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CIRURGIA DE GRANDES ANIMAIS

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CIRURGIA DE GRANDES ANIMAIS 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIRURGIA DE GRANDES ANIMAIS 
A cirurgia é uma especialidade médica que envolve procedimentos invasivos para fins 
terapêuticos e/ou diagnósticos. 
A cirurgia terapêutica consiste no tratamento de doenças ou deformidades. Possibilita a 
preservação da vida e o reestabelecimento da função normal ou remoção de tecidos 
lesados. 
A cirurgia diagnóstica é fundamental no auxílio ou definição do diagnóstico. 
Na maioria das vezes a cirurgia é terapêutica e pode-se ter concomitante o diagnóstico. 
Dificilmente a cirurgia é realizada apenas como diagnóstico (como nas vídeo-cirurgias). 
Etapas cirúrgicas 
A técnica cirúrgica está relacionada ao tipo de cirurgia escolhida, a técnica propriamente 
dita. 
As manobras cirúrgicasestão relacionadas as etapas para a realização da técnica (diérese, 
hemostasia e síntese). 
O pré-operatório consiste em todas as etapas antes de iniciar a cirurgia, envolve a escolha das 
técnicas, o planejamento cirúrgico, anamnese do paciente. 
O transoperatório corresponde ao período de execução da cirurgia. 
O pós-operatório relaciona-se com a recuperação anestésica e toda a terapia realizada após 
o ato cirúrgico. 
Tempo nobre cirúrgico, diz respeito ao momento de alcance do objetivo da cirurgia (a 
remoção do ovário, por exemplo, numa castração de fêmea). 
Classificação da cirurgia 
1. Quanto ao campo de ação 
 Cirurgia geral: abertura de abdômen, celiotomia exploratória 
 Cirurgia especial: procedimentos específicos relacionada a especialidades (oftálmica, 
ortopédica). 
 
2. Quanto ao porte 
 Pequeno: pequenas suturas 
 Médio: castração, descorna 
 Grande: celiotomia exploratória, osteotomia 
 
3. Quanto a presença de microrganismos 
 Asséptica: cirurgias eletivas 
 Séptica (contaminada): fraturas 
 Potencialmenteséptica (contaminada): não tem um foco propriamente dito de infecção, 
mas apresenta uma microbiota natural (TGI, TGU, TR). 
 
4. Quanto ao risco de morte 
 Leve: cirurgias eletivas, procedimentos menores 
 Moderado: cirurgias que apresentam um risco maior em relação as leves. 
 Grave: procedimentos emergenciais, relacionado ao quadro do paciente, risco de 
hemorragias, etc. 
 
5. Quanto as estruturas anatômicas envolvidas/ instrumental cirúrgico necessário. 
 Simples (elementar): envolve apenas uma estrutura/ instrumentais básicos. 
 Complicada, composta, complexa, combinada: envolve várias estruturas/requer 
instrumentais especiais. 
 
6. Quanto a existência de hemorragia 
 Incruenta (seca): orquiectomia (pouco cruenta). Todo procedimento cirúrgico envolve 
certa perda de sangue. 
 Cruenta (úmida): descorna (grande perda de sangue). 
 
7. Quanto a técnica utilizada 
 Regrada (clássica): segue um padrão já existente. 
 Não regrada (gênio): segue uma técnica própria ou uma modificação da técnica clássica. 
 
8. Quanto a eficiência no tratamento cirúrgico ou prognóstico 
 Radical: indicada visando tratar o paciente. 
 Paliativa: visa dar conforto e sobrevida ao paciente. 
 
9. Quanto ao tempo para a realização 
 Programada (eletiva) 
 Urgente (não tem risco iminente de morte, mas pode se agravar em poucas horas) 
 Emergência (apresenta risco de morte em minutos). 
 
10. Quanto a necessidade da cirurgia 
 Necessária: se não fizer o paciente corre risco de morte ou sequelas. 
 Estética reconstrutiva: reconstrução por conta de tumores, lesões etc. 
 Estética, eletiva, fantasia, conveniência ou desnecessária: atualmente não é permitida, a 
exemplo da conchectomia, caudectomia (permitida em algumas espécies como utilidade 
zootécnica, px. suínos) 
 Utilidade zootécnica: orquiectomia,discornas, caudectomia (suínos), normalmente visando 
melhoria do manejo. 
 
Pré-operatório 
 
É o momento que antecede o procedimento cirúrgico. Apresenta como objetivos: 
 
 Avaliar o paciente; 
 Diminuir o risco cirúrgico; 
 Decidir o melhor momento para intervir; 
 Tipo d intervenção a realizar. 
O momento cirúrgico ideal é dado pela conveniência operatória, a qual está relacionada ao 
risco cirúrgico, que é classificada em: 
 Imediato: o procedimento é de urgência absoluta ou situações emergenciais como cólica 
e cesarianas. 
 Mediato: compreende os procedimentos eletivos, ou as urgências relativas (hérnias). 
 
A avaliação de risco é pautada no Sistema Manchester de Classificação de Risco (1997). 
 
A avaliação do paciente cirúrgico deve ser completa, fazendo-se necessário realizar uma 
consulta pré-operatória coletando informações do histórico do paciente, realizar anamnese 
completa, exame físico, exame específico e complementares. 
Comunicação com o tutor do animal é importante! 
Após avaliação completa do paciente, tendo localizado o sistema acometido e/ou 
identificada a localização da lesão, parte-se para o planejamento cirúrgico. 
Lembrar sempre da 
anatomia 
topográfica, 
referências 
anatômicas, 
localização e 
estruturas 
anatômicas. 
 
 
 
 
 
 
Divisão da região abdominal para abordagem cirúrgica. 
 
 
 
 
Posicionamento do paciente vai depender da abordagem a ser realizada: 
 Quadrupedal 
 Decúbito 
o Lateral (D ou E) 
o Dorsal 
o Esternal 
O acesso cirúrgico/ abordagem cirúrgica irá por sua vez, depender do local da cirurgia: 
 Toracotomia 
o Intercostal: atentar a artéria, veia e nervos que estão caudal a costela. Sempre 
pensar no meio do espaço intercostal, ou mais cranial. 
o Mediana 
o Transesternal 
 Celiotomia 
o Mediana (pré-umbilical, retro-umbilical, pré-retro-umbilical) 
o Paramediana 
o Paracostal 
o Oblíqua: ângulo de 45° 
o Pelo flanco (laparotomia): ruminotomia, cesária 
o Combinada (mediana + paracostal): em hérnia 
inguinoescrotal, criptorquidismo. 
o Paramamária 
 Guturotomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
A disponibilidade de pessoal dependerá de vários fatores(tipo de cirurgia/intervenção, porte 
da cirurgia, duração anestésica ou cirúrgica, pessoal disponível, local e equipamento de 
anestesia e cirurgia, técnica anestésica ou cirúrgica). 
Preparação do paciente 
 Jejum hídrico de 12hs e sólidos de 12-24hs para equinos. Em ruminantes de 24-48hs 
(jejum sólidos). 
 Realização da tricotomia 
 Uso de medicação (MPA, anti-inflamatório) 
Transoperatório 
 Manter a estabilização do paciente 
 Deve-se ter domínio da técnica 
 Deve-se estar preparado para possíveis intercorrências, evitando surpresas. 
Pós-operatório 
 Imediato: compreende o retorno da consciência/ recuperação anestésica. 
 Mediato: corresponde ao período inicial/ mais precoce pós retorno. É uma fase crítica. 
 Tardio: período que vai da fase de convalescência até a alta médica. 
Tipos de pós-operatório 
 Baixa complexidade: cirurgias eletivas 
 Média complexidade: cirurgias terapêuticas/ urgências. 
 Alta complexidade: cirurgias terapêuticas de emergência. Requer manutenção na UTI. 
 
Medicações no pós operatório: antibiótico, anti-inflamatório, analgésico, protetor de mucosa 
gástrica, soro antitetânico, realização de curativos locais. 
Complicações do pós-operatório: 
 Imediato 
o Dor, hipotensão, hipotermia, edema de cabeça, hemorragia. A laminite é uma 
das principais complicações do pós-operatório. 
 Mediato 
o Dor, deiscência de sutura, contaminação da ferida cirúrgica, infecções pós-
operatórias, aderências, hemorragias e sepse. 
O pós-operatório requer acompanhamento, seguir o tratamento com o uso das medicações 
conforme prescrições. Alguns procedimentos, afecções ou mesmo erro de manejo, podem 
deixar sequelas, o que permite definir o prognóstico do paciente e o momento da alta. 
 
