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SUMÁRIO 
 
 
 
1. O QUE É TEOLOGIA 
 
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA 
 
3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA 
 
 3.1 Teologia Exegética 
 3.2 Teologia Histórica 
 3.3 Teologia Dogmática 
 3.4 Teologia Bíblica 
 3.5 Teologia Sistemática 
 
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL 
 
5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA 
 
 5.1 A teologia nas funções da igreja 
 
6. FONTES DA TEOLOGIA 
 
7. O TEÓLOGO 
 
8. DOUTRINA E RELIGIÃO 
 
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. O QUE É TEOLOGIA 
 
Diversos são os conceitos e entendimentos sobre a “teologia”. É 
imprescindível o entendimento do termo para evitar equívocos sobre seu real 
significado. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, é difícil encontrar uma 
boa e abrangente definição para a teologia, pois praticamente todas elas são, ou 
simples demais, ou tendem a dar mais importância a uma das fontes de uma 
teologia totalmente desenvolvida, excluindo outras.1 A teologia sofreu preconceito 
em todas as eras da história e por diversas ocasiões recebeu o tratamento de 
mitologia pagã. Orígenes foi o primeiro a empregá-lo no contexto cristão como “a 
sublimidade e a majestade da teologia”. A partir de Eusébio de Cesaréia, a palavra 
popularizou-se no cristianismo.2 
A teologia não foi criada por si mesma, no sentido que a revelação e a fé 
tenham-na criado ou construído. As duas palavras gregas que formam o termo 
indicam o seu objetivo. “O termo teologia vem do grego theôs, "deus", e Iogos, 
"estudo", "discurso", "raciocínio". Assim, essa palavra indica o estudo das coisas 
relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens, etc. Uma 
definição léxica diz: um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus 
atributos e relações como homem; especialmente aquele corpo de doutrinas 
estabelecido por alguma igreja ou grupo religioso em particular". Essa é uma 
definição restrita. Mas esse vocábulo também é usado em um sentido mais geral: 
"O estudo da religião, que culmina em uma síntese ou filosofia da religião; além 
disso, uma pesquisa crítica da religião, especialmente da religião cristã".3 
Charles Ryrie destaca que existem pelo menos três elementos incluídos no 
conceito geral de teologia: 
 
 
1 PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910. 
2 SOARES, Esequias et. al. Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p.51. 
3 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.396. 
 
 
[1] Teologia é inteligível. Ela pode ser compreendida pela mente humana de 
maneira ordenada e racional. [2] Teologia requer explicação. Isso, por sua vez, 
envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização de ideias. [3] 
a fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo baseado 
na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das 
verdades a respeito de Deus.4 
 
Para Geisler a teologia é o estudo daquilo que é referente a Deus, seja a 
sua natureza, as suas obras, bem como a sua relação com a sua criação (o 
homem). É um discurso racional a respeito de Deus.5 Berkhof diz em sua 
sistemática que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por 
meio de quem, e para quem são todas as coisas.6 Para Rahner, teologia é a 
explanação e explicação consciente e metodológica da revelação divina recebida 
e apreendida na fé (…) A tarefa da teologia é articular os elementos conceituais 
implícitos na fé cristã.7 
 Na construção de um bom conceito para a teologia, Medrado faz uma 
observação: De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele, isto 
é, o mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais. E isso está já na 
palavra mesma de “teologia” estudo de Deus. Mas como Deus é o determinante 
de tudo, então, qualquer coisa pode ser objeto de consideração do teólogo. Deus, 
com efeito, pode ser definido como a realidade que determina todas as 
realidades.8 
 No contexto da religião cristã, Myatt afirma que “a teologia não é o estudo 
de Deus como algo abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia. 
Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e 
relações com as criaturas”.9 Para Strong a “teologia é a ciência de Deus e das 
relações entre Deus e o universo”. De acordo com Gruden, “teologia é o estudo de 
 
4 RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15. 
5 GEISLER, N. Teologia Sistemática: Introdução à teologia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. 
p.11. 
6 BERKHOF, Louis. 
7 RAHNER, apud RAUSCH, T. P. Introdução à Teologia. São Paulo: Paulus, 2004. p.15. 
8 MEDRADO, Eudaldo Freitas. Introdução à Teologia. Disponível em http://www.famedrado.kit.net/ 
Canal%2004/01.htm. Acesso: 19.11.2015. 
9 MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica 
Batista de São Paulo, 2002. p.12. 
 
 
Deus e de todas as suas obras”. Para Hodge “teologia não é somente ‘a ciência 
de Deus’ nem mesmo ‘a ciência de Deus e do homem’, ela também dá conta das 
relações entre Deus e o universo”. Um bom conceito para a teologia deve 
considerá-la como o estudo das relações do Criador (Deus) com a criatura 
(homens). 
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria muita 
presunção para o ser humano, uma vez que, Deus, transcende o entendimento 
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de estudar, ou conhecer 
a Deus na sua plenitude. Deus se revela ao homem, e este, é capaz de conhecê-
lo. O conhecimento produz um relacionamento, que não necessariamente, permita 
um conhecimento pleno da “mente” de Deus. O relacionamento produzido por um 
relacionamento íntimo com Deus permite ao homem viver na plenitude daquilo que 
Deus projetou para ele. Deus é conhecido através das suas obras e das suas 
atividades. Por isso a teologia dá conta destas atividades na medida que elas 
acompanham o nosso conhecimento. 
Deus pode ser conhecido e é possível ao homem conhecer a Deus. Isso 
torna a teologia plenamente possível. De acordo com Strong existem ao menos 
três possibilidades para a teologia: [a] Deus é um ser real que se relaciona com o 
universo; [b] A mente humana é capaz de conhecer a Deus e perceber sua 
relação com o universo; e [c] Deus provê sua revelação (João 17.3: E a vida 
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus 
Cristo, a quem enviaste. Efésios 1.17: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus 
Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de 
revelação). 
Hordern destaca que a teologia é um tratado ou desenvolvimento bem 
ordenado do pensamento que se possa obter a respeito de Deus. De acordo com 
este autor “a palavra ‘Deus’ não pode ser definida de forma exaustiva, mas é 
normalmente empregada para representar o que quer que se creia como sendo o 
fato ‘último’, a fonte da qual tudo o mais teria provindo, o valor supremo ou a 
origem de todos os valores da existência. Deus vem a ser o ente admitido como 
sendo digno de constituir-se no alvo e no propósito da vida. A luz de tais 
 
 
considerações, torna-se evidente que ninguém poderá passar sua existência sem 
a adoção de alguma forma de teologia”.10 
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe o termo “teologia” pode ser 
usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras, 
como do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do Antigo Testamento ou 
da teologia do Novo Testamento. O termo “teologia”, segundo este dicionário, 
assume um sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o 
conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação 
à Deus, e também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.11A teologia cristã estruturou-se na história relacionando-se com a filosofia. 
Sobre esta relação e sobre a história da teologia cristã Domingos destaca que: 
 
Um fato importante da História da Teologia cristã, é que ela exige, inevitavelmente, 
certa consideração sobre a filosofia e as influências filosóficas. A partir do século II, 
quando começa a nossa história, a filosofia torna-se a principal interlocutora da 
teologia, e mesmo com a oposição de alguns pais da Igreja, como por exemplo, o 
teólogo cristão norte-africano Tertuliano, quando perguntou retoricamente: "O que 
Atenas tem que ver com Jerusalém? E o que a Academia tem que ver com a 
igreja?", querendo protestar contra o uso crescente da filosofia grega 
(Atenas/academia) pelos pensadores cristãos que deveriam ter se fundamentado 
exclusivamente nas escrituras e em fontes cristãs (Jerusalém/igreja). O Pai da 
igreja e apologista, Justino Mártir referiu-se ao cristianismo como a "Filosofia 
verdadeira", ao passo que o mestre cristão do século III, Clemente de Alexandria, 
identificou o pensador grego Sócrates como um "cristão antes de Cristo", já tempos 
mais tarde, no século XIII, o pensador Blaise Pascal, asseverou que o "deus dos 
filósofos não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó!" O relacionamento entre a 
reflexão cristã e a filosofia constitui uma parte muito importante da história da 
teologia cristã, e fornece algumas das tensões mais emocionantes dessa história. 
E para seu melhor estudo, a teologia cristã foi dividida em períodos, os quais são: 
[a] O período Patrístico, c. 100 - 451; [b] A idade Média e o Renascimento, c. 1050 
- c.1500; [c] Os períodos das Reformas e da pós-Reforma, c. 1500 - c. 1750; [d] O 
período Moderno e o pós-Moderno, c. 1750 - até os dias atuais. Fica evidente a 
dificuldade de traçar linhas divisórias nítidas entre muitos desses períodos, por 
 
10 HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5. 
11 PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910. 
http://www.iem.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=389:teol&catid=34:estudos&Itemid=72
 
 
exemplo, as relações entre a idade média, o renascimento e a reforma são 
controvertidas, e alguns acadêmicos entendem que os dois últimos períodos são 
uma continuação do primeiro, embora outros os vejam como períodos totalmente 
distintos um do outro. O que podemos afirmar é que a história da Teologia Cristã 
começa no século II, cerca de cem anos depois da morte e ressurreição de Cristo, 
com o início da confusão entre os cristãos no Império Romano, tanto dentro quanto 
fora da Igreja. Os desafios internos principais eram semelhantes a cacofonia de 
vozes que muitos cristãos em nossos dias chamariam de "seitas", ao passo que os 
desafios externos eram semelhantes as vozes que muitos hoje chamariam 
"céticos". É dessas vozes desafiadoras que surgiu a necessidade e os primórdios 
da ortodoxia - uma declaração definitiva daquilo que é teologicamente correto.12 
 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Um bom texto sobre o conceito de teologia pode ser verificado em 
http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/teologia-o-que-e. 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. A teologia é plenamente possível, ou seja, sua ação é prática. Justifique com 
suas palavras essa afirmação. 
 
2. Qual a relação do texto de Jo 17.3 e Ef 1.17 com a construção de um conceito 
para a teologia? 
 
3. Crie um conceito sobre a teologia com sua palavras. 
 
 
 
 
 
12 OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: 
Editora Vida, 2001. p. 668. 
 
 
 
 
 
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA 
 
 O alvo da teologia é permitir que o homem se relacione com seu criador e 
compreenda a manifestação deste no desenvolvimento da história. O alvo da 
teologia está centrado em Deus, em especial, no seu plano de salvação para o 
homem por intermédio de Cristo. 
 
A Teologia se distingue da Teodicéia, que é o conjunto de conhecimentos que o 
homem pode chegar a ter de Deus sem ajuda da Revelação sobrenatural e se 
limita a estudar a existência, o ser e os atributos divinos. A ciência teológica estuda 
o ser de Deus, na medida em que pode ser alcançado. Não se esquece nunca que 
Deus é um mistério, não é um objeto do qual se possa dar informação como dos 
outros seres. Que a Teologia é a ciência de Deus significa que tudo se trata nela 
principalmente desde o ponto de vista divino. A distinção tradicional é a 
seguinte: [1] Objeto material – é a realidade da que propriamente se ocupa a 
Teologia. O objeto é Deus e todas as realidades por Ele criadas e governadas por 
seu desígnio salvador. O objeto material primário ou principal é Deus e o objeto 
secundário são todas as coisas criadas enquanto ordenadas a Deus. [2] Objeto 
formal, indica o ponto de vista. Um é o objeto formal “quod”: o que é próprio de 
Deus. “Deus sub ratione Deitatis” e o objeto formal “quo” designa a luz intelectual 
sob a que o objeto é considerado. Neste caso, a razão iluminada ou guiada pela 
fé.13 
 
A teologia deve promover a fé, deve incentivar o homem a viver de forma 
justa por intermédio do desenvolvimento de uma vida de fé. Rm 1.16,17 diz: 
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para 
salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. 
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o 
justo viverá pela fé”. Para Buckland a simples fé implica uma disposição de alma 
para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que a fé tem 
 
13 FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_ 
 teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015. 
 
 
confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a nossa 
razão, não lhe é contrário. A credulidade, porém, alimenta-se de coisas 
imaginárias, e é cultivada pela simples imaginação. A fé difere da crença porque é 
uma confiança do coração e não apenas uma aquiescência intelectual. A fé é uma 
atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança em Cristo, 
pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de viver a vida 
que Ele aprovaria.14 
Para Frisotti a teologia pode ser compreendida com sendo uma ciência em 
que a razão do crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender 
melhor os mistérios revelados em si mesmos e em suas conseqüências para a 
existência humana.15 Sobre fé e teologia Frisotti destacou que: 
 
A fé é assentir a uma verdade enquanto digna de ser crida. O próprio da Teologia é 
analisá-la. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela; o da 
Teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do crido. A fé é sempre 
pressuposto absoluto da Teologia. De modo que a Teologia deve ser feita desde 
dentro e a partir da fé, e é assim algo mais que uma simples reflexão racional 
sobre os dados da revelação. Por isso afirma Agostinho: “intelligere ut credas, 
credere ut intelligas” (deves entender para crer e deves crer para entender). 
Anselmo de Canterbury entendia a Teologia como “fides quarens intellectum”; a fé 
que busca entender, não por curiosidade, mas por amor e veneração ao mistério. 
O crente não discute a fé, mas mantendo-la firme busca dar razões do por que da 
fé. Portanto, a Teologia é desenvolvimento da dimensão intelectual do ato de fé. É 
uma fé reflexiva, fé que pensa, compreende, pergunta e busca. Trata de elevar, 
dentro do possível credere ao nível do intelligere. O Teólogo se apóia no 
conhecimento de Deus pela fé, na razão humana e nas suas descobertas certas. 
Então, com tudo isto, o Teólogo tenta ordenar e interpretar os dados que são 
objeto de fé, de modo que se vejasua unidade tal como Deus o dispôs.16 
 
 Em seu estudo sobre a natureza da teologia, Frisotti, tem um olhar 
interessante sobre ela ao observar que ela possui objetivo positivo e especulativo. 
O texto abaixo é um resumo do pensamento de Frisotti. 
 
14 BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 2007. 
15 FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_ 
 teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015. 
16 Ibidem. 
 
