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O sistema respiratório APRESENTAÇÃO As principais funções do sistema respiratório são obter oxigênio do ambiente externo e fornecê- lo às células e remover o dióxido de carbono produzido pelo metabolismo celular. O sistema respiratório é formado pelos pulmões, pelas vias aéreas de condução, pelas regiões do sistema nervoso envolvidas com o controle dos músculos respiratórios e pela parede torácica. Nessa unidade de aprendizagem, iremos abordar as principais estruturas do sistema respiratório e suas funções. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar as estruturas das vias aéreas desde o meio exterior até os alvéolos.• Descrever as funções do sistema pulmonar.• Definir complacência pulmonar e resistência das vias aéreas.• DESAFIO Vamos ao desafio! O Sr. N. P., do gênero masculino, raça branca, 63 anos, casado, aposentado natural da cidade de Tapera - Rio Grande do Sul, fumante por mais de 20 anos. Este paciente antes de se aposentar era funcionário publico municipal, trabalhava em uma oficina da prefeitura de Tapera e ficava rotineiramente exposto à fumaça de motores (caminhões, máquinas pesadas), solda elétrica e pó. Ele nos contou que procurou tratamento no Hospital Roque Gonzales no ano de 2004, quando foi diagnosticado com pneumonia. A partir daí a tosse tornou-se frequente ao realizar qualquer atividade. Assim, questiona-se: por que fumantes crônicos desenvolvem a característica "tosse de fumante"? INFOGRÁFICO O sistema respiratório humano é composto por uma série de órgãos responsáveis por absorver oxigênio e expelir dióxido de carbono. Os órgãos primários do sistema respiratório são os pulmões, que realizam essa troca de gases enquanto respiramos. Quando respiramos, o oxigênio entra no nariz ou na boca e passa pelos seios da face, que são espaços vazios no crânio. Os seios da face ajudam a regular a temperatura e a umidade do ar que respiramos. O Infográfico mostra as principais estruturas que formam o sistema respiratório. CONTEÚDO DO LIVRO Confira no capítulo indicado, do livro Biofísica e Fisiologia, utilizado como base teórica desta unidade de aprendizagem. Boa leitura. BIOFÍSICA E FISIOLOGIA Juliano Vieira da Silva O sistema respiratório Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Listar as estruturas das vias aéreas desde o meio exterior até os alvéolos. � Descrever as funções do sistema pulmonar. � Definir complacência pulmonar e resistência das vias aéreas. Introdução O sistema respiratório, ou sistema pulmonar, é um dos mais importantes sistemas do corpo humano. O ato de respirar é a sua principal função. Parece algo simples, mas, para que isso ocorra, há um processo extre- mamente bem coordenado que envolve inúmeros órgãos. Além disso, respirar não é sua única função. O sistema respiratório atua fortemente na defesa do organismo e também na produção dos sons que emitimos. Isso tudo em um curto espaço de tempo, permitindo que esse ciclo se renove instantaneamente. Neste capítulo, você vai conhecer as estruturas das vias aéreas, desde o meio exterior até os alvéolos. Também vai estudar as funções do sistema pulmonar e ver o que são complacência pulmonar e resistência das vias aéreas. Estrutura do sistema respiratório Responsável por vitais funções do nosso organismo, o sistema respiratório apresenta em sua anatomia funcional vias aéreas de passagem importantes para o transporte do ar. Os órgãos que vão permitir a passagem do ar são nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões, onde ficam os bronquíolos e os alvéolos. Acompanhe uma ilustração desses principais órgãos na Figura 1. Figura 1. Principais órgãos do sistema respiratório. Fonte: Marieb, Wilhelm e Mallatt (2009, p. 730). Esses órgãos, segundo Marieb, Wilhelm e Mallatt (2014), vão se divi- dir em condução e respiração. A condução são as vias aéreas de passagem respiratória que transportam o ar, levando-o até as partes de troca gasosa. Na condução também ocorre a filtração, a umidificação e o aquecimento do ar. A parte da respiração é o local onde ocorre a troca gasosa e as vias de passagem respiratórias. Vamos agora