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Universidade Federal do Piauí Centro de Educação Aberta e a Distância CUltUrA orgAnizACionAl Francisco Benício Santos de Moraes Trindade Ministério da Educação - MEC Universidade Aberta do Brasil - UAB Universidade Federal do Piauí - UFPi Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD Francisco Benício Santos de Moraes Trindade Cultura organizacional Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Ubirajara Santana Assunção Zilda Vieira Chaves Elis Rejane Silva Oliveira Roberto Denes Quaresma Rêgo Samuel Falcão Silva Everton Oliveira de Araújo Lis Cardoso Marinho Medeiros Genuvina de Lima Melo Neta PRESIDENTE DA REPÚBLICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO GOVERNADOR DO ESTADO REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC PRESIDENTE DA CAPES COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA DA UFPI Dilma Vana Rousseff Linhares Fernando Haddad Wilson Nunes Martins Luiz de Sousa Santos Júnior Carlos Eduardo Bielshowsky Jorge Almeida Guimarães João Carlos Teatine de S. Clímaco Gildásio Guedes Fernandes CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro ( Presidente ) Des. Tomaz Gomes Campelo Prof. Dr. José Renato de Araújo Sousa Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz Profª. Francisca Maria Soares Mendes Profª. Iracildes Maria de Moura Fé Lima Prof. Dr. João Renór Ferreira de Carvalho COORDENAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS EDIÇÃO PROJETO GRÁFICO EDITORAÇÃO ELETRÔNICA REVISÃO REVISÃO GRÁFICA © 2011. Universidade Federal do Piauí - UFPI. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do autor. O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFPI. O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. 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Ter um bom relacionamento com os colaboradores é papel fundamental das funções de liderança, conhecer seus colaboradores para poder tentar ajudar de alguma forma, fazendo com que o ambiente esteja sempre harmonioso, incentivando as pessoas a trabalharem sempre motivadas e felizes com o papel que elas representam para a organização. Para que este ambiente possa ser harmonioso é preciso conhecer a estrutura, a cultura, os líderes, a motivação e o programa de feedback que a organização oferece para seus colaboradores. O Professor Francisco Benício Santos de Moraes Trindade mostra como transformar o conceito abstrato de cultura em uma ferramenta prática que administradores e estudantes possam usar para entender a dinâmica das organizações e da mudança. Focando as realidades atuais, o autor utiliza ampla pesquisa contemporânea para definir a cultura, oferece novas informações sobre as culturas organizacionais e demonstra o papel crucial que os líderes exercem na aplicação bem-sucedida dos princípios da cultura para atingir metas organizacionais. A elaboração deste fascículo surgiu da convicção de que a comunicação organizacional constitui elemento vital para a construção de um universo simbólico que, aliado às políticas de administração de recursos humanos, contribui para aproximar e integrar os públicos aos princípios e objetivos centrais da organização. Também partiu da perspectiva de que é pela precisão da informação que podemos conhecer e compreender a cultura organizacional, além de captar a lógica das relações internas, suas contradições, suas mediações, para melhor compreender os estágios administrativos, os sucessos e fracassos organizacionais e as facilidades ou dificuldades impostas às mudanças organizacionais. BONS ESTUDOS!!! UniDADE 1 INTRODUÇÃO A CULTURA ORGANIZACIONAL Definição ...................................................................................11 Cultura e poder nas organizações .............................................16 Tipos de cultura organizacinonal ...............................................20 A cultura organizacional em empresas familiares......................26 UniDADE 2 CULTURA ORGANIZACIONAL E CULTURA Distinção ....................................................................................35 UniDADE 3 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL Os Ritos nas Organizações .........................................................41 A influência dos traços brasileiros na formação da Cultura Organizacional ...........................................................................44 UniDADE 4 ESTRATÉGIAS, RESPONSABILIDADE SOCIAL E CULTURAS BEM- SUCEDIDAS A Cultura Organizacional na formação da Estratégia Empresarial................................................................................51 Responsabilidade Social: Definições e Evolução Histórica ........55 Cultura organizacional e responsabilidade social ......................57 Estudo de caso da FORD BRASIL.................................................59 09 31 39 49 UniDADE 5 RELAÇÕES ENTRE CLIMA ORGANIZACIONAL E CULTURA ORGANIZACIONAL Comunicação interna como ponto de partida para as transformações da Cultura Organizacional e adoção de novos paradigmas éticos ......................................................................73 Clima organizacional: Indicador de satisfação ...........................76 Estudo de caso – A TAM ............................................................78 Estudo de caso – A MACDONALD...............................................82 UniDADE 6 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL Cultura Organizacional e Liderança ...........................................91 O tripé das organizações: pessoas, cultura e organização .........97 O processo comunicacional na Cultura Organizacional e nas relações de trabalho ................................................................105 rEFErÊnCiAS......................................................................112 71 89 UniDADE 01 introdução a Cultura organizacional A unidade I tem por finalidade analisar as questões de poder e cultura nas organizações, de que maneira podem ser trabalhados pelos profissionais de administração nos processos de relação dos colaboradores e como podem influir de forma direta nos resultados da organização. De que forma estão relacionados poder e cultura nas organizações e de que modo ambos interagem. Trata-se de uma análise da influência da cultura organizacional nas organizações e na vida das pessoas e, ainda, das mudanças decorrentes do processo sucessório em empresas familiares que possivelmente provoca transformações em sua cultura. Em uma empresa familiar os valores, comportamentos e a cultura organizacional do fundador se confundem com os da sua família. O autor mostrará como fortalecer a cultura organizacional das empresas familiares. Portanto, a cultura organizacional é de extrema importância e tem que ser levada em conta em períodos de mudança, assim como em ocasiões de conflitose divergências acontecidos no ciclo de vida das empresas – especialmente nas empresas familiares, onde algumas mudanças envolvem a troca de pessoas na direção, e outras envolvem mudanças importantes na estrutura e na cultura empresarial. O autor mostrará também que esse processo de motivação tem como característica, estimular a intensidade dos esforços dos indivíduos em determinada tarefa para atingir as metas propostas, onde os objetivos organizacionais e os objetivos pessoais devem ser alinhados para que os indivíduos bem como as organizações alcancem resultados satisfatórios. resumindo introdução a Cultura organizacional 11 introDUção A CUltUrA orgAnizACionAl Numa análise antropológica, tal como refere Neves (2000), o termo “cultura” começou por ser definido como um componente do sistema social, o qual se manifesta pelo modo de vida e pelos artefatos, onde se incluem o conhecimento, a crença, a arte, a moral, a lei, os costumes, hábitos, assumidos pelo ser humano no ambiente que esteja inserido. O emprego da palavra cultura, no cotidiano, é objeto de estudo de diversas ciências sociais. Para tanto, o pensador francês Félix Guattari (1986), reuniu diferentes significados de “cultura” em três grupos, por ele designados Cultura-valor, ideia de “Cultivar o espírito”. É o que permite estabelecer a diferença entre quem tem cultura e quem não tem, se o indivíduo pertence ao meio culto ou inculto, definindo um julgamento de valor sobre essa situação. Por exemplo: Quem tem ou não cultura clássica, artística ou científica. O segundo, designado cultura-alma coletiva, é sinônimo de “civilização”. Ele expressa a ideia de que todas as pessoas, grupos e povos têm cultura e identidade cultural. Por exemplo: a cultura negra, a cultura chinesa, e a cultura marginal, ou seja, a expressão é para dá sentido para a ação dos grupos aos quais fazem parte, com o intuito de caracterizá-los e identificá-los. O sentido terceiro, de cultura-mercadoria, corresponde à “cultura de massa”, nesse sentido, a cultura compreende bens ou equipamentos – como os centros culturais, os cinemas, as bibliotecas e as pessoas que trabalham nesses estabelecimentos – e conteúdos teóricos e ideológicos de produtos – como filmes e livros – que estão à disposição de quem quer e pode comprá- los, ou seja, que estão disponíveis no mercado. Portanto, as concepções ora apresentadas de cultura estão presentes em nosso dia a dia, deixando claro entre as pessoas, ou seja, no sentido elitista, entre os que têm e as que não têm uma cultura clássica e erudita, seja no sentido de identificação com unidade 0112 algum grupo específico, seja ainda em relação à possibilidade de consumir bens culturais. Como se fosse específico da área de conhecimento da antropologia o conceito de cultura, vamos dar um passeio com alguns antropólogos, partindo de uma visão universalista para uma visão particularista, segundo Tomazi (2007,p171) em seu livro: Sociologia para o ensino médio destaca que uma das primeiras definições de cultura apareceu na obra do antropólogo inglês Edwrd B. Tylor (1832-1917). A cultura é um conjunto complexo de conhecimento, crenças, arte, moral e direito, além de costumes, hábitos adquiridos pelos indivíduos em uma sociedade. Trata-se de uma definição universalista, ou seja, onde procura expressar a totalidade da vida social humana, a cultura universal. Com uma visão particularista o antropólogo alemão Franz Boas (1858- 1942), que desenvolveu a maior parte de seu trabalho nos Estados Unidos, ele pesquisou as diferentes formas culturais e demonstrou que as diferenças entre os grupos e sociedades humanas eram culturais, e não biológicas. Por isso, recusou qualquer generalização que não pudesse ser demonstrada por meio da pesquisa concreta. Para Claude Lévi-Strauss (1908-2009), antropólogo que nasceu em Bruxelas na Bélgica, mas desenvolveu a maior parte de seu trabalho na França, a cultura deve ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos, entre os quais se incluem a linguagem, as regras matrimoniais, a arte, a ciência, a religião e as normas econômicas, preocupação também em suas pesquisas, foi analisar o que era comum e constante em todas as sociedades, ou seja, as regras universais e os elementos indispensáveis para a vida social. Um desses elementos seria a proibição do incesto (relação sexuais entre irmãos ou entre pais e filhos), presentes em toas as sociedades. Curiosidade: Foto de Lévi-Strauss introdução a Cultura organizacional 13 Nasceu em Bruxelas, na Bélgica. Iniciou estudos jurídicos em Paris, onde fez concurso para lecionar filosofia. Foi convidado para lecionar na Universidade de São Paulo em 1934, durante a permanência no Brasil, até 1937, realizou breves expedições ao interior e publicou seu primeiro trabalho de caráter antropológico, a respeito dos índios bororo. Retornou ao Brasil para visita em 1985. Da sua elevada condecoração científica francesa, destacam- se Tristes Trópicos, As estruturas elementares do parentesco, Antropologia Estrutural (dois volumes), O pensamento Selvagem e Mythologiques (cinco volumes). Lévi-Strauss afirma que a estrutura é a construção teórica capaz de dar sentido aos dados empíricos de uma certa realidade. Utilizando uma metáfora, pode-se dizer que esse conceito, corresponderia à estrutura de um edifício que, mesmo estando oculta, organiza, distribui, relaciona e sustenta todos os elementos observáveis dessa construção – os andares, as unidades habitacionais, as entradas, as saídas e os corredores. Colocar uma foto de um prédio (edifício) de cinco andares em execução para materializar a metáfora (ao lado ou entre outros prontos). Como já citado à medida que um grupo de pessoas profissionais ou não se reúnem para desenvolver uma atividade ou várias com objetividade, dá inicio também a construção de hábitos, uma linguagem própria por não assim dizer a sua cultura, permitindo a capacidade de adaptabilidade na realidade do qual se encontra inserido. A cultura possui três características: ela não é inata, e sim aprendida; suas distintas facetas estão inter-relacionadas; ela é compartilhada e de fato determina os limites dos unidade 0114 distintos grupos. A cultura é o meio de comunicação do homem (HALL,1978,p.80). Entende-se aqui que a cultura é um conjunto complexo de tudo que constitui a vida em comum nos grupos sociais, aprendido o modo de pensar, sentir e agir e partilhado a uma pluralidade de pessoas. A cultura é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicação e consenso, como oculta e instrumentaliza as relações de dominação (FLEURY e FISCHER,1989,p.117). A cultura da e na organização é fundamental para o sucesso em que essas mesmas se encontram, são mais do que simples recursos financeiros, estruturas físicas, equipamentos, normas e procedimentos. Para tanto, Torres (1996,p.88) afirma que cultura é um sistema de crenças que dá sentido às atividades do homem. Mas elas também governam as relações que mantêm com seus semelhantes, à medida que lhes fornecem modelos de interação, que se cristalizam em instituições. As organizações são também compostas por estruturas humanas e sociais, com vida própria, que crescem, desenvolvem-se e adaptam- se às exigências da envolvente em que se inserem interna e externa, nas perspectivas econômica, tecnológica, cultural, política e demográfica, e de imediata nas áreas de análise do cliente, mercados concorrentes e fornecedores. Os trabalhos sobre cultura são importantes e pesquisados por vários autores que abordam, quer na dimensão nacional, quer organizacional, tais como Hofstede, Ouchi, Pascale e Athos, Peters e Waterman, Ueno e Sekaran, Desphandé, sendo de realçar a opinião de Denison (1990), refere ser comum a todos os componentes dadimensão comportamental da organização, ou seja, a manifestação das crenças, valores e princípios subjacentes, que se revelaram úteis no passado e que perduram em virtude da utilidade presente e futura. introdução a Cultura organizacional 15 Contudo, para maiores esclarecimentos temos que salientar as características chaves que uma organização valoriza segundo Robbins (2005), entre elas a “inovação e tomada de riscos” a que todos os seus colaboradores estejam estimulados a comprometer-se a inovar e assumir riscos, quando necessário, a “atenção a detalhes” dispensada e demonstrada na análise do seu desempenho e na precisão com que é executada, a “orientação para os resultados”, ou seja, o grau com que as administrações se empenham nos resultados ou produção, mais do que nas técnicas e processos usados para a sua obtenção, a “orientação para as pessoas”, ou seja, em que medida as ações e decisões das administrações tem em consideração o seu efeito sobre as pessoas da organização, em termos de resultados esperados, a “orientação para as equipes”, mais do que para as pessoas em termos individuais, a “agressividade” não em termos de sociabilidade, mas de competitividade e por último a “estabilidade” ou grau de ênfase dado à manutenção do status quo em comparação com o crescimento. É com base nestas características que segundo o autor, as organizações definem a sua cultura, podendo cada uma das características variar em escala entre um grau abaixo até um grau elevado, de acordo com a percepção, sentimentos e entendimentos partilhados no ambiente onde se encontram. Quando Robbins (2005) expressa a cultura dominante sendo os valores essenciais compartilhados pela maioria dos membros da organização. E essa visão macro da cultura que confere à organização sua personalidade distinta. Deixando claro que as subculturas tendem a ser desenvolvidas nas grandes organizações para refletir problemas, situações ou experiências comuns a alguns de seus membros. Podendo essas subculturas serem definidas por designações de departamentos e separação geográfica. Por exemplo: o departamento de compras, podendo possuir uma subcultura compartilhada unicamente por seus membros, incluindo os valores essenciais da cultura dominante acrescidos dos valores específicos daquele departamento. Da mesma forma, um escritório ou unidade de trabalho separados fisicamente do restante da organização pode assumir uma personalidade diferente, contudo, os valores essenciais são mantidos, mas eles também são modificados para refletir a situação específica dessa unidade, ou seja, em conformidade com o meio que esses membros estão inseridos, com seus hábitos, costumes e crenças. unidade 0116 A cultura desempenha diversas funções definidas como bem descreve Robbins (2005): 1ª) Tem o papel definidora de fronteiras, ou seja, cria distinções entre uma organização e as outras; 2ª) Proporciona um senso de identidade aos membros da organização; 3ª) Facilita o comprometimento com algo maior do que os interesses individuais de cada um; 4ª) Estimula a estabilidade do sistema social; e 5ª) Serve como sinalizador de sentido e mecanismo de controle que orienta e dá forma às atitudes e comportamentos dos funcionários. Fica clara a importância dessas funções no ambiente de trabalho atual influenciando os profissionais a desenvolverem sua competência em conformidade com a cultura organizacional. DEFINIÇÃO Cultura organizacional Ao pesquisar a bibliografia relacionada à cultura organizacional, verifica-se que, em geral, os conceitos encontrados são muito parecidos ou se complementam. Para se ter uma visão clara da abrangência de Cultura Organizacional segue o conceito de (CHIAVENATO,2004,p.296), É o conjunto de hábitos, crenças, valores e tradições, interações e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Representa a maneira costumeira de pensar e fazer as coisas, e que é compartilhada por todos os membros da organização. A cultura organizacional envolve as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros da organização no cotidiano e direciona suas ações para a realização dos objetivos organizacionais. Cada organização tem sua própria cultura corporativa. Uma imagem que traga diversas culturas em quadro só, simbolizando, organização, raça, crença, pessoas(Fig. 1) introdução a Cultura organizacional 17 Embora, as organizações estejam inseridas em meios a contextos semelhantes como sócio-econômico-cultural, apresentam suas particularidades em suas características, em decorrências de variáveis, como por exemplo: o modelo de gestão que cada uma recebe; o tipo de liderança que predomina; o comportamento de seus colaboradores com suas subculturas locais. De acordo com Vergasta (2001), A cultura organizacional não é algo pronto e acabado, mas estão em constante transformação, de acordo com sua história, os seus atores e com a conjuntura. (imagem também mostrando mudanças Crianças brincando criando objetos de madeira e posteriormente esse objeto transformado) e/ou Estado para o outro em mudança de hábitos ou cultural) Alguns autores como (CHIAVANATO, 2000; NASSAR, 2000; VERGASTA, 2001) afirmam que a cultura organizacional pode sofrer mudanças ao longo do tempo, dependendo de condições internas ou externas, não é estática nem permanente, mesmo que a organização resista a elas. unidade 0118 Para Chiavenato (2004), a cultura organizacional consiste em padrões explícitos e implícitos de comportamentos adquiridos e transmitidos ao longo do tempo que constituem uma característica própria de cada empresa. Para esse autor a cultura organizacional pode ser dividida em um nível visível e outro invisível. No nível visível, estão os aspectos formais e envolvem as políticas e diretrizes, os métodos e procedimentos, objetivos, estrutura organizacional e a tecnologia adotada pela empresa. No nível como invisível ou aspectos informais que envolvem percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais e normas grupais. Estes são mais difíceis de sofrerem mudanças. A figura mostra o iceberg da cultura organizacional. Fonte: Livro Teoria Geral da Administração, Chiavenato (2004,p.297) Para sua efetividade deve-se observar que existem culturas consideradas conservadoras que se caracterizam por sua inflexibilidade e rigidez, como também existem outras que aderem a culturas adaptativas flexíveis para obter maior eficiência e eficácia de seus colaboradores e alcançar as inovações necessárias para manter-se no cenário atual, cheios de transformações e mudanças rápidas. Existe ainda a definição da cultura organizacional holística que apresenta uma concepção diferente dos aspectos pragmáticos encontrados na literatura da área administrativa, no entanto concorda com o fato de que a cultura organizacional é mutável. Como se observa na definição: dada por introdução a Cultura organizacional 19 Weil (1995, p.89). Cultura organizacional holística é um conjunto de valores, conhecimentos e costumes ligados a uma visão não-fragmentada do mundo em que a organização é considerada um organismo vivo em constante movimento, constituindo um sistema de eventos com uma constante interação e interdependência de sistemas maiores ou menores. Saiba mais Holística, de holos, grego, que significa inteiro, não fragmentado. Adjetivo ou substantivo significa uma visão não fragmentada do real, em que a sensação, sentimento, razão e intuição se equilibram se reforçam e se controlam reciprocamente, permitindo ao homem uma plena consciência, a cada momento, de todos os fatores envolvidos em cada situação ou evento de sua existência, permitindo-lhe tomar a decisão certa, no momento certo, com sabedoria e amor espontâneo, o que implica a presença de valores éticos de respeito à vida sob todas as suas formas (WEILL, 1995,p.88). No nosso caminhar no dia a dia, ser holístico é buscar incessantemente ouvir as pessoas, conheceros fatos ou os argumentos de outrem para medir a veracidade do que ouve para depois tomar as decisões necessárias e com o mínimo ou nenhuma margem de dúvidas, disseminando entre os demais confianças, integração, segurança e cooperação mútua. Seguindo essa reflexão pode-se concluir que nas organizações a cultura impregna todas as práticas e constitui um conjunto preciso de representações mentais, um complexo muito definido de saberes, adquire uma configuração sistêmica coerente de significações e funciona como uma argamassa unindo todos os membros em torno dos objetivos e dos mesmos modos de agir. A cultura organizacional exprime a identidade da organização. (...) As culturas organizacionais constituem sistemas de referências simbólicas e moldam as ações de seus membros segundo um certo figurino. Ao servir de elo entre passado e presente, contribuem para a permanência e a coesão da organização. E, diante das exigências que o ambiente externo provoca, diante das unidade 0120 necessidades de integração interna que se renovam de maneira incansável, formam um conjunto de soluções relativas à sobrevivência, à manutenção e ao crescimento da organização (SROUR,1998, p.175-6). A dinamicidade das atividades contemporâneas exige conhecimentos, administrativos, jurídicos e políticos, domínio de técnicas e de especialidades que somente quadros universitários e profissionais detêm, ou seja, induzindo à formação de uma burocracia de colaboradores. Na compreensão de cultura organizacional como pressupostos básicos que um grupo descobriu e desenvolveu ao aprender como “lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna”, ou seja, funciona