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Apostila 
Avaliação Diagnostica e Intervenção no Espectro Autista 
 
Sumário: 
Introdução 
1. O Transtorno do Espectro Autista 
2. Avaliação Diagnóstica no Espectro Autista 
3. Intervenção no Espectro Autista 
4. Métodos Alternativos de Intervenção 
5. Conclusão 
Bibliografia – Literatura Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 A escola tem a obrigação, por lei, de atender todos os alunos, tendo ou 
não algum tipo de necessidade educacional especial. A avaliação escolar no 
processo de inclusão direciona a transformação da escola e das práticas 
pedagógicas, contribuindo para que todos tenham, de fato, o acesso à educação, 
que permaneçam e alcancem um aprendizado satisfatório, significativo e, além 
de tudo, socializador. 
 No contexto da inclusão é fundamental entender sobre os aspectos 
avaliativos e constatar a realidade sobre o processo em que se encontram os 
alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entretanto, os educadores 
encontram muitos entraves no processo de ensino e aprendizagem. Mesmo 
quando as escolas, apresentam profissionais de educação especial, ainda 
demandam de conhecimentos sobre metodologias, estratégias e práticas que 
possam oferecer uma intervenção adequada e um apoio ao aluno com 
necessidades educacionais especiais. 
A avaliação de alunos com suspeita de TEA deve ser ampla e, sempre 
que possível, ser realizada através de uma equipe multiprofissional. 
Considerando que o TEA afeta diversas áreas, portanto, abrange a atuação 
profissional de especialistas de inúmeros campos da área da saúde e da 
educação. 
Com a intenção de uma unificação dos dados e a formulação de uma 
avaliação rigorosa e sistemática, é sugerido o uso de instrumentos padronizados 
para a avaliação do comprometimento e nível funcional do aluno que possibilitem 
a produção de um projeto terapêutico e pedagógico específicos para cada 
sujeito. É de responsabilidade do profissional a escolha dos instrumentos que 
melhor se adequem a cada caso, contudo, cada instrumento tem a sua 
especificidade. 
Alguns destes instrumentos são de uso restrito a algumas profissões, no 
entanto, não demandam uma formação específica, mas, requerem um 
 
treinamento prévio do profissional. Antes de seu uso, portanto, é sugerida uma 
consulta aos manuais de aplicação e correção dos instrumentos. 
 Em se tratando de intervenções educacionais no espectro autista, deve 
ser efetuada uma personalização metodológica, levando em consideração as 
características individuais de cada aluno. Desse modo, não é possível formular 
receitas de intervenção mas, no entanto, existe uma listagem básica de métodos 
de intervenção padronizados, os quais podem ser utilizados individualmente ou 
em conjunto, ou somente analisados como base teórica para a elaboração de 
métodos próprios de cada docente e de cada situação educativa. Portanto, as 
intervenções podem e devem ser complementadas com a análise das 
metodologias novas que surgem a cada dia 
 
1. O Transtorno do Espectro Autista 
O termo autismo foi mencionado inicialmente por Eugene Breuler, em 
1911, para caracterizar os sintomas negativos e a alienação social de indivíduos 
que sofriam de esquizofrenia. Somente mais tarde em 1943, Leonard Kanner e 
Hans Asperger fizeram suas primeiras publicações utilizando-se do termo para 
descrever crianças com dificuldades de estabelecer contato afetivo e falha na 
comunicação. 
O Dr. Leo Kanner foi um psiquiatra austríaco, que contribuiu muito para 
as pesquisas sobre autismo com a publicação, em 1943, de uma pesquisa com 
o título de "Autistic Disturbances of Affective Contact" (Distúrbios Austísticos do 
Contato Afetivo). 
A grande originalidade do Dr. Kanner foi a de individualizar, em um grupo 
de crianças que lhe foram encaminhadas, uma nova síndrome, reunindo sinais 
clínicos específicos, formando um quadro clínico totalmente à parte e 
diferenciado das síndromes psiquiátricas existentes, como a conceituada 
inicialmente por Eugene Bleuler. As descrições do Dr. Kanner foram tão precisas 
que sua definição de autismo, em sua essência, continua sendo empregada até 
os dias atuais. 
 
 Mais recentemente no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos 
Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), conhecida como 
DSM, foi descrito que o sujeito com Transtorno do Espectro Autista pode 
apresentar uma dificuldade na interação e comunicação social, como 
estabelecer um diálogo com outra pessoa, e apresentar comportamentos e 
interesses restritos e repetitivos, como uma fala estereotipada e rotinas 
ritualizadas, por exemplo. 
Tal manual obteve recentemente uma atualização, publicada no ano de 
2013, na qual os diversos quadros de autismo foram englobados no TEA, 
designando no eixo de Transtornos do Neurodesenvolvimento. Assim como, 
foram incorporados ao TEA "(...) autismo infantil precoce, autismo infantil, 
autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno 
global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da 
infância e transtorno de Asperger." 
Conforme a última edição do DSM, o TEA apresenta maior incidência na 
população do gênero masculino, e o indivíduo pode ser diagnosticado entre um 
e dois anos de idade. No entanto, em casos mais graves, pode ser notado antes 
mesmo dos dozes meses, ou em casos mais leves, após o segundo ano de vida 
da criança. Os três sintomas principais destacados pelo manual são: 
• déficits na reciprocidade socioemocional; 
• déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados na 
interação social; 
 
• déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. 
O TEA apresenta níveis de gravidade, e estes níveis variam entre o três 
(mais grave) ao um (menos grave), tendo a possibilidade de ocorrer variação 
destes níveis com o tempo, ou até mesmo conforme o contexto no qual o sujeito 
está inserido. No nível três, ocorre uma deficiência grave na comunicação destes 
sujeitos e são utilizadas poucas palavras na interação com as outras pessoas. 
No nível dois, ocorre também uma dificuldade na comunicação, porém o 
 
indivíduo é capaz, mesmo que de forma peculiar, articular frases simples, já no 
nível um, o autista apresenta dificuldade para iniciar uma conversa, mas, no 
entanto, é capaz de desenvolver um diálogo. 
Além dos níveis de gravidade, o DSM em sua última versão apresentou 
os especificadores deste transtorno, substituindo as classificações de autismo 
encontradas nas edições anteriores. Tais especificadores podem ser: 
• com ou sem comprometimento intelectual; 
• com ou sem comprometimento da linguagem; 
• com catatonia; 
• associado a outro transtorno, seja do neurodesenvolvimento, 
mental e/ou comportamental; 
 
• associado a alguma condição médica, genética ou fator ambiental. 
Em se tratando da epidemiologia, o primeiro levantamento em relação ao 
autismo foi realizado no ano de 1966, o qual relatou um índice de prevalência de 
4,5 em 10.000 crianças na população de um condado no noroeste de Londres. 
Já os estudos atuais, mostram um índice de uma criança com autismo 
(prototípico) em cada 1.000 nascimentos, e em torno de mais quatro crianças 
com TEA a cada 1.000 nascimentos. O estudo em questão mostra uma 
prevalência discriminando os quadros de autismo prototípico do TEA. 
Independentemente de sua epidemiologia, a etiologia do autismo ainda é 
pouco conhecida, podendo ser influenciado por fatores genéticos ou alterações 
neurobiológicas. Além da genética e da neurobiologia, foi cogitada em alguns 
estudos uma relação entre o autismo e reações às vacinas, também podendo 
existir uma relação entre o autismo e uma propensão para adquirir doenças em 
geral, o que causaria ou intensificaria o quadro. 
Já o DSM inclui como fatores que predispõem ao surgimento de um 
quadro de autismo a influência do ambiente, emque a idade avançada dos 
 
progenitores, assim como baixo peso do recém-nascido e também contato com 
ácido valpróico, seriam situações que poderiam contribuir para o 
desenvolvimento do TEA. 
 
2. Avaliação Diagnóstica no Espectro Autista 
A avaliação neuropsicológica tem papel de averiguar se há existência e 
consequentemente avaliar a amplitude de alterações cognitivas por intermédio 
de uma análise quantitativa e qualitativa das principais funções mentais. Sendo 
assim, auxilia no diagnóstico médico neurológico ou neuropsiquiátrico, assim 
como aponta um prognóstico, indicações e readequações terapêuticas e 
também medicativas. 
 No Brasil a recomendação do Ministério da Saúde, é que o diagnóstico de 
TEA (Transtorno do Espectro Autista) seja dado a partir dos 3 anos, com o 
propósito de reduzir o falso positivo. Entretanto, alguns profissionais relatam que 
há muitos benefícios ao intervir precocemente, pois há uma melhora dos 
sintomas de uma maneira geral. Esta melhora significativa que ocorre do quadro 
clínico é pelo fato de que, quanto menor for a criança, mais plasticidade cerebral 
ela terá. Portanto, a recomendação é que a intervenção dê início assim que os 
sinais de alertas forem detectados, antes mesmo de um diagnóstico formal. 
 Os sinais de alerta são definidos como comportamentos que se 
diferenciam daquilo que é esperado dentro de um padrão de desenvolvimento 
habitual. Ocorre um padrão no desenvolvimento infantil, sendo assim quando 
existem atrasos nos aspectos que são esperados para a idade é um sinal de 
alerta. O que não significa necessariamente o diagnóstico positivo, mas sim que 
a criança pode ter risco para autismo. 
 Estes sinais de alerta são reconhecidos através de instrumentos 
padronizados para avaliação, assim como pela observação clínica. Um 
instrumento acessível até mesmo para os pais responderem é o M-CHAT que 
se aplica para bebês de 18 meses até 24 meses. 
 
É importante ressaltar que, apontar sinais de risco no M-CHAT não 
diagnostica que a criança se enquadra no TEA, mas sim que é preciso 
encaminha-la para uma avaliação diagnóstica mais específica feita por uma 
equipe profissional. Sendo assim, quando os sinais de alerta são detectados, 
aconselha-se a procura de uma avaliação aprofundada do quadro, objetivando 
constatar se a criança de fato se enquadra no TEA, e se existem outras 
condições médicas. Um paciente que apresenta sintomas mais leves é mais 
difícil de ser diagnosticado, considerando que seu desenvolvimento é mais 
próximo do esperado. 
O transtorno do espectro autista afeta cerca de quatro meninos para cada 
menina acometida. Os casos de autismo em meninas normalmente são mais 
graves, comprometedores e incapacitantes. 
Em torno de 80% dos sujeitos diagnosticados com TEA apresentam certo 
nível de deficiência intelectual. Outros transtornos podem estar associados, 
como o transtorno obsessivo compulsivo, o transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade, o transtorno de ansiedade generalizada, os transtornos 
de tiques, além de casos de epilepsia, transtornos do humor, alterações de sono 
e agressividade. 
Os bebês com autismo mostram considerável déficit no comportamento 
social, costumam evitar contato visual e mostram pouco interesse na voz 
humana, mesmo a da mãe. Eles não costumam apresentar uma postura 
antecipatória, para serem levantados, em muitos casos ficam indiferentes ao 
afeto e não demonstram expressão facial ao serem acariciados. 
Na maior parte dos casos, o pediatra é o primeiro profissional a levantar 
suspeitas da criança com TEA. Os professores, por estarem em constante 
contato com a criança, também são responsáveis por levantar suspeitas e 
comunicar o problema aos pais. No entanto, os profissionais mais adequados 
para efetuar um diagnóstico mais preciso são o neuropediatra ou o psiquiatra 
infantil. 
Há cinco critérios diagnósticos, conforme o DSM. São eles: 
 
