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Tutoria sp2 3P U2

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21
Centro Universitário de Mineiros – UNIFIMES
Curso Medicina
Tutoria 3ª Etapa
Unidade VIII
PROBLEMA SP2
“ANDANDO NAS NUVENS”.
Ana Paula Lazarin Bernardes
Gabriel Azambuja Silva Macedo
Ítalo Rezende Franco 
João Paulo Marcuzzo Moraes 
Juan Domingos Muchon
Karinny Guimarães Couto
Laís Corrêa Marques 
Marilia Ferreira e Silva 
Maiara Bruna Rodrigues de Biasi
Matheus Carneiro Paranhos 
Mohamad Zaki Sammour Junior
 MINEIROS
2019
Centro Universitário de Mineiros – UNIFIMES
Curso Medicina
Tutoria 3ª Etapa
Unidade VIII
PROBLEMA SP2
‘’ANDANDO NAS NUVENS”.
Relatório referente à disciplina de Tutoria, como requisito parcial para obtenção de nota, sob orientação da professora Dr. Marina Timo.
MINEIROS
2019
 Sumário
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	OBJETIVO GERAL	5
2.1 Compreender o sistema auditivo e do equilíbrio ..............................................................................................................................................................5 
3.	OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................5
3.1 Reconhecer os mecanismos responsáveis pelos sentidos da audição e do equilíbrio..............................................................................................................................................5 
3.2 e 3.3 Descrever as estruturas e mecanismos responsáveis pela audição e pelo equilíbrio..............................................................................................................................................9
3.4 Citar as causas mais prevalentes de perda auditiva e as possíveis medidas de prevenção...........................................................................................................................................17
3.5 Reconhecer o efeito do ruído ocupacional na genese da perda auditiva.................20 
3.6 Identificar os métodos diagnostico clínicos e complementares disponíveis para acuidade auditiva e do labirinto.........	24
3.7 Discutir os impactos biopsicossociais da perda auditiva..................................................29 
3.8 Identificar os aspectos epidemiológicos e legais das doenças ocupacionais..........	.............31
4.	CONCLUSÃO	37
5.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	38
1.	INTRODUÇÃO
Este relatório refere-se à situação problema 2 da unidade VIII, “Andando nas nuvens”. 
O caso proposto discute sobre Joaquim, 65 anos, que sofreu acidente de moto e quebrou o braço, sendo submetido, a uma bateria de exames, incluindo tomografia da cabeça.
Após os procedimentos, Joaquim, apresentou queixas relacionadas a vertigem, quando abria os olhos, e a audição. 
Nesse sentido, faz-se relevante a discussão sobre dois temas: vertigem e sistema auditivo; identificando, inicialmente, seus órgãos sensitivos e suas vias de transmissão do sistema auditivo juntamente com os mecanismos fisiológicos envolvidos na percepção de tais estímulos e, também, todos os mecanismos envolvidos na obtenção e percepção de equilíbrio.
2.OBJETIVO GERAL 
2. Compreender o sistema auditivo e do equilíbrio.
3.OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
3.1 Reconhecer os mecanismos responsáveis pelos sentidos da audição e do equilíbrio. 
O som é produzido por ondas de compressão e descompressão alternadas do ar. As ondas sonoras propagam-se através do ar exatamente da mesma forma que as ondas propagam-se na superfície da água. Assim, a compressão do ar adjacente de uma corda de violino cria uma pressão extra nessa região, e isso, por sua vez, faz com que o ar um pouco mais afastado se torne pressionado também. A pressão nessa segunda região comprime o ar ainda mais distante, e esse processo repete-se continuamente até que a onda finalmente alcança a orelha.
A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de frequências (16 a 20.000 Hz - Hertz ou ondas por segundo).
IMAGEM 1 - FONTE: https://afh.bio.br/sistemas/sensorial/4.php
A captação do som até sua percepção e interpretação é uma sequência de transformações de energia, iniciando pela sonora, passando pela mecânica, hidráulica e finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro.
Energia sonora – Orelha externa
O pavilhão auditivo capta e canaliza as ondas para o canal auditivo e para o tímpano. O canal auditivo serve como proteção e como amplificador de pressão. Quando se choca com a membrana timpânica, a pressão e a descompressão alternadas do ar adjacente à membrana provocam o deslocamento do tímpano para trás e para frente. 
Uma compressão força o tímpano para dentro e a descompressão o força para fora. Logo, o tímpano vibra com a mesma frequência da onda. Dessa forma, o tímpano transforma as vibrações sonoras em vibrações mecânicas que são comunicadas aos ossículos (martelo, bigorna e estribo).
Energia mecânica – Orelha média
O centro da membrana timpânica conecta-se com o cabo do martelo. Este, por sua vez, conecta-se com a bigorna, e a bigorna com o estribo. Essas estruturas, como já mencionado anteriormente (anatomia da orelha média), encontram-se suspensas através de ligamentos, razão pela qual oscilam para trás e para frente.
A movimentação do cabo do martelo determina também, no estribo, um movimento de vaivém, de encontro à janela oval da cóclea, transmitindo assim o som para o líquido coclear. Dessa forma, a energia mecânica é convertida em energia hidráulica.
Os ossículos funcionam como alavancas, aumentando a força das vibrações mecânicas e por isso, agindo como amplificadores das vibrações da onda sonora. Se as ondas sonoras dessem diretamente na janela oval, não teriam pressão suficiente para mover o líquido coclear para frente e para trás, a fim de produzir a audição adequada, pois o líquido possui inércia muito maior que o ar, e uma intensidade maior de pressão seria necessária para movimenta-lo. 
A membrana timpânica e o sistema ossicular convertem a pressão das ondas sonoras em uma forma útil, da seguinte maneira: as ondas sonoras são coletadas pelo tímpano, cuja área é 22 vezes maior que a área da janela oval. Portanto, uma energia 22 vezes maior do que aquela que a janela oval coletaria sozinha é captada e transmitida, através dos ossículos, à janela oval. Da mesma forma, a pressão de movimento da base do estribo apresenta-se 22 vezes maior do que aquela que seria obtida aplicando-se ondas sonoras diretamente à janela oval. Essa pressão é, então, suficiente para mover o líquido coclear para frente e para trás.
Energia Hidráulica – Orelha Interna
À medida que cada vibração sonora penetra na cóclea, a janela oval move-se para dentro, lançando o líquido da escala vestibular numa profundidade maior dentro da cóclea. A pressão aumentada na escala vestibular desloca a membrana basilar para dentro da escala timpânica; isso faz com que o líquido dessa câmara seja empurrado na direção da janela oval, provocando, por sua vez, o arqueamento dela para fora. Assim, quando as vibrações sonoras provocam a movimentação do estribo para trás, o processo é invertido, e o líquido, então, move-se na direção oposta através do mesmo caminho, e a membrana basilar desloca-se para dentro da escala vestibular.
IMAGEM 2 - FONTE: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
A vibração da membrana basilar faz com que as células ciliares do órgão de Corti se agitem para frente e para trás; isso flexiona os cílios nos pontos de contato com a membrana tectórica (tectorial). A flexão dos cílios excita as células sensoriais e gera impulsos nas pequenas terminações nervosas filamentares da cóclea que enlaçam essas células. Esses impulsos são então transmitidos através do nervo coclear até os centros auditivos do tronco encefálico e córtex cerebral. Dessa forma, a energia hidráulicaé convertida em energia elétrica.
MECANISMO EQUILÍBRIO
Os três canais semicirculares, o utrículo e o sáculo formam o sistema vestibular que é o sistema de equilíbrio. O sistema vestibular, também chamado de labirinto, é a parte não acústica do ouvido interno, sendo responsável, em parte, da origem de atividades reflexas em relação à orientação do corpo no espaço durante o repouso e o movimento.
Existem células receptoras do sistema vestibular que estão localizadas no sáculo, no utrículo e no interior das ampolas dos ductos semicirculares, onde mudanças na posição da cabeça afetam o equilíbrio estático e os movimentos da cabeça afetam o equilíbrio dinâmico.
O utrículo e o sáculo são chamados também de órgão otolíticos, ambos contém receptores que suprem informações sobre a posição da cabeça relativamente à direção das forças da gravidade e sobre qualquer aceleração linear da cabeça, esses receptores são determinados mácula, compostas por grupos de células pilosas cujos pelos estão mergulhados numa substância gelatinosa. 
