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Técnico em Logística Logística Reversa André Paes Viana https://etepac.com/ https://www.instagram.com/etepacead/ https://www.youtube.com/c/EDUCAPE Curso Técnico em Logística Logística Reversa André Paes Viana Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 1.ed. | novembro 2024 Professor(a) Autor(a) André Paes Viana Revisão de conteúdo André Paes Viana Revisão de Língua Portuguesa Eduardo Alves Liliane Feitosa Coordenação de Curso Elber Ferreira Cabral Coordenação Design Educacional Hugo Carlos Cavalcanti Equipe Design Educacional Jailson Miranda Renato Rodrigues de Aguino Washington Ferreira da Silva Diagramação Washington Ferreira da Silva Catalogação e Normalização Hugo Carlos Cavalcanti (Crb-4 2129) Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco Alexandre Alves Schneider Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação Tárcia Regina da Silva Gerente Regional de Educação Recife Norte Iury Sousa e Silva Gerente Geral de Educação Profissional Maria do Socorro Rodrigues dos Santos Gestora de Educação a Distância Ana Pernambuco de Souza Equipe de Gestão ETEPAC Arnaldo Luiz da Silva Junior Gustavo Henrique Tavares Ribeiro Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 5 UNIDADE 01 | Conceitos e princípios da logística reversa nas operações ....................................... 6 1. Logística reversa no Brasil .............................................................................................................................6 2. Planejamento da logística reversa ............................................................................................................. 12 3. Papel dos operadores logísticos na logística reversa ................................................................................. 16 4. Canais de distribuição de logística reversa ................................................................................................ 17 5. Características dos sistemas de armazenagem de produtos recicláveis e inservíveis ............................... 20 6. Indicadores de desempenho da logística reversa ...................................................................................... 22 UNIDADE 02 | Desenvolvimento sustentável: insumos, resíduos industriais e agregação de valor em Cadeias de Suprimentos ............................................................................................................. 25 1. Desenvolvimento Sustentável.................................................................................................................... 25 2. Cadeia de Suprimento Verde ..................................................................................................................... 29 3. Matérias-primas e Insumo ......................................................................................................................... 33 4. Resíduos ..................................................................................................................................................... 37 4.1. Classificação dos Resíduos Sólidos: ......................................................................................................... 38 4.2. Critérios de Periculosidade: .................................................................................................................... 39 4.3. Gestão e Destinação Final: ...................................................................................................................... 40 5. Ciclo de vida dos produtos ......................................................................................................................... 42 UNIDADE 03 | Distribuição reversa: retorno de produtos, embalagens e materiais para reutilização ou descarte responsável ............................................................................................................. 45 1. Distribuição reversa ................................................................................................................................... 45 1.1. Tecnologias e sistemas de apoio ............................................................................................................. 47 1.2. Barreiras culturais, econômicas e tecnológicas ...................................................................................... 50 2. Desafios e oportunidades na distribuição reversa ..................................................................................... 53 3. Modelos de distribuição reversa ................................................................................................................ 56 4. Conformidade Legal ................................................................................................................................... 60 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 63 REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 64 MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 68 5 INTRODUÇÃO Olá, estudante! Seja bem-vindo à disciplina de Logística Reversa e Cadeia Verde. Imagino que para alguns o tema pode parecer um pouco complexo à primeira vista, mas minha missão aqui é desmistificá-lo para você. A disciplina está organizada em 3 unidades. Nelas você irá explorar os conceitos e princípios fundamentais da logística reversa e cadeia verde, com um foco especial no contexto brasileiro. Outro ponto é apresentar para você como planejar a logística reversa eficiente, o papel crucial dos operadores logísticos e os canais de distribuição específicos dessa área, que possuem suas próprias particularidades e desafios. Irei falar, também, sobre a logística reversa no Brasil. Você sabia que o Brasil tem uma legislação específica para isso? Abordarei como ela funciona e quais são os principais desafios e oportunidades. Em seguida, abordarei o planejamento da logística reversa. Planejar é essencial para garantir que os processos sejam eficientes e sustentáveis. Vou te mostrar algumas estratégias e ferramentas que podem ajudar nesse planejamento. Depois, você irá entender o papel dos operadores logísticos. Eles são fundamentais para o sucesso da logística reversa, pois são responsáveis por gerenciar o retorno dos produtos e garantir que tudo funcione de maneira integrada. O e-book também irá explorar os canais de distribuição de logística reversa. Cada canal tem suas especificidades e é importante conhecê-las para escolher a melhor estratégia para cada tipo de produto. Além disso, irei falar sobre as características dos sistemas de armazenagem de produtos recicláveis e inservíveis. Saber como armazenar esses produtos de forma adequada é relevante para evitar desperdícios e garantir a sustentabilidade do processo. Por fim, vou discutir os indicadores de desempenho da logística reversa. Medir e avaliar o desempenho é essencial para identificar pontos de melhoria e garantir que os objetivos sejam alcançados. Espero que você aproveite a leitura e que este e-book seja uma ferramenta valiosa para o seu aprendizado. Boa leitura e até mais! 6 UNIDADE 01 | Conceitos e princípios da logística reversa nas operações Olá, estudante! Tudo bem? Seja bem-vindo a Unidade 1, ondee para buscar, também, soluções mais sustentáveis. Os próximos subitens irão abordar sobre resíduos sólidos e de consumo. Continue a leitura para aprender um pouco mais sobre esta temática! 4. Resíduos De acordo com a ABNT NBR 10004, resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade. Podem ter origem industrial, doméstica, de serviços de saúde, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ainda conforme a mesma norma, consideram-se também resíduos sólidos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Em outras palavras, a norma ABNT NBR 10004 afirma que alguns líquidos, mesmo que não sejam exatamente sólidos, podem ser considerados resíduos sólidos. Mas, talvez você queira me questionar… André, como assim? Líquido é sólido? Calma! Acontece que certos lodos, que são um tipo de resíduo bem pastoso e podem sair de tratamentos de água ou de equipamentos de controle de poluição são tão complicados de se descartar que é como se fossem sólidos. E sabe por quê? Porque jogá-los direto no esgoto ou em rios pode causar uma série de problemas. Às vezes, para tratá-los do jeito certo, seria tão caro e complicado que acaba não compensando para as organizações e por esse motivo são descartados de maneira inadequada. Então, resumindo, resíduos sólidos não são só aquelas coisas duras que você joga fora. Tem muito mais coisas envolvidas, especialmente quando pensamos em como cuidar do nosso planeta de forma responsável! Um outro ponto importante é quando pensamos no manuseio dos resíduos sólidos, pois em alguns casos eles podem ser prejudiciais a saúde coletiva, sendo, então, responsabilidade das empresas que produziram aquele resíduo, do governo no sentido de promover amparo para população, através das regulamentações e dos próprios cidadãos e cidadãs que devem contribuir com boas práticas na redução de lixo e no não manuseio de resíduos que possa vir a causar risco à vida. 38 4.1. Classificação dos Resíduos Sólidos: A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. Sugiro que você retorne até o até o Quadro 1 - Classes de Resíduos NBR 10004 da Unidade 1 e veja o que é apresentado nas classificações dos resíduos em: perigosos e não-perigosos. Diferenciar resíduos sólidos é extremamente importante quando pensamos em logística reversa e cadeia verde, pois é a partir da compreensão do que é um resíduo sólido e da sua classificação que estes materiais terão seu descarte realizados de maneira correta. Veja no quadro a seguir como são classificados os resíduos sólidos conforme a Lei 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos: Classificação Descrição Resíduos Sólidos Urbanos Resíduos gerados nas atividades domésticas em residências urbanas e resíduos de limpeza urbana, como varrição, capinação e limpeza de logradouros e vias públicas. Resíduos Sólidos Industriais Resíduos gerados nos processos produtivos e instalações industriais, incluindo subprodutos e rejeitos que podem ter características específicas que requerem tratamento. Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde Resíduos resultantes de atividades de serviços de saúde, como hospitais, clínicas, laboratórios e outros estabelecimentos que prestam assistência à saúde humana e animal. Resíduos Sólidos de Mineração Resíduos gerados nas atividades de pesquisa, extração e beneficiamento de minérios, podendo incluir materiais de baixo teor ou estéril, rejeitos e resíduos industriais associados. Resíduos Sólidos Agrícolas Resíduos gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluindo restos de colheita, embalagens de agrotóxicos e outros resíduos relacionados à produção agrícola. Resíduos Sólidos de Construção Civil Resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluindo entulhos, materiais cerâmicos, concretos e similares. Resíduos Sólidos Perigosos Resíduos que, devido às suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade, mutagenicidade, apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Rejeitos Resíduos sólidos que, após a implementação de todas as tecnologias possíveis de recuperação e reciclagem, não podem ser reaproveitados e, portanto, necessitam de destinação final ambientalmente adequada. 39 Quadro 7 - Classificação dos Resíduos Sólidos Fonte: adaptado - Lei 12.305/10 - PNRS Conforme as diretrizes da Lei 12.305, quero reforçar com você que primeiro, é essencial entender a importância de separar corretamente os resíduos na fonte. Isso facilita todo o processo de coleta seletiva, onde materiais recicláveis são encaminhados para o reaproveitamento, enquanto os resíduos perigosos são tratados de maneira adequada. Além disso, o armazenamento temporário em locais apropriados e o transporte cuidadoso até os centros de tratamento ou destinação final são etapas cruciais para evitar qualquer dano ao meio ambiente ou à saúde pública. Para os resíduos que não podem ser reaproveitados, é importante que eles sejam destinados a aterros sanitários bem projetados ou, no caso de resíduos perigosos, que sejam incinerados de maneira controlada. Todas essas ações garantem que estamos tratando nossos resíduos de forma responsável, contribuindo para um ambiente mais limpo e seguro. Veja a seguir informações quanto aos critérios de periculosidade. 4.2. Critérios de Periculosidade: Seguindo a mesma linha da explicação do tópico anterior, mais uma vez chamo sua atenção para os cuidados que deve-se ter quanto ao descarte de resíduos sólidos. Aqui quero apresentar a você os critérios de periculosidade e mostrar o impacto de cada um para o meio ambiente e para nós seres humanos. Critério de Periculosidade Descrição Inflamabilidade Resíduos que podem pegar fogo facilmente sob condições normais de temperatura e pressão, representando um risco de incêndio e explosão. Corrosividade Resíduos que têm a capacidade de corroer materiais ou causar danos severos aos tecidos vivos, como aqueles com pH extremamente baixo ou alto. Reatividade Resíduos que podem reagir violentamente com água, gerar gases tóxicos, explosões, ou liberar energia perigosa sob condições normais de manuseio e armazenamento. Toxicidade Resíduos que contêm substâncias nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente, podendo causar envenenamento, doenças graves ou contaminação ambiental. 40 Patogenicidade Resíduos que contêm agentes biológicos capazes de causar doenças infecciosas em humanos ou animais, como os resíduos hospitalares contaminados. Carcinogenicidade Resíduos que contêm substâncias ou agentes que podem causar câncer em seres humanos após exposição prolongada ou repetida. Teratogenicidade Resíduos que contêm substâncias que podem causar malformações congênitas no feto quando uma mulher grávida é exposta. Mutagenicidade Resíduos que contêm substâncias capazes de causar mutações genéticas, que podem levar a doenças hereditárias ou câncer. Ecotoxicidade Resíduos que podem causar danos significativos aos ecossistemas, afetando a flora, fauna e a qualidade da água e do solo. Quadro 8 - Critério de Periculosidade Fonte: adaptado - Lei 12.305/10 - PNRS Sobre os critérios de periculosidade, você percebeu como é fundamentalentendermos como cada tipo de resíduo pode impactar o meio ambiente e a nossa saúde. Resíduos inflamáveis, corrosivos ou reativos, por exemplo, precisam de uma atenção especial, pois podem causar incêndios, explosões ou até reações químicas perigosas. Além disso, resíduos tóxicos, patogênicos ou que apresentam carcinogenicidade e mutagenicidade são extremamente nocivos e requerem manuseio e destinação adequados para evitar riscos graves. Ao compreender esses critérios é possível tomar decisões mais conscientes na hora de gerenciar os resíduos. Sempre visando minimizar os impactos negativos e proteger tanto a nós mesmos quanto o meio ambiente. 