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Os Métodos Elétricos são uma ramificação da Geofísica Aplicada. Os métodos geoelétricos são: Métodos Geoelétricos Parâmetros Físicos Eletrorresistividade Resistividade elétrica Polarização Induzida Variações de voltagem Potencial espontâneo Potencial natural Eletromagnético Condutividade Radar de penetração Constante dielétrica/ permissividade → Classificação: Método Parâmetro físico medido Resistividade, cargabilidade, potencial espontâneo Técnica Tipo de investigação - horizontal ou vertical Sondagens, caminhamentos e perfilagens Arranjo Tipo de disposição dos eletrodos no desenvolvimento da técnica Schlumberger, Wenner, dipolo-dipolo, axial → Principais Áreas de Aplicações: As principais áreas de aplicações dos métodos de prospecção geofísicos são: ✿ Geotecnia: o método geoelétrico utilizado é a Eletrorresistividade, usada para cavidades, determinação de topo rochoso e espessura de capeamentos, aquíferos regionais e/ou suspensos, caminhos preferenciais de água e identificação de corpos minerais ✿ Hidrogeologia: o principal método geofísico utilizado é o Método Elétrico, seguido pelos Métodos Potenciais e Sísmicos. As suas principais implicações são: identificação e caracterização litológica das rochas armazenadoras do aquífero, determinação do topo rochoso, determinação de falhas e fraturas, diques e outros corpos intrusivos, determinação do nível da água e a direção do fluxo, do contato água doce/água salgada em aquíferos costeiros e estimativa de porosidade, permeabilidade e transmissividade dos aquíferos. ✿ Estudos Ambientais: os métodos mais utilizados são: Elétricos, Eletromagnéticos e Sísmicos. As principais aplicações são: determinação da pluma contaminante no solo e no aquífero subterrâneo e de estruturas preferenciais em subsuperfície por onde a contaminação pode se propagar, contribuição aos estudos de locais propícios para a construção de aterros sanitários, localização de materiais enterrados e de cavidades. ✿ Geologia de Engenharia e Engenharia Civil: os métodos geofísicos mais usados são: Métodos Sísmicos e Elétricos. As aplicações incluem: determinação do topo rochoso para fundações e dos parâmetros elásticos dinâmicos de solos e rochas, determinação do nível da água, caracterização litológica, estratigrafia geológica geotécnica, detecção de zonas de fraturamento no maciço rochoso, inspeção de estruturas. ✿ Mineração: os métodos mais utilizados são: Elétrico, Eletromagnético e Potenciais. As aplicações incluem: estudos geológicos regionais para a definição de províncias mineralizadas, determinar a geometria de depósitos minerais aluviais, determinar a orientação de fraturas e veios mineralizados, detectar presença de minérios disseminados (sulfetos) e determinar a capa de material estéril. ✿ Arqueologia e Geofísica Forense: os métodos mais utilizados são: Métodos Eletromagnéticos e Elétricos. As aplicações são: detecção de fundações e construções subterrâneas, de artefatos enterrados, de cavernas e túneis e de covas e ossadas. Visão Geral O método de eletrorresistividade caracteriza-se por medir a variação da resistividade elétrica das rochas em subsuperfície. A resistividade elétrica depende basicamente da composição, granulometria, porosidade, grau de saturação e salinidade da água que preenche os vazios das rochas. Quando o terreno não é homogêneo e isótropo, considera-se que o valor medido para cada posição dos eletrodos corresponde a uma resistividade elétrica aparente ra, que reflete a contribuição de diferentes resistividades elétricas das rochas em profundidade, sob a zona central do arranjo dos eletrodos. → Aquisição de Dados Usa-se um sistema de quatro eletrodos AMNB ligados ao terreno (figura 1). Os eletrodos A e B constituem o denominado Circuito de Corrente, enquanto que os eletrodos M e N compõem o Circuito de Potencial. O primeiro transmite corrente elétrica I (miliamperímetro) para o interior da Terra, e o segundo mede a diferença de potencial elétrico ΔV (milivoltímetro) entre os dois eletrodos. A profundidade alcançada aumenta, à medida que o mesmo ocorre com a distância entre os eletrodos de corrente AB, → O que é medido? A resistividade elétrica é obtida por meio da relação: Os métodos elétricos utilizam corrente contínua ou mesmo alternada, mas de