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Terapia Periodontal Não Cirúrgica

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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 
Terapia Periodontal Não Cirúrgica 
Introdução 
- Os objetivos da terapia periodontal – cirúrgica 
e não cirúrgica – incluem prevenção, eliminação 
ou controle da doença, recuperação dos tecidos 
perdidos – nesse ponto a terapia periodontal não 
cirúrgica não contribui muito – e manutenção dos 
resultados conseguidos; 
- A terapia não cirúrgica é a base para o 
tratamento da DP, podendo ser a única forma de 
tratamento ativo, é, obrigatoriamente uma etapa 
pré-cirúrgica – uma vez que atua reduzindo a 
inflamação, deixando os tecidos mais firmes para 
incisão e reduzindo o sangramento durante a 
cirurgia – e uma complementação da terapia 
cirúrgica. Além disso, ela é a base da terapia de 
suporte, sendo essencial para a manutenção 
dos resultados; 
- Dentro do plano de tratamento periodontal, a 
terapia não cirúrgica vai estar presente nas 
urgências/terapia sistêmica – controle de 
doenças sistêmicas que possam estar afetando a 
saúde do periodonto – na terapia inicial ou 
básica – aqui ela é utilizada em larga escala – na 
terapia restauradora – remoção de sítios que 
estejam favorecendo o acúmulo de placa – nas 
novas OHB – principalmente nos pacientes que 
passaram por terapia restauradora – e na terapia 
de suporte; 
 
OBS.: Os fatores etiológicos locais, normalmente, 
atuam facilitando o acúmulo de biofilme, enquanto 
os fatores gerais, geralmente, estão associados a 
modificação na resposta imune. 
• Estratégias da Terapia Não Cirúrgica 
- Eliminação de fatores etiológicos, modulação da 
resposta imune e estímulo de reparo ou regressão 
da doença – são terapias mais recentes, estando 
algumas ainda em fase de teste; 
• Procedimentos da Terapia Não Cirúrgica 
- Instrumentação não cirúrgica; 
- Eliminação/controle de fatores secundários; 
- Controle pessoal do biofilme; 
- Utilização de antimicrobianos; 
- Modulação da resposta imune; 
- Outros. 
Instrumentação Periodontal 
- É utilizada a mais de 100 anos na periodontia 
para remoção do biofilme, tendo sua importância 
aumentado após a descoberta da natureza e do 
papel do biofilme nas doenças periodontais; 
- Visa eliminar o biofilme e as manchas. 
Podendo ser feita de duas formas → raspagem e 
profilaxia/polimento; 
• Raspagem 
- O objetivo primário da raspagem é a remoção do 
biofilme mineralizado – cálculo. E o secundário é 
eliminar manchas; 
- É dividida em supragengival – sempre começa 
por ela – e subgengival + alisamento radicular; 
OBS.: Supragengival, RACR – raspagem com 
alisamento coronoradicular – RAR – raspagem 
com alisamento radicular. 
!!! Instrumental 
- Instrumentos manuais – foices, curetas, limas, 
enxadas e cinzéis – e automatizados – sônicos 
(até 7000 Hz, são acoplados em um equipo, 
semelhante as canetas de alta e baixa rotação) e 
ultrassônicos (a partir de 22.000 Hz até 40.000 
Hz, esses instrumentos geralmente são ligados 
diretamente na tomada, sendo mais comumente 
utilizados); 
- Instrumentos Ultrassônicos: São indicados 
para remoção de cálculo supragengival e 
subgengival – com pontas de pequeno diâmetro 
– e em locais de difícil acesso – como locais de 
lesão de furca. A vibração da ponta gera ondas 
ultrassônicas, retirando biofilme as bactérias 
por três mecanismos – fraturando o cálculo, 
removendo as bactérias com a água usada no 
sistema de refrigeração e por meio da cavitação 
(vibração + água da refrigeração = formação de 
bolhas que explodem na superfície do biofilme. 
Existem, atualmente, aparelhos piezoelétricos – 
as pontas só vibram de maneira pendular – e 
magnetorrestritivos – as pontas vibram de forma 
elíptica; 
- Manual x Ultrassom: Eles possuem diferentes 
mecanismos de ação, mas tem uma efetividade 
similar. Para o operador, o ultrassom oferece uma 
comodidade, visto que exige menor esforço, mas 
para o paciente, ele pode estar associado a uma 
maior sensibilidade, além de deixar a superfície 
radicular mais irregular; 
• Profilaxia/Polimento 
- Proporciona uma remoção do biofilme não 
mineralizado, de manchas e do evidenciador de 
placa; 
- Pode ser usada de forma isolada – quando o 
paciente não possui cálculo – ou após raspagem; 
- Para sua realização, são usados abrasivos → 
pastas abrasivas – pasta profilática ou pasta de 
preda pomes + água – e jato de bicarbonato – 
bem frequentemente associado a ultrassons; 
!!! ATF – Aplicação Tópica de Flúor: Quando 
se faz um procedimento de raspagem ou de 
profilaxia, sempre haverá um desgaste da 
superfície dentária, o que aumenta ou cria o risco 
de desenvolvimento de sensibilidade após o 
procedimento, por isso, é essencial a ATF. 