4.3. Gestão e Destinação Final: O quadro a seguir apresentará a você os critérios relacionados ao manejo, armazenamento, transporte e destinação final dos resíduos sólidos, conforme as diretrizes da Lei 12.305/2010. Esses critérios são, de fato, imprescindíveis para as organizações conhecerem. 41 Critério Manejo Armazenamento Transporte Destinação Final Resíduos Sólidos Urbanos Segregação na fonte e coleta seletiva para facilitar a reciclagem e o descarte correto. Armazenamento em recipientes adequados até a coleta. Transporte em veículos adequados que evitam a dispersão de resíduos. Reciclagem, compostagem ou disposição em aterros sanitários bem projetados. Resíduos Sólidos Industriais Identificação e segregação conforme o tipo de resíduo (perigoso ou não). Armazenamento temporário em locais seguros, com contenção para evitar vazamentos. Transporte especializado para resíduos perigosos, em conformidade com as normas de segurança. Tratamento específico (como incineração) ou disposição em aterros industriais. Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde Coleta diferenciada de resíduos infectantes e perfurocortantes, separação na fonte. Armazenamento em recipientes específicos e sinalizados para evitar contaminação. Transporte em veículos especiais com protocolos rigorosos para evitar contaminação. Incineração controlada ou tratamento prévio antes da disposição final em aterros especiais. Resíduos Sólidos de Construção Civil Coleta e separação de materiais recicláveis e não recicláveis no canteiro de obras. Armazenamento em caçambas apropriadas, segregando recicláveis de não recicláveis. Transporte em veículos adequados para evitar a dispersão de entulhos durante o deslocamento. Reciclagem de materiais como concreto e tijolos, ou disposição em aterros de resíduos da construção. Resíduos Sólidos Perigosos Segregação rigorosa com base nas características de periculosidade, como toxicidade e inflamabilidade. Armazenamento em áreas controladas, com sinalização de perigo e medidas de contenção. Transporte em veículos adequados, com controle de segurança e em conformidade com as normas de transporte de cargas perigosas. Incineração controlada, coprocessamento ou disposição em aterros especialmente projetados para resíduos perigosos. Rejeitos Identificação de resíduos sem possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. Armazenamento em áreas segregadas, minimizando o contato com outros tipos de resíduos. Transporte em veículos preparados para evitar qualquer risco de dispersão. Disposição final em aterros sanitários, com controle rigoroso para evitar a contaminação do solo, da água e do ar. Quadro 9 - gestão dos resíduos sólidos 42 Fonte: adaptado - Lei 12.305/10 - PNRS O gerenciamento de resíduos sólidos, do manejo até a destinação final, garante que cada tipo de resíduo seja tratado de forma segura e ambientalmente responsável. Para finalizar esta unidade peço que você continue a leitura para se apropriar sobre o que trata o ciclo de vida dos produtos e suas fases. 5. Ciclo de vida dos produtos No tópico anterior tratamos sobre resíduos e estes estão relacionados, também, com a vida útil de um produto. De modo geral os produtos passam por fases que vão desde o seu desenvolvimento (concepção) até a sua eventual descontinuação (descarte). Na perspectiva física, os autores Barbieri, Cajazeiras e Branchini (2009), sinalizam que o ciclo físico de um produto é uma sequência de transformações de materiais e energia que inclui a extração de matérias-primas, fabricação, distribuição, utilização, recuperação de materiais, reciclagem e reuso. A depender dos autores que você escolher estudar, você encontrará diferentes olhares para o ciclo de vida dos produtos. Existem aqueles que têm um foco econômico, outros têm foco no processo do produto e alguns mantêm o olhar para a parte física. Aqui eu darei ênfase à parte física. Leia o caso hipotético a seguir e compreenda a aplicabilidade do conceito dos autores na prática. 43 Após a apresentação do caso anterior, da Fábrica Forchetta, percebemos que existe uma relação entre a logística reversa e o ciclo de vida do produto e que a logística reversa se encaixa na fase de disposição final do ciclo de vida. Pensar comigo: como será que a logística reversa se encaixa no ciclo de vida dos produtos, conforme a Lei 12.305/10? Bom, a logística reversa é peça-chave nesse quebra-cabeça. Ela é um dos caminhos que a lei aponta para garantir que a gente cuide bem dos resíduos que geramos, tornando todo o processo de vida do produto menos prejudicial ao meio ambiente. Pela lei, a logística reversa é mais do que só um conceito, é uma prática que envolve várias ações e procedimentos para garantir que os resíduos voltem ao ciclo produtivo. Exatamente como O Caso da Empresa - FORCHETTA Marta Silva trabalha na área de logística na indústria Forchetta que produz talheres de aço inoxidável 304, um material conhecido pela sua resistência à corrosão e durabilidade. Foi solicitado a Marta um relatório da sua área, assim veja como ela descreveu os processos da produção ao descarte até a reutilização dos materiais apresentando como ocorre o ciclo de vida dos produtos nesta indústria. Sobre a extração e características da matéria-prima, ela descreve que a Forchetta adquire aço inoxidável 304, que é uma liga de aço com cromo e níquel, proveniente de fornecedores que seguem práticas de mineração sustentáveis. O processo de fabricação é focado para a transformação da matéria-prima em talheres. Aqui, Marta descreve que a fábrica utiliza métodos de fabricação eficientes em energia, minimizando a emissão de poluentes. Outro ponto de destaque no relatório é quanto a distribuição, pois os talheres são embalados em materiais recicláveis e distribuídos para o mercado global, utilizando uma rede logística otimizada para reduzir a pegada de carbono. Os consumidores utilizam os talheres por muitos anos devido à durabilidade do aço inoxidável 304, o que reduz a necessidade de substituições frequentes. No entanto, a empresa garante um programa de recuperação de materiais, onde oferece um serviço de coleta, onde os talheres são recolhidos para reciclagem. Neste caso, a recuperação não é feita exclusivamente com os produtos que são gerados na Forchetta, pois o único filtro para o recebimento é que o item seja de aço inoxidável 304. A matéria-prima, antiga, é reciclada e reintroduzida no ciclo produtivo para criar novos produtos, fechando o ciclo de vida do produto. 44 foi apresentado no caso da Indústria Forchetta. Sendo apresentado por meio da coleta, do reaproveitamento, da reciclagem, sempre buscando dar um destino correto ao que já foi usado. Em outras palavras, a ideia é que, depois que você termina de usar um produto, ele não vá parar em qualquer lugar, mas sim que seja reintegrado ao sistema de uma forma que não prejudique o meio ambiente. É como se a gente estivesse dando uma nova vida para aquilo que, de outra forma, seria simplesmentedescartado. Ela é um mecanismo que busca fechar o ciclo, permitindo que os resíduos gerados na etapa de consumo sejam reintegrados à cadeia produtiva para serem reutilizados ou reciclados. Aproveitando esta oportunidade, quero convidar você a assistir a videoaula desta unidade 2, onde irei tratar sobre reciclagem. Você chegou ao fim desta unidade, mas já quero te adiantar o que veremos na próxima unidade. Na unidade 3 tratarei sobre o tema da distribuição reversa, que é o processo de fazer com que produtos, embalagens e materiais voltem ao ciclo de produção ou sejam descartados de forma segura. Até lá! 45 UNIDADE 03 | Distribuição reversa: retorno de produtos, embalagens e materiais para reutilização ou descarte responsável Você chegou ao fim da disciplina! Nesta última unidade, você irá conhecer sobre o tema da distribuição reversa, que é o processo de fazer com que produtos, embalagens e materiais voltem ao ciclo de produção ou sejam descartados de forma segura. Irei tratar sobre como lidar com embalagens para não prejudicar o meio ambiente. Você também verá algumas das legislações que as empresas precisam ter para garantir que tudo seja feito do jeito certo. O objetivo aqui é entender como contribuir para uma gestão mais responsável e sustentável dos resíduos que são gerados. 1. Distribuição reversa Você viu de maneira breve este assunto, distribuição reversa, lá na unidade 1, mas este tópico irá abranger os processos e práticas que envolvem o retorno de produtos, embalagens e materiais e o impacto no ciclo de vida produtivo, seja para reutilização, reciclagem ou descarte final. Aqui, é importante destacar como a logística reversa é implementada na prática. Para reforçar o entendimento, Os canais de distribuição reversos de pós-consumo constituem-se pelo fluxo contínuo de produtos e materiais que se originaram no descarte e que após sua utilidade retornaram de alguma maneira ao ciclo produtivo. Quando retornados, estes produtos podem ter destinação e fluxos distintos pelos canais reversos de distribuição sendo: reuso, desmanche ou reciclagem (LEITE, 2017). Veja a seguir o quadro indicando a ação pós-retorno dos materiais: 46 DESTINAÇÃO E FLUXOS DE PRODUTOS PÓS-CONSUMO Reuso Pode ser entendido como o destino de produtos que não servindo mais ao primeiro utilizador seguem os diversos canais reversos, nos quais os produtos são reutilizados no estado em que se encontram, seja em mercados originais ou em mercados secundários. Desmanche Modernamente denominado “Manufatura Reversa” é o processo industrial onde o produto durável é desmontado e seus componentes separados destinados ao reuso em mercados secundários, à remanufatura ou reciclagem, valorizando-os como componentes. Reciclagem Produto ou embalagem é o “processo industrial” de extração dos materiais constituintes dos mesmos. Extrai-se materiais como plásticos, vidros, metais, etc., que serão reaproveitados ou incorporados a novos produtos ou embalagens. Observe-se que nestes processos existe a destruição dos produtos e seus componentes reduzindo-os às suas matérias primas originais, com maior ou menor valor econômico em função do tipo de material extraído. Quadro 10 - Destinação e Fluxos de Produtos Pós-Consumo Fonte: LEITE, 2017 Se você analisar bem, quando se fala de destinação dos produtos pós-consumo, temos três principais caminhos que foram apresentados no quadro anterior. Esses materiais podem seguir: reuso, desmanche (ou manufatura reversa) e reciclagem. Recapitulando o que foi visto, no caso do reuso, o produto que já não serve mais ao primeiro dono pode ser redirecionado para outros mercados, seja em sua forma original ou em um novo contexto. Já o desmanche, ou manufatura reversa, é um processo industrial onde os produtos são desmontados e seus componentes são separados para serem reutilizados, remanufaturados ou reciclados, aproveitando ao máximo o valor dos materiais. E, por fim, temos a reciclagem, que vai um passo além e envolve a extração dos materiais constituintes do produto ou embalagem, como plásticos, vidros e metais, que são destruídos e reduzidos às suas matérias-primas originais, prontas para serem incorporadas em novos produtos ou embalagens. Assim, cada uma dessas estratégias visa prolongar o ciclo de vida dos materiais, contribuindo para a sustentabilidade e a economia circular. Deste modo é importante estudar formas para que as empresas priorizem a Logística Reversa de consumo. Lembre-se que a logística reversa ganhou destaque nos últimos anos, devido principalmente a grande variedade e quantidade de produtos com ciclo de vida reduzidos e 47 obsolescência programada, duas temáticas trabalhadas na unidade 2, que passaram a ser lançados cada vez mais rápidos em todo mundo (COSTA, 2017). Continue a leitura para que você conheça de que forma as empresas podem aprimorar suas práticas ambientais apoiando-se com o uso da tecnologia. 1.1. Tecnologias e sistemas de apoio O uso de tecnologias como o RFID (Identificação por Radiofrequência) e sistemas de informação avançados desempenha um papel importante no rastreamento e gerenciamento de fluxos reversos na logística. Essas tecnologias permitem a identificação automática e precisa de produtos ao longo da cadeia reversa, proporcionando visibilidade em tempo real sobre a localização e o estado dos materiais retornados. Isso reduz significativamente as incertezas típicas desse processo, como a qualidade e a quantidade dos itens retornados, permitindo um planejamento mais eficaz e a otimização dos recursos disponíveis. A imagem a seguir traz a ideia de como essa tecnologia interage entre produtos e servidores. Descrição: A imagem mostra uma representação gráfica de um sistema RFID (Identificação por Radiofrequência). À esquerda, há um conjunto de ícones laranja representando vários objetos que podem ser etiquetados com RFID, como roupas, bolsas e caixas. Esses ícones estão conectados a um microchip verde central, simbolizando a etiqueta ou chip RFID. À direita do chip, há ondas vermelhas e verdes indicando a comunicação por radiofrequência entre o chip e um leitor RFID. O leitor não está explicitamente mostrado, mas é sugerido pela presença dessas ondas. No lado direito, há um smartphone recebendo ou interagindo com esses sinais, sugerindo seu uso na leitura ou recepção de dados das etiquetas RFID. Fonte: https://encurtador.com.br/jI17w Dessa maneira, a RFID facilita o monitoramento detalhado dos fluxos de materiais, desde o ponto de retorno até a sua reintegração ao ciclo produtivo ou destinação final. Em aplicações práticas, como na reciclagem de resíduos eletrônicos, a RFID permite que empresas rastreiem https://encurtador.com.br/jI17w 48 equipamentos específicos, assegurando que estes sejam devidamente reciclados ou reutilizados. Isso não só melhora a eficiência operacional, mas também proporciona conformidade com as regulamentações ambientais, aumentando a sustentabilidade das operações logísticas. Tendo chegado neste ponto da leitura, você já deve ter compreendido bem o entendimento da logística reversa, mas se caso você não se recorde sobre o que se trata, deixa eu trazer, de maneira breve, esse entendimento para poder te apresentar uma explicação prática do uso da RFID dentro de um caso. A logística reversa é o conjunto de procedimentos de recolhimento de resíduos, que tem como intuito (re)aproveitá-los ou mesmo tem a intenção de dar uma correta destinação. Assim, empresas públicas e privadas precisam traçar medidas que reduzam os efeitos ambientais dos lixos produzidos por elas mesmas. Diminuindo, como consequência, os impactos gerados à saúde e ao meio ambiente. Pronto, agora que você revisitou o entendimento da logística reversa, deixa eu apresentara aplicação da tecnologia RFID. Imagine que você é o responsável por uma loja de eletrônicos que vende diversos produtos, como impressoras, computadores e acessórios. Com o tempo, alguns desses produtos se tornam obsoletos ou quebram, e os clientes começam a trazer esses itens de volta para a loja, esperando que você os descarte de forma correta. Esse é um exemplo típico de logística reversa, onde os produtos voltam ao ciclo de vida para serem reciclados ou descartados adequadamente. Agora, para garantir que esses produtos sejam enviados para o local certo e tratados de forma responsável, a loja decide utilizar a tecnologia RFID. Mas como isso vai funcionar na prática? Bom, quando um cliente traz de volta uma impressora velha, por exemplo, a loja coloca uma etiqueta RFID nela. Essa etiqueta contém um microchip que guarda informações sobre o produto, como o modelo, a data em que foi devolvido, e o destino correto para o descarte ou reciclagem. Ao longo do caminho, essa impressora passará por vários pontos de controle. Em cada um desses pontos, há leitores de RFID que capturam as informações da etiqueta e as enviam para um sistema central. Isso permite que a loja monitore em tempo real onde está a impressora e se ela está seguindo a rota certa até o local de reciclagem. 