 
A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, que 
tenta determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua 
revelação, sua transmissão e sua proposição. Deseja conhecer o corpo ou a forma 
externa do dado revelado, com o estilo metódico e exaustivo que é próprio das 
ciências positivas. Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda da 
Palavra de Deus. 
Trata de responder à seguinte pergunta, qual é exatamente a verdade 
revelada por Deus? Procura determinar e estabelecer o que Deus revelou e como 
o revelou, se o fez diretamente o indiretamente, de modo explícito o implícito, com 
expressões obscuras ou claras. E porque as doutrinas reveladas não se 
encontram sempre com a mesma nitidez, costuma ser necessário um trabalho de 
interpretação de termos e expressões. 
Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua 
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda 
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado. 
Mas não deve ser confundida com uma simples especulação; não é a aplicação 
de uma filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada mas a Teologia 
especulativa cai sob o controle e ob a luz do mistério de salvação. Não é uma 
super-estructura da Teologia positiva, senão o pensamento especulativo se 
encontra englobado na Teologia positiva. O dado de fé não é unicamente o ponto 
de partida; é o princípio vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de 
reflexão crente. 
A possibilidade da Teologia especulativa se fundamenta numa 
epistemologia realista: a doutrina revelada pressupõe que a mente humana se 
ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa. Para 
isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de Deus de 
modo que nosso linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus ainda que 
Ele não pode ser explicado univocamente. 
A Teologia especulativa possui duas grandes tarefas: compreender e 
organizar o dado revelado. 1. Compreende o melhor possível o dado revelado. 
Não quer dizer que os mistérios possam ser demonstrados o assimilados como si 
 
 
fossem dados totalmente evidentes. Mas que é a busca do sentido preciso que se 
encerra na fé e a relação dos mistérios entre si. 2. Trabalho sistemático: a 
Teologia procura expor com rigor os preâmbulos da fé (mostrar que a fé, ainda 
que não seja evidente, não é absurda). Apresentar una síntese dos mistérios da fé 
(de modo que se mostre o melhor possível a unidade e a coerência da doutrina 
revelada). E relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da 
cultura.17 
 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre o objeto da teologia em 
http://www.webartigos.com/artigos/um-ensaio-sobre-o-objeto-de-estudo-da- 
teologia/54465/ 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. Qual a diferença entre Teologia e Teodicéia? 
 
2. Explique a diferença entre fé e credulidade. 
 
3. Qual a diferença entre teologia positiva e teologia especulativa? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_ 
 teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015. 
 
 
 
 
 
 
3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA 
 
 Antes de tratar diretamente sobre a divisão da teologia, é importante 
destacar que a mesma pode ser catalogada de diversas maneiras. Charles Ryrie 
aponta três tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia patrística, 
teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b] Por ponto de 
vista – por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia 
calvinista (defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida por Karl 
Barth), teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo, teologia 
histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética, teologia 
exegética, etc.18 
 A divisão clássica da teologia geralmente tem como base o tipo de teologia 
por ênfase, objetivando organizar os assuntos para facilitar seu estudo e sua 
compreensão. Basicamente, numa perspectiva clássica, a teologia divide-se em 
cinco partes: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática, teologia 
bíblica e teologia sistemática. É possível encontrar em outros autores diferentes 
divisões, fato que não invalida o posicionamento clássico, apenas divide a 
teologia nas diversas perspectivas que ela pode ser observada. Myer Pearlman, 
observa do ponto de vista clássico, a teologia classificada da seguinte maneira: 
 
[1] A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar"ou 
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Um 
conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras pertence 
a este departamento da teologia. [2] A teologia histórica traça a história do 
desenvolvimento da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história da 
igreja. [3] A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé como 
se nos apresentam nos credos da igreja. [4] A teologia bíblica traça o progresso da 
verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada 
escritor apresentar as doutrinas importantes. Por exemplo: segundo este método 
 
18 RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15-
16. 
 
 
ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira como determinado 
assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos, nas Epístolas, 
e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo, Pedro ou João disseram 
acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção das Escrituras 
ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da expiação, da salvação e 
de outras. [5] A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os ensinos bíblicos 
concernentes a Deus e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um 
sistema definido; por exemplo, as Escrituras relacionadas à natureza e à obra de 
Cristo são classificadas sob o título: "Doutrina de Cristo".19 
 
3.1 Teologia Exegética 
 
 A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras. Esse 
termo vem do grego, “ex” (fora) e “agein” (guiar), ou seja, “liderar” ou “explicar". 
Champlin destaca que a palavra portuguesa exegese é usada para indicar 
“narrativa”, “tradução” ou “interpretação”. Dentro do contexto teológico, a ênfase 
recai sobre a interpretação de modos formais de explicação que podem ser 
aplicados a algum texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem 
técnica, a exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literária 
específica, ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais 
interpretações são chamados hermenêutica.20 
 O contrário da exegese é a eisegese. Sobre a eisegese Champlin diz que 
este termo significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas que, na 
realidade, não se encontra no mesmo, ou então significa distorcer um texto para 
adaptá-lo às próprias ideias do intérprete. Portanto, o quanto a exegese é séria, a 
eisegese não passa de uma burla. A maioria das pessoas que se envolve na 
exegese também pratica alguma eisegese.21 
De acordo com Arantes a interpretação nãoé uma atividade tão complexa: 
“A maior parte da Escritura é, na verdade, de fácil entendimento. Ninguém precisa 
ser versado nos originais para compreender o seu propósito salvífico. Sua 
mensagem é basicamente simples. Todo aquele que dela se aproxima pode ser 
 
19 Ibidem. p.10-11. 
20 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.617. 
21 Ibidem. 
 
 
educado na justiça. Contudo, existem certas partes que não são de tão fácil 
compreensão, sendo de suma importância que o intérprete-leitor, tenha algumas 
qualificações.”22 
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente 
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto 
entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação 
lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento 
intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta 
aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e 
de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba 
discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete. 
A imaginação, segundo Terry precisa ser controlada. Algumas pessoas têm 
uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto. O 
intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura. A 
razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi escrita em 
linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e pesquisa, 
condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu, 
e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso em mente a 
interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo: “Ora, é 
necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24)23 
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos 
quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e 
pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos 
escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que 
tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na 
Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos e 
épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que 
envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi 
 
22 ARANTES, Fernando. A Bíblia, seu intérprete e sua interpretação. Disponível em 
http://www.ipjg.org.br/ed/VisaoBiblica/Textos/2007/A-Biblia-seu-Interprete-e-sua-Interpretacao-
a.doc. Acesso: 23/04/2009. 
23 TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977. Pp.151-158. 
 
 
revelado. O modo de produção, o sistema escravista, o comércio, as guerras, tudo 
isto pode ser adquirido com pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a exortação 
do apóstolo que diz a Timóteo: “Até a minha chegada aplica-te à leitura, à 
exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...” 
(1Tm. 4:13, 14).24 
A qualificação espiritual é, também, fundamental à interpretação bíblica, 
Intelecto e estudo são importantes, mas sem contato com o Espírito Santo que é o 
autor da Bíblia tudo é incompleto, afirma Terry. Portanto como ensina o Dr. Loyd 
Jones “é imprescindível que haja uma aproximação espiritual no texto. O pecado 
pode vendar nossos olhos a ponto de não enxergarmos com clareza a vontade de 
Deus revelada em um texto estudado mesmo com empenho. O maior objetivo do 
intérprete deve ser o de alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto 
estudado. Não podemos permitir que o texto fale o que queremos ouvir, mas lutar 
para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta dizendo: 
“Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de 
Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).25 
 
3.2 Teologia Histórica 
 
A teologia histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação 
doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja. Segundo Matos, a teologia 
histórica também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, tem 
estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a 
teologia cristã. Sobre isto Matos diz: 
 
Levanta-se então a seguinte pergunta: A teologia histórica é primordialmente 
história ou teologia? Qual das duas ênfases é predominante? Variam as posições 
dos autores sobre essa questão, mas não seria incorreto dizer que ela tem estreita 
e igual conexão com essas duas áreas correlatas. Inicialmente, é necessário 
considerar como a teologia histórica se encaixa nas subdivisões dos estudos 
históricos do cristianismo. A história da Igreja é a mais ampla das disciplinas que 
 
24 Ibidem. 
25 Ibidem. 
 
 
tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da 
Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão 
geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática; 
organização, estrutura e forma de governo; pregação, arquitetura e arte sacra; 
relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que 
a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo, 
sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de eventos, personagens e 
movimentos. Inclui o que hoje se denomina história institucional e história social. 
Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também aborda 
seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais concretamente com 
a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser considerados com base em duas 
perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja na área de missões (história da 
Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão (história da teologia), ou a 
evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) e a reflexão sobre o 
significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse estudo do pensamento e 
do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. A história do dogma é a análise de 
certos temas doutrinários particulares que receberam uma definição oficial e 
normativa da Igreja. Alguns historiadores entendem que apenas três áreas de 
doutrina se inserem na história do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos 
Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de 
Cristo (Concílio de Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a 
relação entre a graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No 
outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto 
campo de investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia 
clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos 
também empregam os termos “história das ideias” e “história intelectual” para se 
referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica. A 
história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma, nem 
tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas em 
sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na vida 
da Igreja em cada período da história.26 
 
Para Alister McGrath, a teologia histórica “é o ramo da investigação 
teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e 
identificar os fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a 
 
26 MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. 
p.15-16. 
 
 
história da teologiadocumenta as respostas às grandes questões do pensamento 
cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a 
elaboração dessas respostas.27 A história da teologia é uma ferramenta 
pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o desenvolvimento dos 
grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e 
os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em termos de autores e 
documentos. É também uma ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as 
limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, o que 
possibilita seu contínuo aperfeiçoamento.28 
 
3.3 Teologia Dogmática 
 
 Estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e 
confissões de fé da igreja. Preocupa-se também em estabelecer declarações que 
darão norte para a igreja e sentido para uma prática religiosa. O pastor Esequias 
Soares conceitua o credo como sendo uma interpretação precisa e autorizada das 
Escrituras. São documentos que têm por objetivo sintetizar as doutrinas essenciais 
do cristianismo para facilitar as confissões públicas e defender das heresias o 
pensamento cristão.29 
 Mark Noll destacou que a construção de um credo, ou de uma declaração 
de fé, deve obedecer pelo menos três funções: [a] Servir de declarações 
autorizadas da fé cristã que entesouravam as novas ideias dos reformadores, sem 
abandonar formas que também pudessem fornecer instrução regular para os fiéis 
mais humildes; [b] Erguer um estandarte em redor do qual uma comunidade local 
podia cerrar fileiras, tornando claras as diferenças com os oponentes; e [c] Tornar 
possível uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e, ao mesmo 
tempo, estabelecer uma norma para disciplinar os desregrados. 
 
27 McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São 
Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.17. 
28 Ibidem. p.18. 
29 SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé – Breve guia histórico do cristianismo. Recife: 
Bereia, 2013. p.31. 
 
 
 
Edson Douglas de Oliveira destacou que é comum considerar a teologia 
dogmática com teologia sistemática. Sobre isso ele afirma: 
 
A Dogmática pode ser definida como um discurso da Igreja acerca da sua fé. É 
uma reflexão teológica feita a partir da Igreja sobre questões às quais ela crê e que 
precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada para que expresse o ponto de 
vista da igreja como uma entidade orgânica da sociedade, mas também da 
comunidade cristã como um todo diante do mundo, dos incrédulos aos grupos 
participantes de outros credos ou religiões. É, em suma, um discurso racional 
sobre a fé que a comunidade vivencia na prática litúrgica e nas doutrinas que ela 
crê e pratica. No meio fundamentalista, especialmente no norte-americano, é 
comum confundir dogmática com teologia sistemática, confusão essa ainda mais 
acentuada por obras como as de Stanley Horton que se apresentam como teologia 
sistemática, mas que na verdade são tratados dogmáticos no seu sentido formal. 
Das diversas diferenças entre ambas talvez a que soi mais importante é o fato de 
que a teologia sistemática é feita a partir da reflexão teológica em diálogo com 
outros ramos do conhecimento, especialmente a filosofia, buscando reler a fé a 
partir das realidades sociais, culturais e econômicas de cada tempo e de que 
modo, nesse contexto, pode ser pregada a palavra de Cristo, enquanto a 
dogmática estuda as doutrinas da igreja, seu desenvolvimento e sua pregação no 
mundo moderno, pormenor esse que até pode proporcionar alguma discussão de 
natureza filosófica ou sociológica, mas que aí já não se insere no terreno da 
dogmática, embora o dogmático, pelo seu próprio papel na formulação do 
pensamento da igreja, termine por trazer o pensamento cristão para o mundo 
moderno, como lembra Brunner: a dogmática não é a palavra de Deus. Deus pode 
fazer sua Palavra triunfar sem a tologia. Mas numa época quando o pensamento 
humano está muitas vezes tão confuso e pervertido pelas idéias e teorias 
extraordinárias, entretecidas pela própria mente dos homens, é evidente que é 
quase impossível preservar a Palavra divina sem o esforço intelectual apaixonado 
para repensar seu sentido e seu conteúdo (BRUNNER Emil. Dogmática, I, p.7).30 
 
3.4 Teologia Bíblica 
 
 
30 OLIVEIRA, Edson Douglas de. Dicionário Teológico: Dogmática. Disponível em 
http://comunidadewesleyana.blogspot.com.br/2009/10/dicionario-teologico_8820.html. Acesso: 
27.12.2015. 
 
