Buscar

Dor Pélvica e Dismenorreia


Prévia do material em texto

Dor Pélvica e Dismenorreia 
DOR PÉLVICA E DISMENORREIA 
© A dor pélvica aguda possui um início muito 
rápido, que muitas vezes está associado à 
instabilidade dos sinais vitais e a anormalidades 
tanto em exame físico quanto à avaliação 
laboratorial. É intensa e caracterizada por um 
início súbito, aumento abrupto e curta duração. 
As dores pélvicas crônicas incluem tanto a dor que 
tem relação com o ciclo menstrual (cíclicas) como 
as sem relação com o ciclo (acíclicas). A 
dismenorreia, ou menstruação dolorosa é a dor 
cíclica mais comum, podendo ser classificada em 
primária e secundária. Por sua vez, a dor pélvica 
crônica é definida como uma dor com duração 
maior que 6 meses, localizada ne pele e muito 
intensa, podendo causar incapacidade funcional 
ou exigir cuidados médicos. 
A fisiopatologia da dor pélvica aguda conta com a 
participação de mediadores da inflamação 
presentes em alta concentração em virtude de 
infecção, isquemia ou irritação química. Por outro 
lado, a etiologia da dor pélvica crônica está 
associada na maioria das vezes a alterações na 
modulação ou à “intensificação” de estímulos 
normalmente indolores. Portanto, a dor crônica é 
caracterizada por respostas fisiológicas, afetivas e 
comportamentais diferentes daquelas associadas 
à dor aguda. 
© O início rápido da dor é mais compatível com 
perfuração ou ruptura de alguma víscera oca ou 
isquemia após torção de um pedículo vascular. A 
dor tipo cólica ou espasmódica intensa está muitas 
vezes associada à contração muscular ou à 
obstrução de alguma víscera oca, como o 
intestino, o ureter ou o útero. A dor em todo o 
abdome sugere reação generalizada a um líquido 
irritante na cavidade peritoneal, como sangue, um 
líquido purulento ou o conteúdo de algum cisto 
ovariano. 
Diagnóstico Diferencial de Dor Pélvica 
Dor aguda à complicações da gravidez (gravidez 
ectópica, ameaça de aborto ou aborto 
incompleto), infecções agudas (endometrite, DIP, 
salpingo-ooforite, abscesso tubo-ovariano), 
distúrbios anexiais (cisto ovariano funcional 
hemorrágico, torção dos anexos, ruptura de cisto 
ovariano funcional, neoplásico ou inflamatório). 
Dor pélvica recorrente à dor no meio do ciclo, 
dismenorreia primária e secundária. 
© Acíclicas: aderências pélvicas, endometriose, 
congestão pélvica, salpingo-ooforite, tumor 
ovariano. 
© Cíclicas: dismenorreia primária (diagnóstico de 
exclusão), dismenorreia secundária. 
AVALIAÇÃO DA DOR PÉLVICA 
É preciso perguntar à paciente a data e as 
características dos dois últimos períodos 
menstruais, bem como se apresentou algum 
sangramento anormal ou corrimento. A anamnese 
da dor deve incluir as circunstâncias e o momento 
em que ela se inicia, além de investigar sinais de 
infecções, como febre, calafrios, corrimento 
vaginal purulento; e os sintomas como 
amenorreia, náuseas, anorexia, constipação, 
vômito, hipotensão ortostática, entre outros. 
Os exames laboratoriais incluem hemograma 
completo com contagem diferencial (leucograma), 
exame de urina de amostra de jato médio, teste de 
gravidez, pesquisa de gonorreia e clamídia e USG 
pélvica transvaginal. Além disso, podem ser 
indicados a TC com ou sem contrastes, exames 
bioquímicos e pesquisa de anticorpos irregulares. 
Beatriz Loureiro 
DISMENORREIA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA 
© Cólica menstrual. 
A dismenorreia é um distúrbio ginecológico que 
afeta até 60% das mulheres que menstruam. A 
dismenorreia primária é a dor menstrual sem 
doença pélvica, enquanto a dismenorreia 
secundária é a menstruação dolorosa associada a 
doença de base. 
Então... 
à Dismenorreia Primária: sem doença de base, 
surge 1 a 2 anos após a menarca, quando já se 
estabeleceram ciclos ovulatórios, mais comum em 
jovens. 
à Dismenorreia Secundária: doença de base, 
surge anos após a menarca e pode ocorrer em 
ciclos anovulatórios (ausência da liberação 
periódica e frequente do óvulo). 
DISMENORREIA PRIMÁRIA: Começa algumas 
horas antes ou logo após o início de um período 
menstrual e pode durar até 48 a 72 horas. A dor é 
semelhante à do trabalho de parto, com cólicas 
suprapúbicas, e pode ser acompanhada por dor 
lombossacra, dor que se irradia para a face 
anterior da coxa, náuseas, vômitos, diarreia e, em 
casos raros, episódios de síncope. Essa dor é do 
tipo cólica e, ao contrário da dor abdominal 
causada por peritonite química ou infecciosa, é 
aliviada por massagem abdominal, contrapressão 
ou movimentação do corpo. 
A sua causa inclui excesso ou desequilíbrio da 
quantidade de prostanoides (formados pelas 
