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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA (...) VARA CÍVEL DA COMARCA DE PICOS. MADALENA estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº...Residente e domiciliada em... Picos, por meio de seu advogado infrafirmado, com procuração anexa, com endereço profissional na Rua…e endereço eletrônico.., onde serão encaminhadas as intimações do feito, vem ajuizar, diante de Vossa Excelência, com fulcro nos art. 560 e segs. do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, c/c art. 924 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL e o art. 1.210 do Código Civil, a presente: AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C "MEDIDA LIMINAR" E PEDIDO DE DANOS MATERIAIS. Em face de JOÃO PAULO E NICE , Residentes e domiciliados na Rua…: ..... em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas. I- DOS FATOS: A Autora é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de Picos, residindo no imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel, a autora precisou fazer uma viagem de emergência para o interior do Ceará, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois meses depois a Picos. A autora comentou a viagem aos vizinhos próximos, pedindo que "olhassem" o imóvel no período. Ao retornar da viagem, a autora encontrou o imóvel ocupado pelos referidos réus, que nele ingressaram para fixar moradia, acreditando que a autora não retornaria a Picos. No período os Réus danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena" pirata" de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, que gerando um dano estimado em R$ 6,000,00(seis mil reais). Além disso, os réus vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar da autora, causando um prejuízo estimado em R$19.000,00 (dezenove mil reais). Por essa razão, a Autora não vê outra saída senão propor a ação de reintegração de posse e os devidos pedidos fundamentados a seguir. II- DO DIREITO Urge asseverar, primeiramente, que a Autora promove a presente ação no foro territorial competente, visto que o imóvel em liça situa-se na Rua ..., nº. ..., nesta cidade. Art. 47 do CPC - Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. Essa competência é de natureza absoluta, sendo inderrogável pela vontade das partes. A pretensão autoral está amplamente amparada pela legislação pátria, pela doutrina e jurisprudência. Dispõe o artigo 1.210 do Código Civil, que o possuidor tem o direito à reintegração de posse no caso de esbulho, turbação ou ameaça de violência iminente, in verbis: "Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado." No caso da autora que é proprietária e possuidora do imóvel, comprovado em documento anexo, por necessidade de fazer uma viagem de emergência para o interior do Ceará, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois meses depois a Picos, deixou sob os cuidados de vizinhos e dos próprios Réus, tendo o seu imóvel invadido pelos Réus. A autora detém a posse do imóvel, mesmo estando temporariamente fora do imóvel, que se caracteriza por ser o poder de fato exercido por alguém sobre um bem material corpóreo. O Código Civil trata no art. 1.196 do conceito de possuidor: "Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade." O requisito da ação é o esbulho praticado pelos réus tendo como base o art. 560, do Código de Processo Civil, tudo nos termos do artigo 561, incisos II a IV, do mesmo diploma legal. "O esbulho da posse é o acto em que o possuidor é privado da posse, violentamente, clandestinamente ou com abuso de confiança." Desse modo, a autora foi esbulhada da posse com abuso de confiança, porque, comentou a viagem que iria fazer aos seus vizinhos próximos e pediu que "olhassem" o imóvel durante o período. Só que os Réus citados na ação, que são também seus vizinhos, se aproveitaram do momento e invadiram o seu imóvel. "É o remédio processual adequado à reintegração da posse àquele que a tenha perdido em razão de um esbulho, turbação ou ameaça de violência iminente, sendo privado do poder físico sobre a coisa. A pretensão contida na ação de reintegração de posse é a reposição do possuidor à situação pregressa ao ato de exclusão da posse, recuperando o poder fático de ingerência socioeconômica sobre a coisa. Não é suficiente o incômodo ou perturbação; essencial é que a agressão provoque a perda da possibilidade de controle e atuação material no bem antes possuído." (1) MONTENEGRO Filho, Misael. Novo Código de Processo Civil comentado..