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VDV OBJETIVOS: 1- Entender a angina e seus tipos; 2- Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia e manifestações clínicas da DAC; 3- Analisar o diagnóstico e tratamento da DAC. ANGINA A angina pectoris é uma dor torácica intermitente causada por isquemia miocárdica transitória e reversível. (ROBBINS) A dor provavelmente é consequência da liberação, induzida pela isquemia, de adenosina, bradicinina e outras moléculas que estimulam as vias aferentes autônomas. (ROBBINS) A dor da angina em geral está localizada na área precordial ou subesternal do tórax e, semelhantemente à dor do infarto do miocárdio, pode irradiar até o ombro esquerdo, mandíbula, braço ou outras áreas do tórax. (PORTH) Em algumas pessoas, a dor no braço ou no ombro pode ser confundida com artrite; em outras, a dor epigástrica é confundida com indigestão. (PORTH) A angina normalmente é categorizada conforme a ocorrência (durante o exercício ou em repouso), o aparecimento, início recente ou o aumento da gravidade. (PORTH) A angina de peito normalmente é precipitada por situações que aumentam as demandas de trabalho cardíaco, como mediante esforço físico, exposição ao frio e estresse emocional. (PORTH) A dor tipicamente é descrita como uma sensação de aperto, esmagamento ou sufocamento; costuma ser estável, aumentando em intensidade somente no início e no final do ataque. (PORTH) Angina Estável A angina típica ou estável consiste em dor torácica episódica e previsível associada a certos graus de esforço físico ou a alguma outra demanda aumentada (p. ex., taquicardia). (ROBBINS) A dor é descrita como sensação subesternal constritiva ou em aperto, que pode irradiar pelo braço esquerdo ou pela mandíbula esquerda (dor referida). (ROBBINS) A dor geralmente é aliviada pelo repouso (que reduz a demanda) ou por fármacos como a nitroglicerina, um vasodilatador que aumenta a perfusão coronariana. (ROBBINS) A angina estável crônica está associada a uma obstrução coronariana fixa que produz disparidade entre o fluxo sanguíneo coronariano e as demandas metabólicas do miocárdio. (PORTH) A angina estável é a manifestação inicial da cardiopatia isquêmica em aproximadamente metade das pessoas com DAC. (PORTH) Ainda que a maior parte das pessoas com angina estável apresente cardiopatia aterosclerótica, a angina não se desenvolve em uma quantidade considerável de pessoas com aterosclerose coronariana avançada. (PORTH) Isso provavelmente se deve ao estilo de vida sedentário, ao desenvolvimento de uma circulação colateral adequada, ou à incapacidade dessas pessoas de perceber a dor. Em muitos casos, o infarto do miocárdio ocorre sem histórico de angina. (PORTH) Angina de Prinzmetal A angina de Prinzmetal ou angina variante ocorre durante o repouso e é causada pelo espasmo de uma artéria coronária. (ROBBINS) Embora esses espasmos normalmente ocorram nas placas ateroscleróticas preexistentes ou perto delas, vasos completamente normais também podem ser afetados. (ROBBINS) A angina de Prinzmetal normalmente responde imediatamente a vasodilatadores, como a nitroglicerina e os bloqueadores dos canais de cálcio. (ROBBINS) Angina Instável A angina instável (também chamada angina em crescendo) é caracterizada por uma dor cada vez mais frequente que é precipitada por esforço físico progressivamente menor ou que ocorre até mesmo durante o repouso. (ROBBINS) A angina instável está associada à ruptura de uma placa aterosclerótica acompanhada de trombose superposta, à formação de êmbolos em posição distal ao trombo e/ou a vasoespasmo. (ROBBINS) Angina, aterosclerose e DAC TUTORIA 6 @juliaasoare_ Essa forma de angina é muitas vezes precursora do infarto do miocárdio (IM), precedendo uma obstrução vascular total. (ROBBINS) A fisiopatologia da AI/IMSEST pode ser dividida em cinco fases: (PORTH) 1- Desenvolvimento de uma placa instável que rompe, ou erosão da placa com trombose não oclusiva sobreposta 2- Obstrução, como espasmo, constrição, disfunção ou estímulo adrenérgico 3- Estreitamento grave do lúmen coronariano 4- Inflamação 5- Qualquer condição fisiológica que cause isquemia relacionada à diminuição do suprimento de oxigênio, como febre ou hipotensão. A dor associada à AI/IMSEST apresenta uma evolução persistente e grave, sendo definida pela presença de no mínimo uma de três características: (PORTH) 1- Ocorre em repouso (ou com esforço mínimo), normalmente com duração superior a 20 min (se não interrompida com nitroglicerina) 2- É grave e descrita como uma dor inequívoca de início recente (i. e., dentro de 1 mês) 3- É mais grave, prolongada ou frequente do que a apresentada anteriormente. É importante estratificar o risco das pessoas que apresentam IA/IMSEST, porque o resultado pode variar de excelente (com pouca alteração no tratamento) a IMSEST (que requer tratamento agressivo) ou morte. A AI/IMSEST é classificada de acordo com a gravidade, com base no histórico clínico, no padrão do ECG e em biomarcadores séricos. A AI/IMSEST é classificada como: (PORTH) 1- Classe I (angina grave de início recente) 2- .Classe II (angina em repouso no último mês, mas não nas últimas 48 h) 3- Classe III (angina em repouso nas últimas 48 h). Angina Típica (definitiva) Angina Típica é deflagrada com esforço físico ou emoção, em aperto, peso, constrição ou queimação retroesternal com irradiação mais comum para mandíbula, dorso e membros superiores. Aliviada em repouso ou com o uso de nitratos. (PERIOTTO, 2009) Angina Atípica (provável) Angina Atípica é aquela que não apresenta localização e/ou irradiação típicas, podendo apresentar-se até mesmo sem dor