FLUIDOTERAPIA EM GRANDES ANIMAIS 
 
Distribuição da água corpórea e eletrólitos 
Um adulto apresenta 60% de seu peso vivo composto por água. No caso de um equino de 
500kg, 300kg representa água. Os neonatos apresentam 80% de água. 
Existem líquidos intracelulares (LIC) e líquidos extracelulares (LEC). Esses líquidos são distribuídos 
eestão em constante movimento entre os espaços IC e EC. 
O LIC corresponde a 40% ou 2/3 da água corpórea. Um equino que tenha 500kg, sendo 300kg 
de água, possui 200kg de LIC. 
O LEC compreende 20% ou 1/3 da água corpórea. Considerando o mesmo animal citado 
acima, este possui 10kg de LEC. 
O compartimento EC é dividido em: 
 Compartimento plasmática, correspondente a 5% 
 Compartimento intersticial, representado por 14%. 
 Compartimento transcelular (entre as células), representado por 1-6%, onde circulam 
todos os líquidos corporais. 
Os líquidos trancelular compreendem: líquor, líquido pleural, líquido sinovial, humor aquoso, 
líquido peritoneal, humor vítreo, líquido pericárdico, líquidos das vias digestivas e urinária. 
Os líquidos corporais são compostos por: 
 Íons (compreendem 95% dos solutos presentes nos líquidos corporais). 
 Sódio (presente em maior concentração no LEC, sendo responsável pela osmolaridade. 
 Potássio (presente em grande concentração no LIC, importante para o potencial de 
membrana. 
 Ânions (cloreto, bicarbonato, fosfato, íons inorgânicos e proteínas polivalentes) 
Os eletrólitos são importantes por diversas funções no organismo. 
Na teoria a composição dos líquidos quanto aos cátions e ânions é igual em cada 
compartimento, tornando esses líquidos eletricamente neutros. No entanto, nem todo 
momento esses líquidos serão neutros. Mas o que se preconiza é que a diferença entre eles 
seja o mínimo possível. 
Causas de desidratação 
Uma das principais e mais simples de se resolver é a indisponibilidade de acesso a água pelos 
animais. Importante a presença de bebedouros com água limpa para os animais 24hs por dia. 
Além do não fornecimento, também está associada a condições patológicas que impedem a 
ingestão de água (animais em tetania, px.). 
Em neonatos, especialmente, é comum a diarréia como causa de desidratação. E nesses 
animais, cuja composição corpórea é de 80% de água, há a possibilidades de ocorrência de 
choque hipovolêmico por perda de água pelo quadro diarréico. Adultos também podem 
apresentar desidratação por diarréia (salmonelose, px.). 
As cólicas abdominais também são importantes causas de desidratação em equídeos 
quando apresenta refluxo, principalmente. Equinos com cólica, mesmo que não apresente 
sinais visíveis de desidratação, indica-se iniciar a fluidoterapia, partindo do grau mais leve. 
Exercícios prolongados, especialmente em equídeos de trabalho ou esporte, faz com que 
esses animais percam muita água através do suor (hipertônico) e urina. Além de água, 
perdem eletrólitos e albumina através do suor. 
Sinais clínicos da desidratação 
Normalmente inicia com aumento do TPC e diminuição do turgor cutâneo, associado ao 
ressecamento das mucosas. À medida que se agrava o quadro de desidratação os 
parâmetros se alteram ainda mais. A taquicardia deve ser avaliada com cuidado, pois é um 
parâmetro mais variável, considerando o ambiente onde o animal estar, o estresse com a 
manipulação, mudança de ambiente, etc. 
À medida que se agrava ainda mais, observa-se diminuição da produção de urina e 
diminuição da temperatura das extremidades (orelha, cascos), por conta da vasoconstrição 
periférica promovida, em condição de hipovolemia, de forma a direcionar o que há de 
volume para os órgãos essenciais (cérebro, coração e pulmão). A depressão já se observa na 
proximidade do choque. 
 
 
 
Avaliação do Grau de Desidratação 
 
Acima de 12-15% de desidratação considera-se em choque hipovolêmico. 
A viscosidade da saliva também é um parâmetro importante para avaliação da 
desidratação. 
TPC prolongado indica algum 
prejuízo hemodinâmico 
 
Enoftalmia (olhos fundos) 
 
Urina concentrada 
 
A avaliação de turgor e TPC já são importantes para avaliação da desidratação. A 
disponibilidade de exame para avaliar Ht e PT, vai auxiliar ainda mais na confirmação do 
quadro. 
Na dúvida de classificar como leve ou moderada, em grandes animais pode iniciar como 
moderado, visto que esses animais podem receber um pouco mais de fluido, sem prejuízos. 
Uma desidratação de até 5% não será detectada, na dúvida, o ideal é iniciar a fluidoterapia, 
ao invés de aguardar o agravamento do quadro, considerando o quadro patológico do 
animal. Após 1-2 horas, reavaliar e corrigir caso necessário. 
Animais mais velhos apresentam uma quantidade menor de colágeno e um ressecamento 
natural da pele, onde pode-se ter uma avaliação errônea de desidratação pelo turgor de 
pele aumentado. Por isso, nunca se utiliza apenas um parâmetro para avaliação de 
desidratação. 
No choque, o animal não consegue manter o DC. 
Qual fluido utilizar? 
São comumente usadas as soluções parenterais: 
 Colóides (expansores plasmáticos – ocupam espaço) usados nos casos de reposição de 
proteínas, nos casos de hipoproteinemia, especialmente por perda de albumina. Indicados no 
caso em que haja uma [albumina] ≤ 2 g/dL. Promove a manutenção dos fluidos no leito 
vascular. 
A hipoproteinemia tende a promover os quadros de ascite. 
Em paciente em choque, indica-se o uso de colóide, visando manter o líquido no leito 
vascular, e depois usa-se um cristalóide para repor volume e eletrólitos. 
Os colóides mais utilizados: albumina 20%, hidroxietil-amido (Haes-steril), dextran 40 e 70, 
gelatinas (Hetastarcht, Haemacel e Hisocela 3,5%). No entanto, esses compostos são caros, 
dificilmente acessíveis aos proprietários. 
 Cristalóides são utilizados para correção de alterações de volume, eletrólitos, níveis de 
energia, equilíbrio ácido-base). 
Os cristalóides mais utilizados: solução salina a 0,9% (NaCl 0,9%), ringer simples, ringer lactato, 
soro glicosado a 5%, solução hipertônica 7,5%. 
Quando não se tem colóides pode-se usar a solução hipertônica (sódio “puxa” a água para o 
leito vascular, porém é um efeito fugaz de ~ 40 min) e em seguida faz o cristalóide para repor 
volume. 
 
Vias de administração de fluido 
 Via enteral (oral) – via sonda nasogástrica para equídeos, esofagostomia (evita o 
comprometimento do esôfago - equídeos com tétano, obstrução esofágica) e oro-ruminal 
para ruminantes. 
 Via parenteral: compreende a via subcutânea, intravenosa, intraperitoneal, intraóssea. 
 
Qual a via de escolha? 
Vai depender do estado do animal e da condição patológica. 
 Indicação do uso da via enteral (oral) 
o Manutenção ou desidratação leve 
o Presença de motilidade 
o Ausência de refluxo 
o Dose: 5 litros a cada 40 min. 
Dosagens mais agressivas (10 litros/30 min) pode ser utilizada em casos de compactação. Ter 
cuidado e atenção para evitar ruptura de estômago. A opção de manter a sonda aberta 
pode ser útil no caso de refluxo, entretanto, tende a promover entrada de ar. 
 
Esses soros são diluídos em água, 
podendo ser fornecidos um pouco 
aquecidos, em dias mais amenos. 
Fonte de energia: açúcar, dextrose 
e propilenoglicol. 
 
 
 
 Indicação do uso das vias parenterais 
o Desidratação moderada a severa 
o Impedimento de absorção gastrointestinal 
o Ausência de motilidade 
o Endotoxemia 
o Doença renal aguda 
*Em ruminantes pode ser acessado o vaso na orelha para fluidoterapia no caso da jugular 
apresentar difícil acesso. 
 
Cálculo da quantidade a ser administrada 
 Reposição ou déficit (VR) = % desidratação x peso (kg) 
 Perdas atuais (VPA)= volume estimado das perdas (vômito, refluxo, diarréia) ou 50-70 
ml/kg/dia. 
 Manutenção diária (VDM) = necessidade diária de ingestão de água ou 50-
100ml/kg/dia 
*Para neonato considerar a manutenção de 100ml/kg/dia. 
Reposição deve ser realizada entre 2-4hs (preferencialmente em 2 horas a depender do 
quadro do paciente). 
Perdas e manutenção devem ser realizadas em torno de 12-24hs (dividir a fluido dentro desse 
período). Se fez a reposição em 24hs, faz as perdas + manutenção nas 20hs restantes, por 
exemplo. 
Exemplo: equino de 400kg com 8% de desidratação. 
Reposição (VR) = % desidratação x peso (kg)VR = 0,08 x 400 = 32 litros 
Manutenção (VDM) = 50-100ml/kg/dia 
 VDM = 400 (peso) x 70 ml (taxa escolhida) = 28.000 ml  28 litros 
Quantidade total a ser administrada para esse animal = 32 + 28 = 60 litros. 
 
Velocidade de administração 
 Via intravenosa (realizada em duas fases): 
o Rápida: de 2-4 horas (reposição) 
o Contínua: de 12-24 horas (manutenção e perdas) 
 Via enteral 
o Equinos: 5-10 litros a cada 40 minutos. 
Para aumentar a fluido dentro do tempo necessário, canular duas veias. Muito cuidado com 
altos volumes em curto tempo!! 
 
Casos clínicos 
 
*5-10 litros a cada 40 min. 
 
Dados importantes Caso 2: 
Peso: 230 kg 
 % desidratação: 8-9% 
 Quantidade a ser administrada 
o VR = 18,4 - 20,7 litros 
o VPA = 11,5 -16,1 litros 
o VMD =11,5 - 23 litros 
 Via de administração: IV 
(desidratação moderada) 
 Velocidade de administração 
o Rápida: 19 l em 1-2 horas 
o Contínua: restante em 12-24 horas 
o Reavaliar!! 
*Na velocidade rápida, é ideal fazer metade da dose em pelo menos 1h. 
*Equipo macrogotas: 20 gotas = 1 ml; Equipo microgotas: 60 gotas = 1 ml. 
*Rápida: 19 l : 2 h = 9,5 l/h ou 9500 ml/h  9500 ml : 60 min = 158,3 ml/min x 20 gotas = 3166,7 
gotas/min : 60 seg = ~53 gotas/seg. Nesses casos de volumes muito grandes, avalia a 
possibilidade que mensurar a quantidade em 5-10 min, considerando que são 158 ml/min. 
Nesse exemplo, daria 790 ml em 5 min ou 1,580 l em 10 min (~1,5 l em 10 min). 
*Contínua (apenas manutenção): 12 l : 24 hs = 0,5 l/h ou 500 ml/h 500ml : 60 min = 8,4 ml/min 
 8,4 ml x 20 gotas = 168 gotas/min : 60 seg = 3 gotas/seg. 
 