• prejuízo em comunicação e interação social em múltiplos 
contextos; 
• padrão de comportamento repetitivo e restritivo de interesses ou 
atividades; 
• os sintomas devem estar presentes no período de desenvolvimento 
inicial da criança; 
• os sintomas provocam prejuízos significativos no funcionamento 
social, ocupacional ou outras áreas importantes; 
• Essas alterações não são mais bem explicadas por deficiência 
intelectual ou atraso global do desenvolvimento. 
A deficiência intelectual e os transtornos do espectro autista podem 
coexistir; para fazer o diagnóstico de comorbidade, a comunicação social deve 
ser abaixo do esperado para o nível de desenvolvimento. 
O diagnóstico é clinico, efetuado por meio de observação comportamental 
da criança, assim como através de entrevista com os pais ou responsáveis. Em 
muitos casos é requisitada a ajuda de outros profissionais, como 
fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos. Durante a avaliação comportamental, 
o médico faz uma análise do desenvolvimento da criança, procurando identificar 
se ela está aprendendo as habilidades básicas referentes à fala, à linguagem 
corporal e ao comportamento social. Um atraso em qualquer uma destas áreas 
pode demostrar sinal de que há um problema de desenvolvimento na criança. 
O profissional pode lançar mão de algumas escalas para auxiliar no 
processo diagnóstico. M-CHAT, CARS, ABC e PEP-R são alguns exemplos. 
A seguir está o link onde é possível fazer a consulta mais aprofundada 
destas escalas: 
https://www.ama.org.br/site/autismo/escalas/ 
 
Os sinais de alerta são claros desde os primeiros meses de vida de 
crianças com autismo, e são eles: 
https://www.ama.org.br/site/autismo/escalas/
 
Aos 4 meses: 
• Não acompanham objetos que são movidos em sua frente; 
• Não sorriem para as pessoas; 
• Não levam as mãos ou objetos à boca; 
• Não correspondem a sons altos; 
• Não emitem sons; 
• Não são capazes de sustentar a cabeça; 
• Perdem habilidades que já possuíam. 
Aos 6 meses: 
• Não procuram pegar objetos que se encontram próximos; 
• Não demonstram afeto por pessoas familiares, nem mesmo aos 
pais; 
• Não responde a sons emitidos nas proximidades; 
• Não emitem pequenas vocalizações e não sorriem. 
Aos 9 meses de idade: 
• Não sentam, mesmo com auxílio; 
• Não balbuciam; 
• Não reconhecem o próprio nome e nem pessoas próximas; 
• Não olham para onde é apontado; 
• Não correspondem às tentativas de interação. 
Aos 12 meses de idade: 
• Não engatinham e nem ficam em pé, mesmo quando são 
segurados; 
• Não entendem comandos e não apontam para objetos; 
• Não falam palavras como “mamãe” e “papai‟. 
Os sintomas deste transtorno podem variar de acordo com o nível de 
gravidade e se apresentar mais evidentes após os 3 anos de idade, quando a 
criança cai constantemente ao caminhar, quando a fala é incompreensível, 
 
quando apresenta dificuldade de brincar utilizando a imaginação, quando fala 
de si própria na terceira pessoa, quando não é capaz de verbalizar o próprio 
nome completo, não obtém sucesso ao jogar ou praticar uma série de atividades, 
dentre outros sintomas. 
 
A Importância do Diagnóstico Precoce 
 O diagnóstico efetuado durante os anos pré-escolares ainda é bastante 
raro, mesmo com as afirmações de que a intervenção precoce é o melhor 
procedimento para o desenvolvimento da criança autista. Isso ocorre, em parte, 
devido a carência de conhecimento a respeito do desenvolvimento normal de 
uma criança, em particular na área da comunicação não-verbal, sendo o prejuízo 
nas habilidades de atenção compartilhada, como gestos e comentários 
espontâneos com a intenção de compartilhar curiosidades sobre os 
acontecimentos ao redor, o marcador mais significativo. 
 A situação mais ocorrente é que as preocupações dos pais e dos 
profissionais são despertadas através do atraso na fala da criança do que por 
meio dos aspectos sociais do comportamento fora do padrão nestascrianças. O 
diagnóstico preciso não é um trabalho simples para o profissional, considerando 
que podem existir problemas para distinguir entre crianças com autismo e 
crianças não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem, por 
exemplo. Entretanto, aos 3 anos de idade, as crianças tendem a corresponder 
aos critérios de autismo em uma diversidade de medidas diagnósticas. 
 Contudo os prenunciadores do desenvolvimento subsequente são tanto 
o grau de comunicação quanto as habilidades cognitivas nos anos pré-escolares. 
Desta maneira, existem razões suficientes para justificar os esforços na 
identificação das crianças com autismo, Considerando as vantagens do 
tratamento precoce. 
 
