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Semiologia neurológica – Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo Alterações da motricidade Paresia: diminuição da força muscular. Paralisia (plegia): ausência total de força, impossibilitando o movimento. Hemiparesia: diminuição da força muscular em um lado todo do corpo. Hemiplegia: ausência de força em um lado todo do corpo. Hipertonia: tônus aumentado. Hipotonia: tônus diminuído. Atonia: tônus ausente. Hiperreflexia: reflexos aumentados. Hiporreflexia: reflexos diminuídos. Arreflexia: reflexos ausentes. Sinal de Babinski presente: quando se estimula a pele da região plantar, há extensão do hálux. Indica lesão dos tratos corticoespinhais. SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR (PARALISIA FLÁCIDA): Lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula ou dos núcleos motores dos nervos cranianos. - Hiporreflexia/Arreflexia - Hipotonia - Atrofia da musculatura inervada SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR (PARALISIA ESPÁSTICA): Lesão das áreas motoras do córtex cerebral ou do trato corticoespinhal. - Hiperreflexia - Hipertonia - Sinal de Babinski presente Alterações da sensibilidade Anestesia: perda total da sensibilidade (geralmente tátil). Analgesia: perda total da sensibilidade dolorosa. Hipoestesia: diminuição da sensibilidade. Hiperestesia: aumento da sensibilidade. Parestesia: sensações como “formigamento”. Algias: dores. › LESÕES DA MEDULA POLIOMIELITE: vírus destrói os neurônios motores da coluna anterior da medula, resultando numa síndrome do neurônio motor inferior (paralisia flácida). - Hiporreflexia/Arreflexia - Hipotonia - Atrofia da musculatura inervada Quando a destruição ocorre nos neurônios responsáveis pelo movimento respiratório, pode haver morte por insuficiência respiratória. ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: perda progressiva de toda a motricidade voluntária por lesão dos neurônios motores alfa, sem alterar a sensibilidade. TABES DORSALIS: consequência da neurossífilis, lesando as raízes dorsais e os fascículos grácil e cuneiforme. - Perda da propriocepção consciente, sensibilidade vibratória, estereognosia e tato epicrítico HEMISSECÇÃO DA MEDULA (SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD): ocorre a interrupção dos principais tratos que percorrem uma metade da medula. Sintomas que se manifestam do mesmo lado da lesão: - Lesão dos tratos corticoespinhais: síndrome do neurônio motor superior (paralisia espástica – hiperreflexia, hipertonia, sinal de Babinski presente) do mesmo lado da lesão - Lesão dos fascículos grácil e cuneiforme: perda da propriocepção consciente, sensibilidade vibratória, estereognosia e tato epicrítico do mesmo lado da lesão Sintomas que se manifestam do lado oposto ao da lesão: - Lesão do trato espinotalâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa do lado oposto ao da lesão - Lesão do trato espinotalâmico anterior: diminuição do tato protopático e da pressão do lado oposto ao da lesão *as fibras da raiz dorsal, que levam essa sensibilidade, dão ramos ascendentes muito grandes, que emitem colaterais em várias alturas antes de fazer sinapse na coluna posterior e cruzar pro lado oposto. SIRINGOMIELIA: ocorre a formação de uma cavidade no canal central da medula destruindo a substância cinzenta intermédia central e a comissura branca. - Lesão do trato espinotalâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa - Lesão do trato espinotalâmico anterior: diminuição da pressão e tato protopático* Dissociação sensitiva: perda da sensibilidade térmica e dolorosa, com persistência da sensibilidade tátil e proprioceptiva. TRANSECÇÃO DA MEDULA: imediatamente o paciente entre em choque espinhal. Choque espinhal: perda total da sensibilidade, dos movimentos, do tônus dos músculos inervados, retenção de urina e de fezes e perda da função erétil. Após um tempo, o paciente apresenta uma liberação piramidal: - Hiperreflexia - Sinal de Babinski presente - Eliminação de urina e fezes passa a ser feita reflexamente, sem controle voluntário - Ereção só é possível com estimulação manual COMPRESSÃO DA MEDULA: ocorre em casos de tumor. - Lesão do trato corticoespinhal lateral: hemiparesia - Lesão do trato espinotalâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa *Quando um tumor comprime a medula de dentro para fora, as fibras originadas nos segmentos sacrais são lesadas por último ou são preservadas (preservação sacral). Quando um tumor comprime a medula de fora para dentro, essas fibras são lesadas em primeiro lugar. CORDOTOMIA: secção cirúrgica do trato espinotalâmico lateral (perda da sensibilidade térmica e dolorosa do lado oposto ao da lesão). MIELOTOMIA DA LINHA MÉDIA: lesão das fibras responsáveis pela dor visceral de origem pélvica e abdominal, que se localizam num fascículo medial ao fascículo grácil. › LESÕES DO BULBO LESÃO DA BASE DO BULBO: lesão da pirâmide e do nervo hipoglosso: - Lesão do trato corticoespinhal (está na pirâmide): hemiparesia do lado oposto ao da lesão. - Lesão do nervo hipoglosso (XII): paralisia dos músculos da hemilíngua do mesmo lado da lesão, com síndrome do neurônio motor inferior (atrofia desses músculos). Na protrusão da língua, a língua desvia para o lado DA LESÃO!!! SÍNDROME DE WALLEMBERG: ocorre pela trombose da artéria cerebe- lar inferior posterior. - Lesão do pedúnculo cerebelar inferior: incoordenação dos movimentos do mesmo lado da lesão - Lesão do trato espinhal do trigêmeo e seu núcleo: perda da sensibilida- de térmica e dolorosa na hemiface do mesmo lado da lesão - Lesão do trato espinotalâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa no hemicorpo do lado oposto ao da lesão - Lesão do núcleo ambíguo: disfagia e disfonia por paralisia dos músculos da laringe e da faringe › LESÕES DA PONTE LESÕES DO NERVO FACIAL (VII): o nervo facial origina-se do seu núcleo situado na ponte, emerge do sulco bulbo-pontino, penetra no osso temporal pelo meato acústico e interno e sai do crânio pelo forame estilomastoideo, para inervar os músculos mímicos. PARALISIA PERIFÉRICA PARALISIA CENTRAL Lesão do nervo ou do núcleo do nervo facial Lesão do córtex ou do trato corticonuclear Hemiface inteira do mesmo lado da lesão Parte inferior da face do lado oposto ao da lesão *Se o paciente consegue enrugar a testa, a paralisia é central. *Há lesão também do músculo responsável pelo fechamento da pálpebra. Como o músculo elevador da pálpebra (inervado pelo oculomotor) está normal, a pálpebra permanece aberta, predispondo o olho a lesões e infecções. *Reflexo corneano abolido. A comissura labial desvia para o lado oposto ao DA PARALISIA!!! **As lesões do nervo facial antes de sair do forame estilomastoideo, associam-se ao nervo intermédio. Neste caso, há perda da sensibilidade gustativa nos 2/3 anteriores da língua. **As lesões do nervo facial antes de sair do forame estilomastoideo, associam-se à um de seus ramos que inerva o músculo responsável pelo controle da audição, levando a uma hiperacusia. LESÃO DA BASE DA PONTE (SÍNDROME DE MILLARD-GUBLER): lesão do trato corticoespinhal e nervo abducente (síndrome alterna). - Lesão do trato corticoespinhal: hemiparesia do lado oposto ao da lesão - Lesão do nervo abducente (VI): paralisia do músculo reto lateral do mesmo lado da lesão, diplopia, estrabismo covergente. O movimento dos 2 olhos deixa de ser conjugado. A lesão pode se estender até o nervo facial, resultando numa paralisia periférica. LESÃO DA PONTE AO NÍVEL DA EMERGÊNCIA DO NERVO TRIGÊMEO (V): lesão do trato corticoespinhal e do nervo trigêmeo. - Lesão do trato corticoespinhal: hemiplegia do lado oposto ao da lesão, com síndrome do neurônio superior - Lesão do nervo trigêmeo: paralisia dos músculos da mastigação do lado da lesão, anestesia da face do mesmo lado da lesão e perda do reflexo corneano A mandíbula desvia para o ladoDA LESÃO!! A lesão pode se estender até o lemnisco medial, levado à perda da propriocepção consciente, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia do lado oposto ao da lesão. › LESÕES DO MESENCÉFALO LESÃO DA BASE DO MESENCÉFALO (SÍNDROME DE WEBER): lesão do trato corticoespinhal e do nervo oculomotor (III). - Lesão do trato corticoespinhal: hemiparesia do lado oposto ao da lesão - Lesão do nervo oculomotor: impossibilidade de mover o globo ocular, diplopia, estrabismo divergente, ptose palpebral, midríase do mesmo lado da lesão LESÃO DO TEGMENTO DO MESENCÉFALO: lesão do