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MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA (Derrame Pleural* Anatomia) Dois tipos de pleuras: • Visceral – recobre o órgão em si e parte do mediastino • Parietal -recobre a parede torácica internamente Cavidade pleural: espaço virtual existente entre as duas pleuras, preenchido por líquido, 0,2ml/kg num adulto normal. Pressões que atuam: hidrostática e oncótica A parte parietal apresenta Phidrostática um pouco maior, fazendo com que a pleura parietal seja a maior responsável tanto pela produção quanto pela absorção do líquido. A produção e a absorção são praticamente iguais. Existe um problema/doença quando corre: Aumento de absorção Diminuição da capacidade de absorção Capacidade de ambos Quadro Clínico) Diversificado; • Dispneia: dependendo do volume do derrame; • Dor pleurítica: ventilatório dependente, relativamente importante, acompanha o espaço onde ocorre acúmulo de líquido, especialmente se houver lesão próxima à pleura; • Tosse seca: depende da quantidade de líquido; • Ausculta reduzida: mais comumente reduzida em bases porque a maioria dos derrames são bilaterais, mas derrames muito grandes unilaterais podem abolir a ausculta em um lado inteiro. • Taquipneia • Achados relacionados à doença de base: o mais importante – o derrame pleural dificilmente ocorre isolado. Diagnóstico) A suspeita pode ocorrer no exame físico, mas em geral é baseado em exames de imagem. Raio X de Tórax − PA 200ml/ Perfil 50ml − Decúbito lateral pode ser utilizado quando se desconfia de DP: a tendência é que o líquido livre se concentre. → Derrames loculados, presos por traves fibróticas, não respondem a essa estratégia. MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA − Principal achado: velamento do seio costofrênico. − No perfil consegue-se observar volumes menores. TC de Tórax: mais utilizado para diagnóstico diferencial. − Imagem branca US de Tórax − O derrame é visualizado como uma imagem preta: observa-se um deslizamento, que acompanha o movimento respiratório MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA Causas) Duas categorias principais de derrame pleural Transudato: extravasamento, muito associado a doenças em que se tem acúmulo de líquido no corpo. − Insuficiência cardíaca congestiva: principal causa − Cirrose: principalmente com ascite − Síndrome nefrótica − Glomerulonefrite − Diálise peritoneal: desequilíbrio das forças oncóticas e osmóticas − Hipoalbuminemia (<1,5) − Atelectasias − Obstrução de veia cava superior − Sarcoidose − Mixedema − Urinotórax − Hipertensão pulmonar − Embolia − Doença pericárdica Exsudato: maior quantidade de proteínas no líquido, são derrames mais reativos, como resposta a doenças MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA − Infecciosas: bacterianas, virais, tuberculose, fungos, parasitas; − Neoplasias: de pulmão, metástase, mesotelioma, linfoma; − Efusões paramalignas: pleurite, obstrução ou atelectasia − Embolia pulmonar − Doenças abdominais, cardíacas (IAM) − Doenças ginecológicoas − Doenças do colágeno − Medicações − Hemotórax − Quilotórax Toracocentese) Guiada por US: risco de pneumotórax 0,6-6% Toracocentese diagnóstica: sempre que a causa for indefinida Toracocentese de alívio: alívio de sintomas, dispneia, etc. Para análise de proteínas e LDH: 3-5 ml Para microscopia e cultura: 5 ml Citologia e diagnósticos diferenciais: pelo menos 5 ml Pelo menos 30 ml normalmente. Pesquisa pra TB: requer mais volume. Na imagem: hemorrágico (relacionado a pós infarto, doença maligna...), leitoso (quilotórax), e citrino (exsudato, pode estar presente no transudato também); Líquido mais escuro, até mesmo preto: aspergillus, melanoma, etc.. Dieta enteral: é raro, mas pode ocorrer da sonda parar no espaço pleural. – sempre conferir no exame de imagem. Migração de cateter central: principalmente acesso em subclávia.. Líquido purulento: empiema; Debris: pleurite. Normalmente não tem odor. Critérios de Light – Para diferenciar transudato de exsudato Sempre que houver derrame pleural, deve ser feita análise de sangue e do líquido da toracocentese (comparação): principalmente LDH e proteína. Critérios para exsudato (qualquer um dos três): − Relação proteína líquido pleural / Proteína sérica > 0,5 − LDH líquido pleural >200 − Relação LDH Líquido pleural / LDH sérico >0,6 Outras características: − pH: acidose – infecções complicadas, tuberculose, malignidade, artrite reumatóide. − Glicose: baixa – empiema, TB, malignidade, AR (comparando com nível sérico) − Amilase: 50% dos pacientes com pancreatite tem amilase elevada no líquido pleural; − BNP: boa correlação para ICC; − Contagem de células sanguíneas: aumento de neutrófilos em empiema, derrames parapneumônicos, embolia ▪ Predomínio linfócitos em TB, ICC e malignidade − Citologia: positiva em >50% dos casos de neoplasia de pulmão e 60% das outras etiologias. MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA Derrame Pleural – Transudatos