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1 Lucas Vieira – Odontologia UNA Anestesiologia e Terapêutica Aula 1 Introdução a farmacologia geral ➯Farmacocinética: estuda a absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. ➯Farmacodinâmica: estuda os mecanismos de ação e efeitos dos fármacos. Medicamento X Remédio -Medicamento é uma substância de uso terapêutico. - Remédio é qualquer agente, não necessariamente químico, tem que uso terapêutico. Ex: Abraço, massagem. Medicamento Referência/Genérico/Similar ➯Referência: Patenteado por alguma marca que o desenvolveu e serve de parâmetro para os genéricos sucecissavente. ➯Genérico: Mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem que o medicamento referência. ➯Similar: Medicamento autorizado após o prazo de patente (20 anos) do medicamento referência. BiodisponibilidadeXBioequivalência - Biodisponibilidade: É a medida de uma droga ativa quando a mesma atinge a circulação sistêmica e se encontra disponível no local de ação. -Bioquivalência: Comprovação científica que dois fármacos tem a mesma intenção/proposta e efeito.. TEMPO DE MEIA VIDA: Tempo que metade de uma substância leva pra ser eliminado do organismo. Formas Farmacêuticas (Forma em que o fármaco está disponível) - Comprimido: necessita ser dissolvido no organismo e atingir a mucosa; o tamanho varia (quanto menor, mais rápida a absorção); - Cápsula: revestida de um material gelatinoso que a protege do princípio ativo do ácido clorídrico; - Injetáveis: há maior tempo de ação no organismo pois é liberado lentamente.; - Drágea: possui uma película externa que protege o princípio ativo contra o ácido clorídrico; o princípio ativo só é liberado nos intestinos (absorção mais lenta); - Líquida: a molécula já está livre e dissolvida; absorção rápida; - Granulado: Aglomerado com vários princípios ativos; - Pílula/pastilha: De pouco interesse na odontologia. AULA 2 Considerações Anatômicas Relacionadas ao Nervo Trigêmio - É o V par de nervo craniano e é um nervo misto, ou seja, possui função motora e sensitiva. Possui 3 raízes: 1. Nervo Oftálmico (v1): sensitivo; 2. Nervo Maxilar (v2): sensitivo; 3. Nervo Mandibular (v3): sensitivo e motor. • Origem aparente no encéfalo: ponte. • Origem aparente no crânio: fissura orbital superior (v1), forame redondo (v2) e forame oval (v3). 2 Lucas Vieira – Odontologia UNA ➯Nervo Oftálmico (V1) Faz a inervação sensitiva do globo ocular, pálpebra superior, dorso do nariz e região frontal. ➯Ramos principais: -Nervo Nasociliar; -Nervo Frontal; -Nervo Lacrimal. ➯Nervo Maxilar (V2) Ramos principais: A) Nervo Alveolar Superior Posterior É responsável pela inervação da polpa e periodonto dos dentes molares superiores exceto a raiz mésio-vestibular do 1° molar superior. Inerva ainda a gengiva vestibular da região B) Nervo Infraorbital Sai do forame redondo → entra na orbita pela fissura orbital inferior → passa pelo sulco infra-orbital → canal infra-orbital → emite dois ramos (ramo alveolar superior médio e alveolar superior anterior) → sai do osso e lança mais um ramo • Ramo Alveolar Superior Médio É responsável pela inervação da polpa e periodonto dos dentes pré-molares e da raiz mésio-vestibular do 1° molar superior e a gengiva vestibular. Vias de Administração • Ramo Alveolar Superior Anterior: inerva a polpa e o periodonto dos dentes anteriores (incisivos e canino) e a gengiva vestibular. Região Extraóssea: inerva sensitivamente a região entre a pálpebra inferior, a asa do nariz e o lábio superior. C) Nervo Ptérigopalatino Emite os seguintes ramos: • Nervo Palatino Maior É responsável pela inervação da mucosa do palato duro e gengiva palatina da região dos pré-molares e molares até o limite com o palato mole. • Nervo Palatino Menor Inerva o palato mole. • Nervo Nasopalatino Percorre o septo nasal e atravessa o forame incisivo levando a inervação para a mucosa e gengiva palatina da região dos dentes anteriores. 3 Lucas Vieira – Odontologia UNA • Nervo Zigomático Tem como função principal a inervação sensitiva da região zigomática e parte da região temporal. Emite os seguintes ramos: a) Ramo Zigomaticofacial; b) Ramo Zigomáticotemporal. ➯Nervo Mandibular (V3) 1. Ramos motores: a) Temporal; b) Massetérico; c) Pterigóideo Medial; d) Pterigóideo Lateral; e) Milo-Hióideo 2. Ramos sensitivos: a) Nervo Bucal: inervação sensitiva da gengiva vestibular dos molares inferiores, mucosa e pele da bochecha. b) Nervo Lingual: inervação sensitiva dos 2/3 anteriores da língua e gengiva lingual de todos os dentes inferiores. c) Nervo Alveolar Inferior: inervação sensitiva de todos os dentes inferiores e através do ramo mentoniano inerva o lábio inferior, a pele do mento e a gengiva vestibular do incisivo central até o 2° pré-molar. Obs: o nervo mentoniano é um ramo do nervo alveolar inferior. Ele só anestesia tecido mole, como o lábio inferior, pele do mento e gengiva vestibular do incisivo central até o 2° pré-molar inferior d) Nervo Auriculotemporal: responsável pela inervação da ATM. AULA 3 -Vias enterais (via gastrintestinal): 1 via oral -Via mais utilizada, principalmente na Odontologia; -Maior facilidade de administração e é muito associada à automedicação (Prejudicial); -Menos invasiva e mais segura; É possível utilizar antídotos (fármacos com efeitos contrários) e adsorventes (fármacos que se ligam a molécula de outro fármaco impedindo sua absorção); Apresenta a menor biodisponibilidade – quantidade do fármaco que chega ao sangue sem sofrer alterações; A baixa biodisponibilidade ocorre devido às interações com alimentos e medicamentos; O principal processo responsável pela baixa biodisponibilidade é o efeito de primeira passagem (passagem pelo fígado antes de ser distribuído. No fígado, o fármaco sofre metabolismo através das enzimas microssomais hepáticas (EMH), diminuindo sua biodisponibilidade. O fígado é o principal responsável pela absorção dos fármacos.). 2 via sublingual - 2ª via de administração com efeito mais rápido, por isso é mais utilizada em casos emergenciais. - Geralmente são medicamentos de gosto amargo, e é necessário que seja dissolvido embaixo da língua. 3 via retal - Utilizada principalmente quando há dificuldade de administração por outra via; - Não tem absorção imediata; - É considerada uma via alternativa; - O conteúdo fecal interfere de forma significativa na absorção; - Nesta via o fármaco não sofre efeito de primeira passagem (por nao ter contato com a veia porta hepática) -Vias Parenterais (fora do trato gastrintestinal): 1 via intramuscular: - Tem efeito intermediário entre a via oral e sublingual; - Escolhida por condições dos pacientes e medicamentos específicos; - Há dor principalmente quando o pH do fármaco é diferente do pH tecidual. 2. Via Intravenosa - Via de efeito imediato; - É a via mais insegura (mesmo com antídotos é mais difícil reverter o efeito); - Única via no qual não há absorção já que o fármaco vai diretamente para a corrente sanguínea, e consequentemente terá 100% de biodisponibilidade; - A aplicação deve ser lenta devido ao volume do fármaco; - Há o risco de causa flebite (inflamação das veias). 4 Lucas Vieira – Odontologia UNA 3. Via Subcutânea - Via pouco utilizada (mais usada quando se quer um período de ação maior); - Absorção mais lenta; - Nunca é usada em casos emergenciais. -Vias Tópicas: Pele, nasal, intravaginal . . . -Absorção pouco significativa e sem efeitos colaterais sistêmicos. AULA 4 (PROCESSO COMPLETO NA APOSTILA DE FARMACOLOGIA). Fármacocinética Estuda a absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. ABSORÇÃO: É a transferência do fármaco desde seu local de aplicação até alcançara circulação sitêmica. (Na via intravenosa não ocorre o processo de absorção, sendo que a mesma já é aplicada na corrente sanguínea). DISTRIBUIÇÃO: É a passagem do fármaco do sangue para os tecidos. No sangue, o fármaco é encontrado sob duas formas: livre e ligado às proteínas plasmáticas. O fármaco chega ao sangue de forma livre, e as moléculas circulam transpondo-se nas paredes dos vasos e ligam-se as proteínas plasmáticas. FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO: -Grau de ligação das proteínas plasmáticas -Irrigação Tecidual -Barreiras Fisiológicas -Lipossolubilidade -Interação com medicamentos -Grau de ligação da proteínas teciduais BIOTRANSFORMAÇÃO: São reações químicas que ocorrem com os fármacos levando a formação de seus metabólitos (geralmente sob a ação de enzimas inespecíficas); Nem todos os fármacos sofrem biotransformação. Existem fármacos que são excretados de forma inalterada. EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM: É a passagem do fármaco pelo fígado antes de ser distribuído. No fígado, o fármaco sofre metabolismo através das enzimas microssomais hepáticas (EMH), diminuindo sua biodisponibilidade. O fígado é o principal responsável pela absorção dos fármacos.). EXCREÇÂO: É a eliminação do fármaco pelo organismo. - Urina (renal); - Fezes (hepatobiliar); - Leite materno; Suor; Saliva -Pulmão O fármaco pode ser excretado por mais de uma via. A excreção renal e hepatobiliar são as mais significativas. Se o fármaco tiver 100% de excreção pela via renal, os rins precisam estar funcionando, caso contrário, o fármaco não será excretado. A excreção renal é a mais importante, a unidade funcional dos rins saõ os nefrons (formado por glomerulos/tubulos renais). Fármacodinâmica É o ramo da farmacologia que estuda os mecanismos de ação e efeitos dos fármacos, seja terapêuticos ou indesejados Interação Fármaco-receptor - Definições: 1. Receptor de membrana: receptores específicos de alguns tecidos que são formados por proteínas. Dependendo da proteína, há uma específica em cada tecido. Existem receptores que são intracelulares como por exemplo os hormônios, e assim o fármaco entra na célula para chegar ao receptor. Como se tratam de proteínas, quer dizer que o número de receptores pode ser variável. De modo geral, podemos dizer que há muitos receptores disponíveis no organismo. Por outro lado, existem condições patológicas que podem diminuir ou aumentar a quantidade de receptores. Quando uma molécula se liga ao receptor, signifca que ela tem afinidade pelo receptor. Se a molécula ativa os mecanismos internos dentro da célula, além de afinidade, também tem atividade intrínseca. 