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SLIDE 1 INICIO APRESENTAÇÃO AÇÕES POSSESSÓRIAS 16 10 202

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Wesley Lucas

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<p>1</p><p>AÇÕES POSSESSÓRIAS</p><p>Prof. Ms. Rodolfo Grellet</p><p>2</p><p>1- Conceito de posse; 2 – Proteção Possessória; 3 – Posse e Detenção; 4 – Posse Direta e Indireta; 5 – Posse Exclusiva; 6 – Composse e Posse Paralelas; 7 – Posse Justa e Injusta; 8 – Cessação dos vícios da Violência ou clandestinidade; 9 – Posse de boa-fé e de má-fé; 10- Posse nova e Posse Velha; 11- Posse ad interdivta e ad usucapionem; 12 – Foro Competente, Legitimidade ativa e passiva, Valor da Causa, Procedimento, Petição inicial, Concessão da Liminar. Participação INCRA; 13 – Ações Possessórias (legitima defesa e desforço imediato); 14 – Pedido de multa ações possessórias; 15 – Exceção de domínio; 16 – Prática das ações de reintegração e manutenção de posse; 17 – Modelos; 18 – ADPF 828 STF LEI 14.216/2021; 19 – Intervenção federal.</p><p>3</p><p>NOÇÕES GERAIS SOBRE A POSSE</p><p>FUNDAMENTO DA POSSE</p><p>O nosso direito protege não só a posse correspondente ao direito de propriedade e a outros direitos reais CHAMADO DE IUS POSSIDENDI – POSSE CAUSAL – DECORRE DE ALGUM ATO OU FATO JURIDICO, como também a posse como figura autônoma e independente da existência de um título – CHAMADA DE IUS POSSESSIONES – POSSE PELO FATO DA POSSE – SEM DECORRER DE UM TÍTULO OU RELAÇÃO NEGOCIAL PESOAL OU REAL.</p><p>Por exemplo o proprietário que é violentamente desapossado de seu imóvel pode valer-se da ação reivindicatória com fundamento na propriedade – título – posse causal – ius possidendi para reavê-lo.</p><p>Mas esse mesmo proprietário que exerce posse direta sobre seu imóvel pode, caso queira utilizar da ação possessória, com base no fato da posse.</p><p>4</p><p>Jus possessionis</p><p>É a posse pelo simples fato de exercer posse sobre uma coisa. Posse não causal.</p><p>EX: Se alguém se, instala em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito a proteção. Tal direito é chamado jus possessionis ou posse formal, derivado de uma posse autônoma, independentemente de qualquer título.</p><p>Em tese eu entro em um imóvel abandonado e lá vou ficando indefinidamente, cumprindo com a função social, o proprietário e verdadeiro possuidor sabe que eu estou usando o imóvel e mesmo assim nada faz para reaver a posse. Nessa hipótese eu em tese serei considerado possuidor – ius possessiones – posse autônoma. Inclusive se preenchido os requisitos poderia a adquirir a propriedade da coisa pela usucapião.</p><p>É tão somente o direito fundado no fato da posse (possideo quod possideo) que é protegido contra terceiros e até mesmo contra o proprietário.</p><p>5</p><p>Jus possidendi</p><p>É a posse causal- dependente de um título.</p><p>Já o direito à posse, conferido ao portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular de outros direitos reais, é denominado jus possidendi ou posse causal. Nesses exemplos, a posse não tem qualquer autonomia, constituindo­-se em conteúdo do direito real.</p><p>A posse decorre de uma relação de direito pessoal(contrato de arrendamento) ou da instituição de um direito real(propriedade)</p><p>Tanto no caso do jus possidendi (posse causal, titulada) como no do jus possessionis (posse autônoma ou formal, sem título) é assegurado o direito à proteção dessa situação contra atos de violência, para garantia da paz social.</p><p>6</p><p>TEORIAS SOBRE A POSSE</p><p>Teoria subjetiva de Savigny</p><p>Para Savigny, a posse caracteriza­-se pela conjugação de dois elementos:</p><p>■ o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa ou na mera possibilidade de ter o contato físico com a coisa, e</p><p>■ o animus, elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê­-la contra a intervenção de outrem. Não é propriamente a convicção de ser dono (opinio seu cogitatio domini), mas a vontade de tê­-la como sua (animus domini ou animus rem sibi habendi), de exercer o direito de propriedade como se fosse o seu titular.</p><p>Os dois citados elementos são indispensáveis, pois, se faltar o corpus, inexiste posse, e, se faltar o animus, não existe posse, mas mera detenção.</p><p>7</p><p>Teoria objetiva de Ihering</p><p>A teoria de Rudolf Von Ihering. Para que a posse exista, basta o elemento objetivo CORPUS – CONTATO FÍSICO OU POSSIBILIDADE DE CONTATO FÍSICO COM A COISA – CONDUTA DE DONO – EXTERIORIZAÇÃO NO CAMPO DOS FATOS DOS PODERES INERENTES A PROPRIEDADE DO ART 1.228 CC, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa.</p><p>DISPENSA O ELEMENTO ANIMICO – SUBJETIVO – VONTADE DE SER O DONO.</p><p>A conduta de dono pode ser analisada objetivamente, sem a necessidade de pesquisar­-se a intenção do agente. A posse, então, é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa. Ela é protegida, em resumo, porque representa a forma como o domínio se manifesta.</p><p>Para Ihering, a posse não é SÓ o poder físico, e sim a exteriorização da propriedade.</p><p>O que sobreleva, portanto, no conceito de posse é a destinação econômica da coisa.</p><p>O código civil adotou como regra a teoria objetiva de Ihering.</p><p>Mas para caracterizar algumas hipóteses de usucapião o legislador vai exigir o elemento corpo e o elemento anímico(exercer posse com vontade de ser o dono)</p><p>Código Civil de 2002- art. 1.196, que assim considera aquele que se comporta como proprietário, exercendo algum dos poderes que lhe são inerentes.</p><p>8</p><p>Teorias sociológicas</p><p>A alteração das estruturas sociais tem trazido aos estudos possessórios, a partir do início do século passado, a contribuição de juristas sociólogos como Silvio Perozzi, na Itália, Raymond Saleilles, na França, e Antonio Hernandez Gil, na Espanha. Deram eles novos rumos à posse, fazendo­-a adquirir a sua autonomia em face da propriedade.</p><p>Essas novas teorias, que dão ênfase ao caráter econômico e à função social da posse, aliadas à nova concepção do direito de propriedade, que também deve exercer uma função social, como prescreve a Constituição da República, constituem instrumento jurídico de fortalecimento da posse, permitindo que, em alguns casos e diante de certas circunstâncias, venha a preponderar sobre o direito de propriedade.</p><p>Exemplo dessa hipótese ocorre nos casos em que as áreas que foram invadidas a muito tempo em que no local existe a consolidação de moradias, escolas, creches, hospitais – verdadeiras cidades. Em que a solução é a indenização do proprietário, não sendo viável por razões sociais a reintegração.</p><p>9</p><p>CONCEITO DE POSSE</p><p>Art 1.196 do Código Civil, ao considerar possuidor “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.</p><p>Posse é conduta de dono.</p><p>Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, inerentes à propriedade, existe a posse.</p><p>10</p><p>POSSE X DETENÇÃO</p><p>Art. 1.198 do mesmo diploma proclama: “Considera­-se detentor aquele que, achando­-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.</p><p>O parágrafo único: “Aquele que começou a comportar­-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume­se detentor, até que prove o contrário”.</p><p>Art. 1.208, CC: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.</p><p>art. 1.224 do Código Civil: Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá­-la, é violentamente repelido”.</p><p>11</p><p>A detenção é uma situação que tinha tudo para ser uma situação de posse, mas que o legislador resolveu desqualifica-la para uma situação de detenção, ou seja quando vc visualiza a relação de fato vc dirá que é uma relação de posse, porém a legislação resolveu dizer que em alguns casos será uma situação de mera detenção.</p><p>LEMBARANDO QUE DIANTE DE UMA SITUAÇÃO DE DETENÇÃO NÃO EXISTE A GERAÇÃO DE EFEITOS COMO OCORRE COM UMA SITUAÇÃO DE POSSE.</p><p>12</p><p>Relação de dependência do detentor para com o dono</p><p>Há situações</p>
<p>FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE INTERVENÇÃO. 1. A intervenção federal é medida de natureza excepcional, porque restritiva da autonomia do ente federativo. Daí as hipóteses de cabimento serem taxativamente previstas na Constituição da República, em seu art. 34. 2. Nada obstante sua natureza excepcional, a intervenção se impõe nas hipóteses em que o Executivo estadual deixa de fornecer força policial para o cumprimento de ordem judicial. 3. Intervenção federal julgada procedente. (IF 107, Corte Especial, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 28/10/2014). Após esse julgado, outros se seguiram, tendo sedimentado esta Corte Especial o entendimento da necessidade de intervenção em casos semelhantes ao presente. Confiram-se as seguintes ementas: "INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE INTERVENÇÃO</p><p>143</p><p>1. Como é cediço, a intervenção federal é medida de natureza excepcional, porque restritiva da autonomia do ente federativo. As hipóteses de cabimento estão, portanto, previstas de forma taxativa na Constituição da República, em seu art. 34; e, na hipótese em questão, no inciso VI do mencionado artigo. 2. Vislumbra-se caso específico de intervenção federal por atentado à independência do Judiciário, pois os outros Poderes constituídos têm o dever de tomar atitude para "prover a execução de [...] ordem ou decisão judicial", quando a efetividade do pronunciamento judicial depender de atos executórios a cargo de algum deles.</p><p>144</p><p>3. A inércia imotivada ou por critérios de conveniência ou oportunidade equivale à anulação, ainda que parcial, da função típica do Judiciário de "dizer o direito", importando em um indesejável e crescente enfraquecimento de um dos Poderes da República. Transformam-se a coercibilidade e o comando inerentes aos provimentos judiciais em simples aconselhamento destituído de eficácia. Em um plano maior, verifica-se lesão a um dos princípios federativos: a independência e harmonia dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (art. 2º da CF/88). É a negação do próprio Estado de Direito. 4. As alegações de que a Procuradoria Federal Especializada (INCRA) indeferiu o pedido de ratificação do título de domínio privado dos Requerentes e declarou nula a titulação estadual que inaugurou a cadeia dominial do imóvel não podem influir em proveito do ente federativo, pois não foi acompanhada de desconstituição judicial das matrículas em questão, razão pela qual permanecem hígidas até a presente data. Merece atenção o fato de que, por diversas vezes, o órgão especializado foi intimado para se manifestar acerca do ajuizamento de ação anulatória do título de propriedade do imóvel em questão, mas permaneceu inerte. 5. Nada obstante sua natureza excepcional, a intervenção se impõe nas hipóteses em que o Executivo estadual deixa de fornecer força policial para o cumprimento de ordem judicial. Precedentes do STJ. 6. Intervenção federal julgada procedente" (IF n. 110/PR, Corte Especial, Rel. Min. Og Fernandes, DJe de 4/8/2015).</p><p>145</p><p>INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL PELO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEFERIDA PELO PODER JUDICIÁRIO. RECUSA DE CUMPRIMENTO A DECISÃO JUDICIAL PELO EXECUTIVO ESTADUAL. DESOBEDIÊNCIA À ORDEM JUDICIAL CARACTERIZADA. ART. 34, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Não se pode olvidar que a intervenção federal é medida de natureza excepcional, uma vez que restritiva da autonomia do ente federativo e que suas taxativas hipóteses de cabimento estão previstas na Constituição Federal. 2. Firme a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido de que a eventual inércia imotivada ou mesmo fundada em critérios de mera conveniência do Poder Executivo no cumprimento das decisões judiciais equivale, por certo, à usurpação do Poder Judiciário e, por consequência, a quebra de um dos pilares de sustentação do Estado Brasileiro - o princípio federativo da independência e harmonia dos Poderes (art. 2º da Constituição Federal), autorizando a intervenção. 3. In casu, a "política de não utilização da força policial na resolução de conflitos agrários adotada pelo Governo do Estado do Paraná" gera, ainda que de modo transverso, a recusa do cumprimento da decisão judicial que determinou a imediata reitegração de posse nos autos da ação nº 226/2006 do d. Juízo Único da Comarca de Barbosa Ferraz/PR. 4. Intervenção Federal procedente. (IF 116/PR, Corte Especial, Rel. Min. Felix Fischer, DJe 02/02/2016</p><p>146</p><p>COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES POSSESSÓRIAS</p><p>Mesmo fundando-se em direito pessoal, por expressa previsão legal, as ações possessórias deverão ser propostas no foro da situação da coisa.</p><p>O art. 47, § 2º, CPC/2015 estabelece regra especial.</p><p>Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.</p><p>§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.</p><p>§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.</p><p>147</p><p>O comando prevê que a ação possessória imobiliária deverá ser proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo terá competência absoluta.Com efeito, as ações possessórias imobiliárias deverão ser propostas no foro da situação da coisa. Trata-se de norma cogente, que, levando em conta critério funcional, estabeleceu regra de competência absoluta para processar as causas que versem sobre posse de bens imóveis. Eventual infringência à regra do art. 47, § 2º, CPC/2015 conduz à incompetência absoluta do juízo.</p><p>148</p><p>Apesar da natureza absoluta, há entendimento na jurisprudência do STJ admitindo a relativização da regra do art. 47, §2º, do Código atual, quando a ação possessória for decorrente de relação jurídica de direito pessoal, surgida em consequência de contrato existente entre as partes. Nesse caso, deverá prevalecer, segundo entendimento da Corte, o foro de eleição pactuado (AgInt no REsp 1.835.295/MA, Rel. Min. Marco Buzzi, 4ª Turma, j. 30.03.2020, DJe 02.04.2020).</p><p>149</p><p>COMO ISSO ACONTECE NA PRÁTICA:</p><p>Para exemplificar a excepcionalidade apresentada pela jurisprudência, imagine que João propôs ação de rescisão contrato de compra e venda em face de Pedro, em razão do inadimplemento das parcelas pactuadas. No contrato foi adotado como foro de eleição a cidade de São Paulo/SP, mas o imóvel objeto do negócio está localizado em Londrina/PR.</p><p>Nesse exemplo, a ação proposta por João é decorrente de uma relação de direito pessoal surgida em consequência de contrato existente entre as partes, no qual foi pactuado livremente o foro de eleição.</p><p>A existência de um pedido de reintegração de posse formulado por João é mera consequência natural da resolução do contrato pretendida na petição inicial, de modo que não deve atrair a regra de competência absoluta insculpida no art. 47, §2º do CPC/2015, prevalecendo o foro de eleição disposto no contrato em razão do direito pessoal.</p><p>150</p><p>Regra geral, a competência para processar e julgar a ação possessória será da Justiça Comum Estadual, mais precisamente no foro da situação da coisa.</p><p>Diz-se regra geral porque, em alguns casos, a competência não será da Justiça Comum Estadual.</p><p>Em determinados casos, o Juizado Especial terá competência para o processo e julgamento das ações possessórias. É o que ocorre quando o valor do imóvel não superar o valor de alçada dos Juizados Especiais, ou seja, 40 salários mínimos, consoante se extrai do art. 3º, IV, da Lei nº 9.099/1995.</p><p>Existe também a possibilidade de o litígio possessório recair sobre imóvel de propriedade da União ou suas autarquias, fundações ou empresas públicas.</p><p>Nessa hipótese, a competência será da Justiça Estadual, se as partes disputam</p>
