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Laminite - Equinos 1 INTRODUÇÃO A laminite é a principal e mais grave doença que acomete os cascos dos equinos, sendo a claudicação o principal sintoma clínico e de graus variados. A doença pode ser definida como a falha na ligação da terceira falange à parede do casco, cuja falha está relacionada ao peso corporal do animal e às forças biomecânicas de movimento que determinam a rotação da falange distal. Após essa rotação, as estruturas adjacentes, como o córion solar, o sistema sanguíneo local e a coroa do casco, são danificadas. A dor resultante é intensa e progride com características de claudicação clinicamente manifestas. A rotação da falange distal pode ser resultado da associação entre a degeneração da placa dorsal e a tração exercida pelos tendões flexores profundos. 2 DESENVOLVIMENTO Os principais fatores descritos considerados desencadeadores de laminite são: Ingestão excessiva de grãos, infecções sistêmicas severas, intervenções cirúrgicas intestinais, endotoxemia e síndrome metabólica e/ou obesidade. O exemplo clássico e mais elucidativo à causa de laminite é a ingestão excessiva de carboidratos, pois é um fator que predispõe a multiplicação de bactérias Gram-positivas no ceco produtoras de ácido lático, que por sua vez estimula a ativação de enzimas e altera o pH intraluminal, resultando em morte de bactérias Gram-negativas que desta forma liberam os lipopolissacarídeos de parede (LPS). Devido a esta quebra da homeostase intestinal, inicia-se um processo inflamatório local, aumentando a permeabilidade e, consequentemente, permitindo a entrada dos LPS liberados, ocasionando uma endotoxemia sistêmica. 2.1 MECANISMOS FISIOLÓGICOS Há diferentes teorias a respeito dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da laminite, dentre eles, três se ressaltam. Teoria vascular, traumática e enzimática. 2.1.1 Teoria vascular Explica a mudança da perfusão digital como o ponto de partida dos eventos que causam o distúrbio metabólico e morte estrutural da lâmina do casco. Os primeiros mecanismos vasculares são marcados por hipoperfusão por causa da vasoconstrição, criação de edema vascular, abertura de anastomoses arteriovenosas possibilitando o sangue de cruzar os tecidos laminares, levando a isquemia, necrose da lâmina interdigital e morte mecânica com rotação ou afundamento da falange distal em direção à sola. 2.1.2 Teoria traumática Baseada no motivo da laminite ser resultado de um trauma diretamente no casco e não duma doença primária sistêmica que leva ao surgimento da laminite. Exemplos: laminite 2 de enduro, laminite secundária no membro adjacente a claudicação unilateral, laminite depois de viagens longas viagens em reboques. 2.1.3 Teoria Enzimática Explica que a causa fundamental que leva à falência das interdigitações laminares é a aparição de toxinas através do sangue até a lâmina epidérmica, levando a fraqueza e falha na fixação celular. Nessa teoria, a perda dessas fixações celulares é o principal evento causador para as mudanças vasculares e inflamatórias vistas na teoria vascular. 2.2 TRATAMENTO DA LAMINITE AGUDA Uma vez admitida que a causa predisponente mais frequente esteja relacionada com endotoxinas e processos infecciosos, é importante combater os efeitos da endotoxemia e septicemia. Os tratamentos recomendados incluem fluidoterapia, antibioticoterapia, flunixin meglumine e soro ou plasma hiperimune. Podem ser tomadas medidas preventivas como administração de outros anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), vasodilatadores, heparina, ácido acetilsalicílico e a colocação do cavalo em cama de areia farta. Em alguns casos, a ferração ortopédica pode ser aconselhável. Muitos dos processos de prevenção da laminite são também utilizados para o tratamento da laminite, uma vez instalados os sinais clínicos. O uso da virginiamicina oral para animais com dietas ricas em grãos e de óleo mineral em casos de sobrecarga de grãos (ação laxante e impermeabilizante da parede intestinal, impedindo a absorção de endotoxinas) tem sido indicado como medidas preventivas (STASHAK, 2004). 2.3 TRATAMENTO DA LAMINITE CRÔNICA Na fase inicial da laminite crônica, o tratamento iniciado durante a laminite aguda é continuado por 1 a 2 semanas. Após este período, apenas os AINEs são continuados para controlar dor e inflamação. É, portanto, necessário fazer balanço entre os efeitos analgésicos e os efeitos deletérios gastrointestinais. Não existem guias de uso de antibióticos, mas estes podem ser utilizados em animais com cavitação entre o casco e a falange e cuja linha branca, ou sola estejam enfraquecidas, com predisposição a infecções (PARKS, 2003). 2.4 DIAGNÓSTICO O diagnóstico da laminite é feito mediante a observação dos sinais clínicos, radiografia e também através da anamnese. Os sinais clínicos observados são caracterizados pelo aparecimento brusco dos sintomas, destacando a locomoção penosa e lenta, resultado da dor e do sofrimento do cavalo. Se em algum momento o equino desenvolver uma falência estrutural do casco, resultando em rotação ou afundamento da falange distal, o animal desenvolverá a fase crônica. As radiografias são utilizadas para complementar o diagnóstico de laminite, monitorizar o progresso da doença, assistir na determinação do prognóstico e 3 guiar no cuidado do casco, estas devem ser realizadas e avaliadas de forma sistemática. Outro método de diagnóstico, de fácil realização e sem muitos riscos, é a venografia digital. Esse método consiste em uma radiografia, do casco do cavalo, com a injeção de um líquido radiopaco na veia digital palmar, causando um preenchimento retrógrado das artérias. Como procedimento de diagnóstico, é uma técnica repetível e sensível, que permite avaliar a integridade das estruturas arteriais e venosas na derme digital de todo o casco (DE AZEVEDO NETO, 2020; FERREIRA, 2008). O diagnóstico é obtido através da anamnese, sinais clínicos característicos, achados radiográficos e venográficos, ou ainda através de um exame completo do casco com especial atenção à palpação da banda coronária (FERREIRA, 2008). O exame físico minucioso do cavalo é imprescindível para concluir o diagnóstico e deve ser realizado em primeiro lugar, assim como e em particular, a avaliação detalhada do casco. Um exame detalhado da parte externa do casco e da banda coronária geralmente disponibiliza informações de diagnóstico muito úteis. O tamanho, forma e integridade do casco são especialmente importantes para monitorizar alterações associadas à progressão da laminite (FERREIRA, 2008). 3 CONCLUSÃO Embora seja uma doença frequente na medicina equina, ainda há muitas incertezas acerca desta patologia, o que dificulta ainda mais seu tratamento, é preciso muito estudo para entender os diversos e complicados eventos, com muitas variáveis envolvidas no processo para obter o progresso na eficiência do tratamento da laminite em eqüinos. Após reconhecer a fase em que se encontra o processo e os possíveis motivos da laminite, cabe ao médico veterinário escolher o melhor tratamento. Vários fatores vão interferir na evolução e no prognóstico do animal, entretanto o mais importante é o grau da lesão causada ao tecido laminar, radiografias podem auxiliar indicando o ângulo de rotação da falange distal. O tratamento deve iniciar o mais rápido possível, de preferência logo que diagnosticada a laminite, ou mesmo antes que ela se inicie, nos casos de pacientes com predisposição a desenvolver Conscientizar os proprietários de manter sempre o animal em uma boa condição corpórea, cascos e condições ideias e exercícios físicos equilibrados são essenciais para evitar quadros de laminite.
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