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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE PIRENÓPOLIS – ESTADO DE GOIÁS. WALDECINO FERREIRA NETO, brasileiro, casado, fazendeiro, portador do RG nº 546.595- SSP/GO, inscrito no CPF sob o nº 231.930.341-34, residente e domiciliado na Vila Santa Bárbara, Quadra 12, Lote 07, na cidade de Pirenópilis, Estado de Goiás, por seus advogados devidamente constituídos e qualificados no instrumento de mandato incluso, vem, respeitosamente, à digna presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 1.210 e seguintes do Código Civil c/c artigos 926 e seguintes do Código de Processo Civil, dentre outros dispositivos aplicáveis à espécie, propor a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR em desfavor de MARIA DO AMPARO DA SILVA, JOSÉ AUGUSTO DA SILVA E ALEXANDRE DA SILVA, brasileiros, todos residentes e domiciliados na Rua Polem, nº 2537, Vila Irmã Dulce, Teresina-PI, pelos razões de fato e de direito adiante expostas: I – DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA O requerente pugna, preliminarmente, pelos benefícios da Justiça Gratuita, preconizados na Lei nº. 1.060/50 e no art. 5º, LXXIV, CF/88, por ser pobre na forma da lei, ou seja, não dispõe de condições econômicas para arcar com as despesas de custas processuais e honorários advocatícios, sem colocar seriamente em risco a sua própria manutenção e, até mesmo, sobrevivência. II - DOS FATOS Em 10 de Agosto de 2009, o requerente adquiriu licitamente de DURVALINO CARDOSO, uma parte de terras contendo uma área de 12 alqueires mais ou menos, situada na Fazenda SERRANA, no município da Vila Propício, sendo que tal área de terras se refere ao lote de nº 40. É de bom alvitre ressaltar que o referido imóvel faz parte do programa de assentamento rural promovido pelo INCRA, conforme se infere dos documentos acostados em anexo. Ocorre que o beneficiário primário do referido imóvel cedeu seus direitos a outrem, e assim sucessivamente, até chegar ao requerente, que adquiriu, de forma lícita e de boa fé a toda a área do referido imóvel. Cumpre observar que o imóvel em litígio nunca foi registrado, mas consta, em anexo, toda a cadeira de cessões de direitos realizadas desde o contrato de assentamento celebrado entre o INCRA e o beneficiário da referida glebas de terras, conforme atestam os documentos em anexo. Dessa forma, após a aquisição dos direitos relativos ao imóvel, o autor, demonstrando sua clara intenção de promover a função social na referida propriedade, deu início a inúmeras benfeitorias no local, como instalação de energia elétrica, poços artesiano para extração de água em maior quantidade, construção de curral e barracão, tudo isso para dar início aos projetos que pretende ali desenvolver, como criação de gado e plantio de gêneros alimentícios, garantindo, assim, sua manutenção. No entanto, após construir todas as benfeitorias retro mencionadas, o requerente, após se ausentar do imóvel por algum período não superior a 60 dais, foi surpreendido pela informação de que o requerido tinha adentrado no referido imóvel e ali se instalado, sem qualquer documento ou decisão que o garantisse. Por certo não apresentava nenhum documento por que não tem legitimidade para tal mister, tendo usado exclusivamente de sua influência, pois é sogro de político importante, para invadir o bem alheio e usá-lo como se dono fosse, o que não pode prosperar. Inconformado com toda esta situação, o requerente tentou, por várias vezes, que o requerido espontaneamente desocupasse o imóvel, no que não logrou êxito; assim, não restou outra alternativa ao autor senão a busca da tutela jurisdicional para reaver a posse de seu imóvel, tendo em vista que as tentativas de resolver o conflito amigavelmente restaram-se infrutíferas. III - DO DIREITO O legislador Pátrio, ao disciplinar a organização social brasileira, entendeu por bem assegurar a todo aquele que tiver sido privado de sua posse, injustamente, por violência, clandestinidade ou precariedade, o direito de nela ser restituído, nos termos do Código Civil vigente, vejamos: “Art.1196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. “Art.1210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receito de ser molestado”. O Código