3. Intervenção no Espectro Autista 
 
A legislação brasileira que trata da educação especial, garantiu o direito 
das pessoas com necessidades educacionais especiais de se matricularem em 
uma escola de ensino normal. Ao mesmo tempo em que garantiu o direito de 
fazerem parte de um contexto educativo, constituindo um grande avanço, 
também surgiu uma problemática para as instituições de ensino regular: a 
adequação não apenas do espaço físico e qualificação dos profissionais para 
atender estes alunos, mas principalmente, os procedimentos metodológicos que 
deveriam ser aplicados. 
Orientando estes procedimentos há o psicopedagogo como agente de 
inclusão na escola e na sociedade, com um papel fundamental, principalmente 
se for considerada a concepção interdisciplinar da docência, permitindo que o 
psicopedagogo se torne um mediador aluno-escola-família. 
Nos centros especializados em atendimento aos autistas, são aplicadas 
metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem que trazem resultados 
muito positivos, sendo que o psicopedagogo tem um papel fundamental em 
avaliar e elaborar estratégias de ensino para o estímulo do autista, para que este 
conquiste, dentro de sua realidade, a maior independência possível. Mas surgem 
algumas questões: como a escola deve receber o aluno autista e trabalhar de 
forma adequada com este aluno? É possível que métodos de ensino utilizados 
em escolas especiais para autistas sejam adaptados ao currículo escolar? 
Devido à grande variabilidade de fenótipos clínicos e de alterações 
biológicas no espectro autista, muitos médicos e pesquisadores questionam a 
possibilidade de uma etiologia única para todo o conjunto do TEA, assim como, 
uma abordagem totalmente unificada para as intervenções, pedagógicas e de 
reabilitação, fundamentadas em evidências. 
Uma vez que as causas biológicas do autismo ainda não foram muito bem 
determinadas, tratamentos definitivos e curativos ainda não são possíveis. No 
entanto, uma avaliação diagnóstica precoce, pode auxiliar os profissionais de 
saúde e educação a intervirem e desenvolverem tratamento paliativos e 
programas de prevenção para esses sujeitos, que, com frequência, podem 
reduzir a gravidade do transtorno. Se as intervenções forem iniciadas cedo, os 
 
esforços de prevenção, em muitos casos, podem alterar de maneira bastante 
significativa a trajetória de desenvolvimento de uma criança autista. 
A seguir estão três metodologias que compõem uma listagem básica de 
métodos de intervenção padronizados para o espectro autístico: 
 
➢ TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens 
na Comunicação) 
As estratégias de intervenção do TEACCH foram efetuadas com 
pesquisas sobre o funcionamento próprio do autismo, com ênfase nas áreas da 
linguagem, da cognição e do comportamento social. Os fatores de concretização 
do TEACCH consistem em uma estrutura física bem delimitada, com a 
designação de um espaço para cada função, atividades sequenciadas, nas quais 
as crianças saibam o que se exige delas, utilização direta de apoio visual, como 
murais ou cartas com imagens. A organização e sinalização adequada do 
ambiente físico permitirão que se favoreça o processamento das informações 
visuais pela criança autista. 
Assim, pode-se dizer que a estrutura do Método TEACCH envolve: 
- Organização da área física, com a disposição dos móveis oferecendo pistas 
visuais ao aluno, de forma que possa se deslocar independentemente dentro do 
espaço, evitando-se a distração e permitindo o reconhecimento da função de 
cada área disponibilizada; 
- Programação diária e utilização de rotinas, integradas em agendas, as quais 
mostram visualmente a rotina programada do aluno, permitindo a transição 
autônoma entre as atividades. Assim, a indicação visual da agenda individual vai 
depender do nível de compreensão e comunicação do aluno. 
- Método de ensino, sendo fundamental que no transcorrer do aprendizado de 
uma rotina pelo aluno autista, se posicione as atividades de modo sistemático e 
sequencial, com o intuito de evitar o excesso de instruções verbais. A concepção 
essencial da metodologia consiste em disponibilizar as melhores técnicas 
 
educacionais, para que cada aluno tenha a chance de progredir nas habilidades 
que contribuem para sua autonomia no cotidiano, através do planejamento de 
estruturas ambientais que compensem eventuais déficits. 
 
 
➢ PECS (Sistema se Comunicação Alternativa por figuras) 
Esta é uma das metodologias mais difundidas e utilizadas com alunos 
autistas. Foi criado pelo psicólogo Andrew Bondy e pela fonoaudióloga Lori Frost, 
em 1985. O método tem o objetivo de estimular a comunicação e amenizar 
problemas de comportamento através de um contexto estruturado e concreto. 
Trata-se de um sistema de comunicação expressiva, onde o indivíduo pode 
demandar de modo funcional e adequado suas necessidades e desejos, 
referenciando-se em fotos, materiais concretos ou figuras. 
O PECS apresenta seis fases: 
Fase I - Troca Física: normalmente efetuada na presença de dois técnicos: o 
facilitador, que se posiciona atrás do aluno, com a função de ajudar fisicamente 
o aluno a trocar a figura pelo item desejado. O técnico comunicativo ficará com 
as mãos abertas para receber a figura, enquanto com a outra mão entrega 
imediatamente o item desejado ao aluno, nomeando-o. 
Fase II - Distância e Persistência: os técnicos vão estimular o aluno a trocar de 
forma espontânea o item desejado, aumentando paulatinamente a distância 
entre o aluno e material comunicativo. 
Fase III - Discriminação entre figuras: coloca-se duas figuras no material 
comunicativo: uma desejada e outra não desejada, incentivando o desejo de 
escolha do aluno. Quando o aluno opta pela figura de desejo, o profissional 
repetirá a tarefa, aumentando gradualmente o número de figuras semelhantes, 
no sentido de favorecer o aluno a aprender a fazer escolhas entre objetos 
igualmente desejados. 
 
Fase IV - Aumentar a estrutura da frase: o aluno interage colocando a sequência 
de figuras em uma tira, formando uma frase simples. Inicialmente, fixa-se a 
referência “eu quero” à esquerda, enquanto ao lado é colocado seu objeto de 
desejo. Ao entregar ao técnico, este lerá simultaneamente a frase. 
Fase V – Respondendo – o que você quer?: a criança é incentivada a demandar 
seus objetos de desejo respondendo a questão indicada pelo técnico: “O que 
você quer?” colocada no seu material comunicativo, iniciando-se a comunicação 
espontânea através da troca de figuras. 
Fase VI – Respondendo espontaneamente: a criança compõe sentenças 
respondendo, espontaneamente, a questão “O que você quer?” / “O que você 
ouve?”, posicionando a figura “eu quero” / ”eu ouço” na tira do seu material 
comunicativo e a imagem do objeto aprendido. 
 
