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Introdução à nefrologia pediátrica ⇒ Glomerulopatias: são alterações dos glomérulos que podem ocorrer em qualquer um dos seus componentes, consequentemente alterando a filtração glomerular. ● Etiologias: Glomerulonefrite membranoproliferativa; glomerulonefrite rapidamente progressiva; doença de Berger e glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica (Streptococcus A de Lancefield → pós faringoamigdalite ou piodermite, principalmente; principal causa em pediatria). ● Trilogia da Glomerulonefrite difusa aguda: ○ Edema ○ Hematúria ○ Hipertensão ○ Também ocorre: ■ Queda da TFG ■ Proteinúria → a proteinúria da GNDA não é tão importante quanto na síndrome nefrótica (raramente é em níveis nefróticos) ⇒ Glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica: É a causa mais comum de síndrome nefrítica em pediatria. O pico de incidência é por volta de 7 anos de idade. É a principal complicação não supurativa do estreptococo do grupo A. ● OBS: O estreptococo do grupo A também pode levar a febre reumática ● Fisiopatologia: Doença imunologicamente mediada. Há deposição de imunocomplexos no glomérulo. Nem todos os estreptococos do grupo A causam isso, existem cepas nefritógenicas. Os imunocomplexos fazem reação cruzada entre sistema imune e células glomerulares. A inflamação no glomérulo leva a alterações em sua integridade, consequentemente há perda de função da ultrafiltração e passagem de elementos anormais (hemácias → hematúria, leucócitos → leucocitúria e proteínas → proteinúria (<3,5 G/dia)). Com a redução da filtração glomerular, a função renal também fica comprometida e consequentemente há hipervolemia (a criança passa a ficar edemaciada e hipertensa). ○ OBS: Urina I → hematúria (micro ou macroscópica), cilindros e proteinúria ○ OBS: A função tubular está normal ○ OBS: A cascata do complemento será consumida, por isso, se realizarmos exames de dosagem, o complemento estará diminuído ○ Em vigência de síndrome nefrítica, geralmente a criança já teve o quadro infeccioso agudo (pelo estreptococo do grupo A) resolvido. Além disso, o fato da criança ter sido tratada para amigdalite e piodermite, não impede a criança de desenvolver GNDA → Quadro clínico: ● Quadro clássico: edema, hematúria e hipertensão ● Pode ocorrer 10 dias ou até 6 semanas após infecção pelo estreptococo do grupo A ● O estado geral está pouco comprometido com sintomas gerais leves (cefaléia, inapetência...) ● Redução da diurese e apresentação de oligúria ● Hipertensão arterial potencialmente grave → Complicações: ● Hipervolemia com congestão → leva a hipertensão, pode fazer um quadro de ICC e pode até encharcar o pulmão ● Emergência hipertensiva/encefalopatia hipertensiva ● Insuficiência renal aguda → Exames complementares: ● Urina I ● Proteinúria 24 horas ● Dosagem de complemento sérico (C3 e CH50) ● Biópsia renal (raramente, por ser um quadro benigno e de resolubilidade espontânea) → Tratamento: ● O repouso é relativo → solicitamos enquanto vigência de hipertensão ● Restrição hídrica → o ideal é ajustar de acordo com o que ela está perdendo, principalmente em vigência de edema e oligúria ● Restrição de sódio → enquanto está edemaciado e hipertenso é necessário ● Antibióticos: Não há necessidade a não ser que evidência de infecção ativa. Se necessário, utilizamos o grupo das penicilinas (amoxicilina VO ou Benzetacil) ● Diuréticos: utilizamos diuréticos de alça (furosemida) na fase de edema e oligúria. A via de administração depende da situação da criança ● Anti-hipertensivos: usados em vigência de emergência hipertensiva. Pode ser necessário internação na UTI ● Imunossupressores: parece que não são efetivos, a não ser quando a criança evolui fora do comum e na biópsia é visto outro tipo de evolução ● Terapia de substituição renal (diálise): raríssimos casos → Prognóstico: normalmente é autolimitado, dura cerca de 1 mês. Casos prolongados e com evolução difícil podem necessitar de biópsia. Mesmo após 1 mês podem permanecer alterações mínimas na urina. É necessário um segmento com o nefropediatra. Síndrome nefrótica Nefrótica