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1- DIFERENCIAR TROMBOSE DE EMBOLIA. Um coágulo anormal que se desenvolva no vaso sanguíneo é chamado trombo. Após o desenvolvimento do trombo, o fluxo contínuo do sangue que passa pelo coágulo provavelmente vai soltá-lo e causar seu escoamento pelo sangue; esses coágulos que circulam livremente são conhecidos como êmbolos. As tromboses podem ser venosas ou arteriais, de acordo com a parte da circulação que atingem. Arteriais: ocorrem na circulação arterial, que transporta o sangue oxigenado nos pulmões para os tecidos. Venosas: comprometem a parte da circulação (veias) que transporta o sangue que já deixou o oxigênio nos tecidos, de volta para os pulmões para um novo ciclo de oxigenação. Em geral, as tromboses arteriais ocorrem em regiões da circulação arterial que já se encontram parcialmente obstruídas pelo crescimento das chamadas placas de aterosclerose, que resultam da inflamação e acúmulo de colesterol na parede de algumas artérias. Um êmbolo é uma massa intravascular solta, seja de natureza sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue para um local distante de seu ponto de origem (se alojam em vasos pequenos para permitir a sua passagem, resultando em oclusão vascular parcial ou completa), onde pode causar disfunção tecidual e infarto. A vasta maioria dos êmbolos deriva-se de um trombo desalojado — daí o termo tromboembolismo. As causas das condições tromboembólicas no ser humano geralmente são duas: (1) qualquer superfície endotelial áspera de um vaso — como a causada pela arteriosclerose, infecção ou trauma — provavelmente desencadeará o processo de coagulação. (2) O sangue, em geral, coagula quando flui muito lentamente pelos vasos sanguíneos, onde pequenas quantidades de trombina e outros pró- coagulantes sempre estão sendo formados. 2- ELUCIDAR A FORMAÇÃO DO TROMBO ARTERIAL NA PRESENÇA DA PLACA DE ATEROMA Para explicar os motivos que levavam à formação de trombos venosos ou arteriais, um patologista, Rudolf Virchow, o pai da patologia moderna, criou uma teoria que consiste em uma tríade de fatores principais, que desencadeiam a ocorrência de eventos trombóticos: a tríade de Virchow. Como o nome sugere, três alterações estão envolvidas na trombose, tanto de forma isolada quanto simultânea. As alterações são: alterações da parede vascular, alterações hemodinâmicas e alterações sanguíneas (hipercoagubilidade). 1 - Alterações da parede vascular ou cardíaca Diversas condições podem provocar lesões na parede vascular ou cardíaca, como, por exemplo, aterosclerose, lesões causadas pelo sistema imunológico (como vasculites decorrentes de deposição de imunocomplexos), traumas, bactérias na superfície vascular, endocardite (bactérias no endocárdio), migração de parasitos na parede vascular, infiltrações neoplásicas provocando erosões vasculares e infarto agudo do miocárdio. Um endotélio íntegro, seja vascular ou cardíaco, possui, como características principais, ser anticoagulante, antiplaquetário e fibrinolítico. Quando ocorre uma lesão do endotélio vascular ou cardíaco, esse endotélio torna-se pró-trombótico, pois o colágeno subendotelial é exposto e promove adesão e agregação plaquetária. Além disso, o colágeno exposto, ao ter contato com o plasma, leva a ativação intrínseca da cascata de coagulação. As células endoteliais se contraem e liberam o fator tecidual, que ativa a via extrínseca da cascata de coagulação. E, assim, o processo se instala. Independente da via de ativação, chega-se a uma via comum, onde há ativação de protrombina, que é convertida em trombina. E a trombina, por sua vez, converte o fibrinogênio em fibrina, e, então, tem-se a rede de fibrina, juntamente às plaquetas, formando o trombo. Além de todos esses fatores que formam o trombo, o que acontece na trombose é uma deficiência do sistema fibrinolítico. E, assim, a fibrina não é degradada quanto deveria ser, e o trombo permanece. O fisiológico seria o endotélio liberando o ativador de plasminogênio, que seria convertido, então, em plasmina, que faria a degradação da fibrina, auxiliando na degradação do trombo. Mas na trombose isso não ocorre. 2- Alterações Hemodinâmicas Hemodinâmica é a circulação do sangue. Sendo assim, fatores que podem alterar a circulação sanguínea, favorecem a trombose. As duas principais alterações envolvidas são: estase do fluxo sanguíneo e a turbulência. A estase está relacionada à redução da velocidade do fluxo sanguíneo, sendo muito envolvida na trombose venosa. A estase pode ocorrer, por exemplo, em um paciente acamado ou em situações que dificultam o fluxo sanguíneo venoso. A estase provoca uma alteração do fluxo laminar. Quando ocorre uma alteração do fluxo lamelar por estase, o que acontece é que as células da lamela axial (plaquetas e leucócitos) passam para a lamela marginal, e, assim, facilita o contato das plaquetas com o endotélio. E, se o mesmo estiver lesado, facilita a adesão, agregação, e toda aquela cascata de coagulação e formação de um trombo. Além do mais, a redução da velocidade do fluxo lentifica a eliminação dos fatores de coagulação, que, então, ficam concentrados. Já a turbulência está mais relacionada à trombose arterial. Ocorre um aumento da pressão no vaso e isso pode traumatizar, tanto a túnica intima das artérias, quanto o endocárdio. Além de traumatizar o endotélio ou endocárdio, leva à alteração do fluxo lamelar, e as plaquetas passam a lamela marginal, aproximando-se do endotélio. Essa turbulência pode ocorrer, por exemplo, na presença de placas ateroscleróticas. 