<p>a posse sem contestação de domínio por parte da União.</p><p>151</p><p>Uma vez manifestado o interesse do ente público no litígio, o processo deverá ser remetido à Justiça Federal, porquanto, a teor da Súmula nº 150 do STJ, a ela compete decidir acerca do interesse da União no feito.</p><p>Não importa o fato de a ação possessória vedar a discussão acerca do domínio. Se a decisão no pleito possessório implicar alteração no contexto econômico da pessoa jurídica de direito público, autorizada estará a intervenção anômala da União, nos termos do art. 5º, parágrafo único, da Lei nº 9.469/1997.</p><p>O enunciado da Súmula 637 do STJ, aprovado em 07.11.2019, admite a legitimidade do ente público para intervir incidentalmente em ação possessória entre particulares, sendo-lhe permitido deduzir qualquer matéria defensiva, até mesmo a alegação de domínio.</p><p>Trata-se de hipótese que, na prática, relativiza a regra exposta no art. 557 do CPC/2015, segundo a qual “na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento de domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa”.</p><p>152</p><p>Veja um exemplo: em ação de reintegração de posse envolvendo particulares, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) apresenta oposição alegando que o terreno objeto da ação é de propriedade da autarquia federal. Nesse caso, por se tratar de bem público, não há falar em demonstração do poder físico sobre o imóvel para a caracterização da posse, de modo que caberá ao INCRA reivindicar a proteção possessória por meio da oposição. A ação irá tramitar, a partir da intervenção da autarquia federal, perante a Justiça Federal.</p><p>A aplicação do entendimento sumulado não indica a automática procedência da demanda em favor do ente público. De acordo com o parágrafo único do art. 557 do CPC/2015, “não obsta a manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa”. Assim, não é a intervenção do poder público e a alegação de propriedade que inviabilizará a proteção possessória pretendida pelas partes, mas o que efetivamente for apurado no curso do processo.</p><p>153</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DECISÃO QUE DECLINA COMPETÊNCIA. MANIFESTAÇÃO DO INCRA APONTANDO INTERESSE NA CAUSA. ÁREA SUPOSTAMENTE LOCALIZADA EM TERRITÓRIO QUILOMBOLA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA</p><p>FEDERAL PARA DECIDIR SE HÁ OU NÃO INTERESSE DA UNIÃO OU SUAS AUTARQUIAS. EXEGESE DA SÚMULA 150/STF. DECISÃO MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas” (Súmula 150/STF). Embargos de Declaração Cível nº 1.1.196.654-2/0</p><p>O reconhecimento da incompetência absoluta do Juízo implique na nulidade dos atos decisórios</p><p>154</p><p>DA FALTA DE ATRIBUIÇÃO AO INCRA NA REALOCAÇÃO DOS ASSENTADOS E DISPONIBILIZAÇÃO DE TERRAS SEM INTEGRAÇÃO AO PNRA(PROGRAMA NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA)</p><p>Como já decidido pelo STJ, no julgamento do Agravo de Instrumento n.º 0041191-77.2018.8.16.0000, quando o objeto da ação possessória não apresentar qualquer vinculação com o INCRA, inexistirá interesse da União na lide, pois:</p><p>155</p><p>- não se trata de desapropriação de imóvel para fins de reforma agrária, mas, tão somente, reintegração de posse ajuizada por particular, em razão de esbulho possessório provocado por integrantes do chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, em propriedade rural privada.</p><p>- Não existe processo administrativo ativo em nome dos invasores e, conforme a Lei nº 8.629/93, art. 2º, § 7º, mesmo que tivesse processos de desapropriação em andamento, as famílias que praticaram o esbulho não seriam beneficiadas no Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA), pois a legislação prevê que nessa situação, caso identificados, seriam excluídos do referido programa.”.</p><p>LEI Nº 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 : Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.</p><p>156</p><p>Art. 1º Esta Lei regulamenta e disciplina disposições relativas à reforma agrária, previstas no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.</p><p>Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta Lei, respeitados os dispositivos constitucionais.</p><p>§ 1º Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.</p><p>§ 2º Para fins deste artigo, fica a União, através do órgão federal competente, autorizada a ingressar no imóvel de propriedade particular, para levantamento de dados e informações, com prévia notificação.</p><p>157</p><p>Art. 4o  A Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:</p><p>"Art. 2o  ............</p><p>§ 6o  O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações.</p><p>158</p><p>- A despeito das disposições da Lei n.º 8.629/93, não pode a União nem o Estado do Paraná furtarem-se a inserir cidadãos no Cadastro de interessados em serem assentados em programa oficial, sendo manifesta a inconstitucionalidade do dispositivo, violando os direitos constitucionais pátrios como o direito à moradia, dignidade da pessoa humana – especialmente do idoso, da criança e do adolescente.</p><p>- Inexistindo situação específica capaz de atrair a intervenção do INCRA na desocupação do imóvel, conclui-se que a competência para processar a reintegração de posse é da Justiça estadual.</p><p>159</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ÁREA OCUPADA POR CENTENAS DE PESSOAS. REQUISIÇÃO DE FORÇA POLICIAL. REMESSA À JUSTIÇA FEDERAL. INTERESSE DO INCRA. DESNECESSIDADE. LEGITIMIDADE E INTERESSE RECURSAL DO ESTADO DO PARANÁ COMO TERCEIRO PREJUDICADO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DOS DIRIGENTES DO “MST”. MANIFESTAÇÃO EM POSSESSÓRIA CONEXA EM APENSO. NÃO CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL. IMPOSIÇÃO DE MULTA DIÁRIA DE ELEVADO VALOR. ESTUDOS E PLANEJAMENTO PELA POLÍCIA MILITAR. SITUAÇÃO FÁTICO- JURÍDICA DE GRANDE IMPACTO SOCIAL. DESCUMPRIMENTO JUSTIFICADO. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. COMPROMETIMENTO ORÇAMENTÁRIO. REFLEXOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. AFASTAMENTO DA COMINAÇÃO. PARCIAL PROVIMENTO. 1. “A discussão possessória travada entre o proprietário da área invadida e trabalhadores rurais integrantes do MST não apresenta vinculação com o INCRA, sendo evidente a inexistência de interesse jurídico da União na questão, senão por uma ficção, a qual, entretanto, não tem o condão de revogar as disposições constitucionais acerca da competência da Justiça Federal. Ou seja, o simples fato de integrantes do ‘MST’ invadirem propriedade privada, não faz surgir automaticamente interesse jurídico do INCRA e, por conseguinte, a competência da Justiça Federal” (TRF4, AG 5019339-80.2015.4.04.0000, TERCEIRA TURMA, Rel. Desª Marga Inge Barth Tessler, j. em 12/08/2015). 2. Há interesse jurídico e legitimidade do Estado para interposição de recurso questionando a cominação de multa diária de elevado valor, por não atendimento à requisição judicial para fornecimento de força pública (policiamento ostensivo) suficiente para a efetivação de ordem de reintegração de posse a favor de particulares, em situação envolvendo grande quantidade de pessoas, dado ao impacto da cominação nas contas do ente público (art. 536, § 1°/CPC). 3. Em que pese a ausência de citação de representantes do nominado “Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST”, não ocorre nulidade do processo,</p>
<p>quando se verifica a 1 Subst. Des. Rosana Amara Girardi Fachin existência de manifestação em autos de possessória conexa, em apenso, onde demonstram ter pleno conhecimento de todos os atos processuais praticados. 4. Restando demonstrada a existência de planejamento em estágio avançado, pela Polícia Militar do Estado, com intuito de dar-se efetividade à ordem de reintegração de posse, e devido ao grande impacto social a medida poderá causar com a retirada de centenas de pessoas de imóvel rural no qual fizeram suas moradias, mostra-se justificada a demora no fornecimento de força pública suficiente, inclusive por implicar no comprometimento do orçamento do ente federativo, dado ao elevado valor fixado, o que pode levar até ao comprometimento de implantação de políticas públicas, justificando-se o afastamento da multa cominada. 5. Agravo de Instrumento à que se dá parcial provimento. ACÓRDÃO (TJPR - 17ª C.Cível – 0041191-77.2018.8.16.0000 - Centenário do Sul - Rel.: Juiz Francisco Carlos Jorge - J. 19.06.2019) - destaquei.</p><p>160</p><p>No que pertine à competência da Justiça Federal, o artigo 109, I da Constituição Federal, dispõe que:</p><p>Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem</p><p>interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;</p><p>A competência cível da Justiça Federal é definida ratione personae, consoante o artigo 109, I, da Carta Magna de 1988. Consectariamente, somente a Justiça Federal está constitucionalmente habilitada a proferir sentença que vincule os entes listados no dispositivo supra, ainda que negando a sua legitimação passiva, a teor do que dispõe a Súmula 150/STJ, sendo irrelevante a natureza da controvérsia posta à apreciação.</p><p>161</p><p>PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. AÇÃO POSSESSÓRIA AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO POR PARTE DO INCRA. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 150 E 254/STJ. PRECEDENTES. CONFLITO CONHECIDO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.CONFLITO DE COMPETÊNCIA 151.299 PR. O Juízo Federal assentou que "o entendimento jurisprudencial do TRF da 4ª Região é no sentido de que o interesse do INCRA na propriedade em razão de futura ação de desapropriação não pode ser confundido com o interesse jurídico que justifique a sua intervenção no feito na qualidade de assistente simples [...]" (fl. 200) (os grifos são do original), afastando o interesse jurídico do INCRA no feito principal, nos termos da Súmula n. 150/STJ: "compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença da União, no processo, da União, suas Autarquias ou Empresas Públicas". Ademais, "[a] decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual". Sobre o tema, esta Corte firmou o entendimento de atribuir à Justiça Federal a competência para decidir acerca de eventual interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas</p><p>162</p><p>IMÓVEL INVADIDO NÃO É PASSIVEL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA.</p><p>ENTENDIMENTO CONFORME LEI 8629/1993</p><p>163</p><p>Art. 4o  A Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:</p><p>"Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.</p><p>§ 6o  O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)</p><p>164</p><p>O STF no julgamento plenário da ADI 2.213-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, reconheceu, em juízo de delibação, a plena</p><p>legitimidade constitucional do art. 2º, § 6º, da Lei nº 8.629/93, na redação dada pela MP nº 2.183-56 de 24/08/2001.</p><p>165</p><p>O STF ADVERTE QUE: o esbulho possessório, enquanto subsistir (e até dois anos após a desocupação do imóvel rural invadido por movimentos sociais organizados),impede que se pratiquem atos de vistoria, de avaliação e de desapropriação da propriedade imobiliária rural, por interesse social, para efeito de reforma agrária, pois a prática da violação possessória, além de configurar ato impregnado de evidente ilicitude, revela-se apta a comprometer a racional e adequada exploração do imóvel rural, justificando-se, por isso mesmo, a invocação da “vis major”, em ordem a afastar a alegação de descumprimento da função social (RTJ 182/545, Rel. Min. ELLEN GRACIE – RTJ 187/910, Rel. Min. CELSO DE MELLO - MS 23.563/GO, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA)</p><p>166</p><p>“CONSTITUCIONAL.AGRÁRIO.REFORMAAGRÁRIA:DESAPROPRIAÇÃO. IMÓVEL INVADIDO: ‘SEM-TERRA’.I. - Imóvel rural ocupado por famílias dos denominados ‘sem-terra’: situação configuradora da justificativa do descumprimento do dever de tornar produtivo o imóvel. Força maior prevista no § 7º do</p><p>art. 6º da Lei 8.629/93. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. - Mandado de segurança deferido.” (RTJ 188/131, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - grifei)</p><p>167</p><p>O ato de esbulho possessório é causa impeditiva de declaração expropriatória do imóvel rural, para fins de reforma agrária (RTJ 182/545, Rel. Min. ELLEN GRACIE – RTJ 183/171, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - MS23.323/PR,Rel.Min. NÉRI DA SILVEIRA, v.g.)</p><p>A ocupação ilícita da propriedade imobiliária, notadamente nos casos em que esta se faz de modo coletivo, além de impedir, injustamente, que o proprietário nela desenvolva regular atividade de exploração econômica, representa motivo legítimo que justifica,ante o caráter extraordinário de tal anômala situação, a impossibilidade de o imóvel invadido atender os graus mínimos de produtividade exigidos pelo ordenamento positivo, para, desse modo, poder realizar a função social que lhe é inerente.</p><p>168</p><p>“DECRETO QUE DECLAROU DE INTERESSE SOCIAL, PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA, O IMÓVEL RURAL DENOMINADO FAZENDA INGÁ’, NO MUNICÍPIO DE ALVORADA DO SUL, PARANÁ. Procedência da alegação de que a ocupação do imóvelpelos chamados ‘sem terra’ em 1991, ano em que osimpetrantes se haviam investido na sua posse,</p><p>constituindo fato suficiente para justificar o descumprimento do dever de tê-lo tornado produtivo e tendo-se revelado insuscetível de ser removido por sua própria iniciativa, configura hipótese de caso fortuito e força maior previsto no art. 6º, § 7º, da Lei nº 8.629/93, a impedir a classificação do imóvel como não produtivo, inviabilizando, por conseqüência,adesapropriação.Mandado de segurança deferido.” (grifei)</p><p>169</p><p>SÚMULA 354 - STJ</p><p>A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária.</p><p>170</p><p>“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGOS 165 E 458, II, DO CPC. SÚMULA 284/STF. COMPETÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE ESBULHO POSSESSÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO. SÚMULA 354/STJ. 1....2...3... 4. No que se refere ao artigo 2º, § 6º, da Lei 8.629/93, importa ressaltar que o Tribunal a quo considerou devidamente comprovado o esbulho possessório nos seguintes termos: diante dos documentos apresentados, não se pode desprezar que há uma situação de invasão, ao se constatar que os proprietários não podem dispor plenamente da posse do seu imóvel. O quadro descrito nas ocorrências policiais já se impõe, a meu ver, como embaraço ao processo expropriatório, pois é sabido que o imóvel invadido resta descaracterizado</p>
