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Vict�ria K. L. Card�so Derrame pleural Introdução Pleura: membrana serosa que reveste os pulmões, subdividida em pleura parietal e pleura visceral, sendo elas contínuas uma a outra e abaixo no hilo pulmonar. ● Pleura parietal: parte da membrana que reveste a superfície interna da parede torácica, recobrindo o diafragma. ● Pleura visceral: membrana que reveste a superfície pulmonar, estando também entre as fissuras e entre os lobos pulmonares. Síndromes pleurais: ● Pleurites. ● Derrames pleurais. ● Pneumotórax. Derrame pleural: acúmulo de líquido em excesso no espaço pleural. ● Avaliação imagiológica → radiografia em AP: percebe-se um velamento, não se enxerga mais os seios costofrênicos e nem cardiofrênicos. ● Principais causas no Brasil: insuficiência cardíaca, pneumonia, neoplasia, tuberculose e embolia pulmonar. Características básicas dos derrames pleurais: ● Inspeção: expansibilidade reduzida. ● Palpação: frêmito toracovocal diminuído ou abolido. ● Percussão: macicez, em vez de som claro e pulmonar. ● Ausculta: abolição do murmúrio vesicular ou egofonia. ○ Egofonia: tipo de broncofonia (ressonância vocal aumentada) de som anasalado e metálico, comparado ao balido de uma cabra. ○ Na ausculta não há mais a presença de parênquima pulmonar, pois a cavidade está tomada por líquido, por isso não se houve crepitações ou afins. ● Causas: de líquido no espaço pleural. Mecanismos fisiopatológicos do derrame pleural: ● Desbalanço entre as pressões hidrostáticas e ou oncótica → forma TRANSUDATO. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Etiologias: IC e insuficiência renal → doenças sistêmicas. ■ Nesses casos, é comum haver um derrame bilateral com a evolução da doença. ● Processo inflamatório na pleura → forma EXSUDATO. ○ Etiologia: secundário à pneumonia, processo bacteriano (parapneumônico), tuberculose, neoplasias, embolia pulmonar, doenças autoimunes (LES, AR)... Obs: o derrame pleural é um ACHADO CLÍNICO e não um diagnóstico; para se diagnosticar o que causou o derrame pleural, deve-se realizar uma toracocentese. Quadro clínico Achados para facilitar o diagnóstico: ● Insuficiência cardíaca: hipoxemia, edema periférico, congestão pulmonar, presença de B3 e ortopneia. ● Cirrose hepática: ascite, veias abdominais distendidas, eritema palmar e ginecomastia. ● Síndrome nefrótica: anasarca e proteinúria. ● Pneumonia: febre, calafrios, tosse com expectoração e infiltrado pulmonar. ● Tuberculose: febre vespertina, sudorese noturna e perda de peso. ● Neoplasias: história de neoplasias (mais comum em CA de pulmão em homens e CA de mama em mulheres), hemoptise, adenomegalia e hepatoesplenomegalia. ● Embolia pulmonar: dispneia, dor torácica pleurítica, edema de MMII assimétrico e imobilização. ○ Obs: a dor pleurítica deve alertar para DP parapneumônico. ● Mesotelioma: massa pleural e história de exposição a asbesto. Quadro principal: ● Sintoma dominante: dispneia. ● Sintomas associados: ○ Tosse. ○ Dor torácica ventilatório-dependente. ○ Hemoptise. ○ Febre (depende da etiologia subjacente). Diagnóstico e exames complementares Achados no exame físico: ● Murmúrio vesicular reduzido ou abolido no hemitórax acometido. ● Presença de macicez à percussão. ● Redução do frêmito tóraco-vocal e da ausculta da voz. ● Redução da expansibilidade torácica. Principal exame radiológico: radiografia de tórax em PA (detecta derrames > 200 ml) ou em laurel (direito ou esquerdo) → deve ser o exame inicial a ser realizado. ● Importante: ao se pedir a radiografia em laurel, deve-se especificar em qual lado (direito ou esquerdo); então, se o derrame for do lado direito, o laurel é direito, se o derrame for do lado esquerdo, o laurel também é esquerdo. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Laurel diferencia derrame de espessamento pleural. ● Pode haver a parábola de Damoiseau (sinal do menisco): esse formato acontece quando o aumento do volume de líquido pleural escorre para os seios costofrênicos, assumindo uma forma arredondada, com opacificação do limite superior dos seios costofrênicos, o que é chamado de Sinal do menisco ou Parábola de Damoiseau. ○ Mais comum em grandes derrames. ● Espessamento pleural: de forma concomitante pode estar presente, sendo muito marcado por um achado de “pinçamento” em base pulmonar, com uma linha ascendente. ● Espessamento pleural difuso: Resulta de espessamento e fibrose da pleura visceral, com posterior fusão com a pleura parietal. Outros exames: ● USG: é superior à radiografia de tórax na detecção de derrame pleural → deve ser usada para DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ○ Objetivos: ■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL, quando há dúvida na radiografia @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so (derrame ou massa pulmonar). ■ Guiar a toracocentese. ■ Diagnóstico de septações pleurais. ○ Pode se realizar à beira leito e não tem contra-indicações. ○ Detecta septações com sensibilidade superior à TC. ○ É utilizado também para guiar a toracocentese diagnóstica. ● TC de tórax: é útil na avaliação do diagnóstico etiológico. ○ É o principal instrumento de imagem para o DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO, identificando lesões pulmonares malignas, infecciosas ou embolia pulmonar (com contraste). ○ Auxilia na diferenciação de abscesso e empiema. ○ Pode evidenciar septações e derrame loculado. Obs: apesar da USG ser superior à radiografia de tórax para detectar o derrame pleural, a radiografia comumente é suficiente para a identificação. Puncionamento do derrame pleural: ● Antes de puncionar: deve-se pensar em nos prováveis diagnósticos e, de acordo com eles retira-se a quantidade de tubos necessários para análise individual. ● Indicação clássica de toracocentese diagnóstica: derrame pleural > 1cm ( > 10 mm) na radiografia em decúbito lateral. ○ Posição: decúbito lateral. ○ Devem ser retirados 50-60 ml para análise laboratorial. ○ Solicitações: celularidade e diferencial, citologia oncótica, DHL, proteínas, glicose, triglicérides (quilotórax), pH, ADA (muito importante e comum em pacientes com TB), pesquisa de BAAR, bacterioscopia e culturas. ■ Pesquisa de BAAR negativa não afasta o diagnóstico de TB. ○ Raio-X de tórax após a toracocentese: indica-se em caso de tosse, dor torácica, piora da dispneia ou saída de ar durante a toracocentese. Obs: se houver aspecto sanguinolento, há maior chance de ser neoplasia, mas também pode ser um TEP ou um parapneumônico complicado. Obs: se líquido turvo ou branco, pensar em bactérias. Obs: 10% das causas de derrame pleural não são elucidadas. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Critérios de Light para diferenciação de transudato e exsudato: ● Relação proteína pleural/sérica: ○ Transudato: < 0,5. ○ Exsudato: > 0,5. ■ Caso a proteína pleural esteja > 0,3 g/dL, pode ser suficiente. ● Relação DHL pleural/sérico: ○ Transudato: < 0,6. ○ Exsudato: > 0,6. ● DHL do líquido pleural: ○ Transudato: < ⅔ do limite superior do DHL sérico. ○ Exsudato: > ⅔ do limite superior do DHL sérico. ■ Pode-se usar o DHL pleural > 300 também. Obs: sobre os critérios de light, caso não haja NENHUMA alteração, é um transudato, mas se houver 1 alteração, já é um exsudato. Avaliação quando o critério de Light não for possível: ● Gradiente albumina sericopleural: se < 1,2 g/dL, indica EXSUDATO. ○ Esse critério é especialmente útil em pacientes em uso de diuréticos, que falseiam os critérios de Light. Celularidade do líquido pleural: ● Predomínio de PMN (> 50%): sugere derrame parapneumônico, embolia pulmonar ou pancreatite. ● Predomínio de linfócitos: sugere tuberculose ou neoplasia. ○ Pode ocorrer no derrame após cirurgia de revascularização coronariana. ● Eosinófilos (> 10%): sugere presença de sangue ou ar na pleura → pode ocorrer no derrame por reação a drogas. Características do líquido pleural da TB: ● Interferon-gama: > 140 pg/mL → 94% de sensibilidade e 92% de especificidade. ● Lisozima: (menos utilizada) > 15 pg/mL. ○ Ocorre em 80% dos pacientes com TB e com relação pleural/sérica > 1,0. ● PCR: sensibilidade de 48-80%.