conferir cada uma das estruturas que compõem o sistema respiratório, começando pelo nariz. O sistema respiratório2 Nariz O nariz tem sua estrutura dividida em duas partes: nariz externo e cavidade nasal (interna). A sua parte externa é sustentada por osso e cartilagem; já a parte interna é dividida na metade pelo septo nasal e é revestida com mucosa respiratória. Entre as inúmeras funções do nariz estão umidificar e aquecer o ar inspirado, filtrar o ar para limpá-lo das partículas estranhas, servir como uma câmara de ressonância para a fala, abrigar os receptores olfatórios e produzir o muco (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). A cavidade nasal é localizada após o nariz externo. Marieb, Wilhelm e Mallatt (2014) afirmam que, durante a respiração, o ar entra nessa cavidade passando pelas narinas, na base do nariz externo. Na parede lateral da ca- vidade nasal existem três cavidades, as chamadas fossas nasais, divididas em superior, média e inferior. Nessas conchas se encontram os meatos, que se comunicam com os seios dos ossos da face. Na inspiração, eles filtram, umedecem e aquecem o ar e, na inspiração, recuperam esse calor e umidade (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; FALAVIGNA; TONATTO, 2013). Faringe Na sequência anatômica do sistema respiratório temos a faringe, que é uma estrutura comum tanto ao sistema digestório quanto ao respiratório. Ela consiste em uma passagem de funil que une as cavidades nasal e oral respectivamente com a laringe e o esôfago. A faringe está localizada logo abaixo das fossas nasais, acima da laringe, em frente às vértebras, e suas paredes são compostas por músculo liso (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). Essa estrutura é dividida em três partes: nasal (próxima às fossas), oral (próxima à boca) e laríngea (próxima à laringe). Sua principal função é servir de passagem para o ar. Laringe O ar que sai da faringe chega à laringe, que é a sua continuação. Falavigna e Tonatto (2013) descrevem a laringe como um órgão de produção de voz com- plexo, que é formado por nove cartilagens unidas por membranas e ligamentos. 3O sistema respiratório Esse órgão contém as pregas vocais, que unem a faringe à traqueia. A laringe se estende do nível da quarta até a sexta vértebra cervical. Suas principais funções são produzir sons, proporcionar uma via aérea aberta e agir como mecanismo de comutação para rotear o ar e o alimento para as vias adequadas (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; FALAVIGNA; TONATTO, 2013). A nona cartilagem da laringe é conhecida como epiglote. Essa cartilagem realiza uma função bastante vital. Quando estamos nos alimentando, ela se fecha, fazendo com que o alimento ingerido deslize diretamente para o esôfago e não entre na laringe. Durante a respiração, ela permanece aberta. Traqueia A traqueia é a próxima estrutura do sistema respiratório, que fica localizada no mediastino superior anterior ao esôfago. Ela consiste em um tubo de, aproximadamente, 1,5 cm de diâmetro e 10 a 12 cm de comprimento e se divide inferiormente em dois brônquios principais (um para cada pulmão). Ela é uma via de passagem de ar, que o filtra, aquece e umedece quando inspirado (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; FALAVIGNA; TONATTO, 2013). Visualize a estrutura da traqueia na Figura 2. Brônquios Os brônquios se originam diretamente da traqueia e são divididos em dois dentro dos pulmões: brônquio principal direito e brônquio principal esquerdo. O direito é mais calibroso, mais curto e mais vertical do que o esquerdo, que, por consequência, localiza-se abaixo do arco da aorta e anterior ao esôfago. Eles agem como vias de passagem do ar, conectando a traqueia com os alvéolos pulmonares, aquecendo e umidificando o ar inspirado(MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; FALAVIGNA; TONATTO, 2013). O sistema respiratório4 Figura 2. Traqueia. Fonte: Adaptada de Falavigna e Tonatto (2013). Cartilagem cricoide Ligamentos anulares Brônquio principal direito Bronco lobar superior direito Brônquio lobar médio direito Brônquio lobar inferior direito Brônquio lobar