➢ ABA (Análise Comportamental Aplicada) 
A Análise do Comportamento consiste em uma ciência que fornece 
conhecimentos experimentalmente comprovados sobre como e porque o 
comportamento ocorre. Quando esta pesquisa é utilizada para favorecer o 
comportamento socialmente significativo, considera-se que é aplicada. Pode-se 
definir a ABA como uma tecnologia aplicadaem situações concretas, onde 
comportamentos apropriados e inapropriados podem ser favoravelmente 
modulados. 
A estrutura da intervenção com a utilização da ABA para crianças autistas, 
pode ser dividida em fases: 
1ª Fase: avaliação comportamental, procurando indicar as variantes que a 
controlam; 
2ª Fase: seleção de metas e objetivos, com o desenvolvimento da comunicação, 
adequação dos comportamentos sociais e generalização dos comportamentos 
aprendidos; 
 
3ª Fase: desenvolvimento dos programas de tratamento, onde se determina com 
clareza quais comportamentos devem ser ensinados, sendo fundamental que se 
faça um diagnóstico prévio sobre o que a criança já sabe para que, no decurso 
do programa, seja possível avaliar sua evolução; 
4ª Fase: efetivação da intervenção, sendo que, cada vez que uma nova 
habilidade for ensinada, apresenta-se uma instrução, em que comportamentos 
desejáveis são reforçados de modo que o aprendizado se torne prazeroso, 
enquanto que os comportamentos indesejáveis não são reforçados, o que 
demanda habilidade e experiência do profissional. 
Vários profissionais estão envolvidos no processo de intervenção de uma 
criança com TEA. É de suma importância que o indivíduo seja 
atendido por uma equipe interdisciplinar que esteja conectada e coordenada 
em relação aos conceitos e forma de trabalhar com essas crianças. 
Intervenções em conjunto que englobem psico-educação, suporte e 
orientação de pais, terapia comportamental, fonoaudiologia, treinamento de 
habilidades sociais, dentre outros, podem ajudar na otimização da qualidade de 
vida da criança autista. 
Os pais são os principais parceiros no processo de intervenção, 
considerando que costumam conviver um maior tempo com a criança, podem 
estimular seus filhos nas atividades do dia a dia. Para esta atuação dos pais, faz-
se necessário o apoio profissional e pedagógico. Em alguns casos, o suporte 
psicológico também pode ser importante. 
Para o início do tratamento é importante a elaboração de um plano 
individual de tratamento, levando em consideração as necessidades individuais 
de cada indivíduo, o grau dos sintomas, a disponibilidade e a participação da 
família no tratamento. 
Também é de extrema importância para um bom resultado, a criação de 
um plano individual de educação, formulado com o auxílio de psicopedagogos e 
orientadores educacionais, procurando a estimulação e desenvolvimento da 
aprendizagem no ambiente escolar inclusivo. 
 
A criança com TEA precisa ser exposta a um ambiente doméstico e 
escolar rico em estímulos sensoriais diversos, envolvendo os cinco sentidos. É 
comprovado cientificamente que até os 4 anos de idade, essas intervenções 
mostram resultados bastante positivos. As habilidades sociais também precisam 
ser ensinadas e treinadas seja na escola ou em qualquer outro ambiente que a 
criança frequente. 
4. Métodos Alternativos de Intervenção 
Da mesma maneira que a etiologia do TEA ainda é incerta, a sua cura 
também se encontra na mesma situação. Ocorre uma carência de estudos que 
tratem sobre a cura do autismo, devido à crença dos profissionais a respeito da 
sua irreversibilidade, considerando que a concepção de cura estaria relacionada 
à remissão completa dos sintomas apresentados. 
Enquanto a causa e cura se encontram incertas, portadores do TEA 
podem contar com várias medidas de intervenções, disponibilizadas em diversas 
modalidades terapêuticas, que não objetivam a cura no sentido literal, mas, no 
entanto, possibilitam o desenvolvimento de um comportamento funcional desses 
indivíduos, tornando-os mais independente, assim como podendo minimizar o 
desgaste físico e emocional dos portadores de TEA. Em relação à medicação, 
ainda não é possível se encontrar um fármaco que seja específico para quadros 
de autismo. 
Desde os anos de 1970 existe uma predominância de intervenções com 
foco psico-educacional, fundamentadas nas diversas teorias da aprendizagem, 
mas, no entanto, alguns profissionais e pais acreditam que algumas terapêuticas 
secundárias também podem promover um desenvolvimento positivo nas 
habilidades de comunicação e na redução de sintomas associados ao autismo. 
As terapias alternativas consideram que o vínculo afetivo é um ponto central para 
o desenvolvimento humano, principalmente quando se pensa sob a ótica de uma 
teoria psicanalítica relacional. 
Tais terapêuticas alternativas complementares podem envolver a 
utilização da música, arte ou terapia com animais. No entanto, é possível 
acreditar que a partir do momento que uma terapêutica é colocada em prática, 
 
esta deixa de ser algo alternativo, passando a ser de fato uma modalidade de 
terapia. 
 
 
 
Arteterapia 
“A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível” – Leonardo 
Da Vinci. 
 
