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INTRODUÇÃO Precisamos ter em mente que estamos falando de um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam clinicamente demonstrando que existe uma lesão glomerular (logo, síndrome nefrítica e nefrótica não significa uma doença) Doenças glomerulares podem se dividir em síndrome nefrótica e síndrome nefrítica (porém isso apenas de maneira didática) – pois existem várias doenças que terão tanto características de sindrome nefrótica quanto nefrítica. A síndromes puramente nefróticas estão na ponta do gráfico, e as nefríticas no ponta contralateral. SÍNDROME NEFRÓTICA DEFINIÇÃO • Proteinúria > 3,5/24h/1,73m ► Crianças: > 50 mg/24 horas • Hipoalbuminemia • Edema • Hiperlipidemia Hiperlipidemia é uma resposta secundária do fígado, que na tentativa de produzir mais albumina produz também todos os outros lipídios GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS - SÍND. NEFRÓTICA • Glomerulopatia de lesões mínimas: microscopia óptica normal, imunofluorescência normal e na microsc. Eletrônica temos fusão dos podócitos • Glomerulopatia mesangiais (IgA, IgG) • Glomeruloesclerose segmentar e focal • Glomerulopatia membranosa • Glomerulopatia membranoproliferativo GLOMERULOPATIAS SECUNDÁRIAS - SIND. NEFRÓTICA • Doenças imunológicas: LES • Doenças metabólicas: diabetes, amiloidose • Infecções: hepatite B, C, HIV, Hanseníase, Esquistossomose • Neoplasias: adenocarcinomas, linfomas • Medicamentos: sais de ouro, penicilamina FISIOPATOLOGIA DO EDEMA-I Aumento da permeabilidade de proteínas → proteinúria → hipoalbunemia → redução da pressão oncótica e aumento da síntese hepática de lipoproteínas (hiperlipidemia) → aumento da pressão hidrostática → edema FISIOPATOLOGIA DO EDEMA II Proteinúria → hipoalbunemia → hipovolemia → ativação da macula densa (SRAA + SNS + ADH) → retenção de sódio e água → edema Normalmente os pacientes tem esses dois mecanismos juntos. A curto prazo, isso não é um problema, porém a longo prazo sim... PROGRESSÃO PARA IRC Lesão túbulo-intersticial: conhecido como as cicatrizes renais QUADRO CLÍNICO LABORATORIAL Existem vários problemas na coleta de proteinúria de 24 horas, então hoje podemos fazer a relação proteína/creatinina COMPLICAÇÕES NÃO RENAIS – SD. NEFRÓTICA HIPERCOAGULABILIDADE • Predominância de fatores pró-coagulantes em relação aos fibrinolíticos ► Antitrombina III ► Plasminogênio ► Proteína C ► Proteína A Paciente com altíssimo risco de trombose por deficiência de proteínas anti-trombogênicas. DISLIPIDEMIA • Maior potencial de doença aterosclerótica • > síntese hepática de lipoproteínas INFECÇÃO • Perda urinária de imunoglobulina • Perda urinária de complemento (diminuição opsonização) Corticoides são recomendados no tratamento, o que dificulta ainda mais, devido ao efeito de imunossupressão Por isso que é recomendado vacinação para os vermes encapsulados. TRATAMENTO • EDEMA: tratamos com restrição salina (dieta hipossódica) + diuréticos tiazídicos de alça e poupadores de potássio ► Dieta hipossódica de 3g NaCl/dia ► Cada tampinha de caneta bic tem 1g ► Diuréticos são associados aos poucos e apenas quando necesserário • Edema de dificil resolução: albumina EV ► Evitamos fazer em adultos ► É uma excessão ► Muito utilizada em crianças ► É caro e é um hemoderivado • Perda de peso até 1,0 Kg/dia • Drogas antiproteinúricas: ► Inibidores da ECA ► Bloqueadores dos receptores AT1 ► Não utilizamos os dois juntos ► Inibidores de SGLT2 também! • HIPERCOAGULABILIDADE: 20-25% da população nefrótica pode desenvolver trombose vascular • Pacientes nefróticos acamados por situações