<p>nas suas características e na sua produtividade, podendo disso resultar um diagnóstico equivocado, não somente na respectiva avaliação, como de resto na classificação como propriedade produtiva ou improdutiva. (Cf. CF - art. 185, II.) (fl.. 162).</p><p>171</p><p>5. Dispõe a norma legal que o imóvel rural que tenha sofrido esbulho de "caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação", ou nos quatro anos, em caso de reincidência. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que "não se pode interpretá-la [a norma do artigo 2º, § 6º, da Lei 8.629/93] de outra forma senão aquela que constitui a verdadeira vontade da lei, destinada a coibir as reiteradas invasões da propriedade alheia" (REsp 1057870/MA, Rel. Min. Denise Arruda, DJe 10/09/2008), aplicando-se a Súmula 354/STJ: "A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária". 6. O Supremo Tribunal Federal, que reafirmou seu posicionamento, entende que não se aplica o preceito nos casos em que a invasão seja posterior à vistoria, sem influenciar nos resultados sobre a produtividade (MS 25283, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe 05/03/2009). 7. Ainda que se pudesse adentrar o acervo fático-probatório dos autos para concluir-se de forma diversa do acórdão recorrido de que o esbulho não é insignificante ? a situação excepcional analisada na Suprema Corte não se enquadra no caso em tela, pois a invasão, no presente feito, é anterior à pretensa vistoria. 8. Aplica-se o entendimento cristalizado na Súmula 354/STJ ("A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária"). 9. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp n. 1.055.228/PA, relator Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 4/3/2010, DJe de 16/3/2010.)</p><p>172</p><p>O Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a aludida norma artigo 2º, § 6º, da Lei 8.629/93, reafirmou seu posicionamento no sentido de que a suspensão não deve ocorrer nos casos em que a invasão do imóvel for posterior à vistoria sem influenciar nos resultados sobre produtividade, consoante a seguinte ementa:</p><p>MANDADO DE SEGURANÇA. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. FAZENDA INVADIDA POR INTEGRANTES DO MST. PERÍODO POSTERIOR ÀREALIZAÇÃO DA VISTORIA. TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE. IMÓVEL NÃO DIVIDIDO. ART. 1784 C/C ART. 1791 DO CÓDIGO CIVIL. ORDEM DENEGADA.A invasão do imóvel por integrantes do Movimento dos Sem-Terra ocorreu em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA, de modo que não teve o condão de influenciar nos resultados encontrados sobre a produtividade da fazenda. Precedentes. O imóvel rural objeto da futura partilha entre herdeiros continua sendo único até o fim do inventário, embora com mais de um proprietário, formando um condomínio. Ordem denegada (MS 25283, Rel. Min.Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe 05/03/2009.</p><p>173</p><p>O esbulho possessório que impede a desapropriação [art. 2º, § 6º, da Lei n. 8.629/93, na redação dada pela Medida Provisória n. 2.183/01], deve ser significativo e anterior à vistoria do imóvel, a ponto de alterar os graus de utilização da terra e de eficiência em sua exploração, comprometendo os índices fixados em lei. Precedente [MS n. 23.759, Relator o Ministro CELSO DE MELLO, DJ 22.08.2003].STF</p><p>A invasão do imóvel por integrantes do Movimento dos Sem-Terra ocorrida em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA não tem o condão de influenciar nos resultados encontrados sobre a produtividade da fazenda. Vejam-se: MS 24.924/DF, Rel. para acórdão Ministro Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe 7/11/2011; MS 25.3911/DF, Rel. Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, Dje 1º/10/2010; e MS 24.984/DF, Rel. Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, Dje 14/5/2010.</p><p>174</p><p>HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA NA REINTEGRAÇÃO DE POSSE</p><p>Processo n. 0000988-31.2010.8.16.0137</p><p>SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU</p><p>“Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para, tornando definitiva a medida liminar, reintegrar o autor na posse do imóvel indicado na petição inicial, extinguindo o processo com resolução do mérito. No mais, providencie o autor meios necessários para que a medida seja cumprida, tais como o fornecimento de caminhões e ônibus para a retirada das pessoas e seus respectivos pertences da área descrita na exordial. Autorizo a requisição de auxílio e o uso de força policial necessário a fim de que o cumprimento da tutela já deferida seja, de fato, cumprida.</p><p>À vista da sucumbência, arcarão os requeridos com o pagamento das custas, despesas processuais, e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa”.</p><p>175</p><p>A sentença de primeiro grau julgou procedente o pedido inicial e, observando o disposto do art. 85, parágrafo 2º do CPC/2015, que estabelece critérios objetivos para a fixação de honorários de sucumbência, condenou a apelante no pagamento dos honorários de sucumbência que foram arbitrados em 10% sobre o valor da causa corrigido.</p><p>“Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.</p><p>§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:</p><p>I - o grau de zelo do profissional;</p><p>II - o lugar de prestação do serviço;</p><p>III - a natureza e a importância da causa;</p><p>IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.”</p><p>No caso dos autos efetivamente não houve condenação no pagamento de qualquer valor, razão pela qual não é possível mensurar o proveito econômico obtido pela recorrida</p><p>176</p><p>ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>APELAÇÃO CÍVEL – AUTOS 988-31.2010.8.16.0137</p><p>REFORMA A DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU – ALTERANDO A FORMA DE APLICAÇÃO DA REGRA SOBRE OS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.</p><p>O Juízo de primeiro grau fixou honorários em 10% sobre o valor atualizado da causa com base no art. 85 § 2º do CPC.</p><p>O Tribunal reduziu e aplicou inversamente o art 85 § 8º do CPC – fixação equitativa.</p><p>“SUCUMBÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. FIXAÇÃO SOBRE</p><p>O VALOR DA CAUSA (R$35.599.055,93) QUE GERA RESULTADO INÍQUO. APLICAÇÃO INVERSA DO ART. 85 § 8º2 DO NCPC. MEDIDA QUE BUSCA EVITAR O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DOS ADVOGADOS DA AUTORA. FIXAÇÃO EQUITATIVA EM VALOR QUE REMUNERA DE MANEIRA DIGNA O TRABALHO DOS</p><p>PROCURADORES”.</p><p>O Acórdão deu parcial provimento ao recurso da apelante CONTAG, reduzindo o valor dos honorários advocatícios para R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), o que foi feito com aplicação de maneira inversa da disposição do art. 85, § 8º do NCPC.</p><p>177</p><p>CPC: ART 85, § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º.</p><p>TJ/PR</p><p>“... ainda que os honorários fossem arbitrados dentro do limite mínimo de</p><p>10% sobre o valor atualizado da causa, não há dúvida de que isso soaria completamente desarrazoado (art. 8º do CPC), a justificar, portanto, a aplicação inversa do art. 85, § 8º, do CPC, com a fixação dos honorários porapreciação equitativa em R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais)</p><p>178</p><p>Ocorre que, ao utilizar a apreciação equitativa para a fixação dos honorários de</p><p>sucumbência e em evidente contradição, o Tribunal de Justiça do Paraná deu</p><p>interpretação diversa a dispositivo legal aplicável à espécie.</p><p>Isto porque, o Código de Processo Civil previu que a equidade só poderia ser</p><p>utilizada para a majoração dos honorários advocatícios tidos por muito baixos ou irrisórios, conforme prevê o § 8º do artigo 85, do Código de Processo Civil.</p><p>179</p><p>I Jornada Direito Processual do Conselho da Justiça Federal o Enunciado 06, com a seguinte redação:</p><p>“A fixação dos honorários</p>
<p>de sucumbência por apreciação equitativa só é cabível nas hipóteses previstas no § 8º do art. 85 do CPC.”</p><p>Em outras palavras: A fixação dos honorários de sucumbência por apreciação equitativa só é cabível quando não for possível o arbitramento pela regra geral, for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo.</p><p>180</p><p>TESE: SABER SE É POSSÍVEL APLICAR INVERSAMENTE O § 8º do art. 85 do CPC, para o fim de reduzir os honorários advocatícios em detrimento da regra objetiva determinada pelo § 2º, do art. 85.</p><p>A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os valores da condenação, da causa ou o foi decidida no âmbito daquela Corte Superior quando do proveito econômico da demanda forem elevados” - julgamento do Tema nº 1076/STJ.</p><p>A Corte Especial, em recentíssimo julgamento do Tema nº 1.076 dos recursos repetitivos, alinhou-se a entendimento já consolidado no âmbito da Segunda Seção do STJ no sentido de que o NCPC instituiu no art. 85, § 2º, regra geral obrigatória no sentido de que os honorários advocatícios devem ser fixados sobre o valor da condenação ou do proveito econômico ou, não sendo possível identificá-lo, sobre o valor da causa, restringindo-se o comando excepcional do § 8º do art. 85, de fixação por equidade, às causas em que for inestimável ou irrisório o proveito ou, ainda, em que o valor da causa for muito baixo.</p><p>181</p><p>STJ COLOCOU UMA PÁ DE CAL NA CONTROVERCIA - CONFORME TEMA 1076.</p><p>REPERCUÇÃO GERAL – RESP 1.850.512/SP – JULGADO</p><p>“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL SOB O RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. ART. 85, §§ 2º, 3°, 4°, 5°, 6º E 8º, DO CPC. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. VALORES DA CONDENAÇÃO, DA CAUSA OU PROVEITO ECONÔMICO DA DEMANDA ELEVADOS. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO JULGADO SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015, C/C O ART. 256-N E SEGUINTES DO REGIMENTO INTERNO DO STJ. 1. O objeto da presente demanda é definir o alcance da norma inserta no § 8º do artigo 85 do CPC, a fim de compreender as suas hipóteses de incidência, bem como se é permitida a fixação dos honorários por apreciação equitativa quando os valores da condenação, da causa ou o proveito econômico da demanda forem elevados. 2. O CPC/2015 pretendeu trazer mais objetividade às hipóteses de fixação dos honorários advocatícios e somente autoriza a aplicação do § 8º do artigo 85 - isto é, de acordo com a apreciação equitativa do juiz – em situações excepcionais em que, havendo ou não condenação, estejam presentes os seguintes requisitos: 1) proveito econômico irrisório ou inestimável, ou 2) valor da causa muito baixo. Precedentes. 3. A propósito, quando o § 8º do artigo 85 menciona proveito econômico "inestimável", claramente se refere àquelas causas em que não é possível atribuir um valor patrimonial à lide (como pode ocorrer nas demandas ambientais ou nas ações de família, por exemplo). Não se deve confundir "valor inestimável" com "valor elevado". (...)</p><p>182</p><p>24. Teses jurídicas firmadas: i) A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os valores da condenação, da causa ou o proveito econômico da demanda forem elevados. É obrigatória nesses casos a observância dos percentuais previstos nos §§ 2º ou 3º do artigo 85 do CPC - a depender da presença da Fazenda Pública na lide -, os quais serão subsequentemente calculados sobre o valor: (a) da condenação; ou (b) do proveito econômico obtido; ou (c) do valor atualizado da causa. ii) Apenas se admite arbitramento de honorários por equidade quando, havendo ou não condenação: (a) o proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou 25. Recurso especial conhecido eirrisório; ou (b) o valor da causa for muito baixo. provido, devolvendo-se o processo ao Tribunal de origem, a fim de que arbitre os honorários observando os limites contidos no art. 85, §§ 3°, 4°, 5° e 6º, do CPC, nos termos da fundamentação. 26. Recurso julgado sob a sistemática do art. 1.036 e seguintes do CPC /2015 e art. 256-N e seguintes do Regimento Interno do STJ” (STJ - REsp n. 1.850.512/SP, relator Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado em 16/3/2022, DJe de 31/5/2022. Sem os destaques no original).