○ PCR = teste molecular (e não proteína C reativa). ● Pesquisa de BAAR: raramente é positiva. ● Cultura: demora 2 meses e chega a 30% de positividade. ● Biópsia cega: positividade de 50-65%. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Toracoscopia: sensibilidade de 95%. ○ Contraindicado no caso de derrame bilateral. Características do líquido pleural nos exsudatos: ● Leucócitos totais: > 10.000 sugerem empiema. ● Neutrófilos: exsudato neutrofílico ou polimorfonuclear > 50% sugere parapneumônico, doenças abdominais, malignidade (20%) ou tuberculose (TB - em fase aguda). ● Linfócitos: ○ Exsudato linfocítico ou linfomononuclear > 50% = neoplasia ou TB. ○ > 80% = TB, linfoma, artrite reumatoide ou sarcoidose. ● Eosinófilos: eosinófilos > 10% ocorrem com etiologias malignas. Exames adicionais do líquido pleural que podem auxiliar o diagnóstico etiológico: ● Pesquisa de células neoplásicas: p. neoplasia ○ Imunocitoquímica: para diferenciar os tipos de neoplasia. ● Glicose: ○ < 60 mg/dL: sugere parapneumônico complicado, TB, neoplasia. ○ < 30 mg/dL: sugere artrite reumatoide. ● pH: ○ < 7,3: sugere parapneumônico, neoplasia, colagenoses, TB, ruptura esofágica. ○ < 7,2: indica necessidade de drenagem no derrame parapneumônico. ● ADA (adenosina deaminase): ○ ADA > 40: sugere TB (90% dos casos), empiema (60%) ou malignidade. ● Colesterol (CT) e triglicerídeos (TG): úteis para diferenciar quilotórax de pseudoquilotórax. ○ No pseudoquilotórax, o CT está alto e o TG está baixo. ● BNP: pode ser útil no diagnóstico de IC, quando o derrame foi classificado como exsudato após uso de diureticoterapia. ● Amilase: elevada na pancreatite e na perfuração esofágica. ● FAN: FAN no líquido ≥ 1:160 ou relação com o FAN sérico > 1 sugerem pleurite lúpica. ● Creatinina: relação creatinina pleural/sérica > 1 é fortemente sugestiva do diagnóstico (ocorre na nefropatia obstrutiva). ● Videotoracoscopia com biópsia ou biópsia pleural guiada por tomografia: são métodos diagnósticos que podem ser usados quando a investigação inicial for inconclusiva. Derrame pleural parapneumônico: ● Quadro inicial: exsudato reacional, claro, não viscoso, com baixa celularidade, ausência de bactérias, pH normal e valores baixos de desidrogenase láctica e glicose. ● Se não tratado (derrame complicado): aumento do volume de líquido, da celularidade pleural, da desidrogenase láctica e queda acentuada do pH. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Intenso processo inflamatório: valores de desidrogenase láctica > 1.000 U/l, glicose < 40 mg% e pH < 7,2 são sinais de intenso processo inflamatório. ○ Pode haver maior deposição de fibrina, com risco de loculações, espessamento pleural e evolução para empiema. ● Fatores de risco para a evolução do DP parapneumônico complicado e empiema pleural: ○ Extremos de idade → crianças e idosos. ○ Diabetes mellitus. ○ Alcoolismo. ○ Má conservação dental. ○ Refluxo gastroesofágico. ○ Artrite reumatóide. ○ Doenças crônicas pulmonares. ○ Uso de drogas ilícitas intravenosas. Tratamento Qual o ponto inicial para o tratamento: DEFINIR A CAUSA. 1. Causas mais comuns: derrame parapneumônico, geralmente por pneumonia (comunitária ou hospitalar), que evoluiu para DP (e que pode se tornar um empiema pleural). 