 
 Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia. 
Champlin destaca que a expressão teologia bíblica é usada de várias maneiras, a 
saber: 
 
[a] Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia sem 
os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações 
particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a Bíblia 
realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o estudioso 
e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça a todas as 
denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos da 
Bíblia. [b] A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um 
todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro 
homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a tentativa 
resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso. [c] A tentativa de 
construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia como única 
fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos fundamentalistas e 
conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-ortodoxia, ou pelos 
grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições eclesiásticas, dos pais 
da Igreja e dos concilias, como autoridade, conforme fez Lutero. [d] O pressuposto 
é que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista 
fundamentais, e juntamente com exposições de ideias pretendem descobrir 
exatamente quais eram os pontos de vista daqueles autores sagrados.31 
 
 
De acordo com Tenney “Teologia Bíblica é aquele exercício no qual se faz 
uma tentativa de se determinar as afirmações de fé da Bíblia de forma 
sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, quer dizer, ela 
registra o significado redentor do encontro de Deus com o homem”.32 Este autor 
observa também que o termo “sistemática” de forma alguma sugere que as 
categorias da Teologia Sistemática devem dirigir este exercício. Ele afirma, que, 
pelo contrário, indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as afirmações 
de fé dos escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os 
 
31 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.361-362. 
32 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã, 
2008. p.840. 
 
 
padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, afirma Tenney, 
é feito um esforço para apresentar não somente uma declaração ordenada, mas 
espera-se também uma descrição unificada da fé da Bíblia.33 
Para Tenney é importante também observar que a teologia bíblica 
estrutura-se numa metodologia: 
 
[a] Unidade da Bíblia. Qualquer tentativa de sistematização do pensamento 
bíblico suscita o problema da unidade. Imediatamente nos confrontamos com a 
imensa variedade de material literário tanto do Antigo como do Novo 
Testamentos. Existem histórias (1 e 2 Rs, At); hinos (Sl); escritos proféticos e 
apocalípticos (Is, Dn e Ap); cartas (de Paulo, Pedro etc); evangelhos (Mt, Mc, etc.) 
e escritos de sabedoria (Pv, Tg). Além disso, o período histórico durante o qual 
essas literaturas foram compostas abrange 150 anos.Essa diversidade levanta a 
questão da norma para estes livros. Devemos seguir a opinião liberal do AT e 
supor que os profetas representam a religião hebraica normativa? Com relação ao 
NT, devemos buscar a norma nos sinóticos, em Paulo ou em João? Parece 
razoável afirmar que a diversidade deve ser admitida, mas vista como caindo sob 
um testemunho comum da atividade redentora de Deus em benefício da 
humanidade pecadora. Além do mais, esta unidade deve fazer um elo entre os 
dois testamentos, pelo menos para os cristãos, que afirmam que Jesus, como o 
Cristo ressurreto, era o Messias anunciado no AT. O AT apresenta a promessa e 
o NT, seu cumprimento; esta ideia é apoiada pelas palavras de Jesus (Mt 5.17;Jo 
5.39; cp. também G1 4.4). Assim, a teoria bíblica deve dar atenção ao que liga o 
livro como uma unidade em termos históricos e teológicos. [b] História da 
salvação. Stendahl está correto quando afirma que na Teologia Bíblica, “a história 
se apresenta como o tear do tecido teológico”. A unicidade da fé bíblica baseia-se 
na revelação de Deus por meio dos eventos da história. A fé judaica-cristã 
mantém- se separada de todas as religiões da humanidade exatamente porque 
não foi fundamentada em mitologias ou ciclos da natureza. Nem procede de 
exploração filosófica ou de experiências místicas. Eldon Ladd comenta: “Ela 
surgiu das experiências históricas de Israel, antigas e novas, nas quais Deus se 
deu a conhecer” (“The Saving Acts of God”, ChT, III [1961], 18). O Deus de Israel 
era o Deus da história, o Geschichtsgott, como os alemães dizem. Uma olhada 
superficial na Bíblia comprova este fato, pois nos leva por um caminho histórico — 
uma série de eventos — desde a Criação, o chamado de Abraão, o Êxodo, a 
 
33 Ibidem. 
 
 
entrada do povo em Canaâ, o estabelecimento e a conduta dos reinos, o exílio, o 
retomo à Palestina, a vida de Cristo e o estabelecimento da igreja. Estes eventos 
não são ocorrências acidentais na história; são atos do Deus vivo, o qual possui 
um interesse redentor em seu povo. Assim, esta história é Die heilsgeschichte, 
"história da salvação”, e nela Deus mostra sua natureza redentora e a traz à 
existência e sustenta seu povo redimido. Von Hofinann. von Rad, G. E. Wright, O. 
Cullmann, J. Danielou, E. Rust e muitos outros teólogos do Antigo e do Novo 
Testamentos têm enfatizado a centralidade da história na fé judaica-cristã. Sendo 
isto verdade, para ser válida em sua metodologia, a Teologia Bíblica deve mostrar 
essa história da salvação, porque a revelação de Deus de si mesmo na história é 
um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico. [c] Cristo, a chave das 
Escrituras. Para os cristãos, como Rust destaca, Cristo é o “Senhor das 
Escrituras, assim como é Senhor da história e da vida”. Sem o NT, o AT apresenta 
um quadro inacabado da redenção de Deus. É uma promessa sem cumprimento. 
Significativamente, a igreja primitiva não repudiou as antigas Escrituras, não 
somente porque o Mestre não repudiou, mas também porque o AT proporcionava 
a única base para o entendimento e a comprovação da sua existência na história 
sagrada de Israel. A chave para essa interpretação necessária era o advento de 
Cristo. Três eventos em especial, registrados na história de Lucas-Atos, 
intensificam este fato. (1) O caminho de Emaús (Lc 24.13-35). Concernente à 
conversa do Mestre, Lucas registra: “Começando por Moisés, discorrendo por 
todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as 
Escrituras” (Lc 24.27). (2) A defesa de Estêvão (At 7). Obviamente, se Estêvão 
tivesse a chance de tenninar seu discurso, teria demonstrado o papel de Cristo na 
história. De fato, Cristo era não somente a chave, mas também o clímax redentor. 
(3) Filipe e o eunuco etíope (At 8.26-39). Surpreendentemente, o eunuco estava 
lendo Isaías 53. Quando admitiu que não compreendia o que estava lendo, “Filipe 
explicou; e, começando por esta passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v. 
35). Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel e este fato 
governa o NT. É fácil afirmar que Cristo é a chave das Escrituras; entretanto, ao 
se comprovar isso, levanta-se a questão hermenêutica: como Cristo se relaciona 
ao AT? Devemos procurar figuras? Existe uma tipologia histórica que reconheça 
legitimamente a unicidade da fé dos santos do AT, mantendo ao mesmo tempo a 
equação promessa-cumprimen- to? A tarefa da Teologia Bíblica é muito exata 
neste ponto. [d] Confessional e Kerigmático. A Bíblia tem uma dimensão de 
testemunho. Não se trata apenas do registro de tantos eventos e fatos 
relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de sua 
fé num Deus que agiu em prol de sua salvação. Judeus e cristãos “confessam” 
 
 
Deus como Salvador e pregam, por meio das Escrituras, que ele é o Salvador da 
humanidade e, em particular, por meio de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento. 
Para a Teologia Bíblica, em termos de metodologia, isso significa que: (1) 
algumas declarações bíblicas não devem ser tomadas primariamente como 
declarações teológicas, com um apoio lógico e racional por trás delas. Elas de fato 
têm significado teológico, mas em primeiro lugar são declarações de fé. Em certos 
casos, isso as coloca acima da análise plena e explícita. (2) Até onde é possível, 
os elementos confessionais e kerigmáticos devem ser evidentes na 
sistematização do pensamento da Bíblia. Alguém pode não ir tão longe quanto G. 
E. Wright, dizendo que a “Teologia Bíblica é o ensaio confessional da história, 
com suas inferências”. Entretanto, a natureza confessional do material bíblico 
deve ser demonstrada para que a Teologia Bíblica seja realmente bíblica. Basear-
se em abstrações filosóficas e teológicas é apresentar uma concepção truncada 
da fé, e de fato perder de vista sua natureza vibrante. (3) Ao se praticar a Teologia 
Bíblica é importante também “ler nas entrelinhas”. Por exemplo, enquanto a 
maioria das cartas de Paulo foi escrita para tratar de problemas locais de um tipo 
ou de outro e não possui o caráter altamente racional dos tratados teológicos, 
implícita e, às vezes, até explicitamente, expressa uma posição teológica geral de 
sua parte. Portanto, o teólogo do NT terá de extrair algumas inferências das 
declarações de Paulo e então relacioná-las ao conjunto do material paulino e ao 
NT como um todo. Reiterando, a Teologia Bíblica é um estudo definitivo da Bíblia, 
auxiliado por todas as outras disciplinas bíblicas, na qual é feita uma tentativa de 
demonstrar, por meio de alguns sistemas sugeridos biblicamente, a revelação de 
Deus por meio de Cristo, expressando seu propósito de redimir a humanidade 
pecadora.34 
 
3.5 Teologia Sistemática 
 
 “A teologia sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente, 
mas procura juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado 
tópico”.35 “Teologia sistemática é uma disciplina que tenta dar uma exposição 
coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, 
falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com 
 
34 Ibidem. p.845-847. 
35 ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.16. 
 
 
aplicação à vida pessoal do teólogo e outros”.36 De acordo com Alln Myatt e Frank 
Ferreira, ao menos três aspectos são importantes na verificação do conceito da 
teologia sistemática: 
 
[a] A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia 
Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da 
Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a 
comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como 
as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados da 
Bíblia uma cosmovisãoé construída. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da 
vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia Sistemática é 
uma teologia compreensiva. [b] Baseada nas Escrituras: A Teologia Sistemática 
tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia 
Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele 
está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas 
próprias especulações a autoridade da Bíblia. [c] A Teologia Sistemática sempre 
tem um alvo prático: É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o 
teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida 
cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis Schaefer o que ele faria se, de 
repente, surgisse evidência conclusiva que a fé cristã é falsa. Ele respondeu que 
ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo que há. Muitas pessoas tratam a 
teologia como esta fosse um jogo, mas essa atitude é uma perversão do propósito 
de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe para que possamos melhor conhecer, 
obedecer, e amor a Deus. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico, 
fazendo um “teologia pura” se engana. Quem não faz a teologia com as 
necessidades do povo nos bancos da igreja em mente não é teólogo de verdade. É 
um fato que quase todos os teólogos de maior influência através dos séculos eram 
pastores também.37 
 
Basicamente a teologia sistemática divide-se da seguinte maneira: 
a) Teologia própria: O estudo de Deus – João 7.16,17: “Jesus lhes 
respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. 
 
36 HAMMETT, John apud MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: 
Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.13. 
37 MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica 
Batista de São Paulo, 2002. p.13-14. 
 
 
Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é 
de Deus, ou se eu falo de mim mesmo”. 
b) Hamartiologia: O estudo do pecado – Romanos 3.23: “Porque todos 
pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. 
c) Soteriologia: O estudo salvação – Romanos 3.24: “Sendo justificados 
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”. 
d) Paracletologia: O estudo do Espírito Santo – Romanos 8.11: “E, se o 
Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele 
que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos 
mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”. 
e) Escatologia: O estudo das últimas coisas – Mateus 4.23: “E, estando 
assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em 
particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da 
tua vinda e do fim do mundo?” 
f) Angelologia: O estudo dos anjos – Hebreus 1.13-14: “E a qual dos anjos 
disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por 
escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, 
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” 
g) Antropologia: O estudo dos homens – Mateus 19.4: “Ele, porém, 
respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio 
macho e fêmea os fez”. 
h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo – Mateus 1.18: “Ora, o nascimento 
de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, 
antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo”. 
i) Bibliologia: O estudo da Bíblia – 2Tm 3.16: “Toda a Escritura é 
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, 
para instruir em justiça”. 
 
 
 
 
 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você encontra um bom texto sobre as definições de teologia e suas divisões em 
http://theologiaevida.blogspot.com.br/2012/03/definicoes-da-teologia.html 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. De acordo com Charles Ryrie a teologia pode ser catalogada de diversas 
maneiras. Explique. 
 
2. Como Myer Pearlman divide a teologia. 
 
3. O que é teologia sistemática e como ela se divide? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL 
 
Isael de Araújo destaca que a diversidade mundial do pentecostalismo torna 
quase impossível falar de “uma” teologia pentecostal.38 Na ótica de Isael a própria 
teologia pentecostal clássica encontra dificuldade em estabelecer-se. Ele observa, 
porém, que existem correntes teológicas pentecostais que são dignas de 
reconhecimento. 
A história da teologia pentecostal requer uma visita na história da igreja e 
na história da teologia, em especial, no período da Reforma Protestante. A 
Reforma Protestante foi um movimento iniciado no século XVI, que tinha o objetivo 
de provocar uma profunda mudança no catolicismo. Antes do movimento 
reformista, surgiram as primeiras discussões da necessidade de uma mudança na 
vida religiosa cristã, dando início assim ao lançamento dos fundamentos 
ideológicos da reforma. A origem destas discussões foi verificada pelos 
valdenses39, ou seja, aqueles que seguiam Pedro Valdo, conhecido comerciante 
de Lyon. Pedro Valdo destacou-se na história de seu povo por ter conseguido 
traduzir a Bíblia para a linguagem popular. Além disso, Pedro Valdo começou a 
pregá-la publicamente, mesmo não sendo sacerdote. Este movimento recebeu o 
nome de Pré-Reforma. 
 
Durante toda a Idade Média, numerosos grupos de irmãos se separaram da 
Cristandade oficial para procurar uma forma de cristianismo mais puro e apegado à 
simplicidade evangélica. O caminho da fé foi regado com o sangue do seu martírio. 
Na Europa ocidental, cátaros e albigenses cresciam, especialmente na França e 
Espanha. E nos vales alpinos do norte da Itália e no sul da Suíça, prosperaram por 
vários séculos um grupo de irmãos de características singularmente especiais a 
quem a história designou com o nome de Valdenses. Embora estreitamente 
aparentados com os albigenses, a sua origem parece remontar-se a uma época 
anterior. A antigüidade dos Valdenses é testemunhada por várias fontes, tanto 
internas como externas ao movimento, e também por algumas características 
muito particulares de sua fé e práticas. O inquisidor Rainero, que morreu em 1259, 
 
38 ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p.557. 
39 ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os Valdenses 
- O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007. 
 
 
escreveu: "Entre todas estas seitas... a dos leonistas (leia-se Valdenses).. foi a que 
por mais tempo tem existido, porque alguns dizem que tem perdurado desde os 
tempos de Silvestre (Papa em 314-335 DC), outros, do tempo dos apóstolos". 
Marco Aurelio Rorenco, pároco de São Roque em Turin, em seu reconto e história 
dos mesmos, escreveu que os Valdenses são tão antigos que não se pode 
precisar o tempo de origem. Além disso, os próprios Valdenses se consideravam 
muito antigos e originavam a sua fé dos tempos apostólicos. Na verdade, embora 
seja impossível precisar o seu início, é provável que fossem em seu núcleo 
essencial um remanescente que se separou da cristandade oficial rejeitando a 
união da igreja e o estado, depois da ascensão de Constantino em 311 DC (por ex: 
os novacianos). Alguns deles puderam ter emigrado para os remotos e isolados 
vales alpinos, onde conservaram intactas por muitos séculos a sua fé e pureza 
evangélicas, alheios a todas as controvérsias e lutas posteriores. Embora mais 
adiante tivesse estreita comunhão com outros grupos de irmãos perseguidos. 
Os Valdenses reconheciam na Escritura a única autoridade final e definitiva para 
sua fé e práticas. Criam na justificação pela fé e rejeitavam as obras meritórias 
como fonte de salvação. Além daEscritura não sustentavam nenhum credo ou 
confissão de fé particular. Apesar disso, conseguiram conservar quase intactas a 
sua fé e as suas práticas ao longo de vários séculos; o qual prova de passagem 
que o melhor remédio contra a heresia e o engano é a espiritualidade apoiada em 
uma profunda fidelidade e apego à Escritura.40 
 
Neste período, diversos nomes se destacaram na defesa desses ideais 
de mudança que a igreja precisava experimentar. John Wycliffe, teólogo inglês, 
Jerônimo Savonarola e John Huss, foram responsáveis em divulgar à rejeição as 
diversas doutrinas católicas praticadas nesta época. Com o advento da Reforma 
Protestante no século XVI, Martinho Lutero e João Calvino despontaram como os 
grandes pensadores da teologia, dando à partir de então, as “coordenadas” para 
um novo tempo na interpretação das Sagradas Escrituras. O movimento da 
Reforma Protestante produziu cinco princípios fundamentais que se opunham aos 
ensinos da Igreja Católica Apostólica Romana. Estes princípios ficaram 
conhecidos como “solas”, ou seja, uma palavra latina que traduzida para o 
português significa “somente”. Estes princípios serviram de base, ou pilar, para a 
prática de uma vida religiosa cristã. Os cinco solas são: [a] Sola 
 
40 Ibidem. 
 
 
Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé e prática; [b] Sola Fide: a 
salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a salvação se dá 
pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é suficiente para nos 
salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar a Glória. 
 