frequência muito baixa (< 10 Hz), tal que o fenômeno de indução possa ser desprezado. A corrente pode ser introduzida no terreno através de outros eletrodos enquanto a diferença de potencial é medida por meio de outros eletrodos, trazendo as informações para a subsuperfície. Dentre estes métodos elétricos, destacam-se: ✿ Método do Potencial Espontâneo: utiliza correntes naturais que podem aparecer, por exemplo, nas imediações de concentrações de minerais condutivos ✿ Método da Eletrorresistividade: as correntes são geradas artificialmente ✿ Método da Polarização Induzida: correntes geradas artificialmente, porém a diferença de potencial é medida após cessada a corrente ou fazendo-se variar a sua frequência, o que permite avaliar a capacidade das rochas de armazenar energia elétrica. → Justificativa de utilização: A aplicação do método justifica-se pelo fato de a resistividade elétrica das rochas ser controlada normalmente pela presença de água e pela carga iônica nela dissolvida. Geralmente, as anomalias de baixa resistividade detectadas em subsuperfície são devido à presença de águas subterrâneas e à concentração de sais dissolvidos nelas. → Método da Eletrorresistividade: Neste método, a corrente elétrica alternada de baixa frequência (< 10 Hz) ou contínua é injetada no subsolo através de dois eletrodos (denominados A e B), medindo-se em seguida a diferença de potencial (voltagem) com outros dois eletrodos (M e N). → Técnica de Campo ✿ Sondagem Elétrica Vertical (SEV): investigações verticais das variações de um parâmetro físico com a profundidade, efetuadas na superfície do terreno a partir de um ponto fixo (investigações verticais-pontuais) ✿ Caminhamento Elétrico (CE): investigações laterais das variações de um parâmetro físico, a um ou várias profundidades determinadas, efetuadas na superfície do terreno (investigações horizontais) ✿ Perfilagem Elétrica (PERF): investigações laterais e verticais das variações de um parâmetro físico, efetuadas no interior de furos de sondagens mecânicas → Fundamento Físico ✿ Lei de Ohm: relação entre corrente fluindo através do condutor e o potencial de voltagem requerido para conduzir esta corrente ΔV = RI Se aumentarmos o L (comprimento), o valor de R (resistência do material) aumenta (↑L↑R). Se o diâmetro do condutor diminui, o valor de R também aumenta (↓d↑R). A resistividade é indicada por ρ. Resistividade → Fatores que influenciam a resistividades dos materiais litológicos: ✿ Resistividade dos minerais que formam a parte sólida da rocha ✿ Resistividade dos líquidos e gases que preenchem seus poros ✿ Umidade da rocha ✿ Porosidade da rocha ✿ Textura e forma de distribuição de seus poros ✿ Processos que ocorrem no contato dos líquidos com a estrutura mineral (adsorção de íons) → Mecanismos de propagação de corrente ✿ Condutividade eletrônica (metais e semicondutores): deve-se ao transporte de elétrons na matriz da rocha, sendo a sua resistividade governada pelo modo de agregação dos minerais e os graus de impurezas. ✿ Condutividade iônica (eletrólitos sólidos, dielétricos e eletrólitos líquidos): deve-se ao deslocamento dos íons existentes nas águas contidas nos poros de uma massa de solo, sedimentos inconsolidados ou fissuras das rochas. → Método de Polarização Induzida: Medição de voltagem em função do tempo (IP- domínio do tempo) ou frequência (IP- domínio de frequência). Origem: ✿ Polarização Metálica ou Eletrônica: na superfície limite de um corpo ou partícula submetida a corrente elétrica, tem-se uma passagem da condução iônica para a eletrônica e vice-versa ✿ Polarização de Membrana: ocorre em rochas carentes de substâncias metálicas e é devido a uma diferença de mobilidade entre ânions e cátions pela presença de minerais de argila→ IP - domínio do tempo Ao se aplicar uma corrente elétrica no solo, cria-se uma diferença de potencial V primária, consequentemente é provocada a sua polarização. A diferença de potencial primária Vp não se estabelece e nem se anula instantaneamente quando a corrente é cortada em pulsos sucessivos. Varia com o tempo na forma de uma curva Vip = f(t). Princípios e Aquisição de Métodos da Eletrorresistividade e Polarização Induzida → Método do Potencial Espontâneo ✿ SP: utiliza correntes naturais que podem aparecer, por exemplo, nas imediações de concentrações de