inferior esquerdo Brônquio lobar superior esquerdo Brônquio principal esquerdo Cartilagem carina Ligamento cricotireoideo Cartilagem tireoide Bronquíolos A subdivisão dos brônquios dá origem aos bronquíolos. Nas extremidades dos bronquíolos estão alojados os alvéolos pulmonares. De acordo com Marieb, Wilhelm e Mallatt (2014), os alvéolos pulmonares são câmaras microscópicas no final dos brônquios e o principal local das trocas gasosas. Eles possuem estrutura em forma de bolsa, composta por tecido epitelial achatado. Pulmões e pleura Para encerrar a lista de estrutura do sistema respiratório, vamos abordar os pulmões e as pleuras. Os pulmões são um par de órgãos que ficam dentro das cavidades pleurais do tórax. Dentro dos pulmões ficam localizados os brôn- quios e os alvéolos pulmonares, responsáveis pela troca gasosa da ventilação. 5O sistema respiratório Anatomicamente, os pulmões são separados um do outro pelo mediastino. O pulmão direito é maior e mais pesado do que o esquerdo, porém é mais curto e largo, pois sua cúpula é mais alta. O pulmão direito possui três lobos: superior, médio e inferior. O esquerdo tem apenas dois: superior e inferior. Na parte externa, o pulmão é envolvido por uma membrana serosa chamada de pleura. A pleura possui duas faces: parietal (externa mais aderida à cidade torácica e ao diafragma) e a visceral (interna, mais aderida ao pulmão). Além de proteger o pulmão, a pleura também produz um fluido lubrificante. Funções do sistema respiratório Como vimos no tópico anterior, a estrutura do sistema respiratório é formada por vários órgãos, cada um com uma função específica dentro do processo. Agora, vamos abordar as funções específicas de todo o sistema. Fox (2007) aponta que o sistema respiratório possui basicamente três funções que, embora separadas, mantém uma relação entre si. Essas funções são: ventilação (também conhecida como respiração), troca gasosa e utilização do oxigênio pelos tecidos. Vamos começar com a função da ventilação. Fox (2007) descreve a ventila- ção como o processo mecânico que move o ar para o interior e para o exterior dos pulmões. À entrada de ar em nosso corpo, chegando até os pulmões, dá-se o nome de inspiração, enquanto a saída de ar dos pulmões para as vias condutoras chama-se de expiração. Sobre esse processo, o mesmo autor descreve (FOX, 2007, p. 481): Como a concentração de oxigênio do ar é maior nos pulmões que no sangue, o oxigênio difunde-se do ar para o sangue. Inversamente, o dióxido de car- bono move-se do sangue para o ar no interior dos pulmões, através de sua difusão para baixo do seu gradiente de concentração. Como consequência dessa troca gasosa, o ar inspirado contém mais oxigênio e menos dióxido de carbono que o ar expirado. Mais importante, o sangue que deixa os pulmões (nas veias pulmonares) possui uma maior concentração de oxigênio e uma menor concentração de dióxido de carbono do que o sangue liberado para os pulmões pelas artérias pulmonares. Isso se deve à atuação dos pulmões, que faz o sangue entrar em equilíbrio gasoso com o ar. O sistema respiratório6 Nesse processo vemos uma interpelação entre duas das funções do sistema respiratório, pois a ventilação e a troca gasosa são, coletivamente, chamadas de respiração externa. Já a relação entre a troca de gases entre o sangue e outros tecidos e a utilização pelos mesmos se denomina respiração interna. Nessa respiração há uso de oxigênio no interior das mitocôndrias, para gerar o trifosfato de adenosina (ATP). Esse processão se chama respiração celular (FOX, 2007; STANFIELD, 2013). O ATP, ou trifosfato de adenosina, é considerado um nucleotídeo ou uma molécula formada pela união da adenina e da ribose que serve para armazenar e utilizar a energia durante as atividades celulares (STANFIELD, 2013). Sobre as trocas gasosas, o ar, quando inspirado, penetra no corpo a partir das vias respiratórias condutoras (nariz, cavidade nasal, laringe e faringe), chegando aos pulmões. O processo no qual o ar chega até os pulmões pelos músculos respiratórios é coordenado pelo sistema nervoso central (SNC) (LEVITZKY, 2007). Quem exerce importante trabalho, nesse caso, é o sistema circulatório, pois o sangue venoso que retorna de inúmeros tecidos corporais é bombeado pelo ventrículo direito e entra nos pulmões. Esse sangue tem um alto teor de dióxido de carbono (CO2) e um baixo teor de oxigênio (O2). Nos capila- res pulmonares, processa-se a troca do dióxido de carbono pelo oxigênio (LEVITZKY, 2007). 