3- Alterações Sanguíneas – Hipercoagulabilidade Diversos fatores podem contribuir para alterar a coagulabilidade sanguínea. Estes fatores podem ser genéticos ou adquiridos ao longo da vida. Esses fatores alteram a composição do sangue, tornando-o mais suscetível à formação de trombos. Algumas alterações genéticas que propiciam a formação de coágulos são: mutações do fator V, mutação da protrombina e níveis aumentados de fatores VIII, IX, XI ou fibrinogênio. Essas mutações acontecem em mais de 1% da população, sendo as mais comuns. E também pode ocorrer as alterações adquiridas, secundárias. Uma alteração muito importante é a trombocitose, que consiste no aumento do número de plaquetas no sangue. Sendo as plaquetas fundamentais ao processo de coagulação sanguínea, o aumento das mesmas facilita a formação de trombos. Diversas são as causas desse aumento, como, por exemplo, síndromes mieloproliferativas. Outra causa que acarreta em trombocitose são as hemorragias graves no pós – operatório. As anemias ferroprivas também cursam com trombocitose. E as disseminações malignas provocam também a trombocitose. Ou seja, diversas são as causas, e, uma vez que o indivíduo tem a trombocitose, a chance de formação de trombos é maior. Uma outra alteração que altera a composição sanguínea são estados fisiológicos ou patológicos, que alteram a quantidade de fatores de coagulação. Há também aumento de alguns fatores de coagulação em estados patológicos, como a síndrome nefrótica, onde há uma perda maciça de proteínas, incluindo os fatores antitrombóticos. A obesidade é também um fator importante para o desenvolvimento de trombose. Condições que acarretam em perda de líquidos também aumentam a coagulabilidade pois aumenta a viscosidade, por exemplo, desidratações graves e queimaduras. Enfim, são muitos os fatores que podem influenciar na formação de trombos, podendo estar isolados, mas o mais comum é a presença simultânea deles. https://blog.jaleko.com.br/qual-livro-de-fisiologia-devo-comprar/ Resumo: O desenvolvimento do trombo normalmente se relaciona com um ou mais componentes da tríade de Virchow: Lesão endotelial (p. ex., toxinas, hipertensão, inflamaçãoou produtos metabólicos). Fluxo sanguíneo anormal, estase ou turbulência (p. ex., devido a aneurismas, placa aterosclerótica). Hipercoagulabilidade: primária (p. ex., fator de Leiden, aumento da síntese de protrombina, deficiência de antitrombina III) ou secundária (p. ex., repouso no leito, dano tecidual, doenças malignas). 3- COMPREENDER ETIOLOGIAS, COMPLICAÇÕES, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE A aterosclerose é um processo multifatorial e é caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo seu calibre e trazendo um déficit sanguíneo aos tecidos irrigados por elas. Ela é a principal causa de doença cardiovascular (DCV), como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC), que são as duas principais causas de morte no mundo ocidental. As lesões ateroscleróticas podem iniciar seu desenvolvimento já na vida intrauterina e, de forma silenciosa, evoluir ao longo dos anos. Após tornar-se clinicamente evidente, a aterosclerose revela uma variedade de mecanismos subjacentes na sua diversidade de apresentação. FATORES DE RISCO A prevalência e a gravidade da aterosclerose e da doença cardíaca isquêmica (IHD) foram correlacionadas a numerosos fatores de risco em diversas análises prospectivas. Alguns destes fatores de risco são constitucionais (e, portanto, menos controláveis), mas outros são adquiridos ou estão relacionados com comportamentos modificáveis (Tabela 10.3). Esses fatores de risco apresentam efeitos multiplicativos significativos. Dessa forma, a presença de dois fatores de risco aumenta a chance de infarto do miocárdio em aproximadamente quatro vezes, e a presença de três deles (p. ex., hiperlipidemia, hipertensão e tabagismo) aumenta em sete vezes Fatores de Risco Constitucionais Genéticos: O histórico familiar é o principal fator de risco independente para aterosclerose. A maioria dos riscos familiares está relacionada com os traços multifatoriais que acompanham a aterosclerose, como hipertensão e diabetes. Idade: As lesões da aterosclerose geralmente permanecem clinicamente silenciosas até alcançarem um limite crítico de desenvolvimento que ocorre em indivíduos de meia-idade ou mais. Logo, a incidência de infarto do miocárdio aumenta cinco vezes entre 40 e 60 anos. A taxa de mortalidade para a IHD se eleva sucessivamente a cada década. Gênero: o infarto do miocárdio e outras complicações da aterosclerose são incomuns em mulheres na pré- menopausa na ausência de outros fatores predisponentes como diabetes, hiperlipidemia ou hipertensão grave. Após a menopausa, no entanto, a incidência das doenças relacionadas com aterosclerose aumenta e pode até exceder a dos homens. Principais Fatores de Risco Modificáveis Hiperlipidemia: mais especificamente a hipercolesterolemia – é um importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose e é suficiente para induzir lesões na ausência de outros fatores de risco. O principal componente do colesterol associado ao risco aumentado é o colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) (“colesterol ruim”); o LDL distribui o colesterol aos tecidos periféricos. Ao contrário, o colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-C) (“colesterol bom”) mobiliza colesterol das placas vasculares em desenvolvimento e existentes e transporta-o para o fígado para excreção biliar. Hipertensão: Por si só, a hipertensão pode aumentar o risco de IHD em aproximadamente 60%. Tabagismo: O tabagismo prolongado (anos), de um ou mais maços de cigarros por dia, duplica a taxa de mortalidade relacionada com IHD, enquanto a interrupção do tabagismo reduz o risco Diabetes mellitus: está associado a níveis elevados de colesterol circulante e aumenta acentuadamente o risco de aterosclerose. Inflamação: As células inflamatórias estão presentes durante todas as fases da formação da placa ateromatosa e estão intimamente ligadas à progressão e à ruptura da placa (ver discussão a seguir). Há alguma evidência de que um estado pró-inflamatório sistêmico está associado ao desenvolvimento da aterosclerose e, portanto, as medidas de inflamação sistêmica têm sido usadas na estratificação de risco. Dos vários marcadores sistêmicos de inflamação, a determinação da proteína C reativa (PCR) emergiu como uma das mais simples e mais sensíveis. A PCR é um reagente de fase aguda, sintetizado primariamente pelo fígado, em resposta a uma variedade de citocinas inflamatórias. Em alguns estudos, os níveis de PCR, independentemente, predizem o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, doença arterial periférica e morte cardíaca súbita, mesmo entre indivíduos aparentemente saudáveis CARACTERÍSTICA HISTOLÓGICA DOS VASOS A aterosclerose é comum principalmente em artérias de grande e médio calibre. Essas artérias têm características histológicas próprias importantes para a compreensão do processo patológico em questão. As artérias de grande calibre, ou também denominadas, artérias elásticas: Túnica íntima, endotélio (corresponde a uma camada de células epiteliais simples pavimentosa), lâmina basal, camada subendotelial e uma lâmina elástica limitante interna delgada e pouco evidente (tem a função de separar a túnica íntima da túnica média) Túnica média, formada por cerca de 40 a 70 de membrana elástica fenestrada, apresenta algumas células musculares lisas e uma lâmina elástica limitante externa fina e pouco aparente (tem a função de separar a túnica média da túnica adventícia). Túnica adventícia, constituída de uma fina camada de tecido conjuntivo fibroelástico, rodeado por vasos sanguíneos e fibras nervosas. Vale lembrar que arteríolas e veias vão apresentar características histológicas muito semelhantes com a das artérias de grande e médio calibre anteriormente apresentadas, no entanto apenas as artérias e arteríolas vão apresentar lâmina elástica limitante interna e externa, sendo uma característica ausente em todos os calibres venosos. PATOGENIA Fator importante na etiologia da aterosclerose é elevada concentração plasmática de colesterol, sob a forma de lipoproteínas de baixa densidade. A hipótese atualmente mantida sobre a patogenia está associada à hipótese de resposta à lesão. Este modelo considera a aterosclerose uma resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial. A progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e os constituintes celulares da parede arterial. De acordo com este modelo, a aterosclerose resulta dos seguintes eventos patogênicos: ↳ Lesão das células endoteliais – e, consequentemente, disfunção endotelial – causando aumento da permeabilidade, adesão de leucócitos e trombose ↳ Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol) na parede do vaso ↳ Adesão plaquetária ↳ Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas ↳ Acúmulo de lipídeos dentro dos macrófagos, que respondem liberando citocinas inflamatórias ↳ Recrutamento de CMLs em decorrência dos fatores liberados pelas plaquetas ativadas, macrófagos e células da parede vascular ↳ Proliferação de CMLs e produção de MEC 1. lesão endotelial: A perda das células endoteliais devido a qualquer tipo de lesão – induzida experimentalmente pelo desnudamento mecânico, forças hemodinâmicas, deposição de imunocomplexos, irradiação ou produtos químicos – aumenta a expressão das moléculas de aderência nas células endoteliais e reduz sua capacidade de liberar óxido nítrico e outras substâncias que ajudam a impedir a aderência de macromoléculas,plaquetas e monócitos a seu endotélio. Isso resulta em espessamento da íntima e, na presença de uma alimentação com alto teor lipídico, ocorrem ateromas típicos Acredita-se que os estímulos desencadeadores das lesões ateromatosas iniciais incluam hipertensão, hiperlipidemia, toxinas da fumaça do cigarro e homocisteinemia 2. migração de monócitos e ativação de macrófagos: Depois que ocorre a lesão no endotélio vascular os monócitos e lipídios circulantes (principalmente LDLs) começam a se acumular no local da lesão. Os monócitos cruzam o endotélio, até a camada íntima da parede do vaso, e se diferenciam a macrófagos, que então, ingerem e oxidam as lipoproteínas acumuladas, adquirindo aspecto espumoso. Esses macrófagos espumosos, então, se agregam no vaso sanguíneo e formam estria de gordura, que é visível. 3. ativação adicional e acúmulo de lipídeos: A LDL oxidada estimula a liberação local de fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, aumentando o recrutamento de monócitos, e também apresenta ação citotóxica para células endoteliais e para a camada muscular lisa. Com o passar do tempo, as estrias de gordura aumentam e se juntam, e os tecidos dos músculos lisos e fibrosos adjacentes proliferam para formar placas cada vez maiores. Os macrófagos também liberam substâncias que causam inflamação e maior proliferação de músculos lisos e tecido fibroso nas superfícies internas da parede arterial. Como consequência do estado inflamatório crônico, leucócitos ativados e células da parede vascular liberam fatores de crescimento que promovem a proliferação de células musculares lisas e síntese de matriz. 