5 Lucas Vieira – Odontologia UNA 2. Fármaco agonista (parcial/total/inverso) Quando um fármaco possui afinidade e atividade intrínseca, ou seja, consegue se ligar e ativar, ele é chamado de agonista. Agonista parcial: aquele que se liga e ativa o receptor, mas independentemente da dose, ele não consegue a resposta máxima (efeito). Agonista total: aquele que liga e ativa o receptor, mas se aumentar a dose, consegue resposta máxima. Agonista inverso: aquele que se liga ao mesmo receptor que um agonista porém produz uma resposta farmacológica oposta. 3. Fármaco antagonista (competitivo/irreversível) É aquele que possui afinidade mas não ativa nenhum mecanismo, não possui atividade instrinseca, mas possui efeito, esse efeito é o contrário ao que ocorreria se fosse ativado. Antagonista competitivo: a ligação do antagonista ao receptor impede a ligação do agonista no mesmo. Antagonista irreversível: fármaco bastante reativo quimicamente capaz de formar ligação covalente com o receptor, inativando-o. Relação Dose-Resposta É a intensidade do efeito produzido é proporcional à sua concentração do fármaco no local de ação. POTÊNCIA: Quanto maior a potência, maior será a resposta em uma concentração menor EFICÁCIA: É a capacidade do fármaco de provocar uma resposta farmacológica quando interage com um receptor. (mais importante que potência) O fármaco atinge sua eficácia max. Ao se ligar à todos receptores possíveis. Ex: X é mais potente que Y que é mais potente que Z, X e Z tem a mesma eficácia que é maior que Y. Efeito colateral X Efeito adverso - O efeito colateral é indesejado, porém esperado de acordo com o medicamento usado. - O efeito adverso é também indesejado, porém é mais raro de acontecer, varia de pessoa para pessoas. Ex: Dependência, efeito contrário, resistência ao fármaco, Idiossincrasia (baixa resistência ao fármaco, achatando a curva de toxicidade), reações alérgicas e outros. AULA 5 e 6 Neurofisiologia dos anestésicos locais Propriedades e Características Desejáveis de um Anestésico Local: 1. Não deve ser irritante para o tecido no qual é aplicado. 2. Não deve causar qualquer alteração permanente na estrutura dos nervos. 3. Sua toxicidade sistêmica deve ser baixa. 4. Deve ser eficaz, independentemente de ser infiltrado no tecido ou aplicado localmente nas membranas mucosas. 5. O tempo de início da anestesia deve ser o mais breve possível. 6. A duração de ação deve ser longa o suficiente para possibilitar que se complete o procedimento, porém não tão longa que exija uma recuperação prolongada. 7. Deve ter potência suficiente para proporcionar anestesia completa sem o uso de soluções em concentrações nocivas. 8. Deve ser relativamente isento quanto à produção de reações alérgicas. 9. Deve ser estável em solução e prontamente submetido à biotransformação no corpo. 10. Deve ser estéril ou capaz de ser esterilizado pelo calor sem deterioração Contudo, não existe um AL que possua todas essas propriedades. 6 Lucas Vieira – Odontologia UNA Mecanismos de ação do anestésico -Impedir a geração e acondução de um impulso nervoso. Um estímulo excita o nervo: 1-Ocorre a fase inicial da despolarização lenta. O potencial elétrico no interior do nervo torna-se um pouco negativo. 2- Quando o potencial elétrico em declínio atinge um nível crítico, leva a despolarização (chamado de potencial limiar ou de descarga). 3. Essa fase de despolarização rápida resulta em uma inversão do potencial elétrico através da membrana nervosa. O interior do nervo é eletricamente positivo em relação ao exterior. Existe um potencial elétrico de + 40mV no interior do nervo Como os anestésico agem: A membrana nervosa (axonio – onde tem os canais de sódio) é o lugar em que os anestésicos locais exercem suas ações farmacológicas. Os anestésicos locais agem ligando-se a receptores específicos nos canais de sódio e diminuem sua permeabilidade, com isso, não tem o influxo de sódio para dentro do axoplasma e não tem o rompimento do potencial de ação para gerar a despolarização do nervo, bloqueando a condução do impulso nervoso. Bases anestésicas São anfipáticas: hidrofílicas e lipofílicas • Então, o que irá diferenciar será a cadeia intermediária • Bases: ésteres e amidas (+ utilizadas) O pH de uma solução de anestésico local (e o pH do tecido em que é infiltrado) influencia muito sua ação no bloqueio do nervo. Formas ativas dos anestésicos locais Os anestésicos locais injetáveis são do grupamento farmacológico aminas. Sua estrutura química é formada por uma extremidade lipofílica, responsável pela sua capacidade de penetrar na bainha de mielina (estrutura rica em lipídeos), e outra extremidade hidrofílica, responsável por sua capacidade de se difundir pelos tecidos, já que 60% do corpo humano possui água em sua composição. Os anestésicos locais que não possuem a porção hidrofílica não são adequados para injeção, pois não se difundem pelos tecidos. É a caso da benzocaína que só tem sua aplicação para uso tópico. São classificados como ésteres ou amidas, de acordo com suas ligações químicas. 7Lucas Vieira – Odontologia UNA Dissociação dos anestésicos locais Quando o AL é injetado no tecido ele se apresenta de forma dissociada, moléculas com carga positivas (cátions), chamadas de RNH+ e moléculas sem carga, RN (base). A molécula catiônica (RNH+) é hidrofílica e responsável pela difusão do anestésico local pelos tecidos. A molécula sem carga, a base, (RN) é lipofílica e responsável pela entrada do anestésico no nervo. Quando o pH tecidual está elevado, o equilíbrio químico é desviado para a direita: RNH+ < RN + H, ou seja, existem mais moléculas na forma de base. E o inverso também ocorre, quando o pH tecidual está mais baixo, o equilíbrio químico é desviado para a esquerda: RNH+ > RN + H, existem mais moléculas catiônicas. Portanto, a dissociação do anestésico local depende do pH do tecido e do pKa da solução anestésica. O pKa é o pH em que há maior dissociação do anestésico local. Em outras palavras, é o pH em que o anestésico local se apresenta com 50% de moléculas catiônicas (RNH+) e 50% de moléculas na forma de base (RN). Quanto maior o pKa do anestésico menor a porcentagem de moléculas na forma de base, e portanto, maior o tempo de indução anestésica. Mecanismo de ação: Exemplo: Injetou uma droga com pKa 7,9 no interstício de um tecido com pH 7,4.. A droga tem que se difundir bem no tecido onde vai ser injetada. Neste pH e neste pKa das mil moléculas injetadas 25% vão estar na forma molecular e 75% vão estar na forma iônica. Somente a forma molecular (25% das moléculas injetadas) é capaz de atravessar a membrana plasmática, ou seja, 250 moléculas vão entrar no nervo. Forma-se um novo equilíbrio e dentro da célula 25% ficam na forma molecular (70 moléculas) e 75% vão para a forma carregada. No interior da célula é interessante ter mais forma iônica porque é quem se liga ao receptor. Em regiões inflamadas onde o pH é baixo pela liberação de produtos, às vezes até 99% do AL estarão na forma de íons e, deste modo, a droga não conseguirá entrar na célula. Dissociação dos AL AULA 7 Bases Anestésicas Classificação dos anestésicos locais a) Ésteres • Ésteres do ácido benzoico - Butacaína; - Cocaína; - Benzocaína; - Hexilicaína; - Piperocaína; - Tetracaína. • Ésteres do ácido paraminobenzóico - Cloroprocaína; - Procaína; - Propoxicaína. b) Amidas - Articaína; - Bupivacaína; - Dibucaína; - Etidocaína; - Lidocaína; - Mepivacaína; - Prilocaína. Fatores que influenciam no efeito do anestésico local • Concentração no local de ação; • Velocidade de absorção e distribuição nos tecidos; • Capacidade de excreção; • Via de administração; • Vascularização do tecido infiltrado; • pH tecidual. Critérios para seleção do “sal anestésico” ideal • Duração esperada para o controle da dor maior que o tempo do procedimento; 8 • Aceitação, por parte do paciente, do desconforto pós- anestesia; • Possibilidade de automutilação; • Saúde do paciente. Farmacocinética dos anestésicos locais Os anestésicos locais, exceto a cocaína, quando injetados nos tecidos vivos produzem vasodilatação. Por isso, geralmente se associa ao sal anestésico uma outra droga vasoconstritora para se contrapor à vasodilatação. A associação de um sal anestésico a um vasoconstritor tem os seguintes objetivos principais: • Aumentar a duração do efeito anestésico, uma vez que o vasoconstritor diminui a velocidade de absorção do sal; • Como o vasoconstritor diminui o calibre dos vasos sanguíneos nos procedimentos cirúrgicos, obter-se-á um campo operatório com menor sangramento. Critérios para seleção do vasoconstritor: • Necessidade de se obter tempo maior ou menor de anestesia; • Quando a hemostasia é necessária; • Escolhe-se também o vasoconstritor de acordo com as condições sistêmicas do paciente. Grupamento Éster a) Procaína - Usada como referência para o grupo de toxicidade considerada = 1; - De todos os sais anestésicos, é a que possui a maior capacidade de vasodilatação; - pH sem vasoconstritor: 5,0 a 6,5; - pH com vasoconstritor: 3,5 a 5,5; - Início de ação: 6 a 10 minutos; - Concentrações ideias: 2% a 4%; - Meia-vida do anestésico: 1 hora; - Dose máxima: 6,6 mg/kg, com máximo de 400 mg. b) Benzocaína - Usada apenas topicamente; - Pouca solubilidade em água; - Pequena absorção para o sistema cardiovascular; - Inadequada para injeção; - Inibe a ação antibacteriana das sulfas; - Usada nas concentrações de 10% a 20%. Grupamento Amida a) Lidocaína - Introduzida em 1948; - Potência: 2 (procaína: 1); - Toxicidade: 2 (procaína: 1); -Metabolismo: fígado; - Excreção: rins; - Propriedades vasodilatadoras: maior do que a da mepivacaína e da prilocaína; - pH sem vasoconstritor: 6,5; - pH com vasoconstritor: 5,0 a 5,5; - Início de ação: 2. 