 
Dados importantes Caso 3: 
Peso: 450 kg 
 % desidratação: 5-7% 
 Quantidade a ser administrada 
o VR = 22,5-31,5 litros 
o VPA = sem perdas 
o VMD = 22,5 - 45 litros 
 Via de administração: IV (baixa 
motilidade, via enteral não é boa 
escolha) 
 Velocidade de administração 
o Rápida: 22,5 l em 2 horas 
(escolher qualquer volume dentro da 
faixa) ou 11,25 l em 1h (metade da 
dose) 
o Contínua: 45 l em 22 horas 
o Reavaliar!!! 
 
Rápida: 22,5 l : 2hs = 11,25 l/h ou 11250 ml/h : 60 min = 187,5 ml/min x 20 gotas = 3.750 gotas/min 
: 60 seg = 62,5 gotas/seg. 
Contínua: 45 l : 22 hs = 2,04 l/h ou 2045 ml/h : 60 min = 34,08 ml/min x 20 gotas = 681 gotas/min : 
60 seg = ~10 gotas/seg 
 
No caso desse paciente, em decorrência da redução da motilidade, indica-se a 
transfaunação ruminal. 
 
Dados importantes Caso 4: 
Peso: 290 kg 
 % desidratação: 8-9% (escolher a 
taxa) 
 Quantidade a ser administrada 
o VR = 23,2-26,1 litros (na prova, 
escolher um valor dentro desse 
intervalo) 
o VMD = 14,5 - 29 litros 
 Via de administração: IV 
 Velocidade de administração 
o Rápida: 23,2 l em 2 horas 
o Contínua: restante em 22 horas 
o Reavaliar!!! 
Rápida: 23,2 l : 2hs = 11,6 l/h ou 11600 ml/h : 60 min = 193,3 ml/min x 20 gotas = 3866 gotas/min : 
60 seg = 64,4 gotas/seg  64 gotas, considerando que 20 gotas é 1ml, vai dar 3,2 ml/seg. 
Contínua: 20,3 l : 22hs = 0,92 l/h ou 922 ml/h : 60 min = 15,36 ml/min x 20 gotas = 307 gotas/min : 
60 = 5 gotas/seg 
Para quadro, indica-se realizar a terapia para rabdomiólise (exercício extenuante), para tanto, 
faz-se necessário aumentar a fluido até que a urina esteja mais diluída. 
 
DISTROFIAS CIRÚRGICAS 
 
São alterações em diferentes tecidos, decorrentes de perturbações nutricionais graves, devido 
a ações exógenas débeis e persistentes. Refere-se a um transtorno no metabolismo dos 
tecidos, reflexo de irritação constante sobre as células com inflamação crônica. 
Como sequela cicatricial estabelece a fibrose. 
São consideradas distrofias cirúrgicas: anquilose, higroma, úlceras, gangrena, fístula. 
Infecções cirúrgicas 
Infecção é o conjunto de manifestações locais e gerais que se desenvolvem pela presença e 
multiplicação de microrganismos nos tecidos. Ou seja, a infecção reflete uma resposta 
inflamatória a uma invasão por microrganismos. 
As infecções cirúrgicas podem ser do tipo: 
 Bacteremia: presença de bactérias na circulação sistêmica. Normalmente vista só em 
cultura. 
o Não é toda infecção que terá bacteremia, pois nem toda infecção é causada 
por bactéria. 
 Septicemia: termo usado anteriormente para dizer que o paciente tinha uma infecção 
generalizada. Refere-se a uma resposta sistêmica a infecção grave. 
 Sepse x SIRS x Choque séptico x toxemia: são condições que se diferenciam de acordo 
ao estado em que se encontra o paciente. 
o Na sepse grave ocorre o comprometimento funcional de um ou mais órgãos, 
como resultado da hipoperfusão e hipotensão. 
o Nas condições de SIRS (Síndrome da resposta inflamatória sistêmica) pelo menos 
duas das condições abaixo serão observadas: 
 Hipertermia ou hipotermia 
 Taquicardia 
 Taquipneia 
 Baixa PaCO2 (Pressão de CO2) 
 Leucocitose ou leucopenia ou aumento > 10% de formas jovens 
*FC e FR são parâmetros variáveis (estresse, ambiente novo), por isso, deve-se reavaliar 
em torno de meia hora após a chegada do paciente. 
 O choque séptico é caracterizado por hipotensão não responsiva a fluidoterapia 
intravenosa, cursando com anormalidades de perfusão. 
 Pacientes com Síndrome da disfunção orgânica múltipla apresentam função 
orgânica alterada e processo de homeostase comprometida. Geralmente cursa 
com óbito. 
 
 
Fatores de risco para instalar uma infecção 
 Fatores relacionado ao paciente 
o resposta imune individual (paciente hígido) em contato com um patógeno = 
debelação da infecção 
o idade (atenção aos jovens e idosos) 
o infecções concomitantes 
o fêmeas em cirurgia ortopédica (predisposição maior por condições hormonais) 
o estado corporal (equinos maiores de 300kg tem risco aumentado de hérnia 
incisional e contaminação de ferida). 
o falha da imunidade passiva. 
o uso de corticóides (impede a diapedese para os leucócitos chegarem ao foco). 
 Fatores relacionados ao microrganismos 
o quantidade de bactérias (105 bactéria/g de tecido) 
o local da infecção: local mais irrigado x pouco irrigado 
o virulência 
o capacidade de evasão do sistema imune 
 Fatores relacionados a cirurgia 
o Se eletiva ou de emergência 
o Duração da cirurgia (exposição prolongada do campo operatório) 
o Quanto maior a lesão tecidual, maior o campo de infecção 
o Os tipos de fios de sutura que absorvem água propiciam maior possibilidade de 
infecção 
o Mecanismos de supressão de defesas, como a perda de sangue. 
o Higienização prévia do paciente 
o Tricotomia ampla, imediatamente antes do procedimento 
o Uso de antissépticos 
o Uso da técnica operatória correta (técnica, instrumental, incisão, fios adequados 
o Tempo de hospitalização (quanto maior o tempo, maior a possibilidade de 
infecção). 
 
ABCESSOS 
Processo de natureza purulenta circunscrita e cujo 
conteúdo encontra-se em uma cavidade 
neoformada, recoberta por uma membrana de 
tecido inflamatório (membrana piogênica). 
Localiza-se em qualquer tecido, exceto dentário, 
ósseo e cartilaginoso. 
O abcesso é uma forma que o organismo tem de 
isolar algo que não seja próprio e conter uma 
infecção, a partir do encapsulamento do agente 
infeccioso. 
O abcesso está ligado a agentes piogênicos, sendo mais comuns Staphylococcus, 
Streptococcus, Corynebacterium. Penetram através de macro ou micro traumas das mais 
variadas formas, contudo, seu desenvolvimento está relacionado com: estado geral do 
hospedeiro, idade, virulência e presença de corpo estranho. 
Nesse sentido, o objetivo da formação do abcesso é a eliminação do agente etiológico 
(normalmente bactérias piogênicas de origem infecciosa e corpo estranho). 
Os abcessos são classificados: 
 Quanto ao tipo: 
A – agudo ou quente 
B – crônico ou frio 
 Quanto a localização: 
A - Superficial 
B –Profundo (pode necessitar de equipamentos para localização) 
 Quanto a evolução: 
A – Maduros (em ponto de flutuação) 
B - Imaturos 
*Processos agudosnormalmente não são levados imediatamente para cirurgia, a não ser que 
comprometa a função orgânica do indivíduo. O ideal é aguardar a maturação (fase de 
flutuação) para drenar ou remover. 
*Pode haver alopecia na região dos abcessos, em decorrência da maturação do mesmo. 
Abscesso fistulado significa que o organismo está tentando expulsar o agente causador. 
Sintomas 
Variam conforme a fase, mas normalmente podem ser observados aumento de volume 
(tumoração), edema, dor/calor/rubor, febre, anorexia, sepse. A fístula pode ou não estar 
presente. 
Abscessos se diferenciam de empiema (coleção de pus no interior de uma cavidade 
corpórea, diferente do abscesso que provém de uma cavidade não formada, mas é se forma 
durante o processo de resposta a infecção). 
Diagnóstico 
Consiste na avaliação da localização, se superficial ou profundo, visualização da área 
afetada, palpação (pode perceber flutuação que é um sinal de maturação, indicando a 
possibilidade de ser drenado ou removido), achados clínicos gerais e locais. 
Pode-se realizar USG, punção asséptica (cultura), necropsia (pós mortem), celiotomia 
exploratória. 
Tratamento clínico 
Consiste na terapia de suporte com uso de antibióticos, AINEs, compresas quentes ou 
pomadas iodetadas para acelerar a maturação do abcesso, e drenagem. 
No entanto, boa parte dos antibióticos não é capaz de penetrar na cápsula formada no 
abcesso, mas pode ser utilizado como profilático para evitar outros abcessos 
Após a drenagem indica-se a retirada da cápsula (curetagem da cápsula) para impedir a 
formação de novos abcessos. 
Tratamento cirúrgico 
Consiste na remoção cirúrgica do abcesso. Realiza uma incisão em forma elíptica, drena e 
realiza a curetagem, ou realiza exérese do abcesso sem romper a cápsula/membrana 
piogênica. 
A cicatrização do abcesso deve se dar de dentro pra fora, isso é favorecido pela incisão 
elíptica, ao contrário da incisão retilínea, que promove a cicatrização superficial primeiro. 
Uso de agentes antissépticos (produtos a base de iodo são mais indicados). 
Antibioticoterapia, dependendo da gravidade e localização. 
Complicações: Sepse 
Prognóstico: em geral é bom, porém, depende do local e da evolução do caso. 
 