49 Por exemplo, se a impressora precisa ser desmontada em um centro especializado, o sistema vai registrar quando ela chega e quando sai de lá, garantindo que as partes de plástico, vidro, e metal sejam separadas corretamente. Se em algum momento a impressora for enviada para o lugar errado, o sistema vai alertar a loja para corrigir a rota. Essa tecnologia ajuda a garantir que os produtos eletrônicos sejam tratados de forma segura. Além disso, o RFID facilita a rastreabilidade e a transparência no processo, permitindo que a loja cumpra as exigências legais e demonstre responsabilidade ambiental. Para tornar mais significativa essa discussão, após a imagem da figura a seguir, peço que leia a matéria que irei disponibilizar no link, pois nela há uma excelente explicação do envolvimento entre tecnologia e sustentabilidade. Descrição: A imagem mostra uma grande quantidade de garrafas plásticas PET transparentes esmagadas. No canto superior esquerdo, há um logotipo circular verde com o texto em inglês “sustainable”, que significa sustentabilidade. Na parte superior direita há um texto, também, escrito em inglês “zero waste” que é entendido como “lixo zero”. No centro da imagem contém um texto com a frase: transformando garrafas PET usadas em um futuro sustentável por meio da rastreabilidade com RFID”. Fonte: http://li.cnm.org.br/r/kMzSmm http://li.cnm.org.br/r/kMzSmm 50 Essa imagem está vinculada à matéria mencionada anteriormente e lá é informado que tudo começa no estágio de coleta, onde catadores, condomínios e pontos de coleta desempenham um papel fundamental. Cada personagem desta coleta com suas metodologias e volumes entregam a um ponto de recebimento. Neste local elas são prensadas e criam-se os fardos já separados por cores: Cristal | Verde | Marrom. É nesse momento que inicia-se a introdução da rastreabilidade. Agora que você leu sobre essa tecnologia quero te fazer uma pergunta: será que existem limitações quanto ao uso e emprego de tecnologias na logística reversa? Para te responder peço que continue a leitura para o próximo tópico. 1.2. Barreiras culturais, econômicas e tecnológicas A utilização de tecnologia no aprimoramento dos processos é algo muito significativo para as organizações, no entanto nem sempre essa utilização é possível devido às limitações geográficas, culturais, econômicas etc. É o que nos dizem os autores Eliane Sanches e Messias Vieira: Apesar dos inúmeros benefícios, a implementação dessas tecnologias exige considerações econômicas significativas. O custo inicial de implantação do RFID, incluindo os dispositivos, leitores e sistemas de gestão de dados, pode ser elevado, tornando necessário uma análise cuidadosa de custo-benefício para garantir que os investimentos sejam compensados pelos ganhos em eficiência e controle (SANCHES; VIEIRA, 2022). Observe que os autores confirmam que o custo de implantação dessa tecnologia pode ser elevado, mas ainda assim, quanto mais a tecnologia se tornar acessível, é provável que a adoção do RFID e de outros sistemas de informação em fluxos reversos se tornem uma prática padrão, integrando ainda mais as operações logísticas com os objetivos de sustentabilidade. Clique no link para continuar a leitura. http://li.cnm.org.br/r/kMzSmm http://li.cnm.org.br/r/kMzSmm 51 Um outro aspecto relevante a ser pensado sobre as barreiras que impactam no desenvolvimento/aplicação da distribuição reversa são aquelas apresentadas por Souza et al. (2018) apud Pauli, Souza e Faria (2019), onde são identificadas em quatro principais grupos: gestão, financeira, políticas e infraestrutura, sendo tais pontos os principais empecilhos para a implementação de soluções. Observe as barreiras citadas no quadro a seguir: BARREIRA RELAÇÃO Gestão Falta de pessoas especializadas. Resistência das empresas a mudanças. Falta de planejamento das empresas. Falta de mensuração dos resultados por parte da empresa. Financeiro Dificuldade no investimento financeiro necessário para implementação. Políticas A burocracia. A política interna da empresa. A falta de legislação específica para o setor. Infraestrutura Adaptação ao sistema produtivo. Dificuldade para transportar os equipamentos específicos. Quadro 11 - Principais Barreiras da logística reversa Fonte: adaptado de Souza et al. (2018) apud Pauli, Souza e Faria (2019) O quadro 11, traz uma associação entre a barreira e possíveis evidências encontradas nela. No caso das barreiras relacionadas à gestão, você já deve ter ouvido falar que "quem não planeja, planeja falhar". Isso é especialmente verdadeiro na logística reversa. A falta de profissionais especializados é um problema sério, porque não basta apenas boa vontade; é preciso conhecimento técnico e experiência. Além disso, a resistência das empresas a mudanças é um grande obstáculo, pois muitas não estão dispostas a enfrentarem “o novo” e em certa medida não têm a total compreensão dos benefícios da logística reversa. No quesito barreira financeira, não posso deixar de mencionar novamente que a implementação da logística reversa demanda um investimento financeiro considerável. Esse investimento não é apenas inicial, mas contínuo. Se você tem pretensão de trabalhar nesta área, é importante que você saiba justificar para os gestores que esse custo inicial pode se transformar em economia no longo prazo, com a reutilização de materiais e a redução de desperdícios. 52 A barreira política é um tema complicado, pois ela pode atuar tanto no ambiente interno da empresa (políticas internas), como no ambiente externo à empresa (políticas externas). Dentro das políticas internas, a empresa poderá encontrar determinadas barreiras, porém são passíveis a mudanças e/ou ajustes que poderão ser implementados quando se deseja trabalhar na perspectiva da sustentabilidade aplicando práticas e metodologias da logística reversa. No aspecto das políticas externas a empresa ficará “presa” a adequação daquilo que ela não tem controle, já que ela não terá autonomia para alterar a lei. Desse modo, faz-se necessário que haja o desenvolvimento de ações que alcancem aquilo que a legislação determina e, em alguns casos, com prazos pré-estabelecidos que deverão ser cumpridos estando a empresa passível até mesmo de multas no caso de descumprimento. E por fim a barreira de infraestrutura. Aqui as empresas irão se deparar com as adaptações necessárias no sistema produtivo, pois em muitos casos seráimportante realizar a aquisição de equipamentos específicos, separar um local específico para separação de materiais que serão utilizados neste ciclo reverso, entre outras ações que envolvam a infraestrutura da empresa. Após ler sobre as barreiras apresentadas, espero que você tenha percebido que cada uma delas exige uma abordagem cuidadosa e bem planejada. Como estudante do curso técnico em logística, é importante que você esteja preparado para identificar esses desafios e propor soluções práticas e inovadoras que possam contribuir com boas práticas para o meio ambiente. De forma global, as empresas compartilham barreiras similares ao implementar e gerenciar a Logística Reversa, entretanto, o contexto individual de cada país pode trazer diferenças sobre a importância e impacto de cada barreira (isto é, leis específicas, infraestrutura logística, condições sociais, etc.), bem como gerar conflitos específicos oriundos dessa individualização (Bouzon et al., 2016 in Pauli, Souza e Faria 2019). Avance mais na leitura para que você possa conhecer mais sobre os desafios e oportunidades relacionados à distribuição reversa. Deixo aqui o convite para que você vá até o fórum desta unidade para responder a atividade relacionada a barreira na implementação da distribuição reversa. 53 2. Desafios e oportunidades na distribuição reversa Para iniciar este tópico, quero apresentar a você um caso hipotético, mas na sequência farei uma breve discussão para que você possa observar as relações de oportunidades e ameaças presentes e relacioná-los com a distribuição reversa na logística. 54 O Caso da Empresa - GREENPET A GreenPET nasceu em 2005, no interior de Pernambuco, com uma missão clara: transformar o lixo em recurso. Desde o início, a empresa focou em coletar garrafas PET usadas, que antes acabariam em aterros sanitários ou, pior, poluindo o meio ambiente. A GreenPET surgiu da visão empreendedora de seus fundadores, que perceberam uma oportunidade de unir negócios e sustentabilidade. A ideia era simples, mas poderosa: coletar as garrafas, reciclá-las e devolver ao mercado a matéria-prima transformada, pronta para ser reutilizada em novos produtos. Logo nos primeiros anos, a GreenPET percebeu que estava no caminho certo. A demanda por plástico reciclado começou a crescer, impulsionada por consumidores mais conscientes e pela pressão das novas legislações ambientais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A GreenPET, ao focar na coleta e reciclagem de garrafas PET, encontrou uma oportunidade de ouro: tornar- se uma fornecedora de matéria-prima reciclada para indústrias de embalagens, roupas e até mesmo de construção civil. A empresa também começou a construir uma rede de coleta em várias cidades, firmando parcerias com cooperativas de catadores e pontos de coleta seletiva. Essa estratégia não só garantiu um fluxo constante de garrafas PET para reciclagem, mas também fortaleceu a imagem da GreenPET como uma empresa socialmente responsável. Cada garrafa coletada e reciclada representava um passo a mais em direção a um futuro mais limpo. No entanto, o caminho não foi isento de desafios. Um dos principais obstáculos enfrentados pela GreenPET foi a logística complexa e cara de recolher garrafas PET em larga escala. As operações exigiam transporte eficiente, armazenamento adequado e um processo rigoroso de triagem para garantir a qualidade da matéria- prima reciclada. Além disso, havia a questão da viabilidade econômica: o mercado de recicláveis é volátil, com preços que podem variar significativamente, impactando diretamente as margens de lucro da empresa. Outro desafio foi a falta de tecnologias avançadas e acessíveis para otimizar o processo de reciclagem. Sem equipamentos modernos, a GreenPET tinha que lidar com problemas como a baixa eficiência na separação de materiais e a degradação da qualidade do plástico reciclado. Esses fatores limitaram a capacidade da empresa de competir com plásticos virgens mais baratos e de qualidade superior. Apesar dessas dificuldades, a GreenPET não se deixou abater. A empresa investiu em inovação, buscando soluções para melhorar a eficiência de seu processo de reciclagem. Além disso, começou a trabalhar em campanhas de conscientização para educar a população sobre a importância da reciclagem e o valor dos produtos reciclados. Ao longo dos anos, essas ações começaram a dar resultados: a qualidade da matéria-prima reciclada melhorou, e a GreenPET conseguiu ampliar sua participação no mercado, fornecendo plástico reciclado para grandes indústrias. 55 Você percebeu o quanto esta empresa transformou-se ao longo do tempo? Pois é! Empresas são organismos vivos e ao mesmo tempo sociais, dessa forma precisam buscar atender as demandas da sociedade, vislumbrando espaços que a permitam crescer. A partir do caso apresentado vou listar as demandas e desafios que foram identificados no texto para que possa ajudar você a perceber que a aplicação de práticas da logística reversa dentro de uma organização é realizada de maneira estratégica olhando para o mercado e entendendo suas dores. OPORTUNIDADES A demanda por plástico reciclado começou a crescer. Consumidores mais conscientes. Novas legislações ambientais. Tornar-se uma fornecedora de matéria-prima reciclada para indústrias de embalagens, roupas e até mesmo de construção civil. Parcerias com cooperativas de catadores e pontos de coleta seletiva. DESAFIOS Logística complexa e cara para recolher garrafas PET em larga escala. As operações exigiam transporte eficiente, armazenamento adequado e um processo rigoroso de triagem para garantir a qualidade da matéria-prima reciclada. O mercado de recicláveis é volátil, com preços que podem variar significativamente, impactando diretamente as margens de lucro da empresa. Falta de tecnologias avançadas e acessíveis para otimizar o processo de reciclagem. Baixa eficiência na separação de materiais e a degradação da qualidade do plástico reciclado. Quadro 12 - Oportunidades e Desafios da Distribuição Reversa Fonte: elaborado pelo autor A partir do caso da GreenPET, pode-se observar que a implementação de uma logística reversa eficiente requer um olhar atento tanto para as oportunidades quanto para os desafios inerentes ao processo. A empresa conseguiu identificar a crescente demanda por materiais reciclados e se posicionar estrategicamente no mercado, firmando parcerias e investindo em inovação. Entretanto, dificuldades como os altos custos de operação, a volatilidade do mercado de recicláveis e a falta de tecnologias adequadas mostram que a logística reversa envolve uma série de desafios que precisam ser continuamente gerenciados. 56 Espero que você compreenda que é fundamental, portanto, que empresas como a GreenPET integrem práticas de logística reversa em sua cadeia de valor, mantendo um equilíbrio entre sustentabilidade e viabilidade econômica. 