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Margarete Terezinha de Andrade Costa INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO PE DA GO GI A INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-4833-5 9 7 8 8 5 3 8 7 4 8 3 3 5 IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO PE DA GO GI A Código Logístico 41539 INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA Margarete Terezinha de Andrade Costa IESDE BRASIL S/A Curitiba 2015 © 2015 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________ C875i Costa, Margarete Terezinha de Andrade Introdução a psicopedagogia / Margarete Terezinha de Andrade Costa. - 1. ed. - Curi- tiba, PR : IESDE Brasil, 2015. 76 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-4833-5 1. Psicopedagogia. 2. Psicologia educacional. I. Título. 15-22538 CDD: 370.15 CDU: 37.015.2 ________________________________________________________________________ 07/05/2015 15/05/2015 Apresentação Este guia de estudo tem como objetivo introduzir os alunos no campo da psico- pedagogia. Para tanto, são apresentadas as bases teóricas e os apontamentos para o fazer psicopedagógico, tanto preventivo quanto terapêutico, nos processos do de- senvolvimento e nas aprendizagens humanas. É importante destacar que ser psicopedagogo é viver em um estado de formação constante, pois essa área do conhecimento não é simplesmente a junção da Psicologia com a Pedagogia, que já seriam dois grandes estudos. É, na verdade, um campo que integra conhecimentos e princípios de diversas ciências a fim de buscar conhecer sempre mais sobre os processos de aprendizagem e suas consequentes falhas. A atuação do psicopedagogo frente ao ato de ensinar e aprender possibilita uma atuação tanto na área clínica quanto na institucional, ampliando, portanto, seus campos de pesquisa e atuação. Assim, a ajuda do psicopedagogo é concretizada em diferentes instituições, sejam escolares, clínicas, hospitalares ou organizacionais. Por ser uma área nova de estudos e pesquisas, cabe ao profissional da Psicopedagogia desenvolver versatilidade e competências fundamentadas em teo- rias e vivências práticas, a fim de que seu trabalho seja reconhecido e se faça neces- sário no mercado de trabalho. Espera-se que este material forneça aos alunos subsídios para o sucesso pessoal e profissional, por meio de uma qualificação séria, densa e intrigante. Bons estudos! Sobre a autora Margarete Terezinha de Andrade Costa Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e em Magistério de 1.º e 2.º graus pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba. Graduada em Pedagogia e em Letras Português-Inglês pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Sumário Aula 01 O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA 9 PARTE 01 | O QUE É PSICOPEDAGOGIA 11 PARTE 02 | A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA NA EUROPA 14 PARTE 03 | A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA NA ARGENTINA E NO BRASIL 16 Aula 02 INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES 19 PARTE 01 | ABORDAGEM CLÍNICA 21 PARTE 02 | ABORDAGEM PREVENTIVA 24 PARTE 03 | ABORDAGEM ESCOLAR 26 Aula 03 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO 29 PARTE 01 | ENFOQUE CLÍNICO 31 PARTE 02 | ENFOQUE ESCOLAR 34 PARTE 03 | ENFOQUE HOSPITALAR 37 Aula 04 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA 41 PARTE 01 | COMUNICAÇÃO E O CONHECIMENTO 43 PARTE 02 | NÃO APRENDIZAGEM 46 PARTE 03 | PRÁTICA EDUCATIVA 49 Sumário Aula 05 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS 53 PARTE 01 | ATENDIMENTO ESPECIAL 55 PARTE 02 | ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS 58 PARTE 03 | ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO 61 Aula 06 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM 65 PARTE 01 | A INTELIGÊNCIA HUMANA 67 PARTE 02 | TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 70 PARTE 03 | FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA EDUCATIVA 73 Conhecer o que é psicopedagogia e entender a sua história. O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Aula 01 Objetivos: Di gi ta l J ui ce INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 11 O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Pa r t e 01 Di gi ta l J ui ce O QUE É PSICOPEDAGOGIA A psicopedagogia surgiu em resposta aos problemas de aprendizagem que não tiveram solução na pedagogia e nem na psicologia. Assim, seu campo de atuação en- volve tanto a área da educação quanto a área da saúde e tem como foco a aprendizagem na dimensão normal e patológica, sempre relacionada ao meio no qual a crian- ça, jovem ou adolescente está inserida. Para Kiguel (1991 apud Bossa, 2007, p. 8), [...] o objeto central de estudo da psicopedago- gia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana, seus padrões evoluti- vos normais e patológicos – bem como a influên- cia do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. Por envolver diferentes redes de possibilidades, o processo de ensino-aprendizagem exige um olhar voltado para ciências distintas, daí o surgimento da psicopedagogia tanto como uma prática, quanto como um campo de investigação permeado ne- cessariamente pelo saber científico. Segundo Bossa (2007) a psicopedagogia é uma área nova, resultante da conexão de conhecimentos de várias disciplinas, assinalando novas orientações para a solução de problemas anti- gos. A psicopedagogia, ainda segundo a mesma autora, volta-se para problemas de aprendizagem, os quais foram inicialmente estudados pela medicina e pela pedagogia, sendo tratados na Vídeo O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA12 Pa r t e 01 Di gi ta l J ui ce atualidade por um corpo teórico que vem se estabelecendo a partir de aportes de outros campos. Para Schoz (1996) o enfoque da psicopedagogia ultrapassa o pensamento racional, fragmentado e casualista do passado, e assume o compromisso de interferir não só nas defasagens, mas também num modelo de conhecimento transdisciplinar1, compatível com as características da pós-modernidade por in- tegrar várias áreas do conhecimento e cobrir um vasto campo de atuação de seu profissional. Cabe, então, o olhar de Golvert (1985, apud Bossa, 2007) que aponta o objeto da psicopedagogia como preventivo e terapêutico. Para uma prática psicopedagógica sólida, são necessá- rios conhecimentos teóricos interdisciplinares fundamentados na psicologia da aprendizagem e genética; teorias da perso- nalidade; pedagogia; fundamentos da biologia, da linguística, da sociologia e da filosofia. Também entram nesse rol áreas afins, como a psicanálise e a medicina. Todas essas diferentes visões voltam-se para a busca da origem e solução do problema analisado. Extra Para ampliar a visão do que é psicopedagogia assista ao vídeo Programa Algo a Mais: O Que é Psicopedagogia – Parte I. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=b3-S2fH59Io>. Acesso em: 16 mar. 2015. 1 A transdisciplinaridade constrói um novo objeto a partir da integração de diferentes disciplinas, com metodologia peculiar, descaracterizando-as como tais, perdendo seus pontos de vista particulares e sua autonomia para constituir um novo campo do conhecimento (COSTA, 2004). http://www.youtube.com/watch?v=b3-S2fH59Io INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 13 O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Pa r t e 01 Di gi ta l J ui ce Atividade Por que seria errado dizer que a psicopedagogia é a união da psicologia com a pedagogia? Referências BOSSA, Nádia Aparecida.A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artmed, 2007. COSTA, Margarete T. A. Projetos transdisciplinares: uma possibilidade de educação científico-tecnológica e sócio-histórica para os que vivem do trabalho. Disponível em: <www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/ File/2010/artigos_teses/2011/pedagogia/dprojtransd.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2015. SCHOZ, Beatriz Judith Lima. A psicopedagogia na visão multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Revista Pedagógica, n. 15, p. 39, 1996. Resolução da atividade Porque a psicopedagogia integra várias áreas do conheci- mento e cobre um vasto campo de atuação, não somente peda- gogia e psicologia. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2011/pedagogia/dprojtransd.