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AULA 14 - Doenças dos órgãos sensoriais relacionadas ao trabalho

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Aula 14
Doenças dos órgãos sens�iais relacionadas ao trabalho
• Conceitos introdutórios
- Determinação de nexo causal: podem ter o trabalho como causa necessária (Shilling I), fator contributivo (Shilling II)
ou provocador de um distúrbio latente (Shilling III).
- A importância das doenças sensoriais relacionadas ao trabalho transcendem a área médica, pois, além de seus efeitos
sobre os órgãos do sentido, originam importantes distúrbios psicossociais, que interferem profundamente na
qualidade de vida dos portadores.
- Dentre todos os fatores ou agentes que se constituem em risco ocupacionais, certamente o ruído aparece como o
mais frequente, o mais universalmente distribuído e, portanto, o que expõe o maior número de trabalhadores.
- Além do ruído, as vibrações, alguns produtos químicos e uso de alguns medicamentos podem causar problemas nos
órgãos dos sentidos, configurando-se como eventuais diagnósticos diferenciais de doenças dos órgãos sensoriais
relacionados ao trabalho.
→ SOM
Conceitos introdutórios
Som é resultado da propagação de energia mecânica, na forma de onda acústica longitudinal, que necessita de um
meio material para se espalhar.
- Amplitude é aferida em decibeis (dB), relaciona-se com o volume alto ou baixo.
- Frequência é aferida em Hertz (Hz), relaciona-se com a característica aguda ou grave
Exame clínico do ouvido
- Anamnese: além da história da moléstia atual, é importante identificar a idade do paciente, alergia, infecção
nasosinusal, ambiente de trabalho, hábitos de vida, tratamentos com drogas ototóxicas, traumatismos cranianos e de
ouvido, doenças metabólicas e cardiovasculares.
- Exame físico: otoscopia (exame do pavilhão auricular e do conduto auditivo). Deve-se analisar a presença ou
não de detritos ceruminosos ou descamação. No fundo do conduto encontra-se a membrana timpânica com pequena
concavidade, de cor aperolada e brilhante, coalescente ao cabo do martelo.
- Palpação: evidencia-se pontos dolorosos, edema etc
- Inspeção: para a boa visualização do conduto auditivo é necessário fazer ligeira tração do pavilhão auricular
para trás e para cima.
Tipos de hipoacusia
- Hipoacusia é sintoma e não doença; auxilia o diagnóstico a partir do exame clínico.
- Compartimentos envolvidos: central e periférico.
(a) Hipoacusia condutiva: a lesão está no mecanismo de condução do som, ou seja, conduto auditivo, tímpano e
cadeia ossicular. A discriminação vocal é normal e entende bem se a voz é mais alta.
Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período
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Aula 14
-Etiologias: lesões obstrutivas do ducto auditivo externo, lesões do tímpano e da cadeia ossicular, coleção líquida da
caixa do tímpano. A otite média crônica supurativa é a principal causa de lesão do tímpano e cadeia ossicular.
(b) Hipoacusia neurosensorial: a lesão está na cóclea ou no nervo vestibulococlear. O paciente apresenta deficiência
variável da audição, desde a mais discreta até a surdez total. O paciente escuta mal, em grau variado e de falar alto.
Como não há, inclusive e não somente, boa condução óssea e por este motivo, o paciente escuta mal sua própria voz,
perdendo assim a capacidade de graduar a intensidade da mesma.
(c) Hipoacusia central: o paciente escuta bem e entende mal. A lesão está no sistema nervoso central e é de causa
variada (vascular, degenerativa ou tumoral).
Distúrbios associados ao trabalho
- São ditas “moléstias desnecessárias”, isto é, perfeitamente evitáveis; sua simples detecção entre os trabalhadores já
representa a ocorrência de falha no sistema preventivo.
- Além da variabilidade individual, desta-se as exposições extra-ocupacionais, como hábitos de vida, enfermidades
sistêmicas, outras doenças do sistema auditivo etc.
- Patogênese: os ruídos muito intensos, de impacto, tendem a produzir lesões mecânicas nas estruturas do órgão
espiral, com consequente processo degenerativo; por sua vez, ruídos contínuos e intermitentes originam alterações, por
exaustão metabólica.
EM SAÚDE OCUPACIONAL, EXPOSIÇÃO NÃO SIGNIFICA APENAS CONTATO ENTRE UM AGENTE DE RISCO E UM
TRABALHADOR; PARA QUE HAJA EXPOSIÇÃO, O CONTATO DEVE SER DE MANEIRA E INTENSIDADE SUFICIENTES
PARA OCORRÊNCIA DA DOENÇA EM QUESTÃO.
- O principal efeito à saúde causado pela exposição ao ruído é a perda auditiva, todavia existem outros efeitos que
funcionam como diagnósticos diferenciais (acúfeno, hipertensão arterial sistêmica, insônia não orgânica, distúrbios
gastrointestinais).
(a) Mudança temporária do limiar de audição: ocorre após exposição a ruído intenso e tende a regredir
espontaneamente, com repouso auditivo que varia de minutos há dias; não há correlação com a PAIR.
(b) Trauma acústico: caracterizado por perda auditiva súbita ao ruído intenso (exemplo: explosões e detonações) ou
secundário a trauma de ouvido ou crânio; ao exame físico, pode-se observar rompimento da membrana timpânica,
com ou sem associação com alteração da translucidez e posicionamento da cadeia ossicular.