Com a chegada do reavivamento no fim do século XVII é inicio do século XVIII na 
Europa e na América do Norte, os pregadores calvinistas, luteranos e arminianos 
passarem a enfatizar o arrependimento e a piedade na vida cristã. Qualquer estudo 
do Pentecostalismo tem de se a ter aos eventos desse período, especialmente à 
doutrina da perfeição cristã ensinada por João Weley o pai do Metodismo e pelo 
seu assistente João Fletcher. A publicação por Wesley de A Short Account of 
Chistian Perfection (1760) conclama seus seguiores a buscarem uma nova 
dimensão espirtual. Essa Segunda obra da graça, posterior à conversão libertaria 
os crentes de sua natureza moral imperfeita, que os tem induzido ao 
comportamento pecaminoso.41 
 
 Os ensinamentos de Wesley alcançaram os Estados Unidos da América e 
influenciaram os cristãos, em especial, na busca por um comportamento santo. 
Este movimento expandiu-se e ficou conhecido como “Movimento de Santidade”. 
 
Embora a teologia reformada haja identificado o batismo no Espírito com a 
conversão, alguns reavivalistas, dentro dessa tradição, aceitavam o conceito de 
uma segunda obra da graça para revestir de poder, acreditavam no conceito de 
uma segunda obra da graça para revestir os cristãos no poder do alto. Entre eles 
se encontrava Dwight L. Moody e R.A Torrey. Apesar desse revestimento de 
poder acreditavam na santificação, mantinha-se em sua obra progressivo outro 
personagem chave e o presbiteriano, A B.Simpsom, fundador da Aliança Cristã e 
Missionária, cuja forma de pensar teve grande impacto na formação doutrinarias 
das Assembleias de Deus, enfatizava nitidamente o batismo no Espirito Santo.42 
 
 
 
41 SCHELLING, Sergyo A. A história do pentecostalismo no Brasil através da Assembleia de Deus. 
Disponível em http://ministeriorazaoefe.webnode.com.br/products/a-historia-do-pentecostalismo-
no-brasil-atraves-da-assembleia-de-deus/. Acesso: 30.12.2015. 
42 Ibidem. 
 
 
 A mensagem do batismo no Espírito Santo influenciou os Estados Unidos e 
deu origem a diversas denominações evangélicas pentecostais. Schellling destaca 
que um dos primeiros movimentos pentecostais, fruto do reavivamento norte-
americano, teve destaque em Ricgard G. Sperling, pastor batista licenciado, que 
promoveu reuniões na Carolina do Norte, marcada por intensa glossolalia (falar 
em línguas estranhas). Mas foi Charles Fox Parham, “evangelista metodista dos 
movimentos de santidade”, quem realmente aprofundou a discussão em torno do 
batismo do Espirito Santo. “Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos 
Apóstolos e influenciado por Irwin Sandford, testemunhou Parham um 
reavivamento notável na escola Bethel, em Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.43 
 
Em 1905 Parham criou a escola bíblica de Houston no estado do Texas. Dentre 
seus alunos estava W.J. Seymour que era um pregador negro procedente de 
Holiness. Convencido de que a glossolalia sinalizava o batismo do Espirito Santo, 
Seymor passou a destacar esta experiência em suas pregações. Quando foi para 
Los Angeles, falou em uma igreja dos nazarenos, mas acabou proibido de 
continuar suas exposições, mas devido a insistência com que tratava a nova 
doutrina e o escândalos aos olhos dos protestantes conversadores. Seymour 
passou a realizar as reuniões em uma casa, no dia 06 de abril de 1906 oito 
pessoas entre elas um menino foram batizada com o Espírito Santo e falaram 
novas línguas. Seymour se se transferiu para um velho templo metodista na rua 
Azuza, onde por três anos sucederam reuniões dia e noite.44 
 
O adepto do pentecostalismo crê no poder do Espírito Santo através da 
contemporaneidade dos dons espirituais. Os integrantes do movimento 
pentecostal crêem que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de hoje, 
da mesma forma que em Pentecostes, descrita no Novo Testamento (Atos 2). 
Nessa passagem, o Espírito Santo manifestou-se aos apóstolos por meio de 
línguas de fogo e fez com que eles pudessem falar em outros idiomas para serem 
entendidos pela multidão heterogênea que os ouvia. Para eles, sobressaem os 
dons da glossolalia (o de falar línguas desconhecidas), da cura e da profecia.45 
 
43 Ibidem. 
44 Ibidem. 
45 Disponível em http://www.portalbrasil.net/religiao_pentecostalismo.htm. Acesso: 23.12.2015. 
 
 
 
São legitimamente pentecostais os que, em primeiro lugar: [a] Aceitam a 
soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus, 
elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer 
manifestação espiritual (2Tm 3.16); [b] Mantém a pureza da sã doutrina, 
conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1Tm 4.16); [c] 
Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons 
espirituais (At 2.39); [d] Cumprem integralmente as demandas da Grande 
Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); [e] Têm 
compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã 
através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na 
consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8).46 
 
Os primeiros pentecostais foram os discípulos de Jesus, como resultado da 
promessa do Senhor (Lc 24.49; Mc 16.17; Jo 14.16; At 1.8).Tal promessa se 
concretizou por ocasião da festa de comemoração do Pentecostes, no ano 33 d.C. 
(At 2). 
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens 
como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o 
Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na 
Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o 
Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos 
foi conhecido como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando 
houve o derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos da América, 
semelhante à manifestação de Atos 2. 
No fim do século XIX houveram alguns ensinamentos bastante equivocados 
à respeito das escrituras sagradas. Estes ensinos produziram, entre outros, o 
fortalecimento da teologia cessacionista. Quanto ao Cessacionismo, é de bom 
alvitre, citar as palavras extraídas do texto “Dons Espirituais: Reflexões pastorais 
sobre a interpretação e uso dos dons”,de Gordon Chown: 
 
 
46 CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Movimento Pentecostal – As doutrinas da 
nossa fé. 2º. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. 
 
 
 
O Cessacionismo é a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais, 
existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que 
houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos apóstolos, 
mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento. A ideia é que 
os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está fora de dúvida) 
e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e doutrina dos 
apóstolos (outro fato inabalável). Tudo isso concorreu para os registros em todos 
os livros do Novo Testamento serem reconhecidos como obra legítima e 
permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso também é 
certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação da 
inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia. Inclusive entendo que 
qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do 
cristianismo”. 
 
O teólogo pentecostal Stanley Horton destaca que a Teologia Pentecostal 
tem seu fundamento nas Sagradas Escrituras e historicamente mantém o 
pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé 
cristã. De acordo com ele o estabelecimento da teologia pentecostal impediu o 
avanço das ideias liberais, dando atenção especial à manifestação dos dons 
espirituais, ensino este que havia sido esquecido nas discussões e textos 
teológicos. Uma das provas que a teologia pentecostal considera os 
fundamentos da teologia reformada é verificada, por exemplo, na concordância 
existente entre ambas nos seguintes aspectos: 
 
[1] As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamento, são 
inteiramente inspiradas por Deus, infalíveis na sua composição original e 
completamente dignas de confiança em quaisquer áreas que venham a se 
expressar, sendo também a autoridade final e suprema de fé e conduta; II Tm 3:14-
17. [2] Há um só Deus eterno, poderoso e perfeito, distinto em sua Trindade: Pai, 
Filho e Espírito Santo; Dt 6:4; Mt 28:19. [3] Jesus Cristo nasceu do Espírito Santo e 
da virgem Maria, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e o único mediador 
entre Deus e o homem. Somente Ele foi perfeito em natureza, ensino e obediência; 
Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; 1 Tm 2.4. [4] O Espírito Santo é o regenerador e 
santificador dos remidos, o doador dos frutos e dons espirituais, o Consolador 
permanente e Mestre da Igreja. Ele habita nos redimidos, que devem buscar se 
encher de Sua presença; Hb 9:14; I Pe 1:15-16; Lc 3:16; At 1:5; I Co 12:1-12. [5] 
 
 
Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus. Devido à 
queda de Adão, a humanidade tornou-se radicalmente corrupta e distanciada de 
Deus. O essencial para o homem é a restauração de sua comunhão com Deus, a 
qual o homem é incapaz de operar por si mesmo; Rm 3.23; At 3.19. [6] A salvação 
eterna, dom de Deus, tem sido providenciada para o homem unicamente pela 
graça do SENHOR e pela morte vicária de Jesus Cristo. Fé é o meio pelo qual o 
crente se apropria dos benefícios da graça e nasce de novo; Rm 3.23; At 3.19; Jo 
3:3-8; At 10:43; Rm 10:13; 3:24-26; Hb 7:25; 5:9; II Co 5:10. [7] Jesus Cristo 
ressuscitou fisicamente dentre os mortos, ascendeu aos céus e voltará na 
consumação dos séculos para julgar os homens; Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; I Ts 
4:16-17; I Co 15:51-54. [8] A punição eterna, incluindo a separação e perda da 
comunhão com Deus, é o destino final do homem não regenerado e de Satanás 
com todos os seus anjos caídos. Ap 20:11-15; Mt 25:46. [9] A Igreja Cristã, o corpo 
e a noiva de Cristo é consagrada à adoração a ao serviço de Deus através da 
proclamação fiel da Palavra, a prática de boas obras e a observância do Batismo e 
da Ceia do Senhor. Mt 28:19; Rm 6:1-6; Cl 2:12. [10] A tarefa da Igreja é ensinar a 
todas as nações, fazendo com que o Evangelho produza frutos em cada aspecto 
da vida e do pensamento. A missão suprema da Igreja é a salvação das almas. 
Deus transforma a natureza humana, tornando-se isto, o meio para a redenção da 
sociedade. Mt 28:19-20.47 
 
O pastor Claudionor de Andrade destacou em seu artigo intitulado “a 
excelência teológica dos pentecostais” que este movimento não fundamenta-se 
apenas em experiências particulares, mas tem um sólido fundamento na reflexão 
bíblica. Sobre esta verdade, ele afirmou o seguinte: 
 
Antes de mais nada, porque o Movimento Pentecostal não é somente experiência, 
mas o resultado de uma profunda e bem amadurecida reflexão bíblica. Aliás, entre 
os primeiros crentes a receberem o batismo com o Espírito Santo, não havia só 
gente simples e leiga; havia também excelentes teólogos. Haja vista o pastor 
sueco Lewi Pethrus (1884-1974). Entre os pioneiros, veio ele a sobressair-se 
como poeta, jornalista e expositor bíblico. Seja-me permitido citar outro literato 
que, ao lado de Lewi Pethrus, emprestou às igrejas pentecostais um sólido 
alicerce teológico e cultural. Refiro-me ao romancista Sven Lidman (1882-1960). 
Também sueco de nascimento, teve ele, em 1917, um encontro marcante com 
Deus que, de maneira piedosa e grácil, eterniza num de seus romances. Quatro 
 
47 ICP – Instituto Cristão de Pesquisas. 
 
 
anos depois, juntava-se Lidman ao nascente avivamento, pontificando-se, a partir 
daí, não apenas como pregador e teólogo, mas ainda como editor da revista 
Evangelii Harold. Sven é um dos nomes mais respeitados da literatura sueca. 
Tivesse eu espaço, citaria outros teólogos que, desde o início do Avivamento 
Pentecostal, vêm fundamentando bíblica e teologicamente a nossa fé. Como 
esquecer, porém, Stanley Horton, Wayne Gruden, J. Rodman Williams e Gordon 
Fee? No Brasil, lembro o pastor Antonio Gilberto que, além de teólogo, abriu-nos 
um espaçoso caminho no árduo e incompreendido solo da Educação Cristã.48 
 
 
O Pastor Antônio Gilberto destacou que a igreja da atualidade precisa mais 
e mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável que há 
nos dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação, consolidação e 
vitória contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar muito mais a 
Cristo.49 Myer Pearlman destaca que a doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo 
lugar que ocupa nas Escrituras, está em primeiro lugar entre as verdades 
redentoras. Diz ele: 
 
Com exceção das Epístolas 2 e 3 de João, todos os livros do Novo Testamento 
contêm referências à obra do Espírito; todos os Evangelhos começam com uma 
promessa do derramamento do Espírito Santo. No entanto, é reconhecida como a 
doutrina mais negligenciada. O formalismo e um medo indevido do fanatismo têm 
produzido uma reação contra a ênfase na obra do Espírito na experiência pessoal. 
Naturalmente, este fato resultou em decadência espiritual, pois não pode haver 
um Cristianismo vivo sem o Espírito. Somente ele pode fazer real o que a obra de 
Cristo possibilitou. Inácio, grande pastor da igreja primitiva, disse: A graça do 
Espírito põe a maquinaria da redenção em conexão vital com a alma. Parte do 
Espírito, a cruz permanece inerte, uma imensa máquina parada, e em volta dela 
permanecem imóveis as pedras do edifício. Somente quando se colocar a "corda" 
é que se poderá proceder à obra de elevar a vida do indivíduo, pela fé, e pelo 
amor, para alcançar o lugar preparado para ela na igreja de Deus.50 
 
 
48 ANDRADE, Claudionor de. A excelência teológica dos Pentecostais. Disponível em 
http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/29/a-excelencia-teologica-dos-
pentecostais.html. Acesso: 15.12.2015. 
49 GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,2008. p.195. 
50 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.225. 
 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre o desenvolvimento da teologia em 
http://gutierresfernandes.com/2014/12/21/o-desenvolvimento-da-teologia-
pentecostal/ 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. O que foram as “cinco solas”? 
 