cirúrgicas, clínicas, ortopédicas devem ser submetidos à anticoagulação profilática • HIPERLIPIDEMIA: estatinas? – se for um problema agudo basicamente não vai precisar, mas se já for crônica deve ser tratada GN POR LESÕES MÍNIMAS • Crianças • Mais comum em meninos • Normotensão (não está dentro do espectro da sd. Nefrítica) • Proteinúria intensa (>50 mg/kg) • Raramente hematúria • Boa resposta aos corticóides • Sem pregressão para IRC: só progride quando achamos que é doença de lesão mínima, mas a verdade não é GN SEGMENTAR E FOCAL (GESF) • Principal GN causadora de SN • Comum em adultos jovens • Hipertensão arterial – chamada de síndrome nefrótica porque se apresenta muito comumente com proteinúria, porém ela apresenta alguns espectros de sd. Nefrítica também • Hematúria e disfunção renal • Resposta pobre aos corticóides (40%) - isso se encontrar a doença no começo, no final já é pior ainda • Evolução frequente para IRC • Associada com HIV GESF colapsante: muito mais grave pois colaba os glomérulos Focal porque acomete apenas algumas partes do rim e segmentar porque não pega todo o glomérulo GN MEMBRANOSA • 20% das SN • Mais comum acima de 50 anos • Associada a neoplasias sólidas, sendo a mais comum a hepatite B • HAS discreta • Pequena hematúria • Disfunção renal: principalmente se ficou muito tempo sem tratar Parece a doença por lesões mínimas, porém acontece mais em adultos! GN MEMBRANO-PROLIFERATIVA • 15% das SN • Mais comum em adultos e jovens • É muito grave • HAS • Hematúria • Só +- 30% que vão responder ao tratamento • Hipocomplementemia • Perda progressiva da progressão renal • Associada a hepatite C e crioglobulinemia (anticorpos que se precipitam no frio) Tem um componente nefrótico mas também tem um componente nefrítico! Temos que sempre procurar a causa secundária, pois caso ela seja a origem, devemos tratar a causa básica e não a síndrome nefrótica! SINDROME NEFRÍTICA DEFINIÇÃO • Hematúria: presença de cilíndros hemáticos e eritrócitos dismórficos • Hipertensão: encefalopatias, aumento do DC • Edema: ascite, derrame pleural GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS – SD. NEFRÍTICA • Glomerulonefrites Rapidamente Progressiva • Nefropatia por IgA (Doença de Berger) • Púrpura de Henoch-Schoenlein • Glomerulonefrite Membrano-Proliferativa Nefropatia por IgA: GN mais comum, associada a depósitos mesanguiais predominantemente de IgA; gravidade variável, incluindo desde hematúria assintomática incidental até casos de GNRP devido à nefropatia por IgA com crescentes (complemento estará normal) Púrpura de Henoch-schonlein: frequentemente autolimitada, associada a comprometimento gastro- intestinal e púrpura palpável das superfícies extensoras dos MMII (complemento estará normal) GLOMERULONEFRITES SECUNDÁRIAS – SD. NEFRÍTICA • Glomerulonefrite difusa aguda: pós infecciosa • Lupus eritematoso sistêmico • Secundária a infecções crônicas • Abcessos viscerais, “shunt”, endocardite • Glomerulonefrite membrano-proliferativa Toda vez que tiver proliferação é nefrítica e toda vez que tiver lesão em membrana é síndrome nefrótica – por isso que a GN membrano-proliferativa está entre as duas FISIOPATOLOGIA DO EDEMA Inflamação glomerular → reduz permeabilidade de Na+ e água → aumenta pressão hidrostática → edema e hipertensão arterial HEMATÚRIA • Hematúria dismórfica (glomerular) • Cilindros hemáticos • Macro ou microscópica Cilíndro hemático: só pode ter vindo do glomérulo A hematúria de origem glomerular resulta da migração de hemácias através de “rupturas” ou “fendas” que surgem nas alças capilares dos glomérulos “inflamados” – as hemácias vão do interior dos glomérulos