como dispneia, eructações, fadiga, síncope ou dor de localização atípica na região epigástrica ou no lado direito do tórax. As apresentações atípicas são mais frequentes em mulheres, diabéticos e idosos. (PERIOTTO, 2009) Dor torácica não cardíaca Presença de somente um ou nenhum dos fatores acima. (PERIOTTO, 2009) DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) Aterosclerose: Etiologia A aterosclerose é caracterizada por lesões na íntima chamada ateromas (ou placasateromatosas ou ateroscleróticas ) que avançam sobre o lúmen vascular e podem se romper causando oclusão súbita. (ROBBINS) A aterosclerose é a base da patogenia das doenças vasculares coronárias, cerebrais e periféricas, e causa mais morbidade e mortalidade (aproximadamente metade de todas as mortes) no mundo ocidental do que qualquer outra doença. (ROBBINS) @juliaasoare_ As placas ateromatosas são lesões elevadas compostas por um centro lipídico friável (grumoso) (formado principalmente por ésteres de colesterol e colesterol, com debris celulares) e recobertas por uma capa fibrosa. (ROBBINS) À medida que aumentam, as placas ateroscleróticas podem obstruir mecanicamente o lúmen vascular, levando à estenose. Contudo, e mais preocupante, as placas ateroscleróticas também são propensas à ruptura, um evento que pode resultar em trombose e oclusão súbita do vaso. (ROBBINS) O espessamento das lesões na íntima também pode ser suficiente para impedir a perfusão da camada média subjacente, que pode ficar enfraquecida pela isquemia e por alterações na MEC causada por inflamação subsequente. (ROBBINS) Em conjunto, esses dois fatores enfraquecem a camada média, estabelecendo o cenário para a formação de aneurismas. (ROBBINS) Fatores de risco Não Modificáveis (constitucionais) Genéticos. O histórico familiar é o principal fator de risco independente para aterosclerose. (ROBBINS) Idade. As lesões da aterosclerose geralmente permanecem clinicamente silenciosas até alcançarem um limite crítico de desenvolvimento que ocorre em indivíduos de meia-idade ou mais. Logo, a incidência de infarto do miocárdio aumenta cinco vezes entre 40 e 60 anos. (ROBBINS) Gênero Masculino. Ao se igualar aos outrosfatores de risco, as mulheres no período de pré-menopausa são relativamente protegidas contra a aterosclerose quando comparadas a homens de mesma faixa etária. Após a menopausa, no entanto, a incidência das doenças relacionadas com aterosclerose aumenta e pode até exceder a dos homens. (ROBBINS) Fatores de risco Modificáveis A hiperlipidemia – e mais especificamente a hipercolesterolemia – é um importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose e é suficiente para induzir lesões na ausência de outros fatores de risco. (ROBBINS) O principal componente do colesterol associado ao risco aumentado é o colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) (“colesterol ruim”); o LDL distribui o colesterol aos tecidos periféricos. (ROBBINS) Ao contrário, o colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-C) (“colesterol bom”) mobiliza colesterol das placas vasculares em desenvolvimento e existentes e transporta-o para o fígado para excreção biliar. (ROBBINS) Consequentemente, níveis mais elevados de HDL correlacionam-se com a redução do risco (ROBBINS) Intervenções alimentares e farmacológicas que reduzem o colesterol sérico total ou LDL e/ou elevam o HDL sérico são: ingestão alimentar elevada de colesterol e gorduras saturadas; ácidos graxos ômega-3; exercício; estatinas. (ROBBINS) A hipertensão é outro fator de risco importante para o desenvolvimento da aterosclerose. Por si só, a hipertensão pode aumentar o risco de IHD em aproximadamente 60%. (ROBBINS) O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido em homens e provavelmente explica a crescente incidência e gravidade da aterosclerose em mulheres. (ROBBINS) O diabetes melito está associado a níveis elevados de colesterol circulante e aumenta acentuadamente o risco de aterosclerose. (ROBBINS) Fatores de risco Adicionais Aproximadamente 20% dos eventos cardiovasculares ocorrem na ausência de fatores de risco identificáveis. (ROBBINS) Por exemplo, em mulheres previamente saudáveis, mais de 75% dos eventos cardiovasculares ocorrem naquelas com níveis de colesterol LDL abaixo de 130 mg/dL (um valor de corte considerado risco limite). (ROBBINS) Outros fatores que contribuem para o risco incluem o seguinte: Inflamação; Hiper-homocisteinemia; Síndrome metabólica; Níveis de lipoproteína; Níveis elevados de pró- coagulantes; Hematopoese clonal. (ROBBINS) Patogênese A hipótese atualmente mantida sobre a patogenia está associada à hipótese de resposta à lesão. Este modelo considera a aterosclerose uma resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial. (ROBBINS) A progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e os constituintes celulares da parede arterial. De acordo com este modelo, a aterosclerose resulta dos seguintes eventos patogênicos: (ROBBINS) • Lesão das células endoteliais – e, consequentemente, disfunção endotelial – causando aumento da permeabilidade, adesão de leucócitos e trombose @juliaasoare_ • Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol) na parede do vaso • Adesão plaquetária • Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas • Acúmulo de lipídeos dentro dos macrófagos, que respondem liberando citocinas inflamatórias • Recrutamento de CMLs em decorrência dos fatores liberados pelas plaquetas ativadas, macrófagos e células da parede vascular • Proliferação de CMLs e produção de MEC Lesão Endotelial: A lesão do endotélio é o pilar da hipótese de resposta ao dano. (ROBBINS) A