o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esse mesmo problema, segundo conceito de Schein (1985 apud FLEURY, 1987, p.11). Percebe-se, portanto, que o estudo e a análise da cultura organizacional são de grande relevância para a tentativa de mudança organizacional, bem como para a garantia do desempenho desejado. Como a cultura espelha o pensar e o agir de seu corpo organizacional, sabendo que não importa a busca de implantação de tecnologias, sistema novos de gestão se a cultura interna, as pessoas não compartilharem com as mudanças, ou seja, é imprescindível a incorporação do espírito de confiança e ajuda mútua para as inovações possam ser compreendida e aceita pelos profissionais que compõe a organização. Para tanto, a empresa em seu quadro de colaboradores deve haver uma equipe de profissionais, que possuam o poder de persuasão, para juntos efetivarem todo processo de mudança, ou seja, profissionais que saibam sobre a influência do poder nas organizações. CULTURA E PODER NAS ORGANIZAÇÕES As organizações costumavam mudar decorrente das necessidades e urgências impostas pelo meio em que estavam inseridas. Atualmente, essas mudanças são cada vez mais promovidas pelas empresas na busca incessante pela excelência. Com o desafio de conduzir essas transformações de forma eficaz, surgem muitos trabalhos que destacam as dificuldades enfrentadas pelas organizações em um período de mudança. introdução a Cultura organizacional 21 O conceito de cultura organizacional tem sido bastante discutido nos últimos trinta anos. Deal e Kennedy (1982) e Schein (1985), dentre outros, tratam a cultura como um conjunto de valores e crenças compartilhados de maneira homogênea em toda a organização. Segundo esses autores, a cultura pode ser construída e controlada pelos líderes, mediante um sistema de regras formais e informais aplicados a todos os membros da organização. Fleury (1989) concorda que a cultura possa ser controlada, mas com grande dificuldade, principalmente quando se trata de mudança dos padrões culturais vigentes. Fernando e Miguel (1997, p.26) explicitam que o comportamento de executivos e trabalhadores baseia-se em crenças, atitudes e valores, em certa medida, verdadeiros ciclos viciosos de comportamento são causados por crenças, atitudes e valores. E acreditam que as situações administrativas são filtradas pelo conjunto de crenças e atitudes que cada um de nós tem, assim somos os únicos geradores e mantedores da cultura organizacional de nossa própria empresa. Para Aktouf (1994), a cultura pode ser constituída por meio de interações e os gerentes têm um papel fundamental no estabelecimento das condições para essas interações. Porém, o autor critica o caráter generalista e manipulador de que a cultura pode ser decretada ou mudada de acordo com uma vontade, como uma variável dependente. Ele defende que a cultura é algo muito vasto, profundamente relacionada com as estruturas sociais, a história, o inconsciente, a experiência vivida e o vir a ser coletivo humano, não podendo ser tratada de maneira trivial. Outros autores, como Meyerson e Martin (1987), discutem a existência de subculturas na organização no qual valores, comportamentos e interesses são comumente distintos em determinadas áreas ou instâncias de poder. Em situações de mudança, os padrões de interação existentes podem gerar divergência entre essas subculturas, que por sua vez podem acarretar situações de aceitação ou resistência dos membros da organização. Nessa mesma visão, Ranson, Hinings e Greenwood (1980) defendem que a estruturação da organização é um privilégio de poucos atores e a organização é, portanto, composta por um número de grupos divididos por crenças, preferências de valores e interesses, em subdivisões da cultura unidade 0122 organizacional. Esses autores consideram que as estruturas organizacionais são constituídas pela articulação desses valores e interesses de seus membros. Desta forma, as organizações são locais nos quais as negociações, contestações e disputas entre os membros são rotineiras (HARDY; CLEGG, 2001). Nesse contexto, o dissenso entre esses grupos em situações de mudanças estruturais pode acarretar não apenas divergências culturais, mas também alterações nas dependências de poder. Recomenda-se que a forma de planejar e monitorar a implantação de uma mudança organizacional seja cuidadosamente elaborado. As organizações também influenciam os valores, crenças e interesses, atuando no comportamento dos seus membros. Nessa perspectiva, será abordada nesse estudo a influência da cultura organizacional e das relações de poder numa situação de mudança estrutural. Pettigrew (1987) observa também que tanto a cultura quanto o poder devem ser considerados numa situação de mudança organizacional. Ele tem como referência na discussão de mudança estratégica a visão de processo combinando elementos políticos e culturais, apesar de normalmente expressar em termos analíticos e racionais, sendo a mudança estratégica o produto da legitimação dessas considerações. Para esse autor, estrutura, cultura e estratégia não devem ser tratadas de maneira neutra, mas vistas como capazes de proteger os interesses dos grupos dominantes, então, pode haver reflexos na articulação entre os padrões culturais e os padrões políticos, ou seja, entre os valores e os interesses. Assim, o estudo do sistema de poder vai além da análise da hierarquia defendida por alguns autores numa visão mecanicista. Nessa discussão de poder, Foucault (1976; apud MACHADO, 2003) rompe com a noção de poder com a visão mecanicista. Para ele, o estudo das ciências humanas não é consequente do progresso da racionalidade das ciências exatas, pois são dois tipos de discursos heterogêneos. As ciências exatas defendem a organização do direito em torno da soberania, e as ciências humanas defendem o mecanismo das coerções exercidas pela disciplina. O poder deve, então, ser exercido através deste direito e desta disciplina. O poder é muitas vezes sutil ou imperceptível e por isso não é questionado. O poder pode ser visto em duas dimensões, a superficial e a profunda. A primeira pode ser facilmente observada (explícita),como introdução a Cultura organizacional 23 em situações de decisão e negociação, através de estruturas formais de autoridade e regras. A segunda é implícita, atuando sobre o pensamento e comportamento dos indivíduos sem serem reconhecidas. Ela está embutida na estrutura, na criação das crenças e significados. Essas duas dimensões coexistem e definem o poder e sua atuação. Hardy e Clegg (2001) discutem poder e resistência como situações de dominação e liberação. Seguindo a visão do poder colocado como elemento político e de interesses, concordam que a política é um meio de alcançar e também de escapar do poder. Em situações de mudança, principalmente estrutural, as chances de divergências nessa relação de dominação e liberação tende a ser maior e mais evidente. A manutenção ou busca da autonomia se contrapõe à fuga da responsabilidade. Nesse contexto, o sucesso na implantação da mudança numa organização vai depender do grau de aceitação ou resistência de seus integrantes, que poderá ser maior ou menor conforme a compatibilidade com os seus valores, crenças ou interesses. Por sua vez, essa compatibilidade será o resultado da influência da cultura e dependências de poder da organização, e também das práticas por ela adotada para a implantação da mudança. TIPOS DE CULTURA ORGANIZACIONAL Existem diversos tipos de lugares onde podemos encontrar uma cultura, falarei um pouco sobre a das organizações. De forma básica, a cultura organizacional são os deveres que os colaboradores devem cumprir em relação ao seu local de trabalho, ou mesmo local de estudo, dotada de valores éticos, morais e de princípios, crenças, políticas internas e externas, sistema e clima organizacional é um tipo de organização que traz, apresenta conscientização e responsabilidades. Empresas como a IBM, por exemplo, que tem uma das culturas organizacionais mais bem elaboradas e ativas, possui padrões ótimos de comportamento, crenças e valores verdade para com seus colaboradores. A cultura organizacional de uma empresa deve envolver normas, regulamentos, costumes, políticas administrativas, padrões, tradições, tipos de liderança, máquinas, equipamentos, caráter, e mais alguns itens, tudo aquilo que está presente em uma empresa. A cultura organizacional se refere unidade 0124 a um sistema de valores, compartilhado pelos membros de uma organização e que a difere de uma para a outra. (ROBBINS, 2002). O comportamento humano nas empresas vem sendo objeto de estudos científicos há bastantes tempos, porque ele se tornou fundamental nas relações empregatícias e nas relações de contratos de terceirizados, assim como no relacionamento com os clientes. Quando as regras, processos estão alinhados adequadamente, o cliente percebe no atendimento exemplar, e isto acontece de forma natural por parte da gestão, pois as engrenagens funcionarem bem e de forma transparente. A administração empresarial ideal é aquela que consegue atingir seus clientes, até mesmo sem conhecê-los, pois ela estará trabalhando de forma 100% alinhada com seus negócios, começando no primeiro contato com os colaboradores de entrada. Algumas falhas inadmissíveis que existem em muitas empresas latino-americanas: - Comunicação precária: os acionistas têm objetivos ambiciosos e visão clara do futuro, porém não há a comunicação ao restante da organização; - Processos: não são estabelecidos processos sistemáticos e confiáveis pra converter oportunidades e idéias em novos negócios e - Cultura: não há esforços para se construir uma cultura organizacional forte. Componentes da Cultura Organizacional Toda cultura se apresenta em três diferentes níveis: artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas. Os artefatos são as coisas concretas e palpáveis que podem ser capturadas pelos sentidos quando cada pessoa se depara com uma organização. Acrescentando os produtos, serviços, e os meios padronizados que se comportam os membros da organização. Dentre os três, este é o primeiro nível de cultura de uma organização. Ao percorrer alguma parte de qualquer organização, nota-se como é o estilo que as pessoas se vestem, estilos e sotaques ao falar, os assuntos que as pessoas conversam, seus comportamentos, quais são suas prioridades e o que é relevante para elas. Os artefatos são todos e quaisquer eventos que podem nos indicar como é a cultura da organização. Os símbolos, as palestras, as histórias, os ícones, os introdução a Cultura organizacional 25 lemas, as cerimônias anuais, etc. são exemplos de artefatos. Constitue valores compartilhados, o segundo nível da cultura de uma organização, são valores relevantes, ou seja, as crenças que definem os porques das pessoas fazerem o que fazem dentro das organizações. Funcionam como justificativas aceitas e como uma veracidade adotada por todos os membros no qual vem definido desde a origem da empresa e consequentemente da cultura. As Pressuposições Básicas é o nível mais intrínseco e profundo da cultura organizacional que são as crenças internalizadas no nosso inconsciente, é tudo que percebemos, sentimos e pressupomos, ou seja, tudo que acreditamos. A cultura descreve as maneiras de fazer as coisas em prol da organização, através do uso do bom senso onde nem se precisa falar para que possamos realmente fazer as coisas. Os colaboradores aprendem a cultura organizacional através de várias formas, como histórias de contos e passagens sobre o fundador da companhia, lembranças, sobre a dificuldade ou eventos especiais, regras de conduta e acertos e erros, que geralmente serve de base sólida para legitimar as práticas no presente. Os rituais e cerimoniais são sequências repetitivas de atividades que expressam e reforçam os valores principais da organização. Por exemplo: as cerimônias de fim de ano e as comemorações do aniversário da organização são rituais que reúnem e aproximam os colaboradores para motivar e reforçar os aspectos culturais da organização, ou seja, contribuindo para minimização e/ou eliminação de conflitos, mantendo o foco principal da organização que são seus objetos e metas. Quanto a símbolos materiais constituindo a comunicação não verbal como,a arquitetura do edifício, as salas e mesas, o tamanho e arranjo físico dos escritórios constituem símbolos materiais que definem o grau de igualdade ou diferenciação entre as pessoas e o tipo de comportamento (como assumir riscos ou seguir a rotina, autoritarismo ou espírito democrático, estilo participativo ou individualismo, atitude conservadora ou inovadora) desejado pela organização. Portanto, dentro das organizações é essencial a utilização da linguagem como meio de identificar membros de uma cultura ou subcultura. Ao aprender a linguagem, o membro confirma a aceitação da cultura e ajuda a preservá-la. As organizações desenvolvem termos singulares para descrever equipamentos, escritórios, pessoas - chaves, fornecedores, concorrentes e unidade 0126 clientes. A cultura organizacional se caracteriza pela sua aceitação implícita pelos seus membros. Ela é também reforçada pelo próprio processo de seleção, que elimina as pessoas com características discrepantes com os padrões estabelecidos e ajuda a preservar a cultura. Motivação e Cultura Organizacional Motivação é um tema muito escrito e estudado, existem diferentes modelos e propostas: grupos de apoio, premiações, um bom clima organizacional, boa liderança, oportunidade de crescimento, participação nos lucros e muitos outros. Mas quantas empresas já não tentaram diferentes soluções? Quantas dessas empresas descobriram que depois de um tempo a eficácia diminui e é preciso uma nova ferramenta? Quantas empresas simplesmente não conseguem motivar seus funcionários? Quantas empresas estão gastando uma fortuna com o intuito de elevar a motivação e, consequentemente, a produtividade de seus funcionários? A motivação deve ser a manutenção da empresa no mercado, mas, sobretudo, o desejo de realização doscolaboradores por fazer o que faz com prazer, em assegurar a razão da existência e da sobrevivência da organização são seus clientes. A motivação maior que a empresa pode proporcionar a seus colaboradores é elaborar uma seleção de pessoal em que contrate pessoas que se sintam bem com a cultura da sua empresa. Simples, porém, dificilmente aplicável na maioria das empresas, já que pouquíssimas se preocupam em gerenciar a sua cultura. Em um estudo de cinco anos um professor de Standord, Jim Collins, descobriu que algumas empresas não precisavam motivar seus funcionários e eles consideravam a sua organização a melhor do mundo para trabalhar. Contudo, segundo os empregados, a empresa era a melhor, caso você concordasse e se identificasse com a cultura dela. Caso contrário, seria o pior lugar do mundo. Foi preciso um estudo para mostrar o óbvio: se você está em um lugar no qual gosta, acredita e se sente bem não há necessidade de motivação além dessa. Veja o caso da Nordstrom (empresa de departamentos norte-americana): seus funcionários são tão apaixonados por ela que se autointitulam nordies e são capazes de fazer qualquer coisa por um bom atendimento (que é um valor importantíssimo para a empresa): introdução a Cultura organizacional 27 • Uma funcionária fez, pessoalmente, um cachecol para uma cliente que precisava do tamanho exato para que ele não agarrasse no aro da cadeira de rodas. • Outro esquentava o carro dos clientes no inverno. • Outro nordie aceitou uma devolução de uma corrente antiderrapante. O detalhe é que a Nordstrom não vende este tipo de produto. Além disso, esta empresa tem um sistema de metas muito interessante: você deve escolher uma meta muito alta e depois conseguir ir além dela. E ninguém reclama. Quem está lá ama o que faz, sente que lá é o seu lugar: a melhor empresa do mundo para trabalhar. A Nordstrom não precisa se preocupar em motivar seus funcionários, eles já estão motivados o tempo todo. Ela faz isso através de um excelente gerenciamento da cultura e um rigorosíssimo processo seletivo e acompanhamento ao longo do primeiro ano. Se o funcionário se identifica 100% ele fica, senão, rua. Eles possuem uma taxa de 50% de demissões e abandono no primeiro ano. Resumindo, só fica quem realmente quer. E não pense que isso existe apenas em outro país, já conheci empresas brasileiras que fazem isso. É assim que se motiva internamente: contrate aqueles que se sentirão motivados simplesmente por trabalharem na sua empresa. Ok, eu sei que é lindo no papel, mas e na prática? Gerencie sua cultura. Esse é um aspecto que vejo em pouquíssimas empresas, algumas até tentam gerenciar sua cultura, mas infelizmente fazem de forma artificial. E esta não é uma tarefa fácil. A cultura é algo muito amplo e antes de você pensar em ferramentas para mensurá-la já digo de antemão, não o faça. O resultado será parcial e trará mais estereótipos do que clareza. A cultura organizacional é complexa e abrangente demais para ser mensurada por um instrumento. A melhor forma de gerenciá-la é conhecer primeiro o que é cultura, como se forma, como muda, como evolui, como se transmite, como identificar alguns elementos e como a liderança pode influenciá-la positivamente. É conhecimento na área de gestão cultural, já que um gerenciamento mal estruturado pode ser tão prejudicial quanto não fazer nada. A CULTURA ORGANIZACIONAL EM EMPRESAS FAMILIARES A cultura organizacional das empresas familiares centra-se, unidade 0128 primordialmente, na figura de seu fundador, que inculca seus próprios valores e comportamentos e os da família na empresa e nos negócios. No estágio inicial de uma empresa familiar são, assim, lançadas as bases para a formação e desenvolvimento de sua cultura. O processo sucessório acarreta, entretanto, o surgimento de novas lideranças que por vezes apresentam padrões simbólicos, crenças e valores distintos daqueles que até então vigoravam na organização, o que pode acarretar mudanças no estilo de condução dos negócios, na estrutura da empresa e em sua cultura. Em outras palavras, as mudanças decorrentes do processo sucessório em empresas familiares provavelmente implicam transformações em sua cultura. Nesse sentido, assinala-se que as crises provocadas pela sucessão nas empresas familiares têm como ponto de partida o sucedido, com sua própria imagem na família e na empresa, seu estilo de vida e de relacionamento com a comunidade externa, valores estes que constituem a própria cultura da organização e que são difíceis de serem assimilados pelo sucessor. Por essa razão, o sucessor, seja ele membro da família ou pessoa independente, deve ser escolhido com o maior cuidado, de modo que não pairem dúvidas sobre sua capacidade de manter, na medida do possível, os valores esposados pelo sucedido, o que poderá assegurar uma transição harmoniosa e sem prejuízos para a organização, muito embora o processo sucessório sempre acarrete alterações nos componentes culturais da empresa. É fundamental que a cultura organizacional seja levada em conta em períodos de mudança, assim como em períodos de conflitos e diversificações ocorridos no ciclo de vida das organizações, por outro lado, referindo-se especificamente às empresas familiares, ponderam que “algumas transições de liderança envolvem somente uma troca de pessoas na direção da empresa, mas outras envolvem mudanças essenciais na estrutura e na cultura dela”. Desse modo, defendem que as famílias, ao vislumbrarem a possibilidade de se engajarem em uma estrutura organizacional diferente daquela com a qual estão acostumadas, devem levar em consideração as implicações da mudança, entre as quais se insere, necessariamente, a fundamental transformação da cultura empresarial, em que pesem tais considerações, a análise da literatura nacional e estrangeira revela que as discussões a respeito das possíveis influências da sucessão na cultura de empresas familiares têm se restringido ao plano teórico, conforme se evidencia nas posições dos autores supracitados, não tendo sido encontrados estudos introdução a Cultura organizacional 29 destinados a testar diretamente tal relação. Desse modo, as investigações que mais se aproximam dessa questão têm se limitado a abordar as consequências que as mudanças na organização trazem para a sua cultura, embora tais mudanças não estivessem diretamente relacionadas ao processo sucessório. Ao levantar estudos que visavam caracterizar a cultura de organizações familiares no Brasil, verificou-se que: 1. Superestimam-se as relações afetivas em detrimento de vínculos organizacionais, com uma freqüente valorização da confiança mútua, independente de vínculos familiares; 2. Há uma grande valorização da antigüidade, considerada como um atributo que supera a exigência de eficácia ou competência; 3. Há uma exigência de dedicação, postura de austeridade e expectativa de alta fidelidade em relação à organização; 4. É comum prevalecer ou se superestimar aspectos emocionais quando decisões têm que ser tomadas; 5. O autoritarismo e o paternalismo estão presentes nas relações entre chefias e seus subordinados; 6. Há preferência pela comunicação verbal e pelos contatos pessoais; 7. O processo decisório tende a ser centralizado, residindo no chefe à última instância para a tomada de decisões; 8. O processo decisório do dirigente brasileiro tende a um padrão mais espontâneo, improvisado e por impulso; 9. A provisão de cargos, promoções e premiações geralmente observam critérios de confiança, lealdade e antiguidade dos trabalhadores, em detrimento de sua produtividade ou da qualidade do serviço prestado. O impacto que a cultura familiar provoca nos processos decisórios da empresa. Em seu clássico modelo de cultura organizacional separa crenças, valores, ritos, rituais e artefatos, nessa ordem, numa escala crescente de visibilidade. Nela, as crenças (natureza humana, justiça, e igualdade) são os aspectos menos visíveis de uma culturaorganizacional, e os artefatos (decoração, uso do tempo e do espaço), os aspectos mais visíveis. Acreditamos que mais fortes até do que as crenças de uma organização familiar são os processos emocionais inerentes a esse tipo de empresa. Em qualquer organização, padrões aceitáveis de comportamento unidade 0130 são desenvolvidos ao longo do tempo e ensinados como a forma correta de pensar, perceber e sentir. Quando a família está envolvida na empresa, esses padrões dependem fortemente dos processos emocionais dos familiares: a cultura da família acaba se tornando a cultura da empresa e a estrutura (hierarquias, autoridades, responsabilidades) e os papéis na família (o filho com mais poder, por exemplo) transbordam para o ambiente de negócios. A análise da cultura de uma empresa familiar deverá levar em conta que ela se articula sobre as seguintes premissas: • Toda cultura tem seus valores relacionados com o dinheiro, o poder, o prazer, o êxito e a eficácia; • A cultura em uma empresa funciona como cimento e substrato de sua estratégia, de sua estrutura de responsabilidades e dos sistemas de direção que configuram sua organização; • Suas forças mais básicas são a unidade e o compromisso dos integrantes da família que nela trabalham. Pensando no sucesso, a empresa familiar levaria uma interessante vantagem uma vez que sua “familiaridade”, ou seja, o recurso intangível resultante do envolvimento familiar lhe confere importante diferenciação de seus concorrentes. Desde meados da década de 1980, o campo de estudos em empresas familiares evoluiu significativamente no entendimento de que tanto a composição organizacional como as capacitações de empresas familiares são diferentes das não-familiares. O negócio familiar tem sido descrito como apresentando um ambiente de trabalho único, que inspira um maior cuidado e lealdade dos funcionários. As relações familiares gerariam motivações não usuais, estimulariam melhor comunicação (pela linguagem da família) e maior confiança. Adicionalmente, o processo decisório seria mais rápido por estar centralizado nos membros da família, e geraria menores custos de transação. Por fim, haveria ainda a questão do eventual prestígio e reputação do nome da família no Estado, na região de sua atuação ou, em alguns casos, no próprio país de sua sede, funcionando como uma cobertura econômica e política. Existe considerável material acadêmico mostrando que empresas familiares objetivam uma combinação de interesses financeiros e não financeiros. O equilíbrio entre interesses familiares e não-familiares parece introdução a Cultura organizacional 31 ser uma busca constante nessas empresas. Dependendo da indústria e do momento econômico vivido, o grau de atenção dada pelo proprietário à família e atenção dada aos negócios poderia determinar um maior ou menor sucesso. Quando consultadas sobre seus principais objetivos, empresas familiares parecem apontar para alvos similares aos de qualquer empreendimento com fins lucrativos. Cultura na Média Empresa Familiar: Família X Negócios As empresas familiares são predominantes no Brasil e, dentro da realidade dos pequenos municípios, elas estão ainda mais presentes. As micro e pequenas empresas, das quais, segundo pesquisas do SEBRAE (PESQUISA ..., 2007), 73% são familiares, também são grandes geradoras de empregos e de benefícios sócio-econômicos. Esse tipo de empresa possui características positivas em sua cultura, que compensam suas fraquezas, como por exemplo, a forte valorização da confiança, expectativa de alta fidelidade, e nível de dedicação do funcionário à empresa – valores que chegam a se sobrepor à eficiência e eficácia profissional. Nestas empresas, o crescimento é visto como resultados e não como metas. As empresas familiares bem sucedidas que tem observado, Lansberg (1999) cita que investem muito tempo e esforço, estimulando o espírito de cooperação, e preservando a harmonia entre os seus membros. Cada um desenvolve um forte compromisso pessoal de fazer a sua parte, para apoiar os padrões estabelecidos e manter o nível de confiança no grupo. Na Plásticos Borsato, a cultura de empresa familiar está presente, revelando características peculiares de média empresa, como o fato do ambiente de 19 trabalho se tornar parecido com o da família. A empresa tem valores coincidentes com os de uma família (VENTURA apud REFERENCIAL, 2007). O especialista em empresas familiares, Ward (2007), observa que o sucesso de um negócio familiar deve se apoiar em um efetivo planejamento, que oriente os gestores a pensar em seus desafios futuros, e que seja fundamentado, principalmente em três premissas: - a maioria das empresas atravessa ciclos de vida evolutivos e previsíveis; unidade 0132 - pode-se aprender muito com as experiências de outras empresas e famílias; - a cultura da empresa familiar, sua direção e sua organização têm uma influência muito maior nos lucros da empresa do que qualquer outro fator. Como se observa, faz-se necessário que, na Plásticos Borsato, esses valores sejam ressaltados. O processo de comunicação a ser estabelecido deve levar em consideração essas peculiaridades de empresa média e familiar, e se adequar a este contexto. Dessa forma, torna-se importante, também, o estudo do clima organizacional, para conhecer a realidade da empresa. EXERCÍCIO 1) Escolha uma empresa qualquer e faça uma análise de sua cultura, das suas relações de poder bem como a estrutura organizacional adotada. Quais as propostas de mudanças você indicaria para aumentar a performance da organização analisada? 