de Processo Civil, por sua vez, confirma a vontade do legislador conferindo ao possuidor esbulhado o direito de ser reintegrado na posse perdida injustamente, in verbis: “Art.926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho”. Para que alguém seja considerado possuidor de determinado bem, não é necessário que exerça a posse direta sobre ele, sendo completamente aceitável que pratique somente alguns dos poderes inerentes ao domínio. Portanto, no caso em tela, o autora é, juridicamente, possuidor do aludido imóvel, posto que, apesar de passar algum tempo sem o ocupar, podia dele dispor, tendo, por conseguinte, legitimidade para propor ação possessória sempre que temer ou sofrer moléstia em sua posse. Só que não é este o caso espelhado nos autos, já que o requerente detinha a posse do imóvel, tanto que ali estavam vários semoventes(gado de corte) sendo criados. Com isso, claramente definido que o autor é sim legítimo possuidor do imóvel indevidamente ocupado pelo requerido, fazendo jus ao intento almejado nos autos. Outrossim, dá-se o esbulho quando o possuidor é, injustamente, privado de sua posse por violência, clandestinidade ou precariedade. No primeiro caso, o esbulhador adquire a posse pela força física ou violência moral. Tem-se a clandestinidade quando o esbulhador se estabelece na posse às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la. Por fim, a posse precária é aquela originada do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com o dever de restituí-la. No presente caso, a posse injusta dos requeridos se reveste do vício da clandestinidade, uma vez que estes se aproveitaram de uma situação para invadir ocultamente o seu imóvel, que se encontrava desocupado. O fato de o autor ter se ausentado, temporariamente, do imóvel em litígio, para resolver assuntos particulares, não acarretou a perda de sua posse, pois não houve nenhuma intenção de abandonar a posse do imóvel. O abandono de um determinado bem, e a conseqüente perda de sua posse, somente ocorre, segundo a Ilustre Doutrinadora Maria Helena Diniz, “quando o possuidor, intencionalmente, se afasta do bem com o objetivo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ele quaisquer atos possessórios”, o que, conforme o exposto acima, não ocorreu no caso em tela. Neste sentido, o aresto abaixo: AÇÃO POSSESSÓRIA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ABANDONO DO IMÓVEL. LIMINAR. PRESENÇA DOS REQUISITOS. A simples ausência dos possuidores do imóvel, mesmo que prolongada, não caracteriza o seu abandono. Presentes os requisitos do artigo 927 do CPC, quais sejam, a sua posse, o esbulho praticado pelo Agravante, bem como a data da perda da posse, concomitantemente com os requisitos da fumaça do bom direito e do perigo da demora, é de se confirmar a liminar de reintegração. Agravo não provido. (AGRAVO N° 1.0687.07.056796-5/001, 10ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Relator: Des. Cabral da Silva, Data do Julgamento 19/02/2008). O autor vem a Juízo, por meio da presente ação de reintegração de posse, pleitear o direito de ser restituído na posse do imóvel em questão, em virtude de tê-la perdido injustamente pela prática de atos clandestinos por parte dos requeridos, haja vista que, como bem enfatiza a supracitada doutrinadora Maria Helena Diniz: “ação de reintegração de posse é a movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em razão de violência, clandestinidade ou precariedade”. Pelo exposto acima, afigura-se clarividente que o requerente está sofrendo esbulho na posse do aludido imóvel configurado na conduta ilícita por parte dosrequeridos. IV – DA MEDIDA LIMINAR Como foi exposto, a requerente apresenta todos os requisitos legais para propositura da ação, ficando evidente a posse injusta e de má-fé dos réus. Preceitua o artigo 928 do Código de Processo Civil: “Art.928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada”. Ademais, trata-se o caso em questão de ação de força nova, pois o esbulho foi praticado depois da morte do marido da requerente, ocorrida em maio de 2008, datando, portanto, de menos de ano e dia. Desta forma, é cabível e necessária a concessão da liminar. Neste sentido, destaca-se o pensamento da doutrinado Maria Helena Diniz “se o esbulho datar