nervo oculomotor, do núcleo rubro e dos lemniscos medial, espinhal e trigeminal. - Lesão do nervo oculomotor: impossibilidade de mover o globo ocular, diplopia, estrabismo divergente, ptose palpebral, midríase do mesmo lado da lesão - Lesão do núcleo rubro: tremores do lado oposto ao da lesão - Lesão dos lemniscos espinhal, medial e trigeminal: anestesia da metade do corpo e da face do lado oposto ao da lesão SÍNDROME DE PARINAUD: causada por tumores da glândula pineal que comprime o colículo superior. - Lesão do colículo superior: paralisia do olhar conjugado para cima Pode causar obstrução do aqueduto cerebral levando à hidrocefalia e paralisia ocular decorrente da compressão dos núcleos dos nervos oculomotor e troclear. PORQUE DAVI MATOU GOLIAS: Golias possuía um tumor hipofisário com secreção de GH excessiva, por isso ele era gigante. O tumor de hipófise ao crescer comprime o quiasma óptico que manifesta com hemianopsia heterônima bitemporal (visão em túnel). Assim Davi conseguiu se aproximar dele lateralmente e jogar uma pedra que atingiu a parte escamosa do osso temporal (que é fina e pouco resistente a impacto), região que, internamente, corresponde ao local por onde passa a artéria meníngea média. O rompimento arterial gerou um hematoma epidural que provavelmente evoluiu com hérnia, levando Golias a morte. SURDEZ: NEUROSSENSORIAL DE CONDUÇÃO Lesão do nervo vestibulococlear Obstrução Weber: lateraliza para o lado normal Weber: lateraliza para o lado obstruído Rinnie: positivo bilateral assimétrico (condução aérea e óssea) Rinnie: negativo (condução apenas óssea) LESÕES DA VIA ÓPTICA: - Lesão do nervo óptico (II): cegueira completa do olho correspondente - Lesão da parte mediana do quiasma óptico: hemianopsia bitemporal (heterônima) - Lesão da parte lateral do quiasma óptico: hemianopsia nasal do olho correspondente - Lesão do trato óptico: hemianopsia homônima direita (se lesar o trato esquerdo) ou esquerda (se lesar o trato direito) AFASIAS: distúrbios de linguagem. De Broca (de expressão): lesão da área de Broca (parte opercular e triangular do giro frontal inferior esquerdo) que é a responsável pelo aspecto motor ou de expressão da língua falada. - Incapacidade de falar e escrever De Wernicke (de compreensão): lesão da área de Wernicke (giro temporal superior e giro temporal transverso anterior) que é responsável pela compreensão da linguagem falada e escrita. - Incapacidade de compreender o que é dito e escrito SÍNDROME DO ÂNGULO PONTO CEREBELAR: o ângulo ponto cerebelar é o local de onde emergem os nervos facial (VII) e vestibulococlear (VIII). Um tumor nesse local pode causar lesões nesses nervos. - Lesão do nervo facial: paralisia facial periférica. - Lesão do nervo vestibulococlear: hipoacusia, desequilíbrio. O tumor pode crescer e atingir também o nervo trigêmeo (V) resultando em uma parestesia da hemiface do mesmo lado da lesão. LESÕES DOS NERVOS CRANIANOS I – OLFATÓRIO Anosmia II – ÓPTICO Hemianopsias ou amaurose III – OCULOMOTOR Midríase, ptose, estrabismo divergente, diplopia, impossibilidade de mover o globo ocular IV – TROCLEAR Diplopia vertical (a cabeça se inclina para o lado oposto ao da lesão) V – TRIGÊMEO Anestesia da face e perda da sensibilidade nos 2/3 anteriores da língua VI – ABDUCENTE Paralisia do músculo reto lateral, diplopia, estrabismo convergente VII – FACIAL Paralisia periférica (toda a hemiface do mesmo lado da lesão) e perda da gustação nos 2/3 anteriores da língua VIII – VESTIBULOCOCLEAR Hipoacusia e perturbação do equilíbrio IX – GLOSSOFARÍNGEO Disfagia, perda da sensibilidade e da gustação no 1/3 posterior da língua X – VAGO Disfonia XI – ACESSÓRIO Lesão do esternocleidomastoideo e o trapézio XII - HIPOGLOSSO Disartria (língua desvia para o lado da lesão na protrusão) REFLEXOS: - Reflexo córneo-palpebral/corneano A: nervo trigêmeo (V) E: nervo facial (VII) - Reflexo fotomotor direto e indireto A: nervo óptico (II) E: nervo oculomotor (III) - Reflexo de acuidade visual A: nervo óptico (II) E: nervo óptico (II) - Reflexo de piscar A: nervo óptico (II) E: nervo facial (VII) SÍNDROME DE HORNER: é a lesão do sistema simpático, na qual o sistema parassimpático prevalece. - Miose, anidrose e semi-ptose do mesmo lado da lesão.