2. O que significa ser pentecostal e quais características são observadas na 
confirmação da identidade pentecostal? 
 
3. De acordo com Stanley Horton qual foi a contribuição do estabelecimento da 
teologia pentecostal para o mundo cristão? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA 
 
Santos observa que “é comum ouvirmos que a teologia mata a religião ou 
que a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida. Ele admite que há muita coisa 
por aí levando o nome de “teologia” que não passa de especulação humana, por 
não se basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E até a ‘boa 
teologia’, quando se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer uso prático 
e reduzir-se a mero academicismo”.51 Sobre esta realidade este autor diz: 
 
Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si 
mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós em 
relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele deixou 
revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia. Esse 
trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o segundo, 
de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e completo; e o 
terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras (criação e 
providência - Revelação Geral - Sl19.1,2; At 14.17), como, principalmente, nas 
Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1.1,2; 1 Pd 1.20,21). É porque Deus Se 
revelou que podemos conhece-Lo. Nosso conhecimento de Deus não é intuitivo, 
nem natural, mas comunicado por Ele mesmo através dos meios que 
soberanamente escolheu. “Fazer teologia”, portanto, não é inventar teorias a 
respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo “descobrir” a Deus, mas conhecer 
e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de 
Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é 
“teologia”, devidamente entendida.52 
 
 
Hordern também preocupou-se em defender a teologia. Disse ele: 
 
Com frequência, alguém diz assim: “Por que preocupar-se com assuntos de 
teologia? Os teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem 
qualquer importância ...” Passemos a um exame dessa maneira de pensar. Por 
que será que os problemas citados são considerados sem importância? É claro 
 
51 SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em 
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015. 
52 Ibidem. 
 
 
que quem faz semelhante objeção tem em mente algum conceito do que se deva 
admitir como sendo de mais alto valor, em comparação com o que ele se acha na 
condição de asseverar que os argumentos dos teólogos lhe parecem destituídos 
de importância. Isso quer dizer que tal pessoa encontra-se em determinada 
posição teológica, tem uma opinião com referência à natureza de Deus, conceitos, 
portanto, que o levam a proclamar como sem importância os argumentos 
enunciados pelos teólogos. De modo que, mesmo um ataque assim, endereçado 
contra a teologia, não passa de uma investida de natureza teológica. 
Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que não é o que alguém crê e, sim, o 
que faz que tem importância. Trata-se de meia verdade, que, como acontece com 
as verdades apresentadas pela metade, chega a ser perigosa. E meia verdade 
porque, do ponto de vista cristão, o pensamento teológico não é nenhum fim em si 
mesmo. O cristianismo é doutrina que se propõe a ser vivida. Visa a resultar em 
ações. De forma que, se permanecer sempre como pensamento, torna-se algo até 
mesmo destituído de verdadeiro cristianismo e, portanto, fútil.53 
 
 Geraldo Campos citou algumas razões para se “fazer” teologia, sendo elas: 
 
[1] Nossa mente necessita de organização. Precisamos dar ordem aos 
conhecimentos adquiridos. Necessitamos harmonizar, unificar, para refletir sobre 
os conhecimentos. Daí surgir, por necessidade, a teologia, em atenção a nossa 
mente refletidora. [2] Para desenvolvimento do caráter. Todo conhecimento de 
Deus influi na vida do conhecedor. Como estudantes de teologia devemos saber 
que nosso caráter deve desenvolver-se na razão direta do nosso conhecimento. 
Não deve acontecer que alguém que estude teologia cristã seja mentiroso, 
velhaco, fofoqueiro, malandro, ditador, imoral, mau cônjuge, mau filho ou má filha 
ou que quer que seja de mau. Quem conhece a Deus desvia-se do que é maligno. 
[3] Para capacitar intelectualmente a quem serve a Deus. Quem serve a Deus 
deve procurar conhecer a Deus mais e mais. Deve saber manejar “a espada do 
Espírito” (Ef 6.17). A igreja não espera que sejamos bons conhecedores das 
ciências mundanas, mas aguarda que sejamos teólogos autênticos, conhecedores 
de Deus e praticantes dos ensinos da Palavra. Precisamos apreender e transmitir 
fielmente toda a verdade acerca de Deus. [4] Para dar firmeza e ousadia à igreja 
no estabelecer o Reino de Deus. A igreja em geral, e os guias espirituais em 
particular devem saber interpretar a Palavra de Deus de modo correto. A maneira 
correta de interpretar, provoca na igreja uma maneira correta de viver, poder, 
 
53 HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5. 
 
 
firmeza e ousadia. [5] Para dar cumprimento às ordens ou sugestões das 
Escrituras que encorajam o exame das Escrituras (Jo 5.39); que ordenam a 
pregação “a tempo e fora de tempo” (2Tm 4.2); que afirmam que o bispo “seja apto 
para ensinar” (1Tm 3.2); que ordenam o bom manejo da “palavra da verdade” (2Tm 
2.15). A teologia é necessária, pois enseja o exame, a pregação, o ensino, a 
eficiência do conhecimento da Palavra.54 
 
 A teologia deve ser “feita” por todos. É um equívoco pensar que a teologia 
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma 
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas. De 
acordo com Solano Portela, “estudar (fazer) teologia não é uma área segregada à 
academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes que se 
preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos demais 
mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para adquirir a 
respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence a mosteiros 
anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se do mundo que 
Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”.55 
 Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar 
seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Em Mt 22.29 Jesus adveritu os homens 
sobre a necessidade de conhecer as Escrituras: “Jesus, porém, respondendo, 
disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. Em Mc 
12.24 Jesus chama à atenção sobre o cuidado do conhecimento das Sagradas 
Escrituras: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão 
de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?” 
Vincent Cheung afirma que uma das maiores razões para se estudar 
teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria de 
conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um fim 
digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura, conhecer a 
 
54 CAMPOS, Geraldo Magela. Teologia em Perguntas e Respostas. Disponível em 
http://pt.scribd.com/doc/139935737/Teologia-em-Perguntas-e-Respostas-Geraldo-Magela-Campos-
pdf#scribd.Acesso: 28.12.2015. 
55 PORTELA, Solano. Disponível em http://www.teologiaevida.com.br/2012/08/porque-devo-
estudar-teologia.html. Acesso: 29.12.2015. 
http://www.teologiaevida.com.br/2012/08/porque-devo-estudar-teologia.html
 
 
Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia.56 Este autor afirma 
também que um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a Deus por 
meio do modo por ele prescrito. O conhecimento da Escritura — conhecer sobre 
Deus ou estudar teologia — deve estar cima de tudo da vida e pensamento 
humano. A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa pensar ou 
fazer. Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10.42); nenhuma 
outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em significância. Portanto, o estudo da 
teologia é a atividade humana mais importante.57 
 
5.1 A teologia nas funções da igreja 
 
O pesquisador Rubens Muzzio usou quatro palavras gregas para definir as 
funções principais da igreja no mundo: koinonia, kerigma, diakonia e marturia. 
Estas palavras refletem a atuação da igreja no mundo bem como o cumprimento 
do seu propósito orientado pelas Sagradas Escrituras. 
[a] Koinonia – Esta palavra expressa a comunhão que deve existir entre os 
membros da igreja. O salmo 133 é um bom exemplo disso quando diz: “Oh! quão 
bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre 
a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas 
vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de 
Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”. Fazer teologia é 
compreender as bases desta união e seus propósitos. Para John Stott, "Koinonia” 
fala de nossa herança comum (do que compartilhamos aqui dentro), de nosso 
serviço cooperativo (do que compartilhamos lá fora) e de nossa responsabilidade 
recíproca (do que compartilhamos uns com os outros)”. 
 
As significativas palavras koinõma e metochê estão entre os mais fortes conceitos 
nas Escrituras judaico-cristã. Antes demais nada, elas se aplicam à participação 
em um projeto e um espírito “comum”. Os cristãos participam da “natureza divina” 
(2Pe 1.4). A comunhão na família de Deus vem após o novo nascimento (2Co 
 
56 CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789. 
Acesso: 29.12.2015. 
57 Ibidem. 
 
 
5.17; lJo 3.9). Os cristãos participam de Cristo (Hb 3.14) e do Espírito Santo (6.4). 
A verdadeira comunhão resulta em um amor mútuo (Jo 13.34). Uma “salvação 
comum” (Jd 3) e uma “fé comum” (Tt 1.4) caracterizam os verdadeiros cristãos. A 
tradução significativa “fazer participante” toca a essência do espírito cristão (G1 
6.6). Aquele que é ensinado na Palavra é advertido a “comunicar”. Comunhão 
existe quando há “associação”. Essa era a força essencial dos cristãos primitivos. 
Embora um movimento minoritário, eles compartilhavam a força de pertencer um 
ao outro e a Deus.58 
 
[b] Kerigma - Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens 
em todas as partes do mundo. Trata da missão principal da igreja, expressa em 
Mc 16.15 que nos diz: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a 
toda criatura”. A teologia, por exemplo, por intermédio da hermenêutica, da 
exegese e da própria homilética, fornecem ferramentas para os membros da igreja 
compartilharem com eficiência as verdades do evangelho. 
 
No grego, essa palavra significa “a coisa pregada”, o que alude ao evangelho de 
Cristo. Está em foco a proclamação do evangelho. A palavra aparece por oito 
vezes no Novo Testamento, duas delas acerca da pregação de Jonas (Mt 12.41 e 
Lc 11.32). As outras seis ocorrências envolvem a proclamação do evangelho (Rm 
16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15:14; 2Tm 4.17 e Tt 1.3), onde são enfatizadas a morte e a 
ressurreição de Cristo, com todas as suas implicações teológicas.59 
 
[c] Diakonia – É o comportamento generoso em relação ao próximo. 
Edelberto Behs, tratando da necessidade da compreensão ampla do termo 
“diaconial” observou que “os efeitos da globalização econômica, que erodiu a base 
da vida em muitas comunidades, e a necessidade de prestar contas da fé cristã 
frente ao secularismo e ao neoliberalismo, trazem novos desafios às igrejas”.60 
Fazer teologia é colocar em prática o conteúdo de nossa fé. Behs afirmou também 
que: 
 
58 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 3. São Paulo: Cultura Cristã, 
2008. p.838-839. 
59 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.699. 
60 BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e violento. 
Disponível em http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=7877. Acesso: 17.11.2014. 
 
 
 
A compreensão de diaconia vincula o serviço da igreja à crítica profética sobre as 
estruturas econômicas, políticas e culturais vigentes no mundo, que produzem e 
perpetuam sofrimento e violência, ao mesmo tempo em que advoga condições 
sociais para uma vida digna, de respeito e justiça. Tradicionalmente, a 
compreensão de pregar e ensinar o evangelho e de administrar os sacramentos, 
responsabilidade da Igreja, estava restrita ao ministério pastoral, segundo a 
Confissão de Augsburgo. Entende-se que a pregação do Evangelho também 
acontece através da ação diaconal (compreendida como o serviço ao próximo). 
Diferentes modelos diaconais vêm sendo praticados em diferentes igrejas, de 
acordo com a história, sociedade e o contexto em que se encontram.61 
 
[d] Marturia – Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja. At 1.8 diz: 
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis 
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos 
confins da terra”. Fazer teologia é testemunhar, movido pelo Espírito Santo, aquilo 
que experimentamos e entendemos em Cristo Jesus. 
 
Com uma variedade de significado na Escritura, testemunho, dependendo do 
contexto, indica (a) testemunho, (b) evidência que testemunha de ou a favor de 
alguma coisa, (c) as tábuas de pedra nas quais a lei de Deus foi escrita, (d) a Arca, 
(e) todo o livro, da lei, (f) a Palavra de Deus dada a um profeta, (g) o evangelho, ou 
(h) toda a Escritura. [1] 0 primeiro destes contextos é visto em 2 Timóteo 1.8, onde 
Paulo exorta Timóteo a não ficar envergonhado de seu testemunho de Cristo. [2] 
Um exemplo do segundo sentido no qual a palavra é usada encontra-se em Atos 
14.3, onde a BJ e ARC interpretam que Deus “dava testemunho à palavra da sua 
graça”, a ARA contém “confirmava a palavra da sua graça” e a NVI traduz 
“confirmava a mensagem da sua graça”. [3] Em vários exemplos no AT “o 
testemunho” refere-se ao Decálogo como uma declaração da vontade de Deus (e. 
g., Êx 25.16,21) do qual vem a expressão “tábuas do testemunho” (Êx 31.18; 
32.15; 34.29). [4] No mesmo contexto lê-se “a arca do testemunho” (Êx 25.22; 
26.33s.; 30.6; 31.7, et al.), ou simplesmente “o testemunho”, onde se tem em vista 
a Arca (Êx 16.34; 27.21; Lv 16.13). [5] A expressão “testemunho” foi então 
estendida para abranger todo o livro da lei de Deus (SI 19.8; 78.5; 81.5; 119.88; 
122.4). [6] Em alguns casos, testemunho significa a Palavra de Deus dada a um 
 
61 Ibidem. 
 
 
profeta (Is 8.16,20). [7] Em Apocalipse 1.2,9; 12.17 et al., o uso de marturia é o do 
evangelho. Em 12.17a palavra é usada para o Evangelho no sentido de um 
testemunho de Cristo. [8] Toda a revelação de Deus ao homem é, às vezes, 
mencionad quando “testemunhos” é usado (SI 119.22) contendo vários 
exemplos.62 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre a importância do estudo da teologia em 
http://esdrascabral.blogspot.com.br/2012/06/necessidade-do-estudo-teologico.html 
 
QUESTÕES PROPOSTAS1. Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar 
seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Explique com suas palavras a relação dos 
textos de Mt 22.29 e Mc 12.24 com esta afirmação. 
 