2) Você acredita que as pessoas são a peça chave do sucesso de uma organização? Justifique a sua resposta. 3) Relate uma experiência real onde a cultura e/ou as pessoas da organização influenciaram a gestão organizacional. UniDADE 02 Cultura organizacional e Cultura Na unidade II o objetivo é procurar compreender a influência da cultura organizacional nas organizações e na vida das pessoas, bem como o entendimento da presença do ‘jeitinho brasileiro’ nas organizações brasileiras, das tipologias comparativas de culturas, a influência da cultura organizacional no comportamento dos indivíduos e os efeitos positivos e negativos de sua presença ou ausência. Dessa forma, serão comentados vários assuntos abordando a cultura organizacional, a cultura brasileira e os estereótipos culturais, para que o tema desse texto seja desenvolvido e entendido da melhor maneira possível. resumindo Cultura organizacional e Cultura 35 CUltUrA orgAnizACionAl E CUltUrA DISTINÇÃO A Cultura organizacional assumiu-se como um conceito essencial à compreensão das estruturas organizativas. Segundo Infestas Gil (1991), aquela permite relacionar e aplicar variadas noções que até muito pouco tempo eram consideradas fatores passivos: os valores, a qualidade de vida local de trabalho, a identidade. A cultura de uma organização será, pois um conjunto de características que a individualiza e a torna única perante qualquer outra. Assume-se como um sistema de valores, expressos através de rituais, mitos, hábitos e crenças comuns aos membros de uma instituição, que assim produzem normas de comportamento genericamente aceitas por todos. A cultura organizacional compreende um conjunto de forças importantes que influenciam o comportamento organizacional. Compreende, além das normas formais, também o conjunto de regras não escritas, um padrão de crenças e expectativas compartilhadas pelos funcionários que produzem normas inconscientes. Estas por sua vez, podem moldar poderosamente o comportamento dos indivíduos e grupos dentro das empresas. Para Bilhim (1996), a cultura significa mais do que as normas ou valores do grupo, traduzindo-se sim numa resposta genérica aos problemas que podem surgir baseadas em sucessos conseguidos perante situações passadas. Formada por um conjunto de características que não são inatas, e que se criam ese preservam através da comunicação e cooperação entre indivíduos numa sociedade, dessa forma, pode-se concluir que a cultura é transmitida ao longo do tempo. unidade 0236 A cultura organizacional se refere a um sistema de valores, compartilhado pelos membros de uma organização e que a difere de uma para a outra. (ROBBINS, 2002). Cultura Organizacional e “Jeitinho Brasileiro” Um dos temas mais discutidos na atualidade na literatura brasileira sobre cultura organizacional diz respeito ao ‘jeitinho brasileiro’ e sua interferência nas organizações. Um conceito comum de ‘jeitinho brasileiro’ oferecido pelos autores nesta tradição é: “o genuíno processo brasileiro de uma pessoa atingir objetivos a despeito de determinações (leis, normas, regras, e ordens) contrárias” (MOTTA e ALCADIPANI, 1999, p. 9). Para a maioria das pessoas o ‘jeitinho brasileiro’ é visto como um método de driblar as regras e leis que são impostas e como uma ferramenta de esperança diante as dificuldades, um jeito simpático, bem humorado e criativo. Há vários anos o povo brasileiro tem uma fascinação pelo que vem de fora, fato este que já está presente no dia-a-dia das pessoas. Em outros países de Terceiro mundo ainda contemplam dessa mesma ideia, onde num complexo de inferioridade todos acham que tudo que é estrangeiro é melhor em termos de qualidade de produto e/ou serviços e segurança. O “jeitinho brasileiro”, como define Motta (1997), “é uma prática cordial que implica personalizar relações por meio da descoberta de um time de futebol ou de uma cidade natal, ou qualquer interesse comum”. É uma maneira de conseguir driblar normas através da simpatia, da criatividade e sensibilidade que são características presentes no cerne da sociedade brasileira. É uma prática menos agressiva que apelar para o prestígio de algum amigo ou parente. A globalização é a grande exigência do mercado atual têm obrigado as organizações a se adaptarem rapidamente às novas maneiras de administrar. Para isso, é necessário conhecer suas raízes e características pessoais para adaptá-las a esse processo de transformação. É no cotidiano organizacional que podemos encontrar explicações para certas atitudes e problemas através dos traços da cultura nacional. Cultura organizacional e Cultura 37 Aspectos positivos da influência da Cultura Organizacional Os impactos positivos são produzidos na medida em que se percebe que a cultura é manejável no sentido de produzir a otimização dos resultados organizacionais. A produção de comportamentos funcionais que contribuem para que se possa alcançar as metas organizacionais; distinguindo a organização dentre as demais existentes, a cultura permite o desenvolvimento da identidade externa; servindo também de mecanismo de controle social, pois define a realidade com a qual os membros irão viver. A cultura proporciona para seus membros um esquema interpretativo, ou a maneira de se fazer senso com os arranjos de posições e atividades em uma organização, sendo assim uma fonte de alta confiabilidade nas organizações (WEICK,1995, pag. 1-82). Aspectos negativos da influência da Cultura Organizacional O conflito ainda existe em torno da possibilidade de se mudar ou não uma cultura não permeia o esfriamento do ânimo e do entusiasmo daqueles que acreditam, e defendem que a cultura não só muda como isso só pode ocorrer de forma planejada. Ainda que o planejamento seja assumido como possível, é consenso entre os adeptos dessa corrente que o processo não é simples, não é barato e não se faz sem provocar alguns traumas como efeito colateral. Existem ainda outros fatores que apontam que a cultura está conectada com outros elementos que sofrerão alterações, tais como estratégia, estruturas, sistemas de recompensas, habilidades e procedimentos, dentre outros. Tal pensamento ainda semeia que não é qualquer mudança de comportamento que implica mudança cultural. Conflitos internos, resistência à mudança e fortalecimento de uma subcultura, que pode ser desenvolver em outras unidades da organização, resultando em falta de coordenação interna que atinge direta e adversamente as relações externas. unidade 0238 PARA REFLEXÃO Para finalizar, segue um exercício de fixação para entender de forma clara um processo de sinergia no ambiente de trabalho. Realize entre amigos a brincadeira “Escravos de Jó”, por meio desta atividade antiga que está atualmente na mesa de grandes empresas, aprendemos que no clima organizacional não adianta querer ganhar sozinho, para ter sucesso e chegar ao ápice da carreira precisamos fazer com que todos caminhem em sinergia. O seu sucesso é saber que num clima organizacional você contribui para o sucesso de muitos, o seu destaque foi a forma que você enfrentou os desafios e apoiou sua equipe, esta atitude faz de você um líder de sucesso e um destaque perante os outros pela sua contribuição no clima organizacional. UniDADE 03 Formas de Manifestação da Cultura organzacional Na unidade III a cultura nacional brasileira é abordada como um fator de grande influência em cada organização e por isso se torna absolutamente necessário conhecer o contexto em que os sistemas sociais produtivos estão inseridos com destaques para os traços brasileiros na formação da cultura organizacional. resumindo Formas de Manifestação da Cultura organizacional 41 ForMAS DE MAniFEStAção DA CUltUrA orgAnizACionAl OS RITOS NAS ORGANIZAÇÕES Somente o uso da palavra ritual no ambiente das organizações já pode causar estranhamento, a princípio, para pessoas que as desconhecem. No entanto, as organizações, enquanto estruturas sócioculturais, são locais propícios à observação das transformações que acontecem na sociedade contemporânea. Elas acompanham de forma própria e múltipla as alterações dos paradigmas científicos. O pensamento moderno, que atribuía à razão a capacidade de gerar um progresso científico absoluto, suficiente para responder a todos os anseios humanos, fracassa; percebe-se que a ciência concreta não explica sozinha toda a realidade; o conhecimento não é inabalável como se esperava. Como consequência tem-se a pósmodernidade, que não representa um período histórico posterior, mas sim uma reflexão sobre esta visão de mundo mecanicista. Assim, o velho paradigma baseado na certeza do conhecimento científico como verdade que, para ser descoberta independe do observador e de um processo de conhecimento, é substituído pelo novo paradigma que reconhece as teorias científicas como válidas, porém limitadas. Com os conceitos relativizados na sua função de descrever o real, é preciso ir além deles, é necessário acrescentar a subjetividade dos intérpretes que contribuem com suas experiências de vida, emoções, sentimentos, percepções. O conhecimento passa a ser visto como uma rede de interpretações humanas, em constante processo de transformação, de aprimoramento, ou seja, é algo inacabável. Esta tendência intelectual, representa a quebra de um paradigma social, já que seu impacto abrangente não fica restrito ao mundo acadêmico unidade 0342 e reflete diretamente nas instituições da sociedade, portanto, também nas empresas. Desta forma o universo do saber e o do humano são potencialmente complexificados; a compreensão de ambos pode tornar-se fragmentada, reducionista ou míope se for vista como passível de conceituação, ou seja, há que se considerar para este intento, possíveis interpretações que precisam combinar várias perspectivas de conhecimento, além de estarem sempre em construção. Para isso, várias ciências humanas unem-se à administração, contribuindo para a compreensão do Ser no ambiente do trabalho. O que tem início com as contribuições teóricas e práticas das ciências do comportamento organizacional, que orientam as empresas no desenvolvimento de uma melhor compreensão do comportamento humano, aliadas ao processo de aprendizagem contínuo que é desencadeado no mundo dos negócios, avança com os estudosda cultura organizacional (que) lançaram luz sobre a organização como um sistema epistemológico. Além disso, destacaram a importância dos fatores humanos como por exemplo valores, significados, compromissos, símbolos e crenças, abrindo caminho para o [...] aspecto tácito do conhecimento. E mais, reconheceram que a organização, como um sistema de significado compartilhado, pode aprender, mudar e evoluir ao longo do tempo através da interação social entre seus membros e entre si mesma e o ambiente. (NONAKA, 1997, p. 49). Neste processo interno e sistêmico pelo qual passam as empresas, que reconhece a importância do humano como agente do conhecimento, potencializa-se o recurso simbólico para a compreensão e comunicação entre as pessoas, afim de se atingir, por meio dos ideais compartilhados, a eficácia necessária. Entretanto, a esfera simbólica não é novidade no meio organizacional, sempre esteve presente no âmbito do trabalho humano, conferindo-lhe um sentido que ultrapassa o econômico. Contudo, na contemporaneidade, com um mercado globalizado e altamente competitivo, em que as organizações para existirem priorizam seus recursos intangíveis provenientes das pessoas, além de conviverem com frequentes mudanças pelas quais passam necessariamente, mudam o conceito de trabalho, que passa a ter um sentido Formas de Manifestação da Cultura organizacional 43 mais cognitivo e intangível, não só para as empresas, mas também para os trabalhadores. Assim, surge uma nova organização-empresa (que) é não somente um lugar onde o trabalho é fonte de identidades profissionais e onde se observa uma regulação cultural, mas também se transformou num ator maior da definição de nossas sociedades modernas. E é neste contexto que a esfera simbólica ganha dimensão fundamental para se compreender as relações humanas no ambiente do trabalho. Esta perspectiva mostra que as práticas de gestão ultrapassam a sua função administrativa, transformando-se em verdadeiros rituais, ou melhor, vivências organizacionais, que têm a finalidade de oferecer aos participantes um sentido que está além do material, e que é indispensável para esta nova “sociedade do conhecimento”. Isto, em parte, pode ser explicado pelas capacidades (históricas e sociais) que os ritos têm de “refazer e reforçar laços, mesmo que expressando seus conflitos [...], renovar e revivificar crenças, propagar as ideias de uma cultura [...], (além) de dar-lhe uma forma, delimitar papéis e tentar estruturar nos comportamentos a maneira pela qual uma sociedade ou grupo social se pensa” (Riviére, 1989, p. 151). Entretanto, e principalmente, é preciso enfatizar que sua relevância à cultura organizacional deve ultrapassar esta significação, que já os revela como diferentes de outras ações estereotipadas. Isto só é possível quando se compreende que os ritos contêm significados que os ligam a uma determinada cosmologia, o que determina sua sacralidade e, consequentemente, a sacralização das tarefas executadas por eles, ou seja, “eles dão a impressão de uma vida mais intensa assim como de uma espécie de engrandecimento dos sentimentos e do poder do homem” (RIVIÉRE, 1989, p. 154). A eficácia dos ritos é determinada pela condição, que lhes é possível, de conseguirem a integração das diferenças, eles permitem por meio desta ambiguidade que o ambiente organizacional, cada vez mais propício ao confronto de diversas culturas provenientes da heterogeneidade competitiva de seus integrantes, torne-se coeso a um ideal organizacional, o qual transcende os interesses individuais em prol da coletividade, a empresa. No entanto, isto não os coloca sempre a favor do “status quo”, os ritos operam mudanças, que são reais e não simbólicas, numa realidade que é constantemente negociada. Aliás, eles sempre transformam a realidade porque permitem as passagens e mudanças necessárias ao desenvolvimento da vida social, o unidade 0344 que reafirma sua eficácia para o ambiente organizacional contemporâneo. Enfim, estas “organizações-empresa” estão inseridas numa economia (pós)- capitalista, em que o capitalismo do tipo empreendedor, entre outros, é o valorizado pela cultura empresarial que para tornar-se empreendedora precisa desenvolver atitudes, valores e formas de atuação empreendedoras nas pessoas. Como consequência “a cultura das empresas está sendo elevada ao nível de virtudes e transformada em valores “nacionais” no mundo ocidental” (BARBOSA, 2002, p. 40). Portanto, é este contexto de privilegiamento epistemológico da esfera produtiva que requer um maior desenvolvimento do conhecimento, principalmente sobre os diferentes significados das diferentes éticas sobre o trabalho nas organizações, sobre o processo de mudança organizacional, e outros aspectos da vida empresarial (BARBOSA, 2002). Para isso, acredita-se na relevância da observação dos rituais, por meio deles, não se desvelaram significados absolutos, mas com certeza, muitos virão à tona, revelando diferentes sentidos e valores, que compõem este ambiente complexo das empresas contemporâneas. Entretanto, vale lembrar, que ao proceder a investigação desta realidade, não se pode esquecer de manter um distanciamento crítico, grande lição que ensinou a modernidade. A INFLUÊNCIA DOS TRAÇOS BRASILEIROS NA FORMAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL Nesta tentativa de compreender a cultura de uma organização faz-se necessário observar questões macro-ambientais que permeiam a composição cultural. Os traços característicos da sociedade brasileira formam um quadro cultural que está presente nas organizações, mesmo nas multinacionais, já que essas são parte da sociedade e a grande maioria das pessoas que atuam nelas foi criada, vive e solidifica a própria cultura brasileira. Nesta linha de pensamento Srour (2000, pag, 139) ressalta que “as formas de gestão capitalistas têm caráter universal. Mas a maneira delas se realizarem ou adquirirem corpo assume feições peculiares segundo os países”. Hoje, já constitui senso comum, principalmente entre os países de Primeiro Mundo, empresas multinacionais ou em processo de internacionalização, crer que o sucesso empresarial depende da compreensão das condições locais. As diferenças das culturas nacionais são um dos Formas de Manifestação da Cultura organizacional 45 principais elementos a serem considerados ao se adotar uma nova tecnologia gerencial, principalmente quando o modelo envolve mudanças de valores e crenças fortemente arraigados na cultura do país. O trabalho de Hofstede (1980), uma pesquisa aplicada em 60 países, com mais de 160 mil executivos e empregados de uma grande corporação internacional americana, corrobora a discussão aqui apresentada. Embora se tratasse de uma única organização com filiais, o pesquisador encontrou diferenças significativas entre países, no que se refere ao comportamento e atitude de empregados e executivos. Sua descoberta reporta-se à importância da cultura nacional. Entretanto, é importante advertir que a influência da cultura nacional sobre as organizações pode variar de instituição para instituição, de acordo com características específicas do ramo e do negócio, tais como: força da concorrência, inserção da tecnologia de ponta, origem dos proprietários, tamanho da organização, localização espacial, entre outros (FREITAS, 1997; BORINELLI e FARIA, 1994). No Brasil, ainda são poucos os pesquisadores que estudam a aproximação entre cultura organizacional e cultura brasileira (MOTTA e CALDAS, 1997; BETHLEN, 1999; WOOD JR e CALDAS, 1998; FREITAS, 1991; PRATES e BARROS, 1996). Esses estudos analisam a cultura das empresas no ambiente brasileiro de negócios, levando em consideração as raízes, a formação e os traços atuais da cultura do país. Baseado em obras da sociologia e da antropologia brasileira, especificamente nas obras de Holanda (1995), Chauí (2000), Vianna (2000) e Carvalho (2001) e nos trabalhos sobre cultura organizacional de Wood Jr e Caldas (2000),Prates e Barros (1996) e Freitas (1997) foi possível levantar uma grande gama de traços culturais brasileiros. Estes foram agrupados em vários aspectos, sumarizados a seguir e podem ser úteis para explicar o comportamento organizacional atual. Os autores propõem ser possível encontrar traços da cultura nacional, ressaltados abaixo, senão todos, certamente alguns deles, presentes no cotidiano das organizações brasileiras. Assim, destaca-se: • O personalismo, um dos traços mais marcantes, significa que no Brasil a malha de relações e o poder das ligações estabelecidas pelo indivíduo valem mais do que os direitos definidos por lei, sua competência técnica ou especialização; • A lealdade pessoal, que valoriza mais as necessidades dos unidade 0346 membros de um grupo particular do que a demanda de um sistema maior no qual ele está inserido; • O descompasso entre normas e prática social faz com que a lei só exista para os indiferentes ao sistema ou desconhecidos, isto é, o formalismo “às avessas” do sistema legal, ou seja, a lei que deveria ser igual para todos, acima do arbítrio do governo e do poder privado, tornou-se ao longo da história apenas um instrumento de castigo para ser usado em benefício de alguém. Responsável por esconder a desigualdade social e moral por detrás de uma pretensa igualdade legal; • O “jeitinho brasileiro” e o “quebra-galho” que denota, por um lado, a flexibilidade e a criatividade do povo brasileiro, representando uma saída pessoal para lidar com a rigidez do sistema formal, mas pode redundar em sistema de favorecimento ou mesmo espoliação do patrimônio público e privado; • Forte presença do poder patriarcal de forma que a hierarquia é estruturada com base na concentração do poder de mando e decisão sobre uma única figura que regulará, através do distanciamento nas relações, a grande maioria dos cidadãos da sociedade, pelo temor e submissão; e • Postura de expectador das camadas subalternas da sociedade, característica esta que evidencia relações marcadas pela fuga de conflitos devido a baixa consciência crítica e transferência das dificuldades para a liderança. Spink (2000) e Freitas (1997) argumentam que a cultura deve ser elasticamente tratada, pois os valores existentes na organização encontram um respaldo, uma legitimação e uma sustentação nos valores culturais da sociedade mais ampla, não podendo ser estudados enquanto produções exclusivas das organizações, como se elas atuassem no vácuo. Assim, a escassez de estudos sobre cultura organizacional brasileira aponta para um corpo teórico