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Apostila Avaliação Diagnostica e Intervenção no Espectro Autista Sumário: Introdução 1. O Transtorno do Espectro Autista 2. Avaliação Diagnóstica no Espectro Autista 3. Intervenção no Espectro Autista 4. Métodos Alternativos de Intervenção 5. Conclusão Bibliografia – Literatura Complementar Introdução A escola tem a obrigação, por lei, de atender todos os alunos, tendo ou não algum tipo de necessidade educacional especial. A avaliação escolar no processo de inclusão direciona a transformação da escola e das práticas pedagógicas, contribuindo para que todos tenham, de fato, o acesso à educação, que permaneçam e alcancem um aprendizado satisfatório, significativo e, além de tudo, socializador. No contexto da inclusão é fundamental entender sobre os aspectos avaliativos e constatar a realidade sobre o processo em que se encontram os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entretanto, os educadores encontram muitos entraves no processo de ensino e aprendizagem. Mesmo quando as escolas, apresentam profissionais de educação especial, ainda demandam de conhecimentos sobre metodologias, estratégias e práticas que possam oferecer uma intervenção adequada e um apoio ao aluno com necessidades educacionais especiais. A avaliação de alunos com suspeita de TEA deve ser ampla e, sempre que possível, ser realizada através de uma equipe multiprofissional. Considerando que o TEA afeta diversas áreas, portanto, abrange a atuação profissional de especialistas de inúmeros campos da área da saúde e da educação. Com a intenção de uma unificação dos dados e a formulação de uma avaliação rigorosa e sistemática, é sugerido o uso de instrumentos padronizados para a avaliação do comprometimento e nível funcional do aluno que possibilitem a produção de um projeto terapêutico e pedagógico específicos para cada sujeito. É de responsabilidade do profissional a escolha dos instrumentos que melhor se adequem a cada caso, contudo, cada instrumento tem a sua especificidade. Alguns destes instrumentos são de uso restrito a algumas profissões, no entanto, não demandam uma formação específica, mas, requerem um treinamento prévio do profissional. Antes de seu uso, portanto, é sugerida uma consulta aos manuais de aplicação e correção dos instrumentos. Em se tratando de intervenções educacionais no espectro autista, deve ser efetuada uma personalização metodológica, levando em consideração as características individuais de cada aluno. Desse modo, não é possível formular receitas de intervenção mas, no entanto, existe uma listagem básica de métodos de intervenção padronizados, os quais podem ser utilizados individualmente ou em conjunto, ou somente analisados como base teórica para a elaboração de métodos próprios de cada docente e de cada situação educativa. Portanto, as intervenções podem e devem ser complementadas com a análise das metodologias novas que surgem a cada dia 1. O Transtorno do Espectro Autista O termo autismo foi mencionado inicialmente por Eugene Breuler, em 1911, para caracterizar os sintomas negativos e a alienação social de indivíduos que sofriam de esquizofrenia. Somente mais tarde em 1943, Leonard Kanner e Hans Asperger fizeram suas primeiras publicações utilizando-se do termo para descrever crianças com dificuldades de estabelecer contato afetivo e falha na comunicação. O Dr. Leo Kanner foi um psiquiatra austríaco, que contribuiu muito para as pesquisas sobre autismo com a publicação, em 1943, de uma pesquisa com o título de "Autistic Disturbances of Affective Contact" (Distúrbios Austísticos do Contato Afetivo). A grande originalidade do Dr. Kanner foi a de individualizar, em um grupo de crianças que lhe foram encaminhadas, uma nova síndrome, reunindo sinais clínicos específicos, formando um quadro clínico totalmente à parte e diferenciado das síndromes psiquiátricas existentes, como a conceituada inicialmente por Eugene Bleuler. As descrições do Dr. Kanner foram tão precisas que sua definição de autismo, em sua essência, continua sendo empregada até os dias atuais. Mais recentemente no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), conhecida como DSM, foi descrito que o sujeito com Transtorno do Espectro Autista pode apresentar uma dificuldade na interação e comunicação social, como estabelecer um diálogo com outra pessoa, e apresentar comportamentos e interesses restritos e repetitivos, como uma fala estereotipada e rotinas ritualizadas, por exemplo. Tal manual obteve recentemente uma atualização, publicada no ano de 2013, na qual os diversos quadros de autismo foram englobados no TEA, designando no eixo de Transtornos do Neurodesenvolvimento. Assim como, foram incorporados ao TEA "(...) autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger." Conforme a última edição do DSM, o TEA apresenta maior incidência na população do gênero masculino, e o indivíduo pode ser diagnosticado entre um e dois anos de idade. No entanto, em casos mais graves, pode ser notado antes mesmo dos dozes meses, ou em casos mais leves, após o segundo ano de vida da criança. Os três sintomas principais destacados pelo manual são: • déficits na reciprocidade socioemocional; • déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados na interação social; • déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. O TEA apresenta níveis de gravidade, e estes níveis variam entre o três (mais grave) ao um (menos grave), tendo a possibilidade de ocorrer variação destes níveis com o tempo, ou até mesmo conforme o contexto no qual o sujeito está inserido. No nível três, ocorre uma deficiência grave na comunicação destes