No interior desta estão minúsculas partículas de carbonato de cálcio denominadas otólitos, que tornam a substancia gelatinosa mais pesada que a endolinfa que preenche o labirinto membranáceo, permitindo conforme a mudança de posição da cabeça, a mudança da direção da força da substancia gelatinosa sobre as células pilosas, determinando a saída dos pelos de sua posição normal.
Sendo assim, o utrículo está orientado de modo que, com qualquer inclinação da cabeça aciona a excitação de uma população de células ciliadas, ao mesmo tempo em que inibe outra, gerando um padrão específico de atividade aferente. O utrículo é importante para o reconhecimento da direção e orientação do movimento da cabeça no espaço.
Os canais semicirculares contêm os ductos semicirculares que apresentam uma certa dilatação chamada de ampola, que em cada uma existe as células receptoras ciliadas que juntamente com as células de sustentação formam a crista ampular. A cúpula gelatinosa é uma estrutura acessória que faz saliência no líquido e enche o interior da ampola e como a cúpula preenche a ampola, a endolinfa não flui ao redor dela e os esterocílios e os quinocílios das células da crista estão mergulhados na ampola.
Os cílios das células ampulares se orientam de forma paralela, estruturando uma disposição em paliçada, correspondendo a dois tipos distintos: o quinocílio, que é uma estrutura única, mais alongada e com maior rigidez, e os esterocílios, são múltiplos, menores, paralelos na sua disposição quanto ao quinocílio e mais flexíveis.
Sendo assim, toda vez que a cabeça é movida, a parede óssea do canal semicircular, o saco membranoso nele incluído e os corpos a eles ligados das células ciliadas, naturalmente movem-se junto, a endolinfa que não está unida ao crânio, devido à inércia, tende a manter sua posição original, pressionando contra a massa gelatinosa, incluindo os cílios no seu interior, estimulando as células ciliadas, sendo assim a velocidade e a magnitude do movimento da cabeça determina a direção na qual os cílios serão inclinados e como e quanto às células ciliadas serão estimuladas.
Com todo esse processo descrito, como o quinocílio é pouco deformável, são os esterocílios que se deslocam junto com a cúpula, nesse fato, se aproximam ou se afastam do quinocílio, que se mantém como um poste rígido de referência. Caso os esterocílios se aproximem do quinocílio correspondente, ocorre um potencial gerador e posteriormente um potencial de ação, produzindo despolarização da célula receptora, determinando-se descarga de impulsos pelas células aferentes, já no caso de afastamento dos esterocílios em relação aos quinocílios produz-se uma hiperpolarização, diminuindo a freqüência de descargas de impulsos – inibição. 
3.2 e 3.3 Descrever as estruturas e mecanismos responsáveis pela audição e pelo equilíbrio
A audição é um dos cinco sentidos. O ouvido é o responsável pela capacidade de ouvir, ou seja, pela audição e pelo equilíbrio do corpo. É composta por três estruturas: orelha interna (pavilhão auricular, canal auditivo, membrana timpânica), orelha média (ossículos-martelo, bigorna e estribo, tuba auditiva) e orelha externa (labirinto, cóclea, canais semicirculares). 
IMAGEM 3 - . Anatomia da orelha. Fonte: TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, Acesso em: file:///C:/Users/rhayn/Downloads/Princ%C3%ADpios%20de%20Anatomia%20&%20Fisiologia%2014.%20ed.%20tortora.pdf
O nosso pavilhão auricular externo tem uma forma sinuosa, o que tem alguma função. Se cobrirmos todo o pavilhão auricular externo com cera, de modo a deixar de ter as anfractuosidades que normalmente tem, o grau de audição decresce ligeiramente. Portanto, todas estas formas têm alguma forma de captação do som. Por outro lado, o canal auditivo externo tem outra função que é a mesma das vias aéreas superiores, a de acondicionar ligeiramente o ar que chega ao tímpano, ou seja, de aquecê-lo ligeiramente. O canal auditivo externo é um ducto muito pequeno, mas apesar disso tem esta função de aquecer ligeiramente o ar, de o humedecer e lhe retirar algumas impurezas à medida que o ar chega ao tímpano, evitando porventura algumas infecções e algum trauma. Ao separar o ouvido externo do ouvido médio temos o tímpano e, adstrito ao tímpano, temos o martelo. O cabo do martelo está colado à membrana do tímpano.
O martelo é um pequeno ossículo que em conjunto com outros dois, a bigorna e o estribo, vai fazer a amplificação dos movimentos da membrana do tímpano de maneira a que, quando chegam à membrana oval (que faz a fronteira com o ouvido interno), as vibrações do tímpano são já muito amplificadas. Vemos aqui a um nível maior, o tímpano a vibrar sendo essas vibrações transmitidas e amplificadas até à membrana oval, que pertence já ao inicio do ouvido interno.
O ouvido médio tem duas funções principais, a primeira é a comunicação que se vê aqui na entrada da mastóide, comunicação com todas as pequenas células na mastóide, o que faz com que no nosso ouvido ouçamos com mais eco. Quando estamos constipados a nossa audição fica diferente porque a obstrução destes orifícios faz com que toda a qualidade do som que chega ao ouvido interno sofra modificações. Por outro lado, existe a trompa de Eustáquio, que se liga à nasofaringe e que é essencial para a equalização de pressões. Se alguém mergulha sabe que quando se começa a mergulhar é preciso compensar, ou seja, fechar o nariz e fazer uma manobra de Valsalva, ou seja, expiração forçada contra o nariz, portanto, aumentar a pressão nesta zona da nasofaringe.
A condução aerotimpânica versus condução óssea. O ouvido interno vai receber a informação através do estribo, mas se não chegar através do estribo pode chegar através dos ossos que o envolvem. Estes fazem com que a transmissão através do osso seja primordial, por isso, quando tapamos o ouvido (tapar a condução aérea) nos queixamos. A condução óssea pode-se fazer através do frontal, do occipital, dos dentes, da calote, da mastóide, de qualquer ponto ósseo que comunique com o ouvido interno. O Ouvido interno é o local onde se faz a transdução que, é a transformação de uma forma de energia noutra forma de energia e aqui a energia mecânica que fez vibrar o tímpano, (que são as tais ondas sonoras, transmitidas e amplificadas pelo ouvido médio). No ouvido interno, esta energia mecânica faz vibrar um líquido que vai andar pelas rampas.
Há uma rampa superior ou vestibular que é a primeira rampa onde o liquido vai andar a vibrar, empurrado pela janela oval e depois vai passar através de uma membrana intermédia para a rampa timpânica, que vai por sua vez contatar com a janela redonda. Tem-se, portanto, a janela oval em cima, por onde entra o estímulo e a janela redonda em baixo, por onde a energia se gasta. Em caso de lesão da janela de cima, a de baixo também pode servir de sensor, mas obviamente perdendo muita capacidadede audição. Esta membrana vista em corte permite visualizar a rampa vestibular que tem a vibração daquele liquido que vai e volta e que vai, por sua vez, fazer vibrar a membrana de Reissner e empurrar o órgão de Corti, que vai aqui transmitir sensações eléctricas, daí a transdução. Tinha-se uma energia mecânica no líquido a ir e vir, na vibração da membrana e no empurrar do órgão de Corti e depois a estimulação das células auditivas que já transmitem estímulos eléctricos através dos nervos para o cérebro. Esta é a transdução mecânico - elétrica da audição. Em baixo, a rampa timpânica é onde se perde a energia das vibrações da rampa superior.
O ouvido interno é composto pela cóclea, onde se tem a audição e por três outros canais que são os canais semicirculares, que se relaciona ao equilíbrio. O ouvido interno é um órgão da audição e do equilíbrio simultaneamente por isso, quando há vertigem é comum investigar se houve recentes alterações da audição. Portanto, todo aquele sistema pode ser abalado por uma infecção, uma otite por exemplo.
Há, portanto, a escala vestibular, a membrana de Reissner, órgão de Corti, a membrana tectoria que é empurrada pela membrana de Reissner e que vai fazer mover os cílios que estão ligados as células auditivas. Existem células auditivas interiores e exteriores, os exteriores são as mais importantes em termos de audição enquanto que os interiores servem apenas para modular o estímulo que chega ao cérebro.