7O sistema respiratório O sangue que deixa o pulmão contém um alto teor de oxigênio e baixo de dióxido de carbono, sendo distribuído pelo coração ao restante do corpo. Durante a expiração, o gás com esse dióxido de carbono é expelido do corpo pelas vias respiratórias condutoras (LEVITZKY, 2007), conforme mostram as Figuras 3 e 4. Figura 3. Troca gasosa entre os tecidos do corpo e o ambiente. Fonte: Levitzky (2007, p.3). O sistema respiratório8 Figura 4. Troca gasosa entre os tecidos do corpo e o ambiente. Fonte: Adaptada de Stanfield (2013). Veias sistêmicas Capilares sistêmicos Artérias sistêmicas Capilar Mitocôndria Sangue oxigenado Sangue desoxigenado Célula Coração Células de tecidos de todo o corpo Veias pulmonares Artérias pulmonares Capilares pulmonares Pulmões Respiração externa Respiração interna Respiração externa 9O sistema respiratório Além dessas funções, Stanfield (2013) enumera outras atividades igual- mente importantes realizadas pelo sistema respiratório: � contribui para a regulação do equilíbrio acidobásico do sangue, pois elimina o gás carbônico do corpo; � possibilita a fonação ou vocalização, que é a produção de sons pelo movimento do ar através das cordas vocais. Isto se deve à ação do SNC sobre os músculos das respiração, acarretando o fluxo de ar através das pregas vocais e da boca; � participa da defesa contra patógenos e partículas estranhas nas vias respiratórias: cada vez que absorvemos o ar, podemos trazer junto dele microrganismos como bactérias, poeira, gases tóxicos, fumaça e outros poluentes. O primeiro mecanismo de defesa ocorre já nas narinas, vindo, na sequência, o fechamento da epiglote. Mesmo quando os microrganismo conseguem furar essa barreira, o sistema trata de se proteger com outros meios para a sua expulsão, como o ato de fungar, assoar ou espirrar. A tosse, em alguns casos, também pode realizar esse trabalho de limpeza das vias aéreas. Complacência pulmonar e resistência das vias aéreas Tanto a complacência pulmonar quanto a resistência das vias aéreas são fatores que afetam a ventilação pulmonar. Vamos, então, conhecer um pouco mais sobre cada uma. A complacência pulmonar se caracteriza por ser o grau de extensão dos pulmões quando ocorre uma pressão. Stanfield (2013) aponta que, assim como as artérias são elásticas — e se recolhem durante a diástole para que o sangue siga fluindo — e as veias têm alto grau de complacência — o que lhes permite conter um grande volume de sangue sob baixa pressão —, os pulmões também são elásticos, recolhendo-se após serem distendidos. Dessa forma, os pulmões, assim como as veias, apresentam uma com- placência bastante alta. A complacência é definida como a alteração do vo- lume pulmonar que resulta de uma dada alteração da pressão transpulmonar (diferença entre o valor da pressão intra-alveolar e da pressão pleural) (STANFIELD, 2013). O sistema respiratório10 Uma grande complacência pulmonar é vantajosa, porque uma alteração menor da pressão transpulmonar é necessária para fazer entrar um dado volume de ar e, desse modo, menos trabalho ou contraçãomuscular é necessário. A complacência pulmonar depende da elasticidade dos pulmões e da tensão superficial do líquido que reveste os alvéolos. Os pulmões são elásticos por causa da presença de fibras elásticas no tecido conjuntivo. Geralmente, as forças exercidas por essas fibras elásticas se opõem à expansão pulmonar: quando os pulmões se distendem, as fibras tendem a recolher-se (STAN- FIELD, 2013, p. 540). Quanto maior a tensão superficial de um líquido, mais trabalho será necessário para que esse líquido se espalhe. No caso dos pulmões, essa pressão é causada pela interface ar–líquido formada pela fina camada de líquido que reveste a superfície interna dos alvéolos. Quando ocorre a expansão do tecido pulmonar, a