurará o outro, mais cedo ou mais tarde, a fim de reatar a proximidade. Qualquer tentativa, por parte de terceiros, para separar um par vinculado encontrará vigorosa resistência; não é raro o mais forte dos parceiros atacar o intruso enquanto o mais fraco trata de fugir ou, talvez, de se agarrar ao parceiro mais forte. Exemplos óbvios são as situações em que um intruso tenta tirar os filhotes de perto de uma mãe, por exemplo, o bezerro da vaca, ou separar a fêmea de um par heterossexual vinculado, por exemplo, ganso e gansa. 41 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vínculo afetivo As síndromes são a personalidade psicopática (ou sociopática) e a depressão; os sintomas persistentes, a delinqüência e o suicídio. O psicopata (ou sociopata) é uma pessoa que, embora pão sendo psicótica ou mentalmente subnormal, realiza persistentemente: (i) atos contra a sociedade, por exemplo, crimes; (ii) atos contra a família, por exemplo, negligência, crueldade, promiscuidade sexual ou perversão; (iii) atos contra a própria pessoa, por exemplo, toxicomania, suicídio ou tentativa de suicídio, abandono repetido do emprego. 43 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Efeitos a curto prazo de vínculos desfeitos. Quando uma criança pequena se vê entre estranhos e sem suas figuras parentais familiares, ela não só se mostra intensamente aflita no momento, mas suas relações subseqüentes com os pais ficam comprometidas, pelo menos temporariamente. O comportamento observado em crianças de dois anos de idade, durante e após uma breve estada numa creche residencial, é o objeto de um sistemático estudo descritivo e estatístico empreendido na Tavistock por Heinicke e Westheimer (1966). A parte do relatório para a qual chamo a atenção é aquela em que eles comparam o comportamento, em relação à mãe, de dez crianças que tinham estado na creche e agora voltaram para casa, com o de um grupo de controle formado por dez crianças que permaneceram em casa o tempo todo. 47 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Nas crianças separadas observaram-se duas formas de distúrbio do comportamento afetivo, nenhuma das quais foi observada no grupo de controle de crianças não-separadas. Uma forma é a de desligamento emocional; a outra, aparentemente oposta, é uma implacável exigência para estar perto da mãe. 48 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS (1) No primeiro encontro com a mãe, após ter estado fora de casa com estranhos por duas ou três semanas, uma criança de dois anos mantém-se caracteristicamente distante e desligada. Enquanto que, durante seus primeiros dias fora de casa, é comum uma criança chorar pateticamente pela mãe, quando finalmente regressa parece não a reconhecer ou evitá- la. Em vez de se precipitar para a mãe e ficar agarrada às suas saias, como provavelmente faria caso se perdesse numa loja durante meia hora, a criança freqüentemente a fica estudando e recusa-se a dar-lhe a mão. Todo o comportamento de busca de proximidade, típica de um vínculo afetivo, está ausente, usualmente para consternação intensa da mãe; e continua ausente — às vezes apenas por alguns minutos, mas outras vezes durante dias, o reatamento da ligação pode ser repentino mas, com freqüência, é lento e gradual. O tempo em que o desligamento persiste está Positivamente correlacionado com o tempo de separação. 49 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS (2) Quando — como é usual — o comportamento de ligação é reatado, uma criança mostra-se comumente muito mais apegada do que antes da separação, Desagrada-lhe que a mãe a deixe sozinha e tende a chorar ou a segui-la pela casa toda. O modo como essa fase evolui depende muito de como sua mãe reage. Não raras vezes sobrevém um conflito, uma criança exigindo a constante companhia de sua mãe e esta recusando a tal recusa evoca prontamente na criança um comportamento hostil e negativo, capaz de desafiar ainda mais a paciência da mãe. Das dez crianças separadas que foram observadas por Heinicke e Westheimer, seis delas apresentaram um comportamento hostil intenso e persistente em relação à mãe, e negativismo após a volta para casa; tal comportamento não foi observado nas crianças não-separadas. 50 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Separação e perda na família. Fase de torpor. Em nosso estudo, a reação imediata à notícia da morte do marido variou muito de uma viúva para outra. Amaioria delas mostrou-se aturdida e, em graus variáveis, incapaz de aceitar a notícia. Um caso em que a fase de torpor durou mais do que o geral foi o de uma viúva que disse que, ao ser informada da morte do marido, permaneceu calma e “não sentiu absolutamente nada” e ficou muito surpreendida, portanto, quando percebeu que estava chorando copiosamente. Disse que evitou consciente e deliberadamente seus sentimentos, porque temia ser vencida pela dor ou enlouquecer. Durante três semanas, continuou relativamente calma e controlada, até que, finalmente, desmoronou na rua e desfez-se em pranto. Refletindo sobre essas três semanas, descreveu-as mais tarde como sendo algo parecido com “caminhar à beira de um poço negro e sem fundo”. 52 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Separação e perda na família. Muitas outras viúvas relataram que as notícias as tinham deixado inteiramente impassíveis no começo. No entanto, essa calma que antecede a tempestade era quebrada, às vezes, por acessos de emoção extrema, usualmente de medo mas, com freqüência, de raiva e, em um ou dois casos, de exaltação. 