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ProcessamentoProcessamento Auditivo CentralAuditivo Central Habilidades - resumo - audiologia Sistema auditivo central E responsável por processar e atribuir significado a informação recebida pelo sistema auditivo periférico. É formado por vias e nervos auditivos que carregam os sinais neurais para que eles sejam, finalmente, processados pelo cérebro. Ao longo das vias auditivas existem centros de integração (estações) em que o processamento das informações sonoras é realizado. Quais são as estações da via auditiva? 1. núcleos cocleares 2. complexo olivar superior 3. lemnisco lateral 4. colículo inferior 5. corpo geniculado medial 6. córtex auditivo O sistema auditivo central é dividido em vias aferentes e eferentes. VIAS AFERENTES São as fibras que transportam as informações da cóclea em direção ao córtex. Função Conduzir o potencial elétrico produzido pelas células ciliadas internas em resposta ao estimulo sonoro até o córtex auditivo para ser processado. VIAS EFERENTES São fibras responsáveis pela inibição e excitação de estágios anteriores ao córtex. É o VIII par dos nervos cranianos; É formado pelas fibras nervosas das CC do órgão de Corti. Nervo Auditivo É composto por fibras aferente e eferentes: Fibras aferentes: transportam as informações que se originam no sistema auditivo periférico para o tronco cerebral. Fibras eferentes: trazem informações do sistema auditivo central até a periferia. Via auditiva aferente É uma via complexa; Existem pelo menos 4 grupos de neurônios entre a cóclea e o córtex, que fazem sinapses entre si nas estações de integração; Os neurônios são denominados de: Neurônios primeira ordem – faz sinapse com as fibras aferentes do nervo auditivo e segue em direção ao núcleo coclear, onde posteriormente faz sinapse com os neurônios de segunda ordem; Neuronios de segunda ordem – faz sinapse com os neurônios de terceira ordem; Neuronios de terceira ordem – faz sinapse com os neurônios de quarta ordem; Neuronios de quarta ordem – esta a nível cortical Processamento auditivo central (PAC) O que é PAC? É um conjunto de habilidades específicas das quais o indivíduo depende para compreender o que ouve. É uma atividade mental, isto é, uma função cerebral e, assim sendo, não pode ser estudada como um fenômeno unitário, mas sim como uma resposta multidimensional aos estímulos recebidos por meio da audição (Ferre, 1997). O som, após ser detectado pela orelha interna, sofre inúmeros processos fisiológicos e cognitivos para que seja decodificado e compreendido. É OUVIR E ENTENDER O QUE OUVIU. Quais são as habilidades auditivas centrais? Localização e lateralização sonora: habilidade para identificar a fonte sonora e reconhecer a sua procedência no espaço. Discriminação auditiva: habilidade para distinguir um som de outro. Reconhecimento de padrão auditivo: habilidade para determinar semelhanças e diferenças entre padrões acústicos. Aspectos temporais da audição: habilidade para processar estímulos acústicos em função do tempo. Figura-fundo: a habilidade de reconhecer a fala ou outros sons quando sinais competitivos estão presentes, podendo ser fala ou ruído com espectro de fala. Fechamento auditivo: habilidade de reconhecer a fala ou outros sons quando parte desta informação está faltando, como quando parte do espectro do sinal está mascarada em sua amplitude comprimida no tempo ou ainda com extração de frequências baixas ou altas. Aspectos binaurais da audição: habilidades para processar estímulos acústicos apresentados simultaneamente nas duas orelhas. O fato de um indivíduo apresentar audição dentro da faixa de normalidade para tons puros não significa que ele esteja apto para processar e interpretar adequadamente as informações verbais e não verbais as quais é exposto no dia-a-dia. Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) define-se por uma dificuldade em lidar com as informações que chegam pela audição. É um transtorno funcional da audição, no qual o indivíduo ouve os sons normalmente, porém tem dificuldades em interpretá-los. A pessoa com o TPAC possui alterações nas habilidades auditivas, apresentando dificuldades de linguagem oral, escrita e aprendizagem. Sendo assim, ela apresenta a audição periférica normal, porem, não consegue compreender o que é falado. O TPAC é caraterizado por afetar as vias centrais da audição, ou seja, as áreas do cérebro relacionadas às habilidades auditivas. Essa disfunção acontece, principalmente pela demora em processar informações auditivas no cérebro e que, ás vezes, nem conseguem ser processadas. Desta forma, o individuo não consegue interpretar o que está sendo dito e não processa como algo significativo, deixando de lado ou entendendo de maneira errada a mensagem recebida. O TPAC pode atingir uma ou varias habilidades, a depender do grau da disfunção que só é possível detectar através de exames que avaliam o comportamento do processamento auditivo. o TPAC se difere de perda auditiva, então, um individuo pode ter o TPAC e apresentar audição normal. Em geral, o TPAC esta associado a dificuldades de aprendizagem Causas → Qualquer alteração neurológica que afete regiões do cérebro ou do sistema nervoso central responsáveis pela discriminação e processamento auditivo pode levar ao distúrbio. Isto incluí: tumores, AVCs e Doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla. → Perdas auditivas não tratadas ou aquelas em que o indivíduo demora para reabilitar (por exemplo, demorou para começar a usar um aparelho auditivo) podem levar à disfunção do PA como uma sequela da privação sensorial. → O envelhecimento também afeta o PA. → Alterações funcionais – sem lesão específica ou diagnosticada – ou atraso de maturação das vias auditivas centrais. Estas disfunções ou atrasos de maturação têm como fatores de risco a prematuridade, intercorrências na gestação ou no parto, anóxia ou cianose, abuso de drogas e álcool, histórico familiar e também as famosas otites na infância. → Genetica Um grande número de casos é hereditário, pais e filhos apresentam características semelhantes; → Otites frequentes durante os três primeiros anos de vida A preocupação com a otite média se deve à grande desvantagem de uma audição flutuante na primeira infância, quando o sistema nervoso central está em rápido processo de desenvolvimento. → Permanência em UTI neonatal por mais de 48 horas; → Experiencias auditivas insuficientes durante a 1º infância. Sinais e Sintomas ••Dificuldade em manter atenção aos sons; • Dificuldade em escutar em ambientes ruidosos; • Dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita; • Dificuldade em compreender o que lê; • Necessidade de ser chamado várias vezes ("parece" não escutar); • Não entende o que foi dito; • Solicita com frequência a repetição das informações: Ah? O quê? Pode repetir? • Dificuldade em entender expressões com duplo sentido, piadas ou ideias abstratas; • Dificuldade ao dar um recado ou contar uma história; • Problemas de memória para nomes, datas, números, etc.; • Dificuldade em acompanhar uma conversa, aula ou palestra com outras pessoas falando ao mesmo tempo; • Problemas de fala; • Alterações de pronúncia; • Dificuldade em localizar a origem dos sons; • Dificuldades com o significado das palavras; • Inversões de letras; • Dificuldade em associar letras do alfabeto com seus respectivos sons; • Rendimento escolar Inferior em leitura, gramática, ortografia, matemática; • Dificuldade em aprender uma língua estrangeira. Achados clínicos Um fato clínico importante a ser considerado é que uma pessoa com TPAC pode, ao realizar uma audiometria, obter limiares auditivos e impedanciometria dentro do padrão de normalidade. É de consenso entre os estudiosos que há uma relação entre o reflexo acústico e o PAC, apesar desta não ser completamente conhecida. Pesquisas recentes comprovam que alteração do reflexo acústico ipsilateral em 4000Hz sugerem transtorno do processamento já que algumas estruturas estão envolvidasem