fragmentado e difícil de ser apreendido integral e consensualmente por faltar uma visualização sóciopolítica da cultura. Deste modo, um cuidado a ser tomado pelas organizações multinacionais que ambicionam alcançar no Brasil os mesmos níveis de qualidade nos projetos e programas de responsabilidade social delineados em outros países, é conhecer os traços da cultura brasileira que poderão Formas de Manifestação da Cultura organizacional 47 impor limites ou facilidades. EXERCÍCIO Preencha os espaços abaixo, inserindo as palavras de acordo com as questões abaixo: A cultura organizacional é constituída pelos valores, ____________, ritos e cerimônias, mitos, ____________ e tabus, predominantes na empresa. Para Schein, a cultura de uma organização pode ser aprendida em vários níveis: nível dos artefatos ____________; nível dos valores que governam o comportamento das ____________; nível dos ___________. O ____________ da dimensão organizacional implica, portanto, na apreensão e compreensão dos aspectos referente ao passado, presente e futuro da vida de uma organização, compondo sua chamada ambiência interna. unidade 0348 UniDADE 04 Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem- Sucedidas A proposta da unidade IV é abordar a correlação entre as estratégias de negócio, e Cultura Organizacional , demonstrando que apenas com o alinhamento da Cultura Organizacional e da Estratégia de Negócio, agrega-se valor e competitividade para a empresa. O autor enriquece a discussão com o estudo de caso da FORD BRASIL. A unidade IV traz os seguintes tópicos – A cultura organizacional na formação da estratégia empresarial; Responsabilidade social: Definições e evolução histórica; Cultura organizacional e responsabilidade social; e estudo de caso. resumindo Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 51 EStrAtégiAS, rESPonSABiliDADE SoCiAl E Cuturas bem-suCedidas A CULTURA ORGANIZACIONAL NA FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Sendo a cultura um conjunto de pressupostos básicos respeitados como a maneira correta de perceber e sentir os fatos organizacionais, ela também expressa uma visão existente e a construir pela empresa que afetam os indivíduos e as relações entre eles (FLEURY, 1989). Nesse sentido, recorrer apenas ao mecânico, direto, mensurável e técnico nas definições das estratégias, poderá responder minimamente as necessidades de sobrevivência das empresas no mercado, por não contemplar fatores simbólicos e intangíveis que realçam o lado humano da empresa. Nesse sentido Johnson ressalta que: As influências culturais sobre a estratégia são as formidáveis mãos invisíveis que causam consternação não apenas para muitos gerentes em início de carreira, mas também para alguns gerentes maduros que adotam uma abordagem excessivamente mecanicista no desenvolvimento e execução da estratégia (JOHNSON, 1987,441). Desta forma, problemas internos de tensão surgem nas empresas, quando ideias, comportamentos e valores existentes entram em choque com as estratégias projetadas. Evidencia-se assim a importância do papel exercido pela cultura na formação da estratégia, segundo a concepção de muitos estudiosos (MINTZBERG, et al, 2001; Johnson, 1999; KOTTER e HESKETT, 1994; TOMEI e BRAUNSTEIN, 1993; FREITAS, 1991b; GAJ, 1990), sendo crucial unidade 0452 seu entendimento e a análise de sua compatibilidade com os pressupostos presentes em padrões e metas estratégicas a serem implementados. Assim, destaca Johnson que “as decisões estratégicas são fortemente influenciadas pela história da empresa e pela experiência dos gerentes, que filtram as informações externas e interpretam as capacidades internas” (JOHNSON, 1999:444). Mintzberg et al (2001) ressaltam também a necessidade de haver harmonia entre os pressupostos da cultura organizacional com os princípios exigidos nas estratégias empresariais. É relevante que a estratégia a ser adotada esteja intrinsecamente conectada aos sistemas de valores, crenças e percepções vigentes na empresa. Segundo Johnson (1999:448), “é um erro grave subestimar o poder do paradigma de uma empresa ou simplesmente desprezá-lo como um mero conjunto de crenças e pressupostos abstratos, com poucos efeitos mensuráveis sobre a atuação organizacional”. Deste modo, para que uma empresa consiga realizar profundas mudanças estratégicas, torna-se obrigatório que passe por uma revolução cultural, isto é, que as estratégias idealizadas façam sentido no discurso interno da organização. Caso não sejam anteriormente mudados alguns valores organizacionais fortes, as grandes mudanças estratégicas a serem implementadas não terão base de sustentabilidade cultural, e por isso serão abandonadas, ignoradas, ou repudiadas pelos membros da organização (STONER e FREEMAN, 1998). (...) todas as firmas têm cultura corporativa, embora algumas tenham culturas muito “mais fortes” do que outras; essas culturas exercem efeito poderoso nos indivíduos e no desempenho, em especial em um ambiente competitivo; a sua influência talvez seja maior do que todos os fatores discutidos com maior freqüência na literatura organizacional e empresarial – estratégia, estrutura, sistemas administrativos, instrumentos de análise financeira, liderança (KOTTER e HESKETT 1994, pag. 10). Deste modo, é possível perceber que a conceituação de cultura organizacionaladotada está muito mais próxima da abordagem de superestrutura, como algo que permeia todas as atividades da empresa, Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 53 propiciando às pessoas uma forma taquigráfica de compreender a organização e distinguí-la de outra. Nesse sentido, por assumir uma forma singular de interpretação da realidade, encoraja a produção de resultados únicos e dificilmente imitáveis, tornando-se em si um diferencial competitivo (MINTZBERG et al, 2001). Assim, as políticas estratégicas elaboradas pelos executivos e equipes de consultores externos, não podem ser delineadas na forma de “receita de bolo”, como processos e padrões prefixados que se aplicam a qualquer tipo de empresa, mas deverão sempre levar em consideração os padrões culturais existentes na empresa e, principalmente, estar em conformidade com tais crenças, pois conforme Mintzberg (2001b: 178) “como resultado de seu apego à sua missão, os membros da organização resistem bravamente a qualquer tentativa de mudá-la e de interferir com a tradição. A missão e o resto da ideologia precisam ser preservados a qualquer custo”. Para tanto, faz-se necessário que haja um ciclo de recomposição organizacional, no qual uma nova visão de negócios seja desenvolvida coletivamente, ou seja, um período de revolução estratégica seja precedido por outro de revolução cultural (JOHNSON, 1999). Todavia, o conhecimento da existência de uma determinada cultura não significa aceitá-la tal como ela é, ou modificá-la para adaptar às novas exigências externas, mas, sobretudo, compreendê-la antes de iniciar as mudanças estratégicas necessárias. É fundamental, de início, reconhecer a cultura, a fim de evitar a implantação de estratégias preocupadas apenas com o processo e com caminhos e padrões pré-fixados, procurando entender suas implicações. Somente assim os gestores organizacionais conseguirão alcançar maiores ganhos empresariais com as políticas de responsabilidade social delineadas por possuírem sustentabilidade cultural. O importante papel de criação e manutenção da estratégia ocupado pela cultura organizacional abre caminhos para a reinterpretação de muitos conceitos e processos da administração tradicional (Scholz, 1987), já que crenças e valores persuadem os funcionários e a gerência a ver o mundo através de lentes interpretativas específicas. A mudança estratégica em direção a um posicionamento mais socialmente responsável requer uma reflexão e redefinição do papel da empresa, nova visão de mundo e crenças organizacionais básicas, uma vez que variáveis ambientais e sociais também se tornam importantes para a legitimidade e sobrevivência dos negócios (ASHLEY, 2002; CARDOSO, unidade 0454 2000; MELO NETO e FROES, 1999; DUARTE e DIAS, 1986). Uma abordagem que incorpore a questão cultural, à medida que ela se origine das relações homem-realidade (e vice versa) e responde por valores e por modos de interação entre pessoas e entre organização e meio, parecem ser interessante para apreender quais são os possíveis entraves organizacionais existentes na incorporação da questão social nas empresas, ressalta Carrieri (2000). Todavia, o mesmo autor argumenta ainda que a teoria organizacional é falha em relação a questões ambientais e sociais, pois esses temas são pouco estudados sob a perspectiva das mudanças de valores organizacionais. Tamayo (1998) e Ferrel et al (2001) apontam que a cultura organizacional tem sido estudada quase que exclusivamente a partir das declarações explícitas de valores, costumes e convicções feitas pela alta administração, através dos memorandos, códigos de conduta, missão da empresa, cadernos de diretrizes, isto é, aspectos formais da cultura mapeados pelos gestores. Desprezando, portanto, interpretações que poderão existir informalmente e que estão subjacentes à identidade da organização e a seus modos de atuação e administração. Conforme destaca: O senso de cultura organizacional, para os agentes, talvez seja inteiramente diferente dos valores e convicções éticas que orientam os empregados da organização. Questões éticas podem surgir devido a conflitos entre valores culturais, tais como são interpretados pela administração, e os que são efetivamente praticados na empresa. A administração, por exemplo, pode acreditar que a cultura estimula o respeito pelos pares e subordinados (FERREL et al,2001: 117). Contudo, o sistema de recompensas ou sanções ligadas ao comportamento pode sugerir aos empregados que ela incentiva a competição entre eles. Ferrel et al (2001) complementa ainda que a cultura integra o desenvolvimento cognitivo moral do indivíduo e mesmo que a cultura formal institucionalizada pelos gestores prescreva formas de conduta aos funcionários, a integração da responsabilidade social à gestão só ocorrerá quando for internalizada nos comportamentos e relacionamentos dos empregados. Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 55 Assim, é imprescindível estudar a responsabilidade social como uma questão cultural a ser incorporada em todos os níveis organizacionais, de forma a ser entendida e diagnosticada antes de qualquer envolvimento com questões sociais. Nesse sentido, buscou-se identificar, na literatura, traços da cultura organizacional que poderão estar envolvidos com a responsabilidade social e analisar as percepções dos empregados com relação a estes traços. Estudar traços culturais tais como são percebidos pelos empregados é importante para que se possa compreender a identidade organizacional por determinar, parcialmente, o que a empresa é e a forma como ela se percebe (TAMAYO, 1998). Dessa forma, o presente trabalho poderá contribuir para identificar as possíveis contradições que possam dificultar iniciativas e arranjos organizacionais em responsabilidade social mais eficaz. RESPONSABILIDADE SOCIAL: DEFINIÇÕES E EVOLUÇÃO HISTÓRICA A Responsabilidade Social se caracteriza por um conjunto de valores e princípios que constituem um protocolo de gestão empresarial, pelo qual a empresa se propõe a conduzir suas ações éticas e transparentes voltadas para trabalhadores, investidores, fornecedores, consumidores, governo meio ambiente e a comunidade. O conceito de Responsabilidade Social das empresas não é exatamente uma ideia nova na sociedade. Ele começou a firmar-se no mundo empresarial a partir dos anos 50 do século passado. É nesta década que acadêmicos americanos começam a formular reflexões sobre a fragmentação do lucro das empresas, destinando uma parcela para a sociedade com a perspectiva de satisfazer desejos e necessidades que o Estado não conseguia atender. Os procedimentos de Responsabilidade Social surgem como consequência da inviabilidade do Estado do Bem Estar, o walfare state, ratificando a idéia de que no sistema capitalista, as políticas sociais públicas não conseguem ser tão abrangentes como pensavam os teóricos daquele modelo. Se olharmos para um passado mais distante, veremos registros históricos da ação de uma incipiente atuação social do empresariado, caracterizada pela atitude voluntária do empresário capitalista. Essa ação marcada pelo individualismo, embora remeta às preocupações sociais dos empresários, não se enquadram nos protocolos da Responsabilidade unidade 0456 Social. No final do século XIX nos Estados Unidos, o empresário A. Carnigie, proprietário do conglomerado industrial U.S. Stell Corporation, manifestava preocupações sociais tidas como inovadoras no seu tempo, as quais baseavam-se nos princípios da caridade e da custódia, conforme Stoner, (apud KARKOTLI e ARAGÃO, 2004). A caridade, com um viés paternalista e assistencialista, fundamentava- se na decisão do empresário em determinar onde, como e quanto seriam investidos recursos a título de ajuda social. Já a custódia estabelecia princípios pelos quais os empresários consideravam-se zeladores e agentes multiplicadores da riqueza da sociedade. Nosanos 30, marcados pela Grande Depressão americana e seus reflexos no mundo, já há na população uma crença de que os empresários são responsáveis, não só pelo bem estar dos seus empregados, como também pela comunidade à sua volta. Essas reflexões se fortalecem também à medida que o conceito e a perspectiva do exercício de cidadania vão se sedimentando na sociedade. Nos anos 60, as lutas por conquistas e ampliação dos direitos civis e mais a insatisfação de uma parcela da sociedade americana com a participação dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, contribuíram para o questionamento do modelo empresarial vigente, baseado no princípio de maior lucro por menor custo. Em outros paÍses a juventude também demonstrou sua insatisfação com o modelo social e político, buscando alternativas de renovação nestes campos. As reivindicações pelo respeito enquanto consumidor, refletiu no modelo de gestão das empresas e muitas organizações passaram a adotar um outro comportamento, trilhando no discurso da ética e da maior transparência de suas ações. A mudança marcante ocorrida neste período, é o fato da perspectiva do respeito pela sociedade passar a ser uma ação empresarial, gerencial e corporativa, afastando-se do modelo personificado e filantrópico dos capitalistas do passado. Assim, podemos apontar que nesta década já há empresas que praticam a Responsabilidade Social e buscam através dessas ações, estabelecer um diferencial da concorrência, agregando novos valores aos seus produtos e serviços. Neste quadro de exigências e novos desafios, uma voz começa a surgir nas universidades americanas exigindo um comportamento mais coerente das empresas em relação às exigências sociais. Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 57 É do campus universitário que surgem os primeiros protestos contra uma sociedade que sendo basicamente do “homem organizacional”, não oferece respostas institucionalmente adequadas aos desafios e problemas parcialmente gerados pelas próprias organizações. (BERNHOEFT, 1987, p. 6) Neste período, as estratégias de comunicação e publicidade passam a ser elementos fundamentais para tornar públicas as ações das organizações que se intitulam socialmente responsáveis. Como consequência, ocorre uma adaptação das estratégias do marketing de venda, com outras preocupações sociais que passam a integrar as áreas de Recursos Humanos, Marketing e Comunicação das empresas. A crise energética surgida a partir dos anos 70 redireciona e amplia o nível de exigência para produção de bens e serviços por empresas alinhadas com os protocolos da Responsabilidade Social. As preocupações com o meio ambiente e energia renovável inserem o princípio do desenvolvimento sustentável, pelo qual o uso dos recursos naturais e a preservação ambiental devem seguir rígidos padrões ecológicos que remetem para a melhoria contínua da qualidade de vida das gerações presentes e futuras. O desenvolvimento das sociedades e a exigência cada vez mais crescente por informação, refletiram em novas exigências da relação entre empresas, indivíduos e a sociedade. Tais exigências provocaram também novas estratégias de relacionamento das empresas com os entes que estão sob sua influência, como governo, funcionários, sociedade, meio ambiente etc. No contexto dessa relação mutante, o panorama conceitual de Responsabilidade Social também se transformou, como bem demonstra a relação a seguir: • Bowen (1943) Obrigação do empresário de adotar políticas, tomar decisões e acompanhar linhas de ação desejáveis, segundo os objetos e valores da sociedade. • Friedman (1970) Responsabilidade Social é um comportamento antimaximização de lucros, assumido para beneficiar outros que não os acionistas da empresa. Portanto, existe somente uma unidade 0458 responsabilidade da empresa: utilizar suas atividades com o objetivo de aumentar seus lucros, seguindo as regras do jogo de mercado. • Kugel (1973) Desenvolvimento do conceito de responsabilidade social: acompanhou a própria evolução dos programas sociais estabelecidos pelas empresas americanas. Os executivos passaram a aceitar a necessidade de realizar certas ações e procuraram fazer com que fossem componentes regulares das operações empresariais. • Petit (1976) Ética do lucro dando lugar à ética da Responsabilidade Social: demandas sociais que não podem ser satisfeitas pelas técnicas tradicionais de gerência empresarial, ou seja, com funções especificamente econômicas. • Zenisek (1979) Responsabilidade Social como uma preocupação das empresas com as expectativas do público. Seria, então, a utilização de recursos humanos, físicos e econômicos para fins sociais mais amplos, e não simplesmente para satisfazer interesses pessoais ou organizações em particular. • Instituto Ethos (2003) A Responsabilidade Social Empresarial está além do que a empresa deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos com a comunidade ou as benfeitorias para o público interno são elementos fundamentais e estratégicos para a prática da Responsabilidade Social. Muitas empresas já perceberam a necessidade de direcionar suas práticas no sentido de alterar o quadro de degradação ambiental, a péssima distribuição de renda, a baixa qualidade dos serviços públicos, a violência e a corrupção não apenas no discurso, mas fundamentalmente nas ações. No Brasil, a relação entre empresas e segmentos da sociedade tem um histórico baseado na filantropia, caridade e ações sociais de caráter religioso. Com a adesão ao viés econômico baseado nos preceitos neoliberal e o modelo do “Estado mínimo”, associado à constatação das históricas dificuldades do Estado brasileiro em lidar com as questões sócias, o empresário, com os procedimentos da Responsabilidade Social, apresenta- se nesse cenário como sujeito capaz de empreender ações sociais práticas, ocupando os espaços deixados pelo Estado. Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 59 Diante do diagnóstico de que o Estado não é eficiente na gestão dos problemas sociais, assim como de que a atuação da sociedade, baseada na “boa vontade”, também não gera resultados qualificados, abre-se uma vaga para quem tem “competência técnica para gerir os problemas”. [...] Em um cenário de crise de motivação para a vida pública, marcada por uma baixa credibilidade em relação às instituições sociais, o empresário aparece como o ator qualificado a instruir a lógica da eficiência e do jeito novo de “fazer o bem” (GARCIA, 2004, p.16, grifos do autor). A adoção da construção de práticas empresariais socialmente responsáveis se intensificou a partir do final dos anos 80 como reflexo da promulgação da Constituição Brasileira de 1988. Desde então, as organizações não governamentais (ONGs) se expandiram, preenchendo espaços deixados pela ausência, parcial ou total, do Estado na área social e cultural. Nesse cenário, é cada vez mais frequente a parceria entre o segundo setor, representado pelas empresas de capital privado; e o terceiro setor, as organizações não governamentais, na articulação de projetos sociais com um recorrente discurso de resgate da cidadania e ocupação de espaços através da cultura. CULTURA ORGANIZACIONAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL As origens da Responsabilidade Social encontram-se em ações filantrópicas e caridosas cujas doações eram, em geral, de bens materiais, bens tangíveis. Nos últimos tempos, no entanto, a cultura tem assumido um papel destacado na relação de troca e interação entre empresas e os grupos sociais que são alvos dos projetos. A cultura ocupa na contemporaneidade cada vez mais espaço nas estratégias dessa neofilantropia nos procedimentos da Responsabilidade Social empresarial. Ainda não se pode afirmar que a cultura substituiu completamente outros bens, no entanto a avaliação dos balanços sociais publicados anualmente pelas empresas, indica um investimento crescente na área cultural. unidade 0460 O conceitode cultura em geral situa-se num campo muito extenso de definições, mas isso não constitui uma imprecisão conceitual. A cultura traz em si mesma conceituação ampla, plural e mutante ao longo da história. E como bem aponta Faria (2003), é bom que seja assim, um conceito amplo demais, para não se correr o risco de restrição do campo cultural e sua força vital. Ao historiar o conceito de cultura e o seu novo significado com as inovações pós Revolução Industrial, Raymond Williams aponta de forma precisa as “hostilidades” e “embaraços” que o termo provoca. Cabe, em verdade, dizer que as questões ora implicadas nos significados da palavra cultura são questões diretamente surgidas das grandes transformações históricas que, à sua maneira, se traduzem nas alterações sofridas pelas palavras indústria, democracia e classe, e são de perto acompanhadas pelas modificações A evolução da palavra cultura dá testemunho de numerosas reações, importantes e continuadas, a essas alterações de vida social, econômica e política e pode ser encarada, em si mesma, como um especial tipo de roteiro, que permite explorar a natureza dessas alterações (WILLIAMS, 1969, p.18) Feitas essas considerações acerca do conceito de cultura, podemos aqui apresentar uma definição que engloba de maneira abrangente, aspectos naturais e sociais associados a práticas cotidianas, e produção de sentido, em que a cultura significa “ordem simbólica que exprime o modo pelo qual, homens determinados estabelecem relações determinadas com a natureza, e entre si, e o modo pelo qual interpretam e representam essas relações”. (CHAUÍ, 1988, p.122) Numa sociedade que valoriza cada vez mais o acesso à informação e aumenta de forma contínua a exigência pela qualificação, é imprescindível a busca por iniciativas viáveis para a inclusão social de todos no processo de conhecimento. Essa tarefa é papel do Estado, da iniciativa privada e da sociedade como um todo. Nessa linha de raciocínio já se faz necessário ampliar e desmembrar a inclusão social inserindo um novo olhar para as sociedades mais carentes a partir da inclusão cultural. Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 61 Ao inserir a cultura nos procedimentos de ações da Responsabilidade Social, as empresas reconhecem o poder transformador da cultura e seus usos como fator de reversão de baixos indicadores sociais. Mas as potencialidades de uso dos bens culturais ainda não se encontram explorados com a abrangência que uma política cultural pública ou privada requer. O modelo mais frequente de cultura na Responsabilidade Social empresarial está voltado para a área do entretenimento. Como um reflexo do fenômeno da espetacularização cultural e da busca por aumento de visibilidade, as empresas já perceberam que ao associarem sua marca e seu trabalho à cultura, agregam valor aos seus produtos. Esta operação contábil de destinar parte do lucro empresarial para o investimento em cultura, consiste no que caracterizamos como um dos paradoxos da Responsabilidade Social. Nesse modelo há o discurso da fragmentação do lucro para fins culturais e ao mesmo tempo, essa destinação de recurso agrega valor ao produto ou serviço, o que aumenta a participação no mercado, aumentando as vendas e consequentemente os lucros. Os modelos tradicionais apelam para uma política de eventos que resume a apresentar a mesmice da indústria cultural e dos meios de comunicação. Muitas vezes esses eventos são destinados aos consumidores de cultura interessados e ao público especializado. Uma política cultural abrangente [pública ou privada] e de caráter democrático propõe uma ampla participação cultural, com atividades permanentes de formação, criação, debate e fruição que tenham continuidade, busquem enraizamento na comunidade e muitas vezes partam desse enraizamento (FARIA, 2003, p. 39). Assim, a estratégia de permanência e continuidade dos projetos culturais deve ser priorizada em relação a eventos esparsos, que em geral vêm com o rótulo de “formação de plateia”. Tais estratégias requerem o conhecimento e o reconhecimento do contexto, no qual se insere culturalmente uma comunidade. Muitas vezes ocorre que modelos que funcionam num determinado contexto, fracassam em outros. Por esta razão, as noções de caráter geral sobre a cultura e a gestão cultural devem ser contextualizadas. (MOREIRA, 2003). Nas intrincadas relações que se formam entre empresas e comunidades através da cultura, alguns procedimentos das estratégias empresariais são unidade 0462 colocados em ação. Desta forma, o marketing cultural assume uma nova dimensão ao ampliar-se do contemporâneo mecenato de apoio às artes para também tornar público os investimentos do empresariado na área cultural como forma de inserção social, o que está sendo rotulado de marketing social, cujos objetivos se assemelham às estratégias do marketing cultural, o qual deve ser entendido como uma zona instável de trocas, nas quais se intercambiam recursos financeiros e valores, imanentes ao produto cultural ou dele derivados, como prestigio e legitimidade, repassados sob a forma de qualidades agregadas a uma imagem social. Tal negociação de produtos tão díspares – recursos financeiros por produção de imagem pública e vice-versa – não pode ser formulada como necessariamente harmônica, como idealizam muitos textos dedicados ao tema (RUBIM, 2005). Nesse contexto, faz-se necessário uma postura crítica ao relacionar cultura e organizações empresariais, considerando cultura como bem e não como mercadoria com todos os seus fetiches. Nessa perspectiva, o pesquisador George Yúdice descarta a caracterização de cultura como mercadoria e insere a noção de cultura como recurso pela qual, a cultura como recurso é muito mais do que uma mercadoria; ela é o eixo de uma nova estrutura epistêmica na qual a ideologia e aquilo que Foucoult denominou de sociedade disciplinar, são absorvidas por uma racionalidade econômica ou ecológica, de tal forma que o gerenciamento, a conservação, o acesso, a distribuição e o investimento – em cultura e seus resultados – tornam-se prioritários. (YÚDICE, 2004, p.13) Assim, ao analisarmos os indicadores no balanço social das empresas nessa “zona instável de trocas”, observa-se uma significativa diferença de investimentos em cultura entre empresas estatais e de capital privado. Fica evidente que as estatais colocam muito mais recursos nessa área, numa postura que sugere uma ação indireta do Estado na tentativa de suprir uma gestão incipiente e de poucos recursos financeiros para a área cultural. Por outro lado, as estratégias publicitárias para divulgar tais investimentos se equivalem, entre as estatais e o capital privado, pois se tornou lugar-comum no Brasil, todas as empresas se autointitularem socialmente responsáveis ou empresa cidadã, um rótulo que nem sempre se verifica na prática cotidiana. Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 63 ESTUDO DE CASO DA FORD BRASIL O grupo Ford Motor Company é constituído hoje pelas empresas Lincoln, Mercury, Mazda, Hertz, Aston, Martin, Jaguar, Volvo e Land Rover, além da marca Ford, sendo a segunda maior montadora do mundo. Fundada em 1903 por Henry Ford, considerada uma empresa familiar16 está presente hoje em 130 mercados com planta em 112 países, possuindo 346 mil empregados e vendendo, aproximadamente sete milhões e meio de veículos ao ano. Presente no Brasil há 83 anos, a Ford é a mais antiga montadora instalada no país. Possui atualmente 16 diretorias, 141 gerências e um total de 6.600 funcionários, sendo a quarta montadora do país em vendas, com 122.843 veículos vendidos no ano de 2001. A Ford Brasil ainda gera outros 100 mil empregos indiretos na cadeia produtiva, mais de 400 mil reais anuais em impostos e em torno de 160 mil reais em contribuições sociais. No ano de 2001, a empresa destinou 700 mil reais para projetos sociais, o que corresponde a 0,0175%do seu faturamento anual. Atualmente opera através de três complexos industriais: a unidade de São Bernardo do Campo/SP, onde está concentrada a diretoria e produz os automóveis (Ka, Fiesta), as pick-ups (Courier e F250) e as linhas de caminhões (F e Cargo); a unidade de Taubaté/SP que produz motores, transmissores, componentes e fundição de alumínio e a unidade de Camaçari/BA onde é produzido o novo Fiesta bem como a futura família de veículos Amazon. Além destas a maioria das ações da empresa está concentrada em unidade 0464 poder da família Ford. Atualmente, o bisneto do fundador é o presidente do conselho deliberativo da empresa. Fonte: Descritivo Prêmio Valor-Social – categoria relação com a comunidade 2001). Segundo dados da direção da empresa, a Ford do Brasil faturou, em 2001, aproximadamente 4 bilhões de reais. 60 unidades fabris há o campo de provas em Tatuí/SP, voltado a testes e desenvolvimento do produto e o centro de distribuição de peças em Barueri/SP. Mais do que produzir veículo de qualidade, a Ford quer ser percebida pelo consumidor como uma empresa socialmente responsável que contribui em todos os aspectos de suas atividades com a melhoria da qualidade de vida e o bem estar da comunidade. Desta forma, nos últimos dois anos, com a troca de presidente, a Ford Brasil vem buscando consolidar internamente o conceito de responsabilidade social. Desde 1992 já existe o comitê de cidadania dos trabalhadores da Ford, criado sob a inspiração do movimento de solidariedade do sociólogo Herbert de Souza, destacando-se pelas ações comunitárias. Entretanto a coordenação desse comitê é exclusiva dos funcionários, a direção da empresa apenas o apoia. O primeiro passo foi a criação de um comitê gerencial, em 1999, com representação de todas as áreas da companhia, para discutir e ampliar ações de responsabilidade social que aconteciam informalmente na empresa. Esse novo comitê, além de registrar o que vinha sendo feito isoladamente, estava encarregado de incentivar entre os funcionários a realização de trabalhos voltados para a área social. Nesse sentido, destaca o gerente que acompanhou todo o processo: “Nessa época, cada gerente foi incumbido de encontrar, identificar uma entidade que ele e os empregados da área dele, tivessem interesse em ajudar. Eu não tenho números exatos, mas no início desse trabalho chegamos a 30 entidades que foram catalogadas.” A criação desse comitê conseguiu centralizar as informações sobre os programas sociais, além de dar mais formalidade aos trabalhos que viriam a ser realizados. Todavia, cresceu muito o número de ações realizadas, o que pulverizou e limitou o escopo dos projetos. Desta forma, um ano e meio após a criação do comitê de gerência, em 2001, a empresa deu um segundo importante passo, a criação da gerência de responsabilidade social. A diretoria optou pela criação de uma gerência, ao invés de uma fundação, com o intuito das ações continuarem próximas dos funcionários e presentes no dia a dia organizacional. Um diretor da empresa Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 65 fala sobre esse processo: ... adotamos um modelo interessante porque você pode ter uma fundação, muitas empresas têm uma fundação, que é um braço da empresa e que faz o trabalho. No nosso caso, nós julgamos, e aí não sou eu, é realmente todos os diretores liderados pelo Antonio Maciel, chegaram à conclusão de que criar um braço da empresa pra fazer esse tipo de trabalho, cria um distanciamento automático. Funciona bem. Tem muitas empresas que fazem através de suas fundações trabalhos maravilhosos, não é que nós somos contra este modelo. Nossa maneira de pensar e da nossa estrutura, nós achamos que nós deveríamos ter um modelo que nós trabalhássemos os nossos funcionários mais próximos (...) e ao você ter uma gerência de responsabilidade social dentro da empresa, um departamento dentro da empresa, você irradia muito mais dentro da empresa do que tendo um braço fora (...) cria o pensamento de responsabilidade social dentro dos funcionários e alavanca isso para a sociedade. Parte de dentro para fora. É interessante destacar que a conformação das atividades sob a incumbência de uma gerência é inovadora dentro da companhia, sendo a única da Ford no mundo. A gerência de responsabilidade social foi criada a partir da gerência de relações públicas, o que manteve e reforçou o foco externo e filantrópico das ações. A inserção desse novo setor na estrutura organizacional da Ford, que centra, coordena e divulga as ações de cidadania da empresa, permitiu a definição de focos de atuação, a demarcação de um orçamento para o tema, bem como o planejamento das ações de envolvimento, priorizando as cinco comunidades onde a empresa está inserida. Os focos de atuação para envolvimento social da empresa foram definidos em dois nichos: meio ambiente e educação. Juntamente com a criação da gerência, a diretoria da Ford optou por formatar também um conselho de responsabilidade social, instalado em abril de 2001, com o objetivo de orientar a aplicação dos investimentos da empresa no campo social. Os membros desse conselho são formados por pessoas externas à empresa, com experiência e notoriedade na área social. Dessa forma, a Ford Brasil idealizou um arranjo inovador para discutir responsabilidade social, com três núcleos formados por públicos distintos – comitê de cidadania dos trabalhadores, comitê de gerência e conselho de responsabilidade social. Essa modelagem permite a maior participação de diferentes atores na idealização dos projetos sociais, proporcionando unidade 0466 legitimidade aos programas coordenados pela gerência de responsabilidade social. Essa atuação coordenada, focada e participativa, já proporcionou à empresa os seguintes prêmios: Empresa do Ano na categoria Meio Ambiente, escolhida por voto direto de leitores da Revista Saneamento Ambiental (2001); prêmio na categoria meio ambiente pelo Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa (2001); Prêmio ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil no Top de Ecologia 2001 e Top Social 2001; e o Prêmio Valor Social na categoria respeito ao meio ambiente (2001). Ações de Responsabilidade Social da Ford Brasil no Período de 2000 a 2002. Tomando como base o relatório de responsabilidade social do ano 2000 e os planejamentos estratégicos da empresa dos anos de 2001 e 2002, pôde-se fazer uma breve descrição de ações e programas desenvolvidos pela Ford Brasil na área de educação e meio ambiente, no período de 2000 a 2002. Segue abaixo os programas desenvolvidos em educação: • Programa de alfabetização solidária em parceria com o governo federal, que beneficia a cidade sergipana de Poço Redondo, um dos municípios com maior índice de analfabetismo do Brasil; • Projeto Mova, movimento de alfabetização de adultos e jovens do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, que recebe apoio desde dezembro de 1999; • Projeto Meu Guri, mantido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, oferece moradia, alimentação, educação, assistência média e lazer a crianças de três anos até a maioridade, em grupos estruturados como famílias; • Projeto Mapa Mundi nas Escolas, distribuição nas escolas públicas de mapas-múndi nos municípios da Bahia e Sergipe, beneficiando cerca de três milhões de crianças; • Doação de equipamentos, veículos e peças para os cursos técnicos da área automobilística das escolas do SENAI e para o Programa de Requalificação Profissional do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo; • Doação de equipamentos e veículos para as aulas práticas do Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 67 Centro de Capacitação Henry Ford, escola profissionalizante construída pelo Comitê de Cidadania dos Trabalhadores; • Projeto Escola de Informática, cursos de informática gratuitos e regulares para jovens e adultos da comunidade; • Educação Básica de Funcionários assistindoas aulas dentro da própria fábrica; • Curso de Aperfeiçoamento acadêmico em administração e logística aplicada à controladoria dentro da fábrica em parceria com a Faculdade de Economia e Administração da USP; Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, além do presidente da Ford Brasil, Antônio; • Projeto Guri em parceria com o Fundo Social da Solidariedade do Governo de São Paulo, para compra de instrumentos musicais, cujo objetivo é ensinar música a crianças e jovens carentes; • Criação de uma Brinquedoteca para crianças da rede pública de ensino; • Projeto Alfabetização nos Grandes Centros que consiste na adoção de 220 alunos em Brasília; • Programa de Retenção de Talentos em parceria com a Fundação ABC, patrocinando prêmios para pesquisadores de oncologia; • Participação de executivos da empresa em palestras técnicas para a comunidade; e • Prêmio Ford Motor Company para distribuidores Ford, em parceria com a ABRADIF – Associação Brasileira de Distribuidores Ford, para estimular a prática de ações sociais pelos distribuidores. • Na área ambiental, a Ford vem focando nos últimos anos os seguintes programas e projetos: • Projeto de Conservação da Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal da “Conservation Internacional do Brasil” 20, com a doação de veículos Ford Ranger; • Prêmio Ford de Conservação Ambiental em parceria com a “Conservation International Brasil”, que destaca os projetos de conservação ambientais mais importantes desenvolvidos no Brasil; • Adoção de uma praça ou área verde nas cidades onde a empresa está instalada; • Gincana Jovem Ecologista, conscientização de alunos de ensino unidade 0468 básico nas cidades de São Bernardo do Campo, Taubaté e Dias D’ Ávila; Maciel Neto. Manteve-se o título original da organização não governamental. • Prêmio Ford Motor Company para distribuidores Ford, em parceria com a ABRADIF – Associação Brasileira de Distribuidores Ford, para estimular a prática de ações sociais pelos distribuidores; e • Campanha Permanente de Reciclagem Solidária. A empresa mantém também ações isoladas, em forma de campanha, para atender a causas específicas. Essas campanhas são embasadas na doação de recursos financeiros e materiais realizados pelos funcionários e fornecedores. Entre elas estão a Campanha da Fome e a Campanha do Agasalho. Além disso, a empresa possui um programa social na área da saúde, o Odontomóvel. Um consultório móvel, instalado na caçamba de um caminhão Ford, que circula pelas principais rodovias do país atendendo gratuitamente caminhoneiros e comunidades carentes. Segue um resumo das ações descritas nos planos estratégicos da Ford ao longo desses anos. Programas de Responsabilidade Social desenvolvidos pela Ford Brasil entre os anos de 2000 a 2002. EDUCAÇÃO ANOS 2000, ANOS 2001, ANOS 2002. • Programa de Alfabetização Solidária • Projeto Mova • Projeto Meu Guri • Projeto Mapa Mundi nas Escolas • Doação de materiais e equipamentos ao SENAI • Doações de equipamentos para Centro de Capacitação Henry Ford • Projeto Escola de Informática Projeto • Educação Básica para Funcionários • Curso de Aperfeiçoamento Acadêmico • Projeto Guri • Briquedoteca • Prêmio Ford para Distribuidores • Programa de Retenção de Talentos Estratégias, responsabilidade Social e Culturas Bem-Sucedidas 69 • Participação de Executivos em Palestras • Projeto de Alfabetização nos Grandes Centros MEIO AMBIENTE ANOS 2000, 2001 e 2002 • Projeto de Conservação da Mata Atlântica • Prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental • Adoção de uma praça ou área verde • Gincana Jovem Ecologista • Prêmio Ford para Distribuidores • Campanha Permanente de Reciclagem • Plantio de Árvore OUTROS ANOS 2000, 2001 e 2002. • Apoio a entidades assistenciais defendidas pelos comitês de cidadania • Campanhas filantrópicas • Odontomóvel Através das entrevistas e conversas informais foi possível perceber que algumas das ações descritas no Relatório de Responsabilidade Social do ano 2000 e no Plano Estratégico de 2001 continuam sendo realizadas pela Ford, embora não possam ser encontradas formalmente presentes nos planos anuais que seguiram, como é o caso do Odontomóvel, Prêmio Ford para Distribuidores e doação de equipamentos para o SENAI. Com a descrição das ações, observa-se que a responsabilidade social da empresa vem sendo entendida pela alta administração como a adoção de causas sociais estratégicas que recebem investimentos privados. Talvez isso explique porque a área de relações públicas, que atua tradicionalmente com o foco na comunidade externa, tenha sido escolhida para assumir a gerência de responsabilidade social. Embora a empresa tenha definido metas de atuação, orçamento e resultados a serem atingidos, estruturando melhor o seu envolvimento com o social, a forma com que ela vem atuando não deixa de ser filantrópica, isto é, com ações pontuais para a comunidade externa. unidade 0470 Os dados permitem ainda uma análise longitudinal dos programas, mostrando que mesmo com a criação da gerência de responsabilidade social, em 2001, o modo de envolvimento não sofreu grandes alterações. Apenas alguns projetos foram extintos e outros criados, mas manteve-se o investimento em ações sociais externas. É importante salientar que o entendimento de responsabilidade social e empresarial como a adoção de causas sociais filantrópicas, vem sendo questionado, uma vez que a empresa pode perder o foco do negócio, ao se dedicar a tarefas que estão além de sua competência e função. Além disso, os investimentos realizados podem ser menores que os impactos negativos causados à sociedade como, por exemplo, a poluição de rios e a participação em processos corruptos (ALIGLERI e PREVIDELLI, 2001). EXERCICIO 1) Escolha uma determinada empresa e levante quais seus pontos fortes e fracos, bem como suas possíveis ameaças e oportunidades. Pode ser a empresa que você trabalha ou outra qualquer mediante a leitura de uma reportagem (exemplo Revista Exame). 2) Escolha outra organização e descreva: seu negócio; sua visão; sua missão e suas competências (humanas, materiais, tecnológicas...). UniDADE 05 relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional A unidade V discorre sobre os conceitos de cultura e clima organizacional com intuito de enfatizar a relevância destes como condição sine qua non para uma intervenção organizacional contextualizada e capaz de promover mudanças organizacionais consistentes. Posteriormente é feita uma explanação dos conceitos de clima e cultura organizacional esclarecendo também, a diferença existente entre ambos. resumindo relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 73 rElAçÕES EntrE CliMA orgAnizACionAl E CUltUrA orgAnizACionAl COMUNICAÇÃO INTERNA COMO PONTO DE PARTIDA PARA AS TRANSFORMAÇÕES DA CULTURA ORGANIZACIONAL E ADOÇÃO DE NOVOS PARADIGMAS ÉTICOS Dentro da perspectiva de uma empresa cidadã, capaz de entender a responsabilidade social como resultado de uma gestão participativa, a comunicação interna torna-se fundamental devido ao seu papel de promover o envolvimento de todos seus colaboradores no processo administrativo. Esse é um tipo de trabalho que necessariamente deve provocar mudanças, ou seja, deve ir muito além do mero discurso propagandístico que visa apenas alardear as benesses e o compromisso ético da empresa para com a sociedade. Aí está a preocupação não apenas de conhecer o público interno, levantar suas insatisfações e reivindicações, mas de torná-lo sujeito desse processo de administração organizacional, principalmente no capítulo referente à comunicação. Este é um trabalho que não pode ser feito sem operar mudanças estruturais que envolvem a transformação de antigos modelos administrativos. Sob esta perspectiva deve-se valorizar o capital humano como o bem maior da organização, evitando-se a subordinação do bem-estar ou das necessidades humanas a qualquer objetivo meramente lucrativo.Assim, o lucro, ainda que essencial para a sobrevivência de uma organização, só deve ser considerado como satisfatório se o compromisso com a ética for aceito e assimilado como um valor inalienável. A comunicação interna deverá, destarte, comprometer-se com a criação de uma política de comunicação que seja capaz de promover a priori a melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores, promovendo uma gestão participativa onde a comunicação Intercom – Sociedade Brasileira unidade 0574 de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Teresina – 14 a 16 de maio de 2009 deve ser vista como instrumento viabilizador de tais interesses e nunca como mera oportunidade de exibição ou exposição midiática visando – de forma oportunista – obter maior visibilidade junto aos seus clientes e/ou usuários. Essa comunicação interior é prioritária justamente porque demonstra o interesse real da administração em produzir resultados a partir do diálogo com o público interno; ela demonstra, antes de tudo, uma concepção da comunicação como instrumento capaz de produzir resultados a médio e longo prazos, justamente porque envolve algo que requer tempo e maturação: uma interação dialógica com essa parcela de público. Assim, um compromisso com ética deve se iniciar com a revisão e transformação de princípios e modelos administrativos equivocados que ferem direitos e limitam oportunidades daqueles que atuam no interior das organizações. Devemos lembrar que do ponto de vista ético é um contra-senso alardear qualidade, responsabilidade social, preservação ambiental ou apoio cultural sem antes promover, de fato e através de ações, o público interno como elemento prioritário de uma organização. O que queremos ressaltar é que não basta argumentar que a comunicação interna deve ser vista através de uma perspectiva integrada (KUNSCH, 2003) exigindo um planejamento estratégico; há que se ressaltar que a comunicação interna está atrelada a toda uma cultura organizacional, perpassada por valores, princípios, hábitos e visões de mundo que abarcam todo o universo organizacional. Há a necessidade, assim, de realizar pesquisas voltadas para a cultura organizacional (CURVELLO, 2002) como condição para que sejam propostas mudanças do ponto de vista ético. Sem essas transformações no ambiente macro – aquele dos princípios, valores e modelos administrativos – torna-se inócuo exasperar-se no planejamento e na execução de programas de relações públicas, com seus inúmeros instrumentos de comunicação dirigida, visando a “participação” dos funcionários. Entendemos que a cultura organizacional pressupõe uma leitura da organização como um todo inter-relacionado (MARCHIORI, 2006, p. 59), algo totalmente em sintonia como o caráter holístico das relações públicas. Até mesmo o status de “público” aplicado aos funcionários exige como condição básica que tal coletivo de pessoas interaja de forma dialógica, debatendo assuntos de interesse comum a partir das controvérsias existentes. Esse comportamento exige uma maioridade política e o profissional de relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 75 Relações Públicas que deve atuar como elemento fomentador desse comportamento dialético. Trata-se de um trabalho que antecede a Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Teresina – 14 a 16 de maio de 2009, aplicação de todo o instrumental da comunicação organizacional; antes