Protocolos de Instrumentação 
- Existem dois tipos → Convencional e boca 
toda; 
- No protocolo convencional, divide-se a boca em 
sextantes ou quadrantes, e a instrumentação é 
feita por sextante ou quadrante a cada sessão – 1 
por sessão, 2 por sessão, por exemplo. Nesse 
protocolo, dependendo da gravidade da doença – 
quantidade de cálculo – é normal que sejam feitas 
várias sessões; 
- No protocolo de boca toda, completa-se todo o 
tratamento em 24 h. Esse tipo surgiu visando a 
prevenção da recolonização/transferência – 
que “poderia” ocorrer de sítios não instrumentados 
para sítios instrumentados – e estimulação da 
resposta imune de uma maior magnitude do que 
no protocolo convencional. Dentre os protocolos 
de boca toda, os mais conhecidos são o protocolo 
original – a RACR é feita em 24 h, dividida em 
duas sessões, é feita irrigação subgengival com 
gel de clorexidina 1% (3x em 10 min), repetida 
após três dias, escovação da língua com o mesmo 
gel e bochechos com clorexidina 0,2% durante 14 
dias (em casa) – modificado e debridamento 
ultrassônico. Esse protocolo está mais associado 
a maiores níveis de desconforto pós-operatório; 
- O que a literatura mostra que não há diferenças 
significativas na efetividade, comparando os 
dois protocolos. Dentre os fatores que se deve 
considerar para determinar qual protocolo será 
utilizado tem-se → preferência, custo, tempo e 
desconforto. Sendo o controle pessoal da placa 
essencial em ambos os casos. 
Efeitos da Instrumentação 
- Há efeitos microbiológicos e teciduais; 
• Microbiológico 
- São observados efeitos quantitativos – redução 
na quantidade de microrganismos presentes, 
permitindo inclusive, que o sistema de defesa atue 
de maneira mais eficaz – e qualitativos – ao 
eliminar uma parte dos microrganismos, também 
se fornece O2 para os remanescentes, o que 
favorece a sobrevivência de bactérias aeróbias, 
mais associadas com estado de saúde, diferente 
das GRAM - anaeróbias, mais associadas com a 
DP; 
• Teciduais 
- Tecidos Moles: Observa-se uma redução da 
inflamação, implicando num menor sangramento e 
menor profundidade de sondagem; 
- Tecido Ósseo: Pode até ocorrer remodelação, 
mas não há ganho ósseo – só em situações muito 
específicas; 
- Dente: Redução da mobilidade – se for muito 
pequena pode deixar de existir, mas isso é raro. 
Limitações da Instrumentação 
- A eficácia do tratamento diminui com o 
aumento da profundidade da bolsa periodontal 
– bolsas acima de 5 mm, estão associadas a uma 
maior dificuldade na remoção de todo o cálculo, o 
que implica nos resultados; 
- Existe uma possibilidade de recolonização, 
principalmente se não há remoção do cálculo todo. 
A instrumentação não elimina as bactérias que já 
adentraram na gengiva – epitélio e isoladamente 
não garante sucesso. 
Eliminação dos Fatores Secundários 
- A instrumentação vai atuar tanto na eliminação 
de fatores primários – remoção do biofilme – 
quanto dos fatores secundários, que não geram 
a doença por si só, mas podem favorecer o 
acúmulo de biofilme ou ainda influenciar nas 
manifestações clínicas da doença periodontal; 
- Dentre os procedimentos utilizados contra esses 
fatores secundários tem-se → eliminação de 
fatores de retenção do biofilme – restaurações 
em excesso, apinhamento, por exemplo – de 
forças oclusais traumáticas – contribuem para a 
progressão da DP,aumentando a velocidade de 
destruição tecidual – de fatores modificadores 
gerais modificáveis – controle de diabetes, por 
exemplo – que pode ocorrer antes, durante ou 
após a instrumentação. 