-3. ed. rev. e atual. - São Paulo: Atlas, 2018. O Código de Processo Civil determina, no artigo 560, que o possuidor tem o direito a ser reintegrado em caso de esbulho, in verbis: Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. Do ponto de vista processual, o esbulho representa o desapossamento total ou parcial de um bem, advindo de ato praticado pelo réu da ação possessória, retirando do possuidor a prerrogativa de se manter em contato com a coisa, justificando a propositura da ação de reintegração de posse, cujo objeto "é a recuperação da posse do bem, o qual saiu da esfera fático potestativa do possuidor pela prática de esbulho, resultando na inversão da situação, isto é, o poder passa a ser exercido, injustamente, pelo esbulhador (FIGUEIRA JR., Joel Dias. Liminares nas ações possessória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 73)." É sabido que é necessário que haja comprovação, por parte da autora, dos requisitos constantes do artigo 561 do Novo CPC. Certo é Excelência, que o primeiro requisito para o aforamento de ação de reintegração é A PROVA DA POSSE , conforme dispõe o inciso I do art. 561. Código de Processo Civil. Nesse sentido, resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel. pela autora, em virtude da própria certidão de propriedade do imóvel, vez que a posse é a exteriorização do domínio. A jurisprudência nos diz: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REINTEGRAÇÃO DE POSSE - ART. 561 DO CPC-REQUISITOS - COMPROVAÇÃO - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. Nas ações possessórias, a reintegração ou manutenção de posse será deferida quando houver a comprovação pela parte autora de sua posse anterior, do esbulho ou turbação praticada pelo réu, a data de sua ocorrência e a continuidade da posse, mesmo depois de turbada, nos termos do artigo 561 do Código de Processo Civil. Verificado que foram preenchidos os requisitos legais para a tutela da posse contemplados pelo diploma processual, a manutenção da sentença de procedência do pedido inicial é medida que seimpõe. (TJMG-Apelação Cível XXXXX-6/001, Relator (a): Des. (a) Antônio Bispo, 15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 05/03/2020, publicação da sumula em 13/03/2020) Os demais requisitos para a ação são o esbulho praticado pelos Réus diante dos arts. 560 a 568 do Código de Processo Civil; e, tudo nos termos do art. 561, incisos II a IV do Código de Processo Civil. Defere também no caso em questão, o que expressa o artigo 555, I, do Código 561, incisos II a IV do Código de Processo Civil, com a possibilidade de cumulação do pedido possessório com indenização por perdas e danos, in verbis : Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos A cumulação de pedidos tem fundamento não apenas na norma citada, como também no art. 327, do Código de Processo Civil, sendo autorizada por questões de economia processual, evitando a proliferação de ações advindas de um único acontecimento jurídico. A indenização solicitada pela autora pode compreender: danos emergentes, como as avarias decorrentes do esbulho, ou seja, os Réus danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena "pirata" de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6,000,00(seis mil reais) e também os réus vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar da autora, causando um prejuízo estimado em R$ 19,000,00 (dezenove mil reais). Como visto, restou demonstrado os exordial devidamente instruída, a autora faz jus a concessão liminar altera parte, da reintegração de posse do imóvel supracitado, conforme prevê o artigo 562 do Novo CPC. A autora vem sofrendo sério dano em relação ao seu patrimônio, haja vista que após notificar os Réus que este exerce a posse ilegal e clandestina sobre o imóvel. Neste diapasão, provados o esbulho e sua data, a de ser concedida a medida liminar, independentemente da oitiva preliminar da parte promovida. Não há que se falar, portanto, em ato discricionário quanto à concessão desta medida judicial. Rege a jurisprudência: "(...) REINTEGRAÇÃO DE POSSE - PROVA DA