sujeitos e são utilizadas poucas palavras na interação com as outras pessoas. No nível dois, ocorre também uma dificuldade na comunicação, porém o indivíduo é capaz, mesmo que de forma peculiar, articular frases simples, já no nível um, o autista apresenta dificuldade para iniciar uma conversa, mas, no entanto, é capaz de desenvolver um diálogo. Além dos níveis de gravidade, o DSM em sua última versão apresentou os especificadores deste transtorno, substituindo as classificações de autismo encontradas nas edições anteriores. Tais especificadores podem ser: • com ou sem comprometimento intelectual; • com ou sem comprometimento da linguagem; • com catatonia; • associado a outro transtorno, seja do neurodesenvolvimento, mental e/ou comportamental; • associado a alguma condição médica, genética ou fator ambiental. Em se tratando da epidemiologia, o primeiro levantamento em relação ao autismo foi realizado no ano de 1966, o qual relatou um índice de prevalência de 4,5 em 10.000 crianças na população de um condado no noroeste de Londres. Já os estudos atuais, mostram um índice de uma criança com autismo (prototípico) em cada 1.000 nascimentos, e em torno de mais quatro crianças com TEA a cada 1.000 nascimentos. O estudo em questão mostra uma prevalência discriminando os quadros de autismo prototípico do TEA. Independentemente de sua epidemiologia, a etiologia do autismo ainda é pouco conhecida, podendo ser influenciado por fatores genéticos ou alterações neurobiológicas. Além da genética e da neurobiologia, foi cogitada em alguns estudos uma relação entre o autismo e reações às vacinas, também podendo existir uma relação entre o autismo e uma propensão para adquirir doenças em geral, o que causaria ou intensificaria o quadro. Já o DSM inclui como fatores que predispõem ao surgimento de um quadro de autismo a influência do ambiente, emque a idade avançada dos progenitores, assim como baixo peso do recém-nascido e também contato com ácido valpróico, seriam situações que poderiam contribuir para o desenvolvimento do TEA. 2. Avaliação Diagnóstica no Espectro Autista A avaliação neuropsicológica tem papel de averiguar se há existência e consequentemente avaliar a amplitude de alterações cognitivas por intermédio de uma análise quantitativa e qualitativa das principais funções mentais. Sendo assim, auxilia no diagnóstico médico neurológico ou neuropsiquiátrico, assim como aponta um prognóstico, indicações e readequações terapêuticas e também medicativas. No Brasil a recomendação do Ministério da Saúde, é que o diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista) seja dado a partir dos 3 anos, com o propósito de reduzir o falso positivo. Entretanto, alguns profissionais relatam que há muitos benefícios ao intervir precocemente, pois há uma melhora dos sintomas de uma maneira geral. Esta melhora significativa que ocorre do quadro clínico é pelo fato de que, quanto menor for a criança, mais plasticidade cerebral ela terá. Portanto, a recomendação é que a intervenção dê início assim que os sinais de alertas forem detectados, antes mesmo de um diagnóstico formal. Os sinais de alerta são definidos como comportamentos que se diferenciam daquilo que é esperado dentro de um padrão de desenvolvimento habitual. Ocorre um padrão no desenvolvimento infantil, sendo assim quando existem atrasos nos aspectos que são esperados para a idade é um sinal de alerta. O que não significa necessariamente o diagnóstico positivo, mas sim que a criança pode ter risco para autismo. Estes sinais de alerta são reconhecidos através de instrumentos padronizados para avaliação, assim como pela observação clínica. Um instrumento acessível até mesmo para os pais responderem é o M-CHAT que se aplica para bebês de 18 meses até 24 meses. É importante ressaltar que, apontar sinais de risco no M-CHAT não diagnostica que a criança se enquadra no TEA, mas sim que é preciso encaminha-la para uma avaliação diagnóstica mais específica feita por uma equipe profissional. Sendo assim, quando os sinais de alerta são detectados, aconselha-se a procura de uma avaliação aprofundada do quadro, objetivando constatar se a criança de fato se enquadra no TEA, e se existem outras condições médicas. Um paciente que apresenta sintomas mais leves é mais difícil de ser diagnosticado, considerando que seu desenvolvimento é mais próximo do esperado. O transtorno do espectro autista afeta cerca de quatro meninos para cada menina acometida. Os casos de autismo em meninas normalmente são mais graves, comprometedores e incapacitantes. Em torno de 80% dos sujeitos diagnosticados com TEA apresentam certo nível de deficiência intelectual. Outros transtornos podem estar associados, como o transtorno obsessivo compulsivo, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, o transtorno de ansiedade generalizada, os transtornos de tiques, além de casos de epilepsia, transtornos do humor, alterações de sono e agressividade. Os bebês com autismo mostram considerável déficit no comportamento social, costumam evitar contato visual e mostram pouco interesse na voz humana, mesmo a da mãe. Eles não costumam apresentar uma postura antecipatória, para serem levantados, em muitos casos ficam indiferentes ao afeto e não demonstram expressão facial ao serem acariciados. Na maior parte dos casos, o pediatra é o primeiro profissional a levantar suspeitas da criança com TEA. Os professores, por estarem em constante contato com a criança, também são responsáveis por levantar suspeitas e comunicar o problema aos pais. No entanto, os profissionais mais adequados para efetuar um diagnóstico mais preciso são o neuropediatra ou o psiquiatra