perda das CEs devido a qualquer tipo de lesão – induzida experimentalmente pelo desnudamento mecânico, forças hemodinâmicas, deposição de imunocomplexos, irradiação ou produtos químicos – resulta em espessamento da íntima; na presença de uma alimentação com alto teor lipídico, ocorrem ateromas típicos. (ROBBINS) No entanto, as primeiras lesões ateroscleróticas humanas iniciam-se em locais de endotélio intacto, mas disfuncional. Estas CEs disfuncionais exibem maior permeabilidade, maior adesão leucocitária e alteração na expressão gênica, que podem contribuir para o desenvolvimento da aterosclerose. (ROBBINS) Acredita-se que os estímulos desencadeadores das lesões ateromatosas iniciais incluam hipertensão, hiperlipidemia, toxinas da fumaça do cigarro e homocisteinemia. As citocinas inflamatórias (p. ex., fator de necrose tumoral [TNF]) também podem estimular a expressão gênica de padrões pró- aterogênicos nas CEs. (ROBBINS) No entanto, as duas causas mais importantes de disfunção endotelial são os distúrbios hemodinâmicos e a hipercolesterolemia. (ROBBINS) Desequilíbrio Hemodinâmico: A importância dos fatores hemodinâmicos na aterogênese é ilustrada pela observação de que as placas tendem a ocorrer nos óstios da saída dos vasos, nos pontos de ramificações e ao longo da parede posterior da aorta abdominal, em que há fluxo sanguíneo turbulento. (ROBBINS) Lipídeos: Os lipídeos são tipicamente transportados na corrente sanguínea ligados a apoproteínas específicas (formando complexos de lipoproteínas). (ROBBINS) As dislipoproteinemias podem resultar de mutações em genes que codificam apoproteínas ou receptores de lipoproteicas, ou de distúrbios que alteram o metabolismo lipídico (p. ex., síndrome néfrica, etilismo, hipotireoidismo ou diabetes melito). (ROBBINS) As anormalidades comuns das lipoproteínas na população em geral (e, de fato, presentes em muitos sobreviventes de infarto do miocárdio) incluem (1) aumento dos níveis de colesterol LDL, (2) diminuição dos níveis de colesterol HDL e (3) aumento dos níveis de lipoproteína(a). (ROBBINS) Várias evidências envolvem a hipercolesterolemia na aterogênese: (ROBBINS) • Os lipídeos predominantes nas placas ateromatosas são colesterol e ésteres de colesterol. • Defeitos genéticos na absorção de lipoproteínas e metabolismo que causam hiperlipoproteinemia estão associados à aterosclerose acelerada. Assim, a hipercolesterolemia familiar homozigótica, causada por receptores de LDL defeituosos e captação inadequada de LDL hepática, pode levar ao infarto do miocárdio aos 20 anos de idade. • Outros transtornos genéticos ou adquiridos (p. ex., diabetes melito, hipotireoidismo) que causam hipercolesterolemia provocam aterosclerose prematura. • Análises epidemiológicas (p. ex., estudo de Framingham) demonstram correlação significativa entre os níveis plasmáticos de colesterol total ou LDL e a gravidade da aterosclerose. • Reduzir o colesterol sérico por meio da alimentação ou fármacos diminui a taxa de progressão da aterosclerose, provoca a regressão de algumas placas e reduz o risco de eventos cardiovasculares. Os mecanismos pelos quais a dislipidemia contribui para a aterogênese incluem os seguintes: (ROBBINS) • A hiperlipidemia crônica, particularmente a hipercolesterolemia, pode prejudicar diretamente a função da CE, aumentando a produção local de radicais livres do oxigênio; dentre outras questões, os radicais livres de oxigênio aceleram a degradação do NO, prejudicando sua atividade vasodilatadora. • Na hiperlipidemia crônica, as lipoproteínas se acumulam dentro da íntima, onde acredita-se que geram dois derivados patogênicos, LDL oxidada e cristais de colesterol. A LDL é oxidada pela ação de radicais livres de oxigênio gerados localmente por macrófagos ou CEs, sendo removida por macrófagos através do receptor scavenger (depurador ou de limpeza), resultando na formação de células espumosas. A LDL oxidada estimula a liberação local de fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, aumentando o recrutamento de @juliaasoare_ monócitos, e também apresenta ação citotóxica para CEs e CMLs. Mais recentemente, demonstrou-se que os cristais de colesterol extracelular diminutos, encontradosnas lesões ateroscleróticas iniciais, servem como sinais de “perigo” que podem ativar células imunes inatas, como monócitos e macrófagos, para produzir IL-1 e outros mediadores pró-inflamatórios. Inflamação: A inflamação contribui para início, progressão e complicações das lesões ateroscleróticas. Os vasos normais não se ligam às células inflamatórias. (ROBBINS) No entanto, no início da aterogênese, as CEs disfuncionais expressam moléculas de adesão que promovem a adesão dos leucócitos, em particular monócitos e linfócitos T que migram para a íntima sob a influência de quimiocinas produzidas localmente. (ROBBINS) Proliferação de Células Musculares Lisas e Síntese de Matriz: A proliferação de CMLs da íntima e a deposição de MEC convertem a lesão inicial, as estrias gordurosas, em um ateroma maduro, contribuindo assim para o crescimento progressivo de lesões ateroscleróticas. (ROBBINS) As CMLs recrutadas sintetizam MEC, que estabiliza as placas ateroscleróticas. (ROBBINS) As placas ateroscleróticas são suscetíveis a várias alterações clinicamente importantes: (ROBBINS) • Ruptura, ulceração ou erosão da superfície luminal das placas ateromatosas expõe substâncias altamente trombogênicas e induz a formação de trombos • Hemorragia dentro da placa. • Ateroembolismo. • Formação de aneurismas. Morforlogia: O desenvolvimento da aterosclerose tende a seguir a série de alterações morfológicas descritas a