2. Tratar a causa!!! O que sempre fazer: ● Internar. ● Ofertar condições de suporte respiratório e hemodinâmico. ● Introdução de antibioticoterapia adequada, baseada nos resultados da cultura do líquido pleural e hemocultura. Classificações e características do derrame parapneumônico e do empiema pleural: ● DP parapneumônico não complicado: ○ Aspecto do líquido: claro. ○ Laboratório: ■ pH = 7,2. ■ DHL < 1000 Ui/L. ■ Glicose > 40 mg%. ■ Sem bactérias no gram. ■ Cultura negativa. ● DP parapneumônico complicado: ○ Aspecto do líquido: claro ou turvo. ○ Laboratório: ■ pH < 7,2. ■ DHL > 1000 Ui/L. ■ Glicose < 40 mg%. ■ Pode ter bactérias no gram. ■ Cultura pode ser positiva. ● Empiema pleural: ○ Aspecto do líquido: purulento. ○ Laboratório: independente dos achados laboratoriais. Obs: NÃO SE DEVE APLICAR CRITÉRIOS DE COMPLICAÇÃO PARA OUTROS TIPOS DE DERRAME PLEURAL, APENAS PARA O DERRAME PARAPNEUMÔNICO! Fatores de risco e condutas na DP parapneumônico (DPP) e no empiema: ● DPP pequeno ( < 10 mm): ○ Não é necessário realizar toracocentese → categoria 1 → @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so muito baixo risco → não necessita de drenagem. ● DPP moderado ( > 10 mm ou ½ hemitórax): ○ Toracocentese com cultura e gram negativos + pH > 7,2 → categoria 2 → risco baixo → não precisa fazer drenagem. ● DPP extenso ( > ½ hemitórax): ○ Toracocentese com cultura OU gram positivos OU ph < 7,2 → categoria 3 → risco moderado → se faz drenagem. ● Empiema: aspecto purulento → risco alto → se faz drenagem. Obs: ou seja, apenas se faz drenagem terapêutica em categoria 3 ou 4 (moderado ou alto risco). Antibioticoterapia para agentes bacterianos mais comuns em empiema pleural: ● Tratamento empírico: cobrir anaeróbios e S. aureus MSSA (meticilina sensível). ○ Imipenem 0,5-1 g, EV, 6/6h. ○ Piperacilina com tazobactam 3,3-4,5 g, EV, 6/6h. ● Presença de odor pútrido: pensar em anaeróbios. ○ Clindamicina 600 mg, EV, 8/8h → primeira escolha. ○ Ampicilina com sulbactam 1,5-3 g, EV, 6/6h. ○ Amoxicilina com clavulanato 500 mg a 1g, EV, 8/8h. ● PAC: cobrir gram negativo, S. pneumoniae e S. milleri. ○ Ceftriaxona 1 g, EV, 12/12h. ○ Levofloxacino 750 mg, EV - diário. ● Suspeita de S. aureus: cobrir S. aureus MSSA/MRSA. ○ Oxacilina 2 g, EV, 12/12h → para MSSA (meticilina sensível). ○ Vancomicina 1 g, EV, 12/12h → para MRSA (meticilina resistente). ○ Linezolida 600 mg, EV, 12/12h. ● No caso de empiema por PAC: ○ Cefalosporina de terceira geração com metronidazol ou quinolona respiratória com metronidazol. ■ A associação com metronidazol é para cobrir germes anaeróbios. ■ Em caso de alergia à penicilina → clindamicina. ● Empiema por pneumonia hospitalar: ○ Betalactâmico antipseudomonas, EV, (cefepime, imipenem, meropenem, piperacilina com tazobactam) com metronidazol. ○ Ampicilina com sulbactam. ○ Amoxicilina com clavulanato. Obs: para a suspeita de MSSA ou MRSA, faz-se uma anamnese detalhada; se é um paciente que já foi manipulado várias vezes, ou fez uso de vários ATB, ou tem história de internações prévias por S. aureus, ou ficou em ambiente hospitalar por mais de 15 dias, pensa-se em MRSA. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Toracocentese terapêutica: ● Objetivos: aliviar o acúmulo de líquido pleural e para mandar o líquido coletado para análise laboratorial. ● Não retirar volume > 1500ml → risco de edema pulmonar de reexpansão. Toracocentese x Drenagem pleural: ● Objetivo em comum: retirada do acúmulo de ar ou de líquido do espaço pleural, pela inserção de um tubo, cânula ou agulha no espaço intercostal. ● Toracocentese: é realizado a partir de um procedimento, no qual ao retirar a agulha de punção, não se estabelece um tubo de conexão para uma drenagem continuada. ● Drenagem: o local da punção