camada de líquido que há nos alvéolos sofre a mesma ação, igualmente se expandindo. Na expansão dos pulmões, o trabalho se faz necessário para distender o tecido elástico e também para aumentar a área da superfície líquida; por consequência, a tensão superficial do líquido faz com que diminua a complacência pulmonar (STANFIELD, 2013). A presença de uma substância semelhante a detergente, denominada de sur- factante pulmonar, diminui a tensão superficial nos alvéolos. O surfactante pulmonar é secretado por células alveolares tipo II, localizadas nas paredes dos alvéolos. A tensão superficial do líquido que reveste os alvéolos é reduzida (mas não eliminada) pela ação do surfactante pulmonar, porque o surfactante interfere na formação de pontes de hidrogênio entre as moléculas de água. Dessa maneira, o surfactante aumenta a complacência pulmonar e diminui o trabalho da respiração (STANFIELD, 2013, p. 540). 11O sistema respiratório Quando o músculo pulmonar se torna espessado, a complacência é diminu- ída. Essa diminuição faz com que os músculos respiratórios precisem trabalhar de forma mais aguda para expandir o volume dos pulmões até determinado dado. A complacência diminuída pode ocorrer na formação de tecido cicatricial na tuberculose ou na redução da produção de surfactante, como ocorre na chamada síndrome da angústia respiratória do recém-nascido. Essa síndrome se caracteriza por uma produção insuficiente do surfactante (STANFIELD, 2013). A resistência das vias respiratórias se refere à resistência de todo o sistema das vias respiratórias inferiores. Ela é determinada pela resistência das vias respiratórias individuais e é fortemente afetada por alteração do raio das vias respiratórias. A diminuição desse raio aumenta a resistência (STANFIELD, 2013). Segundo Stanfield (2013), em pulmões considerados saudáveis, a resistência do fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões é considerada baixa porque os raios do tubo da zona condutora são relativamente grandes, pois “embora o raio do tubo diminua enquanto o ar se dirige pela zona condutora em direção aos alvéolos, a área de seção transversal dos túbulos menores aumenta, em decorrência da extensa ramificação” (STANFIELD, 2013, p. 540). Sendo assim, a resistência da zona condutora é considerada baixa. Com essa resistência baixa, a pressão alveolar não precisa diferir muito da pressão atmosférica para obter taxas de fluxo de ar anormais com condições normais. Dessa forma, durante uma respiração tranquila, a chama eupneia, a diferença entre a pressão dos alvéolos e da atmosfera consiste, geralmente, em menos de 2 mmHg. Quando a resistência das vias respiratórias aumenta acima do normal, maior é a pressão intra-alveolar para movimentar o ar (em torno de 0,5 mmHg) para dentro e fora dos pulmões (STANFIELD, 2013) (Figura 5). O sistema respiratório12 Figura 5. Efeito da resistência das vias respiratórias sobre a respiração. Fonte: Adaptada de Stanfield (2013). Inspiração Expiração Resistência aumentada Resistência normal Volmue de ar movimentado para dentro e para fora dos pulmões Pr es sã o in tr a- al ve ol ar (m m H g) V o lu m e re sp ir at ór io (L ) 2 1 -1 -2 1 0,5 0 0 A resistência ao fluxo de ar é afetada por alguns fatores: forças passivas exercidas sobre as vias respiratórias (responsáveis pela alteração da resistên- cia das vias respiratórias, que ocorrem em uma única respiração), atividade contrátil do músculo liso dos bronquíolos (responsáveis por variações pro- longadas da resistência das vias) e secreção do muco nas vias respiratórias (STANFIELD, 2013). Um aumento da resistência das vias respiratórias pode resultar em vários estados patológicos. O mais conhecidos deles é a asma, que aumenta a re- sistência a partir das contrações espásticas do músculo liso dos bronquíolos associadas a uma secreção do muco aumentada e uma inflamação da parede dos bronquíolos. Os sintomas dessa doença são tosse, dificuldade para respirar e sibilações. 