3. Modelos de distribuição reversa A reciclagem, apesar de ser um processo conduzido principalmente por empresas privadas, só funciona de verdade se houver programas públicos de coleta seletiva bem estruturados (Besen et al., 2014; Godoy, 2016). E mais, a coleta seletiva não envolve só a parte da indústria, mas também começa lá nas casas, onde as pessoas precisam separar os materiais, que depois são recolhidos e transportados (Bringhenti, 2004). A coleta seletiva compõe a estrutura dos pilares do saneamento básico. A seguir, veja o quadro 13 que apresenta os quatro pilares do saneamento básico, conforme definidos pela Lei nº 11.445/2007 no Brasil: Agora que você conheceu as oportunidades e desafios da distribuição reversa, vou avançar para o próximo tópico, mas antes de prosseguir a leitura, ouça o podcast, lá estou falando sobre a pegada de carbono, e em seguida, retornepara prosseguir nos seus estudos, onde será abordado o modelo de distribuição reversa com a estratégia de gestão de resíduos sólidos a partir da coleta seletiva, apresentando sua abordagem e estratégias de atuação. Continue a leitura! 57 MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL ESGOTAMENTO SANITÁRIO DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS Distribuição de água tratada e segura para consumo. Coleta, transporte, tratamento e disposição final adequada dos esgotos. Coleta, tratamento e destinação adequada dos resíduos urbanos. Controle das enchentes, coleta e destinação das águas das chuvas. Quadro 13 - Pilares do Saneamento Básico Fonte: elaborado pelo autor. Você deve ter observado que apenas o item manejo de resíduos sólidos está destacado na cor verde e se sobressai no quadro quando comparado aos demais itens. Esse destaque é intencional, pois aqui quero dividir com você sobre aquilo que versa sobre coleta, tratamento e destinação adequada dos resíduos urbanos. Veja agora o modelo de distribuição reversa, baseado na coleta porta a porta. Pode-se considerar este modelo como sendo de gestão compartilhada, pois os resíduos são encaminhados para unidades de triagem, onde catadores organizados em associações ou cooperativas farão a separação por tipo de material para que estes possam, ao final do processo, serem comercializados e entrarem na cadeia produtiva novamente. Descrição: A imagem ilustra o fluxo de gestão e reciclagem de resíduos. Os resíduos são gerados em áreas residenciais e/ou comerciais representadas por ícones de casas. Esses resíduos são coletados e, em seguida, passam por uma gestão compartilhada. As cooperativas e associações recebem esses resíduos e vendem o material reciclável. Finalmente, os compradores de recicláveis adquirem esses materiais das cooperativas, completando o ciclo de reciclagem. Fonte: Pernambuco, 2018 58 No modelo de gestão compartilhada os geradores fazem a segregação, na maioria das vezes, em resíduos secos (recicláveis) e resíduos úmidos (orgânicos e demais rejeitos) embalando-os separadamente e dispondo para a coleta regular, na frente das residências ou estabelecimentos. Na imagem seguinte, você terá a oportunidade de visualizar uma imagem que traz uma representação do funcionamento de uma cooperativa que trabalha fazendo a triagem de resíduos. Os recicláveis triados são armazenados em tambores, sacos tipo bags ou baias específicas para cada tipo de material selecionado, até reunir uma quantia ideal para prensagem e enfardamento. O material enfardado segue para a pesagem e posterior expedição. Descrição: A imagem mostra um diagrama de um processo de triagem de resíduos em uma instalação. No topo, há um “Silo de resíduos a triar,” de onde os resíduos são direcionados para triagem. As setas indicam o “Fluxo dos resíduos.” Abaixo, há vários bonecos representando os “triadores,” que são responsáveis por separar os resíduos. Na imagem há círculos representando os “tambores com resíduos triados” para onde o rejeito triado irá. No canto inferior direito, há um boneco carregando um dos tambores, este é chamado de “deslocador,” responsável por encaminhar os resíduos triados para a etapa de prensagem e enfardamento. Fonte: Pernambuco, 2018 Este diagrama é útil para entender como as instalações de triagem de resíduos organizam seus processos para separar materiais recicláveis dos não recicláveis de maneira eficiente. 59 Ainda nesse contexto, além de você conhecer sobre as instalações de espaços de triagem é relevante destacar que quando falamos em boa administração de um sistema integrado de tratamento de resíduos sólidos urbanos, é essencial envolver a figura dos catadores no processo de coleta seletiva. A presença desse agente não só ajuda a diminuir as desigualdades sociais, como também gera novas oportunidades de renda para as pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade econômica. Os catadores de materiais recicláveis podem ser considerados os grandes protagonistas da indústria de reciclagem no país. Eles detêm posição fundamental na gestão de resíduos sólidos no Brasil, à medida que sua própria existência indica a dificuldade de incluir no gerenciamento desse sistema as atividades de catação, principalmente por problemas de escala de produção combinados a dificuldades logísticas (Gonçalves Dias, 2009). Essa abordagem, de coleta seletiva, está alinhada a um dos princípios da logística reversa, conforme descrito neste modelo de gestão, onde os resíduos podem ser reaproveitados ou reciclados, sendo depois reintegrados ao processo produtivo. Para que fique mais evidente, um bom exemplo de gestão de resíduos é quando ela é dividida em duas partes: a primeira tendo uma dimensão mais prática, que ajuda a implementar ações de forma eficiente, e uma outra com a perspectiva numa dimensão mais colaborativa, que envolva a participação de todos os interessados no processo. Isso significa que, para que a governança “gestão” funcione bem, é essencial que todas as partes interessadas participem ativamente nas decisões, sempre buscando cooperação e consenso para alcançar os melhores resultados. Para que todas as ações relacionadas à logística reversa sejam asseguradas de maneira efetiva, faz-se necessário que diferentes organismos públicos e privados que produzem e/ou recepcionam resíduos sólidos atendam aquilo que está previsto nos instrumentos norteadores do Você sabia: Coleta seletiva é um sistema de recolhimento dos resíduos recicláveis inertes (papéis, plásticos, vidros e metais) e orgânicos (sobras de alimentos, frutas e verduras), previamente separados nas próprias fontes geradoras, com a finalidade de reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo. 60 funcionamento legal. No próximo tópico você irá conhecer mais sobre esta temática. Dessa forma, peço que você continue a leitura. 4. Conformidade Legal Durante a leitura do e-book você deve ter percebido que a Lei 12.305/2010 é um marco importante para logística reversa, pois foi a partir dela que se instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). No quadro a seguir você terá a oportunidade de conhecer algumas outras legislações que normatizam as práticas relacionadas a logística reversa. ITEM EMENTA Resolução Conama nº 362, de 23 de junho de 2005 Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. Resolução Conama nº 401/2008 Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, que substituiu a Resolução nº 257/1999; Resolução Conama nº 416/2009 Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, que substituiu as Resoluções nº 258/ 1999 e nº 301/2002. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, altera a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Decreto nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022 Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei nº 14.785, de 27 de dezembro de 2023 Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem, a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e das embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, de produtos de controle ambiental, de seus produtos técnicos e afins; revoga as Leis nºs 7.802, de 11 de julho de 1989, e 9.974, de 6 de junho de 2000, e partesde anexos das Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de Porém, antes, convido você a dar uma paradinha na leitura para assistir a videoaula, lá abordarei o tema: Economia Circular. Estou esperando por você! 61 1981, e 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Quadro 14 - Legislações relacionadas a logística reversa Fonte: Elaborado pelo autor A distribuição reversa, tema central deste capítulo, emerge como um dos pilares mais relevantes na gestão ambiental contemporânea, especialmente no que diz respeito ao gerenciamento de resíduos sólidos. Desde a Resolução Conama nº 362, de 2005, que estabeleceu diretrizes para a coleta e destinação final de óleos lubrificantes usados, passando pela Resolução nº 401, de 2008, que limitou a presença de metais pesados em pilhas e baterias, observa-se uma clara intenção de diminuir os impactos ambientais através da responsabilização das cadeias produtivas. Não se trata apenas de recolher resíduos, mas de integrar o conceito de ciclo de vida dos produtos. A Resolução Conama nº 416, de 2009, ao tratar da destinação ambientalmente adequada dos pneus inservíveis, reforça esse princípio ao exigir que os produtos descartados não representem uma ameaça ao meio ambiente. E essa responsabilidade, como foi visto, não é somente do consumidor final, mas de toda a cadeia produtiva — do fabricante ao comerciante. A Lei nº 12.305, de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), consolidou essa visão, tornando obrigatória a adoção de sistemas de logística reversa para diversos setores. Ela fortalece a legislação anterior e amplia seu alcance ao propor a corresponsabilidade dos atores envolvidos. O Decreto nº 7.404, de 2010, veio regulamentar a PNRS, estabelecendo prazos e metas, destacando-se como um marco na implementação dessas políticas. A evolução da legislação reflete, portanto, uma preocupação crescente com o destino dos resíduos, em especial os considerados perigosos, como agrotóxicos e produtos químicos. A Lei nº 14.785, de 2023, ao regulamentar a utilização e o descarte de agrotóxicos e suas embalagens, revela um avanço no controle de produtos que, se mal geridos, podem causar danos irreversíveis ao solo e aos recursos hídricos. Entender esta trajetória jurídica que sustenta a logística reversa no Brasil é bastante relevante para a plena implementação de práticas sustentáveis nas empresas e para a conscientização da sociedade. Nesse sentido, é inegável que o progresso alcançado até aqui nos aponta para um futuro em que o descarte adequado de resíduos e o retorno dos materiais ao ciclo produtivo deixarão de ser uma exceção para se tornar a norma. 62 Com isso, finalizo este e-book de Logística Reversa e Cadeia Verde com a convicção de que esta temática não é apenas uma estratégia de gestão, mas uma obrigação moral de todos os setores da sociedade que buscam minimizar os impactos ambientais de suas atividades cotidianas. Obrigado por ter acompanhado a leitura até aqui. Desejo a você sucesso em sua formação. 63 CONCLUSÃO Parabéns, estudante! Você chegou ao fim do e-book sobre Logística Reversa e Cadeia Verde. Espero que esta jornada tenha sido enriquecedora e que você tenha adquirido conhecimentos valiosos para sua formação técnica em logística. Ao longo das unidades, você conheceu os conceitos e princípios da logística reversa, entendendo sua importância no contexto brasileiro e global. Na segunda unidade, foi trabalhado o desenvolvimento sustentável, destacando a gestão responsável de insumos e resíduos. Você pôde conhecer sobre a redução, reutilização e reciclagem e a maneira como esses métodos contribuem para um futuro mais sustentável. Foi explorado, também, a cadeia de suprimentos verde, a importância do ciclo de vida dos produtos e as práticas dos 3R’s. Finalmente, na terceira unidade, você estudou sobre a distribuição reversa, um processo essencial para garantir que produtos, embalagens e materiais retornem ao ciclo de produção ou sejam descartados de forma segura, alinhados com as legislações vigentes. Que os conhecimentos adquiridos aqui possam ser aplicados em sua carreira e que você continue a buscar soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios logísticos. Boa sorte em sua jornada e até a próxima! 64 REFERÊNCIAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos sólidos – Classificação, NBR 10004. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ADRIANA ROCHA DE CERQUEIRA (Minas Gerais). Rocha Cerqueira Sociedade de Advogados. Logística Reversa Conformidade Legal: o que sua empresa precisa saber. O que sua empresa precisa saber. 2024. Disponível em: https://rochacerqueira.com.br/e-book-logistica-reversa-legislacaofederal/. Acesso em: 20 set. 2024. AMBIENTAL, Nova. 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É especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela Faculdade Santa Maria (FSM) em Recife PE e Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências da Administração de Garanhuns FAGA.tratarei sobre a logística reversa nas operações. Talvez o tema possa parecer complexo, mas minha proposta será desmistificá- lo, passo a passo. Nesta unidade, você vai conhecer sobre alguns conceitos e princípios essenciais que sustentam a logística reversa, especialmente no contexto brasileiro. Irei falar sobre como planejar uma logística reversa eficiente. Também falarei sobre o papel fundamental dos operadores logísticos. Além disso, você conhecerá os canais de distribuição específicos dessa área, que têm suas particularidades e desafios. Boa leitura! 1. Logística reversa no Brasil Para começar quero convidar você, estudante, a conhecer e/ou relembrar do conceito de logística. Ballou (2006), define como sendo o conjunto de atividades funcionais que é repetido muitas vezes ao longo do canal de suprimentos através do qual as matérias-primas são convertidas em produtos acabados e o valor é adicionado aos olhos dos consumidores. A partir do que o autor nos traz, quero chamar a sua atenção para o termo “as matérias- primas”. É importante você compreender que as fontes de matérias-primas, ou seja, aquilo que será utilizado na produção dos produtos acabados ou semiacabados nem sempre estarão no mesmo espaço geográfico. Assim como, os pontos que serão utilizados para a realização das vendas e até mesmo as próprias fábricas, que farão o processo de transformação propriamente dita da matéria- prima. Dessa forma, são nestes aspectos que Ballou (2006) apresenta a logística como sendo um conjunto de atividades funcionais e são estas atividades que farão com que a “engrenagem” da cadeia de suprimentos funcione perfeitamente. A logística irá garantir que o produto, a quantidade, o lugar, o prazo, a qualidade, a documentação, o menor custo, a melhor forma, sejam o mais eficiente possível em seu deslocamento ao ponto de gerar valor ao produto e como consequência gere a satisfação dos clientes e lucros para organizações. 