permanece aberto, para que o dreno fique ali retirando o líquido do espaço pleural → faz maiores retiradas de líquido. ○ Parâmetros para retirada do dreno - derrames NÃO empiemáticos: melhora clínica e radiológica + diminuição do débito de drenagem para menos de 100 ml/dia. ○ Parâmetros para retirada do dreno - derrames NÃO empiemáticos: aguardar a parada total da drenagem, seguida da confirmação por imagem da obliteração total do espaço pleural. ○ Drenagem aberta (sem selo d'água) e pleurostomia: para pacientes muito debilitados e com empiemas crônicos (sem resolução > 30 dias de tratamento) e que não suportem mais procedimentos agressivos. ■ Nesse caso, lavar dreno frequentemente para retirar restos de fibrina, aguardando a obliteração espontânea da cavidade ou a melhora do estado geral do paciente. ○ Pleurostomia: para os casos e que a cavidade residual é extensa e há previsão de fechamento em longo prazo. ■ Obs: uma alternativa de pleurostomia é colocar umaprótese, para tornar o orifício menor, sem o risco de fechamento precoce. Agentes trombolíticos: ● Desfaz loculações que atrapalham a drenagem e o acesso do antibiótico. ● Trombolítico mais usado: estreptoquinase → não é um padrão de utilização na clínica. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Precisa de mais estudos. Pleuroscopia: ● Visualização da pleura através de vídeo → é mais fiel para localização da região acometida, então possui uma biópsia mais certeira. Toracotomia e decorticação: ● O que é: retirada de parte da pleura para resolução do quadro. ● Indicação: empiema com inadequada expansão pulmonar. ○ Ex: fístulas com drenagem purulenta persistente, coleções encistadas residuais, pós-tratamento com fibrinolíticos ou pós pleuroscopia. ● Decorticação: retirada da pleura parietal fibrosada por meio de toracotomia. Particularidades do derrame pleural neoplásico Características gerais: ● Trata-se de uma complicação frequente nos pacientes oncológicos. ○ Derrames exsudativos e volumosos devem ser sempre suspeitos de etiologia maligna. ● Os achados de células malignas no líquido pleural ou na biópsia parietal significam disseminação ou progressão da doença primária. ● Derrame pleural paramaligno: derrames que não resultam de neoplasia na pleura. ○ Pneumonite obstrutiva. ○ Obstrução do ducto torácico (quilotórax). ○ Embolia pulmonar. ○ Derrame transudativo por atelectasia pós-obstrução brônquica. ○ Após radioterapia com ciclofosfamida, procarbazine, bleomicina ou metotrexato. Etiologias: ● Causas mais comuns: carcinoma de pulmão, CA de mama e linfomas. ● Causas menos comuns: CA de ovário e do trato gastrointestinal. Mecanismos de comprometimento pleural: ● Disseminação vascular. ● Invasão direta da parede torácica. ● Disseminação hematogênica diretamente para a pleura parietal. Diagnóstico: ● Citologia (do líquido pleural) ou histologia (do fragmento de pleura) de células neoplásicas. ● Características comuns: derrames volumosos e sintomáticos. ○ Mais comum: dispnéia. ○ Associação: dor torácica e tosse. ● Achados devido ao tumor primário: hemoptise, perda de peso, anorexia, caquexia e/ou adenomegalias. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Avaliação por imagem: radiografia de tórax. ○ Achado: derrame pleural maciço (ocupa a totalidade do hemitórax) ou volumoso (ocupa > 50% do hemitórax). ○ Os outros exames de imagem também tem seu valor, como nos outros derrames (mas, RNM é limitada). ● Diagnóstico invasivo: toracocentese. ● Marcadores tumorais do líquido pleural: importância secundária no diagnóstico, mas úteis como marcadores de evolução e na diferenciação entre adenocarcinomas e mesoteliomas. Achados na avaliação do líquido pleural: ● pH < 7,3. ● Baixos níveis de glicose (< 60 mg/dl). Tratamento: ● Geralmente é paliativo → principal