2. Quais as razões, segundo Gerlado Campos, para se “fazer teologia”? 
 
3. Como a teologia pode ser desenvolvida no contexto das funções essenciais da 
igreja? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã, 
2008. p.899-900. 
 
 
6. FONTES DA TEOLOGIA 
 
 A teologia possui uma fonte, ou seja, um ponto de partida de onde flui a 
teologia. Basicamente estas fontes são: 
 [a] Bíblia Sagrada – A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia 
Sagrada. Bíblia e Escrituras são palavras sinônimas para os propósitos da 
teologia. O cristianismo possui como ponto central, a fé, e, a pessoa de Cristo, ou 
seja, não possui fé num livro, portanto, a fé e Cristo encontram-se intimamente 
relacionadas. 
 
A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro”. 
Portanto, significa “Iivros”. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia 
de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes 
centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocábulo 
terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra grega 
biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para indicar o 
livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado. Estritamente falando, 
biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra Bíblia, mediante um 
desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo cremos, veio a designar o 
Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e do Novo 
Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e éticos de nossa 
civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já chamavam suas 
Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, “os livros”. Quando esse título foi então 
transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a entender que “o 
Livro” é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o vocábulo “Escrituras”, 
empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42; Mc 14.49; Rm 15.4), ou 
Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a “lei e os profetas” (Mt 5.17), ou “lei” (Jo 10.34), 
ou “os oráculos de Deus” (Rm 3.2).63 
 
 A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade máxima. 
É a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião cristã. “O que 
torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para os cristãos é o 
 
63 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.527. 
 
 
fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária (Pai, Filho e Espírito 
Santo), seu plano de salvação para a humanidade e sua vontade. As Escrituras, 
conforme as temos, são suficientes para tal finalidade”.64 A Bíblia é a mais rica 
fonte de informações sobre Cristo, em especial, quando trata de sua 
messianidade. Outras fontes sobre Cristo, tendem enfatizar seu aspecto histórico, 
pouco ou nada falando sobre seu poder divino de perdoar pecados. Paulo Anglada 
destaca que o reconhecimento das Sagradas Escrituras como autoridade suprema 
é tanto inferencial como direta: 
 
Base Inferencial - É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da 
inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da mera 
inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do 
Espírito Santo (cf. 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21), infere-se que são autoritativas. Na 
linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras procede da sua autoria 
divina: "porque é a Palavra de Deus." Isto não significa que cada palavra foi ditada 
pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a personalidade daqueles que a 
escreveram. Os autores bíblicos não escreveram mecanicamente. As Escrituras 
não foram psicografadas, ou melhor, "pneumografadas." Os diversos livros que 
compõem o cânon revelam claramente as características culturais, intelectuais, 
estilísticas e circunstanciais dos diversos autores. Paulo não escreve como João 
ou Pedro. Lucas fez uso de pesquisas para escrever o seu Evangelho e o livro de 
Atos. Cada autor escreveu na sua própria língua: hebraico, aramaico e grego. Os 
autores bíblicos, embora secundários, não foram instrumentos passivos nas mãos 
de Deus. A superintendência do Espírito não eliminou de modo algum as suas 
características e peculiaridades individuais. Por outro lado, a agência humana 
também em nada prejudicou a revelação divina. Seus autores humanos foram de 
tal modo dirigidos e supervisionados pelo Espírito Santo que tudo o que foi 
registrado por eles nas Escrituras constitui-se em revelação infalível, inerrante e 
autoritativa de Deus. Não somente as idéias gerais ou fatos revelados foram 
registrados, mas as próprias palavras empregadas foram escolhidas pelo Espírito 
Santo, pela livre instrumentalidade dos escritores.4 O fato é que, por procederem 
de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas, fiéis, retas, 
puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19.7-9) e santas (2 Tm 3.15). 
 
64 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015. 
 
 
 
Base Direta - Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se 
fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam autoridade 
suprema. Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar palavras de Deus, 
introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas proféticas, dizendo: 
"assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra que veio da parte do 
Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo Testamento são citados, 
sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por exemplo: "Assim diz o Espírito 
Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica também evidencia a autoridade 
suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava graças a Deus pelo fato de os 
tessalonicenses terem recebido as suas palavras "não como palavra de homens, e, 
sim, como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando 
eficazmente em vós, os que credes" (1Ts 2:13). Que autoridade teria Paulo para 
exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do 
evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por 
anjos? Só há uma resposta razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado 
não era segundo o homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas 
mediante revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade 
suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer 
controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar 
explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a Escritura 
não pode falhar”.65 
 
[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada a 
alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a Bíblia 
com a ótica da tradição a qual pertencemos”.66 
 
E indiscutível que todas as denominações cristãs têm suas próprias tradições, que 
lhes servem de autoridade, em complemento ou acréscimo às Escrituras, embora 
algumas dessas denominações prefiram não reconhecer esse fato. A tradição faz 
parte integrante da Autoridade. [1] As próprias Escrituras Sagradas preservam 
várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições próprias da filosofia 
helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo platônico em dois65 AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em 
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015. 
66 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015. 
 
 
níveis, conforme se vê na epístola aos Hebreus. Assim sendo, as tradições 
começam nas próprias Escrituras. [2] Terminado o período do Novo Testamento, 
surgiram as declarações dos chamados pais da Igreja, bem como o 
desenvolvimento dos mais antigos credos. Esses credos serviram para limitar e 
sistematizar as Escrituras. Na verdade, esses credos foram teologias sistemáticas 
incipientes, sobre as quais as denominações cristãs atualmente repousam. [3] Os 
concílios eclesiásticos manipularam esses credos e lhes fizeram adições, 
apresentando interpretações das Escrituras, de onde se originaram tradições. [4] 
Regras de fé, interpretações bíblicas, raciocínios e apareceram nos escritos dos 
pais da Igreja. Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Hipólito, Orígenes e 
Novaciano referira-se às suas regras de fé, que faziam parte de credos existentes 
ou não. [5] O sincretismo. A medida que o cristianismo foi sendo difundido por 
diferentes áreas geográficas e culturas, foram sendo incorporados elementos de 
crenças e práticas locais, e isso também veio a constituir um elemento nas 
tradições emergentes, geralmente de natureza negativa. [6] As tradições católicas 
romanas são o supremo exemplo do entronizamento das tradições, às vezes 
prejudicando as Sagradas Escrituras, pois a essas tradições também se confere ali 
a aura de autoridade. É verdade que boa parte dessas tradições católicas romanas 
tem um fundo bíblico; mas outra boa parte não passa de sincretismo. [7] A 
Reforma Protestante presumivelmente fez a Igreja cristã retornar às "Escrituras 
somente". Mas, na verdade, grande parte das tradições ocidentais teve 
continuidade nos vários grupos protestantes que surgiram em cena. Mas então 
novas tradições foram criadas, mediante credos rígidos, que eram interpretações 
específicas das Escrituras. Todos esses credos deixam de lado certos ensinos 
bíblicos, além de torcerem outros ensinos bíblicos. [8] Desenvolvimento doutrinário. 
Muitos teólogos modernos insistem na tese que a doutrina deve evoluir, a fim de 
que a verdade possa ser obtida em qualquer sentido ou grau significativo. Assim, 
as tradições sempre haveriam de emergir, somente para serem substituídas por 
outras, mais evoluídas. [9] A revolta contra a ortodoxia: as tradições liberais. 
Começando no século XVIII, mas florescendo nos séculos XIX e XX, os eruditos 
liberais e os críticos desenvolveram uma tradição toda própria que produziu efeitos 
que minimizaram a fé nas tradições mais antigas, e rejeitaram de forma total o 
autoritarismo e seus diversos conceitos de infalibilidade, sem importar-se das 
próprias Escrituras. [10] Os credos modernos. Esses credos funcionam de quatro 
maneiras diversas: a. Declarações. Coisas que figuram claramente nas Escrituras 
são meramente declaradas e descritas. b. Interpretações. Coisas que não são 
necessariamente claras, e, em certos casos, coisas que são repelentes para certas 
mentes, recebem interpretações apropriadas de indivíduos ou denominações que 
 
 
as provêem. c. Distorções. É patente que todas as denominações cristãs distorcem 
certos trechos bíblicos, para que se adaptem ao seu esquema das coisas. d. 
Omissões. Certas passagens ou versículos são simplesmente omitidos, conforme 
fazem os hiper dispensacionalistas que declaram que a maior parte do Novo 
Testamento não pertence à Igreja cristã, não servindo de autoridade quanto à 
doutrina cristã. Não há que duvidar que as tradições tem seu uso. Algumas vezes 
as tradições ultrapassam, legitimamente, as Escrituras, mas nem por isso deixam 
de ser verdadeiras. Por outro lado, com frequência, essas tradições laboram em 
erro, adicionando elementos prejudiciais à fé e à prática. Essas são as tradições 
que devemos repelir.67 
 
 [c] Cultura - Quando alguém faz teologia, precisa levar em consideração 
tanto o seu contexto cultural como o do texto bíblico que está analisando, para 
aplicá-lo adequadamente em seu tempo. O estudo da cultura é importante 
inclusive, por exemplo, para saber se determinados textos das Escrituras eram 
aplicáveis à determinado momento histórico, ou se são validos perpetuamente.68 
Costumes culturais influenciam na interpretação de um texto bíblico. Sobre isso, 
Alexandre Milhoranza disse: 
 
As pessoas que interpretam a Bíblia sem levar em consideração o contexto de uma 
passagem e sem conhecer, ou considerar o período histórico do texto escrito, 
podem cometer um sério erro de interpretação e acabarem criando uma heresia. 
Lembre-se que os reformadores ressaltaram e retornaram ao método de 
interpretação histórico-gramatical das Escrituras. Ou seja, devemos levar em conta 
o período histórico de quando a passagem foi escrita e levar em consideração as 
palavras e frases da passagem em seu sentido normal e claro (literal). [...] Certos 
princípios ou mandamentos são contínuos ou irrevogáveis, e tratam de temas 
morais e/ou teológicos, são repetidos em outras partes da Bíblia, sendo, portanto, 
aplicáveis a nós hoje. Precisamos perguntar se a Bíblia dá ao mandamento um 
caráter normativo. Quando a Bíblia dá uma ordem explícita e não a anula depois, 
devemos entender como sendo a vontade expressa de Deus para nossas vidas, 
em nosso tempo também, independente da cultura. [...] Certos princípios ou 
 
67 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467. 
68 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015. 
 
 
mandamentos dizem respeito às circunstâncias específicas de um indivíduo, não 
sendo temas que possuem caráter moral ou teológico, não são aplicáveis aos 
nossos dias. [...] 2.3 Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos 
culturais que se parecem com os nossos nos quais apenas o princípio deve ser 
aplicado. [...] Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos 
culturais totalmente diferentes, mas cujos princípios se aplicam. Quando Moisés 
esteve na presença de Deus, ele tirou seus sapatos, pois era terra santa. Será que 
devemos hoje em dia tirar nossos sapatos ao vir para o templo? Aqui, o princípio 
de reverência e temor a Deus devem ainda nos dirigir.69 
 
 [d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor 
teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-
las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas 
originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto, 
etc.70 
De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição 
necessária para a fé, eliminando assim a ideia de uma irracionalidade no exercício 
da fé. Para Tillich “somente um ser dotado de razão pode ser possuído por algo 
incondicional e distinguir preocupações últimas das provisórias [...] Assim a razão 
é uma condição necessária para a fé, e fé é o ato em que a razão irrompe 
extaticamente para além de si [...] entre a natureza verdadeira da fé e a natureza 
verdadeira da razão não há contradição”71. Champlin observa que a razão entra 
perfeitamente em harmonia com a fé religiosa, além de servir para expressá-la. “A 
razão exibe logicamente aquilo que a religião sente e põe em prática. A razão é 
compatível com a fé religiosa, tendo a função de expressá-la e defendê-la. Mas a 
fé cristã, com base na revelação bíblica transcende à razão, conferindo-nos 
algumas doutrinas que são inatingíveis para a razão”.72 
 
 
69 MILHORANZA, Alexandre.As diferenças culturais na interpretação da Bíblia. Disponível em 
http://www.milhoranza.com/2009/09/08/hermeneutica-diferencas-culturais/#axzz3vlmaGdmu. 
Acesso: 30.12.2015. 
70 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015. 
71 TILLICH, Paul apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-444. 
72 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.558-559. 
 
 
 [e] Experiência - Determinado fato ou ocorrência que acabará por 
influenciar no labor teológico da igreja. 
 
Para Schillebeeckx, experiência humana e fé cristã são as duas fontes da teologia: 
devem ser pensadas em correlação. Sem a pergunta de sentido que brota da 
experiência humana, as respostas do teólogo cairiam no vazio. Agora, se a 
resposta cristã oferece uma "superabundância de sentido", esse sentido deve se 
inserir em uma experiência humana em que o homem já está em busca de sentido. 
A resposta hesitante do homem à sua própria pergunta é identificada, valorizada 
na fé cristã. À luz da revelação, manifesta-se a superabundância de sentido, 
contida no sentido que o homem mesmo descobriu no mundo.73 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre fontes do conhecimento religioso em 
http://arturfelix.blogspot.com.br/2014/10/as-fontes-do-conhecimento-religioso-
em_14.html 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. Qual a relação da Bíblia com a Teologia? 
 
2. Basicamente, quais são as fontes da teologia? 
 
3. A experiência é uma das fontes da teologia. Qual a relação entre a experiência 
e a fé cristã? 
 
 
 
 
 
73 SCHILLEBEECKX, Edward. Experiência humana e fé cristã: as duas fontes da teologia. 
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/28686-experiencia-humana-
e-fe-crista-as-duas-fontes-da-teologia. Acesso: 30.12.2015. 
 