seguir. (ROBBINS) Estrias Gordurosas. Estrias gordurosas se iniciam como minúsculas “linhas” amarelas, planas, que se coalescem formando lesões alongadas de 1 cm ou mais de comprimento(ROBBINS) Elas são compostas por macrófagos espumosos contendo lipídeos, mas são minimamente elevadas e não causam nenhuma perturbação significativa do fluxo sanguíneo. (ROBBINS) As estrias gordurosas podem aparecer na aorta de crianças com menos de 1 ano de idade e estão presentes em praticamente todas as crianças com mais de 10 anos de idade, independentemente de fatores de risco genéticos, clínicos ou alimentares. (ROBBINS) Nem todas as estrias gordurosas estão destinadas a evoluir para placas ateroscleróticas. Todavia, é notável que as estrias gordurosas das coronárias se formem durante a adolescência e são propensas a formar placas, nos mesmos locais anatômicos, em uma etapa posterior da vida. (ROBBINS) Placa Aterosclerótica. As principais características destas lesões são o espessamento da íntima e o acúmulo de lipídeos. (ROBBINS) As placas ateromatosas são lesões elevadas, branco- amareladas, que variam de 0,3 a 1,5 cm de diâmetro, mas podem coalescer para formar massas maiores. (ROBBINS) O trombo sobreposto a uma placa ulcerada exibe cor vermelho-acastanhada(ROBBINS) As placas ateroscleróticas são irregulares, geralmente envolvem apenas uma porção da parede arterial; no corte transversal, portanto, as lesões parecem “excêntricas”. (ROBBINS) A natureza focal das lesões ateroscleróticas pode estar relacionada com a variação hemodinâmica vascular. (ROBBINS) @juliaasoare_ Distúrbios do fluxo local, como turbulência em pontos de ramificação, tornam determinadas partes da parede dos vasos especialmente suscetíveis à formação de placa. (ROBBINS) Em ordem decrescente de gravidade, a aterosclerose envolve a aorta abdominal infrarrenal, as artérias coronárias, as artérias poplíteas, as artérias carótidas internas e os vasos do polígono de Willis. (ROBBINS) Em um mesmo paciente, a aterosclerose tipicamente é mais grave na aorta abdominal do que na aorta torácica. (ROBBINS) As placas ateroscleróticas apresentam três componentes principais: (1) células, que incluem CMLs, macrófagos e linfócitos T; (2) MEC, que inclui colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos; e (3) lipídeo intracelular e extracelular (ROBBINS) A proporção e a configuração de cada componente variam de uma lesão para outra. (ROBBINS) Mais comumente, as placas apresentam uma capa fibrosa superficial composta por CMLs e colágeno relativamente denso. (ROBBINS) A região de encontro entre a capa e a parede do vaso (o “ombro”) é uma área mais celular contendo macrófagos, linfócitos T e CMLs. (ROBBINS) O núcleo necrótico contém lipídeos (principalmente ésteres de colesterol e colesterol), debris celulares (restos de células necróticas), macrófagos e CMLs com lipídeos (células espumosas), fibrina, trombo com organização variável e outras proteínas plasmáticas. (ROBBINS) O colesterol extracelular frequentemente toma as formas de agregados cristalinos que são lavados durante o processamento de rotina do tecido, permanecendo vazias as “fendas de colesterol”. (ROBBINS) A periferia das lesões exibe neovascularização (proliferação de pequenos vasos sanguíneos). A parte mais profunda da placa, na camada média, pode estar lesada e exibir fibrose secundária à atrofia e perda de músculo liso. Os ateromas típicos contêm lipídeos em relativa abundância, mas algumas placas chamadas placas fibrosas são compostas quase exclusivamente de CMLs e tecido fibroso. (ROBBINS) As placas geralmente aumentam progressivamente ao longo do tempo através da morte e degeneração celular, síntese e degradação da MEC (remodelação) e organização do trombo. (ROBBINS) Os ateromas também sofrem, frequentemente, calcificação. (ROBBINS) Manifestações Clínicas É mais provável que a aterosclerose apresente sinais e sintomas relacionados com a isquemia do coração, cérebro, rins e extremidades inferiores. (ROBBINS) Infarto do miocárdio (ataque cardíaco), infarto cerebral (acidente vascular encefálico), aneurisma da aorta e doença vascular periférica (gangrena das extremidades) são as principais consequências clínicas da aterosclerose. (ROBBINS) O principal achado fisiopatológico decorrente de lesões ateroscleróticas varia dependendo do tamanho do vaso afetado, do tamanho e da estabilidade das placas, e do grau de comprometimento da parede do vaso pelas placas. (ROBBINS) Estenose Aterosclerótica: Nos estágios iniciais, a remodelação da camada média tende a preservar o diâmetro luminal por aumentar a circunferência total do vaso. No entanto, em função dos limites da remodelação, a expansão do ateroma pode apresentar consequências sobre o fluxo sanguíneo. Embora isso ocorra mais comumente como uma consequência da alteração aguda da placa, também pode ocorrer gradualmente, sendo a estenose crítica o ponto no qual a oclusão crônica limita tão gravemente o fluxo que a demanda do tecido excede o suprimento. Nas circulações da artéria coronária (e outras), isso geralmente ocorre quando o vaso está ocluído em aproximadamente 70%. (ROBBINS) Alteração Aguda da Placa: A erosão ou a ruptura da placa geralmente desencadeia trombose, que evolui para a obstrução vascular parcial ou total e, frequentemente, para o infarto tecidual. As alterações da placa dividem-se em três categorias gerais: (ROBBINS) • Ruptura/fissura, expondo os constituintes da placa altamente trombogênicos • Erosão/ulceração, expondo a membrana basal subepitelial trombogênica ao sangue • Hemorragia no interior do ateroma, expandindo seu volume A aterosclerose de artérias coronárias