</p><p>183</p><p>VALOR DA CAUSA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS</p><p>Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.</p><p>Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:</p><p>I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;</p><p>II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;</p><p>III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;</p><p>IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; ALGUNS TRIBUNAIS APLICAM ESTA REGRA POR ANALOGIA, MAS NÃO ESTA CORRETO POIS NÃO SE DISCUTE PROPRIEDADE.</p><p>V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;</p><p>VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;</p><p>VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;</p><p>VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.</p><p>§ 1º (...) § 2º (...)</p><p>§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.</p><p>Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.</p><p>184</p><p>O valor da causa deve corresponder ao benefício imediato, a ação de reintegração de posse não tem por objeto a discussão sobre propriedade em si;</p><p>O valor da causa, pode ser estimado, pela inexistência de critério legal acerca do valor da causa nas ações possessórias;</p><p>O valor da causa em ações possessórias deve orientar-se pelo princípio da razoabilidade, com intuito de não gerar prejuízo a qualquer das partes no tocante ao valor das custas processuais, sobretudo a taxa judiciária, para não tornar inviável o acesso ao Poder Judiciário.</p><p>O valor da causa em ação possessória é sempre estimativo, em razão da inexistência de critério legal a estabelecer valor determinado, e porque a posse compreende apenas um aspecto da propriedade.</p><p>Não havendo previsão legal expressa para a fixação do valor da causa em ações possessórias, mas tão somente para as ações de divisão, demarcação e de reinvindicação (art.259, VII/CPC/73, vigente na época), e não se verificando vantagem econômica direta com a reintegração de posse em favor do autor, não há razão para alteração do valor da causa definido na inicial.</p><p>185</p><p>Nas ações possessória o benefício patrimonial</p><p>pretendido nem sempre corresponde ao valor do imóvel objeto da lide, já que não há</p><p>discussão acerca do domínio/propriedade da coisa.</p><p>Entendem que o proveito econômico pretendido, compreendido como o valor venal do imóvel, nos termos do art. 292, § 3º, CPC,</p><p>Não há critério legal</p><p>acerca do valor da causa nas ações possessórias, vez que não estão inseridas no rol</p><p>previsto no art. 292 do CPC, nem mesmo no inciso IV.</p><p>Se atribuído valor ninguém contestar preclui</p><p>ESTIMATIVA OFICIAL PARA O LANÇAMENTO DO IPTU ou ITR (VALOR VENAL DO IMÓVEL).</p><p>186</p><p>1 – ESBULHO POSSESSÓRIO</p>
<p>SOBRE TODO IMÓVEL, a atribuição do valor da causa equivale ao preço do próprio bem objeto da demanda, o qual, assim, corresponderá ao proveito econômico a ser auferido com a eventual procedência da ação.</p><p>O Valor pode levar em consideração o valor venal do imóvel, ou o valor declarado no ITR.</p><p>Pode ser também o valor de mercado. Observar pois o valor pode ser muito alto e as custas e a sucumbência serão calculadas com base no valor da causa.</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FIXAÇÃO DO VALOR DA CAUSA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.BENEFÍCIO PATRIMONIAL PRETENDIDO. AUSÊNCIA DE VANTAGEM PATRIMONIAL NO CASO CONCRETO. PRECEDENTES STJ. MANUTENÇÃO DO VALOR ATRIBUÍDO PELO AUTOR. CERCEAMENTO DE DEFESA. 1..2. Não havendo previsão legal expressa para a fixação do valor da causa em ações possessórias, mas tão somente para as ações de divisão, demarcação e de reinvindicação (art.259, VII/CPC/73, vigente na época), e não se verificando vantagem econômica direta com a reintegração de posse em favor do autor, não há razão para alteração do valor da causa definido na inicial.3..4. TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1657486-6 - Umuarama - Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU FRANCISCO CARLOS JORGE - Unânime - J. 09.08.2017)</p><p>187</p><p>)No caso das ações possessórias, em que não há critério legal específico para fixação do valor causa, este deve ser estimado pelo autor, com base no proveito econômico a ser auferido no caso de acolhimento do pedido inicial.</p><p>188</p><p>2 – SE O ESBULHO FOR SOBRE PARTE DO IMÓVEL a atribuição do valor da causa equivale ao preço da parte ideal do bem objeto da demanda, o qual, assim, corresponderá ao proveito econômico a ser auferido com a eventual procedência da ação.O valor da causa deve ser proporcional ao valor do imóvelparcialmente invadido.</p><p>O Valor pode levar em consideração o valor venal do imóvel, ou o valor declarado no ITR.</p><p>Pode ser também o valor de mercado. Observar pois o valor pode ser muito alto e as custas e a sucumbência serão calculadas com base no valor da causa.</p><p>189</p><p>“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. (...). 3. DA REDUÇÃO DO VALOR DA CAUSA. ADEQUABILIDADE. MONTANTE QUE DEVE CORRESPONDER AO BENEFICIO PATRIMONIAL PRETENDIDO. CONSIDERAÇÃO AO VALOR DA ÁREA QUE SE PRETENDE REINTEGRAR, A QUAL É PARTE IDEAL DO IMÓVEL ADQUIRIDO PELOS AUTORES. UTILIZAÇÃO, POR ESTIMATIVA, DO MONTANTE PAGO PELO RÉU PELO BEM. - Nas ações possessórias, o valor da causa deve corresponder ao benefício patrimonial obtivo, devendo ser considerado, portanto, o valor da parte ideal do imóvel que se pretende reintegrar e não a quantia paga pelos autores pela área total.”. (TJPR - 18ª C.Cível - 0002205-28.2016.8.16.0193 - Colombo - Rel.: DESEMBARGADOR PERICLES BELLUSCI DE BATISTA PEREIRA - J. 20.02.2019)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. VALOR DA CAUSA. TESE AFASTADA. IMPOSSIBILIDADE DE ATRIBUIR O VALOR DE MERCADO DA INTEGRALIDADE DO IMÓVEL. REINTEGRAÇÃO RECAI EM PARTE DA ÁREA E NÃO NA SUA TOTALIDADE. VALOR QUE DEVE CORRESPONDER AO PATRIMÔNIO PRETENDIDO NA AÇÃO. ENTENDIMENTO DO STJ. - Nas ações possessórias, não há norma legal que imponha o valor da causa, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça já consignou que o valor nessas modalidades de ações deve corresponder ao patrimônio buscado. - Neste caso, a reintegração de posse não recai na integralidade da área, somente em parte dela, o que justifica o valor atribuído à inicial.(...).- .Apelação cível não provida.(TJPR - 18ª C.Cível - 0008444-02.2018.8.16.0024 - Almirante Tamandaré - Rel.: DESEMBARGADOR PERICLES BELLUSCI DE BATISTA PEREIRA - J. 05.10.2020</p><p>190</p><p>3 – Se o imóvel foi adquirido por contrato de compra e venda ou dação em pagamento, mas o comprador não tiver obtido a posse,o valor da causa será o valor do contrato de compra e venda ou o valor da dação em pagamento - benefício patrimonial pretendido na ação de reintegração</p><p>AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PEDIDO DE PERDAS E DANOS. VALOR DA CAUSA. BENEFÍCIO PATRIMONIAL PRETENDIDO. SÚMULA 83 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ainda que não vislumbrado proveito econômico imediato, o valor da causa nas ações possessórias deve corresponder ao benefício patrimonial pretendido pelo autor. 2. No caso, o valor da causa foi fixado pelas instâncias ordinárias em montante correspondente ao valor do contrato cujo inadimplemento deu origem à ação de reintegração de posse, acrescido da verba indenizatória pleiteada na inicial, em consonância, portanto, com o entendimento desta Corte. (AgInt no AREsp n. 512.286/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 13/8/2019, DJe 27/8/2019.)</p><p>191</p><p>A ilustre Ministra Nancy Andrighi:</p><p>“Processual civil. Recurso especial. Ação de imissão na posse. Valor da causa. Peculiaridades da situação fática concreta. - À falta de disposição legal específica no CPC acerca do valor da causa nas ações possessórias, entende a jurisprudência assente no STJ que tal valor deve corresponder ao benefício patrimonial pretendido pelo autor com a imissão, a reintegração ou a manutenção na posse. - Ainda que não se vislumbre proveito econômico imediato na ação de imissão na posse, não se pode desconsiderar a natureza patrimonial da demanda. - Assim sendo, à causa deve ser dado o valor despendido pelo autor para aquisição da posse, que, na situação fática específica dos autos, corresponde ao valor da adjudicação do imóvel sobre o qual o autor pretende exercê-la. (STJ, REsp 490.089 /RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/05 /2003, DJ 09/06/2003, p. 272)</p><p>192</p><p>image2.jpeg</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.jpeg</p><p>image5.jpeg</p><p>image6.jpeg</p><p>image1.jpeg</p>
<p>em que uma pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa. Isso acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção, como o faz no art. 1.198, considerando detentor aquele que se acha “em relação de dependência para com outro” e conserva a posse “em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.</p><p>Não é possuidor o servo na posse, aquele que a conserva em nome de outrem ou em cumprimento de ordens ou uma coisa.</p><p>O possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio; o detentor, no interesse de outrem. É o caso típico dos caseiros e de todos aqueles que zelam por propriedades em nome do dono39.</p><p>Outros exemplos de detenção: a situação do soldado em relação às armas e à cama do quartel; a dos funcionários públicos quanto aos móveis da repartição; a do preso em relação às ferramentas da prisão com que trabalha; a dos domésticos quanto às coisas do empregador.</p><p>Em todas essas hipóteses, aduz, o que sobreleva é a falta de independência da vontade do detentor, que age como lhe determina o possuidor. Há uma relação de or­dem, obediência e autoridade. Embora não tenham o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor.</p><p>13</p><p>JURISPRUDÊNCIA:</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA. AUTOR CONSIDERADO MERO DETENTOR. DEMONSTRAÇÃO DE QUE EXPLORA ECONOMICAMENTE A ÁREA NA CONDIÇÃO DE COMODATÁRIO. POSSE DIRETA CARACTERIZADA. CARÊNCIA DE AÇÃO AFASTADA. PROVIMENTO. 1. Considera-se detentor (ou fâmulo da posse) aquele que, achando- se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, vale dizer, é aquele que exercita atos de posse como mero instrumento da vontade de outrem, a quem se acha unido por uma situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação. 2. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas infungíveis, ou seja, o contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra, gratuitamente, coisa não fungível, para que a utilize e depois restitua. Difere da detenção, justamente, porque, a partir do momento que o bem é entregue ao comodatário, passa a usufruí-lo economicamente em nome próprio, e não em nome do comodante, ao qual cabe cobrar a sua restituição depois de findo o prazo convencional ou presumido pelo uso. 3. O comodatário exerce a posse direta da coisa, mantendo o comodante a posse indireta, sendo que ambos estão legitimados às ações de defesa da posse contra terceiros, ou mesmo um possuidor contra o outro.(TJPR - 17ª C.Cível - AC - 758199-3 - Terra Rica - Rel.: Desembargador José Carlos Dalacqua - Unânime - J. 04.05.2011)</p><p>14</p><p>Atos de mera permissão ou tolerância</p><p>Os autores em geral, quando tratam da detenção em nosso direito, referem­-se apenas à hipótese contida no art. 1.198 retromencionado (“Considera­-se detentor...”). Todavia, o aludido diploma vai além, uma vez que em mais dois dispositivos menciona outras hipóteses em que aquele exercício de fato não constitui posse, configurando, portanto, detenção.</p><p>Assim, a primeira parte do art. 1.208 proclama que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância”. A permissão se distingue da tolerância:</p><p>■ pela existência, na primeira, do consentimento expresso do possuidor. Na tolerância, há uma atitude espontânea de inação, de passividade, de não intervenção;</p><p>■ por representar uma manifestação de vontade, embora sem natureza negocial, configurando um ato jurídico em sentido estrito, enquanto na hipótese de tolerância não se leva em conta a vontade do que tolera, sendo considerada simples comportamento a que o ordenamento atribui consequências jurídicas, ou seja, um ato­-fato jurídico;</p><p>■ por dizer respeito a atividade que ainda deve ser realizada, enquanto a tolerância concerne a atividade que se desenvolveu ou que já se exauriu.</p><p>15</p><p>Atos de mera permissão ou tolerância</p><p>Os autores em geral, quando tratam da detenção em nosso direito, referem­-se apenas à hipótese contida no art. 1.198 retromencionado (“Considera­-se detentor...”). Todavia, o aludido diploma vai além, uma vez que em mais dois dispositivos menciona outras hipóteses em que aquele exercício de fato não constitui posse, configurando, portanto, detenção.</p><p>Assim, a primeira parte do art. 1.208 proclama que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância”. A permissão se distingue da tolerância:</p><p>■ pela existência, na primeira, do consentimento expresso do possuidor. Na tolerância, há uma atitude espontânea de inação, de passividade, de não intervenção;</p><p>■ por representar uma manifestação de vontade, embora sem natureza negocial, configurando um ato jurídico em sentido estrito, enquanto na hipótese de tolerância não se leva em conta a vontade do que tolera, sendo considerada simples comportamento a que o ordenamento atribui consequências jurídicas, ou seja, um ato­-fato jurídico;</p><p>■ por dizer respeito a atividade que ainda deve ser realizada, enquanto a tolerância concerne a atividade que se desenvolveu ou que já se exauriu.</p><p>16</p><p>AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. REQUISITOS DO ART. 561/CPC. POSSE ANTERIOR DECORRENTE DE DIREITO DE SUCESSÃO. AQUISIÇÃO COM OS MESMOS CARACTERES DO POSSUIDOR (ART. 1.784/CC). OCUPAÇÃO DO IMÓVEL POR MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. RECUSA NA DESOCUPAÇÃO. ESBULHO CONFIGURADO. CABIMENTO DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA PLEITEADA. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS (ART. 582/CC). APURAÇÃO EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA POR ARBITRAMENTO. INVERSÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. PROVIMENTO1... A ocupação dos imóvel por parte dos requeridos, na condição de filhos do finado cônjuge da genitora dos autores, por mera permissão, com intuito de cuidadores da antecessora, não configura posse própria, mas mera detenção e, quando muito, meramente precária, porque em relação de dependência, de modo que a recusa em atender a notificação para desocupação encaminhada pelos autores, na condição de possuidores por direito de sucessão, configura esbulho possessório, ensejando a proteção possessória pleiteada.4. Eventual direito a indenização, por suposta convivência em união estável anterior e mesmo de alguma contribuição que o genitor dos requeridos, finado cônjuge da extinta possuidora e proprietária, possam eventual ter em relação do Espólio, não justifica sua manutenção na posse direta do imóvel, devendo a questão ser deduzida pelas vias apropriadas.5. A recusa do possuidor em caráter precário, em atender notificação de desocupação pelos possuidores, configurando esbulho, enseja a sua responsabilização por perdas e danos, ante o impedimento de fruição da coisa pelo possuidor. 6. Apelação cível à que se dá provimento, com inversão dos ônus da sucumbência.</p><p>(TJPR - 17ª C.Cível - 0009431-88.2016.8.16.0030 - Foz do Iguaçu - Rel.: Desembargador Fabian Schweitzer - Rel.Desig. p/ o Acórdão: Juiz Francisco Carlos Jorge - J. 29.10.2020)</p><p>17</p><p>Atos violentos ou clandestinos</p><p>A segunda parte do citado art. 1.208 do Código Civil acrescenta que igualmente não autorizam a aquisição da posse “os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.</p><p>Assim, os aludidos atos impedem o surgimento da posse, sendo aquele que os pratica considerado mero detentor, sem qualquer relação de dependência com o possuidor. O dispositivo em apreço, aliás, trata de hipótese de detenção sem dependência do detentor para com o possuidor, denominada detenção independente. Todavia, cessada a violência ou a clandestinidade, continuam os mencionados atos a produzir o efeito de qualificar, como injusta e com os efeitos daí resultantes, a posse que a par­tir de então surge.</p><p>Preleciona a propósito Carvalho Santos: “Só depois de cessar a violência é que começa a posse útil. O que quer dizer que, desde que a violência cessou, os atos de posse daí por diante praticados constituirão o ponto de partida da posse útil, como se nunca tivesse</p>
<p>sido eivada de tal vício”42.</p><p>Em suma, enquanto perdurar a violência ou a clandestinidade não haverá posse. Cessada a prática de tais ilícitos, surge a posse injusta, viciada, assim considerada em relação ao precedente possuidor. Desse modo, ainda que este, esbulhado há mais de um ano não obtenha a liminar na ação de reintegração de posse ajuizada, deverá ser, afinal, reintegrado em sua posse. Todavia, em relação às demais pessoas, o detentor, agora possuidor em virtude da cessação dos vícios iniciais, será havido como possuidor. A injustiça da posse fica circunscrita ao esbulhado e ao esbulhador.</p><p>18</p><p>Ocupação de imóvel de pessoa ausente</p><p>Outro exemplo de detenção por disposição expressa da lei encontra­-se no art. 1.224 do Código Civil:</p><p>“Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá­-la, é violentamente repelido”.</p><p>Embora conste da publicação oficial a expressão “se abstém de retornar a coisa”, é evidente o erro terminológico, pois o correto seria “se abstém de retomar a coisa”.</p><p>Até que o não presente tenha notícia do esbulho e se abstenha de retomar a coisa, ou seja repelido ao tentar recuperá­-la, o ocupante é mero detentor. Assim, o fato de alguém ocupar imóvel de pessoa ausente não faz desaparecer a posse do proprietário, sendo aquele tratado pelo dispositivo em epígrafe como simples detentor.</p><p>19</p><p>Detenção de bem público</p><p>Pode-se, ainda, dizer que também não há posse de bens públicos, principalmente depois que a Constituição Federal de 1988 proibiu a usucapião especial de tais bens (arts. 183 e 191). Se há tolerância do Poder Público, o uso do bem pelo particular não passa de mera detenção consentida.</p><p>20</p><p>Nomeação à autoria do proprietário</p><p>O art. 338 do Código de Processo Civil impõe àquele que detém a coisa em nome alheio e é demandado em nome próprio o ônus de nomear à autoria o proprietário ou possuidor.</p><p>Assim, o detentor, quando demandado em nome próprio, deve indicar o possuidor ou proprietário legitimado para responder ao processo, sob pena de responder por perdas e danos, nos termos do art. 339 do citado diploma.</p><p>21</p><p>Nomeação à autoria do proprietário</p><p>O art. 338 do Código de Processo Civil impõe àquele que detém a coisa em nome alheio e é demandado em nome próprio o ônus de nomear à autoria o proprietário ou possuidor.</p><p>Assim, o detentor, quando demandado em nome próprio, deve indicar o possuidor ou proprietário legitimado para responder ao processo, sob pena de responder por perdas e danos, nos termos do art. 339 do citado diploma.</p><p>22</p><p>NATUREZA JURÍDICA DA POSSE</p><p>Posse: fato ou direito?</p><p>Indaga­-se, inicialmente, se a posse é um fato ou um direito.</p><p>A corrente mais comum, é a eclética, que admite que a posse seja fato e direito. Sustenta Savigny que a posse é, ao mesmo tempo, um fato e um direito. Considerada em si mesma, é um fato. Considerada nos efeitos que produz — a usucapião e os interditos —, é um direito.</p><p>23</p><p>CLASSIFICAÇÃO DA POSSE</p><p>ESPÉCIES DE POSSE</p><p>■ a posse direta da indireta;</p><p>■ a posse justa da posse injusta; e</p><p>■ a posse de boa­-fé da posse de má­-fé.</p><p>■ posse exclusiva, composse e posses paralelas;</p><p>■ posse nova e posse velha;</p><p>■ posse ad interdicta e posse ad usucapionem; e</p><p>■ posse pro diviso e posse pro indiviso.</p><p>24</p><p>.</p><p>POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA</p><p>SURGE DO FENOMENO DO DESDOBRAMENTO DA POSSE</p><p>O proprietário ou titular de outro direito real pode usar e gozar a coisa objeto de seu direito, direta e pessoalmente, ou dá­la em locação, em usufruto, em comodato, em penhor, em enfiteuse etc.</p><p>Nestes casos, a posse se dissocia: o titular do direito real fica com a posse indireta (ou mediata), enquanto o terceiro fica com a posse direta (ou imediata).</p><p>A divisão da posse em direta e indireta encontra­-se definida com melhor técnica no art. 1.197 do Código Civil de 2002:</p><p>“A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.</p><p>25</p><p>.</p><p>POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA</p><p>O locatário, por exemplo, exerce a posse direta por concessão do locador. Uma não anula a outra. Ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas (jus possidendi), não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre a coisa.</p><p>26</p><p>POSSE EXCLUSIVA e COMPOSSE</p><p>Posse exclusiva: Exclusiva é a posse de um único possuidor.</p><p>É aquela em que uma única pessoa, física ou jurídica, tem, sobre a mesma coisa, posse plena, direta ou indireta.</p><p>Assim, a posse do esbulhador, cessada a violência ou a clandestinidade, é, perante a comunidade, posse plena exclusiva; se ele a arrendar a uma só pessoa, sua posse indireta será igualmente exclusiva, como exclusiva será a posse direta do arrendatário.</p><p>Na composse, porém, há vários compossuidores que têm, sobre a mesma coisa, posse direta ou posse indireta.</p><p>27</p><p>Composse</p><p>Composse é, assim, a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa.</p><p>Dispõe a propósito o art. 1.199 do Código Civil:</p><p>“Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”.</p><p>É o que sucede com adquirentes de coisa comum, com marido e mulher em regime de comunhão de bens ou com coerdeiros antes da partilha. Como a posse é a exteriorização do domínio, admite­-se a composse em todos os casos em que ocorre o condomínio, pois ela está para a posse assim como este para o domínio.</p><p>28</p><p>Composse</p><p>Interdito possessório de um compossuidor contra outro É POSSÍVEL?</p><p>Qualquer dos compossuidores pode valer-se do interdito possessório ou da legítima defesa para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão.</p><p>Nos termos do art. 1.199) cada possuidor só pode exercer na coisa comum atos possessórios que não excluam a posse dos outros. É a ação de manutenção, ou a de esbulho, a que compete ao consorte para conservar ou restabelecer o estado anterior”.</p><p>29</p><p>POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA</p><p>■ Posse justa</p><p>Segundo o art. 1.200 do Código Civil, “é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”.</p><p>Posse justa, destarte, é aquela isenta de vícios, aquela que não repugna ao direito, por ter sido adquirida por algum dos modos previstos na lei.</p><p>■ Posse injusta</p><p>Posse injusta, portanto, por oposição, é a posse que foi adquirida viciosamente, por violência ou clandestinidade ou por abuso do precário.</p><p>30</p><p>O vício da violência</p><p>É violenta, por exemplo, a posse do que toma o objeto de alguém, despojando­-o à força, ou expulsa de um imóvel, por meios violentos, o anterior possuidor.</p><p>O vício da clandestinidade</p><p>É clandestina a posse do que furta um objeto ou ocupa imóvel de outro às escondidas. É aquela obtida furtivamente, que se estabelece sub­repticiamente, às ocultas da pessoa de cujo poder se tira a coisa e que tem interesse em conhecê­-la.</p><p>O vício da precariedade</p><p>É precária a posse quando o agente se nega a devolver a coisa, findo o contrato</p><p>Precaria é a posse daqueles que, tendo recebido a coisa das mãos do proprietário por um título que os obriga a restituí­la em prazo certo ou incerto, como por empréstimo ou aluguel, recusam­-se injustamente a fazer a entrega, passando a possuí­-la em seu próprio nome.</p><p>31</p><p>Vícios da violência e da clandestinidade ligados ao momento da aquisição da posse: Os vícios que maculam a posse se configuram no momento da sua aquisição. O legislador brasileiro classifica a posse como justa ou injusta, levando em conta a forma pela qual ela foi adquirida. Por essa razão, dispõe o art. 1.208 do Código Civil, segunda parte, que não autorizam a aquisição da posse “os atos violentos ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.</p><p>32</p><p>Cessação da violência e da clandestinidade: A violência e a clandestinidade podem,</p>
<p>porém, cessar.</p><p>Cessada a violência e a clandestinidade, deixo de ter detenção e passo a ter posse injusta.</p><p>Nesse caso, dá­se, segundo expressão usada por alguns doutrinadores, o convalescimento dos vícios. Enquanto não findam, existe apenas detenção. Cessados, surge a posse, porém injusta, em relação a quem a perdeu. Com efeito, dispõe o retrotranscrito art. 1.208 do Código Civil que não induzem posse os atos violentos ou clandestinos, “senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.</p><p>33</p><p>No tocante à violência, a situação de fato consolida­-se se o esbulhado deixar de reagir, e a mera detenção do invasor, existente antes de cessada a violência, passa à condição de posse, embora qualificada como injusta em relação ao espoliado.</p><p>A lei não estabelece prazo para a aquisição dessa posse.</p><p>Para que cesse o vício, basta que o possuidor passe a usar a coisa publicamente, com conhecimento do proprietário ou com a possibilidade de existir tal conhecimento, sem que este reaja.</p><p>Cessadas a violência e a clandestinidade, a mera detenção, que então estava caracterizada, transforma­se em posse injusta em relação ao esbulhado, que permite ao novo possuidor ser mantido provisoriamente, contra os que não tiverem melhor posse.</p><p>Na posse de mais de ano e dia, o possuidor será mantido provisoriamente, inclusive contra o proprietário, até ser convencido pelos meios ordinários (CC, arts. 1.210 e 1.211; CPC, art. 558, caput e parágrafo único). Cessadas a violência e a clandestinidade, a posse passa a ser “útil”, surtindo todos os efeitos, nomeadamente para a usucapião e para a utilização dos interditos.</p><p>34</p><p>POSSE DE BOA­-FÉ E POSSE DE MÁ­-FÉ</p><p>O Código Civil brasileiro, no art. 1.201, conceitua a posse de boa­-fé como aquela em que “o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”.</p><p>Decorre da consciência de se ter adquirido a posse por meios legítimos. O seu conceito, portanto, funda­-se em dados psicológicos, em critério subjetivo.</p><p>É de suma importância, para caracterizar a posse de boa­-fé, a crença do possuidor de se encontrar em uma situação legítima. Se ignora a existência de vício na aquisição da posse, ela é de boa­-fé; se o vício é de seu conhecimento, a posse é de má­-fé.</p><p>35</p><p>POSSE NOVA E POSSE VELHA</p><p>■ posse nova é a de menos de ano e dia;</p><p>■ posse velha é a de ano e dia ou mais.</p><p>O art. 558 do Código de Processo Civil possibilita a concessão de liminar initio litis ao possuidor que intentar a ação possessória “dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho”. Passado esse prazo, “será comum o procedimento, não perdendo contudo, o caráter possessório”.</p><p>36</p><p>POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEM</p><p>■ Posse ad interdicta:</p><p>É a que pode ser defendida pelos interditos, isto é, pelas ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião.</p><p>O possuidor, como o locatário, por exemplo, vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, tem a faculdade de defendê­-la ou de recuperá­-la pela ação possessória adequada até mesmo contra o proprietário</p><p>■ Posse ad usucapionem</p><p>É a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. É, em suma, aquela capaz de gerar o direito de propriedade.</p><p>37</p><p>POSSE PRO DIVISO e POSSE PRO INDIVISO</p><p>■ Posse pro diviso</p><p>Configura­-se quando cada compossuidor se localiza em partes determinadas do imóvel, estabelecendo uma divisão de fato. Neste caso, cada compossuidor poderá mover ação possessória contra outro compossuidor que o moleste no exercício de seus direitos, nascidos daquela situação de fato.