FLEGMÃO 
Processo infeccioso de teciso conjuntivo sem a tendência a circunscrever-se. Estão presentes 
nesse processo, pus e tecido necrótico. Não se encontra delimitado por uma cavidade. 
Está associado a agentes bacterianos de natureza piogênica (abcessos) + fatores 
predisponentes. 
Sinais Clínicos 
 Aumento de volume local 
 Presença de secreção purulenta 
 Hiperemia/ rubor/ calor 
 Edema 
 dor 
 
 
Sintomas 
 Pele túrgida 
 Edemaciação (superfície brilhante) 
 Calor 
 Aumento da sensibilidade (pode ocorrer linfagites e adenites) 
 Claudicação 
Diagnóstico 
Clínico: a partir da visualização da área afetada 
Punção 
Raio-X 
Tratamento 
Remoção cirúrgica: consiste no debridamento cirúrgico do tecido 
afetado em forma de V. Usa-se torniquete (até 40 min) para reduzir 
hemorragia, e anestesia de Bier. 
No pós-operatório realizar curativo compressivo, agentes 
antissépticos, e terapia de suporte com AINEs e antibióticos. 
Complicações: necrose tissular extensa que resulta em sepse. 
Prognóstico: é variável, irá depender da extensão da lesão, bem como do comprometimento, 
podendo levar o animal ao óbito. 
Diferenciar!! 
Abcesso: coleção de pus em cavidade neoformada por necrose liquefativa em uma 
inflamação purulenta. 
Flegmão: difusão do exsudato purulento infiltrando-se no tecido conjuntivo frouxo adjacente 
ao local inflamado do tecido sem formação de cavidade. 
Empiema: acúmulo de pus em cavidades naturais do corpo (ex. piometra – acúmulo de pus 
em útero). 
 
ANQUILOSE 
Consiste na diminuição ou impossibilidade absoluta de 
movimentos de uma articulação naturalmente móvel. Pode ser 
completa ou parcial. É oriunda da inflamação das estruturas 
musculares ou tendinosas fora da articulação ou dos tecidos da 
própria articulação. 
Anquilose X Artrodese 
Artrodese compreende a fusão cirúrgica de uma articulação 
com a finalidade de formar uma anquilose rígida (a artrodese é 
uma anquilose provocada cirurgicamente). 
 
 
 
 
 
Articulação normal Articulação com anquilose 
HIGROMA 
Refere-se ao espessamento da cápsula de bolsas serosas com alteração do líquido contido 
em seu interior. 
São considerados como pseudocistos pois não possuem 
revestimento epitelial ou sinovial. 
O líquido que consta no interior é similar ao transudado 
sérico. 
Sintomas 
 Aumento de volume na região, flutuante e 
indolor. 
Tratamento 
 Tratar a causa primária (piso, stress). 
 Realizar a remoção cirúrgica. 
 Punção e administração de corticoide (por ser uma inflamação crônca). 
ÚLCERAS 
Compreende uma solução de continuidade superficial, típica de epitélios de revestimento 
(pele e mucosas). 
Gera degeneração, descamação epitelial e necrose profunda com perda de substância que 
não evoluem para a cicatrização, tendendo a 
persistir ou progredir. 
Úlceras da mucosa ao atingir a submucosa 
ocasionam hemorragias. 
É causada por fatores: 
 Predisponentes (geral): decorre de 
debilidade orgânica/ tecidual. 
Ex: anemia, desnutrição, doenças infecciosas, 
estresse, uremia, infecções e parasitas, 
tumores, etc. 
 Determinantes (local): irritações, agressões constantes ao tecido (mecânicas ou 
químicas), atrito, arreios, roçar sobre superfícies ásperas, compressão tecidual resultado 
de decúbito prolongado, associado ao peso dos animais, e agentesquímicos. 
Sinais clínicos 
Afeta as funções a depender da localização (membros, boca). 
Diagnóstico 
É dado a partir da queixa principal e achados clínicos; 
Visualização da lesão ulcerativa; 
Endoscopia. 
Tratamento clínico 
Consiste na remoção da causa primária (uso de antisséptico local, antibioticoterapia, anti-
inflamatório. 
Tratamento cirúrgico 
Debridamento cirúrgico – curetar e debridar o tecido necrosado. 
Complicações: Está relacionada ao local afetado e a extensão da lesão. 
Prognóstico: Geralmente bom. 
 
GANGRENA 
Consiste na interferência no suprimento sanguíneo em um determinado local, o que pode 
decorrer de pressão externa ou edema grave da pele, ou ainda de lesão por toxinas 
bacterianas. 
A pressão externa não se refere apenas a trauma, mas toda vez que se faz um garrote, há 
interferência do suprimento sanguíneo na região. No entanto, essa interferência ocorre por um 
espaço curto de tempo (ideal de 40 min a 1 hora, mas prezar sempre pelo menor tempo), e 
sob uma pressão suficiente apenas para conter possíveis hemorragias durante um 
procedimento cirúrgico. 
Dessa forma, quando se tem um trauma e 
desenvolve a gangrena, essa interferência 
no suprimento sanguíneo ocorreu por um 
tempo muito longo ou a pressão foi 
intensa. 
Consiste num processo necrosante, haja 
vista que a ausência de suprimento 
sanguíneo leva a morte celular por 
apoptose por falta de oxigênio e 
nutrientes. 
Caracteriza-se, portanto, pela perda de vitalidade dos tecidos, podendo ou não, sofrer 
infecção, acarretando em putrefação. 
Sintomas gerais 
 Hipertermia 
 Taquicardia 
 Efeitos tóxicos/ sépticos 
 Edema (a depender da localização) 
*Na veterinária é mais comum a gangrena gasosa (contaminação de áreas de administração 
de medicamentos sem a devida antissepsia; trauma por arame farpado sem o devido 
cuidado). 
Diagnóstico 
 Clínico 
 Visibilização das lesões 
 Alteração da coloração 
 Resfriamento 
 Ausência de sensibilidade na área acometida. 
Tratamento clínico: consiste em tratar a causa primária, uso de antibioticoterapia, limpeza do 
local com antissépticos e água oxigenada (considerando que normalmente a causa está 
relacionada a microrganismos que se proliferam na ausência de oxigênio – anaeróbios), e aterapia de suporte para seguir para a cirurgia. 
Tratamento cirúrgico: realizar o debridamento cirúrgico do tecido necrosado e desvitalizado, 
ou pode haver necessidade de amputação de órgão/ membro. 
Prognóstico: é bom, se a lesão estiver limitada apenas à pele e subcutâneo, sendo de 
pequena extensão. Quando se trata de lesões gangrenosas em extremidades (membros) que 
requerem a amputação, tem-se um prognóstico reservado a desfavorável, pois envolve 
questões de manejo, custo do procedimento e manutenção de um animal debilitado. 
 
 
 
 
FÍSTULAS 
Consiste no trajeto acidental que permite a passagem de líquidos fisiológicos (fístulas 
secretórias/excretórias – saliva, leite, urina, etc) ou patológicos (fístulas purulentas – pus), 
impedindo a cicatrização. 
As fístulas secretórias são formadas a partir de feridas ou inflamações de condutos ou 
glândulas, determinando a passagem de líquidos fisiológicos por trajeto acidental. 
Já as fistulas purulentas indicam a presença de corpos estranhos na intimidade dos tecidos, 
determinando a infecção e impedindo a cicatrização. 
Muitos abcessos que criam um caminho para o ambiente externo, evoluem para fístulas. 
As fístulas são compostas por: 
 Orifício ou borda: geralmente circular com bordos 
endurecidos por onde flui os líquidos. 
 Trajeto: caminho de tecido conjuntivo que se 
epidermiza após a fase inflamatória, podendo ser 
reto ou sinuoso. 
 Fundo: extremidade do trajeto. Geralmente onde 
se encontra o corpo estranho ou abcesso. 
Sinais clínicos: vão depender da localização e da 
origem. Pode-se observar secreção fluindo de um 
orifício não natural. 
Diagnóstico: presença de orifício ou regiões próximas 
permanentemente umedecido, sondagem (sonda 
uretral), fistulografia (raio-x com contraste), USG, cultura 
e antibiograma. 
Em cavalos as fistulas paranasais estão associadas a 
abcessos dentários em mais de 50% dos casos. 
Tratamento cirúrgico 
 Fístulas secretórias (fisiológicas): buscar remover a causa primária, restabelecer o acesso 
normal da secreção, e abolir a função glandular, quando esta não é mais necessária 
ou quando já se tentou o restabelecimento, e não alcançou a cura da fístula. A 
mastectomia é uma opção ou uso de produtos cáusticos como iodo, formol, sulfato de 
cobre. 
 Fistulas purulentas(patológicas): remoção da causa com ressecção do trajeto, 
remoção do corpo estranho se houver, uso de antissépticos e antibióticos para evitar 
recorrência. 
Incisão em elipse, divulsão romba de todo o trajeto da fístula até o fundo, onde realiza 
a remoção em bloco. 
Complicações: infecção nos casos de fístulas patológicas, saída da atividade mesmo que 
temporária, recorrência da fístula, cuidados odontológicos no caso de fístulas dentárias. 
As complicações cirúrgicas são variáveis, a depender do caso. 
Prognóstico: fístulas superficiais costumam ter prognóstico bom. Fístulas abdominais associadas 
a abcessos apresentam prognóstico reservado (peritonite, sepse) 
 
