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MODULO I – INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS ELÉTRICOS 1.1 CONCEITOS GERAIS HISTÓRICO A origem dos métodos geoelétricos se deu no século XVIII por Gray & Whelle com a descoberta da resistividade das rochas em 1720 e sobre a condutividade do solo por Watson, em 1746 (Orellana, 1972). Os primeiros trabalhos de aplicação deste método em prospecção mineral datam do inicio do século XX. Dentre os diversos pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento do método da eletrorresistividade destacam-se Conrad Schulumberger, da “Escola Francesa” e Frank Wenner, da “Escola Americana”. Eles foram responsáveis pela introdução do arranjo de quatro eletrodos para medidas de resistividade de superficie. No Brasil um grande numero de trabalhos científicos foram publicados em diversas áreas: a) Geologia Básica (Davino, 1970; Braga, 1997; Borges e Gomes, 1999); b) Hidrogeologia (Cutrim, 1999; Cutrim et al., 2001); c) geotecnia (Malagutti, 1991; Braga, 1997); d) geologia Ambiental (Elis, 1999, 2001; Shiraiwa et al., 2001) . ELETRORRESISTIVIDADE O método da eletrorresistividade baseia-se no estudo do potencial elétrico tanto dos campos elétricos naturais, existentes na crosta terrestre, como dos campos artificialmente provocados. A partir de medições do potencial elétrico na superfície pode-se determinar, no subsolo, a existência de corpos minerais e reconhecer estruturas geológicas (TELFORD et. al.1990). No ambiente geológico, os diferentes tipos litológicos existentes, apresentam o parâmetro físico da resistividade elétrica como uma de suas propriedades fundamentais. Um mesmo tipo litológico pode apresentar uma ampla gama de variação nos valores de resistividade, devido inúmeros fatores que interferem no valor da resistividade de um determinado material. Teorias e conceitos L A I V A resistividade é a medida que um determinado material impõe à passagem da corrente elétrica ou, o inverso, a condutividade é a facilidade com que a corrente elétrica passa através de um certo material. A resistividade é designada por (ρ), dada em Ohm.m e a condutividade (σ), dada em S/m, sendo a relação entre elas ρ = 1/σ. A resistividade é dada pela Lei de Ohm: Onde A é a área da superfície da amostra, L é o comprimento da amostra, ΔV é a diferença de potencial entre as faces da amostra e I é a intensidade de corrente que passa através da amostra. Sabemos que a superfície da terra é heterogênea e anisotrópica e que os valores de área e comprimento do material dependem da geometria do arranjo dos eletrodos, sendo estes substituídos na equação por uma constante K (fator geométrico). I V Ka Onde: ra= resistividade elétrica aparente K = fator geométrico DV = diferença de potencial entre os eletrodos M e N I = intensidade de corrente que passa entre os eletrodos A e B O Fator K depende da geometria do arranjo de eletrodos na superfície e pode ser calculado através da formula geral: BNBMANAM K 1111 1 2 1.2 RESISTIVIDADE DOS MATERIAIS GEOLOGICOS Os mecanismos de propagação das correntes elétricas em solos e rochas podem ser do tipo condutividade eletrônica ou iônica. Esta classificação pode ser sintetizada da seguinte maneira: • Condutividade Eletrônica: deve-se ao transporte de elétrons na amtriz da rocha, sendo a sua resistividade governada pelo modo de agregação dos minerais e o grau de impurezas. • Condutividade Iônica: deve-se ao deslocamento dos ions existentes nas águas contidas nos poros de uma massa de solo, sedimentos inconsolidados ou fissuras das rochas. Praticamente todas as rochas possuem poros em propagação maior ou menor, os quais podem estar ocupados, totais ou parcialmente, por eletrólitos, se comportando como condutores iônicos, de resistividades variáveis. Segundo Iakubovskii & Liajov (1980), uma rocha condutora de corrente elétrica pode ser considerada como sendo um agregado com estrutura de minerais sólidos, líquidos e gases, na qual sua resistividade é influenciada pelos fatores: 1. Resistividade dos minerais que formam a parte sólida da rocha; 2. Resistividade dos líquidos e gases que preenchem seus poros; 3. Umidade e porosidade da rocha; 4. Textura da rocha e a forma e distribuição de seus poros; 5. Processos que ocorrem no contato dos líquidos contidos nos poros e a estrutura mineral (ex. Adsorção). Podemos dizer que a resitividade elétrica das rochas e minerais é uma propriedade que depende de diversos fatores. Por exemplo, a resistividade elétrica das rochas cristalinas (pouco porosas) é normalmente alta. No entanto, se esta rocha estiver muito fraturada, a água que circula através das fraturas contendo sais minerais dissolvidos diminuirá bastante a resistividade desta rocha. 