4. Proliferação de Células Musculares Lisas (CMLs) e Síntese de Matriz (MEC): A proliferação de CMLs da íntima e a deposição de MEC convertem a lesão inicial, as estrias gordurosas, em um ateroma maduro, contribuindo assim para o crescimento progressivo de lesões ateroscleróticas. Vários fatores de crescimento estão envolvidos na proliferação das CMLs e síntese de matriz, incluindo o fator de crescimento derivado de plaquetas (liberado pelas plaquetas localmente aderentes, macrófagos, CEs e CMLs), fator de crescimento de fibroblastos e TGF-α. As CMLs recrutadas sintetizam MEC (principalmente colágeno), que estabiliza as placas ateroscleróticas*. No entanto, as células inflamatórias ativadas nos ateromas também podem causar apoptose das CMLs da íntima e ruptura da matriz, levando ao desenvolvimento de placas instáveis. * os fibroblastos da placa, eventualmente, depositam quantidades extensas de tecido conjuntivo denso, a esclerose (fibrose), que fica tão grande que as artérias enrijecem e ficam resistentes. As artérias ateroscleróticas perdem a maior parte de sua distensibilidade e devido às áreas degenerativas em suas paredes, elas facilmente se rompem. Também, nos locais onde as placas invadem o lúmen com sangue circulante, suas superfícies ásperas podem levar à formação de coágulos, com a resultante formação de trombos ou êmbolos, levando ao bloqueio súbito de todo o fluxo de sangue para a artéria. Resumo: 1- Ligação de monócito a molécula de aderência em célula endotelial lesada de artéria. O monócito então migra através do epitélio, para a camada íntima da parede arterial e é transformado em macrófago. O macrófago então, ingere e oxida moléculas de lipoproteínas, tornando-se um macrófago espumoso. As células espumosas liberam substâncias que causam inflamação e crescimento da camada íntima. 2- O acúmulo adicional de macrófagos e o crescimento da camada da íntima fazem com que a placa aumente de tamanho e acumule lipídios. Eventualmente, a placa poderia ocluir o vaso ou se romper, fazendo com que o sangue na artéria coagule e forme trombo. Para saber: arteriosclerose ≠ aterosclerose Arteriosclerose significa, literalmente, “endurecimento das artérias”; constituindo um termo genérico que reflete espessamento e perda da elasticidade da parede arterial. A aterosclerose é caracterizada por lesões na camada íntima dos vasos, chamadas ateromas (ou placas ateromatosas ou ateroscleróticas) que avançam sobre o lúmen vascular e podem se romper causando oclusão súbita. COMPLICAÇÕES A aterosclerose, por causar a obstrução das artérias, pode levar ao desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto do miocárdio. Assim, junto a essas doenças, tornou-se uma das maiores causas de mortalidade no mundo. A aterosclerose está relacionada também a embolias (obstrução de vasos causada por um elemento estranho na corrente sanguínea). A liberação de gordura da ateroma pode formar coágulos sanguíneos (trombos) que podem soltar-se e deslocar- se pela circulação até atingir uma artéria de menor calibre, provocando uma embolia. Pelo fato de os vasos mais acometidos pela aterosclerose serem as artérias elásticas (ex: aorta, carótida e ilíacas) e as de médio e grande calibre (ex: coronárias, renais e poplíteas). Consequentemente, torna-se mais provável que, como complicação do processo aterosclerótico, ocorre isquemia em órgãos como coração, cérebro, rins e na região dos membros inferiores. A oclusão dos pequenos vasos sanguíneos pode levar a hipoperfusão tecidual; a ruptura da placa aterosclerótica pode levar a uma trombose vascular aguda ou, se o trombo for destacado, a uma embolização aguda; e a destruição da parede vascular subjacente pode levar a aneurismas, com ruptura secundária ou uma trombose PAPEL DAS LIPOPROTEÍNAS DE ALTA DENSIDADE NA PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE. Acredita-se que as lipoproteínas de alta densidade são, de fato, capazes de absorver cristais de colesterol que começam a ser depositados nas paredes arteriais. Se este mecanismo for verdadeiro ou não, as HDLs ajudam a proteger contra o desenvolvimento da aterosclerose. Consequentemente, quando a pessoa apresenta proporção elevada de lipoproteínas de alta densidade com relação às de baixa densidade, a probabilidade de desenvolver aterosclerose fica muito diminuída. QUADRO CLÍNICO Os sintomas da doença aterosclerótica são mais frequentes nas artérias que irrigam o coração, o cérebro, os rins, as extremidades e o intestino delgado. No entanto, a aterosclerose é geralmente assintomática até que a estenose da placa exceda 70 ou 80 por cento do diâmetro luminal, o que pode produzir uma redução no fluxo, como ocorre com o fluxo sanguíneo coronário para o miocárdio. O Infarto do miocárdio, infarto cerebral e aneurisma aórtico são as maiores consequências dessa doença. Além disso, a diminuição na irrigação pode levar à gangrena dos membros inferiores ou à oclusão mesentérica. DIAGNÓSTICO Em muitos casos o diagnóstico ocorre em uma situação de emergência, como por exemplo após um infarto ou derrame. No entanto, no intuito de prevenir um evento cardiovascular, idealmente todos as pessoas deveriam realizar exames periódicos para rastreamento e tratamento dos fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose. Pacientes sintomáticos: Avaliam-se os pacientes com sinais e sintomas de isquemia para determinar a magnitude e a localização da oclusão vascular, com vários exames invasivos e não invasivos, dependendo do órgão comprometido (ver em outras