</p><p>■ Posse pro indiviso</p><p>Caracteriza­-se quando os compossuidores têm posse somente de partes ideais da coisa.</p><p>38</p><p>CONSIDERAÇÕES INICIAIS</p><p>39</p><p>AÇÕES POSSESSÓRIAS</p><p>Parte Especial, Livro I, Título III, Capítulo III, Arts. 554 a 568)</p><p>Prof. Rodolfo Grellet</p><p>1. Considerações introdutórias</p><p>Ações possessórias</p><p>competem a quem pretende proteger a posse de seus bens, sem discutir o domínio sobre os mesmos</p><p>Formas de proteção possessória</p><p>Reintegração de posse</p><p>Manutenção de posse</p><p>Interdito proibitório</p><p>Ação de reintegração</p><p>Perda da posse</p><p>Ação de manutenção</p><p>Incômodo no exercício da posse</p><p>Turbação</p><p>Esbulho</p><p>Perda da posse</p><p>Art. 1.224, CC: “só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido”.</p><p>Interdito proibitório</p><p>Justo receio quanto ao esbulho ou turbação iminentes</p><p>Tutela preventiva à posse (técnica antecipatória e sentença mandamental)</p><p>2. As ações possessórias clássicas, as ações de imissão de posse e a ação reivindicatória</p><p>Reintegração de posse</p><p>Fundada na posse</p><p>Ação do possuidor contra quem cometeu o esbulho</p><p>Imissão de posse</p><p>Documento que outorga direito à posse</p><p>Ação daquele que possui o direito à posse contra aquele que tem a obrigação de transferi-la.</p><p>Reivindicatória</p><p>Fundada no domínio</p><p>3. A fungibilidade da proteção possessória</p><p>Art. 554, CPC</p><p>A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.</p><p>4. Cumulação de pedidos em tutela possessória</p><p>Art. 555, CPC</p><p>É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:</p><p>I - condenação em perdas e danos;</p><p>II - indenização dos frutos.</p><p>Parágrafo único.  Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:</p><p>I - evitar nova turbação ou esbulho;</p><p>II - cumprir-se a tutela provisória ou final.</p><p>Ressarcimento</p><p>Indenização pelo dano que sofreu e por aquilo que deixou de ganhar em virtude do esbulho</p><p>Possibilidade de cisão do julgamento (art. 356, I e II, CPC)</p><p>Inibição de novo esbulho ou turbação</p><p>Garantia de tutela inibitória à posse (art. 497, parágrafo único)</p><p>Emprego de medidas de indução ou sub-rogação</p><p>5. Duplicidade de demanda possessória e cumulabilidde de demanda na defesa</p><p>Art. 556, CPC</p><p>É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.</p><p>6. Reserva de cognição do processo possessório</p><p>Art. 557</p><p>Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.</p><p>Parágrafo único.  Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.</p><p>7. Ação de força velha e ação de força nova</p><p>Art. 558, CPC</p><p>Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.</p><p>Parágrafo único.  Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.</p><p>Ação de força nova</p><p>Proposta dentro de ano e dia</p><p>Procedimento especial</p><p>Ação de força velha</p><p>Proposta após ano e dia</p><p>Procedimento comum</p><p>Técnicas antecipatórias (art. 562, CPC)</p><p>Técnicas antecipatórias (arts. 300 e 311, CPC)</p><p>8. Proteção possessória provisória e caução</p><p>Art. 559, CPC</p><p>Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.</p><p>9. As ações de manutenção e reintegração de posse</p><p>Manutenção</p><p>Objetiva tutelar o exercício da posse em condições normais, afastando os atos que, sem a usurparem, dificultam seu exercício</p><p>Reintegração</p><p>Recuperação da posse de que o possuidor foi privado pelo ato de esbulho</p><p>9.1.</p>
<p>Legitimidade</p><p>Ativo</p><p>Possuidor</p><p>Passivo</p><p>Aquele que haja infringido a posse alheia</p><p>Terceiro que, embora não seja o esbulhador, recebeu a coisa sabendo ser produto de esbulho</p><p>Pessoa casada (Art. 73, § 2º, CPC)</p><p>Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.</p><p>Detentor dependente</p><p>Art. 1.198, CC: “considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”</p><p>Não tem direito a tutela possessória contra o possuidor</p><p>Não tem direito a tutela possessória contra agressões de terceiros</p><p>Detentor interessado</p><p>Art. 1.208, CC: “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”</p><p>Não tem direito a tutela possessória contra o possuidor</p><p>Tem direito a tutela possessória contra agressões de terceiros</p><p>9.2. A causa petendi</p><p>Art. 561, CPC</p><p>Incumbe ao autor provar:</p><p>I - a sua posse;</p><p>II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;</p><p>III - a data da turbação ou do esbulho;</p><p>IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.</p><p>Posse</p><p>origem</p><p>título</p><p>Turbação</p><p>Incômodo ao exercício da posse</p><p>Esbulho</p><p>Perda da posse</p><p>Data do esbulho ou da turbação</p><p>Uso do procedimento especial</p><p>Contado a partir da ciência da turbação ou do esbulho</p><p>Contado a partir do último ato praticado que consumou o esbulho</p><p>Contado a partir do primeiro ato de turbação</p><p>9.3. Procedimento</p><p>Petição Inicial</p><p>Arts. 319 e 320</p><p>Prova da posse e do ato violador</p><p>Concessão de tutela possessória antecipada (art. 562)</p><p>Requisitos do art. 561</p><p>Audiência de justificação</p><p>Audiência de justificação (art. 562, CPC)</p><p>Requisitos do art. 561 do CPC não estão demonstrados de modo suficiente pelos documentos juntados com a inicial</p><p>Dever do juiz</p><p>Dispensa:</p><p>Fato confessado pelo autor que contradiz a presença dos requisitos do art. 561</p><p>Alegação do autor que torna a demonstração da posse e da turbação ou do esbulho insuscetível de ser feita em juízo sumário</p><p>Citação do réu para acompanhar o ato</p><p>Réu poderá contradizer e reinquirir testemunhas</p><p>Art. 562, parágrafo único</p><p>Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.</p><p>Mandado de manutenção na posse</p><p>Ordem para que o réu não pratique atos de turbação da posse, sob pena de incidir em desobediência</p><p>Pena de multa</p><p>Mandado de reintegração na posse</p><p>Busca e apreensão</p><p>Imissão na posse</p><p>Citação do réu</p><p>Promovida pelo autor no prazo de 5 dias, contados da concessão ou não da tutela possessória antecipada (art. 564)</p><p>Havendo audiência de justificação o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que indeferiu ou não a medida</p><p>Para responder no prazo de 15 dias</p><p>Art. 231, CPC</p><p>O réu pode oferecer qualquer espécie de resposta, posto que, após a citação, o rito a ser observado é o procedimento comum</p><p>10. O interdito proibitório</p><p>Tutela possessória de caráter inibitório</p><p>Evitar atos de violação possessória</p><p>Evidência de que a posse está sendo ameaçada de turbação ou esbulho (contexto fático e elementos concretos)</p><p>10.1. Procedimento (art. 567, CPC)</p><p>Petição inicial</p><p>Art. 319 e 320</p><p>Mandado proibitório</p><p>Ordena o réu a abstenção cominando-se multa pecuniária para eventual violação</p><p>Aplicação das normas que tratam das demais ações possessórias</p><p>Posse</p><p>Justo receito de violação</p><p>11. Ações possessórias e conflitos coletivos sobre imóveis</p><p>Procedimento diferenciado</p><p>Invasão de terras por grupos sociais organizados, como forma de protesto e de reivindicação de direitos</p><p>Peculiaridades sob o viés político, do direito material e processual</p><p>Desafios ao modelo tradicional de demanda possessória</p><p>Cautelas adicionais (participação do Ministério Público durante todo o processo, art. 178, III, CPC)</p><p>11.1. A citação dos réus</p><p>Art. 554</p><p>§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.</p><p>§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.</p><p>§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.</p><p>11.2. A liminar nas demandas possessórias coletivas de força velha</p><p>Art. 565</p><p>§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.</p><p>§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.</p><p>§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo.</p><p>No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o.</p><p>11.3. A efetivação da decisão</p><p>Art. 565, § 3º</p><p>§ 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.</p><p>Lei 14.216/2021</p><p>ADPF 828 STF</p><p>77</p><p>78</p><p>79</p><p>E A PROPRIEDADE PRIVADA COMO FICA?</p><p>Código Penal:</p><p>Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.</p><p>161, § 1º, II, do CP, que tipifica o ato de invadir, com violência ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio para o fim de esbulho possessório.</p><p>80</p><p>LEI Nº 14.216, DE 7 DE OUTUBRO DE 2021(Publ. 08.10.2021)</p><p>Estabelece medidas excepcionais em razão da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) decorrente da infecção humana pelo coronavírus SARS-CoV-2.</p><p>OBJETIVO: suspender o cumprimento de medida judicial, extrajudicial ou administrativa que resulte em desocupação ou remoção forçada coletiva em imóvel privado ou público, exclusivamente urbano, e a concessão de liminar em ação de despejo de que trata a Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, e para estimular a celebração de acordos nas relações locatícias.</p><p>81</p><p>Art. 1º Esta Lei estabelece medidas excepcionais em razão da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) decorrente da infecção humana pelo coronavírus SARS-CoV-2, para suspender até 31 de dezembro de 2021 o cumprimento de medida judicial, extrajudicial ou administrativa que resulte em desocupação ou remoção forçada coletiva em imóvel privado ou público, exclusivamente urbano, e a concessão de liminar em ação de despejo de que trata a Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, para dispensar o locatário do pagamento de multa em caso de denúncia de</p>
<p>locação de imóvel e para autorizar a realização de aditivo em contrato de locação por meio de correspondências eletrônicas ou de aplicativos de mensagens.</p><p>82</p><p>Art. 2º Ficam suspensos até 31 de dezembro de 2021 os efeitos de atos ou decisões judiciais, extrajudiciais ou administrativos, editados ou proferidos desde a vigência do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, até 1 (um) ano após o seu término, que imponham a desocupação ou a remoção forçada coletiva de imóvel privado ou público, exclusivamente urbano, que sirva de moradia ou que represente área produtiva pelo trabalho individual ou familiar.</p><p>83</p><p>§ 1º Para fins do disposto neste artigo, aplica-se a suspensão nos seguintes casos, entre outros:</p><p>I - execução de decisão liminar e de sentença em ações de natureza possessória e petitória, inclusive mandado pendente de cumprimento;</p><p>II - despejo coletivo promovido pelo Poder Judiciário;</p><p>III - desocupação ou remoção promovida pelo poder público;</p><p>IV - medida extrajudicial;</p><p>V - despejo administrativo em locação e arrendamento em assentamentos;</p><p>VI - autotutela da posse.</p><p>84</p><p>§ 2º As medidas decorrentes de atos ou decisões proferidos em data anterior à vigência do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, não serão efetivadas até 1 (um) ano após o seu término.</p><p>§ 3º Durante o período mencionado no caput deste artigo, não serão adotadas medidas preparatórias ou negociações com o fim de efetivar eventual remoção, e a autoridade administrativa ou judicial deverá manter sobrestados os processos em curso.</p><p>85</p><p>§ 4º Superado o prazo de suspensão a que se refere o caput deste artigo, o Poder Judiciário deverá realizar audiência de mediação entre as partes, com a participação do Ministério Público e da Defensoria Pública, nos processos de despejo, de remoção forçada e de reintegração de posse coletivos que estejam em tramitação e realizar inspeção judicial nas áreas em litígio.</p><p>86</p><p>Art. 7º As medidas de que tratam os arts. 2º e 3º desta Lei:</p><p>I - não se aplicam a ocupações ocorridas após 31 de março de 2021;</p><p>II - não alcançam as desocupações já perfectibilizadas na data da publicação desta Lei.</p><p>Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>87</p><p>ADPF 828 STF –</p><p>“ DESPEJO/DESOCUPAÇÃO ZERO”</p><p>88</p><p>PRIMEIRA SUSPENSÃO DAS ORDENS DE DESOCUPAÇÃO ADPF 828-STF:</p><p>PRAZO SUSPENSÃO : ATÉ 03.12.2021</p><p>A ADPF 828, foi interposta pelo PSOL, depois de um violento despejo em Brasília em meados de 2021.</p><p>O pedido ao STF foi subscrito também por dezenas de entidades que fazem parte da Campanha Despejo Zero, como o MTST, MST, UNMP, CMP, MTD, CONAM, MNLM, MLB, Brigadas Populares, Luta Popular, Articulação do Centro Antigo de Salvador, Terra de Direitos, Habitat para Humanidade, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Instituto Polis, Rede BrCidades, IBDU, FNRU, Defensorias Públicas, Universidades e por outros partidos de esquerda, como o PT e PCdoB, entre outras</p><p>Ajuizada em colaboração com a campanha nacional “Despejo Zero”.</p><p>OBJETIVO DA ADPF: a ADPF 828 pretende resguardar os direitos fundamentais à moradia, à saúde e à vida de famílias vulneráveis e ameaçadas de remoção de suas casas, em face do estado de calamidade pública deflagrado pela pandemia de SARS-COVID-19.</p><p>89</p><p>Em 03 de junho de 2021, o pedido liminar foi deferido pelo Relator, o Min. Barroso, por decisão que suspendeu aquelas ações que pudessem implicar no desalojamento de famílias de imóveis ocupados antes da pandemia, além de condicionar a desocupação de habitações consolidadas durante a pandemia à apresentação de um plano de realocação pelo Poder público.</p><p>O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quinta-feira (3/6/2021) a suspensão por seis meses de ordens ou medidas de desocupação de áreas que já estavam habitadas antes de 20 de março de 2020, quando foi aprovado o estado de calamidade pública em razão da epidemia de Covid-19. Conforme Decreto Legislativo 6/2020.