Uma onda sonora é caracterizada por um determinado leque de frequências, do qual se destaca, no entanto uma determinada frequência fundamental. A decomposição da onda nas frequências que a constituem, decomposição de Fourier, é, pois realizada ao nível da orelha, nomeadamente ao nível da cóclea, a qual apresenta diferentes receptores para cada uma dessas mesmas frequências. 
Assim, aquilo que se verifica é que a mesma onda não chega ao cérebro como um todo, mas como um resultado desta mesma decomposição. Os receptores para as frequências mais elevadas encontram-se no início da cóclea, e, portanto, estas viajam pouco ao nível do mesmo, verificando-se exatamente o contrário para as frequências mais baixas que podem mesmo atingir o vértice desta estrutura (helicotrema) que faz parte da constituição do ouvido interno. Tendo como exemplo uma onda sonora com uma frequência pura de 500 Hz, esta vai ser captada unicamente pelo receptor para esta mesma frequência existente ao nível da rampa timpânica da cóclea, e é através do nervo auditivo que a informação daí depreendida atinge o cérebro.
O ouvido irá captar uma determinada onda sonora, a qual vai ser decomposta nas frequências que a constituem ao nível do ouvido interno, que contém, pois receptores para cada uma das mesmas. Estes receptores vão assim avaliar qual a amplitude de cada uma destas frequências, comunicando-a desta forma ao cérebro e é já ao nível do mesmo que essa onda será recomposta como um todo, mais exatamente a ideia que temos da mesma e que poderá não corresponder totalmente aquilo que a onda é na realidade. Este fenômeno é caracterizado por uma aprendizagem.
As células auditivas são caracterizadas por dois tipos de cílios, um maior chamado de quinocílio e outros menores, os estereocílios. Aquilo que se verifica é que a frequência dos estímulos enviados para o cérebro irá depender do lado para o qual estes cílios são deslizados. Caso seja para o lado do quinocílio, a frequência de estímulos que atingem o cérebro será maior, mas se por outro lado o deslizamento for para os lados dos estereocílios, então iremos contar com uma menor frequência de envio destes estímulos. No primeiro caso trata-se de uma despolarização e no segundo de uma hiperpolarização.
Existe um sistema de detecção de acelerações angulares. Desta forma, os movimentos de cabeça lateralizados, de rotação ou de flexão, vão ser detectados por um sistema de três canais, existente em cada lado, e que se complementam. Assim, quando viramos a cabeça para a esquerda, ambos ouvidos vão detectar esse movimento e ambas as informações são enviadas ao cérebro. Se no lado esquerdo temos uma despolarização, já no lado direito teremos uma hiperpolarização. Ambas as informações são importantes e só na presença conjunta das duas é que o cérebro consegue perceber que teve lugar um movimento. Se por outro lado tivermos apenas o envio de uma informação, iremos então sentir náuseas e desequilíbrio.
Dentro dos sistemas que condicionam o nosso equilíbrio, teremos dois tipos de detectores: os canais semicirculares existentes de ambos os lados, responsáveis pela sensação dos três movimentos possíveis de realizar com a cabeça, e, portanto da aceleração circular; e o sáculo e o utrículo, os quais nos dão a sensação de aceleramento vertical e horizontal, respectivamente, sendo esta a aceleração linear.
Fisiologia do equilíbrio
Existem dois tipos de equilíbrio. O equilíbrio estático se refere à manutenção da posição do corpo (principalmente a cabeça) em relação à força da gravidade. Os movimentos corporais que estimulam os receptores do equilíbrio estático incluem girar a cabeça e a aceleração e a desaceleração lineares, como experimentado quando o corpo é movido dentro de um elevador ou em um carro que acelera ou desacelera. O equilíbrio dinâmico é a manutenção da posição corporal (principalmente da cabeça) em resposta a movimentos súbitos como a aceleração ou a desaceleração rotacional. Coletivamente, os órgãos receptores para o equilíbrio são chamados de aparelho vestibular; que incluem o sáculo, o utrículo e os ductos semicirculares.
Órgãos otolíticos | Sáculo e utrículo
 As paredes tanto do utrículo quanto do sáculo contêm uma região pequena e espessa chamada de mácula. As duas máculas, que são perpendiculares uma à outra, são os receptores do equilíbrio estático. Elas fornecem informação sensorial a respeito da posição da cabeça no espaço e são essenciais para a manutenção da postura e do equilíbrio adequados. As máculas também detectam aceleração e desaceleração lineares – por exemplo, as sensações que você percebe enquanto está dentro de um elevador ou de um carro que acelera ou desacelera. As máculas são formadas por dois tipos de células: as células ciliadas, que são os receptores sensitivos, e as células de sustentação. As células ciliadas possuem em sua superfície entre 40 e 80 estereocílios (que são na realidade microvilosidades) de altura gradual, além de um cinocílio, um cílio convencional ancorado firmemente em seu corpo basal e que se estende além do estereocílio mais longo. Assim como na cóclea, os estereocílios estão conectados pelas ligações de extremidade. Coletivamente, os estereocílios e os cinocílios são chamados de feixe piloso. Espalhadas entre as células ciliadas encontramse as células de sustentação colunares que provavelmente secretam a camada espessa e gelatinosa de glicoproteínas, chamada de membrana dos estatocônios, que se encontra sobre as células ciliadas. Uma camada de cristais densos de carbonato de cálcio, chamados de estatocônios, se estende sobre toda a superfície dessa membrana. Como a membrana dos estatocônios se encontra em cima da mácula, se você inclinar a cabeça para frente, a membrana (juntamente com os estatocônios) é tracionada pela gravidade. Ela desliza “para baixo” sobre as células ciliadas na direção dos feixes pilosos que se dobraram. Entretanto, se você está sentado ereto em um carro que acelera subitamente, a membrana dos estatocônios fica para trás em relação ao movimento da cabeça, puxa os feixes pilosos, fazendo com que eles se dobrem em outra direção. O dobramento dos feixes pilosos em uma direção estica as ligações de extremidade, que tracionam os canais de transdução, produzindo potenciais receptores despolarizantes; o dobramento na direção oposta fecha os canais de transdução e produz a hiperpolarização. Conforme as células ciliadas despolarizam e repolarizam, elas liberam um neurotransmissor em uma taxa mais rápida ou mais lenta. As células ciliadas formam sinapses com neurônios sensitivos de primeira ordemna parte vestibular do nervo vestibulococlear (VIII). Esses neurônios disparam impulsos em um ritmo lento ou rápido, dependendo da quantidade de neurotransmissor presente. Neurônios motores também formam sinapses com as células ciliadas e com os neurônios sensitivos. Evidentemente, os neurônios motores regulam a sensibilidade das células ciliadas e dos neurônios sensitivos.
IMAGEM 4 - . Localização e estrutura dos receptores nas máculas da orelha direita. Fonte: TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, Acesso em: file:///C:/Users/rhayn/Downloads/Princ%C3%ADpios%20de%20Anatomia%20&%20Fisiologia%2014.%20ed.%20tortora.pdf
Ductos semicirculares 
Os três ductos semicirculares agem sobre o equilíbrio dinâmico. Os ductos se encontram em ângulos retos um em relação aos outros em três planos: os dois ductos verticais são os ductos semicirculares anterior e posterior e o ducto horizontal é o ducto semicircular lateral. Esse posicionamento permite a detecção da aceleração e da desaceleração rotacionais. Na ampola, a parte dilatada de cada ducto, encontrase uma pequena elevação chamada de crista. Cada crista contém um grupo de células ciliadas e de células de sustentação. Recobrindo a crista encontrase uma massa de material gelatinoso chamada de cúpula. Quando você move sua cabeça, os ductos semicirculares vinculados e as células ciliadas se movem concomitantemente. Entretanto, a endolinfa dentro da ampola não está vinculada e fica para trás. Conforme as células ciliadas se movendo sofrem atrito contra a endolinfa estacionária, os ramos ciliares se dobram. O dobramento dos ramos ciliares produz potenciais receptores. Por sua vez, os potenciais receptores causam impulsos nervosos que passam pela parte vestibular do nervo vestibulococlear (VIII).