3 minutos; - Concentração eficaz: 2%; - Meia-vida: 1,6 por hora; - Dose máxima: 4,4 mg/kg, máximo 400 mg. b) Mepivacaína - Potência: 2 (procaína: 1 e lidocaína: 2); - Metabolismo: fígado; - Excreção: rins; - Propriedade vasodilatadora: muito pequena; - pH sem vasoconstritor: 4,5; - pH com vasoconstritor: 3,0 a 3,5; - Início de ação: 1,5 a 2 minutos; -Concentração eficaz: 3% sem vasoconstritor e 2% com vasoconstritor; - Meia-vida: 1,9 por hora; - Dose máxima: 4,4 mg/kg, com máxima 300mg. c) Prilocaína - Metabolismo: hepático, produzindo metabólitos contendo ortotoluidina e Npropilalanina, grandes doses de prilocaína podem produzir metemoglobinemia; - Excreção: renal; - Vasodilatação: produz menor vasodilatação que a lidocaína, porém maior que a mepivacaína; 9 - pH sem vasoconstritor: 4,5; - pH com vasoconstritor: 3,0 a 4,0; - Início de ação: 2 a 4 minutos; - Meia vida: 1,6 horas; - Dose máxima: 6,0 mg/kg, com máximo de 400mg. d) Articaína - Potência: 1,5 vez e 1,9 vez a da procaína; - Toxicidade: semelhante à da lidocaína; - Metabolismo: plasma e fígado; - Excreção: rins; - Propriedade vasodilatadora: igual à da lidocaína; - pH com vasoconstritor: 4,6 a 5,4; - Início de ação: 1 a 3 minutos; - Concentração ideal: 4%; - Meia vida: 1,25 por hora; - Dose máxima: 7 mg/kg, máximo de 500 mg e 5 mg/kg de peso em crianças de 4 a 12 anos. e) Etidocaína - Potência: 4x a da lidocaína; - Toxicidade: 2x mais tóxica do que a lidocaína; - Metabolismo: fígado; - Excreção: rins; - Propriedade vasodilatadora: maior do que a da lidocaína, prilocaína e mepivacaína; - pH da solução entre 3,0 a 4,5, dependentes se tiver vasoconstritor ou não; - Início de ação: 1,5 a 3 minutos; - Concentração eficaz: 1,5 %; - Meia-vida: 2,6 por hora. Atividade vasodilatadora Mepi < Prilo < Lidocaina = Arti < Bupi Contra-indicações • Articaína: alergia a sulfa • Prilocaína: gestantes / anêmicos – risco de metemoglobinemia • Bupivacaína: crianças / déficit neurológico Como escolher? • Períodos necessários para controle da dor • Necessidade de hemostasia • Contra-indicações • Área a ser anestesiada Ações sistêmicas dos anestésicos locais Essas ações vão se manifestar nos órgãos que utilizam canais de sódio para seu funcionamento (SNC, músculos, coração, etc) e quase não vão aparecer em órgãos que não os utilizam (pele, por exemplo). SNC: alvo principal dessas drogas. Ação depressora. Níveis tóxicos crise convulsiva tônico-clônica generalizada (pico de excitação); depressão respiratória Quanto maior o nível tóxico maior o nível de depressão. Esses anestésicos possuem uma afinidade muito grande pelos interneurônios inibitórios: a primeira via que é prontamente bloqueada é a vida inibitória. O aumento da dose (ainda em níveis tóxicos) deprime inclusive a via excitatória promovendo depressão respiratória, apnéia e óbito. Sistema Cardiovascular: Ação direta no miocárdio:ação depressora. -Diminuição da excitabilidade elétrica do miocárdio. -Redução da velocidade de condução. -Diminuição da força de contração. -Ação direta na vasculatura periférica: vasodilatação. 10 Aula 8 Classificação do paciente em função do estado físico ASA I: Paciente saudável (sem anormalidades fisiológicas, físicas ou psicológicas); Paciente mostra pouca ou nenhuma ansiedade. Excluídos indivíduos muitos jovens ou muito idosos. ASA II: Paciente com doença sistêmica leve sem limitações das atividades diárias. Sinal amarelo para o dentista (prossiga com cautela). ASA III: Paciente com doença sistêmica grave, que limita a atividade, mas não é incapacitante. ASA IV: Paciente com doença sistêmica incapacitante, a qual é uma ameaça constante à vida. ASA V: Paciente moribundo, cuja sobrevida esperada é inferior a 24 horas com ou sem cirurgia. Paciente em fase terminal, quase sempre hospitalizado. ASA VI: Paciente com morte cerebral, cujos órgãos estão sendo removidos para fins de doação. Cálculo da dose máxima de anestésico local O volume máximo de uma solução anestésica local deve ser calculado em função de três parâmetros: 1) Concentração do anestésico na solução; 2) Doses máxima recomendadas; 3) Peso corporal do paciente. Doses máximas por kg de peso corporal (em mg) e máxima absoluta (em número de tubetes) preconizadas pela FDA (Food and Drug Administration): Para exemplificar, o quadro abaixo mostra o cálculo das doses máximas de lidocaína 2% para uma criança com 20 kg e para um adulto com 60 kg ou 100 kg de peso corporal, assim como o número máximo de tubetes por sessão de atendimento Farmacologia dos Vasoconstritores. São fármacos que contraem os vasos sanguíneos e, portanto, controlam a perfusão tecidual., são adicionados às soluções anestésicas locais para equilibrar as ações vasodilatadoras ntrínsecas dos anestésicos locais. Por que utilizar vasoconstrictores? • Por meio da constrição de vasos sanguíneos, os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo (a perfusão) para o local de administração do anestésico. • A absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular torna-se mais lenta, resultando em níveis sanguíneos menores do anestésico. Os níveis sanguíneos do anestésico local são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade do anestésico local. • Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos, aumentando (em alguns casos de maneira significativa, em outros 11 minimamente a duração de ação da maioria dos anestésicos locais). • Os vasoconstritores diminuem o sangramento no local da administração; portanto, eles são úteis quando é previsto sangramento elevado. Mecanismo de ação Três categorias de aminas simpaticomiméticas são conhecidas: Fármacos de ação direta: exercem sua ação diretamente nos receptores adrenérgicos, Fármacos de ação indireta: atuam através da liberação de noradrenalina das terminações nervosas adrenérgicas Fármacos de ação mista.: atuam de ambas formas Receptores adrenérgicos A ativação dos receptores α (alfa) por um agente simpaticomimético comumente produz uma resposta que inclui a contração do músculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição). A ativação dos receptores β (beta) produz o relaxamento do músculo liso (vasodilatação e broncodilatação) e a estimulação cardíaca (aumento da frequência cardíaca e da força de contração). Principais Vasoconstritores - Adrenalina; - Noradrenalina; - Levonordefina; - Felipressina; - Fenilefrina. a) Adrenalina - A adrenalina é disponível na forma sintética e também é obtida da medula supra-renal dos animais; - Atua diretamente nos receptores alfa e betaadrenérgicos, estimulando-os; - Pode promover aumento da frequência cardíaca, do fluxo sanguíneo coronariano e da pressão arterial. Causa também vasoconstrição; - Promove, ainda, broncodilatação e pobre estímulo ao sistema nervoso central; - Pacientes saudáveis podem receber 0,2 mg de adrenalina por consulta, equivalente a 11 tubetes na concentração de 1:100.000; - Pacientes com deficiência cardiovascular podem receber até 0,04 mg de adrenalina por consulta, na concentração de 1:100.000, equivalente a 2,2 tubetes b) Noradrenalina - Produzida nas supra-renais; - Miocárdio (estímulo); - Artérias coronárias (aumento do fluxo sanguíneo – dilatação); - Pressão arterial (aumento); - Rede vascular (vasoconstrição); - Sistema respiratório (broncodilatação); - Dose máxima: 0,34 mg por consulta para paciente saudáveis; - ASA III ou IV: 0,14 mg por consulta. c) Levonordefina - Sintético; - Miocárdio (estímulo); - Artérias coronárias (aumento do fluxo sanguíneo); - Pressão arterial (aumento); - Sistema respiratório (broncodilatação); - Efeitos são mais brandos do que os da adrenalina; - Dose máxima para qualquer paciente: 1 mg por consulta. d) Felipressina - Sintético análogo ao ADH (hormônio antidiurético vasopressina); - Miocárdio (ausência de efeitos); - Artérias coronárias (redução do fluxo); 12 - Rede vascular (vasoconstrição pequena); - Pressão arterial (praticamente sem alterações); - Doses máximas em pacientes ASA III ou ASA IV: 0,27 mg +/- 5 tubos 0,03 mg; - Pacientes saudáveis suportam grandes doses. e) Fenilefrina - Sintético; - Miocárdio (pequeno estímulo); - Pressão arterial (aumento); - Rede vascular (potente vasoconstrição); - Sistema respiratório (pequena broncodilatação); - Efeitos são mais brandos do que os da adrenalina; - Dose máxima: paciente saudável, 4 mg por consulta; - Paciente ASA III ou ASA IV, 1,6 mg por consulta. Aula 9 Prevenção e controle da dor Dor AGUDA- Curta duração (destruição tecidual, edema, limitação de movimentos); Dor CRÔNICA- Longa duração; Nociceptores são os receptores que enviam os sinais que causam a percepção da dor. Se há estímulo dele > dor. A dor Alodínia é aquela que é gerada por um estímulo que em condições normais não causaria dor. Se os receptores se torna mais sensíveis a estímulos, se dá a Hiperalgesia. São