se refere a quantidade de perda de proteína. Pode ser de variadas causas. A prevalência é bem mais baixa que a da síndrome nefrítica. O pico de incidência é no pré-escolar (2-7 anos). Acomete mais os meninos. ● O principal componente da síndrome nefrótica é a proteinúria maciça, em níveis nefróticos ○ OBS: Perde todos os tipos de proteína e inclusive tem mais risco de infecção, pois perde anticorpos (que também são proteínas) ● Hipoalbuminemia ● Edema (por conta da hipoalbuminemia → alteração da pressão oncótica) ● Hiperlipidemia → lipidúria (perda de lipídios na urina) → Definição de síndrome nefrótica: ● Proteinúria: > 50 mg/kg/dia OU >40 mg/m2/h OU Proteína/Creatinina urinária em amostra isolada > 2 mg/mg + hipoalbuminemia ≤ 2,5 g/dL ● Hipoalbuminemia: <2,5 g/dL ● A idiopática ou primária representa 90% dos casos → Causas: Lesão histológica mínima; glomeruloesclerose segmentar focal (GESF); glomerulonefrite membranoproliferativa; glomerulopatia membranosa; glomerulopatia crescêntica ● Todas essas causas são identificadas na biópsia → Fisiopatologia: O podócito é como um “esqueleto” que fica ao lado da membrana basal glomerular. Na síndrome nefrótica, há alteração de carga iônica, alterações genéticas, podocitopatia ou alteração imunológicas. Diante dessa fisiopatologia, com o problema na membrana basal glomerular e nos podócitos, há alteração de permeabilidade da membrana basal, o que permite a excreção de grandes quantidades de proteína, levando a proteinúria maciça ● Lesão histológica mínima: envolvimento de linfócitos na lesão podocitária com desorganização do citoesqueleto podocitário. ○ OBS: É a causa mais comum de síndrome nefrótica em crianças ● Glomeruloesclerose segmentar focal (GESF): Sinéquias glomerulares. Há depósito de proteínas no espaço de Bowman. Menos de 50% dos glomérulos são afetados, por isso focal, e menos de 50% de cada glomérulo é acometido, por isso segmentar ○ OBS: Causa comum de síndrome nefrótica em adolescentes e adultos. Tem prognóstico ruim → Quadro clínico: ● O edema é a principal manifestação clínica. É insidioso, mole e depressível. Pode levar a derrames cavitários (ascite, derrame pleural e derrame pericárdico) ● Hipovolemia: A hipoalbuminemia leva a alterações na pressão osmótica, para manter o equilíbrio, há saída de volume de dentro do vaso para o extracelular, então, apesar de edemaciado, a criança estará hipovolêmica e desidratada, sendo necessário se atentar a sinais de choque ● Imunodeficiência: os anticorpos também são proteínas, então também são perdidos. Podem fazer PBE. Os agentes mais comuns são S.Pneumoniae e E.coli. ● Hipercoagulabilidade: As crianças perdem os fatores anti-coagulantes na urina (antitrombina III e proteína S), causando hiperfibrinogenemia e aumento da agregação plaquetária ○ OBS: Mais comum em adultos ● Hiperlipidemia: Pela redução da pressão oncótica, os hepatócitos desviam a produção de apolipoproteínas, causando alteração nos mecanismos de depuração de LDL e VLDL → Exames complementares: ● Urina I ● Proteinúria 24 horas ● Lipidograma ● Função renal → diferencial com insuficiência renal → Tratamento: ✓ Inespecífico ● Restrição de sódio ● Ajuste de volemia: cristalóides (soro fisiológico, ringer) e colóides (albumina, por exemplo) ● Diuréticos: depende do caso ● Albumina: depende do caso ● É necessário internação ● O tratamento é feito pelo especialista ✓ Específico: para córtico sensíveis (o que diz se é ou não é a resposta ao tratamento) ● Corticoterapia → ajuda na remissão e manutenção ● Imunossupressores → Biópsia renal: necessário principalmente nos casos fora do comum (< 1 ano e > 10 anos). Também é necessária quando há hematúria, hipertensão arterial, redução do complemento sérico e quando é uma síndrome nefrótica corticorresistente → Prognóstico: depende do nº de recidivas (tendência a diminuir ao longo dos anos) e da resposta ao corticóide. Sempre devemos ter atençãoàs infecções e ao tromboembolismo. Atenção ao risco de evolução para doença renal crônica (GESF → DRC) ● Cura: 5 anos sem medicação e sem recorrência
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