continua sendo uma das principais causas de angina e infarto agudo do miocárdio. Essas placas gordurosas aparecem como manchas ou estrias amareladas nas paredes dos vasos, sendo visualizada em quase todos os membros de qualquer população a partir dos 20 anos de idade. Existem dois tipos de lesões ateroscleróticas: • Placa fixa ou estável (obstrui o fluxo sanguíneo) @juliaasoare_ • Placa instável/vulnerável (pode romper) Dentro de 60 segundos após a oclusão de artéria coronária, a tensão de oxigênio nas células miocárdica afetadas cai essencialmente para zero. Epidemiologia da DAC A DAC é uma doença caracterizada por avanços em estratégias de tratamento e prevenção ao longo do tempo, no entanto, continuasendo a principal causa de mortalidade global e uma das principais causas de morbidade do século XX. (BARBOSA, 2009) Um estudo comparativo sobre a mortalidade de doenças nos anos de 1990 e 2010 mostrou que tanto em 1990, quanto em 2010, as doenças isquêmicas do coração e o Acidente Vascular Cerebral, juntos, foram as condições que mais causaram mortes no mundo, no entanto, a proporção de óbitos em relação ao total aumentou de 20% para 25% no ano de 2010 (BARBOSA, 2009) No Brasil, dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apontam causas cardiovasculares correspondem a cerca de 30% dos óbitos da população (BARBOSA, 2009) Etiologia da DAC O termo doença arterial coronariana (DAC) descreve a cardiopatia causada pelo comprometimento do fluxo sanguíneo coronariano. (PORTH) Na maior parte dos casos, a DAC é causada pela aterosclerose, que não somente afeta as artérias coronárias como também as artérias em outras áreas do corpo. (PORTH) As doenças das artérias coronárias podem causar isquemia do miocárdio e angina, infarto do miocárdio ou ataque cardíaco, arritmias cardíacas, defeitos na condução, insuficiência cardíaca e morte súbita. (PORTH) A cada ano, mais de 790 mil norte-americanos sofrem episódios novos ou recidivantes de infarto do miocárdio. (PORTH) Os principais fatores de risco para a DAC incluem: • Tabagismo • Pressão arterial alta • Elevação colesterol total e do LDL • Baixos níveis HDL, • Diabetes • Idade avançada • Obesidade abdominal • Inatividade física. Fisiopatologia da DAC Circulação coronariana O fluxo sanguíneo coronariano é regulado em grande parte pela necessidade de oxigênio do músculo cardíaco. (PORTH) Até mesmo sob condições normais de repouso, o coração extrai e utiliza 70% do oxigênio contido no sangue que flui pelas artérias coronárias. (PORTH) Como há pouca reserva de oxigênio no sangue, as artérias coronárias precisam aumentar seu fluxo para atender às necessidades metabólicas do miocárdio durante os períodos de aumento da atividade. (PORTH) A média do fluxo sanguíneo em repouso normal nas artérias coronárias é de aproximadamente 225 mℓ/min, ou cerca de 4 a 5% do débito cardíaco total. (PORTH) Durante o exercício extenuante, o fluxo coronariano pode aumentar em 4 a 5 vezes para atender às necessidades energéticas do coração. (PORTH) Um dos principais determinantes do fluxo sanguíneo coronariano é a atividade metabólica do coração. (PORTH) Acredita-se que diversos agentes, denominados metabólitos, atuem como mediadores da vasodilatação que acompanha o aumento do trabalho cardíaco. (PORTH) Essas substâncias, que incluem íons potássio, ácido láctico, dióxido de carbono e adenosina, são liberadas pelas células miocárdicas durante o trabalho. A adenosina liberada parece ter o maior efeito vasodilatador e, talvez, seja o mediador crítico do fluxo sanguíneo local(PORTH) As células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos, incluindo as artérias coronárias, normalmente formam uma barreira entre o sangue e a parede arterial. (PORTH) Elas também sintetizam diversas substâncias que, quando liberadas, podem afetar o relaxamento ou a constrição do músculo liso na parede arterial. (PORTH) @juliaasoare_ Entre os potentes vasodilatadores produzidos pelo endotélio, estão o óxido nítrico, a prostaciclina e o fator hiperpolarizante derivado do endotélio (FHDE). (PORTH) O óxido nítrico é o mais importante de todos. A maior parte dos vasodilatadores e dos estímulos para a vasodilatação exerce seu efeito por meio do óxido nítrico. (PORTH) Os produtos da agregação plaquetária, a trombina, os produtos dos mastócitos e o aumento da força de cisalhamento, que é responsável pela chamada vasodilatação mediada pelo fluxo, estimulam a síntese e a liberação do óxido nítrico. (PORTH) O endotélio também é fonte de fatores vasoconstritores, dentre os quais as endotelinas são os mais conhecidos. (PORTH) Suprimento e demanda de oxigênio do miocárdio. A circulação coronariana fornece o oxigênio e os nutrientes necessários para o músculo cardíaco bombear o sangue para o restante do corpo. (PORTH) Em uma pessoa em repouso, são extraídos 75% do oxigênio do sangue que passa pelo miocárdio. (PORTH) Com as alterações das necessidades metabólicas do corpo, a função cardíaca e o fluxo sanguíneo coronariano precisam se adaptar para atender a essas necessidades. (PORTH) Se houver desequilíbrio no suprimento e na demanda de oxigênio do miocárdio, podem ocorrer isquemia do miocárdio e angina, infarto do miocárdio, ou até mesmo morte súbita. (PORTH) Suprimento de oxigênio do miocárdio. O suprimento de oxigênio do miocárdio é determinado pelo fluxo nas artérias coronárias e capilares, bem como pela capacidade da hemoglobina de transportar e suprir oxigênio para o músculo cardíaco. (PORTH) Os fatores importantes no transporte e no suprimento de oxigênio incluem a fração de oxigênio inspirado no sangue e a quantidade de hemácias