53 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Separação e perda na família. Duas características muito comuns do luto, que foram interpretadas em nossos escritos anteriores como sendo parte desse impulso para a busca, são o choro e a raiva. 56 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Separação e perda na família. Pesar e luto na infância. Há alguns anos, um de nós (Bowlby, 1960b) enfatizou que as crianças pequenas não só se afligem com a separação, como também o pesar delas é freqüentemente muito mais demorado do que por vezes se supõe. Em apoio desse ponto de vista, citaram-se algumas observações de colegas — Robertson (1953b) e Heinicke (1956) *(1) — sobre o persistente pesar de crianças de um e dois anos, em creches residenciais, ao ficarem separadas de suas mães, e também as descrições de casos de crianças nas Hampstead Nurseries durante a guerra. Esses estudos parecem deixar claro que, nessas circunstâncias, crianças de tenra idade se mostram abertamente pesarosas com a falta da mãe durante, pelo menos, algumas semanas, chorando por ela ou indicando de algum outro modo que ainda têm saudade dela e esperam o seu regresso. 57 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Separação e perda na família. Condições que favorecem ou dificultam o luto saudável. Atualmente, os psiquiatras em geral concordam em que, para que o luto leve a um resultado favorável, e não desfavorável, é necessário que a pessoa que sofreu uma perda expresse — mais cedo ou mais tarde — seus sentimentos e emoções. “Soltai as palavras tristes”, escreveu Shakespeare, “as penas que não falam sufocam o coração extenuado e fazem-no quebrantar”. Existem hoje provas de que os afetos mais intensos e perturbadores provocados por uma perda são o medo de ser abandonado, a saudade da figura perdida e a raiva por não reencontrá-la — afetos que estão associados, por um lado, ao anseio de buscar a figura perdida e, por outro, a uma tendência para recriminar furiosamente quem quer que pareça ser o responsável pela perda ou estar dificultando a recuperação da pessoa que foi perdida. A pessoa que sofre uma perda parece lutar contra o destino, com todo o seu ser emocional, na tentativa desesperada de reverter a marcha do tempo e reaver os tempos felizes que subitamente lhe foram arrebatados. Em vez de enfrentar a realidade e tentar harmonizar-se com ela, uma pessoa que sofre uma perda empenha-se numa luta contra o passado. 58 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS No quadro de funcionamento da personalidade que daí emerge existem dois conjuntos principais de influências. O primeiro diz respeito à presença ou ausência, parcial ou total, de uma figura de confiança, disposta e apta a fornecer o tipo de base segura necessária em cada fase do ciclo vital. Estas constituem as influências externas ou ambientais. O segundo conjunto diz respeito à capacidade ou incapacidade relativa de um indivíduo, primeiro, para reconhecer quando uma pessoa é digna de confiança e está disposta a fornecer uma base, e, segundo, se houver esse reconhecimento, para colaborar com tal pessoa de modo que seja iniciada e mantida uma relação mutuamente gratificante, Estas constituem as influências internas ou organísmicas. 60 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Estudos de homens e jovens autoconfiantes. Durante as duas últimas décadas, numerosos clínicos voltaram suas atenções para o estudo de indivíduos que, é razoável crer, possuem personalidades saudáveis e funcionando bem. Não só essas pessoas não mostram nenhum dos sinais habituais de distúrbio da personalidade, tanto no presente quanto, até onde se pode averiguar, no passado, como também são manifestamente autoconfiantes e bem-sucedidas em suas relações humanas e em seu trabalho. Embora cada um dos estudos publicados até agora seja inadequado sob certos aspectos, as conclusões são sugestivas. Em primeiro lugar, essas personalidades bem adaptadas apresentam um perfeito equilíbrio entre, por um lado, iniciativa e auto-confiança, e, por outro, a capacidade para buscar ajuda e fazer uso de ajuda quando a ocasião requer. 61 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS O que, por uma questão de conveniência, designo como teoria da ligação, é um modo de conceituar a propensão dos seres humanos a estabelecerem fortes vínculos afetivos com alguns outros, e de explicar as múltiplas formas de consternação emocional e perturbação da personalidade, incluindo ansiedade, raiva, depressão e desligamento emocional, a que a separação e perda involuntárias dão origem. Como um corpo de teoria, lida com os mesmos fenômenos que antes eram tratados em termos de “necessidade de dependência”, ou de “relações com o objeto”, ou de “simbiose e individuação”. Embora incorpore muito do pensamento psicanalítico, a teoria da ligação difere da psicanálise tradicional ao adotar um certo número de princípios que derivam das disciplinas relativamente novas da etologia e teoria do controle; assim fazendo, está habilitada a dispensar conceitos tais como os de energia psíquica e impulso, e a estabelecer estreitos laços com a psicologia cognitiva. Os méritos que se atribuem a ela são que, embora seus conceitos sejam psicológicos, eles são compatíveis com os da neurofisiologia e da biologia do desenvolvimento, e que, também, se conforma aos critérios habituais de uma disciplina científica. 