seções deste Manual). Esses pacientes também devem ser avaliados para a determinação da existência de fatores de risco de aterosclerose por História e exame físico Perfil lipídico de jejum Níveis de hemoglobina A1C Os pacientes com doença documentada em um local (p. ex., artérias periféricas) devem ser submetidos à investigação clínica para identificação dessa doença em outros locais (p. ex., artérias coronárias e carótidas). Os exames de imagem não invasivos que podem avaliar a morfologia eas características da placa são: Ultrassonografia vascular tridimensional Angiografia por tomografia computadorizada (TC) Angiografia por ressonância magnética (RM) Exames invasivos por cateterismo também são usados. Esses incluem: Ultrassonografia intravascular Angioscopia, Termografia das placas, que é usada para detectar o aumento da temperatura nas placas com processo inflamatório em atividade Tomografia de coerência óptica Elastografia, usada para identificar placas moles ricas em lipídios Além de lipidograma, glicemia plasmática e hemoglobina A1C de jejum, alguns médicos dosam os marcadores séricos de inflamação. Níveis de proteína C reativa de alta sensibilidade ≥ 3,1 mg/L (≥ 29,5 nmol/L) são altamente preditivos de eventos cardiovasculares. Pacientes assintomáticos (triagem): Em paciente com fatores de risco para aterosclerose, mas nenhum sinal ou sintoma de isquemia, o papel dos testes adicionais para além do perfil lipídico não está claro. A maioria das diretrizes recomenda triagem pelo perfil lipídico em pacientes com qualquer uma das seguintes características: Homens ≥ 40 anos Mulheres ≥ 40 anos e mulheres na pós- menopausa História familiar de hipercolesterolemia familiar ou doença cardiovascular precoce (i.e., idade de início < 55 anos para parente de 1º grau do sexo masculino ou < 65 anos para parente de 1º grau do sexo feminino) Diabetes tipo 2 Hipertensão Síndrome metabólica Doença renal crônica [taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ≤ 60 mL/minuto/1,73 m2 ou razão albumina/creatinina (RAC) ≥ 3 mg/mmol] Tabagismo atual Doenças inflamatórias crônicas Infecção pelo HIV História doenças hipertensivas da gestação (pré-eclâmpsia e eclampsia) TRATAMENTO O tratamento para aterosclerose consiste na prevenção de eventos cardiovasculares maiores, instituindo-se estilo de vida saudável. As mudanças no estilo de vida, que comprovadamente diminuem o risco de doenças cardiovasculares, inclui rotina com exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, cessação do tabagismo e com baixo consumo de gorduras e sal, além do controle dos fatores de risco para doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol. Pacientes com baixo ou moderado risco cardiovascular, segundo o Escore de Framingham, e sem evento cardiovascular maior prévio devem ser tratados apenas com mudança no estilo de vida e controle medicamentoso da hipertensão ou diabetes. Todos os pacientes com alto risco cardiovascular segundo Escore de Framingham, devem utilizar estatina de alta potência, independentemente do colesterol LDL basal. Para os pacientes com evento cardiovascular maior prévio, além da estatina, recomenda-se terapia com aspirina dose protetora (100-300mg) em longo prazo. 4- DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E TRATAMENTO DA DISSECÇÃO DE AORTA A dissecção da aorta ocorre quando o sangue se espalha nos planos laminares da média, formando um canal preenchido de sangue dentro da parede aórtica. A dissecção aórtica não precisa estar associada à dilatação da aorta; logo, o nome antigo aneurisma dissecante deve ser evitado. A incidência de dissecção aguda da aorta na população geral é estimada em 2,6 a 3,5 casos para cada 100.000 pessoas/ano. Revisão de 464 pacientes do IRAD relata uma idade média na apresentação clínica de 63 anos, com predominância significativa do sexo masculino (65%). Com relação ao segmento da aorta acometido, as dissecções da aorta ascendente apresentam quase o dobro da prevalência quando comparada à dissecção da porção descendente da aorta A dissecção da aorta ocorre principalmente em dois grupos de idade: homens entre 40 e 60 anos de idade com histórico familiar de hipertensão (mais de 90% dos casos) os homens são acometidos duas vezes mais que as mulheres pacientes jovens com anormalidades no tecido conjuntivo que afetam a aorta (p. ex., síndrome de Marfan). As dissecções também podem ser iatrogênicas (p. ex., complicação de canulação arterial durante cateterismo diagnóstico ou bypass cardiopulmonar). Raramente a gravidez está associada à dissecção da aorta (ou de outro vaso) (cerca de 10 a 20 casos por 1 milhão de nascimentos). Isso geralmente ocorre durante ou após o terceiro trimestre, e pode estar relacionado com o remodelamento vascular induzido por hormônio e ao estresse hemodinâmico do período perinatal. A dissecção é incomum na presença de aterosclerose substancial ou outras causas de cicatriz da média, presumivelmente porque a fibrose medial inibe a propagação do hematoma dissecante. As dissecções envolvendo a aorta ascendente ocorrem duas vezes mais do que as envolvendo a aorta descendente. FATORES PREDISPONENTES Hipertensão arterial sistêmica (HAS), valva aórtica bicúspide, síndrome de Marfan, coarctação da aorta, aneurisma da aorta, cirurgia cardíaca prévia, gravidez e trauma torácico. São fatores de risco: Hipertensão arterial sistêmica; Exercício físico extenuante ou levantamento de peso de alta intensidade; Distúrbios genéticos do colágeno (síndrome de marfan, síndrome de ehlers-danlos); Aneurisma aórtico pré-existente; Válvula