PARATOPIAS EM GRANDES ANIMAIS 
Diz respeito a qualquer deslocação de órgão ou membro do seu local de origem. 
As principais paratopias que acometem os grandes animais são: 
EVENTRAÇÃO: consiste de ampla abertura da parede abdominal com a saída de vísceras 
da cavidade. São normalmente recobertas por pele ou peritônio. 
Desconfia-se de eventração quando se tem aumento de volume em região abdominal. No 
entanto, esta deve ser diferenciada das hérnias, as quais possuem características peculiares 
(os elementos que a compõem). 
EVISCERAÇÃO: consiste na exposição de vísceras decorrente da deiscência de suturas, 
alterações em pós operatório ou por ferida perfurante (chifres, estacas, instrumentos perfuro-
cortantes). 
 
A evisceração deve ser diferenciada de prolapso, que constitui a saída de vísceras por meio 
de orifícios naturais. 
 
HÉRNIA: compreende a saída ou projeção de um órgão ou parte dele, de sua cavidade 
natural através de abertura congênita ou adquirida. O conteúdo herniário não tem contato 
com exterior. 
A ocorrência dessa paratopia gira em torno de 10%. 
São classificadas quanto a: 
1. Localização anatômica 
o Umbilical 
o Inguinal/inguino-escrotal 
o Perineal 
o Diafragmática 
o Abdominal 
o Incisional 
Hérnia abdominal Hérnia inguino-escrotal 
 
2. Conforme a estrutura 
o A hérnia é composta por anel, saco e conteúdo herniários. 
o Não é hérnia quando falta algum desses elementos. 
 
 
3. Conforme alteração funcional 
o Hérnia redutíveis o conteúdo pode ser reposto à cavidade de origemvpor 
compressão. A cirurgia é feita apenas para fechar o anel herniário. 
o Hérnias irredutíveis aderências, dilatação, encarceramento ou inflamação de 
conteúdo. Não se consegue a reposição sem a cirurgia. 
 Hérnia estrangulada: 
compreende um quadro grave. 
Ocorre uma constrição sobre as 
vísceras herniadas, o que 
compromete a irrigação 
sanguínea. Apresenta as fases 
de inflamação, congestão e 
grangrena. O anel herniário 
começa a fazer constrição do 
tecido que compõe a hérnia. 
As hérnias em equídeos são mais agudas (desenvolvimento mais rápido) do que em 
ruminantes. 
 
Etiologia das hérnias 
Provém de um defeito que associado a fatores predisponentes, como espécie, raça, idade, 
promovem a hérnia. 
Regiões anatomicamente frágeis: umbigo, fundo da pelve, anéis inguinais externos, diafragma 
Em grandes animais, a maior casuística é de hérnia umbilical e inguino-escrotal. 
O Mangalarga machador tem uma predisposição as hérnias perineiais. Essas também são mais 
comuns em animais mais velhos. Animais em idade reprodutiva são mais predispostos as 
inguino-escrotais. 
Os fatores predisponentes variam conforme gênero (algumas hérnias acometem apenas 
machos); tipo da atividade realizada pelo animal; fatores hereditários (filhos de animais que 
tiveram hérnia, podem desenvolver), além do aumento da pressão abdominal (tosse, 
tenesmo, prenhez, cobertura, trabalhos pesados, ascite). 
Sinais clínicos 
Consiste em sinais de dor abdominal, que podem se confundir com cólica, a depender da 
localização; apatia; depressão; dificuldade respiratória; hipertermia; aumento de uma bolsa 
escrotal, com alteração de temperatura. 
Diagnóstico 
 Inspeção: normalmente observa-se 
aparecimento lento ou brusco, com 
aumento de volume em região 
anatomicamente conhecida como 
fraca. Pode ser de aparecimento 
intermitente. 
 Palpação: pesquisar os elementos de 
formação da hérnia (anel, saco e 
conteúdo herniários). 
 Auscultação de borborigmos. A 
ausência de borborigmos associado a região fria, são sinais de falta de vitalidade das 
estruturas localizadas no saco herniário. 
 Exames de imagem: radiografia e ultrassonografia. 
 Evitar punção!! 
Prognóstico 
Varia de bom a reservado, a depender do quadro (tempo de evolução, características locais 
e da própria hérnia). Sempre é possível ocorrer complicações! 
As hérnias inguinais e as inguino-escrotais podem estar mais associadas a questões genéticas. 
Hérnia inguino-escrotal em potros é comum, e é de auto-resolução, sendo realizada a 
correção somente se avaliar necessidade. 
Para as hérnias hereditárias, indica-se castração para não perpetuação da paratopia. 
Tratamento 
É de ordem emergencial a partir da reposição hidroeletrolítica, terapia antimicrobiana, terapia 
de choque, e realizar a cirurgia imediata, assim que possível. 
O tratamento visa a redução dos órgãos herniados e manutenção definitiva destes na 
cavidade de origem (reconstituição do defeito). 
O tratamento conservativo consiste no uso de bandagens e faixas elásticas, no entanto, possui 
pouca eficácia. 
O tratamento cirúrgico necessita do jejum prévio, tricotomia ampla, antissepsia, analgesia 
geral e local. No tratamento de hérnias diafragmáticas é indicada a anestesia geral inalatória. 
Técnica de Herniorrafia com técnica de sobreposição de Mayo (imbricação lateral oujaquetão) em grandes animais 
1. Incisão e divulsão do saco herniário 
 Incisão cutânea em elipse ou meia lua (para defeitos menores). 
 Divulsão do saco herniário até o anel, quando não redutíveis. 
 
Cuidado para não romper as vísceras dentro do saco. 
2. Redução do saco herniário 
Para as hérnias redutíveis, a redução pode ser realizada de forma aberta ou fechada. 
No caso de redução fechada, devolve o conteúdo para o local de origem e fecha o anel 
herniário. 
 
A redução aberta é normalmente realizada em casos de complicações. Deve-se realizar a 
inspeção/avaliação das vísceras herniadas. Procedimento realizado com anestesia geral. 
Hérnia inguino-escrotal em garanhão, sempre fazer aberta! 
 
Nos casos de hérnias estranguladas, deve-se 
ter cuidado com os órgãos necrosados para 
que não se tenha rupturas, devido a 
liberação de radicais livres e outros produtos 
tóxicos, resultando em um quadro de 
endotoxemia. 
 
 
 
3. Fechamento do anel herniário 
Algumas literaturas indicam a retirada da parte 
fibrosa do anel herniário antes da rafia, para 
evitar recidiva. Outras literaturas indicam a 
manutenção da parte fibrosa, sendo mais seguro 
para fazer a rafia. 
Antes do fechamento do anel, faz-se a 
reconstituição da cavidade, após isso, o 
fechamento se dá com padrão de sutura de 
sobreposição d Mayo ou Jaquetão com fio 
inabsorvível. 
 
 
 
 
 
4. Sutura de pele 
Faz redução do espaço morto com padrão 
zigue-zague com fio inabsorvível. 
Sutura de subcutâneo com fio absorvível 
(poliglactina 910). 
E fecha a pele com sutura simples separada 
com fio inabsorvível (poliamida/nylon). 
 
Uso de telas 
Existem telas absorvíveis e inabsorvíveis de diferentes materiais e tamanhos. Para grandes 
animais há dificuldade quanto a tamanho muito grandes, uma vez que são adaptadas as 
telas de uso humano, e muitos defeitos podem ser maiores. 
São indicadas em hérnias incisionais, defeito herniário muito grande e hérnias recorrentes. 
Em equinos, a técnica de ancoragem da tela a musculatura externa é a mais indicada, dá 
mais segurança se houver deiscência de sutura. 
Pós-operatório 
O uso de bandagem é questionável, usada mais 
para proteção da ferida cirúrgica, mas não no 
intuito de reduzir pressão abdominal. 
Requer repouso para evitar deiscência de sutura 
e evisceração, e o paciente será liberado para 
atividade somente após 60 dias. 
Uso de tela pode causar edema maior, pela 
presença de um corpo estranho. 
Curativo local diário com limpeza com soro fisiológico e gaze. 
Uso de flunixin meglumine (AINE) 1,1mg/kg (equinos)/ 2,2 mg/kg (ruminantes). 
Antibioticoterapia 
Terapia de suporte (fluidoterapia). 
Remoção dos pontos após 10 dias. 
 
TRAUMATOLOGIA EM GRANDES ANIMAIS 
Traumatismo é o mesmo que ferida. Consiste numa lesão ou ferida mais ou menos extensa, 
produzida por ação violenta, de natureza física ou química, externa ao organismo. 
O traumatismo se caracteriza como uma solução de continuidade produzida por ação 
traumática, podendo ser acidental, deliberada (próprio homem causa, tem a intensão) ou 
cirúrgica (correção/ tratamento cirúrgico). 
Cicatrização de feridas 
Corresponde a necessidade de reestabelecer a continuidade do tecido afetado. 
 