IMAGEM 5 - . Localização e estrutura dos ductos semicirculares da orelha direita. Fonte: TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, Acesso em: file:///C:/Users/rhayn/Downloads/Princ%C3%ADpios%20de%20Anatomia%20&%20Fisiologia%2014.%20ed.%20tortora.pdf
Vias do equilíbrio A curvatura dos feixes pilosos das células ciliadas nos ductos semicirculares, no utrículo ou no sáculo promove a liberação de um neurotransmissor (provavelmente glutamato), gerando impulsos nervosos nos neurônios sensitivos que inervam as células ciliadas. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão localizados nos gânglios vestibulares. Impulsos nervosos são transportados pelos axônios desses neurônios, que formam a parte vestibular do nervo vestibulococlear (VIII). A maior parte desses axônios forma sinapses com os neurônios sensitivos nos núcleos vestibulares, os principais centros de integração com o equilíbrio, localizados no bulbo e na ponte. Os núcleos vestibulares também recebem informações dos olhos e dos proprioceptores, especialmente os localizados nos músculos do pescoço e dos membros, que indicam a posição da cabeça e dos membros. Os axônios restantes entram no cerebelo através dos pedúnculos cerebelares inferiores. Vias bidirecionais conectam o cerebelo e os núcleos vestibulares. Os núcleos vestibulares integram informações provenientes dos receptores vestibulares, visuais e somáticos e enviam comandos para (1) os núcleos dos nervos cranianos – oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI) – que controlam os movimentos coordenados dos olhos e da cabeça, ajudando a manter o foco no campo visual; (2) os núcleos dos nervos acessórios (XI), que ajudam a controlar os movimentos da cabeça e do pescoço para a manutenção do equilíbrio; (3) o trato vestibulospinal, que transmite impulsos para a medula espinal para a manutenção do tônus muscular nos músculos esqueléticos, ajudando a manter o equilíbrio; e (4) o núcleo ventral posterior do tálamo e, então, para a área vestibular no lobo parietal do córtex cerebral (que é parte da área somatossensorial primária) que nos fornece a percepção consciente da posição e dos movimentos da cabeça e dos membros.
3.4 Citar as causas mais prevalentes de perda auditiva e as possíveis medidas de prevenção.
Para compreendermos melhor os problemas auditivos dividimos os agentes causadores em cinco grandes grupos, logo temos: 
Grupo dos físicos: ruído, vibração, radiação ionizante e não ionizante, temperaturas extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal. 
Grupo dos químicos: agentes e substâncias químicas, sob as formas líquida, gasosa ou de partículas, poeiras minerais e vegetais, comuns nos processos de trabalho. 
Grupo dos biológicos: vírus, bactérias, parasitas geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios, na agricultura e pecuária. 
Grupo dos ergonômicos e psicossociais: são aqueles que decorrem da organização e gestão do trabalho como, por exemplo, da utilização de equipamentos, máquinas e mobiliários inadequados, levando a postura e posições incorretas, locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação, entre outros. 
Por fim o grupo dos mecânicos e acidentais: são aqueles ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes de trabalho.
O som pode ser classificado em 4 categorias:
· Até aos 80 dB, não há qualquer risco para o ouvido, qualquer que seja o tempo de exposição;
· De 80 a 90 dB, aproximamo-nos da zona nociva, mas os riscos limitam-se a exposições de muito longa duração;
· De 90 a 115 dB, o ouvido está em risco: quanto mais forte o som, menor o tempo de exposição é necessário para provocar lesão;
· Acima de 115 dB, os ruídos impulsivos provocam imediatamente lesões irreversíveis.
A perda auditiva pode ser classificada em:
1. Perda leve: pessoas sentem dificuldade de manter um diálogo em ambientes barulhentos. Limiar da audição está entre 25 a 40dB.
1. Perda moderada: pessoas sentem dificuldade de manter um diálogo sem aparelhos auditivos. Limiar da audição está entre 40 a 70dB.
1. Perda severa: pessoas podem se beneficiar com o uso de aparelhos auditivos, a leitura labial pode ajudar o diálogo. Limiar da audição está entre 70 a 95dB.
1. Perda auditiva profunda: pessoas na maioria das vezes confiam na leitura labial e/ou em linguagens de sinais para o diálogo. Limiar da audição está de 95dB para mais.
E também pode ser dividida em duas categorias:
1. Perda Auditiva condutiva, que se caracterizam quando o som não consegue chegar até o sistema auditivo interno. Isso pode acontecer quando há excesso de cerume (cera no ouvido), ferimentos no tímpano, infecções no ouvido médio e Otosclerose. Esses casos agem como se fossem barreiras, impedindo que os impulsos nervosos elétricos sejam transmitidos para o cérebro.
1. Perda auditiva neurossensorial é quando existe uma falha do nervo auditivo. Portanto, mesmo que as ondas ou vibrações sonoras cheguem ao ouvido interno (não haja nenhum impedimento), elas não são transformadas em impulsos elétricos para o cérebro. Esse tipo de perda é resultado de danos no nervo auditivo. Esses danos podem ser causados por envelhecimento, ruídos muito altos, efeitos colaterais de medicamentos, infecções virais e etc…
As principais causas da perda auditiva são:
· Poluição Sonora (A principal Causa) - Dependendo do tempo que a pessoa se expõe, pode-se ter uma perda permanente. Tipos de trabalhos, onde barulho é uma parte da rotina normal do ambiente, como construção, trabalhos agrícolas, ou em fábrica podem acarretar danos na audição.
· Exposição a ruídos explosivos, como armas de fogo e fogos de artifício – pode causar perda auditiva imediata. Outras atividades recreativas com os níveis de ruído perigosamente altos incluem motociclismo ou ouvir música em alto volume. MP3 players podem causar perda de audição permanente, se aumentar o volume alto o suficiente para mascarar o som de outros barulhos altos, como por exemplo, o de um cortador de grama.
· Envelhecimento (Causa muito prevalente) – Ao longo dos anospode danificar as células do ouvido interno.
· Hereditariedade – A composição genética de um certo indivíduo pode torná-lo mais suscetível a danos no ouvido.
Depois de sabermos as causas mais prevalentes, seguem as recomendações para auxiliar nas medidas de prevenção nos dois tipos de perda auditiva: neurossensorial e condutiva.
A) para evitar à perda auditiva neurossensorial:
· Diminuir o volume de aparelhos de som e/ou dos fones de ouvidos.
· Procure evitar fazer atividades físicas com fones de ouvido, pois a alteração do fluxo sanguíneo torna as células ciliadas mais sensíveis ao barulho.
· Usar protetores auriculares em lugares muito barulhentos que são inevitáveis de frequentar.
· Evitar remédios que tenham efeitos colaterais que venham a prejudicar a audição – vide bula.
· Ficar atento a zumbidos, dores leves ocasionais nos ouvidos e outros sintomas característicos da perda auditiva neurossensorial.
B) para evitarmos a perda auditiva condutiva, algumas recomendações:
· Devemos manter nossos ouvidos limpos, mas sem excesso, pois o cerume também tem uma função protetora.
· Evite introduzir o cotonete muito profundamente no ouvido para não machucar o tímpano, é preferível fazer a limpeza do ouvido externo com um algodão umedecido.
· Para evitar a infecção do ouvido externo, a “otite dos nadadores”, procure nadar sempre em piscinas limpas e não deixe a água entrar no seu ouvido, além de usar sempre uma touca de natação.
· Para evitar a otite média, ou infecção do ouvido médio, comum em bebês e crianças pequenas, mantenha a criança distante de outros infectados; ensine-a a assoar corretamente o nariz, sem força excessiva.
· Para evitar a perda auditiva precoce, procure periodicamente realizar exames para verificar o estado da sua saúde auditiva e lembre-se diariamente destas recomendações a fim de prolongar a sua audição em perfeito estado por muito tempo.
 3.5 Reconhecer o efeito do ruído ocupacional na gênese da perda auditiva.
Audibilidade Humana
O homem não consegue ouvir todos os sons. Embora não sendo audíveis para o homem, tanto os infra-sons como os ultra-sons podem afetar o nosso bem-estar. Os infra-sons de grande intensidade produzem náuseas, vómitos, tremores e dores na nuca. Os ultra-sons se a intensidade for elevada, por volta dos 25.000 Hz produzem alterações no sangue, aos 30.000 Hz e mais de 100 dB, podem provocar hemorragias cerebrais e ataques epilépticos. É óbvio que a nocividade dos ruídos se acentua quando os indivíduos estão expostos habitualmente. Por outro lado, o ouvido humano não ouve todas as frequências do mesmo modo, isto é, ouvimos melhor sons com umas frequências do que sons com outras frequências, embora com o mesmo nível de intensidade. A figura seguinte mostra a forma de audição do ouvido humano, em comparação com a audião de algumas espécies de animais em função frequências (em Hz).