</p><p>90</p><p>Pela decisão, ficam impossibilitadas "medidas administrativas ou judiciais que resultem em despejos, desocupações, remoções forçadas ou reintegrações de posse de natureza coletiva em imóveis que sirvam de moradia ou que representem área produtiva pelo trabalho individual ou familiar de populações vulneráveis".</p><p>O ministro também suspendeu o despejo de locatários de imóveis residenciais em condição de vulnerabilidade por decisão liminar, ou seja, sem prévia defesa, antes mesmo do exercício do contraditório. O conceito de vulnerabilidade será analisado caso a caso pelo magistrado que atuar na situação concreta.</p><p>91</p><p>A cautelar não se aplica a ocupações recentes, posteriores a 20 de março de 2020, mas estipula que o poder público assegure que as pessoas removidas possam ser levadas para abrigos. "Trata-se de evitar a consolidação de novas ocupações irregulares", afirmou.</p><p>92</p><p>CONCLUSÕES DA ADPF 828</p><p>- Primeira suspensão:</p><p>Até 03.12.2021.</p><p>93</p><p>1. Ante o quadro, defiro parcialmente a medida cautelar para:</p><p>i) com relação a ocupações anteriores à pandemia(20.03.2020) suspender pelo prazo de 6 (seis) meses, a contar da presente decisão, medidas administrativas ou judiciais que resultem em despejos, desocupações, remoções forçadas ou reintegrações de posse de natureza coletiva em imóveis que sirvam de moradia ou que representem área produtiva pelo trabalho individual ou familiar de populações vulneráveis, nos casos de ocupações anteriores a 20 de março de 2020, quando do início da vigência do estado de calamidade pública (Decreto Legislativo nº 6/2020);</p><p>94</p><p>ii) com relação a ocupações posteriores à pandemia: com relação às ocupações ocorridas após o marco temporal de 20 de março de 2020, referido acima, que sirvam de moradia para populações vulneráveis, o Poder Público poderá atuar a fim de evitar a sua consolidação, desde que as pessoas sejam levadas para abrigos públicos ou que de outra forma se assegure a elas moradia adequada; e</p><p>95</p><p>iii) com relação ao despejo liminar: suspender pelo prazo de 6 (seis) meses, a contar da presente decisão, a possibilidade de concessão de despejo liminar sumário, sem a audiência da parte contrária (art. 59, § 1º, da Lei nº 8.425/1991), nos casos de locações residenciais em que o locatário seja pessoa vulnerável, mantida a possibilidade da ação de despejo por falta de pagamento, com observância do rito normal e contraditório.</p><p>96</p><p>2. Ficam ressalvadas da abrangência da presente cautelar as seguintes hipóteses:</p><p>i) ocupações situadas em áreas de risco, suscetíveis à ocorrência de deslizamentos, inundações ou processos correlatos, mesmo que sejam anteriores ao estado de calamidade pública, nas quais a remoção poderá acontecer, respeitados os termos do art. 3º-B da Lei federal nº 12.340/2010;</p><p>ii) situações em que a desocupação se mostre absolutamente necessária para o combate ao crime organizado – a exemplo de complexos habitacionais invadidos e dominados por facções criminosas – nas quais deve ser assegurada a realocação de pessoas vulneráveis que não estejam envolvidas na prática dos delitos;</p><p>iii) a possibilidade de desintrusão de invasores em terras indígenas; e</p><p>97</p><p>iv) posições jurídicas que tenham por fundamento leis locais mais favoráveis à tutela do direito à moradia, desde que compatíveis com a Constituição, e decisões judiciais anteriores que confiram maior grau de proteção a grupos vulneráveis específicos, casos em que a medida mais protetiva prevalece sobre a presente decisão.</p><p>98</p><p>CONCLUSÃO:</p><p>Portanto por meio Da ADPF, cuja decisão foi proferida em em 03.06.2021, as desocupações e despejos estavam suspensos até 03.12.2021.</p><p>Ocorre que após a concessão da medida cautelar pela ADPF, em 08.10.2021 foi publicada a LEI 14.216/2021 que determinou a suspensão das ordens de desocupação e despejo até o dia 31.12.2021.</p><p>99</p><p>E ENTÃO, QUAL DEVE PREVALECER O PRAZO DA ADPF 03.12.2021 OU DA LEI 31.12.2021?</p><p>R: DA LEI. A lei foi mais favorável</p>
<p>às populações vulneráveis na maior parte de sua disciplina, exceto na parte em que restringe seu âmbito de incidência a áreas urbanas. 3. Tendo em vista a superveniência da lei, os critérios legais devem prevalecer sobre os termos da medida cautelar, na parte em que ela prevê critérios mais favoráveis para pessoas em situação de vulnerabilidade.</p><p>100</p><p>Além da suspensaõ das ordens de desocupação a lei também previu:</p><p>1 – Que para as desocupações que só poderão ocorrer após 31.12.2021, deverão ser realizadas inspeção judicial nos imóveis ocupados e audiência de mediação, com participação do Ministério Público e da Defensoria Pública.</p><p>2 – A lei cometeu um equivoco pois só previu a suspensão das ordens para imóveis urbanos em nada falava sobre imóveis rurais.</p><p>MAS A ADPF AMPLIOU O ALCANÇE DA LEI PARA OS IMÓVEIS RURAIS COM INVASÃO COLETIVA.</p><p>101</p><p>A Advocacia-Geral da União se manifesta pelo não conhecimento da arguição de descumprimento de preceito fundamental e pelo indeferimento dos pedidos cautelares. Preliminarmente, sustenta que o pleito não pode ser conhecido, pois (i) não foram indicados de forma precisa os atos do Poder Público impugnados e (ii) não se observou o princípio da subsidiariedade, tendo em vista que “o controle judicial requerido pode e deve ser exercido na via difusa” (Doc. 154, fl. 14). Além disso, sustenta que (iii) a arguição de descumprimento de preceito fundamental não pode ser utilizada para a coordenação, supervisão e monitoramento de políticas públicas, pois, “a se confirmar a tendência de universalização de demandas fundadas no controle de ‘estados de coisas inconstitucional’, perder-se-á qualquer sentido de deferência institucional” (Doc. 154, fl. 22). Destaca a (iv) impossibilidade de investigação probatória em processo objetivo. Ainda em sede preliminar, sustenta a (v) inépcia parcial da petição inicial, por ausência de correlação entre a causa de pedir e alguns dos pedidos formulados, pois a fundamentação desenvolvida centra-se no contexto da pandemia e parte dos pedidos de mérito diz respeito à formulação de políticas públicas</p><p>perenes e não relacionadas à situação emergencial relativa à disseminação da COVID-19 e, por fim, (vi) a impossibilidade de o Supremo Tribunal Federal atuar como legislador positivo.</p><p>102</p><p>A fim de afastar a verossimilhança das alegações para o pedido cautelar, sustenta (vii) que o direito à moradia é devidamente tutelado, tanto na ordem constitucional, quanto pela Lei nº 14.118/2021, que instituiu o Programa Casa Verde e Amarela, com o objetivo de ampliar o acesso à moradia; (viii) que a União não detém competência para a elaboração minuciosa de políticas públicas de interesse local; (ix) que, nas hipóteses de ocupações irregulares, deve-se sopesar, em cada caso concreto, os direitos fundamentais potencialmente violados e, especialmente em situações de crise, revelam-se imprescindíveis o exercício do poder de polícia administrativa e a garantia do acesso à justiça; (x) destaca que o CNJ editou a Resolução nº</p><p>90/2021, que “recomenda aos órgãos do Poder Judiciário a adoção de cautelas quando da solução de conflitos que versem sobre a desocupação coletiva de imóveis urbanos e rurais durante o período da pandemia do Coronavírus (Covid-19)” e que o art. 9º da Lei nº 14.010/2020 suspendeu em caráter temporário, até 20 de outubro de 2020, a concessão de liminares para a desocupação de imóveis urbanos nas ações de despejo a que se refere o art. 59, §1º, incisos I, II, V, VII, VIII e IX, da Lei nº 8.245/19912;</p><p>103</p><p>(xi) afirma que o problema habitacional, no Brasil, é histórico e deve ser enfrentado no âmbito das políticas públicas sobre o tema, havendo necessidade de deferência aos Poderes Legislativo e Executivo sobre a matéria. Por fim, afasta a existência de periculum in mora ao argumento de que, ainda que a política administrativa não seja imune a</p><p>críticas, ela não é inconstitucional e o eventual acolhimento dos pedidos interferiria no andamento das políticas públicas existentes, a revelar a existência de periculum in mora inverso.</p><p>104</p><p>A Procuradoria-Geral da República opinou pelo não</p><p>conhecimento da ação. Afirma que não foi atendido o requisito da subsidiariedade e que “a inobservância de leis estaduais/distritais que impeçam a execução de atos de desalojamento em atenção à epidemia de Covid-19 é impugnável por ações ordinárias, individuais ou coletivas, não sendo cabível ADPF para obtenção de determinação judicial ampla que, desconsiderando as peculiaridades de cada caso, determine a suspensão generalizada de todas as medidas de remoção e/ou desocupação, reintegrações de posse ou despejos em todo o território nacional” – ATIVISMO JUDICIAL – JUIZ LEGISLADOR.</p><p>105</p><p>Além disso, argumenta que não houve indicação de ato do Poder Público sindicável por arguição de descumprimento de preceito fundamental e que a atuação judicial com tamanha generalidade e abstração o aproximaria da condição de legislador positivo. Indica que cabe a cada ente da federação adotar as medidas materiais e administrativas que visem a impedir os desalojamentos, não cabendo ao Poder Judiciário definir políticas públicas.</p><p>ATIVISMO JUDICIAL – LEGISLANDO ATRAVÉS DO JUDICIÁRIO. E AS OUTREAS POLITICAS PUBLICAS PARA A PROTEÇÃO DE OUTROS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, EDUAÇÃO?</p><p>106</p><p>DECISÃO STF SEGUNDA PRORROGAÇÃO – ALÉM DO QUE A LEI TINHA DETERMINADO – PRORROGOU DE 31.12.2021 ATÉ 31.03.2022</p><p>Ementa: Direito Constitucional e Civil. Arguição de descumprimento de preceito Fundamental. Direito à moradia e à saúde de pessoas vulneráveis no contexto da pandemia da Covid-19. Ratificação da prorrogação da medida cautelar. 1. Pedido de extensão da medida cautelar anteriormente deferida, pelo prazo de um ano, a fim de que se mantenha a suspensão de desocupações coletivas e despejos enquanto perdurarem os efeitos da crise sanitária da COVID-19.</p><p>2. Após a concessão da medida cautelar, foi editada a Lei nº 14.216/2021, que determinou a suspensão das ordens de desocupação e despejo até 31.12.2021.</p><p>107</p><p>4. No tocante aos imóveis situados em áreas rurais, há uma omissão inconstitucional por parte do legislador, tendo em vista que não há critério razoável para proteger aqueles que estão em área urbana e deixar de proteger quem se encontra em área rural. Por isso, nessa parte, prorroga-se a vigência da medida cautelar até 31.03.2022 e determina-se que a suspensão das ordens de desocupação e despejo devem seguir os parâmetros fixados na Lei nº 14.216/2021</p><p>108</p><p>5. Realização de apelo ao legislador, a fim de que prorrogue a vigência do prazo de suspensão das ordens de desocupação e despejo por, no mínimo, mais três meses, a contar do prazo fixado na Lei nº 14.216/2021, tendo em vista que os efeitos da pandemia ainda persistem.</p><p>6. Caso não venha a ser deliberada a prorrogação pelo Congresso Nacional ou até que isso ocorra, é concedida a medida cautelar incidental, a fim de que a suspensão determinada na Lei nº 14.216/2021 siga vigente até 31.03.2022. 7. Medida cautelar incidental ratificada.(ADPF 828 TPI-Ref, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-025 DIVULG 09-02-2022 PUBLIC 10-02-2022)</p><p>109</p><p>EMENTA DA SEGUNDA PRORROGAÇÃO ADPF 828:</p><p>Decisão: O Tribunal, por maioria, referendou a medida cautelar incidental parcialmente deferida para:</p><p>(i) Determinar a extensão, para as áreas rurais, da suspensão temporária de desocupações e despejos, de acordo com os critérios previstos na Lei nº 14.216/2021, até o prazo de 31 de março de 2022;</p><p>(ii) Fazer apelo ao legislador, a fim de que prorrogue a vigência dos prazos previstos na Lei nº 14.216/2021 (arts. 1º; 2º; 4º e 5º), tendo em vista o cenário atual da pandemia; e</p><p>110</p><p>(iii) Caso não haja prorrogação até o período de recesso do Congresso Nacional, conceder parcialmente a medida cautelar, a fim de que os direitos assegurados pela Lei nº 14.216/2021, para as áreas urbanas e rurais, sigam vigentes até 31 de março de 2022, tudo nos termos do</p>