 
Nas imagens observa-se retração da ferida no 
sentido de reduzir a aérea lesionada e 
reepitelização (caracterizada pelo tecido mais 
rosinha pálido). 
 
Classificação de feridas (Livro Cirurgia Equina) 
a. Quanto aos planos 
 Superficiais/ simples: envolvem apenas as camadas 
mais superficiais. 
 
 Profundas/ compostas: envolvem camadas mais profundas (tendão, ligamentos mais 
profundos, músculos, exposição de ossos). 
 
b. Quanto ao grau de contaminação 
 Limpas: são normalmente as feridas cirúrgicas, desde que não 
envolvam a abertura de sistemas respiratório, genito-urinário, 
digestório e orofaringe, sem falhas nas técnicas de assepsia. Essas 
feridas apresentam uma taxa de infecção de 1-5%. 
 
 Limpas contaminadas: são aquelas que ocorreram a menos de 4 
horas (ou até 6 horas), sem sujidades, ou cirúrgicas que envolvam 
sistemas respiratório, genito-urinário e digestório. A taxa de infecção 
dessas feridas é de 3-11%. 
 
 Contaminadas: aquelas que ocorreram a mais de 4 horas, ou que 
decorreram de falhas nas técnicas de assepsia, ou extravasamento de 
conteúdo digestório. Se fere a traumas recentes, sem presença de inflamação 
purulenta, e há sujidades (área, material de cama, fezes ou urina). 
 
*A taxa de infecção nessas categorias é de até 1 x 105 bactérias/g/tecido. 
 
 Infectadas/ Sujas: decorridas mais de 12 horas, com evidente foco de 
infecção bacteriana aguda, supuração. Decorre de traumas com 
presença de tecido desvitalizado, pode ser observado corpo estranho 
local, pode haver contaminação fecal. As mordidas de cães se 
enquadram nessa categoria, mesmo que recentes. A taxa de infecção é 
alta. 
*A taxa de infecção nessa categoria é acima de 1 x 105 bactérias/g/tecido. 
c. Quanto a apresentação clínico-cirúrgica 
 Fechada: compreende uma ferida contusa. A pele e 
mucosa estão lesionadas, mas com aparente 
integridade. Ex: hematomas. 
 Aberta: são feridas penetrantes, perfurantes ou 
punctórias; incisas ou laceradas. Outras envolvem 
feridas por acidente por animais peçonhentos (ofídico) e feridas de arma de fogo. 
Ocorre exposição de tecido e/ou órgãos. 
 
o Ferida aberta penetrante: normalmente se observa uma solução de 
continuidade da pele e tecidos adjacentes. Pode alcançar cavidades, perfuração 
de vísceras, provocando evisceração. 
o Ferida aberta punctória: provocada por objetos perfurantes como pregos, 
cravos, espetos. Pode ser uma ferida profunda com uma pequena abertura 
superficial. 
o Ferida aberta incisa: ferida linear com bordas regulares, provocada por objetos 
cortantes (faca, facão, bisturi). 
o Ferida aberta lacerada: bordas irregulares, pode haver avulsão (arame liso 
promove avulsão), causada por objetos pontiagudos cortantes. 
Cicatrização de lesões 
A cicatrização é o processo de cura de lesões teciduais e pode ocorrer por regeneração ou 
reparação. 
 Regeneração: o tecido morto é substituído por outro morfologicamente idêntico. 
 Reparação: um tecido neoformado, originado do estroma (conjuntivo ou glia), substitui 
o tecido perdido. 
Na reparação ocorre perda de função (tendões são comuns sofrerem reparação 
quando lesados, havendo fibrose e perda da elasticidade natural). 
 
Objetivo da cicatrização 
Completar a cicatrização dos tecidos lesionados, se possível, sem qualquer sequela estética 
ou funcional. 
Fases da cicatrização 
1ª fase: FASE AGUDA DA INFLAMAÇÃO: ocorre o recrutamento de células inflamatórias e 
mediadores químicos, os sinais de inflamação (calor, rubor, dor, edema). Os neutrófilos são os 
primeiros a chegar, depois observa-se a migração de monócitos  macrófagos. Perdura por 
até 3 dias. 
 
2ª fase: FASE PROLIFERATIVA: inicia em torno de 24-48hs e perdura por3 a 14 dias. Caracteriza-
se pela síntese de colágeno a partir dos fibroblastos e proliferação do tecido de granulação. 
Nota-se a reepitelização, neoangiogênese. Predomínio de fibroblastos e macrófagos. 
O tecido de granulação exuberante é um problema para feridas em equinos, pois tendem a 
formar muito tecido de granulação. 
3ª fase: FASE DE REMODELAMENTO: inicia com 7-10 dias. Marcada pelo decréscimo da síntese 
de colágeno, mas aumento de sua densidade promovendo o aumento da força tênsil. 
Observa-se redução da neoangiogênese, ocorre epitelização e contração da ferida. 
A depender do tecido afetado, a terceira fase por durar mais de 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de cicatrização 
 Cicatrização por 1ª intenção: se dá a partir da realização de suturas (rafia de pele), no 
intuito de reduzir o tempo de cicatrização com o menor dano possível. A cicatrização 
por 1ª intenção deve ser realizada em feridas não infectadas, feridas cirúrgicas, comprogresso de até 4 horas. 
 Cicatrização por 2ª intenção: feridas que não são suturadas, por ser contaminadas, 
com progressão de mais de 4 horas, ou feridas cirúrgicas que desenvolveram necrose 
ou deiscência de sutura. A exceção é para situações de exposição de órgãos e tecidos 
que não podem ficar expostos ou que apresentam cicatrização difícil (periósteo, 
tendões, bainhas de nervos). 
 Cicatrização por 3ª intenção: mantém a cicatrização primária por 2ª intenção e 
posteriormente sutura, em casos que a cicatrização aberta não foi totalmente possível 
pela extensão, ou mesmo pela impossibilidade de manter a ferida aberta. 
Fatores que interferem na cicatrização 
 Regiões de muita movimentação, como as articulações; 
 Presença de infecção/infestação; 
 Presença de corpo estranho; 
 Tecido necrosado; 
 Áreas de diminuição do suprimento sanguíneo e oxigenação; 
 Idade (redução de fatores de cicatrização e de síntese de colágeno); 
 Formação de granulação excessiva (inviabiliza a fase final da cicatrização); 
 Presença de hematomas (sangue é ambiente propicio para infecção). 
Ocorrência 
As feridas são muito frequente na clínica de grandes animais, principalmente em equinos. 
Afeta ambos os gêneros, sendo mais comum em animais com até 2 anos. Cerca de 49% 
apresentam lesões com mais de 7 dias. As feridas mais frequentes são em membros, 
principalmente os torácicos, sendo mais comum os acidentes com arame farpado ou liso. 
Tratamento 
Objetivos básicos: 
 Tornar a ferida limpa 
 Remover tecidos desvitalizados e sujidades 
 Orientar a cicatrização (dar as melhores condições para que o organismo consiga 
completar a cicatrização). 
Medidas gerais: 
 Contenção adequada para segurança do paciente e de quem irá manipular. 
 Se necessário realizar tranquilização/ sedação/ anestesiar (se possível) 
 Uso de analgésicos e anestésicos locais, pois pode haver muita dor. 
 Uso de bloqueios regionais é bastante eficiente, especialmente em membros. 
 Realizar a manipulação adequada, visando minimizar os riscos. 
 Controle da hemorragia 
 Tricotomia ampla 
 Lavagem da ferida (ferida cirúrgica sempre limpar com solução estéril. Já feridas 
contaminadas podem ser limpas com água potável e sabão neutro). 
 Explorar a ferida para identificação de estruturas acometidas e viabilidade das 
mesmas. 
 Debridamento com remoção completa de tecidos desvitalizados, no intuito de 
combater ou prevenir infecções. Irrigação em jatos (inferior a 75%) promove a limpeza 
mecânica. 
 
Fase 3 da cicatrização, com presença de 
reepitelização na parte superior da ferida (mais 
clarinha). 
 
 
 
 
Fechamento da ferida 
 Transcorreu-se + 4 horas  suturar 
 Transcorridas 4-12 horas  suturar e colocar dreno 
 Feridas sujas  combater a infecção (uso de açúcar a cada 6-12hs) e tratar como 
ferida por 2ª intenção. 
Tratamento por 1ª intenção 
Faz-se a rafia das estruturas acometidas, com uso de fios (calibre e tipos) adequados. O 
padrão de sutura vai depender do local/ órgão. 
A bandagem é opcional, mas configura como uma forma de comprimir a ferida, evitando 
formação de seroma, além de agir como proteção da ferida. 
Os materiais comumente utilizados são: agulhas de sutura ou fios agulhados (0 em diante), 
poliglactina 910, mononylon, supramid, grampos e colas. 
 
Tratamento por 2ª intenção 
Lavagem abundante da ferida com Ringer lactato ou NaCl 0,9% 
Clorexidine; Líquido de Dakin (água + água sanitária) algumas literaturas não indicam, mas 
pode ser útil em feridas purulentas. 
Água Oxigenada para feridas profundas que podem desenvolver bactérias anaeróbias. 
Debridamento com remoção completa de tecidos desvitalizados, no intuito de combater ou 
prevenir infecções. 
Manter protegido de moscas e insetos. 
Bandagem compressiva ou para proteção. 
Pomadas e soluções tópicas (não colocar diretamente na ferida, e sim, 
ao redor, exceto nos casos de infecção ou desidratação da ferida) – 
furanil. alantol, vetaglos, nebacetin. 
Nivelamento da ferida (o conteúdo da ferida não pode ultrapassar o nível das bordas da 
ferida 
Em casos de feridas profundas, aplicar açúcar ou infravermelho. 
Em casos de tecido exuberante discreto, usa-se: solução quelante, licor de vilate, sulfato de 
cobre, albocresil. 
 