Nos anos de 1960 a arteterapia passou a ser reconhecida como um 
dispositivo terapêutico que absorve os saberes das áreas do conhecimento. De 
acordo com alguns estudos, a arteterapia pode estimular a imaginação, liberar 
as manifestações de símbolos, trabalhar a expressão criativa, assim como a 
afetividade. Esta técnica busca lidar com o indivíduo em sua totalidade. 
Unindo conceitos de arte e psicologia, a arteterapia é uma das linhas 
terapêuticas que podem ser aplicadas para auxiliar no processo de 
 
aperfeiçoamento das habilidades do sujeito portador de TEA. Conforme 
a American Art Therapy Association (Associação Americana de Arte Terapia), 
esta terapia lança mão do processo criativo para otimizar e aperfeiçoar o bem-
estar físico, mental e emocional de pacientes de todas as idades. 
Esta terapia pode ser uma alternativa em complemento à tratamentos 
considerados tradicionais, direcionados ao TEA. Através da utilização de 
recursos como desenho, pintura, cerâmica, escultura, fotografia ou vídeos, a 
arteterapia pode contribuir para humanizar os cuidados e pode ser um facilitador 
para o autista poder expressar o que sente, o que pensa e o modo com o qual 
percebe e sente o mundo ao seu redor. 
A arteterapia exercita a imaginação, colabora com habilidades sociais, 
assim como com a conexão com pessoas e, também, na comunicação seja ela 
verbal ou não. Também pode ser uma ferramenta para auxiliar no trabalho com 
as questões sensoriais, como sons, luzes, cheiros, texturas, que em alguns 
casos são aspectos desafiadores para quem apresenta TEA. 
A terapia artística possibilita a transformação dos comportamentos em 
arte, mesmo aqueles que podem ser considerados negativos. O que pode levar 
o indivíduo com TEA a converter sua compulsividade de rasgar papel em arte, 
por exemplo. 
Embora ainda se encontrem poucos trabalhos na literatura a respeito do 
impacto da arteterapia no desenvolvimento do indivíduo que apresenta o 
espectro autista, os poucos trabalhos têm apontado para diversos benefícios em 
seu desenvolvimento. Inclusive, um estudo publicado em 2020 na revista Arts in 
Psychotherapy, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual da 
Flórida, buscou acompanhar o trabalho de arteterapeutas e encontrar a maneira 
mais eficaz de usar este tratamento em favor do indivíduo com TEA. O objetivo 
foi avaliar as técnicas de abordagem que estão sendo abordadas e através disto 
oferecer diretrizes para orientar a prática e estabelecer um consenso entre os 
profissionais que a aplicam. 
 
Algumas das abordagens mais eficazes indicadas por esta pesquisa 
foram: 
• utilizar a mesma rotina para começar cada sessão; 
• explicar as instruções de maneira simples e consistente; 
• despertar a curiosidade para ensinar novas habilidades; 
• atentar para as transições entre as atividades. 
A Música Como Intervenção Terapêutica 
 
 
Nos dias de hoje, através do avanço de estudos focados no Transtorno 
do Espectro Autista é possível reconhecer a música como um recurso bastante 
eficaz no tratamento do TEA. A musicoterapiavem sendo cada vez mais 
reconhecida junto com as demais intervenções realizadas entre os autistas, 
 
considerando que o objetivo principal da musicoterapia é criar uma via de 
comunicação social. 
 Na primeira infância, em grande parte das crianças, há uma inclinação 
para a música. Isto ocorre em todas as culturas e provavelmente reporta aos 
primórdios da humanidade. A música está presente em diversos ritos sociais, em 
diferentes fases da vida de uma pessoa. Contudo, a música passa a integrar à 
memória do sujeito. A música vem a ser um importante potencial terapêutico 
para indivíduos com doenças neurológicas como Alzheimer, síndromes do lobo 
frontal, amnésias, acidentes vasculares, assim como o Autismo. 
As respostas de uma pessoa ao som e à música são influenciadas por 
diversos fatores que vão desde a receptividade física ao som até as habilidades 
de senso percepção, educação, cultura e contexto social em que o sujeito está 
inserido. O som é uma das primeiras experiências sensoriais de um sujeito. 
Dentro do útero o feto é submetido aos estímulos sonoros, como os batimentos 
cardíacos, o ritmo respiratório, a voz da mãe, e outros sons produzidos pelo 
corpo materno, assim como os sons vindos do ambiente externo ao útero. 
A experiência musical mobiliza áreas cerebrais como o neocortex, as 
áreas do tronco cerebral, o cerebelo e a amígdala cerebral. As vibrações sonoras 
produzem diferentes movimentos nas células receptoras ciliares, que se 
encontram no ouvido interno e são transmitidas para centros do tronco cerebral. 
Os estímulos sonoros nas células ciliares são conduzidos através do nervo 
auditivo até o córtex auditivo que está localizado no lobo temporal. 
A senso-percepção acontece, no primeiro estágio musical, nas regiões de 
projeção encontradas no lobo temporal, no córtex auditivo ou mesmo na área 
auditiva primária que é responsável pela decodificação da altura, timbre, 
contorno e ritmo musical. Esta área está conectada ao restante do cérebro em 
circuitos de ida e volta, com regiões relacionadas com a memória, como o 
hipocampo, as áreas de regulação motora e emocional, o cerebelo, a amígdala 
e com o núcleo acumbens, que está relacionado a sensação de prazer e 
recompensa. 
 
A música por ser processada no cérebro também pode afetar seu 
funcionamento. Através da exposição musical são desencadeadas alterações 
fisiológicas, como dos ritmos elétrico cerebrais, variabilidade dos ritmos da 
frequência cardíaca, dos ritmos respiratórios, dos ciclos de sono e vigília. 
Também é desencadeada a produção de inúmeros neurotransmissores 
relacionados à recompensa, ao prazer e ao sistema de neuromodulação da dor. 
Reflete também na produção de neutrofinas, geradas pelo cérebro em situações 
desafiadoras, determinando a longevidade de neurônios, como também 
desencadeando mudanças nos padrões de conectividade na plasticidade 
cerebral. 
A experiência musical provoca uma mudança estrutural no cérebro. O 
treino musical pode elevar o tamanho, a conectividade entre os neurônios de 
várias regiões, como o corpo caloso, o cerebelo e o córtex motor. Sendo assim, 
a exposição à música pode ser uma estratégia única para a ampliação do 
desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com transtornos ou 
disfunções do neurodesenvolvimento. 
Considerando que nas crianças autistas há uma defasagem na interação 
social, na linguagem, na comunicação e interesses, podemos afirmar que a 
música pode ser uma estratégia eficaz de tratamento e de aprendizagem, além 
de ser uma possibilidade de expressão e comunicação mais acessível aos 
indivíduos com TEA. Autistas que apresentam déficits linguísticos, podem se 
beneficiar de experiências relacionadas ao canto. 
Há casos em que, através do uso da Terapia com Entonação Melódica 
(MIT) adaptada, obtiveram-se resultados positivos na aquisição de linguagem 
em casos de déficits linguísticos graves. Na intervenção neuropsicológica em 
indivíduos com TEA, ocorre evidências de que a utilização da música provoca 
uma ativação dos neurônios espelho, que são neurônios recrutados para a ação 
e para a observação da mesma ação executada por outra pessoa. Da mesma 
maneira que a linguagem, o aprendizado da música ocorre em grande parte por 
meio da capacidade de imitação, o que provoca um conjunto de processos 
cognitivos e emocionais, permitindo uma flexibilidade mental, o 
 