13O sistema respiratório Outro estado patológico que pode aumentar a resistência das vias res- piratórias é a doença pulmonar obstrutiva crônica, a chamada DPOC. Ela está associada ao aumento crônico dessa resistência. A DPOC é geralmente causada pelo cigarro e tem como sintomas a tosse, o pigarro, a falta de ar, a fadiga e o catarro em excesso. Confira uma pouco mais sobre a DPOC e a asma e suas diferenças no vídeo disponível no link a seguir, realizado pelo médico Milton Morales Filho. https://qrgo.page.link/RAdEy Neste capítulo, você conheceu a estrutura do sistema respiratório. Esse sistema é responsável, basicamente, pelo transporte do ar. Os órgãos que permitem essa passagem do ar são nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões, onde ficam os bronquíolos e os alvéolos Esses órgão são responsáveis pela condução e respiração. A condução são as vias aéreas de passagem respiratória que transportam o ar, levando-o até as partes de troca gasosa. Na condução também ocorre a filtração, a umidificação e o aquecimento do ar. A respiração é o local onde ocorre a troca gasosa e as vias de passagem respiratórias. O sistema respiratório possui três funções, que, embora separadas, mantém uma relação entre si. Essas funções são ventilação (também conhecida como respiração), troca gasosa e a utilização do oxigênio pelos tecidos. Além dessas funções, ele contribui para a regulação do equilíbrio acidobá- sico do sangue, pois elimina o gás carbônico do corpo, possibilita a fonação ou vocalização e participa da defesa contra patógenos e partículas estranhas nas vias respiratórias. Por fim, você viu que a complacência pulmonar se caracteriza por ser o grau de extensão dos pulmões quando ocorre uma pressão. Ela é definida como a alteração do volume pulmonar que resulta de uma dada alteração da pressão transpulmonar (diferença entre o valor da pressão intra-alveolar e a pressão pleural). O sistema respiratório14 A resistência das vias respiratórias se refere à resistência de todo o sistema das vias respiratórias inferiores. Ela é determinada pela resistência das vias respiratórias individuais (primeiramente), além de ser fortemente afetada por alteração do raio das vias respiratórias: a diminuição desse raio faz com que a resistência aumente A resistência ao fluxo de ar é afetada por alguns fatores: forças passivas exercidas sobre as vias respiratórias (responsáveis pela alteração da resistência das vias respiratórias, que ocorrem em uma única respiração), atividade con- trátil do músculo liso dos bronquíolos (responsáveis por variações prolongadas da resistência das vias) e secreção do muco nas vias respiratórias. FALAVIGNA, A.; TONATTO, F. A. Anatomia humana. Caxias do Sul, RS: Educs, 2013. FOX, S. I. Fisiologia humana. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2007. LEVITZKY, M. G. Fisiologia pulmonar. 7. ed. São Paulo: McGraw Hill, 2007. (Série Lange). MARIEB, E. N.; WILHELM, P. B.; MALLATT, J. Anatomia humana. São Paulo: Pearson Edu- cation do Brasil, 2009. MARIEB, E. N.; WILHELM, P. B.; MALLATT, J. Anatomia humana. 3. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. 5. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2013. Leituras recomendadas GUYTON, A.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. SILBERNAGL, S.; DESPOPOULOS, A. Fisiologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. WARD, J.; LINDEN, A. Fisiologia básica: guia ilustrado de conceitos fundamentais. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. 15O sistema respiratório DICA DO PROFESSOR A seguir, você irá assistir a um vídeo abordando os seguintes tópicos: funções e estruturas do sistema respiratório. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre a estrutura do sistema respiratório, é correto afirmar que: A) A vias aéreas superiores incluem todas as estruturas envolvidas com a respiração, entre a cabeça e o pescoço, incluindo a traqueia. B) A mucosa nasal, as conchas nasais, a orofaringe e a nasofaringe têm função única e exclusiva de condução e filtração do ar externo. C) As paredes finas dos alvéolos são formadas por músculo liso, fazendo com que o tecido pulmonar se contraia. D) A faringe contém as pregas vocais, faixas de tecido conectivo que são tensionadas e vibram para criar o som quando o ar passa por elas. E) O ácino corresponde à porção dos pulmões suprida por um bronquíolo respiratório primário e todas as suas vias aéreas participam das trocas gasosas. 