Insuficiência Cardíaca − Causa mais comum, geralmente bilateral − 87% dos internados com ICC descompensada − Em geral não necessita toracocentese: compensação clínica costuma ser suficiente. − Casos em que é necessária toracocentese: diuréticos podem modificar a característica do líquido pleural. Hidrotórax Hepático − Por hipertensão portal: 10% dos pacientes com cirrose, internados com ascite importante. − Geralmente à direita: alteração geral de permeabilidade. − Atentar para empiema bacteriano espontâneo: acúmulo de líquido com translocação bacteriana que pode gerar empiema secundário – nesse caso precisa tratamento. Diálise Peritoneal − Podem apresentar DP associado por aumento da pressão na cavidade peritoneal, podendo ocorrer transbordamento. − Geralmente à direita, de pequeno volume. Síndrome Nefrótica: derrame pequeno, bilateral, que responde à terapia. Urinotórax − Pode ocorrer em doença renal obstrutiva, e na tentativa de expulsar a urina ocorre um “transbordamento” que pode alcançar o tórax. Shunt/Cateter Derrame Pleural - Exsudatos Derrame Pleural Infeccioso/Parapneumônico (+ comum) − Secundário a pneumonia bacteriana (comunitária ou nosocomial) ou abscesso − 50% dos pacientes podem apresentar − Se refratário ao ATB pode necessitar drenagem/cirurgia − Aumenta mortalidade: características que podem complicar; a) Não complicado: evolução favorável com ATB → pH próximo ao normal (7,2) → DHL<1000 → Glicose>40mg → Sem bactérias no gram, cultura negativa b) Complicado: estágio fibropurulento, necessita drenagem torácica ou cirurgia; em geral são pacientes que após 2-3 dias de antibiótico continua fazendo febre, podendo até ter piora do quadro. → Líquido claro ou turvo → pH< 7,2 → DHL>1000 → Glicose<40% → Pode apresentar bactérias/cultura positiva c) Empiema: estágio organizado, derrame purulento ou cultura positiva; → Líquido purulento → Independente dos achados de laboratório MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA − Conduta: se o paciente não apresenta resposta ao tratamento com antibiótico e outras medidas padrão, pode-se lançar mão de US, pesquisar septação (traves fibróticas que surgem com a organização do processo) ou loculação (derrames loculados são aqueles restritos a um local, que podem ser multiloculados – nesses casos não adianta fazer toracocentese, requer cirurgia). → Toracoscopia com abordagem local e até mesmo cirurgia aberta (menos usada). Malignidade − Segunda causa mais comum de exsudato; − Pulmão, mama e linfoma são os principais sítios: pulmão pode ser o sítio primário ou metástase. − Citologia positiva na maior parte dos casos; − Biópsia de pleura preferencialmente guiada. − Conduta: são pacientes bastante sintomáticos, DP já indica estágio avançado daneoplasia. Tentar toracocentese para alívio da dispneia, se o pulmão reexpandiu, avalia-se a possibilidade de realizar procedimentos como a pleurodese – coloca-se uma substância química entre os espaços pleurais, que cola uma pleura na outra, evitando o acúmulo de líquido, isso é utilizado em pacientes DRC ou outros que fazem DP de repetição. Outra opção é usar um cateter e drenar sempre que necessário (são medidas paliativas). A – Derrame pleural secundário à neoplasia, sem obstrução endobrônquica, as estruturas mediastinais em geral estão preservadas. Derrames muito grandes com velamento de uma área pode causar desvio das estruturas, mas não é o mais comum. B – Derrame pleural associado a obstrução brônquica. Nota-se todo um desvio das estruturas para a direita. Tuberculose − Aumento da permeabilidade capilar − Quadro agudo, muitas vezes no inicio da TB, abrindo um caso. − Adenosina Deaminase (ADA) aumentada − Diagnóstico em análise de escarro ou LR/lavado brônquio-alveolar − DP que se repete após uma toracocentese − Boa resposta à terapia anti-tuberculínica. Doenças reumatológicas; Pancreatite: amilase aumentada no líquido pleural; Fístula pancreática: aumento ainda maior da amilase; Ruptura esofágica: empiema anaeróbico com pH baixo, LDH aumentado; MARIANA SUCOLOTTI ATM23 PNEUMOLOGIA Conduta: paciente com DP – tem alguma doença que causa provável transudato? Sim: tratar doença de base Não: toracocentese diagnóstica e aplicar critérios de Light, e se fechar, pesquisar causas de exsudato. − Citologia − Cultura − Prova tubeculínica Se mesmo assim os exames não forem conclusivos, considera-se fazer biópsia: − Percutânea guiada por US ou TC − Por toracoscopia: usada em biópsia ou como estratégia terapêutica em casos complicados. − Biópsia aberta Não-expansão pulmonar pós toracocentese) Pode ser causada por: − Doenças pleurais malignas − Inflamação crônica da pleura − Doenças que diminuam a capacidade de expansão: obstrução endobrônquica, neoplasia de pulmão; − Fibrose pleural – pulmão encarcerado: síndrome na qual a pleura apresenta-se mais espessada; o Abordagem cirúrgica, mas eventualmente o paciente pode viver com o pulmão restrito. −
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