aórtica bicúspide; Cirurgia cardíaca ou cateterismo (por iatrogenia); Síndrome de turner; Doenças inflamatórias que causam vasculite (artrite reumatoide); Gestação e parto; e Uso de fluoroquinolonas. CLASSIFICAÇÃO A localização de uma dissecção pode ser descrita de acordo com um dos diversos sistemas de classificação. Todos os esquemas de classificação servem ao mesmo propósito, ou seja, distinguir as dissecções que envolvem a aorta ascendente das daquelas que não o fazem. Na classificação anatômica, dois sistemas são muito utilizados. O sistema de Stanford considera o envolvimento da aorta ascendente (podendo envolver também o arco aórtico e aorta descendente) como tipo A e as demais como tipo B (não envolvem a aorta ascendente). Por outro lado, o sistema DeBakey baseia-se no local de origem: Tipo 1: na aorta ascendente até pelo menos o arco aórtico, com acometimento da aorta descendente; Tipo 2: restrito à aorta ascendente; Tipo 3: na aorta descendente, podendo se estender distalmente. O envolvimento da aorta ascendente acarreta um elevado risco de ruptura precoce e de morte por tamponamento cardíaco, de modo que o prognóstico e o tratamento diferem de acordo com a extensão do envolvimento aórtico. PATOGENIA As dissecções ocorrem quando há entrada de sangue na parede de um vaso havendo separação das camadas. As complicações originadas são rupturas ou obstruções dos vasos ramificados da aorta. A principal via que leva a essa patologia da aorta é a perda da integridade estrutural da parede aórtica, que gera uma laceração primária da íntima com dissecação secundária da média ou uma hemorragia na média que disseca para dentro e rompe a íntima. Em seguida, o fluxo sanguíneo pulsátil segue delaminando essas camadas, criando um falso lúmen, geralmente, entre a camada média e adventícia. Essa delaminação geralmente se continua distalmente, em sentido anterógrado, mas pode também dissecar as porções mais proximais, em sentido retrógrado. Em algumas situações, pode haver um segundo rompimento da íntima, de forma que o sangue retorna da falsa luz à verdadeira. A aorta de pacientes hipertensos apresenta estreitamento dos vasa vasorum associado a alterações degenerativas da MEC e perda variável de camada muscular lisa da média. Isso sugere que a lesão causada pela diminuição do fluxo através dos vasa vasorum seja um fator contribuinte. Vasa vasorum: são pequenos vasos sanguíneos encontrados ao redor de paredesde grandes vasos na camada adventícia, que servem para sua nutrição QUADRO CLÍNICO As manifestações clínicas da dissecção dependem, principalmente, da porção da aorta afetada; as complicações mais graves envolvem as dissecções da aorta proximal e do arco aórtico. Os sintomas clínicos clássicos da dissecção da aorta são: início súbito de dor lancinante, geralmente começando na região anterior do tórax, irradiando-se para o dorso entre as escápulas e na direção descendente, à medida que há progressão da dissecção. A tipo A (tipos I e II de De Bakey) manifesta-se por Dor torácica de início súbito retroesternal, de grande intensidade, associada a náuseas e sudorese. Porém, a dor pode ser idêntica à do IAM Após alguns minutos ou horas a dor vai diminuindo, permanecendo uma dor na região dorsal do tórax (interescapular), devido à extensão da dissecção pela aorta descendente, podendo continuar até a aorta abdominal, em que a dor migra para região lombar. Este caráter migratório e o pico de intensidade da dor logo de início caracteriza a dissecção aórtica Descrição de dor “rasgante ou cortante.” O tipo B manifesta-se como uma dor na região dorsal torácica ou toracolombar. Caso esta dissecção estenda-se para o nível das artérias renais, pode levar à hipertensão severa renovascular. O quadro álgico pode vir acompanhado de diaforese, dispneia, lassidão e síncope. Os achados físicos podem incluir pulsos impalpáveis, pulsos e pressão arterial assimétricos e edema pulmonar. Outros sintomas podem decorrer da isquemia provocada pela oclusão dos ramos que emergem da aorta, inclusive as artérias coronárias A dissecção retrógrada para a raiz da aorta pode causar rompimento fatal do aparelho valvular aórtico ou compressão das artérias coronárias. As manifestações clínicas comuns a partir do envolvimento cardíaco incluem tamponamento, insuficiência da aorta e infarto do miocárdio. Ademais, o falso lúmen pode expandir-se em uma dilatação aneurismática, comprimindo estruturas circunvizinhas como esôfago, brônquios e nervos e gerar sintomas como disfagia e rouquidão. Já quando ocorre ruptura total da parede aórtica, há hipotensão decorrente da hemorragia severa. DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce da dissecção aguda de aorta é de alta importância, pois, além de refletir em um tratamento imediato, a conduta médica depende da extensão e do seguimento acometido. A história clínica, o exame físico e os exames complementares, por fim, são essenciais para o diagnóstico e para a decisão terapêutica. História clinica A avaliação inicial de um paciente estável com suspeita de DA inclui uma história detalhada com avaliação de fatores de risco, de comorbidades e exame físico direcionado para o diagnóstico, uma vez que, em até 30% dos pacientes diagnosticados com esta condição, tiveram outro diagnóstico inicialmente. As manifestações clínicas da DA incluem dor torácica, presente em mais de 90% dos pacientes, sem episódios semelhantes anteriormente, de característica constante com maior intensidade no início, descrita frequentemente como uma dor “rasgada”. Exame físico No exame físico e clínico