7 Para ilustrar esse entendimento, veja o seguinte exemplo: Caso Samara - A empreendedora da Goiaba Caseira Samara é uma jovem pernambucana de 22 anos que reside no município de Tabira-PE e sempre buscou suas próprias oportunidades. Ela viu no empreendedorismo uma porta para alcançar sua autonomia financeira. Inspirada por sua avó materna, decidiu abrir uma pequena fábrica de doces artesanais, valorizando, a goiaba, um ingrediente com muita disponibilidade local. Para garantir a qualidade de seus produtos, Samara inicia o processo de logística pela seleção rigorosa da matéria-prima. Estabelece parcerias com agricultores locais para a compra das frutas frescas, negocia a quantidade e a frequência das entregas para que os ingredientes estejam sempre frescos e em quantidade suficiente para atender à demanda da produção. Samara contrata um serviço de transporte que assegura que os produtos cheguem em ótimas condições, sem comprometer a qualidade. O sistema de armazenamento mantém as frutas em temperatura adequada, preservando suas características até o momento da produção. Nesta fase de produção, a logística continua a desempenhar um papel importante. Samara garante que os equipamentos estejam em perfeito funcionamento e que o processo de produção ocorra de maneira eficiente, respeitando os padrões de higiene e qualidade. Depois de produzidos, os doces são embalados de maneira cuidadosa. As embalagens são escolhidas não apenas para preservar a qualidade dos produtos, mas também são visualmente atraentes para os consumidores. Ela investe em embalagens recicláveis, alinhando seu negócio aos princípios de sustentabilidade. A etapa final envolve a distribuição dos produtos aos consumidores. Samara vende diretamente para consumidores locais em feiras e mercados, e também entrega para pequenas mercearias e padarias na região. Além disso, explora o e- commerce, enviando seus produtos para outras partes do estado e do país, sempre buscando o menor custo de frete e garantindo a entrega no prazo estipulado. Ela implementa um sistema de feedback onde os consumidores podem avaliar a qualidade dos doces e do serviço de entrega. Com essas informações, Samara ajusta suas estratégias de logística para garantir a máxima satisfação dos clientes e, consequentemente, aumentar os lucros da sua empresa. Essa abordagem estratégica não só impulsiona a qualidade de seus doces artesanais, mas também fortalece seu negócio, permitindo-lhe alcançar a sonhada autonomia financeira. 8 Você conseguiu perceber como as atividades da logística estão destrinchadas dentro da rotina de trabalho de Samara? Pois é! Assim como Samara, as organizações precisam se preocupar com a logística nas suas operações cotidianas. Não, apenas, pensando na entrega do produto e/ou serviço para o consumidor, mas deve-se pensar de maneira estratégica todas as ações que envolvam direta ou indiretamente a cadeia de suprimentos da organização. Agora que você recordou sobre o conceito de logística, avance para nosso conteúdo específico. Mas afinal, o que é a logística reversa? Para esclarecer este conceito, trago para você um marco importante para a logística reversa. De acordo com a Lei Nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em seu inciso XII, descreve o conceito, a partir do seguinte texto: XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (Brasil, 2010). Em outras palavras, a logística reversa é a reutilização de materiais que já foram consumidos e retornaram para consumo depois de serem transformados em bens de valor na economia. De maneira prática, a logística reversa ocorre pelo simples reuso ou pela reciclagem, opção mais viável para diversos materiais, como embalagens de alimentos, por exemplo. Veja na ilustração da figura 1 uma representação desta gestão de resíduos. 9 Figura 1 - Ilustração de gerenciamento de resíduos Fonte: https://img.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de-gerenciamento-de-residuos_114360- 8725.jpg?t=st=1722878255~exp=1722881855~hmac=c3eb3eef7687b818c60dd221fd566e4f3388a5afbc6f4344f241a5e9 a1edb360&w=900 Descrição: À esquerda, vemos uma pessoa usando um colete na cor vermelha, empurrando um contêiner de lixo cinza escuro e ele está segurando um saco preto na mão direita. Isso sugere a coleta e descarte de resíduos. No centro, há um contêiner vermelho com o símbolo indicando materiais recicláveis. Acima dele, há garrafas brancas em uma esteira, representando o processo de reciclagem numa fábrica. À direita, outra pessoa está presente, segurando na mão direita uma caixa de papelão com materiais recicláveis e na mão esquerda um saco transparente com outros materiais recicláveis. Conforme apresentado na figura 1, pode-se fazer uma comparação com a gestão de resíduos sólidos, pois ao passo que uma pessoa deposita os resíduos em uma lixeira de coleta, outra pessoa está levando uma lixeira com produtos que seguirão para separação na empresa coletora que aparece representada por uma esteira ao fundo na imagem. Imagino que você compreende que nós vivemos imersos numa sociedade que estimula, diariamente, o consumo. Esta crescente quantidade de produtos cada vez mais tem seu ciclo de vida menor e Leite (2017), afirma que a grande variedade de modelos que se intensificaram nas últimas décadas do século XX deram origem à necessidade do equacionamento logístico do retorno de uma parcela desses produtos, não consumidos ou usados. Pensar num processo de retorno dos produtos usados ou não usados é pensar para além do lucro. Utilizardessa metodologia promove um impacto positivo na economia e na sociedade como um todo. Para você visualizar o fluxo da Logística Reversa, observe de maneira simplificada o fluxograma a seguir: No processo de produção “fabricação” até chegar ao consumo, os produtos industrializados seguem esse fluxo: https://img.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de-gerenciamento-de-residuos_114360-8725.jpg?t=st=1722878255~exp=1722881855~hmac=c3eb3eef7687b818c60dd221fd566e4f3388a5afbc6f4344f241a5e9a1edb360&w=900 https://img.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de-gerenciamento-de-residuos_114360-8725.jpg?t=st=1722878255~exp=1722881855~hmac=c3eb3eef7687b818c60dd221fd566e4f3388a5afbc6f4344f241a5e9a1edb360&w=900 https://img.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de-gerenciamento-de-residuos_114360-8725.jpg?t=st=1722878255~exp=1722881855~hmac=c3eb3eef7687b818c60dd221fd566e4f3388a5afbc6f4344f241a5e9a1edb360&w=900 10 Já quando falamos em Logística Reversa, o fluxo segue de maneira inversa como indicado a seguir, onde os resíduos dos produtos no pós-consumo ou no pós-venda, seguem até a sua origem. Depois de apresentar a você o entendimento geral sobre Logística Reversa, esse conceito e aplicação é decorrente de países que experimentaram o processo de industrialização há mais tempo. Os primeiros estudos tiveram início nas décadas de 1970 e 1980 em vários países europeus. Em 1991, na Alemanha, surgiu a primeira legislação tratando do tema. No Brasil a Logística Reversa tem seu desenvolvimento em meados da década de 1970, mas somente no ano de 2010 é que ganha uma legislação própria para tratar sobre o tema, a partir da Lei Nº 12.305 de agosto de 2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e regulamentada pelo Decreto 7.404/10. Lembre-se que pela legislação, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o poder público possuem Responsabilidade Compartilhada pelos resíduos resultantes do pós-consumo dos produtos. Desta forma, é preciso haver a estruturação de um sistema que viabilize a Logística Reversa (Fiepe, 2013). Veja mais um exemplo prático, fictício, para que este conteúdo vá ganhando sentido e significado para você! Fornecedores → Indústria → Distribuidores → Comerciantes → Consumidores Consumidores → Comerciantes → Distribuidores → Indústria → Fornecedores 11 Você percebeu que o processo da logística reversa tem impacto social e organizacional? Percebeu também a participação de diferentes atores nessa responsabilidade compartilhada? A tomada de decisão por boas práticas organizacionais é baseada na relação ganha-ganha, onde, na prática, ninguém perde e todos ganham. Mais uma vez quero que você internalize que a premissa, ou seja, o princípio da Logística Reversa é buscar proporcionar o controle dos fluxos reversos de diversas naturezas permitindo satisfazer a diferentes interesses estratégicos. Até este momento você está conseguindo acompanhar a leitura? Tem ficado alguma dúvida? Caso você não esteja compreendendo algo, peço que retorne a leitura, tudo bem!? Você também pode fazer uso do fórum no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para obter maiores esclarecimentos. Explore os nossos canais de comunicação! Caso VidroRec - A fábrica de vidros A VidroRec é uma empresa inovadora localizada em Recife, PE, dedicada à fabricação de garrafas de vidro de alta qualidade. Em um esforço para adotar práticas sustentáveis e reduzir o impacto ambiental, ela implementou um sistema de logística reversa exemplar. Ao invés de descartar as garrafas de vidro usadas, buscou estabelecer uma rede eficiente de coleta. A empresa incentiva seus consumidores e parceiros comerciais a devolverem as garrafas vazias em pontos de coleta distribuídos estrategicamente pela cidade de Recife. As garrafas recolhidas são transportadas novamente para a fábrica, onde passam por um rigoroso processo de limpeza e esterilização. Após esse processo, as garrafas são inspecionadas para garantir que estejam em perfeitas condições para reutilização. Uma vez aprovadas, as garrafas limpas são reintroduzidas na linha de produção, onde são envasadas com novos produtos e retornam novamente ao mercado. Esse ciclo contínuo não só ajuda a minimizar o desperdício de materiais, mas também contribui para a conservação de recursos naturais, como areia e energia, que seriam necessários para produzir novas garrafas. A adoção da logística reversa tem um impacto significativo no meio ambiente, reduzindo a quantidade de lixo gerado e diminuindo a extração de recursos naturais. Além disso, a empresa observa uma economia considerável nos custos de produção, pois reutilizar as garrafas é mais econômico do que fabricar novas. 12 Como vimos até o momento, além da busca pelo lucro, as organizações também precisam preocupar-se com os interesses de diferentes stakeholders1, termo utilizado quando falamos nas “partes interessadas”, neste caso a decisão e/ou obrigação de utilizar a Logística Reversa terá como partes interessadas os clientes, os fornecedores, a comunidade local e a própria empresa que avaliam as ações sob perspectivas distintas. Sobre os interesses, Leite (2017) afirma que: Os interesses da logística reversa variam em função das características do produto, do setor industrial, da posição da empresa na cadeia de suprimentos, das legislações existentes, das exigências de clientes, dos riscos à imagem da empresa e da atitude de responsabilidade empresarial. (Leite, 2017) Assim, adquire relevância crescente a implementação de programas empresariais com diferentes objetivos estratégicos. Nosso próximo tópico abordará a questão do Planejamento da Logística Reversa e é no planejamento que estas questões serão melhor discutidas. 2. Planejamento da logística reversa Aumentos significativos na quantidade e na variedade das mercadorias produzidas e comercializadas atualmente exigem alto desempenho das cadeias de suprimentos para chegar eficientemente ao mercado (Leite, 2017). Na questão gerencial o planejamento é a primeira etapa do processo, pois compreende-se que o planejar trata da capacidade de, a partir dos recursos disponíveis, fazer escolhas, direcionando as unidades para o futuro desejado. No entanto, para que o planejamento tenha êxito, é imprescindível diagnosticar, monitorar, corrigir e avaliar tais escolhas. Conforme Souza (2014), o planejamento pode ser dividido em três: • Planejamento estratégico (longo prazo); • Planejamento tático (médio prazo); • Planejamento operacional (curto prazo). 1 O termo stakeholders foi cunhado pelo filósofo e professor de administração Robert Edward Freeman em 1983 em um memorando interno no Instituto de Pesquisa de Stanford no qual ele definia o conceito como “grupos ou indivíduos que, sem seu apoio, a organização deixaria de existir”. No Brasil, para entender melhor stakeholders, o que é? Podemos dizer que são públicos de interesse (Camargo, 2019). 13 Ainda conforme a mesma autora, as questões estratégicas são de natureza ampla: o que será feito com o resíduo? Onde buscar os geradores ou fornecedores de resíduos? Qual a capacidade de transporte e recepção que necessitamos? Quando devemos aumentá-la? A nível de planejamento tático em se tratando de Logística Reversa podem ser pensados a partir de questões como: quantos coletores, transportadores e receptores precisamos? Qual o intervalo da coleta? Há necessidade de estações de transbordo? Como dimensionar o galpão de armazenamento? Com base nas orientações estratégicas e táticas, é então definido o planejamento operacional, na perspectiva de curto prazo. Quais as atividades serão realizadas no curto prazo e quando? Quais os responsáveis por essas atividades? Quais as prioridades? Todos estes questionamentos são feitos para que um bomplanejamento possa ser executado, pois toda empresa deseja aproveitar ao máximo as oportunidades no mercado, ao mesmo tempo em que procura diminuir custos e minimizar os riscos envolvidos em seu negócio. Nesse sentido, os mesmos cuidados que são tomados ao implementar qualquer outro sistema de gestão devem ser considerados também na logística reversa. Os pesquisadores Johnatan de Paula e Rita de Cassia Feroni (2021), informam que a ferramenta de Planejar, Fazer, Checar e Agir, conhecida com a sigla em inglês PDCA, pode ser utilizada para dar suporte a melhoria de trabalhos aplicados a logística e a logística reversa. Seguindo a minha forma de apresentar o conteúdo a você de maneira menos técnica e mais prática, veja o exemplo a seguir da empresa Armando Eletro. De que maneira podemos enxergar a aplicação do Ciclo PDCA nas ações dessa empresa? Observe que a aplicação dessa ferramenta faz sentido no Planejamento da Logística Reversa. A empresa fictícia "Armando Eletrônicos", especializada na fabricação e venda de equipamentos eletrônicos, enfrentava problemas recorrentes relacionados à logística reversa de pós-venda. A maior parte dos retornos de produtos ocorria devido a avarias durante o transporte e embalagens inadequadas. 