eventos bioquímicos que causam maior entrada de íons calcio nos nociceptores > impulso nervoso > sensação dolorosa. As prostaglandinas e leucotrienos (produtos da metabolização do ácido araquidônico) tornam os nociceptores mais permeáveis a entrada de íons calcio. Essa metabolização do Ácido Araquidônico é iniciada a partir da (A PARTIR DA LESÃO TECIDUAL) da ativação da Fosfolipase A2, que irá liberar Ácido Araquidônico no citosol. O ácido araquidônico por ser instável sofre ação de lipoxigenase e cicloxigenase, produzindo os Autacóides, responsável pela hiperalgesia. Pelas vias da Cicloxigenase, a COX-1 se forma de forma fisiológica, sem indução por processo inflamatorio. A COX-2 (a pró-inflamatória) é formada quando há processo inflamatório induzido. As prostaglandinas aumentam a permeabilidade vascular gerando edema. No geral o processo inflamatório é um mecanismo de defesa, e essencial para início da reparação tecidual. Não é interessante portanto inibir completamente o processso inflamatório. Entretanto, em intensidades elevadas, pode se transformar em um fenômeno agressivo e destrutivo aos tecidos, além de geração de dor exacerbada. Analgesia preemptiva: tem início antes do estímulo nocivo. São empregados fármacos que previnem a hiperalgesia, que pode ser complementada pelo uso de anestésicos locais de longa duração. Analgesia preventiva: o regime tem início imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práticos, a primeira dose do fármaco é administrada ao final do procedimento seguida pelas doses de manutenção no pós-operatório, por curto prazo. (O mais IDEAL). Analgesia perioperatória: o regime é iniciado antes da lesão teciduale mantido no período pós-operatório imediato. Fármacos que inibem a síntese da COX São os Anti-inflamatórios não Esteroidais (AINEs). No passado os AINEs inibiam COX-1 e COX-2, que trazia diversos efeitos não desejados, pois a COX-1 participa de importantes mecanismos fisiológicos. Deu-se início ao uso dos Coxibes, que são inibidores seletivos da COX-2. Essa via de inflamação, além de participar dos processos patológicos, também tem influência em alguns fisiológicos, como regulação renal da excreção de sal através da renina, a homeostasia da pressão arterial e o controle da agregação plaquetária. Assim, o uso crônico de coxibes pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares como IM, AVC, hipertensão arterial e falência cardíaca. Por isso, os coxibes devem ser evitados em hipertensos, cardiopatas ou que tiveram AVC. - Inibidores não seletivos da COX -2: Ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, cetorolaco, piroxicam, tenoxicam. - Inibidores seletivos da COX-2: Etoricoxibe, celecoxibe, meloxicam, nimesulida. O ideal do uso de AINES é na analgesia preventiva e também pode ser útil na dor já instalada, decorrente de processo inflamatorio agudo. Duração com período máximo de 48 a 72 horas, pois dor após esse período pode significar outros eventos que não o principal (infecção). 13 Fármacos que inibem a ação da fosfolipase A2 São os Corticóides. Ação inibitória da enzima fosfolipase A2 (do esquema acima), e reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória, e por isso haverá menor produção de prostaglandinas e leucotrienos. Os corticosteróides são indicados para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório, decorrentes de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, as enxertias ósseas. Dexametasona (4 a 8mg) e Betametasona, na forma de analgesia preemptiva (1h antes do procedimento) é a maneira mais adequada. Vantagens: - Não produzem efeitos adversos clinicamente significativos. - Não interferem nos mecanismos de hemostasia, ao contrário de alguns AINEs, que pela ação antiagregante plaquetária aumentam o risco de hemorragia pós-operatória. -Reduzem a síntese dos leucotrienos, liberada em muitas das reações alérgicas (pois age também na lipoxigenase). -Mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéticos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada. Contraindicações dos Corticosteróides: doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóticas, tuberculose ativa, ou historia de alergia aos fármacos desse grupo. Analgésicos Os mais utilizados são a Dipirona e Paracetamol (ação periférica). A dipirona costuma ser melhor pois ela atua a dor instalada, enquanto que o paracetamol so atua previnindo instalar mais dor. O Ibuprofeno em doses menores (200mg) também pode ser utilizado. AAS (Ácido Acetil Salicílico) é pouco usado devido sua ação antiagregante plaquetária. - O uso da Dipirona deve ser evitado nos 3 primeiros meses e nas últimas 6 semanas de gravidez. Mesmo fora desses períodos, administrar somente em casos de extrema necessidade. Pode-se usar o paracetamol em alternativa. -Paracetamol: pode causar danos ao fígado, evitar superdosagem. Evitar uso concomitante com álcool. -Ibuprofeno: contra-indicado para pacientes com gastrite ou úlcera péptica, hipertensão, ou doença renal. Analgésicos de Ação Central: em caso de dor intensa ou refratária aos analgésico de ação periférica pode-se usar os opióides. Os mais usados são a codeína e Tramadol (50mg). Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam autilização da codeína e do tramadol. Tabela com os principais analgésicos utilizados, sua concentração e posologia: Aula 10 Antibióticos As infecções bacterianas de origem endodôntica ou periodontal contam com a participação de microrganismos aeróbios, anaeróbios facultativos e anaeróbios estritos. As infecções bucais somente se manifestam na presença de fatores predisponentes. Na presença de infecções os antibióticos atuam como coadjuvantes, sendo ineficaz a sua utilização se não houver remoção da causa de infecção. Pacientes imunocompetentes não tem risco de infecções à distancia na maioria dos casos, não necessitando profilaxia ATB. Classificação: Ação biológica: os ATB podem ser Bactericidas (destrói os microorganismos) ou Bacteriostáticos (impedem sua multiplicação). Espectro de ação: 1 - Principalmente Bactérias gram-positivas: penicilina G, penicilina V, eritromicina, claritromicina, axitromicina, clindamicina, vancomicina. 2 – Principalmente Bactérias gram-negativas: quinolonas (ciprofloxacina, levofloxacina) e aminoglicosídeos (gentamicina). 3 – Ação similar contra gram-positivas e gram-negativas: ampicilina, amoxicilina, cefalosporinas, tetraciclinas. 4 – Ação contra bactérias anaeróbias: penicilinas, clindamicina, tetraciclinas, metronidazol. 5 – Ação contra espiroquetas: penicilinas, cefalosporinas e Tetraciclinas. 6 – Fungos: nistatina, anfotericina B, cetoconazol, itraconazol 7 – Outros microorganismos: tetraciclinas e clorafenicol 14 Mecanismo de ação: o antibiótico ideal seria aquele com máxima toxicidade seletiva, isto é, que exerceria sua ação atingindo apenas o microrganismo invasor, sem causar dano ao hospedeiro. 1 – Atuam na parede celular: penicilinas e cefalosporinas. Grande toxicidade seletiva. Atuam no momento que as bactérias estão em divisão celular, não destroem a parece celular já formada. 2 – Atuam na síntese de proteínas: tetraciclinas, lincosaminas, macrolídeos, aminoglicosídeos. Interferem na tradução do material genetico e na formação de cadeias de protéinas defeituosas. 3 - Atuam na síntese de ácidos nucléicos: metronidazol. Libera radicais tóxicos no interior da célula, interrompendo a síntese de DNA (bactericida). Alguns ATB tem ação dependendo apenas da sua concentração no organismo, enquanto que outros dependendem do tempo em que é mantido a concentração inibitória mínima. Resistência bacteriana Um dos princípios da resistência bacteriana é a pressão seletiva, ou seja, a mudança das condições do ambiente que forçam as bactérias a se modificarem. As mais adaptadas sobrevivem, gerando, portanto, descendentes mais adaptados. O uso indiscriminado (ou errôneo) de antibióticos é apontado como um dos maiores agentes de pressão seletiva sobre microrganismos. Ex: Microorganismos Multiresistêntes, as chamadas “superbactérias”, que atacam principalmente pessoas com imunidade muito baixa e que estão hospitalizadas, levando-as rapidamente à morte. Ideal: Utilizar antibióticos até que se tenha 48 horas sem evolução de sinais e sintomas. Para isso é determinante, acompanhar o paciente a cada 48h para saber quando cessar o tratamento. Antibióticos na Odontologia BETALACTÂMICOS: Constituem 4 grandes classes: penicilinas, cefalosporinas, clavulanato de potássio e carbapenêmicos. Penicilinas São bactericidas. Efeitos adversos: tontura, dor abdominal, náusea, vômito, diarréia. Penicilinas Naturais – penicilina G potássica cristalina, penicilina G procaína, e penicilina G benzatina. São mal absorvidas via oral, por isso, via parenteral é mais indicada. Pouco utilizada na prática odontologica. Penicilinas semissintéticas - penicilina V, ampicilina, amoxicilina são as mais usadas. Por não sofrer inativação do suco gástrico, podem ser usadas Via Oral (VO). Algumas bacterias produzem uma enzima chamada Betalactamase, que inativa a ação dos betalatâmicos. Por isso para usar a Ampcilina deve-se associar com Sulbactam e para a Amoxicilina deve-se associar com o Clavulanato de Potássio, que basicamente inativa a ação das Betalactamases.CEFALOSPORINAS São bactericidas, com espectro de ação pouco maior que as penicilinas, mais resistentes às betalactamases. Efeitos adversos: nefrotóxicas se empregadas em altas doses e por longo tempo. A 3a geração está relacionada à colite pseudomembranosa. 