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o co-herdeiro poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão se outro co-herdeiro a quiser

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS 
CAMPUS DE PALMAS - CURSO DE DIREITO 
 DISCIPLINA: DIREITO CIVIL - SUCESSÕES 
 
Professor: Wainesten Camargo 
 Discente: Tiago Pereira Oliveira 
Responda de forma fundamentada: o co-herdeiro poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa 
estranha à sucessão se outro co-herdeiro a quiser? 
Em primeiro lugar, antes de adentrarmos propriamente na discussão que gira em torno da questão se o 
co-herdeiro poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, é extremamente importante mesmo 
que de forma breve conceituar o que vem a ser a cessão de direito hereditária. 
Segundo Gonçalves (2021, p. 19) a cessão de direitos hereditário é ‘’negócio jurídico translativo 
intervivos, pois só pode ser celebrado depois da abertura da sucessão.’’ Ou seja, o ilustre doutrinador 
assevera que o nosso direito não admite essa modalidade de avença estando vivo o hereditando. Antes 
da abertura da sucessão a cessão configuraria pacto sucessório, contrato que tem por objeto a herança 
de pessoa viva, que nossa lei proíbe e considera nulo de pleno direito. 
Todavia, aberta a sucessão, mostra-se lícita a cessão de direitos hereditários, ainda que o 
inventário não tenha sido aberto. Se não foi imposta aos bens deixados pelo de cujus nenhuma cláusula 
de inalienabilidade, desde a abertura da sucessão já pode o herdeiro promover a transferência de seus 
direitos ou quinhão, através da aludida cessão. Não poderá mais fazê-lo, no entanto, depois de julgada a 
partilha, uma vez que a indivisão estará extinta e cada herdeiro é dono dos bens que couberem no seu 
quinhão. 
Nessa hipótese, estando definidos concretamente os bens atribuídos a cada herdeiro, qualquer 
alienação será considerada uma venda, e não uma cessão, já que este vocábulo só se aplica à transmissão 
de bens incorpóreos. 
Pode-se dizer, assim, que a cessão de direitos hereditários, gratuita ou onerosa, “consiste na 
transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, 
que lhe compete após a abertura da sucessão” (DINIZ, 2021, p. 109). 
Sendo gratuita, a aludida cessão equipara-se à doação; e à compra e venda, se realizada 
onerosamente. Não obstante ainda, o atual código civil regula a matéria da cessão de direitos hereditários 
nos arts. 1.793 a 1.795. 
Nesse contexto, feitos esses apontamentos iniciais vamos da análise do questionamento se o co-
herdeiro poderá ceder a sua quota parte a pessoa estranha à sucessão. Desse modo, a resposta para o 
questionamento acima é não! 
Nesse sentido, tal questionamento encontra resposta no art. 1.794 do CC/2002, à saber: 
‘’Art. 1.794. O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à 
sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto” 
Tartuce expõe que o dispositivo acima consagra um direito de preempção, preferência 
prelação legal favor do herdeiro condômino (TARTUCE, 2022, p. 74). 
Assim como na compra e venda pura há o direito de preferência do condômino, se a 
coisa é indivisível, da mesma forma ocorre no pertinente à herança, que é indivisível a partir 
do momento da morte do de cujus até a partilha. É indispensável a ciência dos coerdeiros 
condôminos, para que exerçam o direito de preferência, nos termos do art. 1.794 do Código 
Civil. Sendo assim, por ser a herança coisa indivisa, a todos pertencendo, o cedente deve, antes 
de efetuar a cessão, comunicar aos coerdeiros, concedendo um prazo para expressarem o 
interesse ou não em adquirir. 
Sem esta providência, o coerdeiro preterido, depositando o preço, poderá adjudicar para 
si o quinhão cedido, desde que busque desconstituir a avença no prazo de cento e oitenta dias 
após a transmissão, e contado naturalmente da data da efetiva ciência. Aliás, não se trata 
propriamente de desconstituição, e sim de uma adjudicação. Veio bem explícito o regramento 
sobre o assunto, que está no art. 1.795: “O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da 
cessão, poderá, depositando o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até 
180 (cento e oitenta) dias após a transmissão” 
Por fim, e não menos importante segue a título ilustrativo o entendimento do STJ acerca 
da temática em questão: 
 A alienação dos direitos hereditários a pessoa estranha "exige, por força do que dispõem 
os artigos 1.794 e 1.795 do Código Civil, que o herdeiro cedente tenha oferecido aos coerdeiros 
sua cota parte, possibilitando a qualquer um deles o exercício do direito de preferência na 
aquisição, ‘tanto por tanto’, ou seja, por valor idêntico e pelas mesmas condições de pagamento 
concedidas ao eventual terceiro estranho interessado na cessão. À luz do que dispõe o art. 
1.795 do Código Civil e em atenção ao princípio da boa-fé objetiva, o coerdeiro, a quem não se 
der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, 
se o requerer até 180 (cento e oitenta) dias após ter sido cientificado da transmissão. 4. No caso, 
apesar de o recorrente ter sido chamado a se manifestar a respeito de eventual interesse na 
aquisição da quota hereditária de seu irmão, não foi naquele ato cientificado a respeito do preço 
e das condições de pagamento que foram avençadas entre este e terceiro estranho à sucessão, 
situação que revela a deficiência de sua notificação por obstar o exercício do direito de 
preferência do coerdeiro na aquisição, tanto por tanto, do objeto da cessão. 5. Recurso especial 
provido." (STJ. REsp. Nº 1.620.705 - RS. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA. Publicado 
em 30/11/2017). 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2021]. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 02 de abril de 
2022. 
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil/art-1.794
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil/art-1.795
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil/art-1.795
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil/art-1.795
https://modeloinicial.com.br/lei/CC/codigo-civil
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro v 7 - direito das sucessões. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2021. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro - direito das sucessões - Vol 6 -. 36. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2021. 
 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Direito das Sucessões - Vol. 6. São Paulo: Grupo GEN, 2021. 
 
STJ. RECURSO ESPECIAL: REsp 1.620.705. Relator: RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA. DJ: 
30/11/2017. JusBrasil, 2017. Disponivel em: 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/526808895/recurso-especial-resp-1620705-rs-2013-
0396090-1/relatorio-e-voto-526808918 . Acesso em: 02 abr. 2022. 
 
 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/526808895/recurso-especial-resp-1620705-rs-2013-0396090-1/relatorio-e-voto-526808918
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/526808895/recurso-especial-resp-1620705-rs-2013-0396090-1/relatorio-e-voto-526808918

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