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Relação de Consumo e seus Elementos

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10/05/2021 Disciplina Portal
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Direito do Consumidor
Aula 3 - A Relação de Consumo e Seus
Elementos I – O consumidor
INTRODUÇÃO
Estabelecermos como requisito de uso da Lei 8.078 de 1990 – CDC, a necessidade premente de uma relação de
consumo que exige a existência de dois sujeitos: o consumidor e o fornecedor. 
O primeiro integrante da relação de consumo é o consumidor. Vamos estudar como objetivo principal desta aula.
Entretanto, tal situação não torna mais fácil sua caracterização, principalmente se considerarmos as alterações no
decorrer do tempo (e já se vai mais de uma década desde o início da vigência da Lei 8.078 de 1990). 
Já em um segundo momento, temos de de�nir o que vem a ser o conceito de destinatário �nal. Se avaliarmos o art. 2º
da Lei 8.078 de 1990, verbis: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário �nal. Com a leitura, podemos identi�car a ausência de um conceito do que vem a ser destinatário
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�nal, o que vem causando sérias controvérisas ao longo do tempo. 
Para o tema devemos distinguir as teorias existentes. Inicalmente tivemos a teoria maximalista. Depois a teoria
�nalista, que perdura até os dias atuais em sede de aplicação. E, recentemente, a partir de 2010, temos a possibilidade
de aplicação da chamada teoria �nalista atenuada (ou mitigada ou mista).
OBJETIVOS
Quadro geral da relação de consumo;
Conceituar consumidor;
Estudar os tipos de consumidores (padrão e equiparação);
Conhecer as teorias que justi�cam o conceito de “destinatário �nal”.
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QUADRO GERAL DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Acompanhe a organização da relação de consumo no esquema a seguir: 
CONSUMIDOR
Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caraterizado como um elemento subjetivo da relação de consumo. Tal
premissa encontra justi�cativa pelo fato de que o conceito detém �exibilidade em relação à doutrina e à jurisprudência. 
A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos pertinentes ao
consumidor: 
Art. 2° - De�nição de consumidor e destinatário �nal e consumidor por equiparação de forma coletiva; 
Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo; 
Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI. 
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CONSUMIDOR PADRÃO
O consumidor padrão ou “standard” é relativamente o
mais fácil de ser identi�cado. Sua fundamentação é o
já citado art. 2º do CDC parte, como se lê: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário �nal. 
Podemos re�etir que esse consumidor adquire por
contrato de aquisição por gênero. Seja por contrato
de compra e venda (com características do art. 481 e
seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC), seja por
contratação de serviços (com características do art.
593 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC). 
É aquele que adquire para satisfazer uma
necessidade. Se de forma subjetiva ou pro�ssional é
discutível. Mas sempre ocorrerá a transferência de
propriedade do produto ou da fruição do serviço.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
O consumidor por equiparação ou “bystandarder”
tem a necessidade de maior avaliação. Suas
fundamentações são os art. 2º em seu parágrafo
único, o art. 17 e o 29, todos do CDC, como se lê: 
Art. 2° [...] 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo. 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
aos consumidores todas as vítimas do evento. 
Art. 29. Para os �ns deste Capítulo e do seguinte,
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas. 
É o consumidor que não adquire, mas utiliza o
produtos ou serviços, nos termos do próprio artigo
2º: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário �nal. 
Cremos assim que o consumidor é o que, ao utilizar
um bem de consumo, sofre danos oriundos do
mesmo. Principalmente, se considerarmos que
nenhum produto ou serviço, desde que corretamente
utilizado, pode causar danos ao consumidor. Tal
premissa encontra fundamentação na primeira parte
do art. 8 do CDC: 
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado
de consumo não acarretarão riscos à saúde ou à
segurança dos consumidores, exceto os
considerados normais e previsíveis, em decorrência
de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu
respeito. 
Logo, em plena conformidade entre justi�cativa e
fundamentação, temos que “nenhum bem de
consumo pode causar danos aos consumidores”.
Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor
padrão) seja o que o utiliza (consumidor por
equiparação).
TEORIAS
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Esse assunto remete a uma palestra proferida pelos autores do anteprojeto da Lei 8.078 de 1990. 
Quando a mesa foi indagada acerca do
“conceito de destinatário �nal” o Ministro do
STJ, Antonio Heman V. Benjamin, respondeu:
“não sei!” Isso causou grande comoção na
plateia. A�nal, se ele não sabia o que seria
de nós pobres mortais... Entretanto, no alto
de toda a sua intelectualidade, logo a seguir
emendou: “E o objetivo é que ninguém saiba!
Pois se assim o for, tal tema não
comportará evolução em sua interpretação”. 
Passaram-se os anos e, à época, havia duas teorias (glossário) acerca do tema (maximalista e �nalista) e, desde de
2010, temos a teoria �nalista atenuada (ou mista ou mitigada). 