Modulação da Resposta Imune 
- A resposta imune é o principal responsável pela 
destruição tecidual. A estratégia de modulação – 
MRI – já é utilizada na medicina, ela não visa 
substituir as terapias tradicionais – como a 
raspagem – nem objetiva a supressão total da 
resposta imune, o que se busca é fazer com que 
a resposta fique num nível adequado, nem para 
mais, nem para menos; 
- A primeira estratégia utilizada, na periodontia, 
para modulação da resposta imune foi o uso de 
doxiciclina – tetraciclina – em doses sub-
antimicrobianas → em doses mais baixas, a 
doxiciclina tem a capacidade de inibir a ação das 
metaloproteinases – um dos mediadores que 
atuam na destruição dos tecidos periodontais – 
limitando a inflamação e a perda óssea, sem 
induzir resistência. Apresentação comercial: 
Periostat – hiclato de doxiciclina, cápsulas de 20 
mg. Estudos mostram que esse uso é muito 
seguro, sendo indicado nos casos de periodontite 
refratária – que não responderam a terapia 
convencional – moderada ou severa, com uso 
diário, durante 9 meses, estando associada há um 
aumento do NIC; 
OBS.: A doxiciclina não é tão utilizada na prática 
clínica no Brasil. 
!!! AINES → Atuam inibindo a produção de 
mediadores inflamatórios e a perda óssea. 
Estudos mostram que eles têm uma boa eficácia, 
entretanto, estão associados a efeitos adversos 
potencialmente sérios, não sendo amplamente 
utilizados; 
!!! Bisfosfonatos → Dentro desse grupo pode-
se citar o pamidronato, o alendronato e o ácido 
zoledrônico. Atuam inibindo o desenvolvimento da 
atividade osteoclástica de reabsorção óssea. São 
utilizados no tratamento de diversas doenças, 
como osteoporose, doença de Paget e tumores 
ósseos, existindo evidências de melhora nos 
parâmetros periodontais. Entretanto, seu uso é 
limitado – ligado a MRONJ; 
!!! Lasers de Alta Potência → São usados na 
remoção de cálculo, principalmente, por meio do 
aquecimento e ablação – a luz do laser é 
absorvida pela água e pela hidroxiapatita, que são 
componentes do cálculo, gerando aquecimento do 
cálculo e ocasionado sua fratura. Apesar de vários 
lasers terem sido testados, as evidências mostram 
que o de Er:YAG são os mais adequados. Os 
estudos mostram que a eficácia do laser de alta 
potência é equivalente aos métodos tradicionais, 
sendo a sua utilização restrita – devido ao custo e 
ao aquecimento gerado, que pode provocar lesão 
na polpa, por exemplo; 
!!! Lasers de Baixa Potência → Laser de 
diodo, atuam por meio de um efeito fotoquímico 
– atuando semelhante as enzimas – atuando na 
redução da carga microbiana, da dor e inflamação, 
estimulando o reparo pós-cirurgia e reduzindo a 
hipersensibilidade. Até o momento, não existem 
muitos estudos científicos comprovando a eficácia 
deles. 
Terapias em Desenvolvimento 
- Probióticos: Utilização de bactérias “boas” – 
aeróbias, associadas a saúde – dentro das bolsas 
periodontais, para diminuir a patogenicidade e 
diminuir/dificultar a colonização por bactérias 
patogênicas; 
- Choque Extracorpóreo: Choques na região das 
bochechas capazes de estimular a regeneração 
óssea; 
- Campos Elétricos: Feitos localmente, com o 
objetivo de aumentar a eficácia dos antibióticos 
contra as bactérias; 
- Polimentos com Pó de Glicina: Alguns estudos 
sugerem que esse uso do pó de glicina seria capaz 
até mesmo de remover cálculo – os aparelhos com 
pontas especiais jogam essa substância na região 
subgengival; 
- Oxigênio Hiperbárico: O fornecimento de 
grande quantidade de O2, pode atuar destruindo 
as bactérias anaeróbias presentes, tornando o 
ambiente ruim para o seu desenvolvimento; 
- Estatinas: São medicamentos utilizados no 
controle do colesterol, mas alguns estudos 
mostram que elas podem atuar estimulando 
regeneração óssea; 
- Teriparatida: É um aminoácido do PTH, sendo 
usado no tratamento da osteoporose/fraturas 
ósseas, alguns estudos mostram que ela pode 
atuar no processo de reparo ósseo; 
- Comidas, Plantas e Sementes: Utilização de 
alimentos derivados do leite, eucalipto e semente 
de grapefruit, por exemplo; 
- Vacinação – ainda não há nenhuma eficaz e 
segura – Engenharia Tecidual – usando células 
tronco do tecido periodontal cultivadas em 
laboratório, após coleta, para implantação nos 
locais de defeito ósseo – e Terapia Gênica – 
manipulação genes para que as células passem a 
produzir substâncias (como as proteínas) que 
poderiam levar a regeneração óssea; 
- Resolvinas: Já há tentativas de produção de 
resolvinas, que são anti-inflamatórios naturais 
do organismo.

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