Efeitos do Ruído sobre a Saúde e o Bem-estar
Os efeitos do ruído não têm apenas a ver com a sua intensidade, mas também com a duração da exposição ao risco. A frequência (conforma seja alta ou baixa) e o tipo de ruído (padrão impulsivo ou não) constituem elementos importantes para o aparecimento de perturbações da saúde no indivíduo.
Fatores que Influenciam a Lesão Auditiva
São diversos os fatores com influência nas lesões auditivas produzidas pelo ruído, conforme de seguida se irá analisar.
Intensidade do ruído:
O limiar de nocividade do ruído situa-se entre os 80 e os 87 dB(A). Qualquer ruído superior a 85 dB(A) apresenta um risco considerável, sendo fortemente lesivo para o ser humano.
Frequência do ruído:
Os sons mais perigosos são os de alta frequência (superiores a 1 000 Hz). A maioria dos ruídos industriais compreende uma gama ampla de frequências. 
Por razões fisiológicas ainda mal identificadas, as células ciliadas mais susceptíveis à ação nociva do ruído são encarregadas de identificar as frequências entre 3000 e 6000 Hz, sendo a lesão da zona da membrana basilar destinada a perceber os sons de frequências de 4000 Hz, o primeiro sinal de alarme.
Tempo de exposição:
O efeito adverso do ruído é proporcional à duração da exposição e está relacionado com a quantidade total de energia sonora que chega ao ouvido interno.
Susceptibilidade individual:
Aceita-se como fator de risco, apesar de ser muito difícil a sua desmonstração. Sabese que alguns indivíduos têm maior sensibilidade ao ruído e, submetidos a este risco, tendem a sofrer uma lesão maior e mais rapidamente do que o resto da população.
Idade:
Torna-se necessário ter em conta a possibilidade de, num grande número de casos, o efeito de ruído se adicionar ao da presbiacusia própria da idade. Por vezes, pode ser este processo degenerativo que vai favorecer o aparecimento da lesão acústica.
Natureza do ruído:
A exposição intermitente é menos lesiva do que a exposição contínua. Os ruídos permanentes lesionam menos que os pulsados, a igual intensidade, devido à subjugação que se procede no ouvido médio. 
Perante o exposto pode-se entender que o ruído pode ser um problema em praticamente todos os ambientes de trabalho, desde fábricas a explorações agrícolas, salas de concerto ou estaleiros de construção, creches e escolas, bares, discotecas, etc.. 
O ruído no local de trabalho não põe em perigo apenas a audição. A exposição ao ruído tem efeitos sobre o sistema cardiovascular, provocando uma libertação da adrenalina associada ao stress, bem como o aumento da pressão arterial. 
O ruído no local de trabalho, mesmo a níveis bastantes baixos, pode ser um fator de stress relacionado com o trabalho. O ruído no local de trabalho aumenta igualmente o risco de acidentes, podendo dificultar a audição e a comunicação entre o pessoal. Pode, ainda, interagir com substâncias químicas perigosas, aumentando o seu impacto sobre a saúde. Pode, igualmente, ser perigoso para mulheres grávidas como se pode verificar em ponto seguinte.
O som pode afetar um indivíduo em diversos aspetos, psicológicos e fisiológicos. Tome-se como exemplo sons entre os 0 e 90 dB:
Consequências do ruído:
Trabalhos científicos relacionados com o ruído ambiental demonstram que uma pessoa só se consegue relaxar totalmente durante o sono, em níveis de ruído abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organização Mundial de Saúde estabelece 55 dB(A) como nível médio de ruído diário para uma pessoa viver bem. Acima de 75 dB(A), começa a surgir o desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser um agente de desconforto, nestas condições, verificando-se: 
- Perda da inteligibilidade da linguagem; 
- Prejuízo na comunicação, passando a ocorrer distrações; 
- Surgimento de irritabilidade; 
- Diminuição da produtividade no trabalho. 
- Acima de 80 dB(A) as pessoas mais sensíveis podem sofrer perda de audição (surdez profissional), o que se generaliza para níveis acima de 85 dB(A). 
Principais alterações associadas ao risco do ruído 
Alterações fisiológicas reversíveis: 
Dilatação das pupilas; Hipertensão sanguínea; Mudanças gastrointestinais; Reação da musculatura do esqueleto; Vasoconstrição das veias. Mudanças bioquímicas: Mudanças na produção de cortisona; Mudanças na produção de hormona da tiroide; Mudança na produção de adrenalina; Fracionamento dos lípidos do sangue; Mudança na glicose sanguínea; Mudança nas proteínas do sangue.
Efeitos cardiovasculares:
 Aumento da pressão sanguínea – sistólica (máxima); 
Aumento da pressão sanguínea – diastólica (mínima); 
Hipertensão arterial.
Efeitos sobre o sono:
· Os efeitos dependem do estímulo sonoro, da intensidade, da largura de banda, duração, frequência e da idade da pessoa; 
· Como efeitos primários podem ocorrer: aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição periférica, movimentação do corpo; Com o aumento do nível de ruído, pode verificar-se uma diminuição do sono acima de 39 dB(A); 
· Com o aumento do nível de ruído, pode estimar-se que ao atingir 64 dB(A) uma pequena percentagem das pessoas acordam e com 97 dB(A) poderão acordar 50%; 
· Como efeitos secundários (no dia seguinte) pode ocorrer mudançana disposição, mudança no rendimento, perda da eficiência, queda de atenção e aumento do risco de acidentes. 
Alteração temporária do limiar auditivo (fadiga auditiva)
É um efeito a curto prazo. Representa uma mudança da sensibilidade da audição e depende da susceptibilidade individual, do tempo de exposição e da intensidade do ruído. A queda do limiar retorna gradualmente ao normal depois de cessada a exposição.
Alteração permanente do limiar auditivo
Decorre da acumulação de exposições ao ruído. Inicia-se com zumbido, cefaleias, fadiga e tontura.
Na primeira fase o indivíduo tem dificuldade em escutar os sons agudos como, por exemplo, o tique-taque do relógio, as últimas palavras de uma conversação, o barulho da chuva, além de confundir os sons em ambientes ruidosos. Numa última fase, a perda auditiva interfere diretamente na comunicação oral, tornando-a difícil ou praticamente impossível.
Pode aparecer também um zumbido permanente que piora as condições auditivas e perturba o repouso.
3.6 Identificar os métodos diagnostico clínicos e complementares disponíveis para acuidade auditiva e do labirinto
AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO 
· ​Audiometria tonal limiar convencional
Exame de audição que tem por finalidade medir o nível mínimo de intensidade sonora percebida. Utilizado para detectar o grau e tipo de surdez para posterior tratamento com medicamento, cirurgia ou recuperação da audição com uso de aparelho auditivo.
É um teste, não automático que depende da colaboração do individuo. Realizado em cabina acústica com fones de ouvido.	
O teste pode ser aplicado em criança a partir de 3 anos. Nesse caso, é utilizado brinquedo durante o teste para facilitar as respostas.
O teste demanda avaliação médica prévia, de forma a assegurar que não haja obstrução dos ouvidos por cera, ou outros problemas. Havendo cera em excesso, sua remoção deverá ocorrer antes do exame. Não necessita preparo.
· Audiometria de alta frequência
Tem por finalidade mensurar o nível mínimo de intensidade sonora nas frequências de 10.000, 12.500 e 16.000Hz. É realizada em cabina acústica com fones calibrados para emitir sons extremamente agudos. Utilizada para detectar alteração auditiva precoce e monitorizar indivíduos submetidos a tratamento com drogas ototóxicas.
É um teste não automático, que depende da colaboração do individuo. Realizado em cabina acústica com fones de ouvido especial para emitir sons de alta frequência. No caso de crianças, é utilizado brinquedo durante o teste para facilitar as respostas.
