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secao 1 - reclamacao trabalhista

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) DO TRABALHO DA VARA DE FLORIONOPOLIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA.
JONAS FAGUNDES, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o nº. 123.456.789-00, residente e domiciliado na Rua das Acácias, nº 100, bairro União, em Florianópolis/SC, CEP 88.010-030, através de seu advogado (procuração em anexo) com fundamento, com fundamento nos artigos 840, § 1º da CLT e artigo 319 do NCPC, vem a presença de Vossa Excelência propor a presente 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,
sob o rito ordinário, em face da Lojas Mensa LTDA, inscrita no CNPJ nº. 15.155.000/0001-00, com sede na Alameda das Flores, nº.30, Lagoa da Conceição, Florianópolis/SC, CEP 88.010 – 000, , pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I - DA CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA
Requer a este douto juízo a concessão da justiça gratuita, conforme declaração de pobreza que segue em anexo, amparado pelo art.790, parágrafo terceiro da CLT, que assegura a referida isenção.
Dessa forma, requer a isenção do pagamento das custas em face do não prejuízo da reclamada em detrimento do seu sustento.
II - DOS FATOS 
O Reclamante afirma que foi contratado pelas Lojas Mensa Ltda. para realizar a montagem dos móveis comercializados pela empresa na capital catarinense. Segundo ele, não foi firmado contrato de trabalho, isto é, não houve a assinatura da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Aduz que foi celebrado contrato de prestação de serviços, que previa que ele deveria montar os móveis nos locais indicados pelas Lojas Mensa, ou seja, nas residências de seus clientes. 
No contrato que lhe foi apresentado consta também que a remuneração do Sr. Jonas Fagundes era de R$ 20,00 (vinte reais) por cliente visitado, com cuja atividade auferia mensalmente cerca de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais). Fagundes afirma que não teve possibilidade de negociar o valor por visita, isto é, ele foi estipulado unilateralmente pelo contratante.
Sua rotina, de segunda a sábado, consistia em sair de casa às 07h30, chegando às Lojas Mensa às 08h00, ocasião em que pegava a lista dos endereços dos clientes em que deveria comparecer para a montagem dos móveis. Após a montagem no último cliente, por volta de 20h00, ele tinha que ligar para o Sr. Manoel Silva, gerente da loja, para lhe informar sobre o término da prestação de serviços. 
Afirma que durante o trabalho era habitual receber ligações do Sr. Manoel solicitando que alterasse a rota dos clientes, uma vez que em muitas ocasiões surgiam montagens urgentes, que deveriam ser atendidas naquele momento. Assevera, também, que costumava almoçar em aproximadamente uma hora.
Ele tinha que comparecer diariamente nas Lojas Mensa, não podendo indicar outra pessoa para cumprir as tarefas que lhe eram destinadas. Caso faltasse, seria penalizado. 
Para realizar as visitas aos clientes em Florianópolis/SC, usava motocicleta de sua propriedade. Para tanto, além do contrato de prestação de serviços, outro foi firmado, referente ao aluguel do veículo, pelo qual as Lojas Mensa Ltda. pagavam R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês, já estando incluídos neste valor os gastos com combustível e manutenção da moto.
O contrato de prestação de serviços vigorou de 01/08/2016 até 31/01/2017, quando foi rescindido pelas Lojas Mensa, sob argumento de que a crise econômica teria inviabilizado sua manutenção. Pela rescisão do referido contrato, Jonas não recebeu qualquer multa ou aviso prévio, mas apenas o valor relativo à montagem dos móveis em janeiro de 2017. Não auferiu, também, montante relativo às férias ou ao décimo terceiro salário. Nesse mesmo ato também foi rescindido o contrato de locação da motocicleta.
Aduz que, além dele, a empresa somente tinha outros 04 (quatro) funcionários, que tinham o devido registro da CTPS.
III - DO DIREITO 
RECONHECIMENTO DO VINCULO EMPREGATÍCIO
A relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho que se caracteriza pela existência concomitante dos seguintes elementos: a) Trabalho prestado por pessoa física; b) Pessoalidade; c) Não eventualidade; d) Onerosidade; e e) Subordinação.
Esses elementos estão expressamente previstos no art. 3º, da CLT, que assim dispõe:
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
As Lojas Mensa se encaixam perfeitamente na definição de empregador constante no art. 2º, da CLT:
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
Não pode perder de vista a hipossuficiência do trabalhador e a proteção conferida a ele pelo Estado, consubstanciada em normas de proteção, que não podem ser afastadas pela vontade dos contratantes, eis que são de ordem pública, imperativas. A esse respeito vale transcrever trecho da lição de Arnaldo Süssekind (2001, p. 52): 
O princípio da proteção ao trabalhador resulta das normas imperativas, e, portanto, de ordem pública, que caracterizam a intervenção básica do Estado nas relações de trabalho, visando a opor obstáculos à autonomia da vontade. Essas regras cogentes formam a base do contrato de trabalho – uma linha divisória entre a vontade do Estado, manifestada pelos poderes competentes, e a dos contratantes.
Desta forma, de acordo com o Art. 9º da CLT -“ Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
Além do mais, em conformidade com o artigo 477 da CLT:
Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja êle dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970). 
De acordo com a OJ n.º 82 da SDI-I, do TST, “a data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado”, o que não ocorreu com o reclamante, tendo o mesmo direito de ter sua CTPS devidamente anotada e posteriormente dado baixa.