<p>voto do Relator, vencidos parcialmente os Ministros Ricardo Lewandowski e Nunes Marques.</p><p>Plenário, Sessão Virtual Extraordinária de 6.12.2021 a 8.12.2021.</p><p>111</p><p>TERCEIRA PRORROGAÇÃO adpf 828 STF DE 31.03.2022 A 30.06.2022</p><p>Ementa: Direito Constitucional e Civil. Arguição de descumprimento de preceito Fundamental. Direito à moradia e à saúde de pessoas vulneráveis no contexto da pandemia da Covid-19. Ratificação da prorrogação da medida cautelar anteriormente deferida. 1. Pedido de extensão da medida cautelar anteriormente deferida, a fim de que se mantenha a suspensão de desocupações coletivas e despejos enquanto perdurarem os efeitos da crise sanitária da COVID-19. 2. Observa-se no Brasil a melhora do cenário, com a evolução da vacinação e a redução do quantitativo de óbitos e de novos casos. Todavia, é certo que a pandemia ainda não acabou e a média móvel de mortes ainda corresponde à queda de um avião por dia. O plano internacional reforça as incertezas com o aumento de casos na Ásia e Europa. Sob o ponto de vista socioeconômico, houve uma piora acentuada na situação de pessoas vulneráveis.</p><p>112</p><p>3. Nesse cenário, em atenção aos postulados da cautela e precaução, é recomendável a prorrogação da medida cautelar anteriormente deferida. 4. Reitero o apelo ao legislador, a fim de que delibere a respeito do tema não apenas em razão da pandemia, mas também para estabelecer um regime de transição depois que ela terminar. A conjuntura demanda absoluto empenho de todos os órgãos do poder público para evitar o incremento expressivo do número de desabrigados.</p><p>113</p><p>3. Nesse cenário, em atenção aos postulados da cautela e precaução, é recomendável a prorrogação da medida cautelar anteriormente deferida. 4. Reitero o apelo ao legislador, a fim de que delibere a respeito do tema não apenas em razão da pandemia, mas também para estabelecer um regime de transição depois que ela terminar. A conjuntura demanda absoluto empenho de todos os órgãos do poder público para evitar o incremento expressivo do número de desabrigados.</p><p>114</p><p>QUARTA PRORROGAÇÃO STF DE 30.06.2022 A 31.10.2022</p><p>Ementa: Direito constitucional e civil. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Direito à moradia e à saúde de pessoas vulneráveis no contexto da pandemia da Covid-19. Ratificação da prorrogação da medida cautelar anteriormente deferida. 1. Pedido de extensão da medida cautelar anteriormente deferida, a fim de que se mantenha a suspensão de desocupações coletivas e despejos enquanto perdurarem os efeitos da crise sanitária da COVID-19. 2. Após um período de queda nos números da pandemia, em junho deste ano houve nova tendência de alta.</p><p>115</p><p>3. Nesse cenário, em atenção aos postulados da cautela e precaução, é recomendável a prorrogação da medida cautelar anteriormente deferida. 4. Não obstante, na linha do que registrei na última decisão, com a progressiva superação da crise sanitária, os limites da jurisdição deste relator se esgotarão. Por isso, será preciso estabelecer um regime de transição para a retomada da execução das decisões suspensas por esta ação. 5. Projeto de lei em trâmite na Câmara dos Deputados com tal objetivo. Deferência ao Poder Legislativo para disciplinar a matéria, sem descartar, todavia, a hipótese de intervenção judicial em caso de omissão.</p><p>116</p><p>6. Ratificação da medida cautelar incidental parcialmente deferida, para manutenção da suspensão temporária de desocupações e despejos, inclusive para as áreas rurais, de acordo com os critérios previstos na Lei nº 14.216/2021, até 31 de outubro de 2022.</p><p>117</p><p>CONCLUSÕES FINAIS ADPF 828 – PRAZO SUSPENSÃO ATÉ 31.10.2022</p><p>1. Permanência das condições para a manutenção dos direitos assegurados pela Lei nº 14.216/2021.</p><p>2 O pedido cautelar incidental deve ser parcialmente deferido, mantendo-se, por mais quatro meses, a suspensão das desocupações coletivas e dos despejos liminares, nos moldes previstos na Lei nº 14.216/2021, para as áreas urbanas e rurais.</p><p>Deferimento parcial do pedido de medida cautelar incidental para manutenção da</p><p>suspensão temporária de desocupações e despejos, inclusive para as áreas rurais, de acordo com os critérios previstos na Lei nº 14.216/2021, até 31 de outubro de 2022.</p><p>118</p><p>Apresentação de propostas de regime de transição e de condicionantes para a retomada das desocupações, apresentadas pela ADPF 828.</p><p>Cito, aqui, algumas delas:</p><p>119</p><p>(a) a necessidadedequea retomada seja gradual, com a observância de critérios como o tempo de ocupação da área, a quantidade de pessoas a serem removidas e o grau de consolidação da ocupação (se conta, por exemplo, com equipamentos públicos ou não, como escolas, postos de saúde, rede elétrica e de água e esgoto);</p><p>(b) a necessidade de que a remoção forçada de populações em situação de vulnerabilidade seja tratada como uma medida excepcional (Resolução nº 10/2018 do Conselho Nacional de Direitos Humanos - CNDH);</p><p>120</p><p>(c) nas remoções inevitáveis, a necessidade de prévia elaboração de um plano de desocupação, com a participação dos atingidos;</p><p>(d)a garantia de reassentamento das populações afetadas em locais adequados para fins de moradia ou a garantia de acesso à terra produtiva;</p><p>121</p><p>(e)a prévia cientificação pessoal dos ocupantes do bem; (f) a elaboraçãode laudo com avaliação dos impactos socioeconômicos da pandemia sobre as</p><p>pessoas atingidas pela desocupação;</p><p>(g) o mapeamento do quantitativo de pessoas vacinadas;</p><p>(h) a realização de inspeção judicial na área em litígio e de audiências de mediação entre as partes, com a participaçãoda Defensoria Pública, do Ministério Público, dos órgãos competentes do Poder Executivo e de representantes de movimentos sociais (art. 2º, § 4º, da Lei nº 14.216/2021);</p><p>122</p><p>(i) a concessão de prazo razoável para que as famílias se retirem do local;</p><p>(j) a avaliação quanto ao cumprimento da função social do imóvel pelo seu titular;</p><p>(k) a análise quanto ao preenchimento pelos ocupantes dos requisitos da desapropriação</p><p>previstos no art. 1.228, § 4º, do Código Civil;</p><p>(l) a criação de políticas públicas de moradias populares, entre outras.</p><p>123</p><p>A realização de inspeção judicial na área em litígio e de audiências de mediação entre as partes, com a participação da Defensoria Pública, do Ministério Público, dos órgãos competentes do</p><p>Poder Executivo e de representantes de movimentos sociais (art. 2º, § 4º, da Lei nº 14.216/2021); (i) a concessão de prazo razoável para que as famílias se retirem do local; (j) a avaliação quanto ao cumprimento da função social do imóvel pelo seu titular; (k) a análise quanto ao</p><p>preenchimento pelos ocupantes dos requisitos da desapropriação previstos no art. 1.228, § 4º, do Código Civil; (l) a criação de políticas públicas de moradias populares, entre outras.</p><p>124</p><p>Várias dessas propostas foram incorporadas ao Projeto de</p><p>Lei nº 1.501/2022, de autoria da Deputada Natália Bonavides.</p><p>Diante disso, não só pelas circunstâncias sanitárias, mas também políticas, é recomendável que esta Corte não implemente desde logo um regime de transição, concedendo ao Poder Legislativo um prazo razoável para disciplinar a matéria.</p><p>Não se descarta, porém, a hipótese de intervenção judicial em caso de omissão.</p><p>125</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Ante o exposto, defiro parcialmente o pedido de medida</p><p>cautelar incidental, mantendo a suspensão temporária de desocupações despejos, inclusive para as áreas rurais, de acordo com os critérios previstos na Lei nº 14.216/2021, até 31 de outubro de 2022.</p><p>(ADPF 828 TPI-terceira-Ref, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 01-09-2022 PUBLIC 02-09-2022)</p><p>126</p><p>CONCLUSÃO ANÁLISE LEI 14.216/2021 C/C ADPF 828-STF</p><p>1 – SE AINVASÃO OCORREU ENTRE OS DIAS 20.03.2020 (DATA QUE INICIA A PANDEMIA CONFORME DECRETO 6/2020) ATÉ O DIA 31.03.2021(data informada pelo ART 7, I DA Lei 14216/2021). A ORDEM DE REINTRGEAÇÃO FICA SUSPENSA ATÉ O DIA 31.10.2022(DECISÃO STF).</p><p>127</p><p>2 - SE A INVASÃO OCORREU ANTES DO DIA</p>
<p>20.03.2020 E SE AS ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE FORAM DEFERIDAS ANTES DO DIA 20.03. 2020 (ANTES DA PANDEMIA) AS ORDENS DE SESOCUPAÇÃO NÃO SERAO CUMPRIDAS, FICARAO SUSPENSAS ATÉ O DIA 24.04.2023( FICARAO SUSPENSAS POR 1 ANO APÓS A DECRATEÇAO DO TERMINO DA PANDEMIA – O TERMINO DA PANDEMIA OCORREU EM 22.05.2022 CONFORME ART 2ª DA PORTARIA GM/MS 913 DE 22.04.2022).</p><p>3 – INAVASÃO OU ORDENS DE DESOCUPAÇÃO PROFERIDAS APÓS 31.03.2021 SERAO CUMPRIDAS NORMALMENTE – A SUSPENSÃO NÃO SE APLICA A OCUPAÇÃO OCORRIDAS APÓS 31.03.2021.</p><p>128</p><p>COMO ISSO TEM OCORRIDO NA PRATICA NO CASO DAS REINTEGRAÇÕES DE POSSE AUTOS DE REINTEGRAÇÇÃO DE POSSE 1333-89.200.9.81.16.0053.</p><p>ULTIMA INVASÃO OCORREU EM 18.12.2021 ( PORTANTO APÓS 31.03.2021)</p><p>VEJAMOS A JURISPRUDÊNCIA:</p><p>129</p><p>GRAVO INTERNO. INDEFERIMENTO DE EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. LIMINAR DEFERIDA. USINA CENTRAL DO PARANÁ. NOVA INVASÃO DE TERRAS POR INTEGRANTES DA CONTAG. ADPF 828. SUSPENSÃO DAS ORDENS DE DESOCUPAÇÃO ATÉ 31.03.2022. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. OCUPAÇÃO VERIFICADA APÓS 31.03.2021. INTELIGÊNCIA DA LEI Nº 14.216/2021. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS APTOS A MODIFICAR A DECISÃO IMPUGNADA.RECURSO NÃO PROVIDO.(TJPR - 17ª C.Cível - 0007944-66.2022.8.16.0000 - Bela Vista do Paraíso - Rel.: DESEMBARGADOR NAOR RIBEIRO DE MACEDO NETO - J. 19.05.2022) Com efeito, conforme decidido pelo excelso Supremo Tribunal Federal na ADPF 828 (Relator: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2021), “prorroga-se a vigência da medida cautelar até 31.03.2022 e determina-se que a suspensão das ordens de desocupação e despejo devem seguir os parâmetros fixados na Lei no 14.216/2021”. Nesta, contudo, há disposição expressa de que as medidas de suspensão “não se aplicam a ocupações ocorridas após 31 de março de 2021” (art. 7o, I) e “não alcançam as desocupações já perfectibilizadas na data da publicação desta Lei” (art. 7o, II). Vale dizer, a invocada deliberação proferida pelo STF, ao menos neste exame prévio, não confere aos que já foram, há muito tempo, retirados da propriedade em debate – por diversas vezes, aliás ( v.g., mov. 1.1, p. 186; mov. 1.2, p. 144 e 208; mov. 170.1, p 2; e mov. 216.1) – autorização para novamente invadi-la.</p><p>130</p><p>INTERVENÇÃO FEDERAL</p><p>DESCUMPRIMENTO LEI E DA ORDEM JUDICIAL</p><p>131</p><p>Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:</p><p>I - manter a integridade nacional;</p><p>II -...;</p><p>III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;</p><p>IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;</p><p>V -...</p><p>VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;</p><p>132</p><p>Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:</p><p>I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;</p><p>II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;</p><p>III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)</p><p>133</p><p>A intervenção federal é medida de natureza excepcional, por limitar a autonomia do ente federado, com vistas a restabelecer o equilíbrio federativo, cujas hipóteses de cabimento encontram-se previstas taxativamente no art. 34 da Constituição Federal, com regulamentação nos arts. 19 a 22 da Lei n. 8.038/1990 e nos arts. 312 a 315 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.</p><p>134</p><p>Da Intervenção Federal nos Estados</p><p>Art. 312. A requisição de intervenção federal, prevista nos artigos 34, VI, e 36, II e IV, da Constituição, será promovida:</p><p>I - de ofício, ou mediante pedido do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, ou do Presidente de Tribunal Federal, quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão judicial, com ressalva, conforme a matéria, da competência do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral</p><p>(Constituição, art. 34, VI, e art. 36, II)</p><p>135</p><p>II - de ofício, ou mediante pedido da parte interessada, quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão do Superior Tribunal de Justiça (Constituição, art. 34, VI, e art. 36, II);</p><p>III - mediante representação do Procurador-Geral da República, quando se tratar de prover a execução de lei federal (Constituição, art. 34, VI, e art. 36, IV)</p><p>136</p><p>Art. 313. O Presidente, ao receber o pedido:</p><p>I - tomará as providências oficiais que lhe parecerem adequadas para remover, administrativamente, a causa do pedido;</p><p>II - mandará arquivá-lo, se for manifestamente infundado, cabendo da sua decisão agravo regimental.</p><p>137</p><p>Art. 314. Realizada a gestão prevista no inciso I do artigo anterior, solicitadas informações à autoridade estadual, que as deverá prestar, no prazo de trinta (30) dias, e ouvido o Procurador-Geral, em igual prazo, o pedido será distribuído a um relator.</p><p>Parágrafo único. Tendo em vista o interesse público, poderá a Corte Especial limitar a presença no recinto às partes e seus advogados, ou somente a estes.</p><p>138</p><p>Art. 315. Julgado procedente o pedido, o Presidente do Tribunal comunicará imediatamente a decisão aos órgãos interessados do Poder Público e requisitará a</p><p>intervenção ao Presidente da República.</p><p>139</p><p>INTERVENÇÃO FEDERAL 115 PR (2014-0276027-3 STJ)</p><p>INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE DETERMINADA PELO PODER JUDICIÁRIO. REQUISIÇÃO DE AUXÍLIO DE FORÇA POLICIAL. OITO ANOS DE INÉRCIA DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO PARANÁ EM CUMPRIR A DECISÃO JUDICIAL. DESOBEDIÊNCIA À ORDEM JUDICIAL CARACTERIZADA. ART. 34, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERVENÇÃO DEFERIDA.</p><p>VIDE ACÓRDÃO STJ: DISCUTIR EMENTA.</p><p>140</p><p>JULGADOS FAVORÁVEIS A INTERVENÇÃO FEDERAL</p><p>Enfraquecimento do Poder Judiciário - IF 94: CONSTITUCIONAL. INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. IMÓVEL RURAL INVADIDO PELO MST. REINTEGRAÇÃO DE POSSE CONCEDIDA. DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. ATRASO INJUSTIFICÁVEL. CONTUMÁCIA. VASTIDÃO DE PRECEDENTES. 1. Pedido de Intervenção Federal requerido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná em face de descumprimento de ordem judicial (medida liminar) oriunda daquela Corte que determinou reintegração na posse dos titulares de imóvel rural invadido por grupo denominado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. 2. A via da intervenção federal, de natureza especialíssima e grave, só deve ser aberta quando em situações extremas e se apresentar manifesta a intenção do Poder Executivo, pela sua autoridade maior, de conduta inequívoca de descumprimento de decisão judicial, como se insere na presente lide.</p><p>141</p><p>3. Em diversos casos semelhantes ao presente, a distinta Corte Especial deste Sodalício decidiu que, ante a recalcitrância do Estado do Paraná em descumprir decisões judiciais de reintegração de posse – mesmo que de natureza provisória – quando o esbulho é perpetrado por ditos movimentos sociais sem que houvesse qualquer justificativa plausível ou mesmo atos concretos nesse sentido, é de se deferir o pedido de intervenção federal. 4. O indeferimento do pedido implicaria despir de eficácia e autoridade as decisões judiciais, importando num indesejável e crescente enfraquecimento do Poder Judiciário, transmudando a coercibilidade e o comando inerentes aos provimentos judiciais em simples aconselhamento destituído de eficácia, ainda mais quando caracterizada a contumácia no descumprimento. 5. “É irrelevante o fato de não ser definitiva a decisão exeqüenda. Dizer que somente o desrespeito à decisão definitiva justifica a intervenção é reduzir as decisões cautelares à simples inutilidade.” (IF nº 97/PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 18/12/06). 6...... 7. Pedido de intervenção deferido</p><p>142</p><p>IF 107/PR, Ementa: INTERVENÇÃO</p>

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