1a geração: cefadroxil, cefalexina, cefalotina, cefalozina 2a geração: cefaclor, cefuroxima, cefoxitina 3a geração: ceftriaxona, ceftazidima 4a geração: cefepima, cefpiroma MACROLÍDEOS Eritromicina, espiramicina, claritromicina e roxitromicina. A azitromicina pertense à classe dos azalídeos, considerados parentes próximos dos macrolídeos. Espectro de ação similar ao das penicilinas. Bacteriostáticos, resistentes à betalactamase. Efeitos adversos: baixa toxicidade. Pode ocorrer icterícia colestática, sinal de toxicidade hepática. Eritromicina e Claritromicina: evitar usar junto com bloqueadores de canais de cálcio (hipertensão), digitálicos (insuficiência cardíaca congestiva), anticonvulsivantes (carbamazepina), estatinas (hipercolestromia), ciclosporina (imunossupressor), opióides, varfarina, cisaprida (refluxo) e midazolam. Clindamicina: apresentando a propriedade de penetrar no interior dos macrófagos e leucócitos polimorfonucleares, o que explica sua alta concentração em abcessos. Biotransformada pelo fígado e excretada na bile. Bacteriostática, espectro de ação semelhante às penicilinas com a diferença que atingem o Staphylococcus aureus e outras bactérias produtoras de penicilinases. Reações adversas: diarréia, colite pseudomembranosa. Tetraciclinas: Doxiciclina e minocilina. Espectro de ação mais amplo do que as penicilinas e macrolídeos. Bacteriostáticas. Agem em infecções causadas por Actinomyces, Actinobacillus, Fusobacterium, Clostridium, Propionibacterium, Eubacterium e Peptococcus. Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, ulcerações na boca e irritação perianal. Podem provocar superinfecções, devido ao seu amplo espectro. Se depositam sob forma de ortofosfato nos ossos e dentes, durante o desenvolvimento, provocando manchas marrons e hipoplasia de esmalte. Logo, não podem ser administradas durante a gravidez e devem ser evitadas no estágio de desenvolvimento. Antiácidos a base de alumínio, cálcio ou magnésio, preparações com ferro ou bismuto, além do leite e seus derivados, podem prejudicar ou até mesmo inibir a absorção das tetraciclinas. 15 Metronidazol: Indicado para tratamento de doenças gengivais como a Gengivite Necrosante. É distribuído na saliva e fluido gengival. É bactericida e seu espectro de ação atinge praticamente todos os bacilos anaeróbios gram-negativos. Não age contra bactérias aeróbias e microaerófilas. Reações adversas: gosto metálico, dor estomacal, náusea e vômitos. Pode causar neuropatia periférica, e efeito dissulfiram. Quinolonas: As quinolonas são indicadas para tratamento de infeções do trato urinário e algumas afecções respiratórias. Deste grupo temos a levofloxacina e ciprofloxacina. Acredita- se que gera resistência bacteriana para infecções bucais. Os mais comuns para uso odontológico são ciprofloxacina e levofloxacina. Quando prescrever o ATB? Casos de infecção local que não houve resolução com descontaminação local e apresenta sinais de disseminação. Quando o paciente apresentar sinais como edema pronunciado (celulite), limitação da abertura bucal, linfadenite, febre, taquicardia, falta de apetite, disfagia ou mal-estar geral, indicativos de que as defesas imunológicas do hospedeiro não estão conseguindo, por si só, controlar a infecção. Antigamente preconizava 5 a 10 dias de terapia, hoje a tendência é tratamentos com doses maciças e tempo restrito (bata duro e rápido). Penicilinas são a primeira escolha (amoxicilina), podendo associar-se com clavulanato ou metronidazol. Não utilizar essas associações como primeira escolha, mas sim para casos em que não há resposta satisfatória somente com a Amoxicilina. Cefalosporinas é uma opção (para alérgicos), mas não a primeira escolha, pois apesar de ter espectro maior, o mesmo não coincide com o das infecções bucais. Caso a alergia às penicilinas seja do tipo anafilática, as cefalosporinas são contra-indicadas pois pode haver reação alergica cruzada. Nesses casos pode-se utilizar a Clindamicina, de forma isolada. Para casos de celulite aguda, pericoronarite, abcessos periapicais e gengivite necrosante o metronidazol é uma otima opção. A associação do metronidazol à amoxicilina mostra um importante sinergismo contra o Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa), a principal espécie associada às periodontites agressivas. Recomenda-se iniciar o tratamento com uma dose de ataque, no mínimo o dobro das doses de manutenção. A concentração plasmática do antibiótico deve exceder a Concentração Inibitória Mínima (CIM) em 2-8 vezes, de acordo com o fármaco, para compensar a passagem pelas barreiras teciduais que restringem o acesso do antibiótico ao sítio infectado. O princípio de doses maciças por curto período de tempo, além de propiciar níveis elevados do antibiótico na corrente sanguínea e nos tecidos infectados, reduz a toxicidade e a seleção de microrganismos resistentes. A Tabela a seguir mostra os principais ATB utilizados, sua concentração e posologia: A terapia com ATB não tem um curso ou ciclo a ser completado. O uso prolongado não diminui a chance de criar resitência e muito menos diminui a reincidencia da infecção. A reincidencia ocorre se a causa não for removida. O tempo de uso do ATB é até que as defesas imunológicas do hospedeiro reassumiram o controle da infecção – observado pelo exame clínico. Aula 11 Interações Farmacológicas São alterações na intensidade e duração da resposta de um fármaco, podendo potencializar ou reduzir sua ação. Pode ser por injestão simultânea de outro fármaco, álcool ou alguns alimentos. Nem sempre essa interação é maléfica. Existem algumas desejáveis, que são realizadas de forma intencional (anestésico local + vasoconstrictor). Classificações: • Antagonismo: Interação que um fármaco diminui a ação do outro. • Potencialização: Um fármaco aumenta a resposta do outro. • Inesperada: reação não esperada quando da administração de 2 fármacos. • Somação: Resposta aumentada que ocorre quando fármacos com ações e efeitos similares são administrados em conjunto. • Sinergismo: resposta exagerada, que não seria obtida caso os 2 fármacos fossem administrados separadamente. NÃO DESEJÁVEIS: INTERAÇÕES COM VASOCONSTRITORES Betabloqueadores: geralmente usados como antihipertensivos, antiarrítmico e antianginoso. São classificados em: -não seletivos: bloqueiam adrenérgicos beta1 (miocárdio) e beta2 (vasos, pulmões, musculo liso e outros órgãos). Ex: propanolol, nadolol, timolol, pindolol. -cardioseletivos: bloqueiam apenas beta1 adrenergicos (coração). Ex: atenolol, metoptolol. - ação vasodilatadora: antagonismo ao receptor alfa1 periférico. Ex: carvedilol e labetalol. A epinefrina causa vasoconstrição dos vasos arteriais em muitos órgãos pela estimulação dos receptores 16 alfa-adrenérgicos, e vasodilatação das arteríolas nos músculos esqueléticos por estimulação beta-adrenérgica. Atua nos beta 1 adrenérgicos no coração, provocando taquicardia. Injeção intravascular em pacientes usando betabloqueadores não seletivos pode causar elevação da PA, e consequentemente bradicardia reflexa. Antidepressivos: os de maior interesse para a odontologia são os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, que podem ser seletivos ou não seletivos. Os vasoconstritores adrenérgicos podem ter seu efeito potencializado em pacientes que usam antidepressivos tricíclicos (imioramina e amitriptilina). Isso causa aumento da PA. Anfetaminas e derivados: femproporex, mazindol, anfepramona. Provocam maior liberação de catecolaminas. Quando se injeta epinefrina intravascular ou em grandes doses, podeocorrer taquicardia e aumento da PA. Cocaína: a injeção acidental de vasoconstritor adrenérgico causa aumento brusco de PA e taquicardia, seguida de fibrilação ventricular, IM, eventual parada cardíaca e óbito. Suspender tratamento caso o uso tenha sido feito nas últimas 48 horas. Fenotiazínicos: psicotrópicos usados no tratamento de doenças psicóticas de maior gravidade. Ex: clorpromazina. Injeção intravascular com epinefrina pode potencializar a hipotensão em geral associada ao uso dos fenotiazínicos. Muitas dessa interações acontencem na prática clínica odontológica e o profissional não tem conhecimento pois não tem o costume de monitorizar o paciente. E pior, quando o dentista percebe, é por que o paciente já está apresentando sinais de uma interação com gravidade maior. INTERAÇÕES COM ANSIOLÍTICOS Depressores do SNC: hipnóticos, analgésicos centrais, neurolépticos e anticonvulsivantes. Administração conjunta de benzodiazepínicos pode potencialiar o efeito depressor do SNC e possível risco de depressão respiratória. Etanol: essa interação provoca depressão do SNC, ainda mais se for usado grande número de tubetes anestésicos (todo sal anestésico também é depressor do SNC). INTERAÇÕES COM ANALGÉSICOS Paracetamol não pode ser usado com etanol (hepatotóxico), nem antibióticos hepatotóxicos como eritromicina e clavulanato de potássio. Nimesulida também pode ser hepatotóxica, e deve-se evitar usar junto com paracetamol. Paracetamol + Varfarina – pode provocar aumento do efeito anticoagulante. INTERAÇÕES COM AINES Anticoagulantes: O mais usado é a Varfarina. Os AINEs competem com a varfarina pelas proteínas do plasma, deslocando-a e potencializando seus efeitos, deixando-as livre no plasma em maior quantidade. Há aumento do risco de hemorragia durante e após procedimentos cirúrgicos odontológicos. Antiagregantes plaquetários: os AINEs por si só são inibidores reversíveis da síntese de tromboxanas das plaquetas (através da sua ação numa das fases da cascata do Ácido Araquidônico) o que diminui agregação plaquetária. Deve-se evitar prescrição de AINEs ou paracetamol para pacientes com uso de varfarina ou clopidogrel, em alternativa podemos