trabalha questões culturais, pedagógicas e sociais. A cultura organizacional revelará o perfil político e o grau de cidadania dos seus públicos internos ao mesmo tempo em que permitirá conhecer os valores e normas que orientam a instituição desde a sua fundação até o estabelecimento de suas metas mais arrojadas. É este o trabalho de consultor que se exige do responsável pelas Relações Públicas e é aí que se encontra a sua tarefa de maior fôlego, pois ela exige do profissional toda uma gama de conhecimentos em áreas afins, capazes de fazê-lo interpretar o ambiente macro no qual a organização está inserida. Esta revisão ética, que brota do conhecimento aprofundado da cultura organizacional, pode e deve ser considerada a melhor forma de se articular uma política de comunicação eficaz, ou, melhor dizendo, uma verdadeira política de comunicação. Muitas vezes, a inexistência desse norte capaz de rever valores, hábitos, princípios, comportamentos e visões de mundo, relega a comunicação à mera execução de atividades que, ainda que planejadas, são concebidas de forma meramente funcional, desconsiderando os vícios e práticas estruturais presentes nas esferas administrativas que permanecerão impedindo o êxito e a consecução das metas e objetivos tão bem traçados nos planos e programas ligados à comunicação organizacional. Por outro lado, não devemos esquecer que a atividade de Relações Públicas não se limita a trabalhar de forma restrita à área de comunicação de uma organização, pois sua atividade de consultoria junto à cúpula administrativa pressupõe que este profissional atue de forma onipresente em todos os setores da organização, com a finalidade de detectar situações de conflito e propor formas de solucioná-las. unidade 0576 CLIMA ORGANIZACIONAL: INDICADOR DE SATISFAÇÃO Clima organizacional é um conjunto de propriedades organizacionais mensuradas pelos indivíduos sobre determinado ambiente de trabalho, influenciando a motivação e o comportamento dos mesmos, ou seja, o clima organizacional é o indicador da satisfação por parte dos colaboradores da organização, em relação a aspectos diferentes da cultura, mensurando assim a qualidade de vida no trabalho, influenciando na produtividade. O ambiente de trabalho exerce influência no desempenho dos colaboradores. O funcionamento interno das organizações é complexo, pois envolve muitas pessoas trabalhando em conjunto e com aspirações e visões de vida diferentes, que refletem no desempenho. Existe um ponto com o qual todos concordam: funcionários satisfeitos trabalham e desenvolvem melhor suas atividades. Assim, o clima organizacional favorável ao bom desempenho é fator significativo para as organizações, sendo indicador de satisfação dos membros de uma empresa. Uma definição completa acerca do que seja clima interno: Clima interno é o estado em que se encontra a empresa ou parte dela em dado momento, estado momentâneo e passível de alteração mesmo em curto espaço de tempo em razão de novas influências surgidas, e que decorre das decisões e ações pretendidas pelas 20 empresas, postas em prática ou não, e/ou das reações dos empregados a essas ações ou à perspectiva delas. Esse estado interno pode ter sido influenciado por acontecimentos externos e/ou interno à empresa, e pode ser origem de desdobramentos em novos acontecimentos, decisões e ações internas. Esse estado pode ser levantado e compreendido em suas causas, manifestações e efeitos, por meio de técnicas apropriadas de pesquisa. Sua descrição inclui a menção a decisões e medidas da empresa e a percepções, sentimentos, decisões, opiniões, atitudes e/ou comportamentos dos empregados. Estes podem ser vistos quer como um agregado de indivíduos que se comportam sem unidade entre si, quer como uma coletividade dotada de padrões culturais e/ou defendendo interesses próprios (OLIVEIRA, 1995, p. 47). relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 77 Essa definição, bastante completa, mostra como o clima tem importância para que as organizações alcancem seus objetivos, bem como a influência de acontecimentos externos à empresa e seu estado momentâneo, ou seja, ele é passível de mudança. Muitas organizações consideram, como uma condição para o sucesso, a satisfação das expectativas das pessoas que nelas trabalham. Esta preocupação está relacionada à necessidade dos funcionários estarembem, para realizarem a sua atividade, de maneira satisfatória. Desejar ou fazer bem o trabalho, depende do entusiasmo, do estado de espírito, do ânimo, da motivação e da satisfação das pessoas que o realizam, entre outros fatores. Vale observar, ainda, que ninguém motiva ninguém, mas os funcionários precisam estar motivados para desenvolver suas atividades a contento. O clima organizacional é, de certa forma, o reflexo da cultura da organização. As razões pelas quais os funcionários demonstram maior motivação são: os desafios, as perspectivas de desenvolvimento profissional e pessoal, as oportunidades de treinamento, o reconhecimento e a valorização, a integração, o sentimento de utilidade, a empatia com o estilo de liderança vigente, o sentimento de justa remuneração, a segurança e a autonomia. Na empresa Plásticos Borsato, observou-se a necessidade de estudo do clima interno para verificar o nível de satisfação dos funcionários e ter a dimensão real das suas necessidades, para assim conseguir adequar meios para que se alcance o comprometimento desse público. O clima organizacional está ligado a uma complexa rede de expectativas e percepções individuais e de grupo, permeada por referências de estratégicas organizacionais e por componentes estruturais do contexto do trabalho, que orienta e determina o comportamento dos indivíduos, criando uma atmosfera com características próprias. Não se pode perder de vista que a percepção dos funcionários também está ligada ao reconhecimento da tarefa que realizam, e disso também depende a sua satisfação. Com o levantamento e análise de clima, pode-se ter a compreensão do que falta dentro de uma organização. Uma empresa que possui um bom clima organizacional propicia um ambiente de trabalho agradável e é mais valorizada pelos seus colaboradores e clientes. A análise de clima deve orientar políticas da empresa em geral, focando as ações nas deficiências encontradas e propondo novos desafios e perspectivas profissionais. unidade 0578 Em nosso dia a dia nos deparamos com desafios pessoais e profissionais. À medida que administramos e cuidamos de cada problema no seu devido lugar conseguimos galgar cada vez mais em busca da excelência. Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem separar seus problemas pessoais dos profissionais e acaba deixando os seus problemas pessoais interferirem no ambiente organizacional. Se o clima possuir harmonia entre os colaboradores, estas pessoas quando expuserem os seus problemas terão apoio da sua equipe de trabalho e ambos conseguirão fazer com que o problema pessoal destacado não afete o clima e procurarão um tempo para discutirem, em particular, sobre o assunto que aflige o companheiro da equipe. Em contrapartida, quando o clima não é favorável, quando a pessoa traz para dentro da organização seus problemas pessoais, este acarretará em maiores problemas, as pessoas se estressarão e dirão que este indivíduo é um empecilho e a tendência é que os problemas aumentem e o clima fique pesado e desestimulante. Fazer do clima um ambiente sinérgico é algo que todos tendem a ganhar. Por exemplo, pense quando estamos tentando conquistar alguém, fazemos de tudo, usamos de gentileza, charme, mandamos flores, convidamos para ir ao cinema, tudo isto para tornar o clima o mais agradável possível, sendo uma forma de fazer tudo para agradar a outra pessoa e a resposta vocês já sabem, é um espírito encantador entre ambos. Se fizermos com que nossas atitudes sejam positivas e encantadoras, trabalhando em equipe de forma justa e cooperativa, entendam que falei de forma “justa”, isto significa não levando vantagens perante os demais e nem agindo de forma desonesta para alcançar seus objetivos, obteremos destaque positivo em todas as áreas e ambiente de nossa vida. Faça com que o seu capital humano brilhe pela competência e não pela covardia. ESTUDO DE CASO - A TAM Pilotada cuidadosamente pelo Comandante Rolim, a TAM foi considerada a empresa do ano pela Revista Exame (2000). A principal característica que se nota na TAM é a informalidade. A identidade da empresa se confunde com a do Presidente como se em cada cabine, lá estivesse ele pilotando. Trata-se de uma empresa totalmente voltada para o cliente e com relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 79 uma cultura própria: o estilo TAM de voar e de tocar a empresa. A cada dia a empresa recebe cerca de 500 currículos de candidatos. O que os atraí é a mística de uma empresa dinâmica e empreendedora. A TAM é uma das empresas brasileiras que mais investe em treinamento. Ela forma 40 comissários a cada três meses. Depois disso, eles voltam para as salas de treinamento por um período de 20 dias a cada ano. A equipe a bordo é totalmente responsável pela preparação e limpeza da aeronave. A verba anual de treinamento alcança 10 milhões de dólares valor equivalente ao da verba de propaganda. Boa parte desse dinheiro é consumido em cursos de pilotos no exterior. Formar um comandante de Fokker não sai por menos de 50.000 dólares. Mas isso não significa que os funcionários tenham um emprego vitalício e tranquilo. A rotatividade do pessoal da linha de frente é propositalmente elevada. A cada ano, 25% do contingente de 500 comissárias e 800 balconistas são substituídos. Por quê? O relacionamento diário com os passageiros é desgastante e não se pode contar com funcionários mal humorados para atender o cliente. Nesse aspecto, a TAM segue um conceito semelhante ao do McDonald´s e da Singapura Airlines. A mágica de encontrar clientes resulta da combinação de uma cultura de informalidade e disciplina monástica. O traço da informalidade da TAM remonta as primeiras experiências do comandante Rolim, que por décadas foi piloto de táxi aéreo viajando em contato direto com seus passageiros sentados no banco de trás. Quanto à disciplina do pessoal, a TAM fez um estudo científico de todas as etapas do relacionamento do cliente com a unidade 0580 empresa desde que ele toma a decisão de viajar. Descobriu que são feitos 16 contatos, em média - desde o telefonema para reservar o vôo até que ele apanhe a mala no aeroporto do destino. Depois disso a TAM procurou assegurar um nível de satisfação adequado em cada um desses contatos do cliente com a empresa para garantir a sua satisfação e excelente atendimento. Biografia do comandante Rolim Rolim Adolfo Amaro nasceu em 15 de setembro de 1942 em Pereira Barreto, interior de São Paulo. O mais velho de cinco irmãos, passa os primeiros anos de sua infância morando com os pais, Adolfo e Etelvina, numa casa de sapé, sem luz nem banheiro. Aos 13 anos, é obrigado a deixar a escola para trabalhar - estudou até a segunda série do ginásio. Foi ajudante de motorista de caminhão, cortou madeira, puxou tora em serraria. Com o esforço, compra seu primeiro terno na mesma época em que decide que seu sonho tem de virar realidade: quer se tornar piloto de avião. Fonte: Site da TAM A paixão pela aviação foi despertada por seu tio Joaquim, que apresentou Rolim a seu Paulistinha (avião com dois lugares, usado no treinamento de pilotos civis pelos aeroclubes) ainda na infância. Aos 17 anos, faz bicos no Aeroclube de Catanduva e consegue, apesar de todas as dificuldades financeiras, concluir o curso de piloto. Obtém o brevê, vai para Londrina (PR) e pede emprego na Táxi-Aéreo Star. Lá, não recebia salário. E, para se virar, fazia faxina nos aviões e comia o que sobrava do lanche dos passageiros. À noite, dormindo no hangar e sem cobertor, cobria-se com jornais. Pouco depois, ingressa na Táxi Aéreo Marília com um objetivo: ser o melhor comandante da companhia. Na época, Rolim ainda era o último piloto relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 81 da escala e sabia que só pularia a lista caso o cliente o solicitasse. É por isso que, quando viajava acompanhado por um passageiro, tratava de agradá-lo. A conquista individual do clientese tornaria uma obsessão na vida de Rolim, lição que carregaria pelo resto da sua vida e seria aplicada anos mais tarde na TAM Linhas Aéreas. Na mesma época, trabalha para um projeto agropecuário na fazenda Musiá-Missu, na Amazônia. Rolim é o primeiro a descer no local e passa três anos transportando arroz, carne, tijolos e até animais. Voa sozinho e cuida da manutenção do avião. Ganha dinheiro, mas pega malária sete vezes. Deixa a empresa por algum tempo e vai voar no Araguaia, a convite do Banco de Crédito Nacional. O salário é alto e lhe permite economizar para comprar seu primeiro avião, um Cessna 170. Leva a família para o município de São Felix do Araguaia para morar em uma casinha de tijolo coberta com folha de coqueiro. Voando sob chuva ou sob sol, consegue fundar sua empresa de aviação, a ATA - Araguaia Transportes Aéreos. Em dois anos, chega a ter uma frota de 15 aviões. No início da década de 70, Rolim retorna à TAM e torna-se sócio, a convite do amigo e proprietário da empresa, Orlando Ometto. Assume a direção da TAM em 1972. Dos anos 70 para cá, a empresa não parou mais de crescer. Iniciativas inovadoras do comandante Rolim Amaro marcaram a evolução da TAM e da própria aviação comercial brasileira. Uma delas referia-se à postura dos funcionários e executivos frente aos problemas: “Nós precisamos de pessoas que tomem decisões. É do nosso catecismo: peque por ação, não por omissão”, dizia sempre. Com sua costumeira determinação, implantou o conceito do “espírito de servir”, que revolucionou a forma de tratar o cliente na aviação comercial, tornando-se referência no Brasil e no mundo. O respeito absoluto pelo cliente e a formação de equipes altamente motivadas e adequadamente treinadas encantaram os clientes da TAM e a transformaram em uma das empresas mais admiradas do país. “A TAM criou um relacionamento novo com o passageiro. O cliente é o maior bem que uma organização pode ter. Eu sempre digo aos nossos funcionários: Olha, avião para a empresa, um a mais, um a menos, não significa grande coisa. O que não podemos é quebrar esse pilar da credibilidade, da comunicação, do canal que permite às pessoas saberem que podemos resolver o seu problema. Isso não há dinheiro no mundo que pague”, afirmava sempre o comandante Rolim. unidade 0582 Década de 1990 e início do século XXI. Em 1997, o comandante Rolim cria os “Sete Mandamentos TAM”. Tratam-se de normas de conduta que considerava primordiais tanto para ele quanto para todos os seus colaboradores. Foram sempre - e são até hoje - lembradas e estimuladas no dia a dia da empresa. São eles: 1- Nada substitui o lucro 2- Em busca do ótimo não se faz o bom 3- Mais importante que o cliente é a segurança 4- A maneira mais fácil de ganhar dinheiro é parar de perder 5- Pense muito antes de agir 6- A humildade é fundamental 7- Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar Baseado nesses fundamentos e em um consistente planejamento estratégico, na decisão de investir continuamente em tecnologia e na expansão e modernização da frota da TAM, o comandante Rolim construiu em pouco mais de duas décadas uma das empresas mais bem sucedidas do Brasil. Pouco antes de comemorar a marca de 13 milhões de passageiros transportados em 2001 e ainda no auge de sua carreira, o comandante Rolim morre em um acidente de helicóptero no dia 08 de julho, em Ponta Porã, aos 58 anos. Casado com dona Noemy desde 1966, deixou um legado para os filhos Maria Cláudia, Maurício e Marcos. “Toda grande obra é fruto da obsessão de um sonhador”, dizia Rolim. * Fonte: Arquivo TAM e “O Sonho Brasileiro”, de Thales Guaracy ESTUDO DE CASO – A MCDONALD’S Uma população cada vez mais consciente da relação entre sal, gordura na alimentação e saúde, junto a preocupações com o meio ambiente e uma queda no ímpeto das vendas, estão forçando a McDonald’s a olhar de modo diferente o mercado de refeições rápidas que ela dominou durante tantos anos. relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 83 Considere as estatísticas da McDonald’s, a maior cadeia americana de fast-food. Apesar das vendas em 1990 terem passado de 18 bilhões de dólares, quase um terço desse valor veio de operações em outros países. As vendas domésticas, em contraste, estão estabilizando, e a percentagem de crescimento vem se reduzindo a oito trimestres seguidos. Depois de um desempenho ruim no segundo trimestre de 1990, os analistas de valores da Prudential Bache baixaram o status da McDonald’s, sugerindo vender suas ações ao invés de mantê-las, mesmo com a classificação da empresa como uma das 500 da revista Fortune e com sua inclusão na Dow-Jones 30 Industrials. O que os críticos podem não estar vendo, entretanto, é a tradição de resiliência da McDonald’s, sua conhecida agilidade em encontrar soluções para problemas difíceis. Um problema é enfrentar o objetivo tradicional de abrir mais 500 unidades a cada ano, numa época em pontos de vendas bem localizados estão se tornando escassos e caros. (para o McDonald’s a expressão bem localizados significa que eles podem usar de padrões de demografia e de tráfego para prever se local irá gerar certa quantidade de dólares por ano). O custo de abrir uma nova loja cresceu em 10,2% em 1989, mas as vendas subiram apenas 1,6% no mesmo período. Essas considerações vêm a muito impedindo a McDonald’s de se expandir para muitas cidades menores. A solução? A empresa está experimentando um conceito de restaurante para as cidades pequenas da década de 1950 e abriu o primeiro Golden Arch Café em Hartsville, Tennessee, em 1989. O fato de não usar o nome da McDonald’s dá à empresa mais liberdade para experimentar novas idéias, dizem os administradores. Outro problema é a crescente competição da Pizza Hut, pertencente á Pepsi Co. da Taco Bell e da Kentucky Fried Chicken, que oferecem menu variados. Em resposta, a McDonald’s está acelerando a introdução de novos itens no cardápio. Tradicionalmente, ela testava a venda de novos itens do cardápio durante uma média de cinco anos antes de introduzi-los em nível nacional, mas agora está testando alguns itens mais saudáveis, que não contêm unidade 0584 hambúrguer, com planos de levar mais promissores para distribuição em todo país o mais rápido possível. O McDonald’s também precisou enfrentar críticas quanto ao conteúdo de gordura em seu cardápio. Em resposta passou a usar apenas óleo vegetal em suas famosas batatas fritas e reduziu a quantidade de gordura nos hambúrgueres, introduzindo em abril de 1991 o McLean de Luxe, 91% livre de gordura. Reduziu em 30% o sódio em suas panquecas e tirou também o glutamato monossódico de seus chicken Mc-nuggets. Como diz Ed Rensi, COO (Chief Operating Officer) da McDonald’s, “deixamos as condições de mercado, o meio ambiente e nossos clientes nos guiarem estrategicamente.” Agora a empresa está no processo de seguir outro “guia” ambiental, abandonando suas embalagens de espuma plástica. A decisão de passar a usar embalagens de papel, em substituição às de isopor, foi difícil, cara e ainda continua sujeito a controvérsias. A empresa tem uma história de preocupação ambiental, e inicialmente das embalagens de papel para as de isopor em meados dos anos 70, quando pesquisadores insistiram na redução da quantidade de papel usado, para impedir a devastação das florestas. Nos anos 80 a empresa reduziu ainda mais o lixo sólido, diminuindo a espessura de seus canudinhos e embalagens. O McDonald’s tornou-se a primeira empresa a assinar um acordo voluntário, em 1987, para abandonar o tipo de poliestireno (espuma plástica) que é fabricado com o uso de clorofluorocarbonos (CFC), prejudiciais a camada de ozônio. Ainda assim, a companhia era criticada pela quantidade de lixo sólido que gerava, inclusive uma quantidade anual de 20.000 toneladas de lixo 2 de poliestireno. O McDonald’s assumiu a liderança na reciclagem, iniciada em Massachusetts o que provavelmente o maiorprograma do mundo. Ali, o poliestireno proveniente de 450 lojas McDonald’s de New England era convertido em resina plástica e vendido a empresas fabricantes de produtos plásticos, inclusive as bandejas do próprio McDonald’s. A companhia se comprometeu a gastar 100 milhões de dólares por ano nos dois anos seguintes em esforços de reciclagem. Em seguida, embarcou num programa destinado a educar a população americana sobre a reciclagem de poliestireno. Os estudos iniciais mostraram uma participação de 70% dos consumidores dentro das lojas. Os críticos diziam, entretanto, que mesmo a espuma plástica sem o CFC podia prejudicar relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 85 a atmosfera durante o processo de fabricação. Além disso, afirmavam que a reciclagem só funcionava para as refeições feitas nas lojas; mais da metade das vendas da McDonald’s é para viagem. Em resposta, os fabricantes de plásticos argumentavam que o consultor externo contratado pela McDonald’s descobriu que o material não continha substâncias tóxicas, gastava menos energia do que o papel para ser produzido e não exigia o corte de árvores. Mas os protestos continuaram. Em outubro de 1990, a Eart Action Network quebrou vitrines e vandalizou uma loja em San Francisco. Um movimento de crianças de escola, chamado de Kids Against Polystyrene (“crianças contra o poliestireno”) insistia para que as pessoas boicotassem a McDonald’s. Foi iniciada uma campanha de devolução (Sand-It-Back), encorajando os consumidores a mandar pelo correio suas embalagens de styrofoam para a sede da corporação em Oak Brook, Illinois. Em agosto de 1990, a empresa anunciou uma aliança estratégica com o fundo de Defesa Ambiental, baseado em Washington, D.C., para produzir o primeiro estudo conjunto sobre o problema do lixo nos serviços de alimentação. O resultado foi um programa ambicioso de 42 iniciativas para produzir o lixo da McDonald’s e o impacto ambiental de determinadas práticas, como o uso de sacos de papel alvejado. A mudança mais notável foi o abandono, em novembro de 1990, das embalagens de isopor em formato de concha, características da McDonald’s, em favor das de papel. Ironicamente, as embalagens de papel para sanduíche não podem ser recicladas. Entretanto, elas irão reduzir o volume de lixo em 90%; o material continuará indo para aterros sanitários, mas ocupará menos espaço. Além disso, a McDonald’s está lançando um programa de reciclagem para reduzir o lixo produzido atrás dos balcões, que representa 80% do lixo gerado numa loja McDonald’s (Um terço é representado pelas caixas de papelão corrugado usadas para transporte de suprimentos). A filosofia que orienta a McDonald’s, criada por seu fundador Ray Kroc, é que o cliente é o rei. Hoje em dia, entretanto, essa linha mestra parece menos clara, já que não há “uma voz” que fale pelo mercado. Atualmente a McDonald’s, junto com outras corporações, está descobrindo que suas decisões devem refletir as opiniões de muitos stakeholders. unidade 0586 EXERCÍCIO 1) O que você entendeu sobre o conceito de clima organizacional? 2) Qual a relação existente entre o clima organizacional e a cultura organizacional? 3) Quais são os principais fatores que influenciam o clima organizacional? 4) Quais são os tipos de clima organizacional? SOBRE A TAM Leia o caso “A TAM”, reflita e responda as questões. 1) Como você caracteriza a TAM como empresa informal e moderna? 2) Em um rumo altamente competitivo, como a aviação comercial, como você vê a estratégia da TAM para conquistar clientes? 3) Quais os aspectos do estudo de caso que estão relacionados com a Teoria das Relações Humanas? 4) A satisfação dos empregados reduz a rotatividade? Por que a TAM mantém sua rotatividade elevada? SOBRE A MCDONALD’S 1) A McDonald’s tomou a decisão certa com relação a reciclagem? 