para o sistema tubular, e se deformam ao passarem por estes poros estreitos. Além do dismorfismo eritrocitário e da presença de cilindros hemáticos, o sedimento urinário da síndrome nefrítica comumente revela piúria (leucocitúria) e cilindros leucocitários, deixando evidente a natureza inflamatória do processo... A eliminação destes cilindros celulares na urina é um indício importante de quea lesão renal se localiza no parênquima renal (glomérulos ou túbulos). No caso dos cilindros hemáticos, a localização da injúria, até se prove o contrário, é glomerular. QUADRO CLÍNICO LABORATORIAL • Edema: abrupto, indolor • Hipertensão arterial grave → inclusive necessitando de tratamento venoso (nitroprussiato) • Oligúria • Cursa com elevação das escórias nitrogenadas (creatina e uréia) • Urina I: proteinúrias leve, hematúria • Complemento: variável – é o pulo do gato para o diagnóstico COMPLEMENTO (C3, C4 E CH50) NORMAL REDUZIDO IgA (Berger) Lúpus Vasculites GNDA (pós-infecciosa) Membrano proliferativa Abscesso, shunt, endocardite GN PÓS-INFECCIOSA • Mais frequente: pós-streptocócica (mas outras bactérias também podem causar, por isso que deixou de ser chamada de GN pós estreptocócica) • Infecção pela cepa nefritogênica (Grupo A de lancefield) • Período de incubação: 1-2 semanas (orofaringe) • ASLO em títulos elevados • Idade: pré-escolar e escolar: por causa dos linfócitos naive, que reconhecem como estranho o que não é • Hematúria: dura 1 a 6 meses • Não se relaciona com o prognóstico • Complemento: normaliza em 4-6 semanas • Hipertensão: sódio e volume-dependente • Resoulção espontânea em até 8 semanas Criança com amigdalite (streptococos A lancefield) → linfócitos naive atacam strepto, porém, no rim temos um epitopo muito semelhante, assim os linfócitos passam a atacar o rim também (por isso cepas nefritogênicas) → então inflama o glomérulo → ativa sistema complemento, libera aminas vasoativas e ativa sistema de coagulação História clinica: criança de 2 a 12 anos com histórico de infecção de via aérea há 1 – 3 semanas ou impetigo há 3 – 6 semanas, passa a ter edema matutino periorbitário, hematúria, cilindros hemáticos (vêm do glomérulo), proteinúria, leucocitúria, encefalopatia hipertensiva. Evolução clínica: ausência de novos estímulos nefritogênicos → tratamento do edema (restrição hidrossalina) → regeneração estrutural do glomérulo → normalização da filtração de sal e agua GN RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (CRESCÊNTICA) • Mais grave: é uma urgência • Evolução rápida para IR • Tres tipos: 1. Depósito linear de imnocomplexos ► Anticorpos anti-membrana basal ► Síndrome de goodpasture Tem anticorpo em toda a membrana basal: entã esse paciente não filtra nada, a membrana está espessa e inflamada 2. Depósito granular de imunocomplexos ► LES, GN pós-estreptocócica 3. Pauci-imune (sem depósitos) ► Vasculites: granulomatose de wegener, doença de Chrug-Strauss Granulomatose de wegener: vasculite granulomatosa necrosante, acomete vias aéreas superiores, seios nasais, pulmões e rins; provoca lesões pulmonares: nódulos com cavitações – faz diagnóstico diferencial com tuberculose Síndrome de Churg-Strauss: eosinofilia com dispnéia e sibilos (semelhança com a asma, porém mesmo a asma sendo uma doença atópica, é incomum a presença de eosinofilia) TRATAMENTO • Varia conforme a patologia • Pós-streptocócica: sintomáticos ► Dieta hipossódica ► Repouso ► Anti-hipertensivos ► Diuréticos • Rapidamente progressivas ► Tratamento imunossupressor agressivo ► Corticoesteróides ► Citostáticos: ex.: ciclofosfamida
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