usar os corticosteróides. Anti-hipertensivos: reação adversa dos AINEs com: 1 - Inibidores da ECA: captopril, enalapril 2 - Diuréticos: furosemida e hidroclorotiazida 3 - Beta bloqueadores: propanolol, nadolol, metoprolol Os AINEs reduzem a produção de prostaciclinas (esses medicamentos dependem delas), interferindo na homeostasia renal e provocando aumento da PA. Hipoglicemiantes orais: por possuírem alta taxa de ligação às proteínas plasmáticas, os AINEs podem deslocar as sulfoniluréias de seus sítios de ligação à albumina – causa hipoglicemia. INTERAÇÕES COM ANTIBIÓTICOS Alcool: estimula aumento da produção de ácido cloridrico e movimentos peristálticos do estômago. Faz com que o fármaco tenha passagem mais rápida e menos absorção. Ele não atua diretamente nas moléculas do ATB. Além disso, em associação com ATB hepatotóxido, pode aumentar chances de hepatotoxicidade. O aumento na durese, promove maior excreção dos medicamentos, diminuindo sua concentração no organismo. Efeito Dissulfiram: Fármacos que possuem composição de nitrogênio inibem a enzima acetaldeíno desidrogenase. O Acetaleído é um produto da metabolização do etanol. O uso de antibióticos com nitrogênio na sua composição, aumentam a quantidade de acetaldeído no organismo, provocando uma sensação iminente de morte (palpitações, queda da pressão, dor no peito, dificuldade respiratória, náusea e vômitos). O metronidazol, ampicilina e algumas cefalosporinas podem causar esse problema. Anticoncepcionais: assunto controverso. Muitas teorias explicam, mas nenhuma confirma. O recomendado é prescrever o ATB se houver necessidade, mas alertar o paciente do risco de interação e ocorrência de uma gravidez não desejada (termo assinado). 17 Carbonato de Lítio: evitar tetratciclina e metronidazol. Pode aumentar níveis do Lítio e causar toxicidade. Digoxina: (digitálicos) o uso concomitante de eritromicina ou claritromicina pode promover a diminuição da microbiota intestinal, elevando os níveis sanguíneos da digoxina e causando toxicidade no paciente. Aila 12 Sedação O limiar de dor de pacientes ansiosos tende a ser menor que o de não ansiosos. Por isso o controle da ansiedade é imprescindível para uma realização de procedimentos odontológicos de forma tranquila e não traumática, tanto para o dentista quanto para o paciente. Fatores que geram ansiedade: • Experiências negativas anteriores, • Intercorrências negativas relatadas por parentes ou amigos, • Visão do instrumental (seringa tipo “carpule”, agulha, fórceps, cureta, etc.), • A anestesia local, • Visão de sangue (pode gerar síncope), • Sons produzidos por instrumentos, • Uso de força ou movimentos bruscos por parte do profissional, • Sensação inesperada de dor, talvez o mais importante dos fatores estressores. Métodos de conversa, explicação detalhada dos procedimentos para condicionamento psicológico podem funcionar. Caso não, optar por métodos de sedação mínima, moderada (anestesista) ou anestesia geral. SEDAÇÃO MÍNIMA A mais utilizada por cirurgião dentistas. Normamente é utilizada por via oral através do uso de Benzodiazepínicos ou por inalação pelo uso de Óxido Nitroso. Indicado: - Quando métodos não farmacológicos para controle da ansiedade falhar - Procedimentos muito invasivos (mesmo em pacientes tranquilos e colaboradores). - Pacientes com problemas cardiovasculares, asma, episódios convulsivos – minimizar resposta ao estresse cirúrgico. Benzodiazepínicos (BZD) Atuam no Sistema Nervoso Central (SNC) através da facilitação da ação do neurotransmissor GABA (gama aminobutírico), o inibitor primário do SNC. Há diminuição de impulsos excitatórios. Os BZD além do efeito sedativo, diminuem fluxo salivar, reflexo do vômito e relaxa a musculatura. Efeito colateral: causa sonolência. Amnésia anterógrada (não se lembra do procedimento – não é ruim). Deve-se usar com precaução em casos de: - Uso concomitante de outros fármacos depressores do SNC, pelo risco de potencialização dos efeitos - Insuficiência respiratória leve - Doença hepática ou renal - Insuficiência cardíaca congestiva - Gravidez (2o trimestre) e durante a lactação. Contra-indicações do uso: • Portadores de insuficiência respiratória grave • Portadores de glaucoma de ângulo estreito • Portadores de miastenia grave • Gestantes (primeiro trimestre e ao final da gestação) • Crianças com comprometimento físico ou mental severo • História de hipersensibilidade aos benzodiazepínicos • Apnéia do sono • Etilistas: além de potencializar o efeito depressor dos benzodiazepínicos sobre o SNC, o álcool etílico pode induzir maior metabolização hepática desses compostos. Tipos de medicações e doses normalmente utilizadas: Sedação Mínima com Óxido Nitroso: Eleva limiar de dor, mas não substitui anestesia local. Torna o paciente mais tranquilo e calmo. Necessita monitoramento de saturação de O2 constante. Contra-indicada para pacientes com respiração bucal ou obstrução nasal, nos portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema, bronquite severa), na presença de infecções respiratórias agudas. Vantagens: tempo curto de administração e recuperação da sedação, duração e intensidade da sedação é controlada pelo profissional. Sedação Mínima com Fitoterápicos: A Valeriana promove redução da ansiedade, se comparada ao diazepam e ao etanol. Geralmente 100mg. A Passiflora também é indicada como ansiolítico natural - 500mg. Gestantes ou lactantes Ocorrem muitas mudanças físicas (rearranjos dos orgãos), alterações fisiológicas (aumento de FC), alterações hormonais e psicológicas. As principais transformações embriológicas ocorrem no primeiro trimestre. Fármacos como anestésicoslocais, os ansiolíticos, os analgésicos, os anti-inflamatórios e os antibióticos, passam até com certa facilidade da fase materna para a fase fetal, por serem moléculas de baixo peso molecular e lipossolúveis – importante conhecer bem quais tem potencial teratogênico. 18 O 1 trimestre de gestação não é um período adequado para o tratamento odontológico – eletivos devem ser adiados. O 2o trimestre de gestação constitui-se na melhor época para o atendimento das gestantes – atenção somente ao periodo de hipotensão postural (feto faz pressão sobre as veias abdominais). O 3 trimestre de gravidez, particularmente nas últimas semanas, também não é o período ideal para um tratamento prolongado. Urgências odontológicas (pulpites, abscessos), o tratamento não pode ser adiado, independente do período gestacional, pois as consequências da dor e da infecção podem ser muito mais maléficas à mãe e ao feto do que aquelas decorrentes do tratamento odontológico. Sedação mínima: Os benzodiazepínicos se enquadram na categoria D de risco fetal. O óxido nitroso e oxigênio é um método seguro para uso na gravidez. Anestesia local: grávidas podem desenvolver anemia durante a gestação, tornando-se mais suscetíveis à metemoglobinemia, por isso a prilocaína deve ser utilizada com precaução, além de que a felipressina (que é associada a prilocaína) pode induzir contrações uterinas. A mais indicada é a Lidocaína 2% + epinefrina 1:100 000 – se PA não controlada utilizar mepivacaína 3% sem vasoconstrictor. Analgesia: Paracetamol (risco B) é o fármaco de escolha. Dipirona é risco C. Quando houver necessidade do uso de um anti-inflamatório, empregar a dexametasona ou betametasona, em dose única de 2-4 mg, pois há evidências de que os corticosteróides (categoria C) não apresentam riscos de teratogenicidade em humanos. Antibióticos: Amoxicilina é a primeira escolha, podendo associar ao metronidazol quando indicado. Alergicos, optar pelo Estearato de Eritromicina. A Tetraciclina esta contra-indicada durante toda a gestação. A Tabela abaixo mostra a classificação de medicamentos em relação ao risco de teratogenia. Na Lactação a maioria das medicações que são seguras para uso na gestação, também são na lactação. O interessante é programar o horário de administração do fármaco à mãe, evitando que o período de concentração máxima no sangue e no leite materno coincida com o horário da amamentação. Em geral, a exposição do lactente ao fármaco pode ser diminuída se o mesmo for empregado pela mãe imediatamente antes ou após a amamentação. Diabéticos As medicações mais utilizadas por esses pacientes são os hipoglicemiantes orais, dentre eles as sulfoniluréias (clorpropamida e glibenclamida) para não obesos, e a metformina, antidiabético oral, mais usado para pacientes acima do peso. Pacientes não respondem bem a esse tratamento, tambem podem fazer uso de insulina.. Conduzir Anamnese dirigida para obter detalhes e controle da doença. Atenção a procedimentos cirúrgicos que podem causar dificuldade de alimentação. Nesses casos o médico deverá ser consultado para ajuste da dieta e medicação hipoglicemiante, a fim de evitar quadros de hipoglicemia. Considerar sedação minima: estresse > liberação de catecolaminas > glicogenólise hepática > hiperglicemia. Analgésicos e AINEs: - Dipirona e Paracetamol para dor leve. - Intervenções mais invasivas – dexametasona - AINEs: pode potencializar a ação hipoglicemiante das sulfonilreias. A profilaxia antibiótica está indicado para casos descompensados, com presença de cetoacidose sanguínea e cetonúria. Padrão: 1g de Amoxicilna 1h antes, ou clindamicina 600mg para alérgicos. Cardiovasculares A epinefrina aumenta a PA, FC e força de contração ventricular. Mas é importante ter em mente que em situações de estresse (dor) o paciente pode liberar as catecolaminas pelas adrenais em quantidade 40x o nível basal, podendo alcançar niveis muito maiores do que há em um tubete de anestésico, por isso ao contatar o médico do paciente utilizar essas informações a favor de utilizar (com cautela) anestésicos com vasoconstrictor. O maior objetivo no atendimento odontológico de pacientes com doença cardiovascular é reduzir a liberação endógena de catecolaminas, por isso considerar o uso de sedação mínima como forma de protetor cardiovascular é interessante. Ao contrário do que muitos pensam, o emprego de soluções anestésicas com epinefrina (nas menores concentrações) pode ser benéfico aos pacientes hipertensos ou portadores da maioria das cardiopatias, com a doença controlada. A dose máxima recomendada de uso de epinefrina é 0,04mg por sessão de atendimento, o que equivale a 2 tubetes na diluição 1: 100 000. 