14 1. Planejar (Plan): A princípio a equipe decidiu aplicar o Ciclo PDCA em conjunto com o modelo Milk Run2, expliquei numa notinha de rodapé o que significa esse modelo, para otimizar o processo de logística reversa. O primeiro passo foi mapear todos os pontos críticos do processo de devolução, desde a coleta do produto no cliente até a chegada ao centro de distribuição da empresa. 2. Fazer (Do): Depois da etapa de planejamento, a empresa parte para execução. Assim, a empresa implementou o modelo Milk Run para a coleta dos produtos devolvidos. Um veículo específico foi designado para seguir uma rota predefinida, parando em diversos pontos de coleta onde os clientes, neste caso outras empresas comerciais, devolviam os produtos. O veículo transportava todos os produtos devolvidos para um único ponto de destino, que era o centro de distribuição da empresa Armando Eletrônicos. 3. Checar (Check): Após um período estabelecido de operação com o novo modelo, a equipe avaliou os resultados. Os indicadores mostraram uma redução de 30% na incidência de avarias durante o transporte e uma diminuição significativa nos custos associados ao processo de logística reversa. 4. Agir (Act): Com base nos resultados positivos, a empresa decidiu institucionalizar, ou seja, incorporar o modelo Milk Run como parte integrante de seu processo de logística reversa. Além disso, as melhores práticas identificadas durante o Ciclo PDCA foram documentadas nos procedimentos operacionais da empresa. 5. A seguir você verá uma figura que tem como proposta apresentar de maneira gráfica o Ciclo PDCA da reciclagem. 2 “No sistema de coleta programada, milk run, os veículos utilizados para o transporte das peças deverão maximizar sua capacidade e otimizar a rota. O intuito, neste ponto do sistema, é minimizar os custos de transporte da operação. Com o sistema de coleta programada, o transporte das peças para a montadora será realizado apenas quando for solicitado e na quantidade necessária” (MOURA e BOTTER, 2002). 15 Figura 2 - Ciclo PDCA da Empresa Armando Eletrônicos Fonte: Elaborado pelo autor Descrição: A imagem apresenta um diagrama ilustrando o ciclo PDCA aplicado à gestão de resíduos eletrônicos, intitulado “O CICLO PDCA Armando Eletrônicos”. Existem quatro etapas principais representadas em um fluxo circular ao redor do título. Começando do topo e movendo-se no sentido horário, as etapas são: Reciclagem: Representada por um ícone de uma fábrica. Distribuidor e Coleta: Representada por um ícone de um caminhão coletando resíduos eletrônicos. Empresa Consumidora: Representada por um ícone de uma lixeira amarela para descarte eletrônico. Devolução para o Centro de Distribuição: Representada por um ícone de uma casa retornando eletrônicos. O ciclo sugere que, após os eletrônicos serem produzidos no nível industrial, eles passam para a distribuição e coleta, depois para as empresas consumidoras onde podem ser descartados adequadamente, e finalmente de volta aos centros de distribuição para processamento adicional. Isso representa um processo contínuo voltado para a sustentabilidade no manuseio de produtos eletrônicos. A partir dessa figura é possível perceber que o ciclo da Logística Reversa envolve mais de um pilar e é sobre isso que convido você a continuar a leitura para conhecer o papel dos operadores logísticos no contexto da Logística Reversa. 16 3. Papel dos operadores logísticos na logística reversa A operação da logística reversa se baseia em três pilares: cliente, operador logístico e o comerciante/fabricante. O operador logístico é o elo forte deste pilar, mas para que a gente avance no entendimento sobre o papel do operador logístico, vou começar conceituando o que é um operador logístico. O operador logístico é o prestador de serviços logísticos que tem competência reconhecida em atividades logísticas, desempenhando funções que podem englobar todo o processo logístico de uma empresa cliente ou somente parte dele. (Zamcopé, Ensslin, Ensslin e Dutra, 2010). Isso significa dizer que eles, os operadores logísticos, são responsáveis por gerenciar as atividades relacionadas ao transporte, armazenamento e controle de estoques, garantindo que tudo funcione bem ao longo da cadeia de abastecimento. Além disso, o operador logístico deve ser capaz de executar essas três tarefas fundamentais ao mesmo tempo, ajudando a adicionar valor ao produto final e a entregar os resultados esperados pelos seus clientes. Observe que o operador logístico não é uma função que uma pessoa executa dentro de uma organização, mas sim uma empresa que tem como função prestar um serviço a outra(s) empresa(s). Você deve ter ciência que algumas empresas não têm capital, “dinheiro”, suficiente para operar suas atividades relacionadas ao transporte, armazenamento e controle de estoques. É nesse contexto que algumas empresas contratam um operador logístico, pois elas compreendem que é mais vantajoso esse investimento que ter essas operações executadas “dentro de casa”, no caso dentro da própria empresa. Pode ser que você ainda não esteja convencido que essa é uma maneira de planejamento estratégico eficiente, então veja a seguir algumas outras características que fazem com que os operadores logísticos tenham relevância neste segmento de atuação: • Possuem experiência necessária; • Executam atividade especializada; • Possuem mão-de-obra qualificada; • Possuem materiais e equipamentos necessários para operação; • A localização geográfica é favorável a operação; 17 Na atuação da Logística Reversa, os operadores logísticos são responsáveis por fazer o caminho inverso da cadeia, transportando o produto da casa do cliente (pessoa física ou jurídica) para o lojista ou para o fabricante. Esse retorno pode acontecer por diversos motivos: seja pós-consumo, com o retorno da embalagem do produto, ou mesmo por meio da logística reversa de uma compra feita pela internet, quando o comprador se arrepende em até 7 dias após a entrega do produto. Sobre este tema veja o vídeo a seguir: A logística reversa domiciliar é como uma missão de volta para casa, que os produtos fazem quando não são mais necessários. Imagine que você comprou um celular novo, mas se arrependeu e quer devolvê-lo. Para isso acontecer, existem sistemas que garantem que o produto saia da sua casa e chegue de volta à loja ou ao fabricante, executando um "caminho ao contrário". Esses sistemas também garantem que todas as informações sobre essa devolução,como prazos e motivos, sejam registradas e acompanhadas direitinho. Agora, se pensarmos nos canais de distribuição da logística reversa, podemos imaginar que eles são como estradas que os produtos usam para voltar. Esses canais precisam ser bem organizados para que tudo funcione de forma rápida e eficiente. Assim, tanto o meio ambiente quanto as empresas saem ganhando, já que o que poderia ser lixo pode virar algo útil de novo. 4. Canais de distribuição de logística reversa Você já percebeu como as empresas andam cada vez mais preocupadas com a maneira de distribuir os produtos que produzem? Isso está ligado, principalmente, à globalização. Talvez você mesmo ou alguém que você conheça já tenha comprado em sites ou aplicativos de empresas que operam lá na China, por exemplo. Hoje em dia, com tanta facilidade para consumir produtos e serviços de diferentes partes do mundo, a distribuição física desses bens se tornou um desafio que muitas organizações precisam enfrentar. LINK DESTAQUE AO VÍDEO DE CURIOSIDADE Posso devolver produto que comprei na internet e não gostei? https://www.youtube.com/watch?v=5pAp3JwI8R4&t=1s 18 A importância econômica da distribuição seja sob o aspecto mercadológico, operacional da distribuição física, revela-se cada vez mais determinante às empresas, tendo em vista os crescentes volumes transacionais, decorrentes da globalização dos produtos e das fusões de empresas, e a necessidade de se ter o produto adequado, no local e tempo certos, atendendo a padrões de níveis de serviços diferenciados ao cliente e garantindo seu posicionamento competitivo no mercado (Leite, 2017). O autor nos mostra como a distribuição de produtos se tornou um fator crucial para o sucesso das empresas, especialmente no contexto atual de globalização e fusões corporativas. Ele destaca que não basta apenas produzir; é fundamental que o produto chegue ao cliente certo, no momento certo e com a qualidade esperada. A partir desta máxima, a ideia não só mantém a competitividade no mercado, como também fortalece a relação com o cliente, garantindo que ele continue escolhendo essa empresa entre tantas outras opções. De maneira resumida, a eficiência na distribuição não é mais, apenas, uma questão operacional, mas sim uma estratégia vital para a sobrevivência e crescimento das empresas. Observe na figura a seguir diferentes modais que podem ser utilizados pelas organizações para execução da distribuição dos produtos. Figura 3 - Diferentes modais para distribuição de materiais Fonte: Adobe Stock | #896806049 Descrição: A ilustração colorida em estilo de desenho animado retrata um cenário relacionado à logística e transporte. No centro, há uma torre de controle com dois controladores. Acima da torre, um globo terrestre, sugerindo conexões globais. Próximo à torre, um drone voa. À esquerda da torre, vemos caminhões alinhados em dois níveis sobre uma estrutura que parece ser parte de um 19 sistema automatizado de carga e descarga. Ícones de Wi-Fi e dados são representados. À direita da torre, um avião decola ao fundo, e mais à frente, no mesmo nível, um navio cargueiro com contêineres empilhados no convés. Ao lado do navio, um gráfico com barras azuis indicam progresso ou crescimento. Nuvens dispersas flutuam no céu claro. A imagem transmite a ideia de interconexão global e eficiência na gestão do transporte e logística através da tecnologia avançada. Pensa comigo: os canais de distribuição são como um caminho que os produtos percorrem até chegar em suas mãos que é consumidor final. Mas você sabia que, recentemente, as empresas começaram a se preocupar também com o caminho de volta desses produtos? Isso mesmo, estou falando dos canais de distribuição reversos, tratarei este tema na unidade 3. Esses canais cuidam de como os produtos, depois de pouco uso, ou até mesmo quando já passaram da vida útil, podem voltar para o ciclo produtivo ou para novos negócios. E o mais interessante é que, ao voltarem, esses produtos podem ganhar um novo valor, seja no mercado original, em mercados secundários, ou até mesmo ao serem reaproveitados como componentes ou materiais para novos produtos. Essa geração quase que desenfreada de produtos tende a ser mais característica em países mais desenvolvidos e por esse motivo há uma preocupação em equilibrar, inclusive, o retorno dos bens usados ou em algumas situações até mesmo sem uso. É nesse contexto que os canais reversos de reciclagem e remanufatura atuam buscando atender as legislações quanto aos diferentes tipos de resíduos que deverão ser agrupados conforme o seu grau de periculosidade, suas propriedades físicas, químicas e seu potencial patogênico. É o que veremos nos tópicos seguintes. Você sabe do que trata o termo obsolescência programada e o impacto desse fenômeno industrial no meio ambiente? Para conhecer clique no link a seguir. Link: https://www.ecycle.com.br/obsolescencia-programada/ https://www.ecycle.com.br/obsolescencia-programada/ 20 5. Características dos sistemas de armazenagem de produtos recicláveis e inservíveis Você já escutou por aí alguém falando o termo, NBR? Você sabe o que ele significa? A abreviação NBR significa Normas Técnicas Brasileiras. E entre tantas normas que existem vou tratar neste tópico sobre a NBR 10.004. A Norma NBR 10.004 trata sobre os cuidados de como descartar os resíduos sólidos. Lembre-se que neste tópico estamos tratando sobre produtos recicláveis e inservíveis. Alguns desses resíduos oferecem risco à saúde pública e ao meio ambiente. Mas, você pode estar pensando…que tipo de resíduos? Já imaginou como os hospitais, por exemplo, descartam materiais de uso único, como seringas e agulhas? Ou ainda como as indústrias químicas descartam as embalagens de produtos tóxicos, por exemplo? Fica aqui o convite para você pesquisar sobre esse tópico e compartilhar lá no fórum do AVA, o que acha? Voltando à questão dos resíduos sólidos. A NBR 10.004 classifica os resíduos em duas categorias: • Classe I – Perigosos • Classe II – Não Perigosos Os resíduos que estão enquadrados como Classe I, são aqueles considerados perigosos, são aqueles que podem desencadear acidentes, danos ao meio ambiente e a pessoa. São inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e patogênicos. Por sua vez, aqueles classificados na Classe II, são os considerados não perigosos e se subdividem na Classe II A – não inertes e Classe II B – inerte. Veja o quadro a seguir um resumo da NBR 10.004. Classe Tipo de Resíduo Descrição Exemplo Classe I Resíduos Perigosos Resíduos que apresentam características perigosas como inflamabilidade, reatividade, toxicidade, corrosividade, etc. Produtos químicos industriais, pilhas e baterias, solventes orgânicos. Classe II Classe II A Não Inertes Resíduos que não são inertes e podem se decompor, Restos de alimentos, papeis, plásticos. 21 gerando impactos ambientais se não tratados. Classe II B Inertes Resíduos que não reagem quimicamente e não se decompõem facilmente. Resíduos de construção como tijolos e concreto. Quadro 1 - Classes de Resíduos NBR 10004 Fonte: ABNT (2004) Conheça, também, algumas outras Normas Técnicas que irão colaborar na gestão dos resíduos sólidos: • ABNT NBR 10.157 - define critérios para projeto, construção e operação de aterros de resíduos perigosos; • ABNT NBR 10.006 - define procedimentos para solubilização de resíduos; • ABNT NBR 10.007/2004 – define procedimentos para a amostragem de resíduos; • ABNT NBR 14.725:3 – define procedimentos para elaboração da Ficha de Informações de segurança de produto químico FISPQ. • ABNT NBR 16.725 – define procedimentos para elaboração da Ficha com dados de segurança de resíduos químicos (FDSR). • ABNT NBR 13.221 –define procedimentos para o transporte terrestre de resíduos. • De acordo com a empresa Nova Ambiental3 (s/a), o conhecimento dessas normas é fundamental para os departamentos responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos industriais em todo o seu ciclo, desde o momento de sua geração até a sua destinação de resíduos (modalidade de tratamento) ou disposição final em aterro sanitário controlado. As operações dentro da Logística Reversa, também, precisam ser gerenciadas a partir de indicadores, pois com as informações que eles fornecem é possível que diferentes estratégias sejam pensadas e executadas para melhorar os fluxos de atividades organizacionais. Avance para o próximo tópico para que você possa compreender melhor este tema na perspectiva da Logística Reversa. 