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Psicologia Organizacional Luiz Carlos Francisco Júnior 3 1 INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA APLICADA À ORGANIZAÇÃO Bem-vindo(a) ao estudo da ciência psicológica e de sua relação com o mundo do trabalho! Nesse primeiro bloco será discutida a importância da psicologia nas organizações, bem como suas contribuições e trajetória histórica de evolução. Além disso, serão estudadas as diversas formas de atuação do psicólogo organizacional em sua rotina de trabalho e também seu sentimento com relação a essa alternativa de carreira que a psicologia lhe oferece. Bons estudos! 1.1 A importância da psicologia nas Organizações A realidade do universo do trabalho, de acordo com Bastos, et al, 2005, pode ser caracterizado por mudanças de uma amplitude tal que exigem transformações estruturais de diferentes facetas, inclusive com relação à função e ao que se espera daqueles ligados ao setor de gestão de pessoas. O avanço da tecnologia e o advento de modelos de gestão inovadores, além de outros fatores de igual complexidade, alçam o cuidado com a requalificação dos trabalhadores a um novo patamar. Para esses autores, o psicólogo, como protagonista e participante desse processo, ao mesmo tempo em que atua profissionalmente lidando com tais modificações nas organizações, deve transformar-se e buscar habilidades novas que o possibilitem a agir de forma efetiva nesse novo cenário contemporâneo. Ademais, segundo Bernardo et al. (2017), no Brasil, podem ser identificadas posições diversificadas em relação ao trabalho humano como objeto de estudo da Psicologia. Frequentemente, tais posições são apresentadas como nuances de uma única área, que costuma ser denominada, nos campos acadêmico e profissional, como ‘Psicologia Organizacional e do Trabalho’. Entretanto, com base nesses mesmos autores, considera-se que existem outras abordagens que consideram o trabalho um objeto de estudo e de intervenções tão diversificadas que contribuem para o entendimento de que seria reducionista e artificial agrupar esse conjunto sob uma mesma designação, tornando difícil o esforço de identificar cada abordagem em sua especificidade. Também se sabe que a prática profissional da Psicologia é reconhecida majoritariamente por seu exercício clínico. A despeito disso, as atividades da Psicologia organizacional e do trabalho (POT) configuram-se um imprescindível campo profissional, justificando a necessidade de maiores investigações para o entendimento de sua natureza atual (CAMPOS et al., 2011). 4 E, ainda que a Psicologia organizacional e do trabalho seja vista como a segunda área de escolha de exercício profissional pelos psicólogos e estudantes em formação, os cursos de Psicologia, na sua maioria, ainda não a contemplam em toda a sua complexidade e dinâmica de transformação. Com isso, fortalecem-se esquemas cognitivos que representam esse campo de atuação profissional de forma limitada, o que precisa ser modificado, tendo em vista sua relevância na contemporaneidade. (BASTOS et al., 2005). Para esses autores, existem resultados de pesquisas que revelam modificações significativas na imagem da Psicologia organizacional, no início e no final do curso, além de uma visão ampliada, que por meio dos conteúdos evocados se tornaram mais positivos ao final da formação na graduação. Tais pesquisas apontam e reiteram transformações nos esquemas de cognição dos alunos, em congruência com a filosofia e as características estruturantes da jornada da psicologia organizacional no país. 1.2 História da Psicologia Organizacional As mudanças na percepção sobre o que ser psicólogo organizacional ao longo da reestruturação da área oferecem uma visão mais ampla dos desafios e das possibilidades ao redor da atuação do profissional. Assume-se que, durante sua formação, são construídos esquemas cognitivos pelo psicólogo sobre a sua atuação profissional, os quais orientam as suas escolhas e decisões sobre como agir (BASTOS et al., 