infantil. Há cinco critérios diagnósticos, conforme o DSM. São eles: • prejuízo em comunicação e interação social em múltiplos contextos; • padrão de comportamento repetitivo e restritivo de interesses ou atividades; • os sintomas devem estar presentes no período de desenvolvimento inicial da criança; • os sintomas provocam prejuízos significativos no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes; • Essas alterações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento. A deficiência intelectual e os transtornos do espectro autista podem coexistir; para fazer o diagnóstico de comorbidade, a comunicação social deve ser abaixo do esperado para o nível de desenvolvimento. O diagnóstico é clinico, efetuado por meio de observação comportamental da criança, assim como através de entrevista com os pais ou responsáveis. Em muitos casos é requisitada a ajuda de outros profissionais, como fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos. Durante a avaliação comportamental, o médico faz uma análise do desenvolvimento da criança, procurando identificar se ela está aprendendo as habilidades básicas referentes à fala, à linguagem corporal e ao comportamento social. Um atraso em qualquer uma destas áreas pode demostrar sinal de que há um problema de desenvolvimento na criança. O profissional pode lançar mão de algumas escalas para auxiliar no processo diagnóstico. M-CHAT, CARS, ABC e PEP-R são alguns exemplos. A seguir está o link onde é possível fazer a consulta mais aprofundada destas escalas: https://www.ama.org.br/site/autismo/escalas/ Os sinais de alerta são claros desde os primeiros meses de vida de crianças com autismo, e são eles: https://www.ama.org.br/site/autismo/escalas/ Aos 4 meses: • Não acompanham objetos que são movidos em sua frente; • Não sorriem para as pessoas; • Não levam as mãos ou objetos à boca; • Não correspondem a sons altos; • Não emitem sons; • Não são capazes de sustentar a cabeça; • Perdem habilidades que já possuíam. Aos 6 meses: • Não procuram pegar objetos que se encontram próximos; • Não demonstram afeto por pessoas familiares, nem mesmo aos pais; • Não responde a sons emitidos nas proximidades; • Não emitem pequenas vocalizações e não sorriem. Aos 9 meses de idade: • Não sentam, mesmo com auxílio; • Não balbuciam; • Não reconhecem o próprio nome e nem pessoas próximas; • Não olham para onde é apontado; • Não correspondem às tentativas de interação. Aos 12 meses de idade: • Não engatinham e nem ficam em pé, mesmo quando são segurados; • Não entendem comandos e não apontam para objetos; • Não falam palavras como “mamãe” e “papai‟. Os sintomas deste transtorno podem variar de acordo com o nível de gravidade e se apresentar mais evidentes após os 3 anos de idade, quando a criança cai constantemente ao caminhar, quando a fala é incompreensível, quando apresenta dificuldade de brincar utilizando a imaginação, quando fala de si própria na terceira pessoa, quando não é capaz de verbalizar o próprio nome completo, não obtém sucesso ao jogar ou praticar uma série de atividades, dentre outros sintomas. A Importância do Diagnóstico Precoce O diagnóstico efetuado durante os anos pré-escolares ainda é bastante raro, mesmo com as afirmações de que a intervenção precoce é o melhor procedimento para o desenvolvimento da criança autista. Isso ocorre, em parte, devido a carência de conhecimento a respeito do desenvolvimento normal de uma criança, em particular na área da comunicação não-verbal, sendo o prejuízo nas habilidades de atenção compartilhada, como gestos e comentários espontâneos com a intenção de compartilhar curiosidades sobre os acontecimentos ao redor, o marcador mais significativo. A situação mais ocorrente é que as preocupações dos pais e dos profissionais são despertadas através do atraso na fala da criança do que por meio dos aspectos sociais do comportamento fora do padrão nestascrianças. O diagnóstico preciso não é um trabalho simples para o profissional, considerando que podem existir problemas para distinguir entre crianças com autismo e crianças não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem, por exemplo. Entretanto, aos 3 anos de idade, as crianças tendem a corresponder aos critérios de autismo em uma diversidade de medidas diagnósticas. Contudo os prenunciadores do desenvolvimento subsequente são tanto o grau de comunicação quanto as habilidades cognitivas nos anos pré-escolares. Desta maneira, existem razões suficientes para justificar os esforços na identificação das crianças com autismo, Considerando as vantagens do tratamento precoce. 3. Intervenção no Espectro Autista A legislação brasileira que trata da educação especial, garantiu o direito das pessoas com necessidades educacionais especiais de se matricularem em uma escola de ensino normal. Ao mesmo tempo em que garantiu o direito de fazerem parte de um contexto educativo, constituindo um grande avanço, também surgiu uma problemática para as instituições de ensino regular: a adequação não apenas do espaço físico e qualificação dos profissionais para atender estes alunos, mas principalmente, os procedimentos metodológicos que deveriam ser aplicados. Orientando estes procedimentos há o psicopedagogo como agente de inclusão na escola e na sociedade, com um papel fundamental, principalmente se for considerada a concepção interdisciplinar da docência, permitindo que o psicopedagogo se torne um mediador aluno-escola-família. Nos centros especializados em atendimento aos autistas, são aplicadas metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem que trazem resultados muito positivos, sendo que o psicopedagogo tem um papel fundamental em