19 Hipertensão Estágio I: Considerar sedação mínima, utilizar anestésicos com felipressina (3 tubetes) ou epinefrina (2 tubetes), evitar AINEs, monitorar PA durante atendimento. Hipertensao Estágio II: Procedimentos eletivos são contra- indicados até que haja controle da PA. Em urgências o mais importante é o pronto alívio da dor. Utilizar prilocaína 3% + felipressina (3 tubetes), utilizar sedação mínima e realizar atendimentos curtos (30 min). Casos de Angina e IM: Se o paciente estiver fazendo uso de um vasodilatador coronariano, argumente com o cardiologista sobre a conveniência de se administrar uma dose profilática de dinitrato de isossorbida 2,5-5 mg (Isordil®), por via sublingual, 1-2 min antes do início do atendimento. Em caso de uso contínuo de anticoagulantes como a varfarina devem ter a razão normalizada internacional (RNI) avaliada preferencialmente em período < 24 h antes de procedimentos que causem sangramento, para evitar o risco de hemorragia. Considerar sedação mínima e procedimentos curtos. Utilizar pequenos volumes de uma solução de lidocaína 2% com epinefrina 1:200.000 ou prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/mL. Arritmias Cardíacas: Fazer contato sempre com cardiologista. Investigar uso de anticoagulantes, marca- passos. Considerar sempre sedação mínima. Em casos de arritmias estáveis e bem controladas (assim informadas pelo médico), podem ser empregados pequenos volumes de soluções anestésicas contendo epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000. Soluções contendo felipressina 0,03 UI/mL podem ser empregadas quando não houver expectativa de sangramento. Em casos severos e não controlados, evitar uso da epinefrina. Sobre prevenção de endocardites (protocolo de profilaxia antibiótica já mencionado): Técnicas anestésicas Materiais necessário: Seringa carpule (com refluxo): Agulha: • Calibre: 27 G e 30 G (a 30 G é mais fina, pois é inversamente proporcional). • Comprimento: longa (32 mm); curta (20mm). - Obs: a 27 G é longa, enquanto que a 30 G é curta. Tipos de injeção a) Infiltração Injeção em pequenas terminações nervosas na área do tratamento. 20 b) Bloqueio do campo, infiltrativa terminal ou supraperióstea Injeção em ramos terminais maiores. c) Troncular ou bloqueio regional Injeção próxima ao tronco nervoso principal, distante da área de tratamento. Técnicas Anestésicas da Maxila • Anestésicos tópico Seu efeito anestésico não é muito eficaz. O anestésico tópico é indicado para que o paciente não sinta a dor causada pela introdução da agulha. • Infiltrativa terminal (bloqueio de campo ou supraperióstea) - Indicada de pré-molar a pré-molar na maxila. - Deve-se introduzir a agulha no fundo de vestíbulo, em direção ao ápice do dente a ser anestesiado. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). Obs: não é indicada para molares pois a tábua óssea é mais espessa. • Infiltração local no palato - Deve-se manter distância de 5mm da borda gengival. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). - Válida para qualquer dente Pressionar com algum instrumental rombopara minimizar a dor (pois causa uma isquemia no local) e injetar o anestésico •Tuberosidade baixa (bloqueio do nervo alveolar superior posterior - ASP) - Essa técnica deve ser feita com a boca entreaberta. - Deve-se introduzir a agulha na altura da prega muco- vestibular sobre o 2º molar superior, avança-la para cima, para dentro e para trás a 45º. -O ponto de referência caso não haja o 2º molar superior é a crista zigomático alveolar. - Profundidade de penetração de 16mm (pode usar agulha curta). • Tuberosidade alta - Deve-se introduzir a agulha na altura da prega muco- vestibular sobre o 2º molar superior, avança-la para cima, para dentro e para trás a 45º. - Profundidade de penetração de 30 mm (usar agulha longa). Durante a execução dessa técnica, pode-se atingir o plexo venoso pterigoideo, formando um aumento de volume no local. • Infra-orbitário (bloqueio do nervo aleveolar superior anterior e médio) - Indicada para dentes inclusos no palato. - A agulha deve estar paralela ao eixo longitudinal sobre o 1º pré-molar superior. - Profundidade de penetração de 16mm (podese usar agulha curta). - Deve-se fazer uma pressão digital na área para que o anestésico penetre no forame infraorbitário. 21 • Palatino maior (bloqueio do nervo palatino maior) - Deve-se manter uma distância de 1cm da borda da gengiva. - Identificar o forame palatino maior. - O ponto de referência é na altura da distal do 2º molar superior. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). • Nasopalatino - Ângulo de 45º com a papila incisiva. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). - Pode-se minimizar a dor pressionando o local ou anestesiar o freio, na papila e por fim no nasopalatino (técnica das 3 punções). VOLUME DE ANESTÉSICO PARA AS TÉCNICAS MAXILARES Técnicas Anestésicas da Mandíbula Ramos Sensitivos do Nervo Mandibular (V3) • Nervo Lingual; • Nervo Bucal; • Nervo Alveolar Inferior (lança os ramos para o Nervo Mentoniano e Nervo Incisivo). Técnicas • Supraperióstea - Deve-se introduzir a agulha no fundo de vestíbulo, em direção ao ápice do dente a ser anestesiado. - Não é a técnica de escolha para a mandíbula. • Bloqueio do Nervo Alveolar Inferior (BNAI) - Possui como pontos de referência: altura a 1 cm acima da oclusal dos dentes; a agulha deve estar posicionada nos pré- molares do lado oposto; deve-se introduzir a agulha imediatamente a frente da rafe pterigomandibular. 22 Profundidade de penetração de 20mm (devese usar agulha longa). O nervo lingual também é anestesiado nessa técnica devido a proximidade • Bloqueio do Nervo Bucal - Deve-se introduzir a agulha na borda anterior do ramo da mandíbula ou fundo de vestíbulo dos molares inferiores. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). • Bloqueio do nervo mentoniano - Técnica indicada para biópsia no lábio, na gengiva, etc. - Referência para introdução da agulha: prémolares inferiores. - Deve-se introduzir a agulha no fundo de vestíbulo dos pré- molares. - Deve-se introduzir menos de 5mm (pode-se usar agulha curta). • Bloqueio do nervo incisivo/mentoniano - Indicada para exodontia de dentes anteriores. - Referência para introdução da agulha: forame mentoniano. - O forame mentoniano será localizado através da radiografia, a partir dai, deve-se introduzir a agulha ao longo eixo do dente buscando o forame mentoniano. - Deve-se pressionar/massagear o local para que o anestésico penetre no forame mentoniano. Odontopediatria SEDAÇÃO MÍNIMA O diazepam e o midazolam são os mais indicados para crianças. O diazepam tem doses recomendadas 0,2- 0,5 mg/kg. Tem maior duração de ação ansiolítica (6-8h), e longo periodo de eliminação, e isso são desvantagens.O midazolam é o benzodiazepínico mais usado em pediatria e as dosagens recomendadas são 0,25 – 0,5 mg/kg. Tem rápido início e menor tempo de duração de ação, geralmente provoca amnésia anterógrada. ANESTÉSICO LOCAL Atenção à dosagem pois níveis plasmáticos elevados de anestésico local ocorrem facilmente na criança, pois seu volume de sangue corporal é menor. Os anestésicos são depressores do SNC. Portanto, quando for considerada a sedação mínima na criança, o volume da solução anestésica local deve ser menor do que o usual, pois a criança é mais sensível à ação dos fármacos depressores. Usa-se, normalmente, mepivacaína + epinefrina, lidocaina + epinefrina ou articaina + epinefrina (não recomendada para menores de 4 anos). Anestésicos de longa duração predispõem a complicações como trauma por mordedura acidental de lingua e lábios (não utilizar bupivacaína). Alérgicos a sulfitos, utilizar prilocaína com felipressina.. ANALGÉSICOS Dipirona gotas: 15mg/kg com intervalos de 4h. 1⁄2 gota por kg de peso, até o máximo de 20 gotas. Paracetamol gotas: 1 gota/kg, até o máximo de 35 gotas. Não exceder 5 administrações diárias, pois isso pode causar dano hepático. Ibuprofeno gotas: 50mg/ml (cada gota tem 5mg): Dose é 10- 15 mg/kg/dose. 1 gota/kg a cada 6 ou 8h. Não exceder 40 gotas (200mg). ANTI-INFLAMATÓRIOS Para prevenção da hiperalgesia e controle do edema pós- operatório, administrar betametasona solução oral “gotas” (0,5 mg/mL), na dosagem de 0,025-0,05 mg/kg de peso corporal, em dose única, 30 min antes do procedimento. Como regra prática, empregar 1-2 gotas da solução/kg de peso corporal, de acordo com o tipo de intervenção. 