compartilhamento de emoções, o fortalecimento de vínculos, assim como, o 
desenvolvimento da empatia. 
Portanto, através da participação de uma experiência musical, a criança 
pode presenciar uma transformação de processos neurofisiológicos e 
psicológicos que permitem o desenvolvimento das áreas motora, perceptiva e 
cognitiva, ativando em conjunto processos afetivos e de socialização. 
Psicomotricidade 
 
 
 
 Não é difícil de encontrar na escola alunos que não conseguem 
acompanhar os amigos da sala. Nestes casos podem ser vários os motivos 
causadores desta dificuldade. Um destes motivos está relacionado a 
problemas mais sérios como o TEA, por exemplo. Quando um portador de 
TEA não é encaminhado para um trabalho psicomotor, ele pode ter um 
atraso considerável em seu desenvolvimento global. Nesta circunstância a 
 
criança pode apresentar vários problemas como de linguagem, escrita, 
leitura e de postura, por exemplo. 
 A psicomotricidade é uma ferramenta que oferece apoio na solução 
de problemas que surgem na aprendizagem. Esta ferramenta permite aos 
educadores desenvolverem melhor suas atividades, podendo trabalhar o 
lado motor e o emocional do aluno. Desta maneira é importante o educador 
lançar mão da psicomotricidade, para garantir a melhoria e a qualidade do 
processo de ensino e aprendizagem, assim como otimizar o 
desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais 
como forma de inclusão. 
 A psicomotricidade apoia o desenvolvimento psicomotor do aluno, o 
que o capacita para assimilar melhor as informações escolares. É um recurso 
necessário para auxiliar os educadores em sala de aula. Um bom 
desenvolvimento psicomotor propicia ao aluno algumas das habilidades 
básicas para obter desempenho escolar mais satisfatório. A 
psicomotricidade lança mão do movimento para obter outras capacidades 
mais elaboradas, como a capacidade intelectual. 
 Os movimentos psicomotores exercitados coletivamente ou mesmo 
individualmente têm como meta assessorar o aluno a vivenciar e conhecer 
melhor seu corpo, assim como capacitar as habilidades motoras, 
desenvolver seu equilíbrio, orientar o aluno dentro do espaço e do tempo, 
entre outras. A psicomotricidade é uma ferramenta fundamental, pois ela 
permite ao aluno ter a consciência de seus movimentos corporais através 
das suas emoções. Na psicomotricidade o movimento do corpo não é o mais 
importante, mas a atuação corporal em si. 
 O corpo é um sistema integrado que se relaciona com o mundo a sua 
volta, seja no meio físico ou cultural. Para o indivíduo ter consciência de seu 
corpo é necessário obter conhecimentos anatômicos, bioquímicos, 
psicológicos, entre outros. Estes conhecimentos permitem ao indivíduo fazer 
uma análise crítica, assim como escolhas e realizações que regulem suas 
próprias atividades corporais. Portanto, compreender as diversas definições 
 
relacionadas ao movimento corporal torna-se fundamental ao permitir que o 
docente obtenha uma melhor compreensão na comunicação com seus 
alunos com TEA, já que as crianças também se comunicam através dos 
movimentos. 
 Os fundamentos da psicomotricidade são as estruturas psicomotoras 
que se modificam no decorrer do tempo, permitindo o desenvolvimento e a 
devida estruturação do indivíduo. Portanto, estas funções psicomotoras são 
usadas na prática, almejando a evolução do indivíduo em desenvolvimento 
de acordo com as experiências vivenciadas. 
 O amadurecimentodas funções psicomotoras está diretamente ligado 
ao desenvolvimento das funções neurológicas. No decorrer do trabalho de 
psicomotricidade é importante que o educador observe e analise o 
desenvolvimento das funções em cada indivíduo, seus processos e a sua 
evolução. Cada criança tem seu próprio tempo de desenvolvimento, suas 
características e sua maneira individual de se desenvolver, que deverá ser 
observada atentamente pelo educador. 
 São várias as características que necessitam ser trabalhadas com as 
crianças com TEA, dentre elas a comunicação, o esquema corporal, o tônus, 
assim como o movimento. Portanto a compreensão de tais aspectos é de 
fundamental importância para que o desenvolvimento infantil aconteça 
plenamente, desde que os mesmos sejam aplicados adequadamente. 
 Esquema corporal é uma consciência de conjunto, ou mesmo um 
conhecimento automático que o indivíduo tem do corpo em posição estática 
ou em movimento, na relação entre as suas várias partes e, sobretudo, nas 
relações com o espaço e os objetos que o rodeiam. Esquema corporal é a 
consciência do corpo como veículo de comunicação com o meio e consigo 
mesmo. Um desenvolvimento eficiente do esquema corporal pressupõe uma 
adequada evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, 
e também da afetividade. 
 Por sua vez tônus é o termo da fisiologia referente à contração 
muscular. Portanto, o tônus se relaciona a vários fatores que permitem ao 
 