3 Empresa especializada em transporte e tratamento de resíduos industriais, blendagem para coprocessamento, incineração de resíduos, resíduos de saúde (RSS) e eletroeletrônicos, consultoria e execução de diversos serviços dentro do segmento da Engenharia Ambiental. 22 6. Indicadores de desempenho da logística reversa De acordo com Cuello (2021), com o objetivo de comparar o desempenho das atividades relacionadas à logística reversa, os indicadores de desempenho são indicados e classificados por etapas do processo. Para o autor, existem determinadas etapas que auxiliam nessa avaliação de desempenho. Vejamos as etapas! 1. Etapa: coleta | métodos 2. Etapa: coleta | locação e alocação 3. Etapa: inspeção e separação | nível de desmontagem 4. Etapa: inspeção e separação | localização 5. Etapa: recuperação do produto Para complementar este conteúdo, ouça o Podcast desta unidade onde iremos falar sobre os instrumentos de correção dos desvios. Na etapa coleta | métodos, é possível criar indicadores como: volume retornado; custos de operação; satisfação do cliente e impacto ambiental, por exemplo. Imagine que nesta etapa a empresa utiliza como indicadores o volume retornado e custo de operação. No momento da análise das métricas geradas no primeiro semestre a empresa identificou que o custo de operação aumentou e que o volume do material retornado foi reduzindo mês a mês. Isso significa dizer que a empresa precisará identificar qual o gargalo foi gerado e como consequência precisa alterar seus processos. Vejamos a etapa coleta | locação e alocação. Aqui a empresa poderá trabalhar, por exemplo, com indicadores de custo de coleta, geração de resíduos e uso energético. Sabemos que no mundo é bastante discutida a ideia de utilização de energias renováveis. Dessa forma, imagine que uma empresa no seu processo de gestão de resíduos percebe que o consumo para tratamento dos resíduos coletados está consumindo mais energia que o esperado. Dessa maneira, a empresa precisará encontrar estratégias para trabalhar este indicador. Veja agora para a etapa de inspeção e separação | nível de desmontagem. Os indicadores que poderão ser trabalhados são: custo de desmontagem; custo de incineração; impacto ambiental de incineração, entre outros. Observe que assim como os exemplos anteriores a empresa, 23 dependendo do material com a qual trabalhe poderá desenvolver diferentes indicadores. Em determinadas situações a ação da empresa precisa atender a normas específicas como é o caso das empresas que operam com resíduos perigosos. No tópico anterior, você conheceu a NBR 10.157 que define critérios para projeto, construção e operação de aterros de resíduos perigosos. Neste caso, a empresa que tenha como indicador o impacto ambiental de incineração, ela necessitará analisar suas métricas de indicador baseadas, também, naquilo que é preconizado pela norma, então este é um tipo de indicador que deixa a empresa mais “presa” e talvez com pouca possibilidade estratégica. Avançando um pouco mais nesse conteúdo na etapa inspeção e separação | localização indicadores como custos de manipulação, armazenamento e transporte, locais de descarte de resíduos, custo de teste etc. Aqui vou pegar como exemplo o indicador de manipulação, armazenamento e transporte. Imagine uma empresa que identifica como critério observar a manipulação do material reciclado. Nesta observação ficou identificado um alto custo com os materiais de proteção individual (EPI), pois a manipulação exige que os colaboradores utilizem EPIs específicos. Quando analisado mais de perto, verificou-se que havia um descarte de materiais pelo uso indiscriminado de materiais pelos funcionários. Por fim, vejamos a etapa de recuperação do produto. Indicadores que poderão ser trabalhados são: problemas de saúde e segurança; demanda de mercado; reputação verde, entre outros. Como esta é uma etapa que visa recuperar o produto para que possa retornar para o ciclo econômico, imagine que a empresa vai trabalhar com o indicador de reputação verde. Sabemos que existe a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) onde são discutidos 17 objetivos para o Desenvolvimento Social. Neste ponto, a empresa precisa melhorar ou até reformular suas operações, de modo a minimizar o impacto ambiental e a emissão de gases como o CO2. Estamos chegando ao fim desta unidade. Espero que você tenha percebido que estudar os indicadores permite uma análise detalhada de cada fase. A avaliação dos indicadores possibilita a identificação de pontos de melhoria, contribuindo para a tomada de decisões estratégicas na gestão de logística reversa. Antes de concluirmos esta unidade, assista a videoaula da unidade onde falarei sobre a Certificação Ambiental - ISO 14000. Na próxima unidade, trabalharei questões essenciais para o desenvolvimento sustentável, explorando como a gestão responsável de insumos e resíduos pode agregar valor às 24 cadeias de suprimentos. Também será abordado os conceitos fundamentais da cadeia verde, passando pela seleção de matérias-primas, o tratamento de resíduos industriais e de consumo, até a importância do ciclo de vida dos produtos. Além disso, discutiremos práticas como a reciclagem e os princípios dos 3R's, com um foco especial no reaproveitamento de lixo eletrônico. Até mais! 25 UNIDADE 02 | Desenvolvimento sustentável: insumos, resíduos industriais e agregação de valor em Cadeias de Suprimentos Com a crescente preocupação com o impacto ambiental e a sustentabilidade, surge a necessidade de integrar práticas mais responsáveis e eficientes na gestão das cadeias de suprimentos. Nesta competência, abordaremos a importância do desenvolvimento sustentável, focando na gestão de insumos, na redução e reutilização de resíduos industriais e na agregação de valor aos processos de produção. Continue a leitura para conhecer nosso primeiro tópico da unidade 2 e descobrir o que ele nos traz sobre Desenvolvimento Sustentável? 1. Desenvolvimento Sustentável Esta é uma temática bastante conhecida e discutida hoje em dia, mas será que foi sempre assim? Para iniciar este tópico quero convidar você a conhecer um pouco sobre como e onde iniciou esta discussão tão importante para todo o planeta. No sentido de “roteirizar” esse tema, preparei um quadro com alguns dos principais marcos para o desenvolvimento sustentável. TRAJETÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ANO EVENTO SOBRE O EVENTO 1962 Livro Primavera Silenciosa O livro de Rachel Carson expôs os perigos dos pesticidas para o meio ambiente, despertando a consciência global sobre a necessidade de práticas agrícolas mais seguras e a preservação da biodiversidade. Ela mostrou que esses venenos estavam acabando com a natureza, matando as abelhas, os passarinhos, e por aí vai. 1968 Conferência sobre a Biosfera A UNESCO4 organizou esta conferência pioneira que trouxe à tona a importância da conservação da biosfera, marcando o início das discussões internacionais sobre a proteção dos ecossistemas. Todo mundoficou de olho nisso, pensando em como preservar a natureza, principalmente, para as futuras gerações. 4 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (1945) 26 1972 Conferência de Estocolmo Foi a primeira vez que o mundo se juntou para discutir sobre o meio ambiente. Eles perceberam que não dava mais pra separar o desenvolvimento da proteção ambiental, e aí começaram a criar regras pra gente cuidar do nosso planeta, como se fosse uma mãe cuidando dos seus filhos. 1972 Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) Estabelecido após a Conferência de Estocolmo, o UNEP coordena ações ambientais globais e promove a cooperação entre nações para enfrentar desafios ambientais. É através dele que o povo se junta para resolver os pepinos ambientais, sempre com muita conversa e cooperação. 1983 Formação da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) Conhecida como Comissão Brundtland, a CMMAD foi criada para abordar as crescentes preocupações ambientais e sua relação com o desenvolvimento econômico e social. Sabe aquela ideia de que dá pra progredir sem detonar o meio ambiente? Pois foi ali que a coisa começou a tomar forma. 1987 Livro Nosso Futuro Comum da CMMAD Também chamado de Relatório Brundtland, introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável, definindo-o como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. Esse livro abriu a mente de muita gente, e o desenvolvimento sustentável virou palavra da moda no mundo todo. 1988 Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) Fundado pela ONU5, o IPCC reúne cientistas de todo o mundo para avaliar as evidências sobre as mudanças climáticas, sendo uma referência fundamental para a formulação de políticas climáticas. Graças a eles, a gente sabe que “o bicho tá pegando” com o aquecimento global. 1992 Rio 92 A Cúpula da Terra no Rio de Janeiro marcou um ponto de inflexão nas discussões ambientais globais, resultando em acordos importantes, como a Agenda 216 e as Convenções sobre Mudança Climática e Biodiversidade. 1997 Rio + 5 Conferência de avaliação dos progressos feitos desde a Rio 92, que destacou as dificuldades na implementação dos compromissos assumidos. O importante é que não desistiram, e continuaram batendo na tecla do desenvolvimento sustentável. 1997 Protocolo de Kyoto Primeiro acordo internacional vinculativo sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa, estabelecendo metas claras para os países desenvolvidos na luta contra as mudanças climáticas. Foi o primeiro compromisso sério para enfrentar as mudanças climáticas. Quadro 2 - Trajetória do Desenvolvimento Sustentável Fonte: Elaborado pelo autor, 2024. 5 Organizações das Nações Unidas. 6 Instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. 27 Você percebeu que essa discussão é recente? Na linha do tempo apresentada no quadro 2, as discussões começam e se intensificam nas últimas décadas do Século XX e atravessam para o século XXI. No ano de 2015, os 193 países membros da ONU adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem 17 metas para serem alcançadas até 2030. Esses objetivos versam por diferentes áreas incluindo pobreza, fome, educação, saúde, igualdade de gênero, água potável, saneamento básico, energia renovável, cidades sustentáveis, entre outras. Veja o conceito de desenvolvimento sustentável: [...] Desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. CALDERONI (1998) apud LEITE (2017). Pensar no desenvolvimento sustentável é ter um olhar para o tripé que o sustenta. Como é possível perceber, o conceito extrapola, somente, as questões ambientais, pois todos os agentes envolvidos precisam adotar uma visão sistêmica, ou seja, precisam enxergar questões relacionadas ao Social, ao Econômico e ao Ambiental. No ambiente das organizações também é empregado e vivido esta relação. Peço que você se atente ao quadro a seguir, onde será apresentado características do desenvolvimento social no contexto das empresas: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL TRÊS PILARES DO CONCEITO ASPECTO CARACTERÍSTICA Social O primeiro pilar refere-se à preocupação com o capital humano e com a sociedade de uma maneira geral. Trata-se de todas as pessoas que estão, direta ou indiretamente, relacionadas às atividades desenvolvidas por uma empresa. Isso inclui, além de seus funcionários, seu público-alvo, seus fornecedores, a comunidade ao seu entorno e a população como um todo. Econômico O desenvolvimento econômico não deve existir às custas de um desequilíbrio nos ecossistemas ao seu redor. Se uma empresa lucra explorando as más condições de trabalho dos funcionários ou a degradação do meio ambiente da área à sua volta, por exemplo, ela não está atendendo a esse pilar, e, consequentemente, não pode exerce a sustentabilidade em sua plenitude. 28 Ambiental Aqui busca-se, em primeiro lugar, minimizar ao máximo os danos ambientais que podem ser causados pela produção industrial, além de evitar os possíveis desperdícios no dia a dia de trabalho. Como práticas desse pilar, podemos citar a utilização de matérias primas renováveis, o reúso de água e até mesmo a reciclagem e reaproveitamento de resíduos. Quadro 3 - Características do desenvolvimento social no contexto das empresas Fonte: Tera Ambiental, 2022. Após a leitura do quadro 3, podemos estabelecer um paralelo com o contexto empresarial, pois muito do que acontece no ambiente externo pode impactar diretamente as organizações e para que estes impactos sejam minimizados é preciso a realização de boas práticas realizadas que tenham como base os valores éticos, o crescimento econômico, o desenvolvimento das populações locais e o respeito aos recursos naturais. Ainda sobre este tema de desenvolvimento sustentável, assista ao vídeo sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) e sua atuação mundial. No vídeo é possível reafirmar a perspectiva sistêmica, onde quando um evento ocorre numa ponta a outra também é alcançada, sobretudo naquilo que diz respeito a mudanças climáticas. A questão climática é muito significativa na gestão da cadeia de suprimentos. Recentemente, entre os meses de abril e maio (2024) o Brasil e o mundo acompanharam as notícias das enchentes no Estado do Rio Grande do Sul. A grande tragédia climática devido às fortes chuvas gerou uma série de impactos econômicos e sociais. De acordo com matéria publicada pelo João Nakamura do canal de notícias CNN Brasil (2024), o Estado representa cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A indústria gaúcha representa 6,6% do total, e os serviços 5,9%. Enquanto isso, a agricultura do estado produz 12,7% do segmento doméstico. A partir dessas informações, é possível notar que um evento local tem um desdobramento para além das suas fronteiras. No nosso próximo tópico, iremos tratar sobre cadeia de suprimentos e daremos foto a gestão de cadeia verde que é uma abordagem onde há uma integração de práticas sustentáveis em ASSISTA O VÍDEO link: o que é a COP? https://www.youtube.com/watch?v=TKSHHBYp2k8 29 todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde a produção até a entrega final. Esse modelo de gestão da cadeia visa promover a redução e/ou um menor impacto ambiental, adoção de processos ecoeficientes e o uso de materiais recicláveis. Veremos que as empresas que implementam a cadeia verde visam nãoapenas a eficiência operacional, mas também a responsabilidade socioambiental, atendendo a uma demanda crescente por sustentabilidade entre consumidores e reguladores. 