23 Os AINEs são pouco indicados, com exceção do ibuprofeno (acima de 400mg). Diclofenaco sódico e potássico são contra-indicados em < de 14 anos, assim como o nimesulida. ANTIBIÓTICOS A amoxicilina é o mais indicado para infecções iniciais. Para as avançadas, pode-se adicionar o metronidazol à terapia. Em caso de alergia às penicilinas, indica-se de estearato de eritromicina como 2ª opção, sendo que claritromicina e azitromicina são usadas para as infecções mais avançadas. Profilaxia (quando indicado): Amoxicilina 50 mg/kg por via oral, 1 h antes do procedimento ou em caso de alergias usar Cefalexina ou cefradoxil 50 mg/kg. Em casos de infecção: Dica: Quando não se sabe o peso da criança e não tem balança, utilizar a fórmula: Peso = (idade x2) + 9. Complicações Locais Várias complicações potenciais estão associadas à administração de anestésicos locais. Deve-se enfatizar que, com qualquer complicação associada à administração de anestésico local, deve-se fazer uma anotação na ficha dentária do paciente Fratura de agulha A maioria dos casos de fratura de agulha estão relacionados à anestesia no BNAI (bloqueio do nervo alveolar inferior) • A fratura de agulha por si não é um problema importante se a agulha puder ser removida sem intervenção cirúrgica. • O acesso rápido a uma pinça hemostática permite que o dentista ou assistente segurem a extremidade proximal visível do fragmento da agulha e a removam do tecido mole. • Gerenciamento: encaminhamento imediato (para um bucomaxilofacial) para avaliação e possível retirada • O tratamento envolve localização por meio do RX panorâmica ou TC (tomografia computadorizada) Parestesia Algumas vezes o paciente relata dormência (“congelamento”) durante horas ou dias após uma injeção de anestésico local. Quando a anestesia persistir por dias, semanas ou meses, eleva-se o potencial para desenvolvimento de problemas. A parestesia ou anestesia persistente é uma complicação perturbadora, ainda que muitas vezes imprevisível, da administração de anestesia local. A parestesia é uma das causas mais frequentes de processos por má prática odontológica. A resposta clínica do paciente a isso pode ser profusa e variada, incluindo sensações de adormecimento, inchaço, formigamento e prurido. Podem-se observar mordedura de língua, salivação, perda do paladar e impossibilidade de falar Tratamento: A maioria dos casosde parestesia se resolve em aproximadamente 8 semanas sem tratamento. Somente quando a lesão ao nervo for grave, a parestesia será permanente, e isso raramente ocorre. Paralisia do nervo facial A paralisia de alguns de seus ramos terminais do N.VII ocorre sempre que se administra bloqueio de nervo infraorbital ou quando se infiltram os caninos maxilares. Também se observa músculo caído quando, ocasionalmente, anestesiam-se as fibras motoras por deposição inadvertida de anestésico local em suas proximidades. Isso pode ocorrer quando se introduz o anestésico no lobo profundo da glândula parótida, através do qual as porções terminais do nervo facial se estendem. Trismo Define-se trismo,, como um espasmo tetânico prolongado dos músculos da mandíbula, que acabam por restringir a abertura normal da boca. Embora a dor pós-injeção seja a complicação local mais comum da anestesia local, o trismo pode se tornar um dos problemas mais crônicos e difíceis de tratar. 24 Causas: O trauma em músculos ou vasos sanguíneos na fossa infratemporal é o fator causal mais comum. Gerenciamento: • Com dor e disfunção leves, o paciente relata dificuldade mínima de abertura da boca. Agende uma consulta para exame. Enquanto isso, prescreva terapia pelo calor, lavagens com solução salina morna, analgésicos e, se necessário, relaxantes musculares para gerenciar a fase inicial do espasmo muscular. • A terapia pelo calor consiste na aplicação de toalhas quentes úmidas na área acometida por aproximadamente 20 minutos de hora em hora. • Para a lavagem com solução salina morna, adiciona-se uma colher de chá de sal em 350 mL de água morna; o líquido é mantido na boca no lado envolvido (e cuspido) para ajudar a aliviar o desconforto do trismo. • O ácido acetilsalicílico (325mg) em geral é adequado no gerenciamento da dor associada ao trismo. Suas propriedades anti-inflamatórias também são benéficas. Usa-se o diazepam (aproximadamente 10 mg BID) ou outro benzodiazepínico para relaxamento muscular, se considerado necessário. Lesão de tecido mole O trauma ocorre mais frequentemente em crianças pequenas, em crianças ou adultos física ou mentalmente incapazes e em pacientes muito idosos; entretanto, ele pode ocorrer em pacientes de todas as idades. A causa primária é o fato de que a anestesia dos tecidos moles dura significativamente mais que a anestesia pulpar. Prevenção: Deve-se selecionar um anestésico local de duração apropriada se os tratamentos dentários forem curtos. Gerenciamento: 1. Analgésicos para dor, conforme necessário. 2. Antibióticos, conforme necessário, na improvável situação em que ocorra infecção. 3. Lavagens com solução salina morna para ajudar a reduzir o edema que possa estar presente. 4. Vaselina ou outro lubrificante para cobrir uma lesão no lábio e minimizar a irritação. Hematoma A efusão de sangue nos espaços extravasculares pode ser causada por corte inadvertido de um vaso sanguíneo (artéria ou veia) durante a administração de anestésico local. Em virtude da densidade do tecido no palato duro e sua firme aderência ao osso, o hematoma raramente se desenvolve após uma injeção no palato. Prevenção: • É importante o conhecimento da anatomia normal envolvida na injeção proposta. Certas técnicas estão associadas a um risco mais elevado de hematoma visível. O bloqueio de nervo ASP é o mais comum, seguido pelo BNAI (em um distante segundo lugar) e o bloqueio do nervo mental/incisivo. • Modificar a técnica de injeção conforme for imposto pela anatomia do paciente. Por exemplo, a profundidade de penetração para um bloqueio de nervo ASP pode ser reduzida em um paciente com características faciais menores. Gerenciamento: Imediato. • Quando o aumento de volume se torna evidente durante ou imediatamente após a injeção de anestésico local, deve-se aplicar pressão direta no local da hemorragia. • Para a maioria das injeções, o vaso sanguíneo localiza-se entre a superfície da membrana mucosa e o osso; deve-se aplicar pressão localizada por não menos de 2 minutos. Isso efetivamente para o sangramento. Cirurgia Cirurgias por via alveolar e pequenas cirurgias de tecido mole tendem a ter desconforto leve, sendo indicado utilizar analgesia preventiva. - Dipirona Sódica 500mg a 1g no término do procedimento, ou paracetamol 750mg ou ibuprofeno 200mg. Com orientação de tomar por mais 2 a 3 dias se houver dor. Cirurgias de dentes inclusos, com manipulação óssea, extenso descolamento, etc tendem a ter desconforto moderado. Uso de sedação minima pode ser útil. Profilaxia antibiótica somente se houver indicação (imunodeficientes, pericoronarite prévia, endocardite, etc). O risco de infecção pós-operatória também é baixo, e a literatura não mostra aumento significante de infecções após esses procedimentos, na ausência de antibiótico. Muito do que é prescrito de antibiótico em cirurgias como essa é mais um sistema de defesa do dentista (ele fica mais tranquilo) do que uma indicação real para o paciente. Nesses casos pode considerar uso de anti-inflamatorios esteroidais (dexametasona 4mg) antes e depois do procedimento ou AINEs (nimesulida, ibuprofeno, cetorolaco) no pós operatório. Dor do tipo pulsátil após o procedimento, e refratário a analgésicos, pode ser alveolite, portanto é interess ante investigar. 25 Técnicas Suplementares Injeção do Ligamento Periodontal ÁREAS ANESTESIADAS: Osso, tecidos moles e tecidos apicais e pulpares na área da injeção. INDICAÇÕES - Anestesia pulpar de um ou dois dentes num quadrante -Tratamento de dentes isolados em dois quadrantes mandibulares (para se evitar um BNAI bilateral) - Pacientes nos quais não é desejável a anestesia residual dos tecidos moles - Situações em que uma anestesia regional em bloco está contraindicada - Como um possível auxiliar no diagnóstico de desconfortos pulpares - Como uma técnica adjuvante após uma anestesia nervosa em bloco caso esteja presente uma anestesia parcial VANTAGENS - Não há anestesia do lábio, da língua e de outros tecidos moles, facilitando assim o tratamento em múltiplos quadrantes durante a mesma consulta. - Dose mínima do anestésico local necessária para a obtenção da anestesia (0,2 ml por raiz) - Como alternativa a uma anestesia nervosa regional em bloco parcialmente bem-sucedida - Início rápido de uma anestesia profunda da polpa e dos tecidos moles (30 segundos) - Menos traumática que as injeções em bloco convencionais - Bem adequada a procedimentos em crianças, a extrações e a procedimentos periodontais e endodônticos em um dente único e em múltiplos quadrantes. Injeção Intrasseptal ÁREAS ANESTESIADAS: Osso, tecidos moles, estrutura da raiz na área da injeção INDICAÇÕES -Casos em que se desejam tanto o controle da dor como a hemostasia para o tratamento periodontal ósseo e dos tecidos moles. VANTAGENS - Ausência de anestesia dos lábios e da língua - Necessidade de volumes mínimos do anestésico local - Grande redução do sangramento durante o procedimento cirúrgico - Atraumática - Início de ação imediato (<30 segundos) - Poucas complicações pós-operatórias - Útil em dentes com envolvimento periodontal (evita bolsões infectados) Injeção intrapulpar ÁREAS ANESTESIADAS: Tecidos dentro do dente injetado INDICAÇÃO: Quando o controle da dor é necessário para extirpação pulpar ou algum outro tratamento endodôntico na ausência de anestesia adequada proveniente de outras técnicas. - Anestesia profunda no dente com envolvimento pulpar - Depósito de anestésico local diretamente na porção coronal da câmara da polpa de um dente - Pode ser utilizada em qualquer dente. VANTAGENS - Ausência de anestesia do lábio e da língua (apreciada pela maioria dos pacientes) - Necessidade de um volume mínimo da solução anestésica - Início de ação imediato - Muito poucas complicações pós-operatórias