O teste demanda avaliação médica prévia, de forma a assegurar que não haja obstrução dos ouvidos por cera, ou outros problemas. Havendo cera em excesso, sua remoção deverá ocorrer antes do exame. Não necessita preparo.
· Audiometria vocal
Avalia a capacidade de detectar e entender os sons da fala. Utilizado para auxiliar no diagnóstico de doenças do ouvido e na indicação de aparelho auditivo. É um teste não automático, que depende da colaboração do individuo. Realizado em cabina acústica com fones de ouvido convencional, inclui duas avaliações:
 Limiar de recepção de fala – Menor intensidade com a qual a pessoa repete 50% das palavras ouvidas.
 Índice de reconhecimento de fala – Porcentagem de acertos das palavras ouvidas.
O teste demanda avaliação médica prévia, de forma a assegurar que não haja obstrução dos ouvidos por cera, ou outros problemas. Havendo cera em excesso, sua remoção deverá ocorrer antes do exame. Não necessita preparo.
Imitanciometria
Teste objetivo, automático, independe da resposta do indivíduo. A avaliação inclui dois testes:
 Timpanometria – O exame é realizado usando-se uma pequena sonda revestida por uma borracha macia, que é inserida no canal auditivo ao mesmo tempo em que o individuo ouve um som. Dessa forma, é feita a análise da pressão da orelha média. Utilizado para auxílio ​no diagnóstico de alterações do tímpano e ossículos do ouvido.
 Reflexo acústico – Para avaliar o reflexo estapediano são fornecidos sons semelhantes à audiometria tonal por meio de fone de ouvido. Automaticamente, é registrada uma resposta que indica presença ou ausência desse reflexo. Auxilia no diagnóstico da otosclerose, alterações do nervo facial, do nervo auditivo etc.
O teste demanda avaliação médica prévia, de forma a assegurar que não haja obstrução dos ouvidos por cera, ou outros problemas. Havendo cera em excesso, sua remoção deverá ocorrer antes do exame.
O paciente não pode estar com a membrana timpânica perfurada ou estar com tubo de ventilação.
Emissões otoacústicas evocadas (EOA)
Existem dois tipos de EOA, dependendo do estímulo usado: por transiente e por produto de distorção. São respostas auditivas geradas pelas células
ciliadas externas, da cóclea, e estão presentes em 98% dos indivíduos com audição normal, ou seja, limiares melhores ou iguais a 35 dB NA.
Este procedimento é também indicado como o "teste da orelhinha" para identificar problema auditivo coclear congênito, recomendado para todos os recém-nascidos. É um procedimento simples, rápido (10-15 minutos) e não invasivo. Um fone que é colocado no conduto auditivo externo emite um som suave. A resposta, gerada na orelha interna, é captada pelo microfone, acoplado a esse fone.
Para bebês, o exame deve ser feito durante sono natural, pois o ruído (movimentação, respiração ruidosa, choro etc.) interfere na captação das respostas.
Potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE/BERA)
Este exame analisa a resposta elétrica gerada pela transmissão do estímulo auditivo a partir no nervo auditivo até o tronco encefálico. A análise do tempo de transmissão da resposta indica se a condução retrococlear está normal ou em que porção há comprometimento (nervo auditivo, tronco encefálico baixo ou tronco encefálico alto).
A pesquisa de resposta com diminuição da intensidade do estímulo permite identificar o limiar auditivo eletrofisiológico em diferentes frequências (tone burst). Além disto, as respostas podem ser captadas por estimulação óssea. O exame é fundamental para identificar alterações condutivas.
Estes procedimentos são indicados para pacientes que não colaboram na avaliação comportamental (audiometria). Portanto, têm excelente aplicação no diagnóstico audiológico em recém-nascidos e bebês. O procedimento é indolor. Para sua realização é feita a limpeza da pele e colocação de eletrodos de superfície. Durante a coleta das respostas, o paciente deve estar deitado, relaxado e com olhos fechados.
Para bebês, o exame só pode ser realizado durante sono natural, pois a movimentação interfere na captação das respostas. Para realização dos procedimentos em bebês, durante sono natural, é fundamental que as seguintes recomendações sejam seguidas:
 Privação de sono – Acorde o bebê mais cedo do que de costume e não permita que ele durma até o momento do exame. No transporte para a clínica, os bebês costumam dormir. Portanto, tente distraí-lo e, se necessário, traga um acompanhante, caso tenha que dirigir.
 Chegada com antecedência, com o bebê acordado – O exame exige a limpeza da pele e colocação de eletrodos. O bebê só deverá dormir após este preparo, caso contrário irá acordar e dificilmente voltará a dormir. A fralda pode ser trocada nesse momento.
 Alimentação – Os bebês costumam dormir logo depois da alimentação. Eles poderão então ser amamentados para facilitar a indução ao sono. Traga o leite que ele está acostumado em quantidade suficiente para duas mamadas. O leite pode ser aquecido na clínica.
Chupeta, paninho, cobertor, fraldinha, bichinhos de pelúcia, entre outros objetos que o bebê está acostumado para dormir, devem ser trazidoa​ para a clínica.
Emissões otoacústicas e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (BERA)
São exames auditivos eletrofisiológicos realizados para fins diagnósticos. Eles ajudam a identificar o local da via auditiva que apresenta comprometimento, e a determinar níveis mínimos de respostas auditivas em pacientes que não colaboram na avaliação comportamental pela audiometria convencional.
Avaliação infantil – técnicaSuzuki & Ogiba
Semelhante à audiometria tonal limiar, mas sem fone de ouvido. Os sons são emitidos e a criança tem ajuda de um brinquedo luminoso para responder, facilitando sua compreensão e resposta ao teste. Possibilita uma interpretação mais fidedigna dos resultados. Pode ser realizado em crianças de 1 a 2 anos. É um teste que depende da colaboração do individuo, não automático.
,Necessita consulta médica prévia, pois pode-se ter os ouvidos obstruídos por cera. A remoção da cera deve ser realizada pelo médico que solicitou o exame.
Terapia de seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonora individual:
Preparada para indivíduos que têm indicação de recuperar a audição por meio de aparelho de amplificação sonora. O aparelho é selecionado para cada caso, os ajustes são realizados em sala e os equipamentos são emprestados para que o indivíduo tenha oportunidade de experimentá-lo em ambientes diversos, como em casa, no trabalho, restaurantes e festas.
O paciente participa desse processo durante 30 dias, com retornos semanais. Podem ser experimentados aparelhos de várias empresas.
Terapia auditiva:
Composta por sessões semanais de treinamento auditivo, tem o objetivo de auxiliar o indiví​​duo que usa aparelhos eletrônicos e auditivos a reaprender a ouvir.
Na criança, essa terapia é associada ao trabalho de correção da fala e desenvolvimento da linguagem.
Audiometria tonal limiar em campo livre:
Semelhante à audiometria tonal limiar, mas sem fones de ouvido. É utilizada para avaliar os limiares auditivos de usuários de aparelho de amplificação sonora. É um teste que depende da colaboração do indivíduo, não automático.
Necessita consulta médica prévia, pois pode-se ter os ouvidos obstruídos por cera. A remoção da cera deve ser realizada pelo médico que solicitou o exame.
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL
São os procedimentos utilizados na investigação das queixas de tontura, vertigem, desequilíbrio, zumbido, nas crises labirínticas, popularmente chamadas de labirintites.
Para o exame da função equilíbrio o paciente deve ser orientado sobre os cuidados antes da realização do exame no que se refere a:
· suspender somente a medicação antivertiginosa (medicamentos para tontura: ex: dramim, meclin, vertix, cinarizina, vertizine, etc)
· suspender cafeína, estimulantes em geral no dia do exame (24h antes).
· alimentar-se com refeição leve, duas horas antes do exame. Não ir em jejum absoluto.
· evitar fadiga excessiva no dia do exame.
· ir acompanhado ou deixar alguém de aviso, pois poderá sentir tontura durante o exame.
· não usar filtro solar, base, pó compacto na face.
O exame da função vestibular está dividido em:
Avaliação do equilíbrio dinâmico e estático – através de provas que avaliam a postura estática e dinâmica, ou seja corpo parado e em movimento.
 	Avaliação da coordenação – avalia coordenação de movimentos e função cerebelar.