DURAÇÃO DE TRABALHO E TRABALHO EXTERNO
O art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, prevê que a duração normal do trabalho não deve superar 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, facultando-se a “compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.
O art. 58, caput, da CLT traz previsão similar, ou seja, no sentido de que a duração diária do trabalho não pode ser superior a 8 (oito) horas, “desde que não tenha sido fixado expressamente outro limite”.
Por sua vez, o art. 59 da CLT prevê a possibilidade de o trabalhador realizar 02 (duas) horas extras por dia, desde que haja previsão no contrato de trabalho, no Acordo Coletivo de Trabalho ou na Convenção Coletiva de Trabalho de que o trabalhador se compromete a realizar horas extras quando solicitado.
Ainda no que diz respeito à jornada de trabalho, o art. 62 do mesmo diploma legal prevê que não são abrangidos pelo regime de duração de trabalho previsto na CLT aqueles “empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados”.
No caso de Jonas a jornada era de 8:00 horas às 20:00 horas, de segunda a sábado, com uma hora de intervalo para refeição e descanso. Para se aferir a duração semanal do trabalho, deve-se levar em conta que o período destinado ao intervalo intrajornada (refeição e descanso) não é computado na jornada de trabalho, nos termos do art. 71, §2º, da CLT.
De acordo a OJ-SDI1-235 HORAS EXTRAS. SALÁRIO POR PRODUÇÃO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.04.2012) – Res. 182/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012:
Oempregado que recebe salário por produção e trabalha em sobrejornada tem direito à percepção apenas do adicional de horas extras, exceto no caso do em-pregado cortador de cana, a quem é devido o pagamento das horas extras e do adicional respectivo.
Tendo como base a duração de trabalho para os empregados em qualquer atividade privada, não excedendo a 8(oito) horas o expediente, podendo este ser alterado de acordo fixação expressa de outro limite, de acordo o art. 58 da CLT, podendo este ser acrescidas de horas suplementares, não superior a 2(duas) horas, desde que seja realizado um acordo escrito pelo empregador e o empregador ou mediante contrato de trabalho coletivo, devendo ser de acordo com o Art. 59 da CLT.
O reclamante faz jus ao recebimento do adicional de 50% referente as horas extras trabalhadas durante todo pacto laboral.
DO ALUGUEL DA MOTOCICLETA
De acordo com o art. 457 da CLT, além do salário, deverá ser considerado remuneração a integração baseando-se em contraprestação de serviços e gorjetas que o empregado vier a receber. Portanto, deve ser integrado o valor de R$ 1.500.00 (mil e quinhentos reais) ao salário do reclamante e seus reflexos.
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O direito ao recebimento do adicional de periculosidade está consagrado na Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º inciso XXIII. Todavia, sua definição é dada pelo art. 193, da CLT:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
 [Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012] I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; [Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012] II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. [Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012] § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. [Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977] § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. [Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977] § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. [Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012] § 4º - São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. [Incluído pela Lei nº 12.997, de 2014].
Não se pode olvidar da disposição do caput, do citado art. 193, que condiciona o pagamento do adicional em questão à regulamentação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego, o que foi feito pela Norma Regulamentadora n. 16 (Anexo 5).
Desta forma, devido ao Reclamante utilizar como meio de transporte a sua motocicleta, de acordo com o Art. 7º, inciso XXIII da CF, que tem com base a remuneração por atividades penosas, perigosas e insalubres, tem direito ao recebimento do adicional de periculosidade.
III – DOS PEDIDOS
Do exposto, requer:
a) A citação para comparecer à audiência e responder a inicial sob pena de revelia de acordo com o Art. 844 da CLT.
b) A condenação ao reconhecimento do vínculo empregatício; no período 01 de Agosto de 2016 até 31 de Janeiro de 2017 como o pagamento das seguintes verbas rescisórias:	
b.1) Aviso prévio de 30 (trinta) dias;
b.2) 7/12 de férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional;
b.3) 2/12 de décimo terceiro salário proporcional;
b.4) Multa de 40% sobre FGTS.
c) Também a condenação do reclamado ao pagamento das seguintes verbas, como se apurar em liquidação da sentença:
c.1). Pagamento da multa de prevista no Art. 477, §8º da CLT. 
c.2). Adicional de 50% referente as horas extras que excederem as 8 (oito) horas diárias, 44 (quarenta e quatro) horas semanais durante o pacto laboral.
c.3). A interpretação do valor de R$ 1.500.00 (mil e quinhentos reais) ao salário do reclamante, isto é, para que seja compelida ao pagamento de 30 (trinta) dias de aviso prévio, de 7/12 de férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 2/12 de décimo terceiro salário proporcional e da multa de 40% sobre o FGTS, levando-se em consideração o salário de R$ 3.900.00 (três mil e novecentos reais).
c.4). Pagamento de adicional de periculosidade (30%) sobre a remuneração do reclamante (R$ 3.900.00) por todo o período laboral.
d). A concessão dos benefícios da gratuidade judiciária.
Requer, ainda, que seja sua CTPS anotada com data de entrada em 01 de Agosto de 2016 e saída em 02 de Março de 2017 e que seja a empresa compelida a entregar guias CD/SD e o TRCT.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas especialmente a documental e testemunhal.
Dá à presente o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Nesses termos,
 Pede deferimento.
 Florianópolis -SC, data.
 ADVOGADO
 OAB

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