minerais condutivos. Trata-se de um método de campo natural e baseia-se no fato de que mesmo na ausência de qualquer campo elétrico artificial, é possível medir uma diferença de potencial entre dois eletrodos impolarizáveis introduzidos no terreno. Tratando-se de prospecção mineral, as anomalias Sp, geralmente negativas, são relacionadas à presença de condutores, sulfetos maciços, no caso. O fenômeno é explicado por reações eletroquímicas na interface corpo/rocha encaixante nos níveis acima e abaixo do lençol freático. Este método consiste na produção de um campo elétrico pelo movimento de eletrólitos no solo. → Origem do Potencial Espontâneo Potenciais elétricos naturais e espontâneos (SP) ocorrem naturalmente no interior das rochas devido à atividade bioelétrica da vegetação, à variação de concentração dos eletrólitos, ao fluxo de fluidos, de íons e de calor. → Aplicação do SP Oferece rapidez e baixo custo, o método é adequado no reconhecimento preliminar, como mapeamento de vazamentos associados a barragens, diques, reservatórios, estudos de fluxo de água subterrânea e delineamento dos seus padrões, estudos geotérmicos, gradientes de concentração química. → Potencial de Mineralização Origem do potencial em mineralizações de sulfeto. Há duas semi-células com reações eletroquímicas de sinais opostos: ✿ Catódica: acima do nível freático, redução química das substâncias em solução ✿ Anódica: em profundidade, oxidação do corpo metálico Método do Potencial Espontâneo: Caminhamento Elétrico → Arranjo Wenner: o espaçamento entre eletrodos é constante → Arranjo Schlumberger: consiste em manter o espaçamento entre os eletrodos MN constante, aumentando a distância AB. Schlumberger Wenner Mais prático no campo, necessário o deslocamento de apenas dois eletrodos Menos prático no campo, necessário deslocamento dos quatro eletrodos Leituras menos sujeitas às interferências produzidas por ruídos Leituras mais sujeitas às interferências produzidas por ruídos indesejáveis Menos suscetível a erros interpretativos em terrenos não homogêneos Mais suscetível a erros interpretativos devido a heterogeneidades laterais Ideal para medidas de resistividade e/ou resistência do solo para fins de aterramento Sondagem Elétrica Vertical: Arranjo Schlumberger A Sondagem Elétrica Vertical (SEV) é utilizada quando as camadas a serem mapeadas são essencialmente horizontais. Recomenda-se que a distância máxima de separação entre os locais de investigação seja igual a duas vezes a profundidade do objetivo. → Profundidade de Investigação A profundidade de investigação é controlada pela distância entre os eletrodos de corrente AB. A profundidade de investigação do SEV é de 10 a 30% de AB ou AB/4. Exemplo: Se AB for 1 km, a profundidade será de 100 a 300 metros. Já a profundidade do Multi-eletrodo (Wenner, Schlumberger, Dipolo-Dipolo) corresponde a 20% do comprimento do cabo. Exemplo: Um cabo com 48 eletrodos espaçados de 5 metros = 240 metros, a profundidade de investigação será de aproximadamente 48 metros. ✿ Dipolo-Dipolo: um dos eletrodos de corrente e potencial são separados por uma distância constante entre si. Neste caso na>>a. ✿ Polo-Dipolo: um dos eletrodos de corrente é posicionado longe dos outros três. A distância "a" é muito menor que a distância "na". → Arranjo e Configurações de eletrodos: → Fatores para a seleção de arranjos de eletrodos ✿ Relação sinal/ruído: é maior quando os eletrodos de potencial estão inseridos dentro dos eletrodos de corrente. Além disso, o ruído é menor quando a distância MN é pouco menor do que a distância AB. ✿ Acoplamento eletromagnético: ocorre entre os cabos dos eletrodos de corrente e de potencial quando a injeção de corrente é interrompida ou alterada. O acoplamento aumenta com a frequência e diminui com a distância entre os eletrodos. ✿ Resolução lateral: é a capacidade de delimitar os limites do corpo geológico lateralmente. ✿ Resolução de estruturas com mergulho acentuado: é a capacidade de identificar e individualizar duas estruturas com mergulho acentuado ✿ Resolução de camadas horizontais: é a capacidade de identificar e individualizar duas camadas diferentes. A diferença entre os métodos é pequena. ✿ Sensibilidade e profundidade: é a capacidade de identificar e individualizar corpos causadores de anomalias em diferentes