POSSE E DO ESBULHO PRESENTES-LIMINAR - POSSIBILIDADE - Existindo a comprovação da posse, do esbulho, da data da sua ocorrência, bem como da perda da posse, nos exatos termos do artigo 927 do CPC, cogente resta a concessão de liminar de reintegração de posse" (TJMG, proc. 1.0433.15.026671-9/001, Rel. Des. Pedro Aleixo, DJ de 18/03/2016). III- DA MEDIDA LIMINAR A parte Autora faz jus à medida liminar de reintegração de posse inaudita altera pars . A presente peça vestibular encontra prova documental robusta, prova esta pertinente aos pressupostos estatuídos. É o que refere o art 562 do Código de Processo Civil, in verbis: "Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. " Com efeito, provados o esbulho e sua data concedida a medida liminar, independentemente da oitiva preliminar da parte promovida. Não há que se falar, portanto, em ato discricionário quanto à concessão desta medida judicial. Frise-se, mais, que na hipótese em vertente não há que se falar em periculum in mora. E que, como consabido, não estamos diante de pleito com função cautelar. Pelo contrário, aqui se debruça acerca do direito objetivo material. Nesse sentido, a jurisprudência afirma: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - MEDIDA LIMINAR-DEFERIMENTO PELO JUIZ-REQUISITOS DO ARTIGO 561 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - DEMONSTRAÇÃO, PELA PARTE AUTORA, DE SUA POSSE E DA DATA DO ESBULHO PRATICADO PELO RÉU - EXISTÊNCIA - RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. - Para a concessão de medida liminar de reintegração de posse, nos termos do artigo 561 do vigente Código de Processo Civil, é necessária a comprovação, pelo Autor, de sua posse anterior, do esbulho praticado pelo Réu e da data de sua ocorrência. - Havendo, nos autos, elementos bastantes para demonstrar, de forma segura, a posse da parte Autora sobre a área litigiosa, bem como o esbulho praticado pela parte Ré, há menos de ano e dia do ajuizamento da demanda possessória, deve ser deferida a medida liminar de reintegração de posse. (TJMG-Agravo de Instrumento-Cu XXXXX-0/001, Relator (a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda, 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/03/0020, publicação da sumula em 14/04/2020) IV- DOS PEDIDOS: Diante o exposto, requer: a) seja deferida a liminar, determinando seja expedido mandado, concedido liminarmente, inaudita altera parte, a reintegração de posse do imóvel situado na Rua XXXXX; b) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda necessária a audiência de justificação nos termos da segunda parte do artigo 562 do Novo Código de Processo Civil, requer o autor digne-se Vossa Excelência de considerar suficiente (art. 563 do Novo CPC), com a consequente expedição de mandado de reintegração de posse; c) Ainda subsidiariamente, caso Vossa Excelência não conceda liminarmente, requer o autor a procedência da presente ação com a consequente expedição do mandado de reintegração da posse, condenado o réu no pagamento das perdas e danos consubstanciadas no valor total de R$ 25,000,00, pelos danos provocados pelos Réus, como as avarias decorrentes do esbulho, ou seja, os Réus danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena " pirata" de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em RS 6,000,00 (seis mil reais) e também os réus vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar da autora, causando um prejuízo estimado em R$ 19,000,00 (dezenove mil reais); d) ao final julgar procedente a presente ação, tornando definitiva a reintegração de posse; e) requer-se a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo conforme artigo 564 do Novo CPC, oferecendo a defesa que tiver sob pena de confissão e efeitos da revelia (art. 344 do Novo CPC), bem como comparecer à audiência de justificação, nos termos do artigo 562, segunda parte, do Novo Código de Processo Civil, caso esta seja designada por Vossa Excelência; g) Protesta o autor por provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, depoimento pessoal do réu sob pena de confissão, caso não compareça, ou, comparecendo, se negue a depor (art. 385, § 1º, do Novo CPC), inclusive em eventual audiência de justificação. Dá-se à causa o valor de R$ … Nestes Termos, Pede Deferimento. Picos, data. Advogado OAB nº