 
 
7. O TEÓLOGO 
 
O tradicional Guia do Estudante conceitua o Teólogo como sendo o 
“indivíduo que se dedica ao estudo das religiões e sua influência sobre a 
sociedade. Ele pesquisa a história, os fenômenos e as tradições religiosas, 
interpreta textos sagrados, doutrinas e dogmas religiosos. Associa essas 
informações com outras ciências humanas e sociais, como antropologia e 
sociologia, e identifica as relações entre a religião e diferentes culturas e grupos 
sociais. Pode trabalhar como pesquisador ou assessor de grupos religiosos. Como 
licenciado, leciona religião e ética em escolas de ensinos fundamental e médio e 
também em ONGs, centros culturais e religiosos”.74 
Quem produz teologia é o teólogo. Erickson destaca que o teólogo é o 
operador da teologia, ou seja, aquele que busca entender as bases doutrinais de 
uma religião, normalmente a religião a que pertence. Ele afirma também que o 
teólogo profissional é uma pessoa com instrução avançada e que geralmente atua 
como professor e escritor.75 Este conceito não exclui a possibilidade de a teologia 
ser examinada por leigos, ou seja, qualquer pessoa que busque o conhecimento 
de Deus está operando, ou fazendo, teologia. 
Rm 1.19-20 descreve a possibilidade de Deus ser conhecido pelo homem, 
quando afirma: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, 
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do 
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e 
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem 
inescusáveis”. Este texto não fala em conhecimento pleno de Deus, mas de um 
conhecimento que permite ao homem relacionar-se com Deus. Isto permite que 
um ser finito como o homem possa conhecer (em partes) a infinitude de Deus. De 
acordo com Vincent Cheung o conhecimento de Deus é também possível somente 
 
74 Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em http://guiadoestudante.abril.com/profissoes/ 
ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015. 
75 ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.162. 
http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml
 
 
porque ele fez o homem à sua própria imagem, de forma que há um ponto de 
contato entre os dois, a despeito da transcendência de Deus.76 
Sobre o teólogo, a revista Ultimato publicou algo interessante sobre seu 
perfil: 
 
Antes de conhecer Deus academicamente, o teólogo precisa conhecê-lo 
pessoalmente. Antes de descrever Deus, o teólogo precisa ter comunhão com ele. 
Antes de descrever o amor de Deus, o teólogo precisa sentir-se amado por ele. 
Antes de descrever a autoridade de Deus, o teólogo precisa submeter-se a ela. 
Antes de descrever a santidade absoluta de Deus, o teólogo precisa descrever a 
sua absoluta pecaminosidade. Antes de mencionar a sabedoria de Deus, o teólogo 
precisa confessar a sua ignorância. Antes de se enveredar pelo problema filosófico 
e teológico do sofrimento, o teólogo precisa aprender a chorar com os que choram 
e a alegrar-se com os que se alegram. Antes de tentar explicar as coisas mais 
profundas e misteriosas da teologia, o teólogo precisa ser honesto consigo mesmo 
e com os outros e admitir que nas cartas de Paulo e em outras passagens da 
Bíblia há coisas realmente difíceis de entender. Antes de ensinar e escrever 
teologia, o teólogo precisa entender que sua responsabilidade é enorme, porque, 
exatamente por ser reconhecido como teólogo, ele será ouvido, lido, consultado, 
citado. O teólogo não pode inventar suas teologias, assim como o profeta não 
podia inventar suas visões nem declarar “assim diz o Senhor”, se o Senhor nada 
lhe dissera. O teólogo não pode ser nem frio nem seco. Ele tem de declarar com 
toda empolgação que Deus é amantíssimo, graciosíssimo, justíssimo, 
misericordiosíssimo, puríssimo, santíssimo, sapientíssimo e terribilíssimo. O 
teólogo precisa de humildade para explicar as coisas já reveladas e calar-se diante 
das coisas ainda ocultas. O teólogo precisa caminhar lado a lado com a fé e com a 
razão e, se em algum momento tiver de abrir mão de uma delas, deve ficar com a 
fé. O teólogo deve construir e, em nenhum momento, destruir. O teólogo obriga-se 
a separar o trigo do joio, a verdade do mito, a revelação da tradição, a visão 
verdadeira da falsa visão, o bem do mal, a luz das trevas, o doce do amargo, a 
vontade de Deus da vontade própria. O teólogo tem o compromisso de insistir na 
unicidade de Deus e condenar a pluralidade de deuses, tanto os de ontem como os 
de hoje. O teólogo tem a obrigação de equilibrar a bondade e a severidade de 
Deus, o perdão e a punição, a vida eterna e a morte eterna, a graça e a lei. O 
teólogo é um fracasso quando não menciona que Deus amou tanto o mundo que 
 
76 CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789. 
Acesso: 29.12.2015. 
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia
 
 
deu seu único Filho por uma só razão: para que ninguém fosse condenado, mas 
tivesse, pela fé em Jesus, plena e eterna salvação!77 
 
Quando falamos na operação propriamente dita da teologia, o Guia do 
Estudante informa que a área de atuação do teólogo pode ser verificada em várias 
frentes, entre elas: [a] Consultoria – Assessorar pessoas e organizações públicas 
ou privadas que utilizem a religião no desenvolvimento de seu trabalho; [b] Ensino 
- Dar aulas em escolas de ensinos fundamental e médio sobre religião e ética; [c] 
ONGs - Orientar grupos religiosos e atender a instituições que realizam trabalhos 
sociais voltados para a religião; [d] Pesquisa - Estudar o fenômeno religioso e sua 
relação com a atividade humana; e [e] Sacerdócio – Atuar no ministério formal da 
igreja. 
 
EXPLORANDOO TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre a importância do teólogo em 
http://www.ftsa.edu.br/site/index.php/publicacoes-da-ftsa/artigos-da-ftsa/119-
artigos-da-ftsa/241-dia-do-teologo 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. Explique com suas palavras o que você entende por teólogo. 
 
2. Qual o campo de atuação do teólogo? 
 
3. Qual o limite do conhecimento de Deus que o teólogo pode ter? 
 
 
 
 
 
77 O teólogo a serviço de Deus e não da teologia. Disponível em http://www.ultimato.com.br/revista/ 
artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia. Acesso: 29.12.2015. 
 
 
8. DOUTRINA E RELIGIÃO 
 
O estudo da doutrina também é conhecido como teologia. Doutrina diz 
respeito à um conceito que é ensinado, compartilhado, com alguém. Por 
intermédio da doutrina um indivíduo recebe instrução para trilhar sua jornada. Ao 
descrever a origem e o significado do termo “doutrina”, Champlin diz: 
 
Essa palavra significa “ensino”... Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal ~ 
docere, "ensinar", O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer tipo 
de ensino, como também pode indicar algum ensino especifico, como a doutrina da 
salvaçiio. Também pode envolver as ideias de crença, dogma, conceito ou 
princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse vocábulo traz 
imediatamente às nossas mentes ideias e ensinamentos religiosos, porque 
usualmente é assim que o ouvimos ser dito. A expressão “a doutrina” pode aludir 
aos ensinamentos de Cristo, ou ao sistema de ensinos cristãos. Porém, o propósito 
da doutrina cristã é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não deve 
subentender meros conceitos intelectuais e religiosos, que compõem algum 
sistema. Essa palavra dá a entender aqueles ensinos usados pelo Espirito a fim de 
transformar almas humanas, tornando-as semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas 
formalizadas na forma de credos tendem a estagnar a viva energia dos 
ensinamentos de Cristo. Seus ensinos apontam para categorias do ser que não 
podem ser expressas distintamente como conceitos verbais. Quando Jesus 
convidou: “...aprendei de mim...” (Mt 11.29), certamente ele não estava pensando 
em alguma sistematização de ideias a seu respeito, e, sim, na capacidade 
transformadora de sua doutrina e Espírito, capaz de transformar seus discípulos 
(aprendizes).78 
 
O termo “instrução” está sempre associado à “doutrina”. Michaelis79 define 
instrução como a ação de instruir, de ensinar, de explicar ou esclarecer, de educar 
intelectualmente. “A palavra ‘teologia’ não ocorre na Bíblia e o termo que lhe é 
equivalente, no N.T., é ‘doutrina’ (“didache” ou “didaskalia”, no grego), que vem de 
uma raiz que significa ‘ensinar’ e pode se referir tanto ao ato de ensinar, 
 
78 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.228-229. 
79 Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: 2009. 
 
 
propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6.17;1Tm 6.3-4; 2Tim 
4:3-4; Tito 1.2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que 
Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de 
Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de 
um corpo de doutrinas. A essa forma ordenada de doutrinas, dá-se inclusive, o 
nome de ‘Teologia Sistemática’. O adjetivo aqui, não altera o conceito de 
teologia”.80 
Alguns aspectos interessantes contribuem para o entendimento da 
aplicação do termo “doutrina” em sua aplicação bíblica. Deusimar Barbosa, em 
Manancial das Doutrinas bíblicas, observa alguns destes aspectos: 
 
[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa “ensino, instrução”. É 
traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI). [2] Do grego é “didaché” 
significa” ensinamento”, aquilo que é ensinado. (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24), o ato de 
ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17). “Didaskalia” significa “aquilo que é ensinado”, 
“doutrina, ensino, instrução”(Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm 1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt 
1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7). O termo didaché é 
usado apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9), enquanto o termo 
didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos sentidos ativos e 
passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva é predominante em 
didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca em relevo a autoridade, o ultimo, o 
ato. A parte do apostolo Paulo, os outros escritores só usam o termo didaché, exceto em 
Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”, do verbo “docio”, que 
significa “ensinar, instruir, educar”. Portanto a palavra doutrina é o “conjunto coerente de 
idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Ressalto que doutrina do latim 
doctrina, significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina, teoria, 
método.” [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do ensino das Sagradas 
Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e, portanto, o ensino das Sagradas 
Letras, nada mais é que o puro ensino da Bíblia, o ensino da palavra de Deus, o ensino de 
Deus ao homem, acerca da salvação do homem, de Jesus Cristo, o Senhor e Salvador, do 
Espírito Santo, o consolador, da Criação dos céus e da terra, do pecado, da origem, queda, 
restauração e destino final do homem, missão e destino da Igreja e do porvir. Portanto, 
doutrina é o ensino que Deus concede ao homem a partir da sua poderosíssima palavra da 
 
80 SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em 
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015. 
 
 
revelação de Deus à humanidade caída em pecado, que está inserida nas Sagradas 
Escrituras. [5] É um conjunto de princípios que, tendo como base as Sagradas Escrituras, 
orienta o nosso relacionamento com Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes.81 
 
Diversos textos bíblicos revelam a importância da doutrina para a vida do 
ser humano, como Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na 
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”, Mateus 7.24-27: “Todo aquele, 
pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem 
prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram 
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava 
edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não 
cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a 
areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram 
aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”, e, Efésios 2.20: “edificados sobre o 
fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra 
da esquina”. 
A religião tem sido um termo interpretado de forma equivocada por algumas 
pessoas. Expressões como “mais Deus e menos religião” tem embalado muitos 
discursos, inclusive religiosos. Uma rápida passagem no conceito deste termo nos 
mostra sua importância e relevância. A palavra portuguesa “religião” vem do latim 
religare, que significa “atar", “religar” ou “ligar de novo”. Basicamente o pecado 
interferiu no relacionamento entre Deus e os homens, tendo em Cristo a 
possibilidade de reestabelecer essa comunhão que havia sido perdida. 
Pearlman observa que a teologia possui uma conexão também com a 
religião. “Religião vem da palavra latina "ligare" que significa "ligar"; religião 
representa as atividades que "ligam" o homem a Deus numa determinada relação. 
A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim a religião é a prática, 
enquanto a teologia é o conhecimento. A religiãoe a teologia devem coexistir na 
verdadeira experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham distanciadas, 
 
81 BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa fé 
sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em: http://profdeusimarbarbosa.blogspot 
.com/2009/07/deusimar-barbosa-manancial-das.html. Acesso em 19 de dezembro de 2015. 
 
 
 
de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser verdadeiramente religioso, e por 
outro lado a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem possuir um 
conhecimento sistemático doutrinário”.82 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em 
http://palavradenovavida.blogspot.com.br/2013/01/a-importancia-da-doutrina-
biblica-na.html 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. Qual a diferença entre doutrina e religião? 
 
2. Qual a conexão entre religião e teologia? 
 
3. O que você entende como sendo doutrina? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
82 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.5. 
 
 
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ 
 
Os constantes debates religiosos, trazem, de tempos em tempos, assuntos 
que ocupam destaque na agenda das pessoas, norteando dessa maneira os 
temas que devem ser debatidos no dia-a-dia de suas vidas. Neste sentido, o Brasil 
apresenta na agenda de suas discussões o assunto “fundamentalismo”, sobretudo 
pelo fato do amplo debate que se faz sobre questões éticas e morais como, 
aborto, homossexualidade e religiosidade. Nesta discussão, conceitos 
fundamentais e tradicionais são colocados à prova, através de questionamentos e 
reflexões mais profundas. A defesa dos princípios absolutos e imutáveis, 
amparados pela mensagem bíblica, enfrenta resistências severas diante de um 
mundo cada vez mais plural e relativista. Defender a fé tornou-se um grande 
desafio para aqueles que optaram em viver a vida seguindo princípios e valores 
estabelecidos na Palavra de Deus. 
 A vida é vivida a partir de escolhas, e estas, manifestam-se no 
comportamento dos indivíduos no seu dia-a-dia. Estas escolhas recebem o nome 
de cosmovisões, ou seja, tratam-se de “um conjunto de conceitos, crenças e 
valores de que uma pessoa se utiliza para compreender e formar sua opinião 
particular a respeito de si, dos outros, e do mundo”83. Uma vez definida a “lente” 
de visualização do mundo, este indivíduo desenvolve sua fé naquilo em que 
acredita ser o correto. O mundo pós-moderno considera a defesa desta fé 
baseada no absoluto algo questionável, uma vez que a vida não pode ser vivida 
sem se levar em conta as constantes mudanças que o relativismo lhe apresenta. 
Assim sendo, o conceito de fé precisa ser detalhadamente conhecido para 
diferenciá-lo de outros conceitos, e, para delimitar até onde esta convicção pode 
ser considerada fundamentalismo no sentido original deste termo. A pós-
modernidade que se apresenta de forma simpática às diferentes manifestações 
religiosas, mostra-se implacável e intolerante quando o assunto trata da fé 
 
83 COUTO, Geremias. E agora, como viveremos? A Igreja ante os desafios dos últimos dias. 
Lições Bíblicas – Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.7-8. 
 