1.3 Técnicas de eletrorresisti- vidade METODOS ELÉTRICOS SEV – SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL CAMINHAMENTO ELETRICO POTENCIAL ESPONTÂNEO TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO Sondagem Elétrica Vertical (SEV): Tem por objetivo investigar em profundidade diferentes tipos e situações geológicas, determinar espessuras e resistividades e/ou cargabilidades, a partir de um ponto fixo em superfície. TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO Caminhamento Elétrico: Tem por objetivo determinar as descontinuidades laterais nos materiais geológicos, tipo fraturamentos e/ou falhamentos, contatos, diques, plumas de contaminação, etc.... 1.4 Tipos de Arranjos Sondagem Elétrica Vertical (SEV) A Sondagem Elétrica Vertical (SEV) vertical consiste, basicamente, na análise e interpretação de um parâmetro físico, obtido a partir de medidas efetuadas na superfície do terreno, investigando, de maneira pontual, sua variação em profundidade. Existem dois tipos principais de arranjos para a SEV. O Arranjo Schulumberger e o Wenner. Cálculo da resistividade aparente para o Arranjo Schulumberger O Arranjo Schulumberger consiste em manter os eletrodos de potencial (MN) fixos a uma distância “a” enquanto os eletrodos de corrente (AB) se distanciam de forma crescente do ponto central “O”. I V Ka MN ANAM K No Arranjo Wenner os quatro eletrodos apresentam uma mesma separação “a”, crescente e constante durante todo processo de aquisição de dados, mantendo sempre a relação: AM=MN=NB. I V aa 2 Cálculo da resistividade aparente para o Arranjo Wenner CAMINHAMENTO ELÉTRICO A técnica do Caminhamento Elétrico (CE) consiste no mapeamento da variação lateral e em profundidade da resistividade e/ou cargabilidade do meio a partir de medidas efetuadas na superfície do terreno, sendo apresentada em forma de uma seção. Arranjo Dipolo - Dipolo No desenvolvimento desta técnica existem varios tipos de arranjos possiveis de serem utilizados, tais como: Dipolo-Dipolo, Polo-Dipolo, Gradiente, Schulumberger, Wenner, etc. Arranjo Dipolo-Dipolo Neste Arranjo, os eletrodos AB de injeção de corrente e MN de potencial são dispostos em uma linha e o arranjo e definido pelos espaçamentos entre os eletrodos . As principais características do arranjo dipolo-dipolo são: • Espaçamento entre os eletrodos AB e MN são iguais • Os centros dos dipolos AB e MN não permanecem fixos se deslocando ao longo da linha a ser levantada. Arranjo Dipolo – Dipolo conforme aumenta a distância entre os eletrodos de corrente (AB) e os de potencial (MN) as medidas são efetuadas em várias profundidades de investigação (n), isto é, n= 1, 2, 3, 4, 5..., X. A profundidade de investigação é determinada no ponto de intersecção ente uma linha que parte do centro do arranjo de eletrodos AB e outra que parte do arranjo MN, com ângulo de 450 xnnnk )2()1( Cálculo da resistividade aparente para o Arranjo Dipolo-Dipolo I V Ka xGK 2 2 1 1 21 1 nnn G Arranjo Polo-Dipolo No Arranjo, os eletrodos B de injeção de corrente é colocado no infinito ou seja 10 vezes a maior abertura entre o eletrodo de corrente A e o dipolo. xnnk )1(2 Cálculo da resistividade aparente para o Arranjo Polo-Dipolo I V Ka xGK 2 1 11 1 nn G Teoria da Inversão (RES2DINV) A rotina de inversão usada pelo programa (RES2DINV, 2003) baseia-se no “smoothness constrained” (Suavizacão Forçada) do método dos mínimos quadrados (Groot-Hedlin e Constable, 1990) & (Sasaki, 1992). A suavização-forçada do método de quadrados mínimos é baseada na seguinte equação: (JTJ + uF)*d = JTg onde F = fxfxT + fzfzT F = uma matriz de suavização fx = filtro de nivelamento horizontal. fz = filtro de planicidade verticais. J = uma matriz Jacobiana das derivadas parciais; R = um vetor contendo o logaritmo dos valores de resistividade modelados; u = o fator de suavização; d = o vetor de perturbação do modelo; g = o vetor de discrepância. Teoria da Inversão (RES2DINV) Uma vantagem deste método é que o fator de amortecimento e nivelamento dos filtros podem ser ajustados de acordo com os diferentes tipos de dados. O modelo 2D usado por este programa divide a área subsuperficial em blocos retangulares. O objetivo deste programa é determinar a resistividade dos blocos retangulares a partir da resistividade aparente, que produzirão uma pseudoseção que coincide com os valores reais. Teoria da Inversão (RES2DINV) Para os arranjos Wenner e Schlumberger, a espessura da primeira camada dos blocos é fixado em 0,5 vezes o espaçamento de eletrodos. Para as matrizes dos arranjos pólo-pólo, dipolo-dipolo e pólo-dipolo, a espessura é ajustada para cerca de 0,9, 0,3 e 0,6 vezes o espaçamento entre os eletrodos, respectivamente. A espessura de cada camada subsequente é normalmente mais profunda cerca de 10% (ou 25%). O método de otimização basicamente tenta reduzir a diferença entre o valores de resistividade aparente calculados e medidos ajustando a resistividade dos blocos do modelo. Teoria da Inversão (RES2DINV) O método de inversão padrão usado pelo programa RES2DINV smoothness-constrained (deGroot-Hedlin e Constable, 1990), gera modelos que representam melhor a realidade onde os corpos de interesse têm limites gradativos, como plumas de poluentes ou substratos rochosos com espessas camadas de transição