ambas as vias. Por este motivo devese sempre testar o reflexo ipsilateral mesmo quando o contralateral estiver sem resposta se há suspeita de alteração do processamento auditivo. Avaliação Audiológica A partir da realização de uma avaliação audiológica básica que indique possível alteração de processamento auditivo, o profissional que cuida do paciente poderá encaminhá-lo para uma avaliação do PAC. Tal avaliação pode ser realizada por meio de testes eletrofisiológicos - Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, Potencial auditivo de latência média e de longa latência -e/ou testes comportamentais – que se distinguem em três tipos de tarefas: monóticas (duas mensagens simultâneas e distintas na mesma orelha), dióticos (um mesmo estímulo sonoro em ambas as orelhas) e dicóticos (duas mensagens simultâneas e distintas, sendo uma em cada orelha). Para realização da avaliação do PAC, algumas premissas devem ser levadas em consideração, são elas: desenvolvimento da cognição e da linguagem preservados, integridade da orelha externa, média e interna. Classificação do DPAC O DPAC classifica-se em: gnosico e não gnósico Gnósico: trata-se da transformação da linguagem externa em uma espécie de linguagem interna, apresentando o processo de decodificação, codificação e organização para que consiga ter a mensuração de um todo. Exemplo: prejuízo na parte de decodificação, significa um prejuízo na analise auditiva, ou seja, comprometimento da habilidade de analise acústica, assim não é possível analisae a informação que esta vindo na via auditiva; Prejuizo na parte de codificação, significa um problema em integrar todas as informações auditivas que estão sendo passadas; Prejuizo na parte de organização, significa um problema na hora de ordenar temporalmente o som. Não gnósico: refere-se a uma dificuldade para interpretar os aspectos suprassegmentais da fala, como a prosódia, ou seja, há uma dificuldade em entender piadas ou mensagens de duplo sentido ou dificuldades na percepção da tonalidade vocal Avaliação do TPAC A avaliação do processamento auditivo central é composta por uma bateria de testes que tem o objetivo de medir a habilidade do indivíduo em reconhecer estímulos sonoros quando a condição de escuta está dificultada, ou seja, quando as tarefas apresentadas auditivamente exigem grande esforço do sistema nervoso central. Para ouvir a fala, o ouvinte pode contar com redundâncias intrínsecas e extrínsecas. As redundâncias intrínsecas são as diversas vias e tratos auditivos existentes no sistema nervoso auditivo central. Cada neurônio tem seu papel na transmissão dos impulsos elétricos. As redundâncias extrínsecas são as várias pistas que se sobrepõem na própria fala, como por exemplo, pistas acústicas, pistas sintáticas, morfológicas e lexicais. Essas pistas nem sempre são necessárias, mas há situações de maior dificuldade, como por exemplo, ruído excessivo ou reverberação, em que essas são muito importantes para a compreensão da fala. Para localizar a disfunção central, reduzse as pistas extrínsecas pois o objetivo é justamente avaliar as intrínsecas. Esta redução pode ser feita de várias formas: aumentar ou diminuir a velocidade da fala, fala filtrada (diminuir o número de formantes dos sons), testagens em ambientes ruidosos ou de reverberação, fala competitiva, testes dicóticos (um sinal diferente apresentado simultaneamente a cada orelha), entre outros. A bateria de testes varia consideravelmente, dependendo dos objetivos do fonoaudiólogo. Pode envolver: • escuta monoaural (quando cada orelha é testada separadamente); • binaural diótica (quando as duas orelhas participam recebendo a mesma informação); • escuta binaural dicótica (quando as duas orelhas participam, mas recebem informações diferentes). Avaliação por meio de testes comportamentais deve ser feita em cabine acústica, utilizando-se de estímulos verbal e não verbal gravados, apresentados via fones de ouvido e CD player acoplados em um audiômetro. Testes comportamentais