menos de ano e dia essa ação recebe também a designação de ação de força nova espoliativa, iniciando-se pela expedição do mandado liminar, a fim de reintegrar o possuidor imediatamente. Se é de mais de um ano e dia temos a ação de força velha espoliativa, na qual o magistrado fará citar o réu para que ofereça sua defesa, confrontando as suas provas com as do autor, decidindo quem terá a posse”. V - DO PEDIDO Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência: a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, haja vista tratar-se a autora de pessoa vulnerável economicamente na forma da lei nº. 1.060/50 e no art. 5º, LXXIV, da CF/88, sem condição de arcar com custas processuais e honorários advocatícios. b) A citação do requeridos, para o comparecimento a todas as audiências que se fizerem necessárias, apresentando, se quiserem, resposta no momento devido sob pena de decretação dos efeitos da revelia. c) A intimação pessoal do Membro da Defensoria Pública de todos os atos do processo, contando-se-lhe em dobro todos os prazos, nos termos do art. 128, I da Lei Complementar nº 80/94. d) A concessão da medida liminar inaudita altera pars, com a conseqüente expedição do mandado, a fim de que a requerente seja imediatamente reintegrada na posse do bem. e) A procedência do pedido, para o fim de reintegração definitiva da autora na posse do imóvel, vez que esta é a legitima possuidora. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pelos documentos colacionados, depoimento pessoal das partes, oitivas de testemunhas, sem prejuízo de quaisquer outros que se fizerem necessários no curso da instrução processual. Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Nestes Termos, Pede Deferimento EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA DA COMARCA DE _________________ (oito espaços simples) FULANO DE TAL, brasileiro, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua maravilha, e sua mulher FULANDA DE TAL, do lar, por seu procurador abaixo firmado, conforme instrumento de mandato anexo, com escritório profissional na RUA _________________, onde recebe intimações, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, promover a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE , com fundamento jurídico no art. 926 e seguintes do Código de Processo Civil, contra CICRANO DE TAL, brasileiro, funcionário público, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua Pedro Álvares Cabral nº 1.500 e sua mulher CICRANA DE TAL, comerciária, pelas razões de fato e de direito que passam a expor. 1.- Os autores são legítimos proprietários de um imóvel situado nesta cidade, assim descrito e caracterizado, a saber: . . . . . . . ., como comprovam através da certidão de propriedade anexa, fornecida pelo Ofício Imobiliário competente. 2.- Em data de _____/___/___ último, após receberem informações de pessoas conhecidas, os autores compareceram naquele local e constataram que os réus apossaram-se indevidamente do imóvel supra descrito, nele havendo construído uma pequena casa de madeira, onde mantêm sua residência. 3.- Instados pelos autores que, demonstrando sua condição de proprietários, tentaram, amigavelmente, persuadí-los a desocupar o referido imóvel, negaram-se peremptoriamente, permanecendo até a presente data na situação de esbulhadores. Diante do exposto, com fundamento nos dispositivos legais preambularmente invocados e com fundamento no artigo 499 do Código Civil Brasileiro, requerem a V. Exa.: a) - determinar a expedição de mandado liminar de reintegração de posse sem a ouvida dos réus, eis que o esbulho data de menos de ano e dia; b) - mandar citar os réus para contestarem a presente ação, querendo, sob pena de revelia, prosseguindo o feito até final sentença que torne efetiva a medida liminar, condenando-os nas custas processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais; c) - a cominação de multa para a eventual prática de novo ato esbulhativo. Protestam por todo o gênero de provas e requerem a sua produção pelos meios admitidos em direito, como juntada de documentos, perícias, inquirição de testemunhas e depoimento pessoal dos réus, sob pena de confissão. Valor da causa: R$ ...,.. Nestes termos Pedem deferimento. Local e data Assinatura do procurador.