2) Se fosse você a tomar a decisão, o que teria escolhido fazer? Por quê? 3) O McDonald’s interpretou corretamente as preocupações ambientais que chegavam a ela? 4) Por que seus esforços iniciais de educação e reciclagem não foram muito bem sucedidos? relações entre Clima organizacional e Cultura organizacional 87 5) Observe os elementos do ambiente de ação indireta. Que variável ou variáveis tiveram um papel importante ao influenciar as decisões da McDonald’s? 6) A McDonald’s respondeu à variável ou às variáveis correta (as)? unidade 0588 UniDADE 06 Comunicação e Cultura organizacional Na unidade VI falaremos sobre as relações entre cultura organizacional e liderança o que têm atraído considerável atenção e alguns estudos da área tem apontado a interdependência entre ambas. O autor se propôs a discutir as relações entre a cultura organizacional e a liderança. Como referenciais teóricos foram abordados os conceitos de cultura organizacional, sendo adotado para essa pesquisa o conceito de cultura como variável; os conceitos de liderança transformacional (nas dimensões: influência idealizada, motivação inspiracional, estimulação intelectual e consideração individualizada) e transacional (nos componentes: recompensa contingente e gerenciamento por exceção e a ausência de liderança). resumindo Comunicação e Cultura organizacional 91 CoMUniCAção E CUltUrA orgAnizACionAl CULTURA ORGANIZACIONAL E LIDERANÇA Pode-se dizer que existe uma inter-relação entre cultura e liderança. Líderes criam mecanismos para o desenvolvimento cultural e o reforço das normas e comportamentos expressados dentro das fronteiras da cultura. Normas culturais surgem e mudam em virtude de onde os líderes focam suas atenções, de como reagem a crises, de quais sejam seus modelos de comportamento, e de quem eles atraem para suas organizações. E então, as características e qualidades de uma cultura organizacional são ensinadas pelas suas lideranças e eventualmente adotadas por seus seguidores (BASS; AVOLIO, 1993). Schein (1992) ressalta o papel das lideranças na articulação e fortalecimento da cultura, o papel dos fundadores e a escolha de lideranças como mecanismos relevantes para a sua sustentação. Ele enumera mecanismos primários pelos quais os líderes reforçam aspectos da cultura, tais como: atenção, reação às crises, modelagem de papéis, alocação de recompensas, critérios para selecionar e demitir. Também menciona mecanismos secundários, como: desenho da estrutura organizacional, desenho de sistemas e procedimentos, estórias lendas - mitos, definições formais (valores, e missão). Trice e Beyer (1991) procuraram compreender quais são os diferentes papéis desempenhados pelos líderes na manutenção ou na mudança da cultura organizacional. Em linhas gerais, concluíram o seguinte: a) Na manutenção: os principais desafios para o líder são manter a cultura existente viva (fortalecer a cultura) e conciliar interesses diversos de subculturas (integrar a cultura). No primeiro caso, o líder catalisa ritos de “renovação” (por exemplo: atividades de desenvolvimento organizacional); unidade 0692 no segundo, ritos de “redução de conflitos”; b) Na mudança: os desafios são atrair liderados para uni-los (criar) ou rearranjar elementos da cultura antiga com novos (mudar). No primeiro caso, o líder emprega suas qualidades pessoais (como autoconfiança, convicção, capacidade de comunicação, etc.) e de sete ritos de integração; no segundo, também se apóia em suas qualidades pessoais e ainda em ritos de degradação (por exemplo: demitindo ou mudando gestores) (BEYER; TRICE, 1987). Sobre o reforço da cultura, Bass e Avolio (1993) acreditam que os modelos de comportamento de lideranças começam no topo e são encorajados nos níveis inferiores sucessivos. Os comportamentos dos líderes de nível superior se tornam, então, símbolos da nova cultura organizacional. Estórias são criadas a respeito do líder e mecanismos são criados para melhorar a comunicação com os níveis superiores. Block (2003) adverte, no entanto, que a “distância organizacional” (entrelíderes e liderados, como conseqüência da multiplicação de níveis hierárquicos), enfraquece a influência da liderança sobre a cultura. Vale notar que as formas como os líderes reagem diante de problemas, resolvem crises, recompensam e punem seguidores são todas relevantes para uma cultura organizacional, bem como a maneira pela qual o líder é visto tanto internamente pelos seguidores quanto externamente pelos clientes (BASS; AVOLIO, 1993). Considerando-se que, a partir das décadas de 1970-1980, as organizações têm se confrontado com mudanças e pressões de diversas naturezas – sociais, econômicas e políticas – elas têm passado a revisar os seus modelos de gestão e a lidar com mudanças não apenas lineares e incrementais, mas muito mais abrangentes, multidimensionais, e que atingem diversos espaços e processos da organização. A indústria do turismo, em particular, vem se expandindo e se tornando mais complexa e competitiva nas últimas décadas, em todo o mundo, demandando revisões contínuas de modelos de gestão, focos estratégicos, práticas de planejamento, entre outros, nos diferentes tipos de fornecedores e sub-setores que a compõem (alimentação, transportes, e entretenimento). Assim, para que essas mudanças organizacionais sejam bem conduzidas, os líderes precisam estar atentos ao conservadorismo refletido Comunicação e Cultura organizacional 93 nas crenças, valores, pressuposições, rituais, e cerimoniais impregnados na cultura que podem atrapalhar os esforços para mudar a organização. Eles precisam, em certas circunstâncias, modificar aspectos chave da cultura, quando isto for possível, para que se ajustem às novas direções desejadas pela liderança e conjunto de membros da organização (BASS; AVOLIO, 1993). Ao estudar a relação entre as dimensões dos valores culturais de Hofstede (2001) e os aspectos da liderança transformacional de Kouzes e Posner (1989), Ergeneli, Gohar e Temirbekova (2007) encontraram correlações negativas entre a dimensão “evitação de incerteza” e alguns fatores da liderança transformacional, tais como “inspiração à construção de uma visão compartilhada” e “modelando o caminho”. Segundo os autores, esses fatores estão ligados à inovação e seu conseqüente risco para o futuro da organização, o que faz sentido estarem negativamente relacionados à dimensão “evitação de incerteza” de Hosftede. Analisando-se resultados de alguns estudos sobre a relação entre liderança, cultura e desempenho, Ogbonna e Harris (2000) trazem contribuições para que se compreenda a “mecânica” complexa da relação entre liderança e cultura; eles identificaram que o estilo da liderança exerce influências sobre a cultura e que esta influencia o desempenho organizacional. Essas relações são, no entanto, catalisadas em sua movimentação e intensidade, pelas pressões do ambiente interno e externo da organização. Ainda, Krishnan (2001) acredita que a obtenção de alto desempenho é possível apenas por meio da liderança transformacional, em que o líder estimula seus seguidores para resultados cada vez maiores. Para o autor, o alto desempenho pode ser conseguido transformando os valores, as atitudes e os motivos de seus seguidores. House et al. (2002; 2004) investigaram a questão da liderança e cultura em 62 países, buscando especificidades da liderança em diferentes culturas/sociedades; esse autores ressaltam a complexa dinâmica de interconexão e influência entre cultura nacional, cultura organizacional, práticas organizacionais e liderança. Os autores, participantes do estudo GLOBE (Global Leadership and Organizational Behavior Effectiveness), definem liderança como “a habilidade de uma pessoa influenciar, motivar e capacitar os outros a contribuírem com a eficácia e sucesso da organização a qual pertencem” (HOUSE et al., 2004, p. 5). Para a análise comparativa, trans-cultural, basearam-se nas seguintes dimensões culturais: evitação da incerteza, distância do unidade 0694 poder, coletivismo social, coletivismo no grupo, igualdade entre gêneros, assertividade, orientação para o futuro, orientação para o desempenho, orientação humanista. Esse estudo permitiu analisar, em distintas culturas, as “teorias implícitas de liderança”: atributos e comportamentos percebidos pelas pessoas como sendo de líderes. Como resultado, obtive-se um conjunto de seis dimensões de liderança universalmente compartilhadas, chamadas de “dimensões de liderança endossadas pelas culturas”. Elas são influenciadas pelas dimensões da cultura (social e organizacional) e implicam na aceitação e subsequente eficácia do líder. Liderança: uma visão geral O tema liderança, no contexto organizacional, já foi intensamente explorado ao longo do tempo: inicialmente, os estudos buscavam identificar traços e características dos líderes e, também, os seus comportamentos e estilos (YUKL, 1994; BERGAMINI, 1994; BRYMAN, 1995); posteriormente, predominaram abordagens contingenciais/situacionais (BERGAMINI, 1994; KENT; CROTTS; AZZIZ, 2001); já a partir dos anos 1980, pode-se dizer que emergiram as “novas abordagens de liderança”. Dentre essas novas abordagens, alguns autores investiram na compreensão da dinâmica do “líder carismático”, que atrai os liderados para a visão organizacional (YUKL, 1994), e outros procuraram caracterizar as diferenças entre chefes e líderes (BENNIS, 1996; KOTTER, 1990) ou entre líderes transacionais e transformacionais (BASS, 1985). Nos dois enfoques, transparece na liderança o caráter inspiracional, a dinâmica motivacional entre líderes e liderados e o compromisso com a mudança. Outros reforçam a importância da criação de uma visão compartilhada (KOUZES; POSNER, 1989; KOTTER, 1997), capaz de mobilizar e orientar esforços rumo aos objetivos organizacionais e à mudança. Especialmente relevantes para este estudo são os conceitos de liderança transacional e transformacional (BURNS, 1978; KENT; CROTTS; AZZIZ, 2001; MASOOD et al., 2006), desenvolvidos nas décadas de 1980 e 1990 e detalhados na seção seguinte, os quais podem ser situados nesse contexto, pois dizem respeito a características especiais e formas de construção da relação líder-liderados. Comunicação e Cultura organizacional 95 Liderança Transformacional e Transacional O conceito de liderança transformacional foi cunhado pela primeira vez por Burns (1978) e foi então operacionalizado por diversos autores, tais como Bass (1985). Ele pode ser entendido como uma relação de influência mútua, entre líder e liderados, levando em consideração às necessidades de ambas as partes (BASS; AVOLIO, 1993). O ponto central do conceito é o interesse pelas pessoas. O líder dedica grande parte do seu tempo conversando com seus seguidores para saber mais sobre suas metas e problemas (KENT; CROTTS; AZZIZ, 2001). A liderança transformacional objetiva o engajamento dos indivíduos em busca de laços que aumentem o nível de motivação de líder e liderado (MASOOD et al., 2006). Assim, líderes e seguidores vão além de seus interesses próprios ou recompensas individuais, em direção ao bem da equipe e da organização (HATER; BASS, 1988). Nessa relação, os superiores se tornam mentores, modelos de comportamento e líderes, socializando membros na cultura, em função de sentirem uma obrigação pessoal de ajudar seus seguidores em relação às suas necessidades de desenvolvimento (BASS; AVOLIO, 1993). Segundo Kent, Crotts e Azziz (2001), a preocupação com o desenvolvimento dos seguidores denota uma atitude de liderança orientada para o futuro, em que o foco está mais na potencialidade do que na realidade corrente. Esta grande perspectiva de futuro torna o líder mais responsável em relação a sua equipe, faz com que ele busque resultados sustentáveis e com que tente evitar conseqüências negativas de longo prazo. Os líderes transformacionais podem ser caracterizados por quatro componentes (BASS; AVOLIO, 1993): a. Influência Idealizada: este componente também é conhecido como influênciacarismática, uma vez que o líder carismático desenvolve múltiplos cenários para o futuro através da análise de diferentes fatores circunstanciais para descrever o espectro de possíveis estados futuros. Nessa característica, as pessoas se sentem especiais e o líder faz com que os outros sigam a sua visão. b. Motivação inspiracional: essa característica é baseada na comunicação para elevar o espírito de equipe e aflorar o entusiasmo, desenvolvendo também o comprometimento. Vale notar que o líder inspiracional deve encontrar o unidade 0696 equilíbrio entre a visão inspiracional e os planos concretos distintos. Este equilíbrio permite que seguidores sejam inspirados pela visão e ao mesmo tempo acreditem em sua factibilidade. c. Estímulo intelectual: aqui existe o estímulo a novas idéias em seus seguidores.Há estímulo por parte dos líderes para que seus seguidores desafiem suas próprias crenças e valores como também os dos seus líderes e da organização. d. Consideração individualizada: o aspecto central deste componente se refere ao desenvolvimento e aos mentores dos seguidores, o que requer delegação e empoderamento. O líder desenvolve habilidades nos subordinados e melhora a qualidade e a efetividade de toda a equipe. No início, as instruções podem levar mais tempo que o cumprimento da tarefa, porém esse processo é vantajoso no longo prazo, uma vez que há aumento da qualificação e da motivação do empregado, bem como a diminuição do tempo de supervisão do líder. Sobre a liderança transacional, esse tipo de relação é focado em termos das relações contratuais explícitas e implícitas - as atribuições do trabalho são claras juntamente com as condições de empregabilidade, códigos disciplinares e estrutura de benefícios. Todos têm um preço para sua motivação no trabalho. Assim, a influência dos líderes sobre seus seguidores passa a se basear em relações instrumentais na medida em que a recompensa vai ao encontro das necessidades dos subordinados. Esses líderes são basicamente negociadores e alocadores de recursos e há reduzido estímulo por parte deles para a inovação e a tomada de risco. Os compromissos entre os líderes transacionais e seus subordinados são de curto prazo e os interesses individuais são exaltados (BASS; AVOLIO, 1993; OGBONNA; HARRIS, 2000). A liderança transacional pode ser dividida em dois fatores (BASS; AVOLIO, 1993; KENT, CROTTS E AZZIZ, 2001; SCHILLING; SCHILLING, 2008): a. Recompensa contingente: aqui a recompensa é resultado do esforço do liderado, que varia de acordo com as necessidades dele. Os seguidores devem dar seu tempo e esforço para receberem recompensas materiais e não materiais. Este líder vê o tempo em sua função compensatória. Se ele usa seu tempo para desenvolver ou instruir seguidores, ele espera obter valor Comunicação e Cultura organizacional 97 na forma de resultados como retorno. b. Gerenciamento por exceção: diz respeito à correção do trabalho, feedback e reforço negativo. O gerenciamento por exceção pode ser ativo ou passivo. Na forma ativa, o líder não tenta evitar o erro: ele observa e espera que o erro ocorra para aplicar uma ação corretiva. Já a forma passiva é caracterizada pela ausência de monitoramento e de prevenção de erros e falhas. O líder apenas intervém no momento em que o erro fica realmente evidente. Pode-se dizer que organizações possuem ambos os tipos de lideranças - transformacionais e transacionais – os quais são importantes e complementares, sendo que sua utilização variará de acordo com o contexto e o momento vivido pela organização (HATER; BASS; 1988). Diversos autores acreditam que a liderança transformacional é a mais adequada para ambientes em turbulência e em constantes mudanças, enquanto que a liderança transacional se adéqua melhor a ambientes mais estáveis (BASS; AVOLIO, 1993). Finalmente, existe também o fator de ausência de liderança. Esse tipo é caracterizado pelo comportamento neutro e despreocupado. O líder não se envolve com o desenvolvimento do liderado, nem com suas necessidades e realizações (SCHILLING; SCHILLING, 2008). O modelo criado por Bass e Avolio (1992 apud NORTHOUSE, 2004), que será adotado neste trabalho, engloba todos os fatores de liderança citados acima e indica a possibilidade de utilizá-los de acordo com qualquer tipo de situação. O TRIPÉ DAS ORGANIZAÇÕES: PESSOAS, CULTURA E ORGANIZAÇÃO Empresas que pretendem sobreviver no mercado e, consequentemente crescer, têm como premissa a adoção de uma atitude transparente diante de seus públicos, divulgando constantemente sua cultura, valores, projetos, valorizando as pessoas. Apresentar claramente sua filosofia e missão econômica e social através da comunicação empresarial torna-se imprescindível. Infelizmente, ainda são percebidos, nas empresas processos comunicacionais fragmentados e sem modelo político de Recursos Humanos definido, configurando uma estrutura parcial de comunicação e a postura unidade 0698 indevida no que se refere aos aspectos intangíveis e, sobretudo às pessoas. Isso acontece, pois diversas tendências têm modificado e ampliado às maneiras de como é possível se comunicar com os públicos, sejam eles internos e/ou externos. Assim, tanto a gestão de pessoas, quanto a cultura organizacional e a comunicação empresarial vêm assumindo uma importância cada vez maior. Frente a essas considerações, este trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfica que focou especialmente a ligação entre a gestão de pessoas, a cultura organizacional e a comunicação empresarial. A comunicação empresarial evoluiu de seu estágio embrionário, em que se definia como mero acessório, para assumir, agora, uma função relevante na política negocial das empresas. Deixa, portanto, de ser atividade que se descarta ou se relega a segundo plano, em momentos de crise e de carência de recursos, para se firmar como insumo estratégico, de que uma empresa ou entidade lança mão para idealizar clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou interagir com a comunidade (BUENO,2000, p.50). Não há como negar a existência de uma grande defasagem entre a demanda das necessidades organizacionais, ao exigir um papel mais ativo dos colaboradores - comprometimento e envolvimento - e a realidade, que mantém padrões de controle - cartão de ponto, horário fixo, práticas remuneratórias e desempenho (rigidez e burocracia). Destruir a ideia cristalizada da impossibilidade para a construção de objetivos comuns, ou seja, um sentido que busque a satisfação mútua da empresa e das pessoas só será possível através de comunicação. A comunicação, portanto, potencializada pelas novas tecnologias, tem o condão de desencadear um processo, não controlável, que, ao instaurar desconfiança ou euforia, altera o ritmo das coisas, sintonizada que está com a volatilidade da nova economia, (BUENO 2000; p. 51). A comunicação da “nova economia” deve valorizar o destinatário que se apresenta ativo, ou seja, ele elege o que quer saber e precisa ter a possibilidade de livre acesso à informação para absorver e compreender o conteúdo da mensagem. Comunicação e Cultura organizacional 99 Pode-se destacar com a Globalização e as mudanças permanentes, o elemento humano tornaram-se o fator diferenciador no mercado, passando a exigir resultados, estabelecer relação mais profissional e diferenciadora do desempenho individual e coletivo com objetivos profissionais claros e comprometidos com a realidade que o cerca. Na gestão de pessoas é necessário que priorizem não apenas as contingências da organização precisa igualmente, construir diretrizes e instrumentos que assegurem a compreensão da situação em toda a sua extensão e abrangência com uma visão da realidade em sintonia com as mudanças, reconhecendo o papel da cultura organizacional e a importância da comunicação empresarial. No momento em que a organização pensa nas pessoas como parceiros de seu desenvolvimento e as pessoas pensam o mesmoem relação à empresa, o foco altera-se do controle para o desenvolvimento (DUTRA 2002; p. 44). O que existem de imprescindível numa organização é o capital humano, são as pessoas, os respectivos negócios e a comunicação entre eles, percebendo os indivíduos como atores que participam e influenciam as mudanças. Este modelo político de Recursos Humanos privilegia a dimensão política na organização, a incorporação da ideia de divergência e conflitos, tendo em vista os diferentes interesses dos atores organizacionais. O consenso, a igualdade e a diversidade de direitos dos membros da organização permeiam as relações sociais. O desafio está em desenvolver uma cultura organizacional na qual as pessoas, vistas como responsáveis pela imagem da empresa precisam ser motivadas e não controladas, e entendam que mudança é uma constante. Só assim, haverá o comprometimento, o envolvimento e as pessoas passarão a agir de forma próativa, influenciando na implementação de estratégias, sugerindo ideias para resolver e/ou evitar os problemas organizacionais. As pessoas quando agem de forma reativa limitam a disseminação de uma cultura empreendedora, o envolvimento e o bom entendimento entre as várias áreas da empresa para realização dos objetivos a serem cumpridos. A cultura empreendedora tem na liderança sua característica ao unidade 06100 levar as pessoas a buscarem novas formas de fazer as coisas, trazendo contribuições indispensáveis para realizações da empresa. O comportamento empreendedor e a cultura empreendedora são como um pano de fundo para o fomento da inovação, da busca e identificação de oportunidades, do trabalho criativo, para a organização do trabalho e processos empresariais de forma mais integrada para a eliminação de barreiras internas de comunicação (DORNELLAS, 2003,p.16). Assim, a comunicação é a ferramenta de mão dupla que liga as pessoas, pela via do contato pessoal. Por meio dela, as pessoas solicitam e obtém o apoio para superar os resultados pactuados. As pessoas adquirem um papel importante, pois, elas promovem a cultura organizacional e, consequentemente, a comunicação empresarial. A delegação de responsabilidades e autoridade é considerada o motor do crescimento das organizações e é através das pessoas que as coisas acontecem, mudam ou permanecem como estão. Na verdade, a comunicação permitirá o acompanhamento, a avaliação e o julgamento dos resultados. Por isso, deve envolver todos os indivíduos que direta ou indiretamente participem do processo, a fim de que todos possam compartilhar do mesmo sentimento de missão e oferecer sua contribuição para o sucesso. Por esta abordagem, as informações que fluem continuamente pelo sistema de comunicação mantêm a organização em permanente sintonia com os clientes - internos e externos - e com ela mesma como um todo. Afinal, sem informações qualitativas e quantitativas, fidedignas e que cheguem no momento certo, o conhecimento se deteriora; a capacidade de desaprender, aprender e reaprender se embota; a liderança emigra em direção àqueles que saibam como obter a informação certa e tratá-la adequadamente. A criatividade nos processos comunicacionais e mudança comportamental na análise dos consumidores, dos stakeholders, enfim, das pessoas é essencial, afinal é o cliente quem, de fato, detém o poder nas empresas, pois somente ele é capaz de transformar em riqueza os serviços e bens que lhe são oferecidos. É preciso ter bem presente que esse tipo de usuário - o cliente - irá valorizar cada vez mais iniciativas que visem à produção sem desperdícios, à Comunicação e Cultura organizacional 101 conservação do meio ambiente, bem como à promoção da saúde, da segurança e bemestar dos consumidores, dos trabalhadores e da comunidade em geral. Assim, ao desenvolver propostas comunicacionais, as empresas devem levar em conta que o público externo é atingido por ações de comunicação e de valorização das pessoas, isto é, do público interno. Ter uma gestão organizacional mais flexível e descentralizada implica em reconhecer o comprometimento das pessoas e, automaticamente, respostas mais ágeis e objetivas ao ambiente visando tornar a organização mais competitiva. O quadro descrito acima exige uma cultura organizacional que permita às pessoas um papel ativo, de forma compartilhada com a organização, na qual a participação dos indivíduos envolvidos conceda privilégio aos processos