é um conjunto de testes auditivos que contem varias tarefas desafiadoras do sistema nervoso central. A resposta solicitada ao individuo que esta sendo submetido a esta avaliaçãoé a de repetir o que ouviu ou apontar figuras ou frases escritas. Dentre os testes utilizados, encontram-se: • Testes monoaurais de baixa redundância São testes cujos estímulos de fala são apresentados de forma degradada, através da modificação das características de frequência, tempo ou intensidade de um sinal não distorcido. Queixas relacionadas a dificuldades de ouvir em ambientes ruidosos e realizar fechamentos auditivos podem ser encontradas em indivíduos com alterações nestes testes. Dentre os testes monoaurais de baixa redundância estão: →Teste de fala filtrada (TFF) Os estímulos verbais utilizados são 25 monossílabos. Esses vocábulos são distorcidos de duas maneiras: condição passa-baixo (com atenuação progressivade 400 a 800 Hz, sendo que, nas freqüências acima de 800 Hz, o total da atenuação éde 24 dB); e condição passa-alto (com atenuação progressiva de 2.500 Hz a 800 Hz,sendo que, nas freqüências abaixo de 800 Hz, o total da atenuação também é de 24dB). Para realizar o teste com tarefa monótica, considera-se apenas a condição passabaixo. O sinal (monossílabos) é apresentado a 50 dB NS. PEREIRA & SCHOCHAT (1997) consideram, como desempenho normal, cerca de 70% de identificações corretas, e uma melhora quanto à segunda orelha testada em relação à primeira. A habilidade auditiva avaliada é a de fechamento auditivo. → Teste de fala no ruido (TFR) Consiste na apresentação simultânea de 25 monossilabas e de ruido branco na mesma orelha. A intensidade recomendada para a apresentação da lista de palavras é 50 dBNS e para a apresentação do ruido branco é 45 dBNS, proporcionando uma relação sinal/ruido de +5 dB. A tarefa solicitada ao paciente é repetir as palavras ouvidas. A habilidade auditiva avaliada é o fechamento auditivo. → Teste de Inteligibilidade de sentenças sintéticas (SSI) É um teste de identificação e não de repetição do material. No Teste SSI, a habilidade auditiva medida é a de figurafundo (identificação de mensagem primária na presença de sons competitivos). Realização: é apresentado um conjunto de dez sentenças de forma escrita ao paciente, que deve identificar qual das dez foi apresentada auditivamente. Essas sentenças são denominadas de “artificiais” ou “sintéticas” porque não são sentenças lógicas. Entretanto, a sequência das palavras respeita as regras da sintaxe As sentenças são: 1. Que ignora o fim principal é ganhar. 2. A porta larga para ser mais rápido. 3. Gosta muito crer te dá muito para. 4. Quarto golpe de estado e o campo. 5. Sempre corre muito mais bonito que. 6. Confiança em minha alma cai dentro de. 7. Ação humilde é bem claro o céu. 8. Sobre minha cabeça está de Deus pai. 9. Grande general chega já e não creias. 10. Assista a aula de papel branco na. O teste é realizado da seguinte maneira: As sentenças escritas em letras bem legíveis encontram- se em um quadro, que é colocado em frente ao indivíduo. Em seguida, as sentenças são apresentadas auditivamente, através de fones, na presença de mensagem competitiva contra (MCC) e ipsilateral (MCI) à orelha testada. Quando a testagem é contralateral, utilizase a relação sinal/ruído de 0 dB e -40dB, em que se aplicam 5 sentenças em cadacondição. Quando a testagem é ipsilateral, a relação sinal/ruído é de 0 dB e -10 dB, com aplicação de 10 sentença sem cada condição. Também estão acrescentando atualmente, relações de -15 dB e -20 dB na testagem ipsilateral, para aumentar a sensibilidade de diagnóstico. A apresentação das sentenças é fixada em 40 dB NS, tendo como base a média dos limiares tonais auditivos de 500 HZ, 1.000 HZ e 2.000 HZ. Instrui-se ao paciente a desprezar a mensagem competitiva (texto da História do Brasil) e a apontar no quadro a sentença que escutou. Para isso é necessário que o paciente saiba ler.
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