 	Avaliação e pesquisa do nistagmo e da vertigem posicionamento – avaliação específica para investigação da patologia VPPB (VERTIGEM POSTURAL PAROXÍSTICA BENIGNA).
Vectonistagmografia computadorizada – exame que avalia a função vestibular através de estímulos visuais, e calóricos.
PROCEDIMENTO TÉCNICO
Análise dos registros das reações do paciente com relação a estímulos posicionais, visuais e calóricos.
Realizado através da analise de respostas obtidas por eletrodos que são colocados em pontos específicos na testa do paciente.
Não há nenhum tipo de medicação ou sedação durante o exame.
Os estímulos visuais são apresentados através de uma barra de leds, luzes as quais o paciente deverá acompanhar de acordo com cada prova executada e solicitada pelo avaliador.
Os estímulos calóricos são realizados através da insuflação de uma certa quantidade de ar nas temperaturas quente e fria (42 e 18 graus C), em cada orelha, em sequência específica de estímulos.
As respostas as estimulações labirínticas são expressas através de movimento dos olhos chamados nistagmos, que são captados pelos eletrodos. 
Tais registros são posteriormente analisados pelo fonoaudiólogo audiologista. Os resultados poderão indicar normalidade da função vestibular, uma disfunção vestibular ou labiríntica e/ou sinais de alterações vestibulares de origem central neurológica.
Os exames realizados são analisados pelo médico solicitante que indicará o tratamento adequado.
3.7 Discutir os impactos biopsicossociais da perda auditiva.
A deficiência auditiva é uma das principais deficiências físicas que acomete o indivíduo em qualquer fase da vida, implicando a quem a adquire limitações no desempenho de atividades sociais. Pode ser classificada quanto à sua forma de manifestação, origem e gravidade de acordo com os graus leve moderado, severo e profundo.
 As alterações da audição que ocorrem após o nascimento são ocasionadas por fatores genéticos ou não, podendo manifestar-se isoladamente ou associada a outras anormalidades. Dentre as principais etiologias relacionadas à perda brusca de audição estão as de origem inflamatória (virais, bacterianas, autoimunes e alérgicas), fatores vasculares, afecções neurológicas degenerativas, ototoxidade, tumores e traumas.
 As consequências desses rebaixamentos de limiares auditivos a partir do grau moderado podem ser amenizadas com o uso de recursos de amplificação sonora e, nos casos mais graves, pode ser associada à leitura orofacial e ao uso da língua de sinais. As estimativas da WHO(World Health Organization),considerando a incidência de problemas auditivos, indicam que dois terços da população mundial vivem em países em desenvolvimento e essa situação tende a se agravar de acordo com as condições de vida e saúde. Além disso, não é o crescimento econômico, mas a forma como a riqueza é distribuída em um país que altera as condições de saúde da população. No Brasil, esse quadro é agravado pelas desigualdades na distribuição da riqueza. Grande parte da população vive em situação de pobreza, sem acesso às condições mínimas de serviços de saúde.
 Dados do IBGE, no ano de 2000, revelam que 3,3% da população brasileira se declara incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de ouvir, sendo que, desse total, 1,9% se encontra na faixa de 15 a 64 anos de idade. Essa população convive com um mundo que valoriza o trabalho para a reprodução social, o que é relacionado a um contingente de pessoas saudáveis.
 Ademais, a deficiência auditiva tem mais importância em como as relações sociais são construídas ou significadas, ou seja, como a pessoa é falada, olhada e julgada. O local de trabalho, sendo um espaço com predomínio da língua oral, dificulta ao surdo mostrar seu potencial, e ele pode falhar no cumprimento de compromissos, devido ao entendimento prejudicado. 
 Além dessa limitação, as pessoas com deficiência se deparam no mercado de trabalho com dificuldades relacionadas à educação e ao treinamento profissional pela escassez de programas de reabilitação, sobressaindo a deficiência sobre as habilidades individuais. A alternativa do trabalho informal também se torna uma opção limitada pelos fatores mencionados e pelas dificuldades de acesso ao financiamento, autoconfiança e habilidades comerciais.
 Devido às consequências na comunicação, a participação da família é de grande importância no tratamento e na integração social da pessoa com deficiência auditiva, pois pode colaborar com incentivo e oportunidades de relacionamentos sociais e econômicas, o que se reflete na família, em que os indivíduos procuram recursos para enfrentar e resolver seus problemas.
 Dentre os problemas associados à deficiência auditiva, pode ocorrer o isolamento do indivíduo na medida em que ele deixa de pedir para as pessoas repetirem ou falarem mais alto, devido à vergonha e para não se tornar motivo de zombaria ou de desprezo. A negação é uma das reações mais comuns, com alegações de que os outros não articulam bem as palavras, falam baixo ou rápido. Além disso, quando a perda auditiva ocorre gradualmente, a própria limitação não é percebida pelo indivíduo.
3.8 Identificaros aspectos epidemiológicos e legais das doenças ocupacionais.
A epidemiologia na saúde do trabalhador atua definindo como o processo saúde-doença se desenvolve, se comporta e se distribui entre os trabalhadores, enquanto coletividade, categoria ou classe social. É importante salientar que a doença profissional é uma ocorrência intrinsecamente epidêmica. Raramente ocorre isoladamente. É antropogênica e evitável.
Pode-se caracterizar as doenças em comuns, crônico-degenerativas, etiologia ampliada e agravos específicos. As doenças “comuns” são aquelas que aparentemente não possui qualquer relação com o trabalho, as doenças crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas são o aumento da frequência de sua ocorrência e precocidade de seu surgimento, existe também as doenças com espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo pelo trabalho e os agravos à saúde específicos ocasionados por acidentes de trabalho e doenças profissionais.
As doenças ocupacionais são aquelas associadas ao ofício do trabalhador e às condições de trabalho nas quais ele está inserido. Este também é um termo genérico, utilizado para designar as doenças profissionais e as doenças do trabalho. Embora pareçam termos sinônimos, a Lei 8.213/91 as diferencia, em razão do agente causador de cada uma delas. 
A doença profissional é aquela produzida ou desencadeada em razão da realização de trabalho específico a uma determinada atividade, e que conste na lista elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Já a doença do trabalho não é específica de uma determinada função ou profissão, mas tem origem (ainda que não exclusivamente) nas atividades desenvolvidas pelo sujeito, relacionando-se diretamente com as suas funções e originando-se em razão de condições peculiares em que o trabalho é desenvolvido. Segundo a Lei 8.213/91, as doenças ocupacionais são equiparadas ao acidente de trabalho para fins previdenciários e fiscais.
São encontrados muitos riscos nos processos evolutivos, alguns deles tem caráter químico, biológico, mecânico, físico, psicológico, entre outros. Os químicos são por substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo por via respiratória ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. Os ergonômicos são fatores relacionados às limitações e à capacidade de trabalho, levando-se em consideração a natureza fisiológica, psicológica e anatômica da capacidade e limitação do homem no exercício de qualquer tarefa. Os biológicos através do contato do trabalhador durante o trabalho com microrganismos. Os mecânicos como fatores ou situações que favorecem a ocorrência de acidentes do trabalho: máquinas e equipamentos enferrujados, ferramentas defeituosas. Os físicos pelas diversas formas de energia: ruídos, vibrações, pressões anormais, iluminação.
IMAGEM 6 - BRASIL, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Segurança do trabalho. Brasilia, 2013.
As principais doenças ocupacionais são:
· LER – Lesão por Esforço Repetitivo
Ao falar de doenças ocupacionais, talvez, a primeira delas que venha à mente seja a LER. Causada pelo exercício prolongado e repetitivo de determinado movimento, ela reduz gradativa e significativamente a capacidade do indivíduo para o trabalho, podendo levar à aposentadoria por invalidez.
Na classificação das doenças ocupacionais, ela está inserida no grupo das chamadas doenças do trabalho, pois, embora se relacione diretamente com a função desenvolvida pelo colaborador, não é ínsita à determinada profissão, mas pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, em qualquer ramo, mesmo que não seja empregado. Em razão de sua lenta progressão, muitas vezes, ela passa despercebida, só sendo notada quando em estágio avançado. Para prevenir-se, o ideal é fazer pausas para descanso durante a atividade e praticar a chamada ginástica laboral.