2005). Para os autores supracitados a atuação do psicólogo organizacional sempre foi expressiva, ocupando, tanto nos levantamentos nacionais como regionais, o segundo lugar em termos de psicólogos dedicados. Faltam, certamente, dados abrangentes e atuais que caracterizem a atuação do psicólogo brasileiro após mais de uma década em que se verificam importantes transformações na forma de se conceber a sua formação e atuação profissional. Para Bastos et al. (2005): As deficiências na análise dos aspectos conjunturais mais amplos, dos processos macro-organizacionais e a falta da noção de multicausalidade parecem contribuir, decisivamente, para a ineficiência do psicólogo quando se depara com esse contexto de atuação. É comum a adesão a modismos, muitas vezes importados, sem a necessária reflexão acerca da sua pertinência e aplicabilidade aos contextos nacionais. Esses elementos negativos parecem contribuir para a visão estereotipada que as pessoas e os próprios psicólogos possuem em relação à área. A crítica que o psicólogo organizacional seria um mero intermediário das relações de exploração e discriminação do trabalhador pode, em parte, contribuir para os julgamentos negativos concernentes à área (BASTOS et al., 2005, p. 354). 5 De acordo com Landgraf (2017), Quando a Psicologia organizacional e do trabalho teve seu início, ela foi marcada como uma área que não possuía o seu foco no bem estar e saúde do trabalhador. A psicologia organizacional obtinha o seu foco em estratégias que aumentassem a produtividade e lucratividade das empresas, não levando em consideração os aspectos de qualidade de vida e saúde do trabalhador. Porém com o desenvolvimento de novos estudos, e o crescimento da área, assim como o desenvolvimento do mercado de trabalho e seus diversos aspectos, a psicologia organizacional e do trabalho, passa a atuar em duas vertentes importantes. Ferreira [e] Maciel (2015) descreve[m] que, na primeira vertente, a psicologia ainda utiliza-se de seus conhecimentos buscando contribuir com a empresa em níveis de produtividade, seleção e recrutamento de pessoal, porém a partir de um olhar mais aprofundado frente ao mercado de trabalho, a psicologia desenvolve uma segunda vertente, onde o seu olhar se volta para o bem estar e qualidade de vida dos trabalhadores que fazem parte do ambiente de trabalho, buscando a promoção de saúde do trabalhador em seus aspectos físicos, sociais e psicológicos (FERREIRA, MACIEL, 2015 apud LANDGRAF, 2017, p. 25) Portanto, para a referida autora, A psicologia, por ser uma área à qual o seu principal estudo é a mente humana e a compreensão dos comportamentos dos indivíduos, ganhou espaço no âmbito organizacional, porém teve e ainda continua tendo dificuldades de atuação dentro das empresas em conjunto com outras áreas como administração, que não vê o psicólogo como um profissional que possa realizar estratégias de desenvolvimento de trabalho (SANTOS, CALDEIRA, 2015 apud LANDGRAF, 2017, p. 26) Por isso, cabe aos profissionais que nela ingressam empreender energias no sentido de modificar e ressignificar essa visão. 1.3 Áreas de atuação na Psicologia Organizacional Indicadores de inovações podem ser identificados na atuação do psicólogo organizacional. Tais inovações são permanentemente discutidas. Práticas tradicionais vêm sendo modernizadas, novas práticas surgiram e, sobretudo, passou-se a reconhecer, cada vez mais, a necessidade de o psicólogo lidar com os fenômenos crescentemente complexos do mundo do trabalho e das organizações. O crescimento e consolidação da pesquisa e a intervenção frente aos problemas de saúde ocupacional são marcos distintivos dessa transformação. A inserção nos níveis estratégicos, a ampliação dos vínculos com outros profissionais em equipes de trabalho, a crescente atuação como consultores e assessores, o desafio de lidar com as mudanças que estão dando origem a novas organizações,novos padrões de gestão e suas decorrentes tensões e desafios constituem outras vertentes visíveis