avaliar e elaborar estratégias de ensino para o estímulo do autista, para que este conquiste, dentro de sua realidade, a maior independência possível. Mas surgem algumas questões: como a escola deve receber o aluno autista e trabalhar de forma adequada com este aluno? É possível que métodos de ensino utilizados em escolas especiais para autistas sejam adaptados ao currículo escolar? Devido à grande variabilidade de fenótipos clínicos e de alterações biológicas no espectro autista, muitos médicos e pesquisadores questionam a possibilidade de uma etiologia única para todo o conjunto do TEA, assim como, uma abordagem totalmente unificada para as intervenções, pedagógicas e de reabilitação, fundamentadas em evidências. Uma vez que as causas biológicas do autismo ainda não foram muito bem determinadas, tratamentos definitivos e curativos ainda não são possíveis. No entanto, uma avaliação diagnóstica precoce, pode auxiliar os profissionais de saúde e educação a intervirem e desenvolverem tratamento paliativos e programas de prevenção para esses sujeitos, que, com frequência, podem reduzir a gravidade do transtorno. Se as intervenções forem iniciadas cedo, os esforços de prevenção, em muitos casos, podem alterar de maneira bastante significativa a trajetória de desenvolvimento de uma criança autista. A seguir estão três metodologias que compõem uma listagem básica de métodos de intervenção padronizados para o espectro autístico: ➢ TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação) As estratégias de intervenção do TEACCH foram efetuadas com pesquisas sobre o funcionamento próprio do autismo, com ênfase nas áreas da linguagem, da cognição e do comportamento social. Os fatores de concretização do TEACCH consistem em uma estrutura física bem delimitada, com a designação de um espaço para cada função, atividades sequenciadas, nas quais as crianças saibam o que se exige delas, utilização direta de apoio visual, como murais ou cartas com imagens. A organização e sinalização adequada do ambiente físico permitirão que se favoreça o processamento das informações visuais pela criança autista. Assim, pode-se dizer que a estrutura do Método TEACCH envolve: - Organização da área física, com a disposição dos móveis oferecendo pistas visuais ao aluno, de forma que possa se deslocar independentemente dentro do espaço, evitando-se a distração e permitindo o reconhecimento da função de cada área disponibilizada; - Programação diária e utilização de rotinas, integradas em agendas, as quais mostram visualmente a rotina programada do aluno, permitindo a transição autônoma entre as atividades. Assim, a indicação visual da agenda individual vai depender do nível de compreensão e comunicação do aluno. - Método de ensino, sendo fundamental que no transcorrer do aprendizado de uma rotina pelo aluno autista, se posicione as atividades de modo sistemático e sequencial, com o intuito de evitar o excesso de instruções verbais. A concepção essencial da metodologia consiste em disponibilizar as melhores técnicas educacionais, para que cada aluno tenha a chance de progredir nas habilidades que contribuem para sua autonomia no cotidiano, através do planejamento de estruturas ambientais que compensem eventuais déficits. ➢ PECS (Sistema se Comunicação Alternativa por figuras) Esta é uma das metodologias mais difundidas e utilizadas com alunos autistas. Foi criado pelo psicólogo Andrew Bondy e pela fonoaudióloga Lori Frost, em 1985. O método tem o objetivo de estimular a comunicação e amenizar problemas de comportamento através de um contexto estruturado e concreto. Trata-se de um sistema de comunicação expressiva, onde o indivíduo pode demandar de modo funcional e adequado suas necessidades e desejos, referenciando-se em fotos, materiais concretos ou figuras. O PECS apresenta seis fases: Fase I - Troca Física: normalmente efetuada na presença de dois técnicos: o facilitador, que se posiciona atrás do aluno, com a função de ajudar fisicamente o aluno a trocar a figura pelo item desejado. O técnico comunicativo ficará com as mãos abertas para receber a figura, enquanto com a outra mão entrega imediatamente o item desejado ao aluno, nomeando-o. Fase II - Distância e Persistência: os técnicos vão estimular o aluno a trocar de forma espontânea o item desejado, aumentando paulatinamente a distância entre o aluno e material comunicativo. Fase III - Discriminação entre figuras: coloca-se duas figuras no material comunicativo: uma desejada e outra não desejada, incentivando o desejo de escolha do aluno. Quando o aluno opta pela figura de desejo, o profissional repetirá a tarefa, aumentando gradualmente o número de figuras semelhantes, no sentido de favorecer o aluno a aprender a fazer escolhas entre objetos igualmente desejados. Fase IV - Aumentar a estrutura da frase: o aluno interage colocando a sequência de figuras em uma tira, formando uma frase simples. Inicialmente, fixa-se a referência “eu quero” à esquerda, enquanto ao lado é colocado seu objeto de desejo. Ao entregar ao técnico, este lerá simultaneamente a frase. Fase V – Respondendo – o que você quer?: a criança é incentivada a demandar seus objetos de desejo respondendo a questão indicada pelo técnico: “O que você quer?” colocada no seu material comunicativo, iniciando-se a comunicação espontânea através da troca de figuras. Fase VI – Respondendo espontaneamente: a criança compõe sentenças respondendo, espontaneamente, a questão “O que você quer?” / “O que você ouve?”, posicionando a figura “eu quero” / ”eu ouço” na tira do seu material comunicativo e a imagem do objeto aprendido. ➢ ABA (Análise Comportamental Aplicada) A Análise