 
religiosa num Deus único e imutável, buscando rotular seus adeptos de 
“fundamentalistas” no sentido negativo de sua interpretação. 
 A fé diz respeito à “palavra bíblica que se refere tanto à crença intelectual 
quanto à confiança ou ao compromisso em um relacionamento”84. Num sentido 
amplo é uma ação de demonstração de confiança sobretudo na figura de uma 
outra pessoa. Para Grenz, “os autores bíblicos geralmente não fazem distinção 
entre fé como crença e fé como confiança, mas tendem a considerar que a 
verdadeira fé consiste tanto no que se crê (e.g., que Deus existe, que Jesus é o 
Filho de Deus) quanto no compromisso para com uma pessoa digna de confiança 
e capaz de salvar (i.e., confiança na pessoa de Cristo como meio de salvação)”85. 
Assim, cosmovisão imprime no indivíduo uma fé, que no caso religioso, manifesta-
se na confiança em Deus. 
 Numa análise bíblica clássica, o termo “fé” tem origem na palavra hebraica 
heemim, no grego pisteuô e no latim fidem. O texto bíblico de Hebreus 11.1 define 
a “fé” como sendo o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das 
coisas que se não veem. Andrade destaca que a “fé” é “a confiança que 
depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no 
comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a 
convicção de que a sua Palavra é a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que 
depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu 
Filho, no Calvário”86. 
Vine, na observação etimológica’ do termo “fé, destaca que: 
 
Fé pistis, primariamente, “persuasão firme", trata-se de convicção fundamentada 
no ouvir (cognato de peithõ, “persuadir”), e sempre é usado no Novo Testamento 
acerca da “fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais”. A palavra é usada 
com referência: (a) à confiança (Rm 3.25 ; 1Co 2.5; 15.14.17; 2Co 1.24; Gl 3.23; 
Fp 1.25: 2.17: 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt 
23.23: Rm 3.3: Gl 5.22; Tt 2.10); (c) por metonímia, ao que é crido. O conteúdo da 
crença, a "fé" (At 6.7: 14.22: Gl 1.23; 3.25; Gl 6.10; Fp 1.27; 1Ts 3.10: Jd 3.20 [e 
 
84 GRENZ, Stanley J. et al. Dicionário de Teologia. São Paulo: Vida, 1999. p.57. 
85 Ibidem. 
86 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. p.156. 
 
 
talvez 2Ts 3.2]); (d) à base para a “fé”, a garantia, a certeza (At 17.31); e a um 
penhor de fidelidade, fé empenhada (1Tm5.12).87 
 
Vine destaca que os principais elementos da “fé" em sua relação com o 
Deus invisível, em distinção da “fé” no homem, são ressaltados sobretudo no uso 
deste substantivo e do verbo correspondente, pisteuõ. Diz ele: 
 
Tais elementos são: (1) uma firme convicção, produzindo um pleno 
reconhecimento da revelação ou da verdade de Deus (por exemplo, 2Ts 2.11,12); 
(2) uma entrega pessoal a Ele (Jo 1.12); (3) uma conduta inspirada por tal entrega 
(2Co 5.7). Proeminência é dada a um ou outro destes elementos dc acordo com o 
contexto. Tudo isso é posto em contraste com a convicção em seu exercício 
puramente natural. que consiste numa opinião mantida em boa “fé” sem a 
necessária referência à sua prova. O objeto da "fé" de Abraão não era a promessa 
de Deus (esta era a ocasião do seu exercício); a sua “fé” descansava no próprio 
Deus (Rm 4.17.20.21).88 
 
Em linhas gerais, a cosmovisão de cada indivíduo se constrói a partir de 
sua herança cultural, religiosa e social, por isso, há necessidade de distinguir a fé 
da simples crença. Buckland destaca que a “simples fé implica uma disposição de 
alma para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que a 
fé tem confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a 
nossa razão, não lhe é contrário”89. 
 
A credulidade, porém, alimenta-se de coisas imaginárias, e é cultivada pela 
simples imaginação. A fé difere da crença porque é uma confiança do coração e 
não apenas uma aquiescência intelectual. A fé religiosa é uma confiança tão forte 
em determinada pessoa ou princípio estabelecido, que produz influência na 
atividade mental e espiritual dos homens, devendo, normalmente, dirigir a sua vida. 
A fé é uma atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança 
em Cristo, pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de 
 
87 VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo 
Testamento e do Novo Testamento.Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.648. 
88 Ibidem. 
89 BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007. p.874. 
 
 
viver a vida que Ele aprovaria. Não é uma aceitação cega e desarrazoada, mas um 
sentimento baseado nos fatos da Sua vida, da Sua obra, do Seu Poder e da Sua 
Palavra. A revelação é necessariamente uma antecipação da fé. A fé é descrita 
como "uma simples mas profunda confiança Naquele que de tal modo falou e viveu 
na luz, que instintivamente os Seus verdadeiros adoradores obedecem à Sua 
vontade, estando mesmo às escuras". A mais simples definição de fé é uma 
confiança que nasce do coração.90 
 
 Na análise de Buckland é possível verificar que a fé não se trata de uma 
atitude irracional, pelo contrário, ela é fruto de uma revelação que permite ao 
indivíduo experimentar um relacionamento com o seu Deus. Geralmente, a 
liquidez do mundo atual, que não encaixa-se de forma equilibrada em valores e 
princípios, julga ser esta confiança uma experiência ilusória, sem comprovação 
crível, atribuindo à ela um conceito de limitação frente à uma infinidade de 
caminhos. Esta visão que despreza a experiência da fé, pouco tem contribuído 
para a formação de um indivíduo saudável e relevante para o mundo em que vive. 
Esses termos descrevem a relação que existe entre o homem e Deus. A 
fidelidade é resultado da confiança depositada no próprio Deus, e esta relação é 
pouco compreendida pelo homem que não vive esta experiência. Tenney destaca 
que a fé e a fidelidade “são, em alguns aspectos, correlativos, pois a fé do homem 
é aquilo que responde a e é sustentada pela fidelidade de Deus. Em outros 
aspectos pode ser um desenvolvimento de pensamento, pois a fé por parte do 
homem deveria levá-lo à fidelidade”91. 
 
Novamente, a ideia de fé pode mover-se da atitude subjetiva de confiança para “a 
fé” — a qual Deus revelou objetivamente através de ação. palavra e sinais a fim de 
que fosse crido. Intimamente associado aos dois substantivos encontra-se o 
adjetivo ''fiel" e o verbo “ter fé em”, “confiar”, "acreditar”. Em algumas partes da 
Bíblia, o verbo é mais proeminente que o substantivo. Como sempre, nas 
Escrituras, a iniciativa divina é enfatizada ou admitida, e o fato de que o Deus vivo 
está desejoso de entrar em um relacionamento com os homens e tem mostrado a 
 
90 Ibidem. 
91 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 
p. 776-777. 
 
 
eles que é digno de sua confiança, é o que dá à fé bíblica seu caráter distinto. Fé 
como é demonstrado no AT é uma necessidade, mas preliminarmente incompleta 
para sua plena possibilidade através de Cristo no NT.92 
 
 Quando o homem questiona a existência de Deus ele não consegue 
entender a dimensão da fidelidade e da própria fé. Por não entender esta relação 
ele considera este comportamento como sendo equivocado e cego, geralmente 
como sendo fruto de uma ignorância cultural e científica. Viver na sociedade que 
despreza o absoluta e rechaça a fé, é um desafio que exige convicções cada vez 
mais profundas. 
 
Fé tem a ver com sentido último, com valores sobre os quais se funda a existência 
humana. Este sentido e estes valores, necessariamente, se expressarão 
concretamente numa “ideologia”, que para Segundo é todo o sistema de meios 
racionais para concretizar e expressar estes valores. Enquanto a fé tem a ver com 
sentido, a ideologia tem a ver com eficácia. Importante é que se trata de 
“dimensões humanas diferentes e complementares” (Segundo, p.33). Nesta 
perspectiva, Segundo resguarda a dimensão da fé como insubstituível e ao mesmo 
tempo libera o ser humano para, com sua racionalidade, lutar por justiça e 
libertação, dentro de suas coordenadas sociopolíticas concretas.93 
 
 Na análise acima é possível verificar que a fé relaciona-se com valores, que 
por sua vez, definem uma cosmovisão. A simples defesa destes valores, constitui-
se para alguns, manifestação de alienação, capacidade limitada de enxergar o 
mundo e intolerância religiosa. O relativismo filosófico não consegue aceitar a 
ideia do valor imutável, e por isso, milita contra os que assim acreditam. Na 
impossibilidade de compactuar valores e princípios, na prática de vida individual, a 
firme posição de pensamento passa a ser rotulada de fanatismo, ou, 
fundamentalismo, numa aplicação equivocada e distorcida do termo no seu 
significado original. 
 
 
92 Ibidem. 
93 SEGUNDO, Juan Luis apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-
444. 
 
 
 O termo ‘fundamentalismo’ é visto, de forma geral, como “a atitude de um 
grupo de pessoas dentro de uma religião ou de um movimento político que dizem 
basear-se num conjunto próprio de diretrizes tradicionais (fundamentos), 
defendendo-as de forma absoluta”94. Neste aspecto é importante definir a 
intensidade e influência em que a defesa é exercida. Lieth destaca que “um 
fundamento radical e totalitário, por exemplo, terá consequências 
correspondentes”95. Ser considerado fundamentalista na atualidade significa ser 
um indivíduo intransigente, exclusivista e incapaz de viver na plenitude da vida 
com a sociedade, em contraste com a história antiga, que considerava o 
fundamentalista alguém digno de louvor pela bravura da defesa de seus ideais. 
 Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de 
fundamentalismo, afirma Lieth: “A pessoa que defende sua posição com 
entusiasmo e veemência é ‘fundamentalista’. A conjuntura, na qual, o tema 
fundamentalismo aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito e 
da questão fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto 
mais facilmente se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de 
fundamentalista”96. Do ponto de vista histórico, o conceito de “fundamentalismo” 
teve sua origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição 
aos valores defendidos pelo liberalismo no século XIX: 
 
Grupos de cristãos protestantes conservadores deram a si mesmos tal designação 
no início do século XX, nos Estados Unidos da América do Norte. Entre 1909 e 
1915, foi publicada nos Estados Unidos uma série de textos, com edição superior a 
três milhões de exemplares, com o título The Fundamentals – a Testimonium to the 
Truth (Os Fundamentais – um testemunho em favor da Verdade). Do título dessa 
série saiu o nome de um movimento, formado no último terço do século XIX por 
grupos de cristãos conservadores evangelicais. Temos, aqui, o nascimento do 
fundamentalismo protestante que determinará os Estados Unidos da América do 
 
94 LIETH, Thomas e LIETH, Norbert. O que é realmente o fundamentalismo. Disponível em 
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalismo.html. Acesso: 17.02.2014. 
95 Ibidem. 
96 Ibidem. 
 
 
Norte e que, em pouco tempo, começará a ser exportado por outros continentes e 
países.97 
 
 Na história, o fundamentalismo foi observado como contrastante com o 
liberalismo. Champlin destaca que o fundamentalismo foi um movimento 
protestante e teológico: 
 
O termo fundamentalismo é sinônimo de conservatismo estrito. Nesse sentido, 
algumas vezes é usado não somente para fazer oposição ao liberalismo, mas 
também a formas do evangelicalismo, que interpreta menos rigidamente, mais 
livremente. Homens como B.B. Warfield, James Orr, H.C.O. Moule e G. Campbell 
Morgan, em The Fundamentals, deram o nome a uma estrita interpretação 
literalista da Bíblia. Quando eu era estudante de certa escola teológica, tivemos um 
curso intitulado «História do Fundamentalismo», que acompanhava as raízes do 
fundamentalismo por todas as Escrituras Sagradas, com o intuito de mostrar que, 
sem importar o título usado, as figuras da Bíblia foram todas fundamentalistas, e 
que assim deveriamser todos os crentes na Bíblia. Quanto ao tipo, o 
fundamentalismo é aparentado da teologia evangélica da época anterior à 
Iluminação, embora defira da mesma por rejeitar, deliberadamente, os métodos e 
conclusões da crítica bíblica histórica do penado posterior à Iluminação. Os 
teólogos mais antigos não haviam tratado mais extensivamente as questões 
envolvidas naquele desenvolvimento, porquanto foram produto de eruditos dos 
séculos XIX e XX.98 
 
Em aspectos gerais, Galindo destaca que “como fenômeno geral o 
fundamentalismo é hoje uma tendência dentro das tradições judia, cristã e 
muçulmana, que costuma surgir como reação mais ou menos violenta contra toda 
mudança cultural”.99 Para ele, o fundamentalismo serve, em algumas 
circunstâncias, como base para ideais radicais e extremistas: 
 
Estudos psicológicos descrevem seus adeptos mais zelosos como “pessoas 
autoritárias”, ou seja, como indivíduos que se sentem ameaçados em um mundo 
 
97 Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.452-456. 
98 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.829. 
99 GALINDO, Florencio. O fenômeno das seitas fundamentalistas. Petrópolis: Vozes, 1995. p.167. 
 
 
dominado por poderes malignos em atitude permanente de conspiração que 
pensam em termos simplistas e de acordo com esquemas invariáveis, e que frente 
a seus problemas se sentem atraídos pelas respostas autoritárias e moralizantes. 
Quando as mudanças culturais alcançam certo grau crítico, esses indivíduos 
tendem a se reunir em movimentos radicais dentro de suas respectivas religiões.100 
 
Embora seja um movimento marcado por uma defesa extrema de ideais, o 
movimento fundamentalista contribui de muitas formas para o desenvolvimento do 
pensamento e discussão da teologia. Champlin observa que “além de alertar as 
pessoas sobre inúmeros erros que haviam entrado na cena religiosa, o movimento 
fundamentalista tem-se mostrado radicalmente anticomunista, exibindo a 
incompatibilidade básica entre aquele sistema político e os ideais e crenças 
cristãos”.101 O fundamentalismo contribui também para a evangelização e para o 
zelo da fidelidade à Palavra de Deus. Em linhas gerais, o fundamentalismo é uma 
ação, que em sua essência, se contrapõe aos valores antibíblicos e anticristãos, 
que se levantam em todos os períodos da história. 
 
EXPLORANDO O TEMA NA WEB 
 
Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em 
http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PorQueSouFundamenta 
lista-LAFerraz.htm 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
1. O que significa ser fundamentalista? 
 
2. Qual a contribuição do fundamentalismo? 
 
3. O termo “fundamentalismo” é visto de forma deturpada, por que? 
 
100 Ibidem. 
101 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São 
Paulo: Hagnos, 2013. p.829. 
 
 
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