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2011/pedagogia/dprojtransd.pdf O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA14 Pa r t e 02 Di gi ta l J ui ce A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA NA EUROPA A psicopedagogia surgiu na Europa, no século XIX, nascida pela preocupação com problemas de aprendi- zagem na área clínica. Médicos, filósofos e educadores acentuaram na ação pedagógica maneiras de tratamento voltadas às formas de educação, tornando a ação do pe- dagogo vinculada à do médico (MERY, 1985). Assim, formou-se uma equipe médico-pedagógica pelo edu- cador Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol, segundo Mery (1985), a partir daí a neuropsiquiatria infantil passou a se ocu- par dos problemas neurológicos que afetam a aprendizagem. Na Itália, a psiquiatra Maria Montessori elaborou, no final do séc. XIX – início do séc. XX, um método destinado às crianças com dificuldades de aprendizagem relacionando a psicologia com a pedagogia. O método Montessori foi desdobrado a todas as crianças, sendo empregado em muitas escolas (MERY, 1985). Também no final do séc. XIX, educadores como Itard, Pereire, Pestallozi e Seguin dedicaram-se a crianças que exibiam problemas de aprendizagem por causa de múltiplos distúrbios. Na França, em 1946, passam a existir os primeiros centros de atendimento psicopedagógicos constituídos por J. Boutonier e George Mauco. Atendiam-se crianças com dificuldades de aprendizagem e de comportamento considerado socialmente im- próprio na escola, com uso dos saberes das áreas da psicologia, psicanálise e pedagogia. Esses centros articulavam a Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na dissolução dos problemas Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 15 O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Pa r t e 02 Di gi ta l J ui ce de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2007). Em 1948, o termo “psicopedagogia” é definido como o atendimento a crianças e adolescentes inteligentes, porém não adaptados educacionalmente e que apresentam dificuldades de aprendizagem. Também nesse ano o termo “psicopedagogia curativa” passa a ser definido. Esse termo foi adotado por Janine Mery, em meados de 1985, para caracterizar a ação terapêutica considerando aspec- tos pedagógicos e psicológicos no tratamento de crianças que demonstram problemas de aprendizagem. Extra Conheça um pouco mais sobre Maria Montessori em Escola do Futuro (parte n.º 2). Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=ppYN4Dq0wgA>. Acesso em: 16 mar. 2015. Atividade Qual foi o problema social que impulsionou o nascimento da psicopedagogia? Referências BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. MERY, Janine. Pedagogia curativa escolar e Psicanálise. Porto Alegre: Artmed, 1985. Resolução da atividade A psicopedagogia surgiu na Europa, no século XIX, nascida pela preocupação com problemas de aprendizagem na área clínica. O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Introdução à Psicopedagogia16 Pa r t e 03 Di gi ta l J ui ce A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA NA ARGENTINA E NO BRASIL Em meados de 1970, surgiram na Argentina, mais especificamente em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental que atendiam pacientes com problemas de aprendizagem. Bossa (2007) cita Sérgio A. da Silva que faz a seguinte colocação: Nas primeiras décadas (deste século1) os psicólo- gos argentinos não tinham permissão de clinicar, então a educação, quase que total, os levou a produzir toda uma metodologia sobre a chamada dificuldade de aprendizagem dando origem à atu- al Psicopedagogia. (SILVA apud BOSSA, 2007, p. 7) Portanto, a prática psicopedagógica surgiu antes da cria- ção do próprio curso e ele tem ocupado um significativo espaço na esfera da educação e da saúde. A primeira cidade argentina a oferecê-lo foi Buenos Aires. Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter distinto da psicopedagogia no Brasil. [...] os instrumentos empregados são mais varia- dos, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; tes- tes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico. (BOSSA, 2007, p. 42) 1 Início do século XX. Vídeo Introdução à Psicopedagogia 17 O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Pa r t e 03 Di gi ta l J ui ce Ainda segundo Bossa, na década de 70 a psicopedagogia teve espaço no Brasil e foi associada a uma disfunção neuro- lógica designada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM), sendo assim, baseada nos modelos médicos de atuação. Ainda a partir de 1970, criaram-se cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (BOSSA, 2007). O Brasil recebeu subsídios para a ampliação da área psi- copedagógica de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, entre outros. Destacando Jorge Visca como um dos maiores colaboradores da propa- gação psicopedagógica no Brasil. Ele elaborou a chamada Epistemologia Convergente, linha teórica que recomenda um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: • Psicogenética de Piaget “ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite” (VISCA, 1987, p. 66). • Freud “dois sujeitos com igual nível cognitivo e dis- tintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente” (VISCA, 1987, p. 66). • Enrique Pichon Rivière segundo Jorge Visca: [...] se ocorresse uma paridade do cognitivo e afe- tivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo ob- jeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios socioculturais. (VISCA, 1987, p. 66) O PASSADO E O PRESENTE DA PSICOPEDAGOGIA Introdução à Psicopedagogia18 Pa r t e 03 Di gi ta l J ui ce Em 1980, fundou-se a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), único órgão que representa a classe dos psicopedagogos brasileiros, é uma entidade civil do terceiro se- tor, de caráter científico-cultural, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade de São Paulo, de abrangência nacional (repre- sentada estadualmente por 15 seções e 3 núcleos). Extras Visite a página da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) no Facebook. Endereço eletrônico: <www.facebook. com/AbPpNacional> e fique inteirado dos acontecimentos. Você pode acessar também o site da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Disponível em: <www.abppsc.com. br/>. Acesso em: 16 mar. 2015. Atividade Em qual cidade surgiu a primeira faculdade de psicopeda- gogia na Argentina? Referências BOSSA, Nádia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2007. VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artmed, 1987. Resolução da atividade Buenos Aires foi a primeira cidade argentina a oferecer uma Faculdade de psicopedagogia. https://www.facebook.com/AbPpNacional https://www.facebook.com/AbPpNacional Conhecer as abordagens psicopedagógicas:escolar, preventiva e clínica. INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES Aula 02 Objetivo: Ro n Ch ap pl e INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 21 INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES Pa r t e 01 Ro n Ch ap pl e ABORDAGEM CLÍNICA A psicopedagogia tem abordagens distintas, porém muitas vezes complementares. Um dos campos de atu- ação da psicopedagogia é o atendimento clínico, reali- zado em sessões individuais previamente programadas num espaço próprio, preparado para tal. De acordo com Bossa (2000), o espaço de atendi- mento dever ser de aprendizagem, proporcionando ao sujeito chances de conhecer o que está a sua volta, o que lhe impe- de de aprender, possibilitando modificar uma história de não aprendizagem. A psicopedagogia clínica faz uma intervenção terapêutica1 por meio de profissional especializado que buscará não só a solução dos problemas de aprendizagem, mas também a cons- trução de um sujeito pleno, crítico e mais feliz (ESCOTT, 2004). O tratamento começa com o diagnóstico clínico, que dará suporte para identificar as causas dos problemas de aprendiza- gem. Segundo Escott (2004), no diagnóstico psicopedagógico é necessário identificar o significado da não aprendizagem no de- senvolvimento do sujeito e na relação com sua família e grupos sociais em que vive. A anamnese (entrevista inicial) com os pais e/ou respon- sáveis é muito importante, porque segundo Weiss (2004, p. 61), seu objetivo é “ colher dados significativos sobre a his- tória de vida do paciente.” O psicopedagogo somente poderá 1 Esse atendimento pode ser solicitado pelo professor, pela instituição de ensino ou pelo próprio estudante, com o objetivo de auxiliá-lo no processo de aprendizagem. Vídeo INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA22 Pa r t e 01 Ro n Ch ap pl e recomendar o tratamento necessário após essa entrevista com os pais e com o aluno. Por ser um processo multidisciplinar, caso sejam identificados outros problemas, deve-se indicar um profissional qualificado para ajudar no tratamento, como psicó- logo, fonoaudiólogo, neurologista, entre outros. Em seguida são utilizados instrumentos de análise como: anamnese, provas operatórias e provas projetivas. Em geral, de acordo com Bossa (2000), no diagnóstico clínico, além da anamnese e da entrevista, são utilizadas provas de percepção, psicomotoras, de nível mental, pedagógicas, de linguagem, projetivas e outras, de acordo o referencial teórico adotado pelo profissional. O psicopedagogo também utiliza diversos recursos para análise das dificuldades trazidas pelo aluno, tais como: dra- matizações, jogos, leituras, diálogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador, projetos e outras maneiras que serão descobertas no decorrer dos atendimentos. Assim, o psicopedagogo clínico, como mediador de todo o processo, pode orientar os pais e a escola indicando a melhor atitude a ser tomada, pois só com a integração da tríade (aluno X pais X escola) haverá resultados positivos. Extra