objetivo de todo tratamento = melhorar a dispnéia. ● Tratam. não cirúrgico: observação ou quimioterapia sistêmica. ● Trata. pouco invasivos: toracocenteses de repetição e pleurodese, com ou sem pleuroscopia. ○ Ideal para alívio da dispnéia em pacientes com sobrevida curta. ○ Não retirar mais de 1.500 ml de líquido. ● Tratam. cirúrgico: pleurectomia parietal com ou sem decorticação pulmonar. ● Drenagem pleural com cateter fino: alivia a dispnéia, mas não é recomendado isoladamente → alta taxa de recidiva do derrame. Pleurodese: ● Usa meios químicos (agente esclerosante) ou mecânicos (abrasão ou pleurectomia), para obliterar o espaço pleural e prevenir as recorrências de acúmulo de líquido e os sintomas adversos. ● Agentes indutores químicos: antineoplásicos (bleomicina), agentes cáusticos (nitrato de prata), antibióticos (tetraciclina, doxiciclina e minociclina) e o talco. Pré-requisitos para realização de pleurodese: ● Melhora clínica com remoção parcial ou total do derrame por toracocentese inicial. ● Natureza maligna do derrame inequivocamente determinada (“falso positivo”). ● Capacidade de reexpansão pulmonar pela ausência de obstrução brônquica, de encarceramento neoplásico do pulmão e de linfangite carcinomatosa Indicações de pleurodese: ● Derrames pleurais neoplásicos causados por tumores não responsivos a tratamento sistêmico. ● Derrames sintomáticos e cujos sintomas podem ser definitivamente atribuídos ao derrame. ● Derrames recidivantes. ● Derrames neoplásicos com inequívoca evidência de capacidade de reexpansão pulmonar. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Contraindicações absolutas e relativas de pleurodese: ● Contraindicações absolutas: ○ Ausência de melhora clínica após esvaziamento do derrame. ○ Reexpansão pulmonar inadequada (encarceramento pulmonar, obstrução brônquica ou linfangite carcinomatosa). ● Contraindicações relativas: ○ Expectativa de sobrevida < 90 dias. ○ Neoplasia com disseminação metastática extensa. ○ Baixa capacidade de desempenho físico. ○ Extenso comprometimento do pulmão homolateral. ○ pH do líquido pleural < 7,3 ou glicose < 60 mg/dl. Tratamento do DP com pulmão encarcerado: ● Shunt pleuroperitoneal: desvia o derrame pleural para a cavidade peritoneal → alto custo. ○ É usado após a toracocentese não resolver a expansão pulmonar. ○ O paciente pode “bombear" o líquido pleural para o abdome na piora da dispnéia, aliviando a pressão intrapleural. ● Cateteres de longa duração (tipo“pig tail"): se usa anestesia local, em ambulatório mesmo. ○ A drenagem ocorre pela gravidade Escala de performance de Karnofsky: ● 100% → Sem sinais ou queixas, ou seja, sem evidência de doença. ● 90% → Mínimos sinais e sintomas, é capaz de realizar suas atividades mesmo com esforço. ● 80% → Sinais e sintomas maiores, ainda realiza suas atividades, apesar do esforço. ● 70% → Cuida de si mesmo, mas não é capaz de trabalhar. ● 60% → Necessita de assistência ocasional, mas é capaz de trabalhar. ● 50% → Necessita de assistência considerável e cuidados médicos frequentes. ● 40% → Necessita de cuidados médicos especiais. ● 30% → Extremamente incapacitado, necessita de hospitalização, mas sem iminência de morte. ● 20% → Muito doente, necessita de suporte. ● 10% → Moribundo, morte iminente. Obs: embora a maioria dos derrames neoplásicos sejam com exsudatos, a existência de um pequeno percentual de transudatos (derrames para-malignos, concomitância com doenças sistêmicas, como a IC) direciona-nos a iniciarmos a exploração bioquímica com os critérios de Light @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Fluxogramas Fluxograma no derrame pleural parapneumônico: Fluxograma no derrame pleural neoplásico: (corte em Karnofsky < 70%) @p�sitivamed
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