contendo hemoglobina com função normal. (PORTH) Até mesmo com o fluxo sanguíneo coronariano adequado, pode ocorrer isquemia do miocárdio em situações de hipoxia, anemia ou intoxicação por monóxido de carbono. (PORTH) Demanda de oxigênio do miocárdio. Existem três determinantes importantes da demanda de oxigênio do miocárdio (MVO2): a frequência cardíaca, a contratilidade ventricular esquerda e a pressão sistólica ou estresse ou tensão da parede do miocárdio. (PORTH) A frequência cardíaca é o fator mais importante na demanda de oxigênio miocárdica, por dois motivos: (PORTH) • À medida que a frequência cardíaca aumenta, o consumo ou demanda de oxigênio do miocárdio também aumenta • Com o aumento das frequências cardíacas, ocorre redução do fluxo sanguíneo coronariano subendocárdico, em consequência da diminuição do tempo de enchimento diastólico Contratilidade miocárdica é a capacidade intrínseca do músculo cardíaco de se encurtar e gerar força. Reflete a interação entre os íons cálcio e as proteínas contráteis (actina e miosina) das fibras musculares e, normalmente, é determinada pela taxa de desenvolvimento da pressão e pelo encurtamento muscular. (PORTH) Com o aumento da contratilidade miocárdica, a taxa de alteração no estresse da parede aumenta, o que por sua vez aumenta a captação de oxigênio pelo miocárdio. (PORTH) Todos os fatores que aumentam a contratilidade, como exercícios, estimulação do sistema nervoso simpático e agentes inotrópicos, aumentam a MVO2. (PORTH) O desenvolvimento de estresse da parede ocorre quando uma tensão é aplicada em determinada área. (PORTH) O estresse da parede ventricular esquerda pode ser considerado a tensão média que as fibras musculares individuais devem gerar para o encurtamento contra a pressão intraventricular desenvolvida. (PORTH) É proporcional ao produto da pressão intraventricular pelo raio do ventrículo, dividido pela espessura da parede do ventrículo. (PORTH) Portanto, a uma determinada pressão, o estresse da parede aumenta com o aumento no raio (dilatação ventricular) e a diminuição na espessura da parede. (PORTH) O termo pré-carga é utilizado para descrever a força de distensão da parede ventricular conforme o ventrículo se enche, antes da contração. (PORTH) As alterações na pré-carga são avaliadas com o uso da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (DFVE). Esta @juliaasoare_ pode ser aferida indiretamente, com o uso da pressão de oclusão (ou em cunha) da artéria pulmonar (POAP), obtida com um cateter arterial pulmonar. (PORTH) Pós-carga é a “carga” contra a qual o coração precisa contrair para ejetar o sangue. (PORTH) Um componente importante da pós-carga ventricular esquerda é a pressão aórtica, ou a pressão que o ventrículo precisa gerar para ejetar o sangue na aorta. (PORTH) Um aumento no estresse da parede, seja causado por umaumento na pré-carga ou na pós-carga, aumenta a MVO2, porque as fibras do músculo cardíaco passam a necessitar de uma taxa maior de consumo de adenosina trifosfato (ATP), conforme desenvolvem mais tensão. (PORTH) Como o estresse da parede está inversamente relacionado à espessura da parede, a hipertrofia ventricular atua como um mecanismo adaptativo, por meio do qual o ventrículo consegue compensar o aumento no estresse da parede que acompanha o aumento da pressão aórtica ou a estenose da valva aórtica. (PORTH) Manifestações Clínicas da DAC Angina Instável; Insuficiência Cardíaca: quando associada à DAC deve- se essencialmente à presença de miocardiopatia isquêmica (disfunção ventricular com hipocontratilidade difusa e dilatação de origem isquêmica) e/ou acinesia/discinesia (aneurisma) do ventrículo esquerdo (VE) (disfunção mecânica segmentar do ventrículo, secundária ao IAM). (BARBOSA, 2009) A depender da extensão do aneurisma, pode haver disfunção dos segmentos normais (não infartados), alterações na geometria ventricular e arritmias ventriculares, o que leva à IC crônica(BARBOSA, 2009) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): evento clínico em que a isquemia miocárdica (95% dos casos estão relacionados à ruptura da placa de ateroma) acomete e danifica o músculo cardíaco. (BARBOSA, 2009) Considerando as alterações observadas no eletrocardiograma, o IAM pode ser classificado em dois grupos: com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) e sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST). (BARBOSA, 2009) A dor é o sintoma significativo, tipicamente grave e esmagadora, com frequência descrita como constritiva, sufocante ou “como se algo estivesse sobre o peito”. Usualmente, a dor é subesternal e irradia para o braço esquerdo, pescoço ou mandíbula, embora possa ser relatada em outras áreas do tórax. Diferente da dor da angina, a dor associada ao IMEST é mais prolongada e não é aliviada com repouso ou nitroglicerina, mas quase sempre requer narcóticos. (PORTH) É comum haver queixas gastrintestinais com o IMEST. Uma sensação de desconforto epigástrico pode estar presente, e podem ocorrer náuseas e vômito. Acredita-se que esses sintomas estejam relacionados à gravidade da dor e à estimulação vagal. (PORTH) Queixas de fadiga e fraqueza, especialmente em braços e pernas, são comuns. A dor e o estímulo simpático se combinam e ocasionam taquicardia, ansiedade, inquietação e sensação de morte iminente. Pode haver tosse produtiva, com expectoração espumosa e rosada. A pele com frequência está pálida, fria e úmida. O comprometimento da função do miocárdio pode levar à hipotensão e ao choque. (PORTH) A morte súbita por IMEST ocorre dentro de 1 h após o início dos sintomas. (PORTH) Isquemia Silenciosa: detectada em cerca de 