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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO SUPERIOR TECNÓLOGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP VALDINEI RODRIGUES ANDRADE A SAÚDE EMOCIONAL NA PROFISSÃO DOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA Projeto de Pesquisa a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Prática de Pesquisa em Segurança Pública. ORIENTADOR Professor Rafael Dall Agnol Belém – PA Agosto de 2022. 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................................................ 3 3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................ 4 4. REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................................................... 4 5. METODOLOGIA ............................................................................................................................................... 8 6. CRONOGRAMA ................................................................................................................................................ 9 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 10 1. INTRODUÇÃO Todo profissional treinado e capacitado para garantir a integridade de pessoas ou bens é incluído na categoria de agente de segurança. Esse agente pode prestar, por exemplo, um serviço privado ou público. Em ambos os casos, a saúde emocional deve estar em condições favoráveis para o exercício de sua função. Agentes de segurança pública, como, então, policiais civis, militares, federais e rodoviárias, o corpo de bombeiros, os guardas municipais e os policiais penais, são responsáveis pela manutenção da ordem e pela proteção dos cidadãos. Por terem uma demanda muito intensa e variada, esses profissionais, a saber, precisam e merecem receber orientações para lidar com a montanha russa emocional cotidiana que vivem. É muito comum que esses agentes desenvolvam transtornos como depressão, ansiedade, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e demência. Eles vivem sob altos níveis de estresse, cobrança, bem como responsabilidade excessiva diante da vida humana. Assim como todos nós, os agentes de segurança também devem cuidar da própria saúde mental. Afinal, profissionais saudáveis são essenciais para uma gestão pública de qualidade. 2. OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo explanar dados obtidos pela pesquisa em cunho bibliográfico de fatos acerca da saúde mental dos trabalhadores do setor de segurança pública. 3. JUSTIFICATIVA 4 Diante do assunto discutido, além da responsabilidade do Estado, vem a contrapartida do sujeito em buscar canais de atendimento em saúde física/mental, diante de seu sofrimento, por mais que isto seja penoso em algumas situações. Certamente, seria útil que fosse permitida a transparência e a participação dos trabalhadores nos debates e nas formulações de políticas públicas, proporcionando ambientes laborais que promovam saúde e não prejudiquem o âmbito físico/mental. A valorização da vida é necessária em todos os contextos, no caso de trabalhadores que lidam direta e diariamente com a violência, não é diferente e, o objeto de trabalho cotidiano da atividade profissional dos agentes de segurança é intensificador do problema. Como citado no decorrer do artigo, a promoção de apoio psicológico, além de políticas públicas em prol da saúde mental tornam-se imprescindíveis, possibilitando manejo das problemáticas e dessa forma propiciando um ambiente laboral convidativo a prevenir ainda mais adversidades, além daquelas vistas nas ocorrências policiais. 4. REVISÃO TEORICA 4.1. As atividades de segurança pública Como é de conhecimento público, na área de segurança pública, para atuar nesse tipo de atividade, não é necessário ter experiência anterior, pois o Estado forma e capacita seus servidores; porém, para ingressar é preciso passar por uma árdua seleção, realizada por concurso público geralmente muito concorrido, o que sugere que as pessoas que logram êxito na seleção são bem instruídas intelectualmente. Vale lembrar que houve um tempo em que os agentes de segurança pública eram escolhidos aleatoriamente, principalmente pelo seu porte físico. Segundo a legislação vigente, atualmente esses profissionais passam a ter estabilidade no cargo após o período de estágio probatório que dura 3 (três) anos, quando a demissão passa a ser um processo excepcional. Porém, isso não diminui a necessidade de continuar desenvolvendo suas competências com o intuito de exercer cada vez melhor suas funções profissionais. 