dos portadores de dissecção aguda de aorta, podemos encontrar assimetria de pulso radial, diferença de pressão arterial de um membro para outro, sopro de insuficiência aórtica e sinais e sintomas de tamponamento cardíaco, choque, insuficiência cardíaca congestiva e acidente vascular encefálico. Os quatro últimos denotam complicação dessa doença A avaliação vascular periférica está anormal na minoria dos pacientes com DA, contudo quando presente pode indicar o tipo de dissecção. A ausência de pulsos nas extremidades superiores sugere dissecção do tipo A, enquanto que a redução de pulso nas extremidades inferiores indica dissecção do tipo B, contudo estas alterações podem se modificar à medida que a dissecção progride. A ausculta cardíaca pode revelar um sopro diastólico relacionado com regurgitação aórtica aguda ou ainda terceira bulha cardíaca indicando sobrecarga de volume do coração esquerdo. Outros achados incluem distensão venosa jugular e pulso paradoxal, sinais de tamponamento pericárdico. Exames complementares Visto que o exame clínico e os testes laboratoriais não são suficientes para a completa elucidação diagnóstica, os estudos de imagem são fundamentais para sua confirmação. RX de tórax Mostra alargamento do mediastino e da silhueta aórtica Separação da calcificação intimal (sinal de cálcio) em mais de 1 cm do contorno externo do botão aórtico É possível encontrar sinais de derrame pericárdico e pleural Limitada sensibilidade, especialmente para as dissecções do tipo B Eletrocardiograma Pode mostrar sinais de hipertrofia ventricular esquerda decorrente da HAS crônica. Exclui IAM. Angiotomografia Exame de ampla disponibilidade Escolha para os pacientes hemodinâmicamente estáveis Demonstração de um flap no vaso, separando a luz verdadeira da falsa Alta sensibilidade e especificidade Suas principais desvantagens são o uso de radiação ionizante, a nefrotoxicidade do contraste e sua inabilidade em avaliar a função da valva aórtica Angiorressonância nuclear magnética é alternativa à angiotomografia nos pacientes onde o diagnóstico é suspeitado mais tardiamente é exame de alta acurácia para o diagnóstico de dissecção da aorta Apresenta a vantagem de não expor o paciente à radiação ionizante, nem à administração de contraste iodado. A desvantagem da técnica consiste em sua execução demorada e na sua baixa disponibilidade nos setores de emergência. Ecocardiograma transesofágico Para os pacientes hemodinâmicamente instáveis é o mais recomendado Ele possibilita um diagnóstico rápido e pode ser facilmente realizado à beira leito no setor de emergência Alta sensibilidade (98%) e especificidade para dissecção tipo A e B É capaz de avaliar a função da valva aórtica e a presença de derrame pericárdico Sua desvantagem é a necessidade de intubação esofágica, a qual pode exigir grau de sedação que pode prejudicar ainda mais o estado hemodinâmico do paciente, além de se tratar de exame operador dependente. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Inclui outras possíveis causas de dor torácica aguda ou dorsalgia, déficit de pulso e déficits neurológicos, como: síndrome coronariana aguda, embolia pulmonar, pneumotórax espontâneo, regurgitação aórtica sem dissecção, ruptura esofagiana, pericardite, hematoma aórtico intramural sem dissecção, aneurisma aórtico, doença arterial periférica e dissecção aórtica crônica. TRATAMENTO O tratamento clínico deve ser iniciado imediatamente após a determinação do diagnóstico e ele objetiva, sobretudo, o controle da dor e a redução da contratilidade cardíaca e da hipertensão arterial, a fim de diminuir a tensão sobre as paredes arteriais, à exceção de quadros que sugiram ruptura total da aorta, e frear a dissecção. Nesse sentido, prossegue-se com a administração de bloqueadores beta- adrenérgicos, vasodilatadores e inibidores de ECA. A intervenção cirúrgica de emergência é o tratamento de escolha para dissecções do tipo A, isto é, que envolvem a aorta ascendente, e para as de tipo B complicadas, ou seja, que comprometam grandes ramos aórticos, indiquem ruptura iminente ou manifestem dor contínua. Recomenda-se a manutenção da pressão arterial sistólica entre 100-120 mmHg e da frequência cardíaca entre 60-80 bpm. Os betabloqueadores endovenosos são a terapia de primeira escolha, em caso de contraindicação, os bloqueadores de canal de cálcio constituem uma alternativa. A cirurgia consiste na excisão da porção com a íntima dilacerada e no posicionamento de uma prótese sintéticaManejo da Dissecção Aórtica Tipo A: A abordagem se faz pela esternotomia mediana, com instalação do circuito de circulação extracorpórea a partir da canulação do átrio direito e da artéria femoral, utilizando-se geralmente hipotermia e tem como finalidade excisar o local de laceração da camada íntima e redirecionar o fluxo pela luz verdadeira. A aorta é reconstruída com um enxerto de dacron, a reimplantação das artérias coronárias pode ser necessária e na presença de insuficiência valvar indica- se valvoplastia ou substituição por uma prótese. Manejo da Dissecção Aórtica Tipo B: A cirurgia aberta envolve a implantação de um enxerto de dacron na aorta torácica descendente. Os procedimentos endovasculares percutâneos têm sido indicados como alternativa para os pacientes que apresentam anatomia favorável e/ou não possuem condições para a cirurgia aberta. Para as dissecções do tipo B não complicadas e estáveis, o tratamento de escolha é o clínico com acompanhamento no ambulatório a cada 6 ou 12 meses e TC ou RM contrastada para detectar propagação ou expansão da dissecção. 5- ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA EM PACIENTES COM RISCO CARDIOVASCULAR Na prevenção primária, não há nem enfermidade, nem doença. As medidas de prevenção seriam abordar estilo de vida saudável e fazer vacinações, por exemplo. Na prevenção secundária, há condições presentes na forma de rótulos designados como doenças. A maioria deles serão fatores de risco e, dessa forma, é discutível se eles deveriam ser entidades de doença por si só. Sendo assim, a prevenção cardiovascular primária envolve abordar os fatores de risco existentes ou não em pessoas sem a doença cardiovascular, como: sedentarismo, níveis de pressão arterial e de colesterol, entre outros. E a prevenção secundária é a abordagem dos cuidados para evitar uma piora do quadro da doença. Portanto, o objetivo da prevenção secundária é reduzir o risco de estágios mais avançados destas condições, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. O programa de prevenção primária e secundária tem fundamental importância abordando os fatores de risco de doenças cardiovasculares e como modificá-los 6- ESTUDAR A IMPORTÂNCIA DA NECROPSIA E SUAS INDICAÇÕES Esse procedimento é de extrema importância no aprendizado e no aprimoramento da Medicina, pois funciona como material para ensino e pesquisa, de modo a proporcionar o reconhecimento de novas doenças e tipos de lesões, a avaliação do controle de qualidade no diagnóstico de enfermidades, a verificação da eficácia da terapêutica utilizada na evolução da moléstia e a elucidação de casos que não têm diagnóstico clinico firmado ou naqueles em que a morte do paciente foi súbita ou inesperada. A morte dita como natural é a consequência de um processo esperado e previsível. Em outros casos, o óbito é o desfecho de uma doença interna, aguda ou crônica, a qual pode ter acontecido e transcorrido sem intervenção ou uso de qualquer fator externo ou exógeno. Os objetivos da autopsia nos casos de morte natural convergem para o ponto de determinar o diagnóstico final (causa médica da morte) e se possível o mecanismo que gerou o óbito. Em síntese, a autopsia é o exame padrão ouro para avaliar a acurácia do diagnóstico e a eficiência da terapêutica escolhida. Além disso, contribuem para reduzir o risco de má prática associada aos cuidados de saúde. No Brasil, as autópsias nos casos elegíveis de morte natural, (pessoas que morreram sem assistência médica ou causas naturais desconhecidas), são encaminhadas aos Serviços de Verificação de Óbitos. Diferentemente dos casos de morte suspeita ou com sinais de violência em que o exame é mandatoriamente realizado nos Institutos Médico-Legais (IML). Os profissionais que atuam nas necropsias de casos de morte natural devem estar atentos para indícios de morte violenta em qualquer tempo do procedimento de necropsia. Ao se deparar com uma situação em que envolva a mínima suspeita o corpo deverá ser encaminhado ao Instituto Médico-Legal. O médico deve ter consciência de que ao não reportar essa suspeita às autoridades competentes pode ter implicações jurídicas importantes Na investigação médico-legal a autopsia forense se concentra em determinar a causa, tempo e circunstâncias da morte de causa não natural. Nesses casos a autopsia será complementada com dados do local onde o corpo foi encontrado. Com o decurso da investigação policial será finalizado o diagnóstico da causa jurídica da morte. Portanto, o diagnóstico da causa jurídica da morte interessa ao processo penal e além disso, no âmbito civil é importante devido ao fato de que existem restrições contratuais em seguros quando a causa for suicídio. Soma-se ainda a circunstância de que podem existir indenizações maiores quando determinado que a morte não foi de causa natural, como nos casos de mortes acidentais ou homicídio. O diagnóstico da causa jurídica da morte é a principal razão para a realização da necropsia forense. Ainda que esteja claro o motivo da morte o procedimento é indispensável sob a luz do Código de Processo Penal (arts.159 e 160). Não é atribuição do médico legista realizar a averiguação da causa jurídica. Por exemplo, essa prerrogativa baseia-se no fato de que, o médico não pode atestar como concreto mesmo que saiba que existe alta probabilidade de que um caso tenha sido suicídio. Além da causa mortis o médico deve avaliar o tempo estimado da morte (tanatognose), a identificação médico-legal e realizar outras averiguações que julgue pertinente. Um cadáver deverá ser encaminhado ao IML quando a morte for proveniente de algum tipo de violência ou causas externas como: acidente de trânsito ou de trabalho, homicídio, suicídio, afogamento, intoxicação exógena, vítimas de incêndios, eletrocussão, bronco aspirações, dentre outras causas externas ou ainda quando for vítima de morte natural mas a identificação do corpo for desconhecida. Inclui-se ainda a sequela de complicações de quaisquer das situações citadas anteriormente independentemente do tempo decorrido entre o evento e a morte. A diferenciação de morte de causa natural ou não- natural e qual passo seguir para encaminhamento do cadáver a autoridades competentes deve ser de conhecimento de todos os médicos. Todo profissional médico irá se deparar com alguma situação em sua carreira, no qual necessitará ter sólido conhecimento das definições expostas anteriormente. Do mesmo modo que a sociedade precisa entender a utilidade desses procedimentos, para evitar que os familiares em processo de luto experimentem maior sofrimento ao desconhecerem o propósito desse exame.
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