Assista ao vídeo de Deborah Ramos sobre Psicopedagogia Clínica. Disponível em: <http://mais.uol.com.br/view/upifzu- lho2vu/ikwa--deborah-ramos-fala-sobre-psicopedagogia-clini- ca-04023368D8811366?types=A&>. Acesso em: 25 mar. 2015. http://mais.uol.com.br/view/upifzulho2vu/ikwa--deborah-ramos-fala-sobre-psicopedagogia-clinica-04023368D8811366?types=A& http://mais.uol.com.br/view/upifzulho2vu/ikwa--deborah-ramos-fala-sobre-psicopedagogia-clinica-04023368D8811366?types=A& http://mais.uol.com.br/view/upifzulho2vu/ikwa--deborah-ramos-fala-sobre-psicopedagogia-clinica-04023368D8811366?types=A& INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 23 INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES Pa r t e 01 Ro n Ch ap pl e Atividade Como é realizado o atendimento clínico? Referências BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. ESCOTT, Clarice Monteiro. Interfaces entre a psicopedagogia clínica e institucional: um olhar e uma escuta na ação preventiva das dificuldades de apredizagem. Novo Hamburgo: Feevale, 2004. WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP & A, 2004. Resolução da atividade O atendimento clínico é realizado em sessões individuais previamente programadas num espaço próprio, preparado para tal. INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA24 Pa r t e 02 Ro n Ch ap pl e ABORDAGEM PREVENTIVA A psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem e suas dificuldades, e pode abordá-las tanto de forma preventiva quanto terapêutica. Na função preventiva, o psicopedagogo deve prog- nosticar prováveis perturbações no processo de apren- dizagem e, por meio de técnicas e métodos próprios, realizar a intervenção psicopedagógica a fim de evitá-las ou minimizá-las. Se as dificuldades são detectadas precocemente é possível evitar que se intensifiquem ou se alastrem para ou- tras áreas. Bossa (1994) afirma que cabe ao psicopedagogo perceber casuais inquietações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, patrocinando a integra- ção, requerendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades e no caráter assistencial. Para isso, é importante que o psicopedagogo interaja com a equipe escolar, buscando mediação e resolução de problemas; assim, é interessante que ele participe da elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais. A psicopedagogia no âmbito da instituição, ao escolher uma forma preventiva de ação, trans- forma a atenção individual em grupal, analisa os sintomas, considerando a gama de relações que existem numa instituição, e propõe projetos de atuação que apontem para uma mudança glo- bal, sem deixar de atender os casos concretos que aparecem como sintomas das tensões exis- tentes na instituição (BARBOSA, 2001, p. 64). Este seria o legítimo papel da psicopedagogia escolar: preve- nir problemas, inibições, atrasos, desvios tanto do sujeito quanto Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 25 INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES Pa r t e 02 Ro n Ch ap pl e do grupo. Também caberia a ele a distinção dos problemas de aprendizagem das perturbações produzidas no contexto escolar. Infelizmente o trabalho do psicopedagogo não está no fa- tor preventivo, mas volta-se para os problemas já instalados. A realidade educacional está cada vez mais carente de perspec- tivas preventivas. O trabalho direto com o corpo docente na abordagem da dinâmica de sala de aula ou na relação entre alu- no, professor, gestor e família é extremamente delicado, prin- cipalmente quando tratado por uma pessoa de fora do processo diário, no caso, o psicopedagogo. Este precisa, necessariamen- te, fazer uma abordagem de confiança e de contribuição para o crescimento de todos os envolvidos. Extra Assista ao vídeo A Psicopedagogia, com Nádia Bossa. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE>. Acesso em: 25 mar. 2015. Atividade Qual a função do psicopedagogo na abordagem preventiva? Referências BARBOSA, Laura Monte Serrat. Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente, 2001. BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 1994. Resolução da atividade Na função preventiva, o psicopedagogo deve prognosticar prováveis perturbações no processo de aprendizagem. https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA26 Pa r t e 03 Ro n Ch ap pl e ABORDAGEM ESCOLAR A principal função do psicopedagogo na escola é promover a reflexão sobre o fazer pedagógico e as me- diações no processo ensino-aprendizagem. A observação ao aluno deve refletir sobre suas difi- culdades e limitações na busca de superações. É a fer- ramentamais importante do psicopedagogo, devendo ser utilizada em situações concretas e reais, como trabalhos em grupo, exercícios, projetos e acompanhamento do professor. Para isso, a participação do educador precisa ser integral (organismo, inteligência e desejo)1 nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem. Da mesma forma, tam- bém exige a total participação dos alunos. Conforme Bossa (2000), a presença de um psicopedagogo na escola é essencial, pois há muito a ser feito. Sua intervenção abrange: • Orientar os pais; • Auxiliar os educadores e toda comunidade aprendente; • Buscar instituições parceiras (envolvimento com a sociedade); • Colaborar no desenvolvimento de projetos (oficinas psicopedagógicas); • Acompanhar a implementação e a implantação de no- vas propostas metodológicas de ensino; 1 “O organismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já corporizado” (FERNÁNDEZ, 1990, p. 62). Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 27 INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES Pa r t e 03 Ro n Ch ap pl e • Promover encontros socializadores entre corpo docen- te, discente, coordenadores, corpo administrativo e de apoio e dirigentes. O psicopedagogo é muito importante na escola, pois ele incita o alargamento das relações interpessoais, a afirmação de vínculos, o emprego de métodos de ensino compatíveis e prin- cipalmente o envolvimento da equipe escolar. Portanto, o profissional da psicopedagogia inserido na es- cola visa à melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem, amparando, norteando e ajudando assim todos os membros en- volvidos no contexto escolar. Extra Amplie seus conhecimentos assistindo ao vídeo Contexto Escolar, com Nádia Bossa. Disponível em: <www.youtube. com/watch?v=-du8JaMCsZM>. Acesso em: 25 mar. 2015. Atividade Qual a principal função do psicopedagogo na escola? Referências BOSSA, Nádia. Dificuldades de Aprendizagem: o que são e como tratá-las. Porto Alegre: Artmed, 2000. FERNANDEZ, Alícia. A inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1990. Resolução da atividade A função do psicopedagogo na escola é promover, princi- palmente, a reflexão sobre o fazer pedagógico e as mediações no processo ensino-aprendizagem. https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM INSERÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA28 Pa r t e 03 Ro n Ch ap pl e Conhecer as bases do enfoque psicopedagógico clínico e estabelecer relações entre o enfoque escolar e hospitalar. OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Aula 03 Objetivos: M on ke y Bu si ne ss Im ag es INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 31 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Pa r t e 01Sangoi ri /S hu tt er st oc k ENFOQUE CLÍNICO O exercício do psicopedagogo se dá nas relações entre educador e educando, no qual assume o papel de reconduzir o processo ensino-aprendizagem. Quando este atendimento se dá em consultórios, geralmente de forma individual, é denominado de atendimento clínico. Na clínica, o psicopedagogo diagnostica, norteia, investiga e busca resolver os problemas emergentes nos proces- sos de ensino-aprendizagem. Ao mesmo tempo em que esclare- cem e orientam os pais, professores e envolvidos no contexto do indivíduo clinicado. A psicopedagogia no campo clínico utiliza como primeiro recurso as entrevistas operativas destinadas ao diagnóstico da problemática daqueles que a consultam. O diagnóstico psicope- dagógico compõe-se de investigação, observação e levantamen- to de hipóteses. Os procedimentos adotados são denominados por Bossa (1992) de metodologia ou modus operandi do traba- lho clínico. A autora aponta que no diagnóstico psicopedagógi- co, utilizam-se entrevistas e anamnese, provas psicomotoras, de linguagem, de nível mental, pedagógicas, de percepção, projetivas, entre outras. Também são utilizadas atividades lúdicas no trabalho psi- copedagógico clínico, Pain (1986, apud BOSSA, 1992) defende o exercício das funções semióticas que utiliza a atividade lúdica. Elas possibilitam uma aprendizagem adequada, pois é por meio dela que se constroem os códigos simbólicos e se processam os Vídeo OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA32 Pa r t e 01 Sangoi ri /S hu tt er st oc k paradigmas do conhecimento conceitual. Por meio da relação lúdica (jogo, brinquedo, brincadeira) se estabelece uma comu- nicação necessária à intervenção psicopedagógica. Bossa (1992) recomenda que o psicopedagogo busque mecanismos que lhe permitam entrar no jogo da criança, sem perder o foco do seu compromisso com a aprendizagem e lembrando que toda rela- ção do sujeito com o mundo, depois que deixa de ser consequ- ência de um reflexo, demanda aprendizagem. Na clínica, a observação é a ferramenta base do trabalho. Para tal, o olhar, a escuta e a percepção devem ser desenvolvi- das na busca de traços indicadores do quadro de diagnóstico. Da mesma forma, a postura ética é imprescindível, pois se estará lidando com a intimidade e fragilidade humana. A relação que se constrói entre o psicopedagogo e o educando é intercedida por ações que apresentam como principal objetivo: solucionar em passo acelerado as consequências mais nocivas do sintoma para depois dedicar-se a afiançar os recursos cognitivos (PAIN, 1986 apud BOSSA, 1992). Extras Amplie seus conhecimentos assistindo a Videoaula Psicope- dagogia Clínica 3. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=MfcBj 4iebkU>. Acesso em: 1 abr. 2015. Atividade Qual o papel do psicopedagogo no exercício de sua profissão? INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 33 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Pa r t e 01Sangoi ri /S hu tt er st oc k Referência BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 1992. Resolução da atividade O exercício do psicopedagogo se dá nas relações entre edu- cador e educando, no qual assume o papel de reconduzir o pro- cesso ensino-aprendizagem. OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA34 Pa r t e 02 Sangoi ri /S hu tt er st oc k ENFOQUE ESCOLAR A psicopedagogia é uma área voltada ao processo ensino-aprendizagem e suas distorções. Assim, é no am- biente escolar que a atuação psicopedagógica pode e precisa ser pensada. De acordo com Bossa (1992) a função da escola é socializar os conhecimentos disponíveis, gerando o de- senvolvimento cognitivo e a edificação de regras de conduta dentro de um projeto social amplo que busque a inserção dos indivíduos no mundo. Para Visca (1987) a escola é responsável pela aprendizagem sistêmica, àquela que se atua na interação com as instituições educativas, mediadoras da sociedade; ela é o órgão especiali- zado para transmitir os conhecimentos, atitudes e desenvoltu- ras que a sociedade estima importantes para a sobrevivência. Rubinstein (2002) coloca que o trabalho do psicopedagogo é identificar as defasagens no processo ensino-aprendizagem considerando sua complexidade, uma vez que uma possível disfunção orgânica ou falha no processo de compreensão pode comprometer a intenção educativa. Ferreira (2002) retoma o caráter multidisciplinar também frente à complexidade dos problemas de aprendizagem e a ne- cessidade de suas constantes interferências. Assim, pensar na escola a partir de um olhar psicopeda- gógico implica em voltar-se para o conhecimento do sujeito, seja ele educando, educador ou partícipe do processo escolar. Requer também em focar a problemática dentro do contexto Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 35 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Pa r t e 02Sangoi ri /S hu tt er st oc k causa/sintoma e atuar sobre ele, buscando apresentar contri- buições no sentido de prevenir os problemas de aprendizagem. Portanto, a ação preventiva é primordial no trabalhodo psicopedagogo escolar. Porém, nos casos em que o aluno de iní- cio já mostrar algum distúrbio ou dificuldade de aprendizagem, o trabalho preventivo por si só não conseguirá satisfazer a de- manda deste, nesse caso, é necessária a indicação do trabalho clínico, como uma possibilidade de sanar tal problema e/ou de buscar possibilidades para minimizá-la. Dentre as muitas proposições da Psicopedagogia escolar, está a ressignificação da vontade do educando, a ascensão do pensar, o desenvolvimento da atenção, o alargamento do olhar; enfim, a busca pelo sucesso escolar. Extra Assista ao vídeo Contexto Escolar e amplie suas reflexões sobre o assunto. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=- -du8JaMCsZM>. Acesso em: 1 abr. 2015. Atividade Para qual área a psicopedagoia está voltada? Referências BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 1992. OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA36 Pa r t e 02 Sangoi ri /S hu tt er st oc k FERREIRA, Renata Tereza da Silva. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental – 1.ª a 4.ª séries. Disponível em: <www.psicopedagogiaonline. com.br>. Publicado em: 25 jun. 2002. RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: SISTO, Fermino Fernandes et al. Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem Escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica: Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artmed,1987. Resolução da atividade A psicopedagogia é uma área voltada ao processo ensino- -aprendizagem e suas distorções. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 37 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Pa r t e 03Sangoi ri /S hu tt er st oc k ENFOQUE HOSPITALAR O atendimento psicopedagógico institucional tem uma atuação significativa na área hospitalar. A Resolução CNE/CEB n.º 2, de 11 de setembro de 2001 institui diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, nela, no art. 13, traz: Os sistemas de ensino, mediante ação integra- da com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatório ou perma- nência prolongada em domicílio. (BRASIL, CNE/ CEB, 2001) Este atendimento deve dar continuidade ao processo edu- cacional mantido nas escolas regulares para que no retorno, o aluno consiga prosseguir normalmente com seus estudos. Considerando que no ambiente hospitalar decorre emoções e impressões de tensão, dor ou angústia, é perceptível a neces- sidade de um atendimento interdisciplinar, próprio do psicope- dagogo. Amambahy coloca que: A Psicopedagogia hospitalar contribui para a me- lhoria da qualidade de saúde e autoestima dos pacientes internados proporcionando uma inter- venção com ludicidade, humanização e aprendi- zagem, onde o psicopedagogo atuará de forma coesa, afetiva e humanizadora, conectando-se com toda equipe multidisciplinar, criando um elo entre as especialidades, integrando novas ideias e Vídeo OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA38 Pa r t e 03 Sangoi ri /S hu tt er st oc k ressignificando. (AMAMBAHY, 2013) Os trabalhos dos médicos, enfermeiros, nutricionistas, fi- sioterapeutas e assistentes sociais precisam estar relacionados no processo de internação e o psicopedagogo tem a possibilida- de de ver o aluno/paciente integralmente, com necessidades físicas, emocionais, afetivas, sociais e cognitivas. De acordo com Vasconcellos: Nossa intervenção leva em conta o estado emocio- nal da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva [...] Em nossa escuta de psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão. (VASCONCELOS, 2000, p. 10) No hospital, alunos internados ou em tratamento são priva- dos do contato com outros colegas e seus professores, assim, a função do psicopedagogo volta-se em mediar as relações entre a escola e o aluno/paciente, tanto em termos de conteúdo es- colar quanto nas possíveis interações com seus interlocutores, desta forma o psicopedagogo é um elo entre os trabalhos reali- zados pelos profissionais do hospital e da escola. Extra Assista ao vídeo Psicopedagogia hospitalar e em- presarial - Parte I. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=TOq5XghkqmM>. Acesso em: 1 abr. 2015. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 39 OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO Pa r t e 03Sangoi ri /S hu tt er st oc k Atividade Qual é o objetivo maior do atendimento psicopedagógico hospitalar? Referências AMAMBAHY, Maria do Carmo Abreu Silva. Psicopedagogia Hospitalar – o vinculo afetivo da criança hospitalizada com a aprendizagem. 2013. Disponível em: <www.ebah.com.br/content/ABAAABVBwAF/psicopedagogia- hospitalar-2013-vinculo-afetivo-crianca-hospitalizada-com-a-aprendizagem>. Acesso em: 22 abr. 2015. BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Brasileira Sobre Pessoas Portadoras de Deficiência. Centro de Documentação e Informação Coordenação de Publicações. Brasília – 2004. Disponível em: <www.bileosoares.com.br/ Arquivos/Downloads/legislacao_brasileira_sobre_pessoas_portadores_de_ defiencia.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2015. BRASIL. CNE/CEB. Resolução CNE/CEB n.º 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/ CEB 2/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. Seção 1E, p. 39-40. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ CEB0201.pdf>. Acesso em: 31. mar. 2015 VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. A Psicopedagogia hospitalar para crianças e adolescentes. Apresentado na Semana da Psicopedagogia da Universidade Estadual do Ceará - 2000. Disponível em: <www.psicopedagogia.com.br/ artigos/artigo.asp?entrID=241>. Acesso em: 28 mar. 2015. Resolução da atividade Dar continuidade ao processo educacional mantido nas es- colas regulares para que no retorno, o aluno consiga prosseguir normalmente com seus estudos. OS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA40 Pa r t e 03 Sangoi ri /S hu tt er st oc k Distinguir a inter-relação entre comunicação e conhecimento. Reconhecer a visão da não aprendizagem na psicopedagogia e conhecer a prática educativa psicopedagógica. PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Aula 04 Objetivos: Sa ng oi ri /S hu tt er st oc k INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 43 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Pa r t e 01Sango ir i/ Sh ut te rs to ck COMUNICAÇÃO E O CONHECIMENTO Na área psicopedagógica a comunicação e o conhecimento são imprescindíveis para uma rela- ção dialógica. Os sujeitos transformam o ambiente em que vivem e constroem conhecimentos e isso se dá a partir da interação, convivência e principal- mente vínculos com outras pessoas, por meio da capacidade que estes adquirem com a comunicação. No trabalho psicopedagógico o vínculo é um componente importantíssimo. Ele destaca a relação particular de cada indiví- duo entre conhecimento e comunicação. Pichon-Riviére coloca: [...] a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com o outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento. Essa é a estrutura dinâmica, em contí- nuo movimento, que funciona acionada ou movida por fatores instintivos, por motivações psicológicas. (PICHON-RIVIERE, 1998, p. 24) O relacionamento do sujeito no grupo a que pertence é motivado por diversos vínculos, delimitando as interações vivi- das. Este processo se dá a todo o momento e deve ser analisado nas relações ensino-aprendizagem sobretudo nos que estão di- ferentes dos padrões estabelecidos. Para Chamat, o nível e o tipo de vinculação que a criança estabelece com as pessoasque a cercam vão determinar o nível e o tipo de vincu- lação que são estabelecidas com o conhecimento, repercutindo, assim, na sua aprendizagem escolar. (CHAMAT, 1997 p. 17) Daí a complexidade do trabalho do psicopedagogo. É preciso entender como se dá o processo de construção do Vídeo PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA44 Pa r t e 01 Sango ir i/ Sh ut te rs to ck conhecimento pelo aluno, em seguida relacionar tal processo com a natureza das comunicações estabelecidas nas diferentes interações, que por sua vez são realizadas também em diferen- tes contextos. Isso exige uma investigação detalhada com busca de elementos que possibilitem entender os possíves fatores da não aprendizagem. Desse modo, é necessário conhecer como são estabeleci- das as relações do aluno com o seu mundo externo, como é a interação entre a comunicação e o conhecimento, quais são os vínculos que este processo permeia. Os problemas da aprendizagem, quando caracterizada pelo indivíduo, precisa de uma atenção especial, considerando-se que os problemas que levam à não aprendizagem podem ser originados no convívio familiar, escolar ou num contexto social mais amplo. Extra O filme A ilha mostra a importância das relações entre as pessoas e como é importante o diálogo. Assista ao vídeo e amplie suas reflexões. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=BUVijjtJlt0>. Acesso em: 22 abr. 2015. Atividade Qual a importância da relação entre comunicação e conhe- cimento para o trabalho psicopedagógico? INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 45 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Pa r t e 01Sango ir i/ Sh ut te rs to ck Referências CHAMAT, Leila Sara Jose. Relações vinculares e aprendizagem: um enfoque psicopedagogico. São Paulo: Vetor, 1997. PICHON-RIVIÉRE, Enrique Teoria do vínculo. 6. ed. São Paulo: M. Fontes, 1998. Resolução da atividade Comunicação e conhecimento são imprescindíveis para uma relação dialógica na área psicopedagógica. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA46 Pa r t e 02 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Sang oi ri /S hu tt er st oc k NÃO APRENDIZAGEM O objetivo da psicopedagogia é entender como acontece a aprendizagem e quais são as possíveis dificuldades deste processo. Portanto, é interessan- te refletir o porquê da não aprendizagem de alguns alunos. Comumente as dificuldades de aprendizagem são caracterizadas pela dificuldade de ler, escrever, calcular independente do potencial do aluno. Sem considerar, muitas vezes, as realidades internas e externas à escola, as questões social, familiar, emocional, cognitiva, orgânica como elementos proeminentes de sucesso ou insucesso da aprendizagem. Scoz (2002) coloca que o objetivo da psicopedagogia é res- gatar a visão mais globalizante do não aprender e buscar mini- mizar seus efeitos nos alunos. Também não se pode deixar de considerar os problemas político-sociais brasileiros que acar- retam dificuldades maiores, tais como condições precárias de funcionamento e gestão das escolas, carências social e cultural das famílias e deficitária formação inicial e continuada dos pro- fessores. Conforme afirma Scoz: [...] no que se refere à prática docente suponho que o despreparo e a insegurança estão na raiz da dissimulação, da estratégia de culpar a vítima e ao mesmo tempo amá-la sem nada poder fazer de objetivo para evitar-lhe o peso do fracasso. Uma melhor capa- cidade profissional do professor permitiria, no mínimo, eliminar essa hipótese. [...], vejo na capacidade profissional o ponto críti- co a partir do qual imprimir um caráter político à prática docente para esse professor. (SCOZ, 2002, p. 12) Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 47 Pa r t e 02 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICASang oi ri /S hu tt er st oc k Assim, não há uma única causa para a não aprendizagem. Também é notório que problemas de aprendizagem não são sempre relacionados com fatores orgânicos, cognitivos, afeti- vos e/ou sociais. A capacidade de concentração e reflexão do aluno altera-se, dependendo do nível de interação com o meio. Daí o trabalho psicopedagógico, que busca minimizar os proble- mas de aprendizagem tanto em alunos que tem dificuldade de aprendizagem (DA) quanto nos que por algum motivo específico não estão aprendendo determinado conteúdo. A intervenção psicopedagógica tem como foco o sujeito e sua relação com a aprendizagem, independente das razões que o aluno não consegue aprender formal ou informalmente. Ela deve buscar também a reflexão sobre as práticas pedagógicas dentro da escola e analisar o porquê do não aprender do aluno, detectando fatores que interfiram negativamente no processo de aprendizagem e consequentemente o insucesso do aluno. Extra É importante conhecer mais sobre as dificuldades da aprendizagem. Assista ao vídeo e analise como elas acontecem. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=mIsUm_cheOE>. Acesso em: 20 abr. 2015. Atividade Qual o objetivo da psicopedagogia frente ao não aprendizado? INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA48 Pa r t e 02 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Sang oi ri /S hu tt er st oc k Referência SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2002. Resolução da atividade O objetivo da psicopedagogia é entender como aconte- ce a aprendizagem e quais são as possíveis dificuldades deste processo. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 49 Pa r t e 03 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICASang oi ri /S hu tt er st oc k PRÁTICA EDUCATIVA Muitas são as modificações no mundo e a escola precisa acompanhar estes avanços, não somente em re- lação às tecnologias, mas principalmente em sua práti- ca educativa. O papel da educação é analisar e refletir sobre como se está trabalhando a relação do conhecimento e os seres humanos, em outras palavras o que a “escola” dese- ja que seus alunos levem em suas “bagagens culturais”. Paulo Freire coloca: [...] nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da re- construção do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim podemos falar realmente de saber ensinado, em que o objeto ensinado é aprendido na sua razão de ser, é, aprendido pelos educandos. (FREIRE, 1996, p. 23) Compreende-se que nem sempre isso acontece, as escolas são para muitos um local apenas de problemas e dificuldades, daí a psicopedagogia vem colaborar com aqueles que têm difi- culdades de aprendizagem, que não acompanham seus compa- nheiros e/ou que reprovam ficando para trás do processo. A prática educativa, tendo como sustentáculo a interven- ção psicopedagógica, oferece diversas abordagens de trabalho, potencializando as inclinações dos alunos, organizando estra- tégias de ensino junto aos professores, proporcionando deste modo uma proposta interdisciplinar. Fagali e Vale apontam as Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA50 Pa r t e 03 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Sang oi ri /S hu tt er st oc k diversas formas de intervenção da psicopedagogia na escola frente à sua prática pedagógica: - releitura e reelaboramento no desenvolvimento das programa- ções curriculares, centrando a atenção na articulação dos aspec- tos afetivos-cognitivos, conforme o desenvolvimento integrado da criança e adolescente; - a análise mais detalhada dos conceitos, desenvolvendo ati- vidades que ampliem as diferentes formas de trabalhar o con- teúdo programático. Nesse processo busca-se uma integração dos interesses, raciocínio e informações de forma, que o alu- no atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Complementa-se a esta prática, o treinamento e desenvolvimen- to de projetos junto dos profissionais. - criações de materiais, textos e livros para o uso do próprio alu- no, desenvolvendo o seu raciocínio, construindo o conhecimen- to, integrando afeto e cognição no diálogocom as informações. (FAGALI; VALE, 2008, p. 11) Igualmente o psicopedagogo auxilia contra os impedimen- tos para o saber tanto no campo dos transtornos de aprendi- zagem quanto na sua reintegração na vida escolar de forma serena e plena. Extra Veja como a escola é vista por alunos, reflita sobre o vídeo e relacione com o conteúdo desta aula: Pedagogia: Cotidiano Escolar. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=P5LRa8P6-Qk>. Acesso em: 22 abr. 2015. Atividade INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 51 Pa r t e 03 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICASang oi ri /S hu tt er st oc k Qual o papel da educação em relação ao conhecimento e aos seres humanos? Referências FAGALI, Eloisa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia intitucional aplicada: aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. Ilustrações de Francisco Forlenza. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. FREIRE, Paulo. A psicopedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Resolução da atividade O papel da educação é analisar e refletir sobre como se está trabalhando a relação do conhecimento e os seres humanos. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA52 Pa r t e 03 PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: UMA RELAÇÃO DIALÓGICA Sang oi ri /S hu tt er st oc k Conhecer o atendimento especial, distinguir o atendimento às famílias e reconhecer alunos com altas habilidades e superdotação. OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Aula 05 Objetivos: M on ke y Bu si ne ss Im ag es INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 55 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Pa r t e 01Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck ATENDIMENTO ESPECIAL O psicopedagogo é de extrema importância para a educação especial, principalmente ao trabalhar com a adaptação do aluno ao ambiente escolar e vice-versa. Esse profissional não se ocupa em pesquisar unica- mente as dificuldades que o aluno especial apresenta durante o processo de ensino-aprendizagem, e sim com a relação desse aluno com o social, no ambiente da construção do conhecimento coletivo, assim como as influências que po- dem ser instituídas mediante essa relação. Com base nas ideias de Facion e Castro (2009), é necessá- rio primar pela diversidade humana na educação e, com isso, privilegiar as subjetividades da criança especial. Para que isso ocorra, há necessidade de preparação constante dos professo- res frente ao desafio educacional. Deverá estar claro para a comunidade escolar que o aluno especial necessita ser interpretado dentro do contexto social real em que está inserido, e todo o trabalho voltado à legítima inclusão desse aluno precisa objetivar o crescimento educacio- nal do estudante, e não somente a sua aceitação no ambiente escolar. Incluir não é somente confiar à criança um espaço físi- co em sala de aula, mas realizar expressivas atividades a fim de promover seu desenvolvimento e retirar os empecilhos ao seu acesso e participação na aprendizagem e na sociedade. Com um olhar multidisciplinar sobre o processo pelo qual passa o aluno especial, o psicopedagogo contribuirá para gerar Vídeo OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA56 Pa r t e 01 Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck mudanças comportamentais e atitudinais, ampliando, assim, as potencialidades do aluno especial e enriquecendo sua inclusão escolar. O sujeito humano deve interagir com os objetivos e com as regras do meio, mas deve também interagir com suas limitações, possi- bilidades e impossibilidades e carências enquanto ser vivente. Se educar é buscar o bem-estar do humano em todo este contexto, o espaço/tempo educativo deve priorizar construções de proces- sos harmônicos com as condições da vida humana, e interação com a natureza do próprio homem e do planeta. A escola do sujeito em processo de interação permanente deve se voltar à compreensão de que todo conhecimento é, na verdade, ‘saber do outro’. (BEAUCLAIR, 2007, p. 22) A atuação do psicopedagogo no ambiente escolar inclusivo contribui para a compreensão dessas transformações necessá- rias, provocando discussões, análises e observações que de- sencadearão em intervenções essenciais para uma verdadeira inclusão. Extra Conheça um pouco da realidade de quem trabalha dire- tamente com as diferenças nas escolas. Como podemos adap- tar nossas escolas aos alunos com diferentes tipos de defici- ência? Confira o dia a dia da professora Eliane Correa, do CEU Navegantes, em São Paulo, responsável pelo atendimento edu- cacional especializado da escola. Sua história nos ajuda a en- tender as principais dificuldades das pessoas com deficiência e a estrutura das escolas brasileiras para a inclusão. Assista ao vídeo Inclusão – o que as escolas precisam mudar? Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=ieasHdgWDJA>. Acesso em: 22 abr. 2015. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 57 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Pa r t e 01Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck Atividade Qual é a meta do psicopedagogo em relação à educação especial? Referências BEAUCLAIR, João. Subjetividade em Educação. Revista Psique ciência e vida, edição especial, n. 2, p. 18-23. São Paulo: Escala, out. 2007. FACION, José Raimundo (Org.). Inclusão escolar e suas implicações. In: CASTRO, Ruth Cabral Monteiro de; ______. A Formação de Professores. 2. ed. rev. e atual. Curitiba: Ibpex, 2009. p. 165-184. Resolução da atividade A meta do psicopedagogo é a adaptação do aluno ao am- biente escolar e vice-versa. OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA58 Pa r t e 02 Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS O ambiente familiar é a primeira escola na qual são construídos os hábitos e os valores éticos e morais da criança. Sendo assim, as famílias deveriam propor- cionar o alicerce seguro e expressivo para o desenvol- vimento do aprendizado dos jovens. Entretanto, são notórias as adversidades nos am- bientes familiares que tornam a criança vulnerável às dificul- dades, especialmente no período escolar. Daí a importância do atendimento às famílias pelo psicopedagogo para facilitar os caminhos da aprendizagem, possibilitando a interação entre a família e a escola, para que juntas possam alcançar esse alvo. Por isso o campo de atuação da psicopedagogia vai além da instituição escolar, ela percorre também o ambiente familiar e a comunidade (GOLBERT, 1988). Pain (1986) partilha dessa premissa e acrescenta ao abordar o sintoma do problema de aprendizagem e sua relação com a família, a concepção de ar- ticulação entre a instância e a estrutura. A partir desta maneira de entender o sintoma do problema de aprendizagem, aponta em direção à maneira particular dos membros da família, cuja função encontra-se no drama. Para ela, o emergente, o sujeito com problema de aprendizagem, é o sinal, o sintoma e o signi- ficado. Considera que [...] as perturbações na aprendizagem, normais ou patológicas, tendem a evitar aquelas modifica- ções que o grupo não pode suportar, em função do seu particular contrato de sobrevivência. (PAÍN, 1986, p. 37) Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 59 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Pa r t e 02Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck Dessa forma, o papel do psicopedagogo é incentivar a pre- sença dos pais na vida escolar do aluno, dando-lhes noção do va- lor que eles têm como colaboradores do desenvolvimento dos fi- lhos, da influência que eles como pais podem provocar nos filhos e de que forma isso pode interferir no destino dos educandos. Cultivar uma afinidade de parceria com os pais faz da es- cola um porto seguro, e todos podem participar ativamente. O ideal seriam reuniões frequentes com os pais ou responsáveis para discussões de temas gerais que orientem a respeito do que está faltando na educação dos alunos, pois quando tomam conhecimento desses assuntos, os pais sentem-se mais seguros para participar na escola de uma maneira maisapropriada. Bossa (2000) reforça que o psicopedagogo deve trabalhar com a relação escola-família, mas sem esquecer-se do indiví- duo, o aluno, e trabalhar com ele também, reforçando sua au- tonomia, ajudando-o a pensar em suas atitudes e a aprender a suportar suas frustrações, despertando a sua criatividade e motivando-o a respeitar a si mesmo e aos outros. Extra Amplie seus conhecimentos assistindo ao vídeo Psicopedagoga Edna Tavares ajuda família com dificuldades com o filho. Disponivel em: <www.youtube.com/watch?v=- -5ES8x4hcUg>. Acesso em: 14 abr. 2015. Atividade A família pode ser considerada como a primeira escola de uma pessoa? OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA60 Pa r t e 02 Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck Referências BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil – contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed: 2000. GOLBERT, Clarissa S. A Evolução Psicolinguística e suas Implicações na Alfabetização: teoria, avaliação, reflexões. Porto Alegre: Artmed, 1988. PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1986. Resolução da atividade Sim, o ambiente familiar é a primeira escola na qual são construídos os hábitos e os valores éticos e morais da criança. Portanto as famílias deveriam proporcionar um alicerce segu- ro e expressivo para o desenvolvimento do aprendizado dos jovens. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 61 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Pa r t e 03Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO Os alunos que apresentam capacidade mental ex- pressivamente acima da média são denominados alunos com altas habilidades e superdotação. Goulart (2011) esclarece que o termo superdotado surgiu na legislação brasileira em 1971, e atualmente, na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), usa-se o termo altas habilidades/su- perdotação – AH/SD. Fleith (2007) explica que os alunos com superdotação apre- sentam distinções quanto a habilidade intelectual, criativida- de, motivação e liderança, pois a superdotação pode ser geral (em diversas áreas) ou específica, isto é, uma pessoa bem dota- da intelectualmente poderia ter um talento impressionante em somente uma área do conhecimento. Nâo há consenso se a superdotação é uma habilidade inata ou influenciada pelo meio. Alguns autores, como Gagné (2009), Renzulli (2004), Sternberg (1996) e Landau (1990), defendem a teoria da existência de uma habilidade inata que é aprimorada com o meio. Por não haver conhecimento claro sobre AH/SD, alguns pro- fessores não idendificam esse aluno e muitas vezes confundem o comportamento desatento, agitado e desinteressado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno desafiador e de oposição, depressão, ansiedade, Vídeo OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA62 Pa r t e 03 Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou outros problemas. Daí a importância do diagnóstico e identificação para que haja adequação curricular e estímulo necessários para o de- senvolvimento das potencialidades desses alunos. No campo da psicopedagogia, aprecia-se muito o elemento afetivo para a aprendizagem. Sánchez e Costa (2000) consideram que ao psicopedagogo cabe a tarefa de avaliar, reconhecer, identificar, assessorar e orientar os alunos (nesse caso, os superdotados) identificando e avaliando de forma precisa suas necessidades. Esses alunos requerem o desenvolvimento de suas capacidades atendendo suas especificidades. Conforme Guenther (2006), é preciso estimular o interesse e buscar estratégias didáticas, como aceleração, enriquecimen- to, sofisticação e novidade, cabendo ao professor identificar as probabilidades e problemas, indicando ações pedagógicas dire- cionadas às necessidades e especificidades de cada um. Extra Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo Balaio – fatores genéticos e ambiente definem pessoas superdotadas. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=RdbxIM5fYMg>. Acesso em: 14 abr. 2015. Atividade Qual é a denominação para alunos que apresentam capaci- dade mental acima da média? INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 63 OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS Pa r t e 03Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck Referências BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Gerais para Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos. Série Diretrizes. Brasília: Ministério da Educação – MEC/SEESP, 1995. _______. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: Ministério da Educação – MEC/SEESP, 2008. FLEITH, Denise de Souza. A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação. v. 1. Orientação a professores. Brasília: Ministério da Educação, 2007. GAGNÉ, Françoys. Building gifts into talents: detailed overview of the DMGT 2.0. In: MACFARLANE, Bronwyn; STAMBAUGH, Tamra. (Eds.). Leading CHANGE in Gifted Education: The festschrift of Dr. Joyce VanTassel-Baska. Waco: Prufrock Press, 2009. GOULART, Aurea Maria Paes Leme et al. Altas Habilidades/Superdotação: reflexões e processo educacional. Maringá: EDUEM, 2011. GUENTHER Zenita C. Capacidade e Talento: um programa para a escola. São Paulo: EPU, 2006. LANDAU, Erika. A Coragem de Ser Superdotado. São Paulo: Arte e Ciência, 1990. RENZULLI, Joseph. The Three-ring Conception of Giftedness: A developmental model for creative productivity. In: RENZULLI, J. S.; REIS, S. M. (Orgs.). The Triad Reader. p. 2-19. Mansfield: Creative Learning Press, 2004. SÁNCHEZ, Prieto; COSTA, Castejón (Eds.). Los Superdotados: esos alumnos excepcionales. Ediciones Aljibe: SL, 2000. STERNBERG, Robert J. Successful Intelligence: how practical and creative intelligence determine success in life. New York: Simon & Schuster, 1996. Resolução da atividade Usa-se o termo altas habilidades/superdotação – AH/SD. OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE AS DIFERENÇAS INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA64 Pa r t e 03 Gunnar A ss m y/ Sh ut te rs to ck Conhecer diversas visões que explicam a inteligência humana. Estudar a teoria das inteligências múltiplas. Reconhecer a formação docente e a prática educativa. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM Aula 06 Objetivos: ca rl a ca st ag no /S hu tt er st oc k INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 67 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM Pa r t e 01carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck A INTELIGÊNCIA HUMANA A inteligência humana pode ser definida como a capacidade ou o conjunto de capacidades que um su- jeito possuiu. Ela está diretamente relacionada com a aprendizagem. E esta relação é discutida na área da psicologia, pedagogia, saúde, entre outras. Diversas visões explicam a inteligência humana, as principais são: A perspectiva psicométrica, como o próprio nome diz, atenta a “medição” da inteligência. Alfredo Binet, em 1900, elaborou o primeiro teste de inteligência. Stern, em 1912, em- pregou o termo coeficiente de inteligência (QI) como parâme- tro de verificação se a inteligência da criança era inferior ou superior a sua idade cronológica. Esta perspectiva não levou em consideração fatores importantes como o contexto em que a criança está inserida e suas influências culturais e sociais (Binet & Simon, 1905 apud Gardner, 1994). Piaget, em suas pesquisas, situou quatro estágios do de- senvolvimento da mente humana: sensório-motor (0-2 anos); pré-operacional (2-7 anos); operacional-concreto (7-12 anos) e o operacional-formal (12 anos em diante). Mesmo utilizando diversas teorias da psicologia, biologia e lógica foi recriminado por não considerar diferenças individuais das crianças, colocan- do-as em patamares preestabelecidos. A abordagem socioculturalde Vygotsky indica a experiên- cia social como motor do desenvolvimento da inteligência. Para Vídeo A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA68 Pa r t e 01 carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck tal, o uso da linguagem é fundamental para a interação com o outro. Sua teoria tem como base a Zona de Desenvolvimento Proximal. O processamento de informação volta-se à maneira como o ser humano adquire, armazena, recupera e utiliza a informa- ção. Ele é voltado aos processos mentais subjacentes, valori- zando duas formas de memória: trabalho e longa duração. Sternberg (apud BORUCHOVITCH, 2009) apresenta a teoria triárquica da inteligência: 1. a componencial – processos de informação internos e elementares; 2. a experimental – a experiência afeta a inteligência e esta afeta o mundo; 3. a contextual – a inteligência está relacionada com o meio em que o indivíduo está inserido. A inteligência emocional, segundo Goleman (1995, apud BORUCHOVITCH, 2009), está relacionada com o social e as re- lações emocionais travadas em seu meio. Indivíduos emocio- nalmente inteligentes têm facilidade para identificar e lidar com seus sentimentos e de outras pessoas. O autor garante que tais aptidões emocionais podem ser aprendidas, modificadas e melhoradas. Não há, como se apresentou, uma única visão sobre o que é inteligência, para alguns ela é rígida e determinada, para outros ela pode ser desenvolvida e ampliada, o importante é saber que essa flexibilidade proporciona espaço para muitas pesquisas e estudos. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 69 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM Pa r t e 01carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck Extra Conheça mais sobre a Inteligência Humana assistindo ao vídeo da BBC sobre os Mistérios da Mente - Episódio 01 - Mecanismos da Inteligência. Disponível em: <www.youtube. com/watch?v=lhuiJxRdWx0>. Acesso em: 20 abr. 2015. Atividade Como a inteligência humana pode ser ilustrada? Referências BORUCHOVITCH, Evely. Inteligência e motivação: perspectivas atuais. In: BORUCHOVITCH, E; BZUNECK, J. A. (Org.) A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, p. 96-115. GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1994. Resolução da atividade A inteligência humana pode ser ilustrada como a capacida- de ou o conjunto de capacidades que um sujeito possui. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA70 Pa r t e 02 carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS O sistema nervoso humano possui vários propósitos e é infinitamente plástico, diferentemente do que se pensava há pouco tempo atrás. Pesquisas recentes em desenvolvimento cognitivo e neuropsicológico indicam que as habilidades cognitivas são bem mais diferencia- das e mais específicas do que se acreditava (GARDNER, 2000). A teoria das inteligências múltiplas foi desenvolvida por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, que pesquisou o desenvolvimento cognitivo em crianças superdo- tadas, pessoas com lesões cerebrais e populações ditas excep- cionais. Também com base nas teorias de Piaget, ele delineou o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural. No plano de análise psicoló- gica, ele garante que cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio. No plano sociológico, cada domínio se carac- teriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas. De tal modo, Gardner (1994) coloca que os seres huma- nos dispõem de graus variados de inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam, organizam e são uti- lizadas. Ele identificou as seguintes inteligências: lingúística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Vídeo INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 71 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM Pa r t e 02carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck Inteligência Sensibilidade e/ou habilidade Especial percepção Linguística Sons, ritmos e significados das palavras. Funções da linguagem. Musical Apreciar, compor ou reprodu-zir uma peça musical. Temas musicais, ritmos, texturas e timbre. Lógico- -matemática Padrões, ordem e sistematização. Raciocínios, para re- conhecer problemas e resolvê-los. Espacial Perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. Manipular formas ou objetos mentalmente. Cinestésica Resolver problemas ou criar produtos por meio do uso de parte ou de todo o corpo. Controle dos movimen- tos do corpo e na mani- pulação de objetos com destreza. Interpessoal Entender e responder ade- quadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas. Extremamente sensíveis às necessidades e senti- mentos de outros. Intrapessoal Acesso aos próprios senti- mentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de proble- mas pessoais. Formula uma imagem precisa de si própria e a habilidade para usar essa imagem para fun- cionar de forma efetiva. (Gardner, 2000. Adaptado.) A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA72 Pa r t e 02 carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck Gardner (1994) coloca que, embora as inteligências sejam in- dependentes uma das outras, elas raramente funcionam isolada- mente. O pesquisador arrola o ambiente como essencial para de- senvolver a inteligência, ele parte do princípio que todos os seres humanos normais têm o básico em todas as inteligências, seu desen- volvimento é determinado tanto por fatores genéticos e neurobio- lógicos quanto por condições ambientais dependendo dos estímulos externos, daí o cuidado com o ambiente educacional que deve ir além dos raciocínios verbais e lógicos tradicionalmente trabalhados. Extra Conheça mais sobre o assunto assistindo ao vídeo: Howard Gardner – Para cada pessoa, um tipo de educação. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=tLHrC1ISPXE>. Acesso em: 20 abr. 2015. Atividade Pode-se afirmar que o sistema nervoso humano é imutável? Referências GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1994. ______. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. Resolução da atividade Não, o sistema nervoso humano possui vários propósitos e é infinitamente plástico. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 73 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM Pa r t e 03carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA EDUCATIVA Considerando que as transformações são a única certeza que a educação deve conceber como verdadei- ra, os conhecimentos e informações nunca foram tão velozes em sua produção, transmissão e extinção. Os saberes escolares recebem diferentes perspectivas dos mais variados segmentos sociais. Deve-se, então, consi- derar a importância de repensar a formação docente e a prática educativa. Para Libâneo, a escola é [...] aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma re- lação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas vá- rias manifestações: a cultura promovida pela ciência, pela técni- ca, pela estética, pela ética, bem como a cultura paralela (meios de comunicação) e pela cultura cotidiana. (LIBÂNEO, 1998, p. 7) Daí a importância da formação interdisciplinar dos profes- sores, pois é na escola que se conectam “tecnologicamente” as diferentes ciências. Do mesmo modo, as formas de ensinar e os reflexos nos envolvidos precisam ser delineados. Se a visão da escola for transformadora e inclusiva, deve ficar claro em suas relações que todos são seres diferentes com problemase dificuldades e que a educação é um apoio para superar os obs- táculos e não para criá-los. Para tal, a psicopedagogia vem como a área de inclusão e respeito, possibilitando seus avanços necessários. Ela é permea- da de subsídios e recursos frente aos diversos processos cogniti- vos, com mecanismos próprios de construção de conhecimento Vídeo A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA74 Pa r t e 03 carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck vinculado à realidade do educando. Rubinstein considera que [...] o psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, pro- curando selecioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras ir- relevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totali- dade dos fatores nele envolvidos, para, valendo-se desta inves- tigação, entender a construção da dificuldade de aprendizagem. (RUBINSTEIN, apud SISTO, 1996, p. 128) O aluno deve ser visto globalmente, isto é, em seu percur- so cognitivo, motor e afetivo, e como o trabalho do psicope- dagogo pode ser tanto “curativo” (curar os problemas aparen- tes) ou preventivo (prevenir problemas) é necessário que tanto na formação do professor quanto em sua prática pedagógica a psicopedagogia faça parte de seu cotidiano. O psicopedagogo intervindo na escola, de acordo com Monereo e Solé (2000), potencializa a capacidade de ensinar dos professores e a de aprender dos alunos, permitindo que a inclusão de todos seja adequada para a aprendizagem. O papel das escolas é interferir no mundo, na sociedade e consequentemente na história dos seres humanos. Ela influen- cia, intervém e interage com processos educativos, mesmo dos que não a frequentam. Se todos têm o direito de aprender, to- dos também têm o direito de receber adequadamente uma for- mação necessária e possível para que sua cidadania seja plena. INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA 75 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM Pa r t e 03carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck Extra Assista à palestra de Mário Sergio Cortella, na 24.ª Assembleia Geral FIUC FE: Mário Sergio Cortella – Qual a pos- tura ideal do professor? Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=seiw4gwsfYA>. Acesso em: 20 abr. 2015. Atividade Qual a única certeza que se pode ter em relação à educação? Referências LIBÂNEO, José Carlos: Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências profissionais e profissão docente. São Paulo: Cortes, 1990. MONEREO Carles; SOLÉ, Isabel. O Assessoramento Psicopedagógico: uma perspectiva profissional e construtivista. Tradução de: NEVES, Beatriz Afonso. Porto Alegre: Artmed, 2000. SISTO, Fermino Fernandes et al. Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem Escolar. Petrópolis: Vozes, 1996. Resolução da atividade As transformações são a única certeza que a educação deve conceber como verdadeira. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA76 Pa r t e 03 carla cas ta gn o/ Sh ut te rs to ck Margarete Terezinha de Andrade Costa INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO PE DA GO GI A INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-4833-5 9 7 8 8 5 3 8 7 4 8 3 3 5 IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO PE DA GO GI A Código Logístico 41539 Página em branco Página em branco
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