Sulfato de cobre é uma opção mais eficiente em lesão com muito tecido de granulação. 
Proteger sempre os tecidos sadios e usar bandagem compressiva. 
O manejo cirúrgico consiste na remoção da massa formada, uso de criocirurgia (nitrogênio 
líquido) ou cauterização por ferro quente. 
Para evitar nova formação de tecido de granulação, fazer bandagens compressivas e usar 
produtos quelantes. 
Tratamento por 3ª intenção 
O fechamento primário ocorre de forma tardio por conta de edemas e/ou infecção. 
Curativos 
Deve-se ter cuidado com a frequência de troca de curativos para evitar propagação 
bacteriana. 
O tipo de curativo vai variar conforme a ferida. 
No curativo úmido deve ser feita a troca frequente, para evitar a proliferação bacteriana. 
Outros curativos podem ser trocados em até 2 dias, ou pelo menos uma vez ao dia. 
A bandagem pode ser utilizada sempre que a região permita, como proteção contra 
contaminação e para compressão em determinadas feridas. 
Quando não usar bandagem, aplicar repelente em torno da ferida para evitar miíase. 
Não esfregar a ferida para evitar abrasão e formação de tecido de granulação, a não ser 
que seja o objetivo. A gaze deve ser pressionada e retirada, nunca esfregada. 
Os enxertos em forma de “ilha” não são eficientes 
em grandes animais, como em pequenos ou 
humanos. Nesses enxertos a cicatrização é por 
segunda intenção. 
Uso de membranas em equinos nem sempre se 
tem sucesso. 
As membranas podem ser biológicas: pericárdio bovino em glicerina; membrana amniótica 
em glicerina. 
Membranas sintéticas: hidrogel, quitosana 
Não pode haver infecção da ferida para uso de membranas, mesmo que estas tenham 
antibiótico, pois pode haver resistência bacteriana. 
 
 
Terapias complementares 
 USG terapêutico 
 Laserterapia 
 Shock-wave 
 Ozônio (trabalha com infecção também, as demais atuam no edema, cicatrização). 
Estudos apontam que pomadas e soluções na ferida, retardam a cicatrização. Não deve 
colocar nada em cima da ferida. O segredo é manter a ferida sempre limpa. 
Antibioticoterapia parenteral 
 É dispensável em 
feridas limpas. 
 Profilático nos casos 
de ferida limpa 
contaminada. 
 Terapêutico nos 
casos de feridas 
contaminadas. 
 Fazer cultura e 
antibiograma. 
 
Uso de soro antitetânico. 
 
Diagnóstico diferencial: feridas com tecido de granulação exuberante. Habronemose, ptiose, 
sarcoide e CCE. 
 
CONTUSÃO 
Compreende uma lesão produzida por golpe ou impacto, sem causar 
dilaceração ou ruptura da pele. Geralmente ocorre ruptura estruturas 
vasculares e presença de hematomas. 
ENTORSE 
Consiste em lesão dos ligamentos articulares devido à distensão ou torção 
brusca, sem deslocamento das superfícies articulares. Quando se tem o deslocamento das 
superfícies articulares trata-se de luxação. 
É causada por fatores predisponentes associados à causas determinantes. 
Fatores predisponentes 
 Idade (animais mais jovens ou muito velhos têm frouxidão dos ligamentos) 
 Temperamento do animal (animais arrepios, que não toleram manuseio). 
 Hipoproteinemia (causa falhas de síntese proteica, fechamento de epífise) 
Fatores determinantes 
 Exercícios em locais acidentados, facilitam a ocorrência de lesão. 
 Contrações ou pressões bruscas da articulação (transporte) 
 
 
 
 
 
Sinais clínicos 
 Instabilidade da articulação, normalmente variável de acordo com o grau da lesão. 
Graus 
1° grau: Lesão mínima, estiramento. 
2° grau: Lesão muito grande, ruptura parcial de ligamentos. 
3° grau: Lesão grave, ruptura total de um ou mais ligamentos. 
Diagnóstico 
Se dá a partir da queixa principal, associada ao histórico,anamnese, exame físico, e exames 
complementares como raio-x e ultrassom (principalmente,por se tratar de estruturas de tecidos 
moles). 
O diagnóstico diferencial se dá para luxação e subluxação. 
Tratamento clínico: depende do grau da lesão, e pode ser usado anti-inflamatórios não 
esteroidais (AINEs) e analgésicos por cerca de 3-5 dias, imobilização (10-30 dias) e repouso. 
Reavaliação. 
Tratamento cirúrgico: pacientes em grau 2 ou 3. Realiza-se artrocentese(procedimento 
asséptico, mas pode ser realizado na clínica), cartilografia (raio-x constratado da 
articulação), tenorrafia e desmorrafia (procedimentos cirúrgicos propriamente dito). 
A tenorrafia consiste na manobra de sutura de tendões, é 
feita em padrão de sutura loop-loop (duas voltas), sendo 
que técnica de escolha (imagem). O fio é normalmente 
inabsorvível. 
Pós operatório: consiste no uso de AINEs, analgésicos, 
imobilização, repouso, fisioterapia (infinidade de técnicas 
adequadas às lesões em grandes animais) e 
antibioticoterapia (local e/ou sistêmica quando se tratar 
de lesões abertas associadas com foco de infecção). 
Complicações: podem ocorrer sempre e são variáveis de 
acordo com o grau da lesão 
Prognóstico: grau 1, normalmente é 
bom. Nas de grau 3 prognóstico é 
alta. 
LUXAÇÃO 
Consiste na perda total do contato entre as superfícies articulares. Existe 
a subluxação que consiste na perda parcial do contato, onde a 
progressão desta resulta na luxação. No entanto, a depender da 
literatura, pode-se considerar qualquer perda de contato como uma 
luxação. 
Os fatores predisponentes envolvem instabilidade da articulação (pode ter predisposição 
genética), e a ação da relaxina em fêmeas, principalmente na fase pré-parto, promovendo o 
relaxamento dos ligamentos da articulação.O entorse em qualquer grau já predispõe a 
luxação. 
*Ideal, em raças predisponentes, fazer uso de estabilizadores articulares como medida 
preventiva. 
Já os fatores determinantes consistem em qualquer trauma agudo. 
A luxação apresenta como causa uma lesão ou ruptura de cápsula articular com perda de 
contato total ou parcial das superfícies articulares. 
Sinais clínicos 
 É variável, mas normalmente se observa edema em região articular acometida e 
claudicação (não necessariamente por dor, mas pela própria instabilidade articular). 
Diagnóstico 
Se dar a partir da queixa principal, associada ao histórico, anamnese, exame físico, palpação 
da articulação acometida, raio-x e ultrassom (avaliação de tecidos moles acometidos). 
O diagnóstico diferencial se dá para fraturas intrarticulares e periarticulares, que se 
apresentam com sinais semelhantes. 
Tratamento clínico 
Anestesia geral para reposicionamento, quando ocorrer logo e se certificar que não é uma 
fratura; imobilização por 10-30 dias. Após esse período reavalia. 
Tratamento cirúrgico 
Consiste na abertura da cápsula, seguida da recondução/ reposicionamento da articulação, 
reconstrução da cápsula e rafia de ligamentos e tendões. 
*Para entorses e luxações crônicas em articulações de movimento restrito, indica-se a 
artrodese. 
Pós-operatório 
Uso de AINEs, analgésicos, imobilização, repouso, fisioterapia e antibioticoterapia (durante a 
manipulação articular sistêmica e intra articular, podendo associar a antibioticoterapia 
sistêmica pós-operatória), eliminando a possibilidade de haver infecção. 
Complicações: são comuns, especialmente em pacientes cirúrgicos, que são mais severas, 
pela manipulação articular, podendo causar infecção local (artrite séptica). 
Prognóstico 
É variável a depender do tempo do trauma e do grau de lesão, podendo ser desfavorável, 
nos casos mais graves de ruptura da cápsula articular, ruptura dos 
ligamentos colaterais e tendões, sendo um quadro de recuperação 
complicada. 
FRATURA 
Trata-se de uma solução de continuidade/ perda da continuidade 
do osso. É uma afecção bastante comum na clínica cirúrgica de 
grandes animais, podendo ser de grande complexidade. 
Para diagnóstico requer exame ortopédico completo, avaliação do estado geral (dor?), 
posição (consegue se manter em estação ou não, está em decúbito?), comportamento do 
paciente (a agitação é comum após um episódio traumático que incorra em fratura), 
assimetria (avaliar o membro contralateral a lesão, normalmente se percebe a assimetria), 
alterações de forma e tamanho da estrutura óssea acometida, e a locomoção que deve 
estar apresentando claudicação, a qual é variável, mas na maioria das vezes é classificada 
como de grau 5, onde o animal não consegue apoiar o membro no chão, ou quando apóia, 
não é da forma devida. 
A maioria das fraturas é diagnosticada no exame físico ortopédico, uma vez que elas possuem 
a característica de crepitarem, na maioria das vezes. 
As fraturas decorrem de fatores predisponentes (idade – jovens são mais predispostos, pois 
não apresentam a completa mineralização óssea, de forma similar, os mais velhos tendem a 
perder os fatores de mineralização óssea, assim como vacas e lactação (perde cálcio dos 
ossos), também predispondo a fratura) e fatores determinantes como o trauma/injúria abrupta 
(em neonatos ocorre por pisoteio materno ou muitos animais em baias pequenas; jovens, 
devido a brigas, atropelamentos e buracos; adultos,em trabalho ou esporte). 
Sinais clínicos 
 Aumento de volume local 
 Claudicação 
 Dor intensa 
 Lesão exposta ou fechada 
Considerações 
Quando tratar ou eutanasiar? Essa é uma questão a qual normalmente se deparam os clínicos 
de grandes animais. 
O primeiro passo para definir a tomada de decisão por parte do tutor, é avaliar o paciente, 
identificar o tipo de fratura, as opções de tratamento ou não, e ser bem claro ao informar ao 
tutor sobre as condições, possibilidades e complicações no quadro do paciente, e 
principalmente o custo (o que é bastante considerado por ser elevado). 
Outro ponto, trata-se do manejo inicial, o qual consiste em evitar a movimentação do 
paciente, pois pode piorar o quadro, sendo necessária a imobilização para o transporte, a 
qual será definitiva do sucesso tanto antes do procedimento quanto no pós-operatório. 
Nunca se deve reduzir a fratura, sem ter as condições mínimas para realizar o procedimento 
(anestesia, confirmação por exame de imagem – raio-x) e reduzir as chances de 
complicações. 
Imobilizar sempre que possível uma articulação 
acima e abaixo da fratura. 
Imobilização 
A correta imobilização configura o sucesso na 
terapia do paciente. Ela pode ser feita com ouso de 
bandagem (não possui estrutura estabilizadora), tala 
(compreende uma estrutura estabilizadora), gesso 
(confere uma camada rígida externa), ou 
bandagem Robert Jones (bandagem com tala 
macia que consiste em muitas camadas de material 
macio enroladas em uma articulação ou 
extremidade). 
Na bandagem Robert Jones, a superfície imobilizadora deve ser posicionada, de acordo com 
o local lesionado. Lesões do terço médio a distais do metacarpo (MT), a superfície 
imobilizadora deve ser posicionada cranialmente. Quando se tratar de lesões em membros 
pélvicos, a estrutura imobilizadora deve ser posicionada cranialmente. 
Cuidado ao fazer bandagens, para evitar o garroteamento do membro. 
 