do Comportamento consiste em uma ciência que fornece conhecimentos experimentalmente comprovados sobre como e porque o comportamento ocorre. Quando esta pesquisa é utilizada para favorecer o comportamento socialmente significativo, considera-se que é aplicada. Pode-se definir a ABA como uma tecnologia aplicadaem situações concretas, onde comportamentos apropriados e inapropriados podem ser favoravelmente modulados. A estrutura da intervenção com a utilização da ABA para crianças autistas, pode ser dividida em fases: 1ª Fase: avaliação comportamental, procurando indicar as variantes que a controlam; 2ª Fase: seleção de metas e objetivos, com o desenvolvimento da comunicação, adequação dos comportamentos sociais e generalização dos comportamentos aprendidos; 3ª Fase: desenvolvimento dos programas de tratamento, onde se determina com clareza quais comportamentos devem ser ensinados, sendo fundamental que se faça um diagnóstico prévio sobre o que a criança já sabe para que, no decurso do programa, seja possível avaliar sua evolução; 4ª Fase: efetivação da intervenção, sendo que, cada vez que uma nova habilidade for ensinada, apresenta-se uma instrução, em que comportamentos desejáveis são reforçados de modo que o aprendizado se torne prazeroso, enquanto que os comportamentos indesejáveis não são reforçados, o que demanda habilidade e experiência do profissional. Vários profissionais estão envolvidos no processo de intervenção de uma criança com TEA. É de suma importância que o indivíduo seja atendido por uma equipe interdisciplinar que esteja conectada e coordenada em relação aos conceitos e forma de trabalhar com essas crianças. Intervenções em conjunto que englobem psico-educação, suporte e orientação de pais, terapia comportamental, fonoaudiologia, treinamento de habilidades sociais, dentre outros, podem ajudar na otimização da qualidade de vida da criança autista. Os pais são os principais parceiros no processo de intervenção, considerando que costumam conviver um maior tempo com a criança, podem estimular seus filhos nas atividades do dia a dia. Para esta atuação dos pais, faz- se necessário o apoio profissional e pedagógico. Em alguns casos, o suporte psicológico também pode ser importante. Para o início do tratamento é importante a elaboração de um plano individual de tratamento, levando em consideração as necessidades individuais de cada indivíduo, o grau dos sintomas, a disponibilidade e a participação da família no tratamento. Também é de extrema importância para um bom resultado, a criação de um plano individual de educação, formulado com o auxílio de psicopedagogos e orientadores educacionais, procurando a estimulação e desenvolvimento da aprendizagem no ambiente escolar inclusivo. A criança com TEA precisa ser exposta a um ambiente doméstico e escolar rico em estímulos sensoriais diversos, envolvendo os cinco sentidos. É comprovado cientificamente que até os 4 anos de idade, essas intervenções mostram resultados bastante positivos. As habilidades sociais também precisam ser ensinadas e treinadas seja na escola ou em qualquer outro ambiente que a criança frequente. 4. Métodos Alternativos de Intervenção Da mesma maneira que a etiologia do TEA ainda é incerta, a sua cura também se encontra na mesma situação. Ocorre uma carência de estudos que tratem sobre a cura do autismo, devido à crença dos profissionais a respeito da sua irreversibilidade, considerando que a concepção de cura estaria relacionada à remissão completa dos sintomas apresentados. Enquanto a causa e cura se encontram incertas, portadores do TEA podem contar com várias medidas de intervenções, disponibilizadas em diversas modalidades terapêuticas, que não objetivam a cura no sentido literal, mas, no entanto, possibilitam o desenvolvimento de um comportamento funcional desses indivíduos, tornando-os mais independente, assim como podendo minimizar o desgaste físico e emocional dos portadores de TEA. Em relação à medicação, ainda não é possível se encontrar um fármaco que seja específico para quadros de autismo. Desde os anos de 1970 existe uma predominância de intervenções com foco psico-educacional, fundamentadas nas diversas teorias da aprendizagem, mas, no entanto, alguns profissionais e pais acreditam que algumas terapêuticas secundárias também podem promover um desenvolvimento positivo nas habilidades de comunicação e na redução de sintomas associados ao autismo. As terapias alternativas consideram que o vínculo afetivo é um ponto central para o desenvolvimento humano, principalmente quando se pensa sob a ótica de uma teoria psicanalítica relacional. Tais terapêuticas alternativas complementares podem envolver a utilização da música, arte ou terapia com animais. No entanto, é possível acreditar que a partir do momento que uma terapêutica é colocada em prática, esta deixa de ser algo alternativo, passando a ser de fato uma modalidade de terapia. Arteterapia “A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível” – Leonardo Da Vinci. Nos anos de 1960 a arteterapia passou a ser reconhecida como um dispositivo terapêutico que absorve os saberes das áreas do conhecimento. De acordo com alguns estudos, a arteterapia pode estimular a imaginação, liberar as manifestações de símbolos, trabalhar a expressão criativa, assim como a afetividade. Esta técnica busca lidar com o indivíduo em sua totalidade. Unindo conceitos de arte e psicologia, a arteterapia é uma das linhas terapêuticas que podem ser aplicadas para auxiliar no processo de aperfeiçoamento das habilidades do sujeito portador de TEA. Conforme a American Art Therapy Association (Associação Americana de Arte Terapia), esta