3% dos indivíduos da população normal e em 30% dos pacientes assintomáticos (após sofrerem IAM). Quase todos os pacientes com angina apresentam episódios numerosos de isquemia sem dor, que correspondem de 75% a 92% da carga isquêmica total; o diagnóstico é feito pelo exame Holter e teste ergométrico (TE), o prognóstico depende principalmente do tamanho da área de risco. A isquemia silenciosa é particularmente importante, pois os pacientes não possuem o mecanismo clássico de alarme isquêmico, que é a dor, o que aumenta substancialmente o risco de eventos súbitos, que podem levar à morte. (BARBOSA, 2009) Isquemia Coronária Aguda: engloba os quadros de angina instável, infarto não-Q e o infarto com onda Q. (BARBOSA, 2009) Está relacionada aos fenômenos de rotura da placa de aterosclerose e superposição de trombose nesses locais. (BARBOSA, 2009) Tromboses de curta duração ou com oclusão parcial da artéria se associam com quadros de angina instável, já tromboses mais persistentes e oclusivas totais estão associadas ao IAM. (BARBOSA, 2009) Vale ressaltar que elas tanto podem ocorrer em pacientes com história de angina pregressa, como podem ser a primeira manifestação de DAC. (BARBOSA, 2009) Morte súbita: evento que, se deixado à evolução natural, leva o paciente à morte, o que nem sempre ocorre em outras formas de isquemia aguda. É responsável por aproximadamente 1/3 das mortes por DAC e pode ser decorrente de arritmias malignas primárias, como a taquicardia ventricular, resultando em fibrilação ventricular ou fibrilação ventricular associada a isquemia aguda. (BARBOSA, 2009) Diagnóstico da DAC @juliaasoare_ Eletrocardiograma: O ECG de 12 derivações é o procedimento diagnóstico cardiovascular utilizado com mais frequência. (PORTH) Seu uso é indicado não somente para o diagnóstico e tratamento da DAC, mas também para a identificação de defeitos da condução ventricular, arritmias, desequilíbrios eletrolíticos, efeitos de medicamentos e anormalidades elétricas ou estruturais mediadas por componentes genéticos. (PORTH) O ECG de 12 derivações padrão usa eletrodos para registrar as diferenças de potencial elétrico geradas por correntes iônicas (potenciais de ação) durante o ciclo cardíaco, entre locais estabelecidos no corpo. A colocação adequada dos eletrodos e o posicionamento do paciente são importantes, porque podem alterar as amplitudes registradas e os eixos do ECG, afetando assim a interpretação. (PORTH) O monitoramento ambulatorial do ECG é realizado com frequência para detectar a ocorrência de alterações transitórias no segmento ST e na onda T, as quais não são acompanhadas por sintomas (i. e., isquemia silenciosa). (PORTH) O monitoramento ambulatorial contínuo do ECG pode ser implementado com o uso de um monitor Holter e/ou monitor de eventos. (PORTH) Outro método, denominado ECG de sinais médios ou de alta resolução (ECGAR), acentua o complexo QRS, de modo que os pós-potenciais de baixa amplitude possam ser identificados. (PORTH) Esses pós-potenciais de baixa amplitude, em alguns casos, podem estar correlacionados a um alto risco de arritmias ventriculares e morte súbita. (PORTH) Biomarcadores séricos: Embora os biomarcadores cardíacos auxiliem os clínicos no diagnóstico de AI/IMSEST em aproximadamente um terço das pessoas, a espera pelos resultados adiaria o tratamento do IMSEST com reperfusão. (PORTH) A interpretação do ECG de 12 derivações deve dar início ao tratamento com reperfusão, por ser esta uma terapia sensível ao tempo. (PORTH) Os biomarcadores séricos de SCA incluem a troponina I (TnI) e a troponina T (TnT) específicas cardíacas, e a creatinoquinase MB (CK-MB). (PORTH) Na medida em que as células do miocárdio se tornam necróticas, seu conteúdo intracelular começa a se difundir pelo interstício adjacente e, em seguida, pelo sangue. (PORTH) A velocidade na qual as enzimas passam a ser observadas no sangue depende da sua localização intracelular, do seu peso molecular e do fluxo sanguíneo local. Por exemplo, elas podem surgir antes do momento previsto em pessoas submetidas à terapia de reperfusão com sucesso. (PORTH) Troponina: As análises de troponina apresentam uma alta especificidade para o tecido miocárdico e se tornaram os exames com biomarcadores primários para o diagnóstico do infarto do miocárdio. (PORTH) O complexo de troponina, que é parte do filamento de actina, é composto por três subunidades (i. e., troponina C [TnC], TnT e TnI), que regulam o processo contrátil da actina e miosina mediado pelo cálcio no músculo estriado. A TnI e a TnT, que estão presentes no músculo cardíaco, começam a aumentar dentro de 3 h após o início do infarto do miocárdio e podem permanecer elevadas por 7 a 10 dias. Isso é especialmente vantajoso no diagnóstico tardio do infarto do miocárdio. (PORTH) Creatinoquinase: A creatinoquinase é uma enzima intracelular encontrada nas células musculares. (PORTH) Existem três isoenzimas da CK, com a isoenzima MB sendo altamente específica para a lesão do tecido miocárdico. Os níveis séricos de CK-MB excedem as variaçõesnormais dentro de 4 a 8 h após a lesão do miocárdio e declinam ao valor normal dentro de 2 a 3 dias. (PORTH) Quando comparamos a troponina e a CK-MB, o nível de troponina identifica a necrose nos músculos cardíacos mais precocemente do que a CK-MB. (PORTH) Os clínicos que examinam os biomarcadores cardíacos devem enfocar os níveis de troponina, em vez dos níveis de CK-MB, para estabelecer o diagnóstico e determinar o sucesso da reperfusão (PORTH) Tratamento da DAC Agentes bloqueadores beta-adrenérgicos. Os betabloqueadores agem reduzindo a frequência cardíaca, a contratilidade