ser humano se relacionar com o meio ambiente através de movimentos, 
incluindo, entre outros, equilíbrio, coordenação e dissociação. O tônus é 
responsável por dar suporte à comunicação através da linguagem corporal. 
 O diálogo tônico é uma das expressões que são bastante utilizadas 
na psicomotricidade. Mesmo que as pessoas deixem de usar a expressão 
oral, elas podem se comunicar através de posturas e gestos, permitindo que 
o corpo se expresse transmitindo seus sentimentos, através das expressões 
tônicas. Sendo assim, os sentimentos podem ser transmitidos pelo corpo, 
permitindo, através de gestos e expressões corporais, um diálogo em que as 
sensações e sentimentos são representados por posturas do corpo em 
vários e diferentes contextos. 
 Valores, fundamentos e perspectivas na prática de uma 
aprendizagem lúdica rompem barreiras e mitos sobre uma educação rígida 
baseada em regras e limites. Através da conscientização da importância do 
lúdico e da exploração dos movimentos corporais é possível constatar a 
contribuição que pode haver nesse campo de estudo que é a 
psicomotricidade. 
 
Equoterapia 
 
 
 
 
Uma das terapêuticas que pode vir a beneficiar as pessoas que 
apresentam um quadro de TEA é a Terapia Assistida por Animais (TAA). Entre 
as modalidades de TAA, destaca- se a equoterapia, a qual vem sendo muito 
usada no país, em resposta aos resultados positivos que vem proporcionando 
aos indivíduos que a praticam. 
O termo Equoterapia foi criado pela Associação Nacional de Equoterapia 
(ANDE), e sua etimologia é resultante do termo em latim equus: equídeos, como 
os cavalos, e do termo em grego therapeia: terapia. Essa modalidade de terapia 
engloba todas as atividades e técnicas que lançam mão do cavalo como 
mediador, procurando educar ou reabilitar pessoas que apresentam algum tipo 
de deficiência, seja física e/ou psíquica. 
O cavalo é bastante utilizado para esta terapia, porque é um animal 
bastante inteligente e que apresenta boa memória, podendo reconhecer as 
pessoas e memorizar os lugares, objetos, acontecimentos, podendo inclusive, 
refletir o modo como uma determinada pessoa o trata. 
 
Já na antiguidade, Hipócrates (458-370 a.C.) aconselhava o exercício de 
equitação para casos de insônia e para regeneração da saúde em todos os seus 
aspectos. Samuel T. Quelmalz apresentou a primeira referência literária ao 
movimento tridimensional do cavalo no ano de 1747, movimento que engloba 
deslocamentos para cima, para baixo, para os lados, assim como, para frente e 
para trás. Estes são movimentos que possibilitam grande variedade de estímulos 
sensoriais, por meio de sentidos como o tato, o olfato, a visão e a audição, 
permitindo a conscientização corporal pelo sujeito praticante, além de 
desenvolvimento da força muscular, aprimoramento da coordenação motora, e 
do equilíbrio. 
É importante ressaltar que não é uma terapêutica que tem como foco 
apenas a montaria, mas que também envolve a condução do animal, sua 
alimentação, o banho, a escovação e o encilhamento do cavalo, atividades que 
tem como função a aproximação e vinculação entre criança e animal. 
Sendo assim, na equoterapia, a relação com o cavalo possibilita ao 
indivíduo ganhos psicológicos e físicos, sendo uma atividade que pode 
potencializar a autoestima e confiança do sujeito praticante. 
 
5. Conclusão 
 Ao se encontrar diante de um diagnóstico de TEA, todas as famílias se 
perguntam sobre qual tipo de intervenção psico-educacional será a mais efetiva. 
No entanto, a resposta não é tão fácil, considerando a grande quantidade de 
tratamentos que têm sido apresentada. 
 Ainda que algum resultado positivo possa ser demonstrado em diferentes 
trabalhos, os resultados devem ser interpretados com cuidado visto que são 
poucos os estudos metodologicamente bem controlados. Mesmo porquê, não 
existe uma única abordagem que se apresente totalmente eficaz para todas as 
crianças, em todas as etapas de suas vidas. Sendo assim, uma determinada 
intervenção que apresente um resultado eficiente em um certo período de tempo 
pode apresentar eficácia diferente em outras etapas da vida do indivíduo. 
 
 Em contrapartida, um fator de consenso na literatura é a importância do 
diagnóstico e da intervenção precoce do TEA e seu relacionamento com o 
desenvolvimento subsequente. E por fim, outra questão que se deve considerar 
é a importância de a intervenção estar focada em toda a família e não apenas 
na pessoa com TEA. 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia – Literatura Complementar 
Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2a. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 
2000. 
Freire, H. B. G. (1999). Equoterapia, teoria e técnica: uma experiência com 
crianças autistas. São Paulo: Vetor. 
Marinho, H. R. B. et al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e 
psicomotricidade. Curitiba: Ibpex, 2007. 
Naumburg, M. (1991). A arteterapia: seu escopo e sua função. In E. F. Hammer 
(Org.), Aplicações clínicas dos desenhos projetivos (pp. 388-392). São Paulo: 
Casa do Psicólogo. 
Pereira, A.C.S.et. al.Transtorno do Espectro Autista (TEA): definição, 
características e atendimento educacional. Educação, Batatais, v. 5, n. 2, p. 191-
212, 2015. 
Rodrigues, M. C. J.; SPENCER, E. A Criança Autista: um estudo 
psicopedagógico. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2015. 
 
Schmidt C, Bosa C. A investigação do impacto do autismo na família: revisão 
crítica da literatura e proposta de um novo modelo. Interação. 2004;7(2):111-20.

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