(c) Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR): perda auditiva neurossensorial que acomete as células ciliadas do
ouvido interno, caracterizada por decréscimo superior a 25 decibéis no audiograma em relação à normalidade,
associada a exposição continuada a pressão sonora elevadas. Ramos de atividade: siderurgia, metalurgia, gráficas e
contato com substâncias químicas possuem características ototóxicas.
• PAIR
- Fatores de risco (FR) para PAIR:
- Quadro clínico: além de hipoacusia neurossensorial bilateral, pode haver hiperacusia (secundária a sons amplos)
associada a distúrbios neurovegetativos, podendo cursar com ruptura timpânica e deterioração do reconhecimento da
fala (ou outros sons complexos).
- Diagnóstico: exclusão, probabilidade/convicção profissional (“sugestivo de…”, “compatível com…”).
- Exames complementares:
- Diagnósticos de exclusão: tomografia computadorizada de ossos temporais.
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- Audiometria tonal: avalia a capacidade de ouvir sons puros e humanos (conteúdo de avaliação neurológica do
ouvir), a partir de suas frequências em Hertz; prevalece o achado por via aérea; não avalia capacidade funcional do
trabalhador.
- Imitanciometria: avalia integridade do sistema tímpano-ossicular e do reflexo estapédio (conteúdo de avaliação de
avaliação mecânica do ouvir).
CARACTERÍSTICAS: simétrica e bilateral; configuração em entalhe.
- Pronóstico: a perda característica da PAIR ocorre próxima a frequência de 4.000Hz, com maior proporção entre cinco e
sete anos de exposição contínua reduzindo seu índice de progressão até quinze anos de exposição contínua; perda
irreversível, assim como outras perdas neurossensoriais.
- Incapacidade: a perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora, na
grande maioria dos casos, não acarreta incapacidade para o trabalho; por sua vez, pode evoluir com inaptidão
- Condutas:
(1) Troca de função.
(2) Uso de aparelhos de amplificação individual.
Amplitude/energia versus tempo de exposição
- Ruídos de impacto são diferentes de ruídos contínuos (85dB é o limite tecnicamente aceito para exposição
ocupacional permissível para oito horas de trabalho diárias).
→ VOZ
Conceitos introdutórios
- São considerados profissionais da voz aqueles dependem da comunicação oral para exercer sua atividade
ocupacional.
- Profissionais da voz: professores, cantores, atores, religiosos, políticos, secretárias, profissionais da saúde, advogados,
vendedores, agentes comunitários de saúde
- Distúrbios da Voz Relacionados Ao Trabalho (DVRT): doença multicausal, associada a diversos fatores de risco, que
corresponde a qualquer desvio vocal diretamente relacionado ao uso da voz durante a atividade profissional que
diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou comunicação do trabalho, independente de alterações morfológicas
da laringe.
- Fatores de risco para DVRT:
(a) organizacionais: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga, acúmulo de atividades e funções, demanda vocal
excessiva, ausência de pausas e de locais de descanso, falta de autonomia,ritmo acelerado de trabalho, postura e
equipamentos inadequados, dificuldade de acesso a hidratação e sanitários.
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(b) ambientais: pressão sonora acima dos níveis de conforto, acústica desfavorável, mobiliário e recursos materiais
inadequados e insuficientes, desconforto e choque térmico, má qualidade do ar e da ventilação, exposição a irritantes
Distúrbios da Voz Relacionados Ao Trabalho
- Disfonia é sintoma e não doença; auxilia o diagnóstico a partir do exame clínico.
- Tipos de disfonias:
(a) Disfonia orgânica: alteração vocal de independe do uso da voz. Exemplo: carcinomas da laringe, doenças
neurológicas, inflamações ou infecções relacionadas ao infecções de vias aéreas superiores.
(b) Disfonia funcional: alteração vocal decorrente do uso da voz, ou seja, do comportamento vocal. Tem origem no uso
incorreto da voz, inadaptações vocais e alterações psicogênicas.
(c) Disfonia organofuncional: alteração vocal decorrente de lesão estrutural benigna secundária ao comportamento
vocal inadequado. Geralmente oriunda de uma disfonia funcional não tratada.
Exemplo;
Questões
1) Sobre a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), assinale a alternativa correta.
a. O surgimento da doença está relacionado unicamente ao tempo de exposição ao agente agressor, sem relação com
doenças crônicas, como diabetes.
b. Trata-se de uma doença reversível com medidas de saúde e higiene ocupacional.
c. Geralmente compromete unilateralmente o aparelho auditivo, sendo a principal queixa associada a hiperacusia a
sons agudos em ambientes sem estressores.
d. O diagnóstico só pode ser estabelecido por meio de um conjunto de procedimentos: exame clínico, associado a
avaliação audiológica e, se necessário, outros testes complementares.
2) T.S.J, 38 anos, trabalhando há nove anos em indústria metalúrgica como supervisor de controle de qualidade,
apresenta em consulta com médico do trabalho do SEMST da empresa, queixa de zumbido e dificuldade auditiva há
vinte anos em orelha esquerda, com agravamento dos sintomas há oito meses. Considerando o audiograma abaixo,
assinale a alternativa correta.
a. Este caso não deverá ser enquadrado como doença do trabalho, pois a
alteração auditiva não é compatível com Perda Auditiva Induzida por Ruído
(PAIR).
b.Este caso deverá ser enquadrado como doença do trabalho, pois a alteração
auditiva é compatível com Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR).
c. A alteração auditiva deve ser configurada como condição de doença
relacionada ao trabalho e ter solicitada a abertura da Comunicação de
Acidente do Trabalho (CAT).
d. Neste caso, deve-se encaminhar ao otorrinolaringologista, que solicitará
investigação de nexo causal e enquadramento como doença profissional.
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