miocárdica, o inotropismo e a pressão arterial, levando à diminuição do consumo de oxigênio no miocárdio, redução do tamanho do infarto, da frequência de arritmias ventriculares e da incidência de reinfarto nos pacientes submetidos à terapia trombolítica. (SOCESP) Atualmente, a recomendação é utilizar betaloqueadores, preferencialmente por via oral, iniciando nas primeiras 24 horas da admissão do paciente. (SOCESP) Os efeitos colaterais mais comuns dos betabloqueadores são bradicardia excessiva, distúrbios da condução atrioventricular, hipotensão arterial e broncoespasmo. (SOCESP) São contraindicações ao seu uso: (SOCESP) • História de doença pulmonar obstrutiva crônica significativa e asma. @juliaasoare_ • Frequência cardíaca < 60 bpm, principalmente no infarto de parede inferior • Disfunção ventricular grave (porém, é uma forte indicação a introdução desse agente antes da alta hospitalar, após a estabilização do quadro). • Bloqueio atrioventricular de 2º ou 3o graus. • Pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou queda de 30 mmHg em relação ao nível basal. Nitratos Os nitratos são ésteres sintéticos que promovem vasodilatação arterial e principalmente venosa. (SOCESP) Como consequência, promovem redução da pré e da pós- carga, diminuindo o trabalho cardíaco e o consumo do oxigênio. (SOCESP) Os dois maiores estudos que avaliaram os nitratos na era pós- fibrinolítica foram o GISSI-3 e o ISIS-4, e nenhum deles conseguiu demonstrar redução da mortalidade. (SOCESP) Sendo assim, não existe unanimidade quanto ao uso rotineiro de nitratos em pacientes com SCACSST. (SOCESP) As principais contraindicações aos nitratos são: infarto com comprometimento de ventrículo direito, uso de sildenafila e derivados nas últimas 48 horas, hipotensão arterial e frequência cardíaca inferior a 50 ou superior a 100 bpm. (SOCESP) Antiagregantes plaquetários Ácido acetilsalicílico (AAS) O AAS bloqueia a enzima ciclo-oxigenase derivada do ácido araquidônico, causando imediata inibição de seus derivados, tromboxano A2 (vasoconstritor e pró-agregante) e prostaglandina (vasodilatador e antiagregante plaquetário). (SOCESP) Esse agente continua sendo o antiplaquetário de escolha em todas as formas de coronariopatias, em função das sólidas evidências científicas que comprovam sua eficácia, segurança e excelente relação custo-efetividade. (SOCESP) O uso precoce do AAS reduz o risco de morte em 23% (quando utilizado de forma isolada) e em 42% (quando utilizado com fibrinolítico), além de reduzir de maneira significativa o risco de reoclusão coronária e de eventos isquêmicos recorrentes. (SOCESP) Após a alta hospitalar, o AAS deve ser mantido indefinidamente (dose de 81 a 125 mg/dia) para prevenção ou redu-ção na incidência de novos eventos isquêmicos. (SOCESP) Sua principal contraindicação é a hipersensibilidade e a presença de sangramento ativo. (SOCESP) Antagonistas do receptor P2 Y12 Os receptores P2Y12 se ligam ao ADP e ativam a agregação plaquetária. (SOCESP) Sua inibição, por meio de antagonistas do receptor P2Y12, aumenta a antiagressão e diminui a recorrência de eventos isquêmicos. (SOCESP) Além do cripitogrel, que apresenta algumas limitações, como início de ação lento e resistência antiplaquetária por mutação genética. (SOCESP) Tem-se o prasugrel mostrou--se superior ao clopidogrel na redução de infarto não fatal e no composto de morte por causas cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio e AVE não fatais. Por outro lado, o prasugrel mostrou-se com taxas de sangramento maior mais elevadas. (SOCESP) Outro antiplaquetário, o ticagrelor, é importante na redução do composto por morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio e AVE, bem como dos desfechos isolados de morte por qualquer causa e infarto agudo do miocárdio sem diferença no desfecho primário de segurança. (SOCESP) Analgesia A morfina permanece como analgésico de escolha nos casos de infarto agudo do miocárdio porque, além de promover alívio da dor, reduz a ansiedade e promove vasodilatação arterial, diminuindo a liberação de catecolaminas e, consequentemente, reduzem o consumo de oxigênio e a demanda metabólica. (SOCESP) Entretanto, observa-se em todo o mundo uma tendência à subutilização da morfina, em razão ao uso de baixas doses ou à opção por não fazer analgesia para ter o controle da dor como parâmetro de resposta à reperfusão coronária e aos medicamentos anti-isquêmicos. (SOCESP) Morfina não altera mortalidade e seu uso tem o objetivo de aliviar a dor em pacientes com intensidade elevada da mesma que não obtiveram alívio ou apresentam contraindicação a nitrato. (SOCESP) Pode ser bem empregada em pacientes com sinais de congestão pulmonar importante. (SOCESP) Oxigênio A administração de oxigênio é baseada em estudos experimentais que sugerem redução no tamanho do infarto com essa terapia (SOCESP) Entretanto, apesar de ser uma prática consagrada em todo o mundo, não há evidências definitivas de benefício na redução da morbidade e mortalidade, a menos que haja hipoxemia. (SOCESP) Recomenda-se oxigenoterapia para pacientes com saturação inferior a 90%(SOCESP) @juliaasoare_ Referências: Kumar, Vinay. Robbins Patologia Básica . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2018. Consolim-Colombo, Fernanda, M. et ai. Tratado de cardiologia SOCESP 4a ed. . Disponível em: Minha Biblioteca, (4ª edição). Editora Manole, 2019. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. Bona, Bona. Braunwald - Tratado de Doenças Cardiovasculares . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2017. @juliaasoare_
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