prostaglandinas) secretados pelo endométrio 
durante a menstruação. Os prostanoides 
aumentam as contrações uterinas com um padrão 
arrítmico, aumento do tônus basal e da pressão 
ativa. Vale ressaltar que, a hipercontratilidade 
uterina, a diminuição do fluxo sanguíneo uterino e 
o aumento da hipersensibilidade dos nervos 
periféricos contribuem para a dor. 
As prostaglandinas são encontradas em maior 
concentração no endométrio secretor do que no 
endométrio proliferativo. A diminuição dos níveis 
de progesterona no final da fase lútea deflagra 
ação enzimática lítica, resultando na liberação de 
fosfolipídios com a produção de ácido 
araquidônico e ativação da via da ciclo-oxigenase 
(COX). 
DIAGNÓSTICO: 
• Exclusão de doença pélvica de base; 
• Confirmação da natureza cíclica da dor; 
• Avaliar o tamanho, o formato e a mobilidade 
do útero, o tamanho e a dor à palpação das 
estruturas anexiais, bem como a nodularidade 
ou fibrose dos ligamentos uterossacros ou do 
septo retovaginal; 
• Pesquisa para gonococos e clamídia à 
endometrite e DIP subaguda; 
• Hemograma completo e o VHS à 
endometrite e DIP subaguda; 
© VHS à Velocidade de Hemossedimentação; um 
tipo de exame de sangue muito utilizado para 
detectar inflamações ou infecções no organismo, 
podendo diagnosticar desde resfriados até 
pancreatite aguda, por exemplo. 
• US pélvica/transvaginal se não houver melhora 
dos sintomas com AINE; 
• Se não forem encontradas anormalidades, 
pode-se estabelecer o diagnóstico provisório 
de dismenorreia primária; 
• Causas dos sistemas gastrointestinal ou 
urogenital. 
TRATAMENTO: Anti-inflamatórios não esteroides 
são eficazes no tratamento. Devem ser tomados 
até 1 a 3 dias antes ou, em caso de irregularidade 
menstrual, ao primeiro sinal de dor, ainda que 
mínima, ou sangramento e, depois, 
continuamente a cada 6 a 8 h para evitar a 
formação de novos produtos intermediários da 
prostaglandina 
Beatriz Loureiro 
O medicamento deve ser tomado durante os 3 
primeiros dias de fluxo menstrual. É indicado um 
ciclo de 4 a 6 meses de tratamento para que se 
analise a resposta ao tratamento. 
Os contraceptivos hormonais são indicados na 
dismenorreia primária resistente aos AINE ou em 
pacientes com dismenorreia primária sem 
contraindicações ao uso de contraceptivo 
hormonal e que não desejam contracepção. Eles 
inibem a ovulação, diminuem a proliferação 
endometrial e criam um ambiente endócrino 
semelhante à fase proliferativa inicial do ciclo 
menstrual, quando os níveis de prostaglandinas 
são mínimos. Destaca-se que, a redução dos níveis 
de prostaglandinas diminui as cólicas uterinas. 
DISMENORREIA SECUNDÁRIA: É a dor menstrual 
associada à doença pélvica de base e costuma 
surgir 1 a 2 semanas antes do fluxo menstrual, 
persistindo até alguns dias após o fim do 
sangramento. 
CAUSAS: 
• Endometriose: tecido endometrial fora do 
útero; 
• Adenomiose: tecido endometrial no 
endométrio; 
• Anomalias uterinas com obstrução do fluxo 
menstrual; 
• Sinéquias uterinas (Asherman); 
• Pólipos endometriais; 
• DIU não hormonal; 
• Miomatose uterina; 
• Congestão pélvica (Varizes pélvicas). 
DOR PÉLVICA CRÔNICA 
É definida como a dor pélvica que persiste na 
mesma localização por mais de 6 meses e causa 
incapacidade funcional ou requer tratamento. 
© Termo geral, inclusivo, que abrange muitas 
outras causas específicas, as quais variam desde as 
etiologias do sistema reprodutivo,gastrintestinais, 
urinárias, até a dor miofascial e as síndromes de 
compressão nervosa. 
AVALIAÇÃO DA DOR PÉLVICA CRÔNICA 
Na primeira consulta, deve-se obter uma história 
completa da dor, levando-se em conta a natureza 
de cada sintoma: localização, irradiação, 
intensidade, fatores que agravam e aliviam; efeito 
do ciclo menstrual, estresse, trabalho, exercício, 
relação sexual e orgasmo; o contexto no qual a dor 
surgiu; e o custo social e ocupacional da dor. 
A paciente deve ser questionada acerca de 
sintomas específicos associados aos tipos de 
doenças abaixo: 
© Genitais: sangramento vaginal anormal, 
corrimento vaginal anormal, dismenorreia, 
dispareunia, infertilidade, função sexual. 
© Gastrintestinais: constipação, diarreia, 
flatulência, hematoquezia e relação entre a dor e 
os períodos de alteração da função intestinal ou 
aparência das fezes e alívio da dor com a 
defecação. 
© Musculoesqueléticos/neuropáticos: 
traumatismo físico – cirurgia ou lesão, 
exacerbação com o exercício físico ou alterações 
posturais, fraqueza, parestesia. 
© Urológicos: urgência, polaciúria, noctúria, 
hesitação, disúria, hematúria, incontinência. 
 
 
 
 
 
 
Beatriz Loureiro