2) A circulação pulmonar é um sistema que envolve a dinâmica do sangue nos pulmões a partir da pressão e da taxa de fluxo sanguíneo. Assinale a alternativa correta sobre este sistema: A) A taxa do fluxo sanguíneo através dos pulmões é bem mais baixa do que em outros tecidos. B) Apesar da alta taxa de fluxo sanguíneo, a pressão sanguínea pulmonar é baixa em relação à pressão sanguínea sistêmica. C) O volume do líquido intersticial pulmonar é geralmente alto e isto faz com que a distância entre o espaço aéreo alveolar e o endotélio capilar seja grande. D) A resistência baixa da circulação pulmonar pode ser atribuída ao maior comprimento total dos vasos sanguíneos pulmonares. E) Em geral, a pressão hidrostática resultante que filtra o líquido de um capilar pulmonar para o espaço intersticial é alta, já que a pressão sanguínea média também é alta. 3) Os fisiologistas e médicos avaliam a função pulmonar de uma pessoa medindo quanto ar ela move durante a respiração em repouso, e depois em esforço máximo. O ar movido durante a respiração pode ser dividido em quatro volumes pulmonares. Se você estivesse sendo testado para um destes volumes e a instrução do médico fosse: “Agora, no final de uma inspiração tranquila, você deve inspirar o máximo de ar adicional que for possível.”, qual dos volumes pulmonares estaria sendo avaliado: A) Volume corrente. B) Volume de reserva expiratório. C) Volume de reserva inspiratório. D) Volume residual. E) Capacidade vital. 4) A ventilação é um processo que envolve a inspiração e a expiração. Sobre este processo, assinale a alternativa correta: A) Quando os músculos da caixa torácica e o diafragma relaxam os pulmões se expandem, uma vez que estão presos à parede interna do tórax. B) Para que o ar possa se mover para dentro dos alvéolos, a pressão dentro dos pulmões deve ser mais alta do que a pressão atmosférica. C) A inspiração usa os músculos intercostais internos e os músculos abdominais. D) A contração abdominal puxa as costelas inferiores para cima e aumenta o volume abdominal, ações que deslocam o intestino e o fígado para cima. E) Ao final da inspiração, os impulsos dos neurônios motores somáticos para os músculos inspiratórios cessam, e os músculos relaxam. 5) Sobre a pressão intrapleural, assinale a alternativa correta: A) O pneumotórax é a presença de ar entre as duas pleuras e interfere na pressão intrapleural. B) Surge após o nascimento. C) Pressão intrapleural é o mesmo que complacência. D) Não varia durante o ciclo respiratório. E) A pressão intrapleural sempre se equilibra com a pressão atmosférica, pois a cavidade pleural é um compartimento fechado. NA PRÁTICA Enfisema: é uma doença crônica e progressiva caracterizada por dispneia e dificuldade de realizar esforço físico. Ocorre destruição das superfícies respiratórias de difusão gasosa; os bronquíolos respiratórios e os alvéolos pulmonares são funcionalmente eliminados. Os alvéolos gradualmente expandem-se e os capilares degeneram-se, produzindo grandes cavidades não funcionais no interior dos pulmões, onde a difusão gasosa é severamente diminuída ou extinta. Infelizmente, a perda dos alvéolos e bronquíolos no enfisema é irreversível. A evolução da doença pode ser contida pela interrupção do tabagismo. O único tratamento efetivo para a maioria dos casos mais graves é a administração de oxigênio suplementar. Transplante de pulmão e resseção cirúrgica do tecido pulmonar não-funcional são medidas que tem auxiliado alguns indivíduos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Sistema Respiratório Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Circulatory & Respiratory Systems - CrashCourse (em inglês) Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Capítulo 34 do BARRET, K; BARMAN S.; BOITANO, S. Fisiologia Médica de Ganong. 24°edição. Porto Alegre: Artmed, 2014. Capítulo 24 do MARTINI, F; TIMMONS M.; TALLITSCH R. Anatomia Humana. 6° edição. Porto Alegre: Artmed, 2009.
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