Sequência de material para imobilização: malha tubular, generosa camada algodão 
ortopédico, atadura de crepom, superfície imobilizante (cano de PVC cortado ao meio e 
aquecido para moldar ao membro, fita de alta fixação para fixar o cano, mais uma camada 
de algodão e/ou atadura de crepom. Finaliza com fita impermeabilizante. 
 
 
 
 
 
 
 
Cada área do membro requer 
um tipo de imobilização que 
garanta o sucesso, 
impossibilitando a 
movimentação da articulação. 
 
 
 
Diagnóstico 
Se dá a partir do histórico, anamnese, exame físico (palpação, avaliar locomoção), raio-x, 
ultrassom, cintiligrafia (teste de imagem do sistema esquelético usado para diagnosticar 
problemas metabólicos dos ossosusando raios-X. Serve para diagnóstico de doenças 
relacionadas à saúde do esqueleto, de fraturas, de osteonecrose e artrite, bem como de 
metástases, pela presença de tumores no esqueleto, consequência de cânceres em outros 
órgãos), artroscopia (procedimento cirúrgico endoscópio, minimamente invasivo para reparar 
uma articulação ou outros problemas do osso), tomografia e ressonância magnética. 
Por classificação das fraturas: 
Quanto a apresentação 
 Fechadas 
 Abertas (presença de ferida contaminante. 
Quanto a extensão 
 Completas 
 Incompletas 
Quanto a localização 
 Articulares 
o Parciais 
o Totais 
 Extra-articulares 
o Epífise 
o Metáfise 
o Diálise 
o Placa epifisária 
Quanto a orientação da linha de fratura (associadas a ação das cargas sobre o osso) 
 
 
Mediante o tipo de carga exercida sobre o osso, terá como resultado a orientação das linhas 
de fraturas: 
 Transversa (sofre tensão) 
 Oblíqua (sofre compressão) 
 Espiral (ocorre uma torção do osso) 
 Cominutiva(força combinada – torção, compressão, tensão, flexão, torsão) 
 Múltipla ou segmentar(sofre flexão) 
 Avulsão (seria por tensão??) 
 
 
Diagnóstico diferencial se dá para a ruptura dos ligamentos suspensório e tendões flexores 
digitais superficial e profundo, visto que as deformidades a olho nu podem se assemelhar a 
uma fratura. 
 
Tratamento 
Clínico x Cirúrgico? Essa conduta segue os Guidelines. 
As fraturas jovens, desde que alinhadas, basicamente necessitam de imobilização, na maioria 
das vezes, seguida de repouso, para que haja a consolidação da linha de fratura e formação 
de calo ósseo. Vai acompanhando com radiografias a cada 15 dias. Algumas fraturas 
realmente só se resolvem com a imobilização. 
Os casos cirúrgicos estão relacionados a fraturas mais antigas, ou que não houve formação de 
calo ósseo com a imobilização, ou que não há um alinhamento da linha de fratura. 
A redução e a fixação devem ser realizadas o mais precoce possível, visto que a recuperação 
vai depender do tempo entre a ocorrência da fratura e a intervenção. No entanto, não se 
deve fazê-las se não houver recursos disponíveis (radiografia e anestesia geral) e condições de 
fratura favoráveis (fraturas alinhadas). 
Quanto tempo esperar? O tempo é crucial na tomada de decisão, por isso, o ideal não 
esperar, imobilizar e encaminhar imediatamente para um serviço especializado. 
No processo de cicatrização, vai haver a formação do calo ósseo, sendo assim, uma resposta 
circulatória. Toda vez que se tem uma lesão em osso, ocorre a formação de hematoma, que 
irá formar o calo primário (pobre em mineralização), no intuito de preencher a região 
acometida, recuperando a continuidade óssea. 
O objetivo da recuperação da continuidade óssea é reconstruir a cortical óssea original 
perdida. Isso só irá ocorrer se houver a correta imobilização com estabilidade, o que 
equivalente ao animal apoiar o membro afetado. No contexto da clínica de grandes, isso não 
é tão fácil como em pequenos animais e humanos. 
O calo inicial se forma com 5 dias. Em ossos longos a cicatrização se dá em 4 meses. Para 
ocorrer a cicatrização é necessário que haja redução adequada da fratura, fixação rígida = 
imobilização e suprimento sanguíneo suficiente para que ocorra as etapas da cicatrização. 
 Tipos de cicatrização 
o Primária ou direta: reparo por contato direto (um osso sobre outro, promovendo 
a formação do hematoma, seguido do calo primário e posteriormente, o 
secundário) até a consolidação. 
o Secundária ou indireta: não há uma aposição entre as estruturas ósseas de forma 
correta, em decorrência da falta de imobilização correta, ou quando se tem 
fragmentos distantes entre si. A matriz óssea será responsável por promover a 
formação óssea endocondral, de forma que a consolidação ocorraq de forma 
secundária. 
 Fases de cicatrização óssea 
o Inflamatória: dura de 2-3 semanas. Caracteriza-se por formação de calo ósseo 
primário, a partir da síntese de colágeno tipo 3. A função desse calo é promover 
a ligação entre os fragmentos ósseos a partir de deposição de matriz óssea. 
o Reparação: ocorre de 2 semanas a 12 meses. Caracteriza-se por mineralização 
do calo ósseo primário, transformando-se em calo ósseo secundário com a 
atuação do colágeno tipo I (mais rígido). Nessa fase se objetiva alcançar a 
rigidez óssea necessária. 
o Remodelamento (2-3 meses após fratura): se inicia por ação dos osteoclastos no 
remodelamento do calo ósseo, e consiste na fase mais longa. 
O tratamento clínico é conservativo. Consiste na redução da fratura com reposicionamento e 
coaptação externa, imobilização e repouso em baia. 
O tratamento cirúrgico vai depender do tipo de osso acometido, tipo de fratura, o tipo de 
intervenção, e principalmente o custo do procedimento, que consiste num fator limitante. 
Pode ser realizada a fixação externa com pinos percutâneos, ou fixador híbrido externo; ou 
fixação interna com parafusos e placas. 
A cirurgia apresenta complicações envolvendo a recuperação anestésica e a ocorrência de 
laminite, por sobrecarga dos membros não acometidos. 
Um ponto de atenção se dá pelo tempo de evolução, normalmente os animais já chegam ao 
atendimento depois de algum tempo, já com cicatrização secundária, o que tende a 
promover um retardo no processo cicatricial e de reuperação. 
 
 
Slin de Anderson – evita a sobrecarga dos membros, prevenindo a laminite. 
Pós-operatório 
Consiste na antibioticoterapia, manejo da dor, terapia de suporte, repouso absoluto, 
acompanhamento radiográfico e fisioterapia. 
Manejo da dor: AINE’s (fenilbutazona); analgésicos (butorfanol e tramadol. 
Terapia complementar: US terapeutico; laserterapia, shok-wave, ozônioterapia. 
Como complicações, cita-se, infecções (osteomielite), falência da fixação, demora de realizar 
o reparo ósseo; não união (mais comum e problemático); laminite em adultos; deformidade 
angular em potros, embolismo (principalmente em fraturas de ossos longos).

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