· Asma Ocupacional
Causada pela inalação de agentes tóxicos que causam alergia, a asma se caracteriza pela obstrução das vias respiratórias do trabalhador por poeiras de substâncias como algodão, borracha, linho, madeira, etc. É a doença respiratória mais comum relacionada ao trabalho. A sua prevenção depende, em grande medida, da utilização de adequados equipamentos de proteção individual. A eficácia do tratamento, quando a patologia já está instalada, depende do afastamento do trabalhador dos agentes causadores da obstrução de suas vias áreas.
· Dermatose ocupacional
É uma doença do trabalho, que se caracteriza por alterações na pele e na mucosa do trabalhador, em razão da sua exposição a determinados agentes nocivos durante o desempenho de suas atividades laborais, como a graxa ou óleo mecânico, por exemplo. O termo engloba os seguintes males: dermatite de contato, ulcerações, infecções e cânceres. A sua prevenção depende da utilização contínua de EPI — Equipamento de Proteção Individual —, e o tratamento reclama o afastamento do trabalhador de suas funções habituais e do contato com os agentes nocivos.
· Surdez temporária ou definitiva
Caracterizada pela perda da sensibilidade auditiva em razão da intensa e prolongada exposição a ruídos. É uma doença do trabalho, pois, embora possa se relacionar diretamente com o exercício da atividade profissional, não é típica de uma função específica, mas pode ser desencadeada por qualquer pessoa submetida às mesmas condições, independentemente de sua ocupação laboral. É comum entre os operários da construção civil, trabalhadores de salão de beleza e profissionais da educação infantil, expostos diariamente a ruídos exaustivos. Dessa forma, em estágio avançado, a surdez pode se tornar irreversível. 
Não obstante a isso, a perda auditiva induzida pelo ruído (Pair) tem sido apontada, dentre as doenças relacionadas ao trabalho, como uma das de maior prevalência. Além do risco físico ruído pode haver a associação com outros riscos, tais como: químicos, variação climática e vibrações, portanto, a gama de possibilidades de exposição aumenta muito. É fundamental que o trabalhador tenha conhecimento sobre os riscos a que está exposto e as ações preventivas a que deve se submeter, como utilizar equipamentos de proteção individual, como protetores auriculares.
Assim os agravos auditivos devem ser objetos de estudo, de vigilância e de intervenção dos Ministérios do Trabalho, da Saúde e Previdência Social. Cabe ao Ministério da Saúde, na gestão da Renast, inserir as ações de saúde do trabalhador na atenção básica, urgência/ emergência, rede hospitalar, vigilância sanitária e epidemiológica. Aos Centros de Referência Estaduais em Saúde do Trabalhador cabe, entre outras funções, dar atenção aos agravos de notificação compulsória (Pair), além de contribuir para as ações de vigilância em saúde, com subsídios técnicos e operacionais para a vigilância epidemiológica, ambiental e sanitária. 
· Antracose Pulmonar
	Doença do trabalho, incidente em trabalhadores das carvoarias, submetidos à inalação contínua de agentes causadores de lesões pulmonares. Embora seja comum nesse segmento profissional, ela não é exclusiva dessa categoria de trabalhadores, podendo ocorrer em qualquer pessoa moradora de grandes centros urbanos. O tratamento exige o afastamento do trabalhador do agente patógeno.
· DORT – Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho
	Inserido, muitas vezes, na mesma categoria das LER, os DORT são caracterizados pela contínua postura inadequada, causando dor crônica que, se não tratada, tem a tendência de se agravar ao longo do tempo, causando a invalidez do trabalhador. O DORT, diferentemente da LER (que pode ocorrer em qualquer atividade, mesmo não relacionada ao trabalho), só pode ocorrer no ambiente de trabalho, sendo caracterizado pelas condições inadequadas em que a função laboral é realizada. Para combatê-lo, uma excelente dica é a prática de atividade física, promovendo o fortalecimento dos músculos e o cuidado com a postura. Assim, as chances de sofrer desse mal tornam-se muito menores, e os riscospodem ser eficazmente controlados.
· Síndrome de Burnout
	O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.
No quesito legal, segundo os Artigos 19 a 23 da Lei 8.213/91, art. 337 do Decreto 3.048/99, as doenças ocupacionais são aquelas deflagradas em virtude da atividade laborativa desempenhada pelo Segurado. As doenças ocupacionais são consideradas como acidente de trabalho e se dividem em doenças profissionais e do trabalho.
a) Doenças Profissionais: são aquelas decorrentes de situações comuns aos integrantes de determinada categoria profissional de trabalhadores. Estão relacionadas no anexo II do Decreto 3.048/99 ou reconhecida pela Previdência Social;
b) Doenças do Trabalho: são aquelas adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado. Está relacionada diretamente às condições do ambiente, ou seja, a atividade profissional desenvolvida não é a causadora de nenhuma doença ou perturbação funcional, mas as condições do ambiente que cerca o segurado.
Não são consideradas como doença do trabalho, a doença degenerativa, a inerente a grupo etário, a que não produza incapacidade laborativa e a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Nota: Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista anexo II do Decreto 3.048/99 resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.
O nexo de causalidade é o vínculo fático que liga o efeito à causa, ou seja, é a comprovação de que o acidente de trabalho ou doença ocupacional foi a causa da incapacidade para o trabalho ou morte.
De acordo como art. 337 do Decreto 3.048/99, o acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo, apontando as seguintes conclusões; O acidente e a lesão; A doença e o trabalho; A causa mortis e o acidente.
Será considerado agravamento do acidente aquele sofrido pelo acidentado quanto estiver sob a responsabilidade da reabilitação profissional.
Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID em conformidade com o disposto na Lista C do II do Decreto 3.048/99.
Considera-se agravo a lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, independentemente do tempo de latência.
Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o trabalho e o agravo serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tenha direito.
Além de atender à legislação sobre medicina e segurança do trabalho, cuidar da saúde dos colaboradores é uma conduta que traz ganhos para ambos os sujeitos da relação trabalhista: tanto em/pregados quanto empregadores. Para os colaboradores, a sua integridade física e psíquica reflete no seu bem-estar e na sua capacidade para o trabalho, o que, além de beneficiá-lo, também trará ganhos para a empresa. Sentir-se bem-disposto vai influir na produtividade do profissional e combater o absenteísmo no trabalho.
Por isso, além de ser medida humanitária, o zelo pelas ideais condições em que o trabalho é desenvolvido também é uma estratégia para as empresas que pretendem elevar seus resultados comerciais e reduzir custos. A incidência de doenças ocupacionais, além de elevar a carga tributária da organização, ainda promove gastos com franquias de plano de saúde, indenizações e com o pagamento de salários e demais consectários, mesmo nos períodos de afastamento do trabalhador. Dessa forma, a empresa deve estar sempre atenta à qualidade do ambiente de trabalho, quer seja para evitar a ocorrência das doenças ocupacionais ou para otimizar a produtividade do seu corpo funcional e os resultados da própria organização.
 
4. CONCLUSÃO
Portanto, compreende-se a relação da importância do estudo da orelha (externa, média e interna), com a última em maior relevância, visto que, é constituída por um labirinto membranoso, incluído no labirinto ósseo, nos quais aloja tanto o sistema acústico quanto o sistema vestibular. Sendo assim, foram abordados as estruturas e os mecanismos responsáveis pela audição e equilíbrio assim como as causas de perda auditiva e as medidas preventivas para tal evento. Ademais, foi explanado também a respeito dos ruídos ocupacionais, relacionados a gênese auditiva, juntamente aos aspectos epidemiológicos e legais das doenças ocupacionais. E, por fim, torna-se necessário discutir o impacto da perda auditiva no âmbito biopsicossocial, ou seja, quais as dificuldades e impasses enfrentados pelos indivíduos que foram acometidos por essa perda tal como métodos de diagnóstico clínico e complementar para o rastreio da acuidade auditiva alterada.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BANKOFF, Antônia. Bases neurofisiológicas do equilíbrio corporal. 2015. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd106/bases-neurofisiologicas-do-equilibrio-corporal.htm. Acesso em: 4 de Abril de 2018.
MARIN, C. R.; GÓES, M. C. R. A experiência de pessoas surdas em esferas de atividade do cotidiano. Cadernos CEDES, Campinas, v. 26, n. 69, p. 231-249, 2006.
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