2. Cadeia de Suprimento Verde Para começar este tópico quero primeiro trazer a ideia central do que trata a cadeia de suprimentos. Este é um termo muito presente na área da logística e, por isso, é importante compreendê-lo. Em suma, trata-se de um sistema que engloba a distribuição de matéria-prima, passa pela fabricação, até chegar no transporte que leva o produto ao consumidor que poderá ser uma pessoa física ou jurídica. Segundo Ballou (2004), A cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques etc) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor final. (Ballou, 2004). Então, uma cadeia de suprimentos é um sistema, através do qual as empresas e organizações entregam produtos (bens e serviços) aos seus compradores, configurando uma rede de organizações interligadas. (Poirier e Reiter, 1997). As atividades da cadeia de suprimento iniciam-se com o pedido de um cliente e terminam quando um cliente satisfeito paga pela compra. (Chopra e Meindl, 2003). A cadeia de suprimentos, a partir dos entendimentos trazidos pelos autores, é algo que acontece dentro de um sistema, onde, reforço mais uma vez, quando um evento acontece dentro de determinada cadeia, o seu efeito/impacto irá reverberar por todo o restante da cadeia e não de maneira isolada. Mas onde entra a cadeia de suprimentos verde? O que podemos entender como cadeia verde? 30 A cadeia verde ou cadeia de suprimentos verde é uma abordagem interdisciplinar que vai abranger características da cadeia de suprimentos e, também, da área ambiental. Então, foi acrescentado à logística um olhar diferenciado para a consciência ambiental. Quando a gente fala das práticas de gestão verde na cadeia de suprimentos, estamos nos referindo àquelas atividades de gerenciamento que têm o objetivo de dar uma turbinada no desempenho ambiental dos insumos que a gente adquire ou até das empresas que fornecem esses insumos. Em outras palavras, é como se a gente estivesse cuidando para que tudo que entra na nossa cadeia de produção seja o mais sustentável possível, entende? Figura 4 - Representação da Cadeia Verde Fonte: Autor com uso de IA - Microsoft Designer em 20 de agosto de 2024 Descrição:A imagem mostra um par de mãos segurando uma pequena quantidade de solo com uma planta jovem brotando. Acima da planta, há vários ícones conectados por linhas que formam uma rede, sugerindo diferentes aspectos de logística e negócios, como transporte, armazenamento em armazéns, eficiência energética e crescimento financeiro. A imagem anterior busca fazer uma relação do conceito de crescimento nos negócios e da logística com ênfase na sustentabilidade, indicada pela planta verde no centro. Isso se dá através 31 das práticas ecológicas dentro desses setores já que o princípio da cadeia verde é envolver a área da logística com a gestão ambiental. Srivastava (2007) define que o propósito da Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos (GVCS) é monitorar os programas de gerenciamento ambiental a práticas mais proativas, que, pra Thierry (1995), Srivastava (2007) e Leite (2017), apud Bernardes, Kleinsorge e Lima, (2020) são: • Reduzir o fardo ecológico - São ações que as empresas adotam para minimizar o impacto ambiental negativo de suas atividades. Isso inclui a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, a redução do consumo de recursos naturais, e a implementação de práticas sustentáveis que promovam uma economia de baixo carbono. De acordo com o site da Fecomercio (2018), as empresas estão se adaptando à economia de baixo carbono, que é um modelo econômico que busca reduzir as emissões de carbono na atmosfera e, consequentemente, os impactos ambientais. Essa adaptação envolve mudanças nas operações, investimentos em tecnologias mais limpas, e uma maior conscientização sobre a necessidade de mitigar os danos ambientais. • Remanufaturar produtos desgastados a uma condição semelhante à nova - refere-se ao processo de restaurar produtos usados ou desgastados para que voltem a ter desempenho e aparência semelhantes aos de um produto novo. É uma alternativa sustentável no desenvolvimento industrial, pois envolve a desmontagem de um produto desgastado, a substituição ou recuperação de suas partes danificadas, e a remontagem para que o produto final seja funcionalmente equivalente a um novo. Essa prática não só prolonga a vida útil dos produtos, mas também reduz o consumo de matérias-primas e a geração de resíduos, contribuindo para a economia circular e para a redução do impacto ambiental. • Reparar, retornando produtos usados à sua função inicial por conserto e/ou substituição de peças - em vez de descartar um produto que apresenta defeitos ou sinais de uso, podemos prolongar sua vida útil ao consertá-lo ou trocar suas peças danificadas. Isso não apenas economiza recursos financeiros e materiais, 32 mas também contribui para a redução do impacto ambiental, já que diminui a quantidade de resíduos gerados e a demanda por novos produtos. • Reformar - Dentro do contexto da logística verde, reformar faz parte de práticas sustentáveis, onde, em vez de descartar produtos antigos ou danificados, as empresas os submetem a um processo de renovação. Isso pode incluir a reparação de partes desgastadas, a substituição de componentes ou até a atualização tecnológica do produto, tornando-o novamente utilizável e contribuindo para a redução do desperdício e do consumo de recursos naturais. • Reutilizar (produtos e/ou matéria-prima) - A reutilização é uma prática importante dentro da reciclagem e da gestão sustentável de resíduos, onde materiais que seriam considerados lixo são reaproveitados em sua forma original ou transformados para novas funções. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando um produto usado é empregado novamente para a mesma finalidade ou quando suas partes são reaproveitadas em outros processos produtivos, contribuindo para a economia de recursos naturais e a redução do impacto ambiental. • Canibalizar (desmanche) - Esse processo é comum em indústrias onde peças de produtos que estão fora de uso, danificados, ou obsoletos são removidas e reutilizadas em outros produtos, reduzindo a necessidade de fabricar novas peças. A canibalização pode ser uma estratégia econômica e sustentável, pois maximiza o uso dos materiais existentes e minimiza o desperdício, ao mesmo tempo que pode gerar implicações fiscais relacionadas ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). • Reciclar, transformando partes do produto descartado em matéria-prima secundária - a reciclagem envolve a coleta e o processamento de resíduos, onde os componentes de produtos descartados são separados, limpos e transformados em matéria-prima secundária. Essa matéria-prima é então usada para fabricar novos produtos, reduzindo a necessidade de extrair recursos naturais virgens e diminuindo o impacto ambiental causado pelo acúmulo de resíduos. 33 A partir desses pontos, você deve ter notado que a Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos, vai além de simplesmente monitorar as práticas ambientais, pois ela busca integrar uma série de ações que objetivam à sustentabilidade. Da redução do fardo ecológico, com esforços para diminuir emissões e promover uma economia de baixo carbono, até a remanufatura, reparo, e reforma de produtos, todas essas práticas convergem para o objetivo de estender a vida útil dos materiais e minimizaro desperdício. Essas ações, além de serem ambientalmente responsáveis, também são economicamente vantajosas, gerando um ciclo de valor contínuo. Com essas bases estabelecidas, o próximo passo é explorar como as matérias-primas e insumos podem ser geridos de forma sustentável dentro dessa cadeia de suprimentos verde. Convido você também a ouvir o podcast sobre reaproveitamento de lixo eletrônico. 3. Matérias-primas e Insumo Sobre este tópico quero, primeiramente, trazer para você estudante uma informação que por vezes gera conflito de entendimento, por serem utilizados como sinônimos. Você sabia que matéria-prima e insumos têm sentidos diferentes no ambiente corporativo? Pois é! Aqui você terá a oportunidade de conhecer o entendimento do real significado de cada um destes termos para que você possa aplicá-los de maneira correta. Para isso, trouxe o significado dos mesmos de acordo com o Dicionário Priberam: SUBSTANTIVO SIGNIFICADO matéria-prima (ma·té·ri·a·-pri·ma) substantivo feminino Substância essencial à fabricação de um produto. insumo (in·su·mo) substantivo masculino Elemento ou conjunto de elementos que entra na produção de bens ou serviços. Quadro 4 - Compreensão dos Termos (matéria-prima e insumos) Fonte: Dicionário Priberam, 2024 A partir das informações no quadro 4, veja que o sentido de matéria-prima é tratado como uma substância essencial à fabricação de um produto, ou seja, trata-se de um determinado 34 material que é incorporado ao produto que será fabricado. Neste sentido, a matéria-prima é algo essencial para o processo de transformação. Vou trazer um exemplo para que você possa compreender de maneira mais prática: Imagine que uma determinada empresa trabalha na confecção de camisas masculinas. O produto final, as camisas, têm como matéria-prima o tecido. Então, o tecido irá passar pelo processo de transformação, (lavagem do tecido, marcações, cortes, costura, aplicação dos aviamentos), até tornar-se uma camisa pronta para comercialização. Assim, entende-se o tecido como substância essencial à fabricação. Um outro exemplo do uso de matéria-prima é quando alguém resolve fazer um bolo. Imagine que na descrição dos ingredientes existe a presença de diversos itens, entre eles os ovos. Seguindo a mesma linha de raciocínio, os ovos são parte fundamental para que ao final da receita o bolo seja produzido e por consequência a falta deles irá impactar no resultado final. Intencionalmente, eu trouxe para você dois exemplos com matérias-primas diferentes. Pois, as matérias-primas têm origens diferentes. É o que afirma Pacheco, (2022): A autora nos informa, conforme apresentado no Quadro 5, que as matérias-primas têm três classificações baseadas em suas origens: mineral, vegetal e animal. Matéria-Prima Origem Exemplo mineral É extraída do subsolo e composta por recursos não renováveis. ouro, cobre, bauxita vegetal Vem das árvores e da flora em geral. Frutos e vegetais também entram como matéria-prima vegetal. madeira, algodão, soja animal Essa matéria-prima vem da caça, pesca e pecuária. couro, lã, leite Quadro 5 - Classificação e origem da matéria-prima Fonte: Pacheco, 2022 A partir destas classificações é importante ter em mente que no caso das matérias-primas minerais a situação é crítica, quanto à exploração, pois se trata de recursos não renováveis. Uma vez esgotados, não há como repor naturalmente os minerais extraídos do subsolo. A mineração indiscriminada pode levar à exaustão desses recursos, além de causar impactos ambientais significativos, como a degradação de paisagens e a contaminação de água e solo. 35 A matéria-prima vegetal tende a acabar no caso de uma exploração excessiva, pois a regeneração de florestas, plantas e cultivos pode não acompanhar a velocidade de extração, especialmente em ecossistemas mais sensíveis. Assim, a exploração sustentável e o manejo adequado são essenciais para garantir a disponibilidade futura desses recursos. Quanto às matérias-primas de origem animal, a exploração exagerada pode levar à extinção de espécies e ao desequilíbrio dos ecossistemas. A caça, a pesca e a pecuária, quando não reguladas, podem causar impactos devastadores na biodiversidade e na capacidade de regeneração dos recursos naturais. Além disso, a pecuária extensiva é uma das maiores responsáveis pelo desmatamento e pela emissão de gases de efeito estufa, o que torna essencial a adoção de práticas mais sustentáveis nesse setor. Agora que vimos o conceito de matéria-prima, avance na leitura para conhecer o conceito de insumo? Bom, retomando o conceito apresentado no quadro 4, insumo é apresentado como um elemento ou conjunto de elementos que entra na produção de bens ou serviços. Aqui quero chamar sua atenção para o trecho que diz “elementos que entram na produção”. Esse é um detalhe importante, pois podemos entender o insumo como algo importante no processo, mas ele não integra o produto final, sendo, apenas, um agente que auxilia na transformação. Caso esse entendimento não tenha ficado claro, vou apresentar um exemplo e em seguida você pode retornar a leitura para que essa informação anterior gere sentido pra você. Suponha que numa determinada situação se faz necessário a montagem de uma mesa de madeira. Para que a mesa seja montada, o profissional montador irá fazer uso de ferramentas como: parafusadeira; martelo e chave de fenda. O uso desses materiais são o insumo necessário para que a mesa fique pronta para uso, mas eles não compõem a mesa em si. São, apenas, elementos que entram na produção. 36 Insumo Origem Exemplo capital A origem está relacionada a investimentos que foram feitos, seja no produto ou no serviço. Máquinas, tecnologia, infraestruturas natural Originado da natureza, utilizado para complementar ou auxiliar na produção de bens. Água, energia solar, terra fértil de trabalho Relacionado à força de trabalho empregada para a produção de bens ou serviços. Mão de obra, habilidades técnicas, horas de trabalho Quadro 6 - Classificação e origem dos insumos Fonte: Pacheco, 2022 Percebeu que da mesma forma que a matéria-prima, os insumos são fundamentais no processo produtivo? Essa minha pergunta é pra poder te dar uma outra explicação. Primeiro, nem tudo que não é matéria-prima é insumo! Numa empresa, por exemplo, têm-se computadores, telefones, impressoras, canetas, materiais de escritório, por exemplo, que não fazem parte do contexto de produção. Você só deve considerar insumo aquilo que está envolvido diretamente ao processo produtivo. Mas deixa eu voltar aqui pra comentar sobre esse quadro 6. Assim como a matéria-prima, os insumos são fundamentais para o processo produtivo. Insumos de capital requerem investimentos significativos e são essenciais para aumentar a produtividade e a eficiência, mas também precisam de manutenção e atualização constante para não se tornarem obsoletos, ou seja, algo que ficou desatualizado, pouco produtivo, inútil ou que teve uma versão substituída no mercado. Os insumos naturais também são finitos e, em muitos casos, renováveis, mas seu uso indiscriminado, como vimos no quadro 6, pode levar à degradação ambiental e ao esgotamento dos recursos. É crucial que sejam utilizados de forma sustentável para garantir que estarão disponíveis para as gerações futuras. Por último e não menos importante, os insumos de trabalho são igualmente críticos, pois dependem diretamente da qualificação e da motivação dos trabalhadores. A formação contínua e o respeito às condições de trabalho são essenciais para manter a força de trabalho eficiente e produtiva. Existe, ainda, uma relação entre matéria-prima, insumos e a geração de resíduos e torna- se fundamental compreender essa relação para entender os impactos ambientais de processos 37 produtivos