4.2. Competências necessárias aos agentes de segurança pública O trabalho de segurança pública é realizado por pessoas e suas atividades requerem competências técnicas e comportamentais específicas que favoreçam o perfil profissional, para ser capaz de comunicar-se de forma efetiva, relacionar-se com a comunidade, mediar conflitos e administrar o uso da força, dentre outras, conforme o contexto em que as necessidades e as exigências sociais surjam. Para formar e capacitar de forma continuada os profissionais dessa área, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério da Justiça, elaborou um instrumento que visa fornecer a padronização mínima para as construções dos currículos de cursos: a Matriz Curricular Nacional. Primeiramente, a Matriz se baseou na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Todavia, com a necessidade de atualizar e aprimorar o referido documento, a SENASP realizou uma pesquisa de Profissiografia e Mapeamento de Competências dos cargos com o intuito de promover uma atuação cada vez mais qualificada e oferecer serviços que atendam às exigências da sociedade. O estudo profissiográfico lista as tarefas executadas pelos ocupantes de cada cargo, os requisitos necessários para executá-las, as condições de trabalho que podem facilitar ou dificultar a sua realização e as lacunas na capacitação, bem como identifica as características comuns dos profissionais da área de segurança pública, o que auxilia a elaboração do planejamento estratégico institucional, pois fundamenta processos como recrutamento, seleção, capacitação e avaliação de desempenho. 4.3. Saúde emocional e as atividades de segurança pública Hoje em dia, assim como na Era Industrial, os agentes que exercem as atividades de segurança pública muitas vezes são vistos pela sociedade como meros objetos, instrumentos 6 da segurança pública, o que os desvaloriza enquanto seres humanos. (Muniz, 1999, apud Minayo MCS, Adorno S, 2013). Neste sentido, os veículos de comunicação e a opinião pública, em geral, avaliam de modo negativo o trabalho dos agentes da segurança pública, fato este que atinge a autoestima desses servidores. Porém, muitas vezes não se leva em consideração que, ao exercer as atividades de segurança pública, os agentes enfrentam vários tipos de ambientes, são expostos ao sofrimento alheio, vivenciam situações adversas e perigosas (muitas vezes envolvem até risco de vida), sendo frequentes os momentos de tensão e de estresse peculiares dessas atividades profissionais (assim como ocorre com os profissionais da área da saúde ao serem confrontadoscom situações de sofrimento), o que os torna bastante vulneráveis à produção de sofrimento psíquico, afetando a saúde mental e a qualidade de vida no âmbito pessoal. Conforme estudo divulgado pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (2019), “Em 2019, 91 policiais – militares e civis – cometeram suicídio. Já os mortos no trabalho foram 72 e fora de serviço 101 policiais foram mortos”. Tais números chamaram atenção do Senado Federal, que verificou ações voltadas à saúde mental e prevenção do suicídio de profissionais de segurança pública. Durante entrevista para o Conselho Regional de Psicologia (2020), a psicóloga Maria Antonieta Brito Beck afirma que: “Os policiais, de maneira geral, costumam apresentar perfil profissiográfico para o exercício da função e se capacitam durante a formação, porém não elimina o adoecimento pela constante exposição à violência, aos confrontos armados e o temor da morte”. Quando não tratados preventivamente, a tendência é que, a partir do terceiro ano, apresentem sintomas referentes à exposição constante. Geralmente começam com os sintomas físicos, alteração do sono, aumento do peso, problemas gástricos. Depois, vem às queixas sobre relacionamento interpessoal, dificuldade de adaptação, baixa tolerância, condutas persecutórias e, por fim, a instalação dos transtornos, quando não diagnosticados e tratados a tempo. Exemplos de transtornos mais constatados: ansiedade, pós- traumático, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de dependência química (álcool e tabaco). Importante salientar que, em instituições policiais militares, que se caracteriza por forte disciplina e hierarquia, a organização do trabalho pode desenvolver tensão e sofrimento psíquico. (CRP/SC, 2020, p. 02).” Esses números são gravíssimos, afinal os policiais precisam estar com uma boa saúde mental para realizar seu trabalho. Infelizmente grande parte dos problemas psicológicos não pode ser evitada, mas sim tratadas logo no início, é uma forma de evitar que problemas como depressão, ansiedade, síndromes do pânico e outros cheguem a levar os policiais à morte. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2017), os agentes do setor de segurança pública convivem com inseguranças relacionadas ao âmbito laboral e/ou pessoal, visto a vulnerabilidade que a atuação profissional ocasiona, no sentido de exposição ao risco diário, sensação de desvalorização profissional, problemas sociais, estigmas e questões adversas hierárquicas, além de muitas vezes atuar com material aquém da demanda, agravando sentimentos adversos e culminando na deterioração do estado de saúde mental do sujeito 4.4. Saúde mental dos agentes de segurança e as ações legais. O Plenário do Senado aprovou em 2021 o projeto de lei que inclui ações voltadas para a promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio no Programa Pró-Vida, voltado para profissionais de segurança pública. O PL 4.815/2019, do senador Alessandro Vieira foi aprovado com votação unânime e segue para a análise da Câmara dos Deputados. O senador Omar Aziz, presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado (CSP), avaliou que a pressão colocada sobre os profissionais de segurança nas cidades é a principal causa de desestabilização mental dentro das corporações. Segundo ele: “O policial civil ou militar não é uma máquina. Ele não é um equipamento que funciona se você apertar o botão. Ele é um ser humano que, com o passar do tempo dentro da polícia, vendo tantas dificuldades e tantas arbitrariedades que são cometidas contra a população mais carente, vai perdendo a sensibilidade”. A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados também aprovou a proposta que inclui ações para a promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio no Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró- Vida), previsto na Lei 13.675/18. 8 Segundo o autor do projeto, senador Alessandro Vieira: “A exposição contínua à violência pode tornar o indivíduo mais vulnerável às doenças psíquicas, à dependência química e às doenças psicossomáticas. No entanto, por questões culturais e institucionais, os profissionais de segurança quase nunca conseguem auxílio dentro das corporações, onde enfermidades psiquiátricas, tais como depressão e ansiedade, muitas vezes são vistas como sinais de fraqueza ou de falta de comprometimento”. Iniciativa do Governo Federal, o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida) foi criado em 2010 com o objetivo de valorizar o profissional da área de segurança, reduzindo os riscos de morte e atuando na prevenção da saúde no exercício da profissão. 5. METODOLOGIA Foi utilizado o método de pesquisa exploratória com a finalidade de entender que apesar dos mecanismos de saúde pública existentes, especificamente em saúde mental, torna- se necessário um avanço significativo no quesito cultural, proporcionando apoio ao sujeito em sofrimento e não julgamento, com fontes de pesquisa secundária, baseada em artigos e livros partindo de uma revisão bibliográfica composta pelos principais autores da área. A finalidade é traçar um “padrão” que possa ser trabalhado como exemplo e aplicado junto aos objetos empíricos. O estudo terá caráter essencialmente qualitativo, com ênfase na observação e estudo documental, ao mesmo tempo em que será necessário o cruzamento dos levantamentos com toda a pesquisa bibliográfica já feita. 6. CRONOGRAMA CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA PARA O PERÍODO DE MAIO DE 2022 A AGOSTO DE 2022. M J J A Obtenção de créditos de disciplinas .. .. .. Levantamentos de dados, revisão bibliográfica, análise de material bibliográfico. .. .. Construção dos primeiros textos já objetivando estruturar o trabalho de pesquisa .. .. Redação do trabalho de pesquisa .. .. Formatação nas normas da ABNT .. 10 REFERÊNCIAS LIMA, Renata Barros. A importância do desenvolvimento da inteligência emocional na formação dos agentes de segurança pública. Instituto Federal de Brasília - IFB. Brasília DF. 2019. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 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