profundidades ✿ Sensibilidade a mergulho: é a capacidade de mapear o grau de inclinação das estruturas. Wenner, apesar de diferenciar corpos horizontais e verticais, é pouco sensível a mergulhos superiores a 30°. ✿ Sensibilidade a heterogeneidades superficiais: arranjos simétricos são mais sensíveis a este tipo de heterogeneidade. À medida que se aumenta a distância entre eletrodos, a sensibilidade diminui. ✿ Sensibilidade a topografia: arranjos simétricos são mais sensíveis a este tipo de heterogeneidade. À medida que se aumenta a distância entre os eletrodos, a sensibilidade diminui. Arranjo Gradiente Consiste de uma linha de transmissão de corrente AB fixa, com medidas efetuadas entre os eletrodos MN, que são deslocados sobre perfis paralelos à linha AB. ✿ Interferências: encanamentos, tubulações, formigueiros, caixas de alta tensão. Interferências entre MN podem provocar distorção do campo elétrico e próximas a AB apresentam distorção pontual. ✿ Estruturas geológicas: falhas, fraturas. A linha AMNB deve ser paralela a estruturas geológicas e de modo que a superfície topográfica apresente a mínima variação possível. → Cravação dos eletrodos de corrente e recepção Resistências de contato elevadas podem inviabilizar o trabalho. Em locais de alta resistência deve-se aprofundar os eletrodos no solo, saturar o local com água ou ainda conectar mais os eletrodos formando uma rede triangular. Equipamentos → Equipamentos que utilizam corrente alternada são mais recomendáveis, pois evitam problemas de polarização → Frequência deve ser baixa (10 Hz) a fim de evitar problemas de interferência na parte mais superficial do solo, reduzindo profundidade de investigação → Corrente deve ser baixa para evitar eletrólise, especialmente se material tiver água → Movimentação de eletrodos no campo pode ser difícil reduzindo a taxa de aquisição dos dados → Levantamentos ambientais e de engenharia exigem alta densidade de dados → Levantamentos de exploração exigem maior profundidade e menor densidade de dados. → Exemplos de Equipamentos: ✿ Ohm Mapper-Geometrics: é um sistema dipolo-dipolo com detecção de 3 a 100.000 Ohm/m, armazenagem de 2MB de dados. A corrente de saída é de 0.125 a 16 mA e a precisão <3% da medida, com uma profundidade de investigação de 0 a 30 metros. O seu custo é por volta dos US$ 50 mil. ✿ Syscal Pro-Iris Instruments: é um sistema de IP e Resistividade com uma detecção de <1 a 100.000 Ohm/m. A sua armazenagem é de 2700 leituras com uma corrente de saída de 1 a 16 mA. Sua precisão é de <0,5% da medida e um custo de cerca de US$96 mil. ✿ SuperSting R8 - Advanced Geosc: aceita vários arranjos de eletrodos e medidas de IP. Armazenamento de 79000 leituras, corrente de saída 1 mA a 2 A. Precisão 1% da medida e profundidade de investigação variável. O seu custo é de US$50 mil. ✿ Resecs-DMT Gmbh: aceita vários arranjos de eletrodos, armazenagem de 20GB, precisão de 1 microvolt. Profundidade de investigação de 0 a 30 metros e o custo cerca de €36 mil. ✿ Mc OHM EL-Oyo: para perfilagem de poços, espaçamento de eletrodos: 25, 50 e 100cm. Corrente de saída de 2120mA e precisão de 1 microVolt. ✿ 2000 XA-Veris Technology: específico para uso em agricultura, usa arranjo Wenner, armazenamento de 26 horas de dados e profundidade de investigação de 90 cm. Interpretação A partir da aquisição dos dados em campo, são obtidos valores de resistividade aparente. A inversão destes dados permite a obtenção de uma seção (modelo) de resistividade verdadeiras que correspondem à geologia da seção, permitindo a definição e a visualização em profundidade das orientações reais das rochas e estruturas. Nos processos interpretativos de uma SEV, os parâmetros de resistividade e cargabilidade e espessura determinam uma coluna geoelétrica. Na figura 1, temos várias SEV ao longo do perfil, caracterizando uma seção geoelétrica. Na figura 2, tem-se cada camada constituindo um nível geoelétrico. A associação destes estratos com a geologia da área resulta em estratos geoelétricos. Um estrato geoelétrico formado por um ou mais níveis associados pode corresponder a um tipo litológico específico. → Forma de representação Dados de eletrorresistividade podem ser apresentados de seguintes maneiras: ✿ Perfil 2D (xz) ✿ Mapa 2D (xy) ✿ Bloco 3D
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