em detrimento dos instrumentos. Deve ser dada a ênfase aos processos de consenso, através do diálogo e da análise de como trabalhar e pensar instrumentos e práticas de gestão, entendendo a organização como cultura. Entender as organizações como cultura é reconhecer que os patrões de cultura organizacional são a base para a interpretação, a valorização e o estabelecimento de todas as práticas sócias em uma organização, já que a partir destes padrões os seus membros organizam sua interação social (VASCONCELLOS,2004, p. 1). A comunicação deve visar conseguir um efeito calculado sobre as atitudes e/ou comportamento do público visado, aliada à importância e ao valor da marca, da necessidade de posicioná-la estrategicamente e dos mecanismos utilizados para atingir os objetivos de comunicação que visam, fundamentalmente, buscar, informar e promover a percepção dos públicos em relação à empresa. Sem dúvida, o cliente tem um destaque importante, mas as pessoas que executam as tarefas para a satisfação do cliente - os públicos internos - precisam ser reconhecidas. Como já foi mencionado anteriormente, elas são quem dão legitimidade ao produto e/ou serviço. Assim, o investimento não deve ser dirigido só para o que o cliente deseja, mas para quem realiza o que satisfaz o cliente. Todavia, além do foco no negócio e no consumidor, a gestão deve buscar continuamente a melhoria da gestão de pessoas e dos serviços e unidade 06102 produtos comunicacionais. Isso exige uma visão ampla e um controle e uma avaliação permanentemente dos resultados. Na busca da melhoria contínua, nem a gestão de pessoas, nem a cultura organizacional, nem a comunicação organizacional podem ser consideradas como áreas subjetivas e impalpáveis. Para obtenção de credibilidade, é necessário reconhecer a importância das pessoas, da cultura e do processo comunicacional. O uso de instrumentos de medição do desempenho de cada atividade do fator humano e da comunicação, conforme sua natureza e grau de desenvolvimento tornam-se imprescindíveis. Contudo, tanto na gestão de pessoas quanto na gestão da comunicação, um dos maiores desafios é medir os efeitos, tendo em vista a subjetividade que ambas as áreas apresentam. Assim torna-se imprescindível analisar com cuidado as ameaças e oportunidades do ambiente, ponderar suas forças e fraquezas, identificar as necessidades dos seus clientes - internos e externos - e planejar as ações com pragmatismo, levando em conta a disponibilidade de recursos financeiros. Talvez esteja aí a necessidade de gestão compartilhada, em que a comunicação precisa estabelecer parcerias internas com áreas como Recursos Humanos, Informática, Financeira, dentre outras. O estabelecimento de parcerias se deve ao fato de permitir trabalhar de forma conjunta em função do fortalecimento, dentre outros aspectos, da imagem institucional, evitando o desentendimento e a competição prejudicial. O problema consiste no não rompimento do paradigma segundo o qual a comunicação é uma atividade incontrolável e imprevisível que aumenta a distância do foco nos resultados do negócio. O desafio das empresas envolve a democratização e a humanização dos processos organizacionais, tarefa não muito fácil. O paradigma vitorioso é integrar as diversas áreas de uma organização, agir rápido, humanizar, reconhecer a importância dos aspectos intangíveis, em favor de novas demandas e propostas. Há que se reconhecer que uma empresa age em função de resultados objetivos. Os avanços da ciênciaadministrativa revelam que a forma mais eficiente de atuar é buscar nos seus públicos internos o que eles têm de melhor a oferecer: criatividade e iniciativa. É preciso lembrar que as pessoas podem ser defensoras ou detratoras da organização, dependendo da forma como são tratadas e da consideração que recebem quanto às informações que são disponibilizadas. Comunicação e Cultura organizacional 103 Trabalhar a comunicação é muito mais que informar funcionários das decisões da diretoria e das novas regras que devem ser observadas para o comportamento em situações diversas. Exige sensibilidade para perceber que o diálogo não deve ser procurado apenas em situações de emergência e sim constantemente. Manter a credibilidade das pessoas na organização é uma atitude democrática que contribui para a harmonia na relação capital/trabalho, líder/liderado, empresa/empregado, ou como é denominado atualmente, colaborador. Analisar o perfil das relações afetivas, emocionais e profissionais entre a empresa e os empregados nem sempre é um objeto de investigação sistemática por parte das empresas. Assim como fornecer, obter e utilizar informações adequadas, no momento certo, saber ouvir ou ler opiniões, bem como transmitir com precisão o pensamento, por meio da fala ou da escrita. Um fator indiscutível de sucesso nos processos comunicacionais é dar às pessoas uma importância igual a todos os demais assuntos e saber que à frente do desenvolvimento empresarial estão as estratégias de comunicação estruturadas e identificadas com o ambiente de negócio. O estabelecimento do diálogo com as pessoas na organização e a preocupação com sua satisfação representa uma posição moderna no tratamento entre “quem produz” e o “dono da produção”. Muitas empresas já estão atentas à criação e desenvolvimento de programas sociais internos nas áreas de saúde, higiene, segurança, treinamento, esporte, lazer cultura, seguridade, dentre outros, mas os números ainda são reduzidos. O desempenho da comunicação empresarial é fundamental para que as pessoas se comprometam com o sucesso da empresa. Um dos motivos para isso é estabelecer canais de comunicação que divulguem os objetivos e metas da organização, com autonomia para que sejam exercitadas as escolhas e as opções das pessoas com ética e transparência. A comunicação é um mecanismo da ideologia empresarial que visa obter, junto às pessoas, objetivos pré-determinados. Questiona-se e condena- se a direção única dos meios indiretos de comunicação: eles apenas informam sem saber se chegam até o público alvo ou se são e como são decodificados. Um fato a ser destacado é que, frequentemente, processos comunicativos deliberados trazem monumentais desenvolvimentos e mudanças. Também é verdade que um grande número de esforços de unidade 06104 comunicação falham, pois eles dependem de uma série de condições e circunstâncias tais como: fidelidade da mensagem, habilidade e experiência do comunicador, linguagem adequada, nível de importância que é dado aos processos comunicacionais e, principalmente, a ausência de uma comunicação interna participativa e coerente entre o discurso e a prática cotidiana da empresa. O entendimento do novo cenário oferece à comunicação empresarial, por um lado, uma chance inigualável de afirmação e do outro, sérios desafios à atividade, como por exemplo: atrelar, definitivamente, a comunicação aos objetivos estratégicos da organização, aproximar dos seus clientes internos e atuar de forma integrada das outras funções da empresa. Assim, é fundamental incorporar novos valores, novos processos de gestão e, sobretudo, novas formas de relacionamento com a sociedade. Em uma organização, quando o objetivo é informar, a tonalidade de sua comunicação deve destinar-se a criar uma atmosfera racional e prática. A melhor maneira de implantar esse modelo é através de um clima de serena credibilidade. Merece destaque a importância da pesquisa de clima organizacional como um instrumento de auxílio à gestão administrativa. Também seria útil lembrar que o estudo de clima organizacional se constitui em um excelente canal de comunicação entre os níveis organizacionais mais altos e os demais existentes na empresa, tendo em vista o avanço das novas tecnologias de comunicação. Compreender e entender o clima organizacional ajuda a descrever as percepções e os sentimentos das pessoas com relação às organizações, aos grupos e às tarefas em que estão envolvidas. O estudo do clima organizacional agrega um conjunto de atributos específicos, que caracterizam uma organização e que estão percebidos diretamente pelos seus membros, mas não definidos, tendo em vista seu caráter dinâmico. A pesquisa de clima vai refletir o modo como a empresa lida com seus colaboradores, influenciando o comportamento dos indivíduos e, consequentemente, a cultura organizacional e a comunicação empresarial. Os produtos criados pelas empresas têm influenciado e caracterizado o atual estilo de vida do homem contemporâneo. Assim, podemos dizer que o poder da comunicação pode ser designado como poder expressivo. Ele é capaz de alterar estados de comportamento e, dependendo das formas como Comunicação e Cultura organizacional 105 é utilizado, poderá ser decisivo para o tipo de participação do colaborador e para a eficácia global dos programas comunicacionais. A comunicação empresarial é a maneira mais eficiente de agregar valor ao serviço que se presta, para dentro e fora da empresa. Um plano de comunicação resulta do profundo conhecimento da empresa e de sua realidade de negócio, conjugado à criatividade e ao domínio das modernas técnicas da comunicação. Portanto, o plano de comunicação deve envolver as pessoas e conter soluções para enfrentar os desafios impostos pelo cenário competitivo. O PROCESSO COMUNICACIONAL NA CULTURA ORGANIZACIONAL E NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Os recentes avanços da ciência e tecnologia de informação permitiram, mesmo de forma embrionária, o reconhecimento da comunicação ao diversificar e redefinir os papéis das pessoas nas empresas. Também houve contribuições para importantes transformações no que diz respeito ao acesso às informações e ao conhecimento do papel das organizações na sociedade pós-moderna. A transição do mundo do trabalho para o mundo da comunicação, incluindo a cultura organizacional e os papéis do fator humano nas empresas ensejaram a necessidade de escrever sobre o assunto, para ampliar a visão dos profissionais e acadêmicos e facilitar as tomadas de decisões, tendo em vista o atual estágio de maturidade do mercado aliado à velocidade e a profundidade das mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. Hoje, as emoções precisam ser gerenciadas como o emprego do tempo, as relações, a imagem e a identidade. Há o emprego da racionalização das esferas da vida social, isto é, a sistematização – descrição, explicação e interpretação do mundo a partir de categorias de gestão. O ser humano aparece na maior parte do tempo como um ser abstrato, um objeto econômico, um indivíduo sem afeto, sem história e sem cultura. Ele inscreve-se em um projeto instrumental que confere todas as virtudes a uma só lógica: a lógica técnica (CHANLAT,1999, p. 48). No entanto, para Harbermas (1990) existem duas outras lógicas – a unidade 06106 lógica da prática e a lógica emancipadora. A lógica a prática (CHANLAT, 1999, p. 49) “parte da idéia de que o mundo humano é um conjunto de processos objetiváveis que se procura conhecer e controlar. (...). Utiliza intensamente o cálculo a fim de medir os resultados obtidos. O resultado que se espera é o de fazer recuar a ‘irracionalidade’ do mundo social”. A finalidade da lógica prática é atingir uma melhor compreensão mútua, facilitando a comunicação social. A lógica emancipadora “visa colocar um fim aos sofrimentos inúteis provocados por determinadas práticas sociais. (...). Essa lógica procura revelar como os modelosde conduta e a significações que lhes podem ser atribuídas estão enraizados nas estruturas de dominação” (CHANLAT, 1999, p. 49). Os aspectos simbólicos da vida coletiva insiste Habermas (1990) e define o papel da ação comunicativa, a partir de uma dialética positiva, na construção do consenso e da razão. Ele defende a restauração da sociabilidade com base na ação comunicativa. Assim, a comunicação pode levar a sociedade atual, através de uma nova postura empresarial, a um novo patamar para o desenvolvimento e aprimoramento humano nas organizações, modificando as atuais relações de trabalho que enfatizam o velho paradigma “Manda quem pode e obedece que tem juízo”, para manda quem pode e modifica quem tem competência. No sistema econômico, o que importa é o dinheiro; no sistema político, o poder e no sistema atual a comunicação aparece substituindo o trabalho e reconfigurando a cultura organizacional e o papel dos indivíduos nas organizações. Essa tendência nas organizações apresenta uma relação direta com o crescimento do aprendizado, do conhecimento e da criatividade para a competitividade empresarial, ou seja, maior valorização dos aspectos intangíveis, principalmente das pessoas como agentes desse processo de mudança. O novo cenário valoriza os indivíduos na organização e altera substancialmente a cultura organizacional ao exigir das empresas uma capacidade de inovar usando os colaboradores para recriar o futuro. Muitas empresas estão sendo convidadas a questionar velhas premissas administrativas, a flexibilizar suas estruturas e a experimentar novas práticas diante do imenso dinamismo, da indefinição de fronteiras e Comunicação e Cultura organizacional 107 dos fatores chave da competição. Para Habermas, a linguagem tem um aspecto universal ao possuir um conjunto de regras básicas que pode ser compreendido. A linguagem possibilita a comunicação entre os homens e permite que “as fronteiras de mundo tidas como incomensuráveis ainda se mostrem permeáveis” (HABERMAS, 1990, p.153). A necessidade de ruptura com o passado e a implantação de novas formas organizacionais é um desafio permanente para as empresas e para os teóricos das organizações. O processo de organização de transformação organizacional – relação capital x trabalho, patrão x empregado, emprego x desemprego, define a mudança como certa e permanente. Assim, as organizações devem estar preocupadas com desenhos de processos organizacionais, definição de atividades organizacionais/gerenciais de orientação estratégica e desenvolvimento de uma visão estratégica para uma cultura aglutinadora e de valorização do indivíduo. A cultura aglutinadora reúne valores aliciantes como a confiança que estabelece consistência às mensagens e lealdade que determina a preservação da empresa, através da marca, qualidade dos produtos e serviços. Hoje, os sistemas computadorizados de todas as organizações disponibilizam as informações. O problema é a confiabilidade, relevância e atualidade dessas informações. A relação de confiança entre a empresa e os seus colaboradores é imprescindível para que as pessoas se sintam compelidas a compartilhar seu conhecimento e tornar os sistemas de informação ferramentas que aumentam o estoque do fluxo de conhecimento e valor dos ativos intelectuais e, consequentemente, a interação humana. Em termos de estratégia, é importante reconhecer a comunicação no mundo de negócios, não como um evento isolado, mas como um processo contínuo, parte de uma sequência de eventos isolados. Estes se devem menos aos fatos do que à interação – ao ajustamento – entre o comunicador e o seu público. A qualidade desse ajustamento é o que determina a diferença entre falar e ser ouvido, entre palavras ao vento e ideias em comum (KAPLAN,1993, p. 12). Existe, nas organizações, uma quantidade enorme de informações disponíveis, mas ainda não há preocupação em aumentar a capacidade unidade 06108 interpretativa dos colaboradores para que as pessoas não sejam conscientes do seu papel de colaborador consideradas objetos da comunicação e sim agentes ativos, conscientes de seu papel de colaborador, que participam e influenciam as mudanças nos seus diversos níveis de atuação. A visão que define o indivíduo como um elemento ativo se baseia na constatação do aumento na variedade de mensagens intercambiadas e na qualidade da representação social que as pessoas passam a ter no processo comunicacional, na participação nas tomadas de decisões e influência nas mudanças. É através da comunicação que se recorre e proporciona informação para fazer com que as pessoas cooperem. A comunicação é o meio que permite orientar as condutas individuais e estabelecer relações interpessoais funcionais que permitam o trabalho em equipe para alcançar uma meta. De maneira mais concreta, nos grupos se estabelecem acordos de relação mútua convenientes para coordenar os esforços em prol de objetivos comuns. (MARÍN,1997, p. 163). A comunicação empresarial pode ser entendida como as normas e os valores de controle capazes de atingir grande eficácia através da capacidade de ordenar, atribuir significações e construir a identidade organizacional. A conexão estabelecida pelas redes alterou as distâncias geográficas, considerando, exclusivamente, a disponibilidade de tempo e a rede de relacionamentos como essenciais para obtermos informações. Um novo mundo está tomando forma neste fim de milênio Originou-se mais ou menos no fim dos anos 60 e meados da década de 70 na coincidência histórica de três processos independentes: revolução da tecnologia da informação, crise econômica do capitalismo e a consequente reestruturação de ambos e apogeu de movimentos sociais culturais, tais como liberalismo, direitos humanos, feminismo e ambientalismo. A interação entre esses processos e as reações por eles desencadeadas fizeram surgir uma nova estrutura social dominante, a sociedade em rede (...) (CASTELLS,1999, p. 112). O processo de fragmentação cultural, social, econômica e tecnológica determina que não importa onde nascemos, moramos ou trabalhamos, e sim, Comunicação e Cultura organizacional 109 a nossa “qualidade de conexão” para estarmos sintonizados com o mundo e estabelecermos nossa rede de relacionamentos para nos mantermos no mercado de trabalho. Isso significa que estamos na era de transição do controle para a intersubjetividade, no qual o diálogo e a troca privilegiam a comunicação em detrimento do trabalho. Perceber a cultura organizacional implica em analisar o contexto sócio-econômico e político e as contradições entre os modelos praticados nas organizações e os modelos idealizados na academia por estudiosos. Uma organização deve ter como base a cultura e o bom senso para humanizar as relações de trabalho e poder interpretar e estabelecer práticas, tendo em vista que as pessoas interagem socialmente e criam um sentido comum para as suas ações, baseadas não somente em recompensas financeiras. As culturas organizacionais em seus estudos destacam os fatores humanos, reconhecendo-os que a organização é um sistema de significado compartilhado, para aprender, mudar e evoluir ao longo do tempo precisam promover a interação entre seus membros e entre si mesma e o ambiente . Estimar a força da cultura implica, no mínimo, observar em que proporção os membros da organização demonstram compartilhar as manifestações culturais, como: atributos físicos, slogans, práticas, expressões de sentimentos, e entender o sistema de progressão de carreiras: o que faz o funcionário/colaborador ser promovido, ou seja, se o sistema de recompensas avalia as qualificações, a formação acadêmica, os cursos no exterior, as performances, o tempo de serviço, a lealdade. Segundo Bueno (2001, p. 55) a nova “cultura empresarial” requer formas de comunicação que obedeçam a um a outra lógica afinada com a agilidade das tecnologias emergentes, mas também com o incremento damassa crítica, isto é, a capacidade criativa aflorando na busca de superar sua própria expectativa enquanto profissional. Os padrões globais de eficiência e modernização promovem mudanças que exigem conhecimento da cultura organizacional e estabelecem que as pessoas sejam senhoras do destino e gestoras de projetos – tanto o profissional quanto o de vida. Para Fígaro (2002), as transformações que se dão no mundo do trabalho ocorrem por causa da “comunicação, como técnicas, instrumentos e procedimentos”, ou seja, integrante das forças produtivas nas organizações. Incorporar a cultura e a comunicação – mundo macro – facilitará unidade 06110 conhecer a realidade da sociedade contemporânea e suas formas de expressão ao considerar que ambas fazem parte do processo, mas estudadas separadamente se constituirão impulsionadoras dos fatores acima citados e compreender as transformações nas relações de trabalho que ocorrem na contemporaneidade. Os processos de comunicação devem se assentar fortemente no diálogo e nos fluxos de informação ascendentes (...) e horizontais (...). Professos que sejam reflexos de uma cultura de participação e de lideranças democráticas, que promovam trabalhadores de espectadores a agente desses processos (NASSAR 2003; p. 35). A indissolubilidade da ligação das organizações com a sociedade, com a cultura e com as pessoas cria a necessidade de a empresa obter um comprometimento/envolvimento dos funcionários/colaboradores com os objetivos e estratégias organizacionais como forma de obter vantagens competitivas. A necessidade de a gestão estabelecer o diálogo com seus trabalhadores e com a sociedade acentuou-se com o processo de reestruturação produtiva dos agentes econômicos, iniciado no final da década de 1990, com a internacionalização da economia e com a mudança do perfil do Estado brasileiro. Nesse período, aconteceram centenas de fusões e aquisições, mudanças em processos produtivos e inovações em recursos humanos, produtos e serviços. A gestão da comunicação empresarial deixou de ser ferramental, focada apenas na formatação de mídias, e começou a transitar no universo da sociologia, da arquitetura, da psicologia, da antropologia, da administração e da história, para solucionar problemas, cujas origens estavam na cultura, nos modelos, nas trajetórias e na psique das organizações (NASSAR,2003; p. 86). A importância dada à dimensão política na organização cria o modelo político de recursos humanos que incorpora a idéia de conflito e divergência, considerando os diferentes interesses dos colaboradores como agentes ativos e constituintes do sucesso empresarial. Este modelo, segundo Vasconcellos et all (2004, p. 5), “reflete os Comunicação e Cultura organizacional 111 princípios da Democracia Industrial e é baseado principalmente nos trabalhos de Herzberg e dos pesquisadores de Instituo de Tavistock de Londres”. Cultura não existe sem pessoas e sem comunicação, na medida em que envolve a construção de significados por meio da interação social. Sendo assim, a cultura e a comunicação conduzem a gestão de processos organizacionais ao construírem significados, criarem conhecimentos, ajudarem na tomada de decisões e ampliarem a percepção sobre a vulnerabilidade das organizações que não priorizam seu potencial humano. A realidade organizacional encontra-se em transição e as organizações e o trabalho passam segundo Watson (2005, p. 15) da lógica “sistêmico- controladora” para a lógica “processual-relacional”, considerando que as pessoas trabalham não só com intuito de maximizar sua remuneração, mas também para defender seus próprios interesses e propósitos diversos. A forma “sistêmico-controladora” de caracterização das organizações e da gestão, definida por Watson (2005, p. 18), caracteriza “os membros como entidades com objetivos que convertem insumos em produtos finais”. Trata as organizações como entidades relativamente autônomas, um sistema de entrada e saída, controladas pelos gestores, e, os colaboradores com uma visão separada entre o mundo social e a cultura. A noção da lógica relacional-processual trata os membros da organização e as próprias organizações como facetas mutantes de relações sociais, políticas, econômicas e culturais das quais fazem parte desde sempre. Para Watson (2005, p. 19) “a empresa é um conjunto de acordos e de entendimentos; é uma busca contínua de interações humanas e de processos criadores de significados”. Entender a cultura organizacional implica em analisar o contexto sócioeconômico e político e as contradições entre os modelos praticados nas organizações e os modelos idealizados na academia por estudiosos, mas ainda pouco utilizado nas relações de trabalho. AKTOUF, O. Simbolismo e cultura de empresas: dos abusos conceituais as lições empírica. 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