terapia lança mão do processo criativo para otimizar e aperfeiçoar o bem- estar físico, mental e emocional de pacientes de todas as idades. Esta terapia pode ser uma alternativa em complemento à tratamentos considerados tradicionais, direcionados ao TEA. Através da utilização de recursos como desenho, pintura, cerâmica, escultura, fotografia ou vídeos, a arteterapia pode contribuir para humanizar os cuidados e pode ser um facilitador para o autista poder expressar o que sente, o que pensa e o modo com o qual percebe e sente o mundo ao seu redor. A arteterapia exercita a imaginação, colabora com habilidades sociais, assim como com a conexão com pessoas e, também, na comunicação seja ela verbal ou não. Também pode ser uma ferramenta para auxiliar no trabalho com as questões sensoriais, como sons, luzes, cheiros, texturas, que em alguns casos são aspectos desafiadores para quem apresenta TEA. A terapia artística possibilita a transformação dos comportamentos em arte, mesmo aqueles que podem ser considerados negativos. O que pode levar o indivíduo com TEA a converter sua compulsividade de rasgar papel em arte, por exemplo. Embora ainda se encontrem poucos trabalhos na literatura a respeito do impacto da arteterapia no desenvolvimento do indivíduo que apresenta o espectro autista, os poucos trabalhos têm apontado para diversos benefícios em seu desenvolvimento. Inclusive, um estudo publicado em 2020 na revista Arts in Psychotherapy, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual da Flórida, buscou acompanhar o trabalho de arteterapeutas e encontrar a maneira mais eficaz de usar este tratamento em favor do indivíduo com TEA. O objetivo foi avaliar as técnicas de abordagem que estão sendo abordadas e através disto oferecer diretrizes para orientar a prática e estabelecer um consenso entre os profissionais que a aplicam. Algumas das abordagens mais eficazes indicadas por esta pesquisa foram: • utilizar a mesma rotina para começar cada sessão; • explicar as instruções de maneira simples e consistente; • despertar a curiosidade para ensinar novas habilidades; • atentar para as transições entre as atividades. A Música Como Intervenção Terapêutica Nos dias de hoje, através do avanço de estudos focados no Transtorno do Espectro Autista é possível reconhecer a música como um recurso bastante eficaz no tratamento do TEA. A musicoterapiavem sendo cada vez mais reconhecida junto com as demais intervenções realizadas entre os autistas, considerando que o objetivo principal da musicoterapia é criar uma via de comunicação social. Na primeira infância, em grande parte das crianças, há uma inclinação para a música. Isto ocorre em todas as culturas e provavelmente reporta aos primórdios da humanidade. A música está presente em diversos ritos sociais, em diferentes fases da vida de uma pessoa. Contudo, a música passa a integrar à memória do sujeito. A música vem a ser um importante potencial terapêutico para indivíduos com doenças neurológicas como Alzheimer, síndromes do lobo frontal, amnésias, acidentes vasculares, assim como o Autismo. As respostas de uma pessoa ao som e à música são influenciadas por diversos fatores que vão desde a receptividade física ao som até as habilidades de senso percepção, educação, cultura e contexto social em que o sujeito está inserido. O som é uma das primeiras experiências sensoriais de um sujeito. Dentro do útero o feto é submetido aos estímulos sonoros, como os batimentos cardíacos, o ritmo respiratório, a voz da mãe, e outros sons produzidos pelo corpo materno, assim como os sons vindos do ambiente externo ao útero. A experiência musical mobiliza áreas cerebrais como o neocortex, as áreas do tronco cerebral, o cerebelo e a amígdala cerebral. As vibrações sonoras produzem diferentes movimentos nas células receptoras ciliares, que se encontram no ouvido interno e são transmitidas para centros do tronco cerebral. Os estímulos sonoros nas células ciliares são conduzidos através do nervo auditivo até o córtex auditivo que está localizado no lobo temporal. A senso-percepção acontece, no primeiro estágio musical, nas regiões de projeção encontradas no lobo temporal, no córtex auditivo ou mesmo na área auditiva primária que é responsável pela decodificação da altura, timbre, contorno e ritmo musical. Esta área está conectada ao restante do cérebro em circuitos de ida e volta, com regiões relacionadas com a memória, como o hipocampo, as áreas de regulação motora e emocional, o cerebelo, a amígdala e com o núcleo acumbens, que está relacionado a sensação de prazer e recompensa. A música por ser processada no cérebro também pode afetar seu funcionamento. Através da exposição musical são desencadeadas alterações fisiológicas, como dos ritmos elétrico cerebrais, variabilidade dos ritmos da frequência cardíaca, dos ritmos respiratórios, dos ciclos de sono e vigília. Também é desencadeada a produção de inúmeros neurotransmissores relacionados à recompensa, ao prazer e ao sistema de neuromodulação da dor. Reflete também na produção de neutrofinas, geradas pelo cérebro em situações desafiadoras, determinando a longevidade de neurônios, como também desencadeando mudanças nos padrões de conectividade na plasticidade cerebral. A experiência musical provoca uma mudança estrutural no cérebro. O treino musical pode elevar o tamanho, a conectividade entre os neurônios de várias regiões, como o corpo caloso, o cerebelo e o córtex motor. Sendo assim, a exposição à música pode ser uma estratégia única para a ampliação do desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com transtornos ou disfunções do neurodesenvolvimento. Considerando que nas