64 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Em suma, o comportamento de ligação é concebido como qualquer forma de comportamento que resulta em que uma pessoa alcance ou mantenha a proximidade com algum outro indivíduo diferenciado e preferido, o qual é usualmente considerado mais forte e (ou) mais sábio. Embora seja especialmente evidente durante os primeiros anos da infância, sustenta-se que o comportamento de ligação caracteriza os seres humanos do berço à sepultura. Inclui o choro e o chamamento, que suscitam cuidados e desvelos, o seguimento e o apego, e também os vigorosos protestos se uma criança ficar sozinha ou na companhia de estranhos. Com a idade, a freqüência e intensidade com que esse comportamento se manifesta diminuem gradativamente. No entanto, todas essas formas de comportamento persistem como parte importante do equipamento comportamental do homem. Nos adultos,elas são especialmente evidentes quando uma pessoa está consternada, doente ou assustada. Os padrões de comportamento de ligação manifestados por um indivíduo dependem, em parte, de sua idade atual, sexo e circunstâncias, e, em parte, das experiências que teve com figuras de ligação nos primeiros anos de sua vida. 67 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Como um modo de conceituar a manutenção da proximidade, a teoria da ligação, em contraste com a teoria da dependência, enfatiza as seguintes características: (a) Especificidade. O comportamento de ligação é dirigido para um ou alguns indivíduos específicos, geralmente em ordem clara de preferência. (b) Duração. Uma ligação persiste, usualmente, por grande parte do ciclo vital. Embora, durante a adolescência, as ligações da infância possam ser atenuadas e suplementadas por novas ligações, e em alguns casos substituídas por estas últimas, as primeiras ligações não são facilmente abandonadas e é muito comum persistirem. 68 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS (c) Envolvimento emocional. Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de relações de ligação. A formação de um vínculo é descrita como “apaixonar-se”, a manutenção de um vínculo como “amar alguém” e a perda de um parceiro como “sofrer por alguém”. Do mesmo modo, a ameaça de perda gera ansiedade e a perda real produz tristeza; enquanto que cada uma dessas situações é passível de suscitar raiva. A manutenção inalterada de um vínculo afetivo é sentida como uma fonte de segurança, e a renovação de um vínculo, como uma fonte de júbilo. Como tais emoções são usualmente um reflexo do estado dos vínculos afetivos de uma pessoa, conclui-se que a psicologia e psicopatologia da emoção é, em grande parte, a psicologia e psicopatologia dos vínculos afetivos. 69 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS (e) Aprendizagem. Se bem que aprender a distinguir o familiar do estranho constitua um processo-chave no desenvolvimento da ligação, as recompensas e punições convencionais usadas pelos psicólogos experimentais desempenham apenas um papel secundário. De fato, uma ligação pode desenvolver-se apesar de repetidas punições por uma figura de ligação. 71 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS (g) Função biológica. O comportamento de ligação ocorre nos jovens de quase todas as espécies de mamíferos e, em certas espécies, persiste durante toda a vida adulta. Embora haja muitas diferenças de detalhe entre as espécies, a manutenção da proximidade com um adulto preferido (quase sempre a mãe) por um animal imaturo é a regra geral, o que sugere que tal comportamento possui um valor de sobrevivência. Num outro escrito (Bowlby, 1969) argumentei que a mais provável função do comportamento de ligação é, de longe, a proteção, principalmente contra os predadores. 73 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS Assim, o comportamento de ligação é concebido como uma classe de comportamento distinta do comportamento de alimentação e do comportamento sexual, tendo, pelo menos, um significado igual na vida humana. Nada existe de intrinsecamente pueril ou patológico quanto a ele. Cumpre assinalar que o conceito de ligação difere substancialmente do conceito de dependência. Por exemplo, a dependência não está especificamente relacionada com a manutenção da proximidade, não se refere a um indivíduo específico, nem está necessariamente associada a uma emoção forte. Nenhuma função biológica lhe é atribuída. 74 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS […] Um padrão de comportamento de ligação que é abertamente o oposto da ligação ansiosa é o descrito por Parkes (1973) como autoconfiança compulsiva. Ao invés de buscar o amor e os cuidados de outros, uma pessoa que apresenta esse padrão insiste em agüentar firme e em fazer tudo por si mesma, sejam quais forem as condições. Também essas pessoas são passíveis de desmoronar sob estresse e apresentar sintomas psicossomáticos ou depressão. 75 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS 76 Grupo do TELEGRAM: https://t.me/psicologianova Instagram: @psicologianova Professor Alyson Barros AMOSTRA GRÁTIS
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