de transformação na prática atual do psicólogo organizacional e do trabalho. Essas e 6 tantas outras mudanças nas suas atividades requerem, por seu lado, um novo perfil de profissional, com novas competências que o habilitem a não reproduzir modelos gerados em outros contextos ou pouco sintonizados com o momento atual das organizações. (BASTOS et al., 2005). Para Bernardo et al. (2017), certamente, as diversas possibilidades de aproximação da Psicologia com o trabalho são incontáveis. Todavia, devem-se considerar, especificamente, duas tradições – a ‘Psicologia Organizacional’ e a ‘Psicologia Social do Trabalho’, tendo em vista que ambas se dedicam a compreender com maior profundidade aspectos sociais do trabalho e se destacam na produção científica nacional e nos debates a respeito da atuação profissional do psicólogo. Segundo Bernardo et al., 2017: (...) as diferenças entre as diversas ‘psicologias’ abrangem seus objetos, fundamentações teóricas, práticas, bem como suas concepções sobre o que é ciência e, no presente caso, sobre a tessitura social na qual se dá o trabalho humano na atualidade. Disso deriva que, para entender as relações da Psicologia com o campo do trabalho, seja no âmbito da pesquisa ou da intervenção, é fundamental a compreensão da história de como se construíram essas relações, bem como o olhar para o que efetivamente se faz hoje, seja com relação à produção teórica ou à prática profissional. Todavia, tendo em vista que essa empreitada não pode ser apresentada integralmente no espaço de um artigo, optou-se aqui por enfatizar a mirada para a história das duas abordagens focalizadas, trazendo apenas alguns elementos do contexto atual que demonstram como essas tradições ainda permanecem fiéis ao seu desenvolvimento histórico, ainda que, por vezes, de forma menos explícita. (BERNARDO et al., 2017, p. 16-17). Assim, com base no olhar de Landgraf (2017), torna-se possível compreender o quanto o trabalho do psicólogo organizacional está se tornando de enorme importância no meio de trabalho, pois com seus meios de intervenção, vem realizando trabalhos significativos dentro das empresas assim como, juntamente com os trabalhadores, pensando no bem-estar de todos, por meio da promoção de atividades e projetos que viabilizam a qualidade de vida no trabalho, contribuindo assim para que o número de trabalhadores em sofrimento possa diminuir em contrapartida ao aumento de trabalhadores engajados em seu crescimento e desenvolvimento. Conclusão Neste bloco foi possível colher informações sobre a importância e o grau de profundidade da psicologia organizacional, como uma área do conhecimento científico em psicologia que muito pode contribuir para um cenário de desenvolvimento e saúde no contexto profissional em que os indivíduos de nossa sociedade estão cada vez mais inseridos na contemporaneidade. 7 REFERÊNCIAS BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt et al. A imagem da psicologia organizacional e do trabalho entre estudantes de psicologia: o impacto de uma experiência acadêmica. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 25, n. 3, p. 352-369, 2005. Disponível em: <https://goo.gl/huZa3z>. Acesso em: 4 dez. 2018. BERNARDO, Marcia Hespanhol et al. Linhas paralelas: as distintas aproximações da Psicologia em relação ao trabalho. Estud. psicol., Campinas, v. 34, n. 1, p. 15-24, mar. 2017. Disponível em: <https://goo.gl/ATs3Nd>. Acesso em: 4 dez. 2018. CAMPOS, Keli Cristina de Lara et al. Psicologia organizacional e do trabalho: retrato da produção científica na última década. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 31, n. 4, p. 702- 717, 2011. Disponível em: <https://goo.gl/6FbhP8>. Acesso em: 4 dez. 2018. LANDGRAF, Greiciele Vitor. O adoecimento no trabalho: a atuação do psicólogo. 2017. 29 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Centro Universitário Anhanguera , Leme. Disponível em: <https://goo.gl/umjc8Z>. Acesso em: 4 dez. 2018.
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