crianças autistas há uma defasagem na interação social, na linguagem, na comunicação e interesses, podemos afirmar que a música pode ser uma estratégia eficaz de tratamento e de aprendizagem, além de ser uma possibilidade de expressão e comunicação mais acessível aos indivíduos com TEA. Autistas que apresentam déficits linguísticos, podem se beneficiar de experiências relacionadas ao canto. Há casos em que, através do uso da Terapia com Entonação Melódica (MIT) adaptada, obtiveram-se resultados positivos na aquisição de linguagem em casos de déficits linguísticos graves. Na intervenção neuropsicológica em indivíduos com TEA, ocorre evidências de que a utilização da música provoca uma ativação dos neurônios espelho, que são neurônios recrutados para a ação e para a observação da mesma ação executada por outra pessoa. Da mesma maneira que a linguagem, o aprendizado da música ocorre em grande parte por meio da capacidade de imitação, o que provoca um conjunto de processos cognitivos e emocionais, permitindo uma flexibilidade mental, o compartilhamento de emoções, o fortalecimento de vínculos, assim como, o desenvolvimento da empatia. Portanto, através da participação de uma experiência musical, a criança pode presenciar uma transformação de processos neurofisiológicos e psicológicos que permitem o desenvolvimento das áreas motora, perceptiva e cognitiva, ativando em conjunto processos afetivos e de socialização. Psicomotricidade Não é difícil de encontrar na escola alunos que não conseguem acompanhar os amigos da sala. Nestes casos podem ser vários os motivos causadores desta dificuldade. Um destes motivos está relacionado a problemas mais sérios como o TEA, por exemplo. Quando um portador de TEA não é encaminhado para um trabalho psicomotor, ele pode ter um atraso considerável em seu desenvolvimento global. Nesta circunstância a criança pode apresentar vários problemas como de linguagem, escrita, leitura e de postura, por exemplo. A psicomotricidade é uma ferramenta que oferece apoio na solução de problemas que surgem na aprendizagem. Esta ferramenta permite aos educadores desenvolverem melhor suas atividades, podendo trabalhar o lado motor e o emocional do aluno. Desta maneira é importante o educador lançar mão da psicomotricidade, para garantir a melhoria e a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, assim como otimizar o desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais como forma de inclusão. A psicomotricidade apoia o desenvolvimento psicomotor do aluno, o que o capacita para assimilar melhor as informações escolares. É um recurso necessário para auxiliar os educadores em sala de aula. Um bom desenvolvimento psicomotor propicia ao aluno algumas das habilidades básicas para obter desempenho escolar mais satisfatório. A psicomotricidade lança mão do movimento para obter outras capacidades mais elaboradas, como a capacidade intelectual. Os movimentos psicomotores exercitados coletivamente ou mesmo individualmente têm como meta assessorar o aluno a vivenciar e conhecer melhor seu corpo, assim como capacitar as habilidades motoras, desenvolver seu equilíbrio, orientar o aluno dentro do espaço e do tempo, entre outras. A psicomotricidade é uma ferramenta fundamental, pois ela permite ao aluno ter a consciência de seus movimentos corporais através das suas emoções. Na psicomotricidade o movimento do corpo não é o mais importante, mas a atuação corporal em si. O corpo é um sistema integrado que se relaciona com o mundo a sua volta, seja no meio físico ou cultural. Para o indivíduo ter consciência de seu corpo é necessário obter conhecimentos anatômicos, bioquímicos, psicológicos, entre outros. Estes conhecimentos permitem ao indivíduo fazer uma análise crítica, assim como escolhas e realizações que regulem suas próprias atividades corporais. Portanto, compreender as diversas definições relacionadas ao movimento corporal torna-se fundamental ao permitir que o docente obtenha uma melhor compreensão na comunicação com seus alunos com TEA, já que as crianças também se comunicam através dos movimentos. Os fundamentos da psicomotricidade são as estruturas psicomotoras que se modificam no decorrer do tempo, permitindo o desenvolvimento e a devida estruturação do indivíduo. Portanto, estas funções psicomotoras são usadas na prática, almejando a evolução do indivíduo em desenvolvimento de acordo com as experiências vivenciadas. O amadurecimentodas funções psicomotoras está diretamente ligado ao desenvolvimento das funções neurológicas. No decorrer do trabalho de psicomotricidade é importante que o educador observe e analise o desenvolvimento das funções em cada indivíduo, seus processos e a sua evolução. Cada criança tem seu próprio tempo de desenvolvimento, suas características e sua maneira individual de se desenvolver, que deverá ser observada atentamente pelo educador. São várias as características que necessitam ser trabalhadas com as crianças com TEA, dentre elas a comunicação, o esquema corporal, o tônus, assim como o movimento. Portanto a compreensão de tais aspectos é de fundamental importância para que o desenvolvimento infantil aconteça plenamente, desde que os mesmos sejam aplicados adequadamente. Esquema corporal é uma consciência de conjunto, ou mesmo um conhecimento automático que o indivíduo tem do corpo em posição estática ou em movimento, na relação entre as suas várias partes e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o rodeiam. Esquema corporal é a consciência do corpo como veículo de comunicação com o meio e consigo mesmo. Um desenvolvimento eficiente do esquema corporal pressupõe uma adequada evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, e também da afetividade. Por sua vez tônus é o termo da fisiologia referente à contração muscular. Portanto, o tônus se relaciona a vários fatores que permitem ao ser humano se relacionar com o meio ambiente através de movimentos, incluindo, entre outros, equilíbrio, coordenação e dissociação. O tônus é responsável por dar suporte à comunicação através da linguagem corporal. O diálogo tônico é uma das expressões que são bastante utilizadas na psicomotricidade. Mesmo que as pessoas deixem de usar a expressão oral, elas podem se comunicar através de posturas e gestos, permitindo que o corpo se expresse transmitindo seus sentimentos, através das expressões tônicas. Sendo assim, os sentimentos podem ser transmitidos pelo corpo, permitindo, através de gestos e expressões corporais, um diálogo em que as sensações e sentimentos são representados por posturas do corpo em vários e diferentes contextos. Valores, fundamentos e perspectivas na prática de uma aprendizagem lúdica rompem barreiras e mitos sobre uma educação rígida baseada em regras e limites. Através da conscientização da importância do lúdico e da exploração dos movimentos corporais é possível constatar a contribuição que pode haver nesse campo de estudo que é a psicomotricidade. Equoterapia Uma das terapêuticas que pode vir a beneficiar as pessoas que apresentam um quadro de TEA é a Terapia Assistida por Animais (TAA). Entre as modalidades de TAA, destaca- se a equoterapia, a qual vem sendo muito usada no país, em resposta aos resultados positivos que vem proporcionando aos indivíduos que a praticam. O termo Equoterapia foi criado pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE), e sua etimologia é resultante do termo em latim equus: equídeos, como os cavalos, e do termo em grego therapeia: terapia. Essa modalidade de terapia engloba todas as atividades e técnicas que lançam mão do cavalo como mediador, procurando educar ou reabilitar pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, seja física e/ou psíquica. O cavalo é bastante utilizado para esta terapia, porque é um animal bastante inteligente e que apresenta boa memória, podendo reconhecer as pessoas e memorizar os lugares, objetos, acontecimentos, podendo inclusive, refletir o modo como uma determinada pessoa o trata. Já na antiguidade, Hipócrates (458-370 a.C.) aconselhava o exercício de equitação para casos de insônia e para regeneração da saúde em todos os seus aspectos. Samuel T. Quelmalz apresentou a primeira referência literária ao movimento tridimensional do cavalo no ano de 1747, movimento que engloba deslocamentos para cima, para baixo, para os lados, assim como, para frente e para trás. Estes são movimentos que possibilitam grande variedade de estímulos sensoriais, por meio de sentidos como o tato, o olfato, a visão e a audição, permitindo a conscientização corporal pelo sujeito praticante, além de desenvolvimento da força muscular, aprimoramento da coordenação motora, e do equilíbrio. É importante ressaltar que não é uma terapêutica que tem como foco apenas a montaria, mas que também envolve a condução do animal, sua alimentação, o banho, a escovação e o encilhamento do cavalo, atividades que tem como função a aproximação e vinculação entre criança e animal. Sendo assim, na equoterapia, a relação com o cavalo possibilita ao indivíduo ganhos psicológicos e físicos, sendo uma atividade que pode potencializar a autoestima e confiança do sujeito praticante. 5. Conclusão Ao se encontrar diante de um diagnóstico de TEA, todas as famílias se perguntam sobre qual tipo de intervenção psico-educacional será a mais efetiva. No entanto, a resposta não é tão fácil, considerando a grande quantidade de tratamentos que têm sido apresentada. Ainda que algum resultado positivo possa ser demonstrado em diferentes trabalhos, os resultados devem ser interpretados com cuidado visto que são poucos os estudos metodologicamente bem controlados. Mesmo porquê, não existe uma única abordagem que se apresente totalmente eficaz para todas as crianças, em todas as etapas de suas vidas. Sendo assim, uma determinada intervenção que apresente um resultado eficiente em um certo período de tempo pode apresentar eficácia diferente em outras etapas da vida do indivíduo. Em contrapartida, um fator de consenso na literatura é a importância do diagnóstico e da intervenção precoce do TEA e seu relacionamento com o desenvolvimento subsequente. E por fim, outra questão que se deve considerar é a importância de a intervenção estar focada em toda a família e não apenas na pessoa com TEA. Bibliografia – Literatura Complementar Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2a. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000. Freire, H. B. G. (1999). Equoterapia, teoria e técnica: uma experiência com crianças autistas. São Paulo: Vetor. Marinho, H. R. B. et al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. Curitiba: Ibpex, 2007. Naumburg, M. (1991). A arteterapia: seu escopo e sua função. In E. F. Hammer (Org.), Aplicações clínicas dos desenhos projetivos (pp. 388-392). São Paulo: Casa do Psicólogo. Pereira, A.C.S.et. al.Transtorno do Espectro Autista (TEA): definição, características e atendimento educacional. Educação, Batatais, v. 5, n. 2, p. 191- 212, 2015. Rodrigues, M. C. J.; SPENCER, E. A Criança Autista: um estudo psicopedagógico. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2015. Schmidt C, Bosa C. A investigação do impacto do autismo na família: revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo. Interação. 2004;7(2):111-20.
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