intemperizadas. O refinamento robusto é mais apropriado quando a subsuperfície pode consistir de corpos geológicos discretos, quase homogêneos internamente e com limites abruptos em relação à encaixante. Exemplos disso, são corpos graníticos intrudidos em camadas sedimentares e mineralizações maciças. Teoria da Inversão (RES2DINV) A maior parte dos dados de campo provavelmente envolve ambas as situações: uma com variações suaves de resistividade e outra com corpos geológicos de limites abruptos. De modo a obter o melhor resultado é recomendável sempre que possível realizar o processamento com os dois métodos de inversão, iniciando-se com o método padrão smoothness- constrain seguido da inversão de um modelo robusto. Isto irá permitir situar os dois extremos da faixa de modelos possíveis para os mesmos dados. Feições comuns a ambos os modelos mais provavelmente correspondem à realidade. SEÇÃO PROCESSADA PELO MÉTODO DA INVERSÃO POTENCIAL ESPONTÂNEO POTENCIAL ESPONTÂNEO Mede a diferença de potenciais elétricos naturais e espontâneos (SP) na superfície do terreno, causados por atividade eletroquímica ou mecânica. Estas correntes elétricas naturais geradas no subsolo produzem uma distribuição de potenciais observáveis na superfície do terreno que indicam a presença de corpo polarizado. A água subterrânea é o agente mais importante no mecanismo de geração de SP. Os potenciais podem estar associados à presença de corpos metálicos, contatos entre rochas de diferentes propriedades elétricas (principalmente condutividade), atividade bioelétrica de materiais orgânicos, gradientes térmicos e de pressão nos fluidos de subsuperfície (Gallas 2000). Dentre os vários fenômenos descritos para conceituar este método, um dos principais causadores dos potenciais naturais, é o de potenciais de filtração. O fenômeno que origina estes potenciais naturais é denominado de potenciais de fluxo ou eletrofiltração e consiste na produção de um campo elétrico pelo movimento de eletrólitos (águas subterrâneas) no subsolo (Orellana 1972). Em terrenos permeáveis ou ao longo de fraturas/falhas nas rochas, a água tende a arrastar os cátions, gerando anomalias negativas em locais de pouca saturação e anomalias positivas em locais saturados. Uma das maneiras de efetuar o levantamento é manter um eletrodo fixo e fazer leituras com o outro eletrodo em estações equidistantes do eletrodo base. Outra maneira é deslocar os dois eletrodos simultaneamente que, por sua vez, podem acumular erros durante o levantamento. Uma maneira alternativa é mover alienadamente um eletrodo de cada vez, invertendo a polaridade dos eletrodos em cada medida. Com isso evita-se o acúmulo de erros. O Importante e realizar o levantamento com eletrodos porosos (não polarizáveis). Estes eletrodos consistem de um metal imerso em uma solução de Sulfato de cobre (CuSO4), dentro de um recipiente poroso que permite que a solução vaze lentamente e faça contato com o solo. ELETRODO POROSO Eletrodo poroso para aquisição de Potencial Espontâneo (SP) Potencial Espontâneo (SP) APLICAÇÕES DOS MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE • Locação de poços artesianos. • Verificação de estruturas de barragens; • Identificação de cavidades e de falhas e fraturas; • Identificação do fluxo de água subterrâneo e de plumas de contaminação; • Estudos geotécnicos e geológicos. • Determinação do topo rochoso. Etc... PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS Vantagens: • Com a Sondagem Elétrica Vertical (SEV) você consegue identificar o topo rochoso e a profundidade o NA. • Os perfis de resistividade podem ser usados para detectar e delimitar plumas de contaminação; • As sondagens de resistividade podem estimar a profundidade, espessura e resistividade das camadas; • Os dados das sondagens e dos perfis podem ser avaliados no campo; • Os valores de resistividade podem ser usados para identificar a provável composição geológica de uma camada, estimar a condutividade de uma pluma, identificar falhas/fraturas, lentes de argilas, cavidades e etc... PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS Vantagens: • Com os resultados você irá atuar diretamente no local onde se encontra o problema; diminuindo obras desnecessárias. • Você passa a ter mapas com visualização espacial e seções em profundidade, não somente informações pontuais. • Diminui o numero de sondagens; • Métodos não invasivos. • Versatilidade em campo e varredura de grandes áreas num curto espaço de tempo. PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS Desvantagens: • O método é muito susceptível ao ruído provocado por cercas metálicas, tubos, redes de alta tensão e heterogeneidade geológica; • A interpretação quantitativa exige o uso de curvas padrão e/ou programas de computador e experiência na sua utilização; • O método é relativamente trabalhoso e exige três ou mais operadores no campo. Fim do modulo I Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45
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