Vamos ao seu estudo! 
TEORIA MAXIMALISTA
Advém dos primórdios da aplicação
da Lei 8.078 de 1990. 
Para se enquadrar como consumidor,
bastava adquirir o bem de consumo
no mercado fornecedor para
caracterizar tal relação.
Independentemente da motivação,
objetivo e interesse. “Comprou é
consumidor!” 
Basta a singela retirada do mercado
de consumo para se enquadrar como
consumidor. 
Por este raciocínio, uma grande
empresa de metalurgia, quando
adquire minério para bene�ciamento
TEORIA FINALISTA
Além de adquirir o bem de consumo,
é necessário saber qual a destinação
fática, efetiva, econômica, subjetiva
do bem em questão. 
Pois, ao empregar o mesmo ao �m a
que se destina, este, de per se, não
prestará para �ns de enriquecer seu
proprietário com a sua venda direta
ou empregado como insumo principal
na atividade pro�ssional de seu
proprietário.
Caso isso ocorra, o adquirente não se
enquadra na principiologia da
vulnerabilidade ínsita no já citado art.
4, I da principal lei que regula as
relações de consumo. 
TEORIA FINALISTA ATENUADA (OU
MISTA OU MITIGADA)
A aquisição para uso, ainda que
pro�ssional, caracterizará a relação
de consumo desde que o adquirente
não tenha condições de negociação
com o fornecedor. 
Para tanto, melhor será a
apresentação da seguinte
jurisprudência. 
AgRg no REsp 1321083/PR, Rel.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino,
Terceira Turma, julgado em
09/09/2014, DJe 25/09/2014. 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO
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e posterior fabricação de metal seria
considerada consumidor. 
Essa ideia não perdurou por longo
tempo, pois o objetivodas normas de
consumo é o de proteger, art. 4, I do
CDC, o “consumidor vulnerável”. E, no
exemplo anterior, cremos que uma
empresa de metalurgia, considerando
o bem de consumo em questão
(minério) não possa ser enquadrada
como vulnerável, em razão,
principalmente, de sua expertize em
relação conhecimento técnico sobre o
bem adquirido. 
Desse modo, essa teoria está em
descompasso com o espírito das
normas de consumo.
Logo, a justi�cativa para a sua
aquisição deve ser desprovida de
intentos pro�ssionais, como o seu
bene�ciamento da matéria prima com
posterior venda. A satisfação da
aquisição deve ser subjetiva. 
Veja um exemplo em que temos o
mesmo objeto com �ns diferentes: 
Alguém comprou o veículo “van” com
�ns de transporte pro�ssional. Não há
relação de consumo em detrimento
do seu objetivo pro�ssional; 
Alguém comprou o veículo “van” com
�ns de transportar sua numerosa
família em uma viagem pelo
continente sul-americano. Há relação
de consumo em detrimento do seu
objetivo meramente pessoal. 
Como se pode observar muito bem,
intuitos diferentes, relações
diferentes. 
Na eventual ocorrência de dano, o
proprietário do veículo adquirido com
�ns pro�ssionais deverá invocar a
principal lei que regula as relações
entre pessoas privadas, a Lei 10.406
de 2002 – Código Civil. Considerando
o evento dano, principalmente o
artigo 931. 
Já na segunda hipótese, o proprietário
do veículo poderá invocar a Lei 8.078
de 1990 e todos os seus benefícios.
CONSUMIDOR. COMPRA DE
AERONAVE POR EMPRESA
ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS.
AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA
FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO. 
1. Controvérsia acerca da existência
de relação de consumo na aquisição
de aeronave por empresa
administradora de imóveis. 
2. Produto adquirido para atender a
uma necessidade própria da pessoa
jurídica, não se incorporando ao
serviço prestado aos clientes. 
3. Existência de relação de consumo,
à luz da teoria �nalista mitigada.
Precedentes. 
4. Agravo regimental desprovido. 
Em um primeiro momento, pode
parecer uma antinomia em relação à
teoria �nalista pura. Mas, se
avaliarmos com mais atenção, a
lógica da coisa é que, in casu, o avião
é utilizado com �ns de ser
empregado no negócio de imóveis
(transporte de clientes para lugares
longínquos) e não o de aviação
comercial. 
Por consectário lógico, considerando
as peculiaridades da jurisprudência,
há aplicação das normas de consumo
e todos os seus benefícios à favor da
administradora de imóveis.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Com base nas teorias apresentadas acerca do conceito de consumidor, discorra sobre a teoria �nalista, por ser a de
maior aplicabilidade no ordenamento jurídico pátrio.
Resposta Correta
2. A empresa “Verdant Ltda.”, que atua no ramo de paisagismo, adquiriu um televisor de 60” (polegadas) para ser
instalado em seu refeitório, objetivando proporcionar lazer e comodidade para seus funcionários durante o horário de
almoço e descanso. Quinze dias após a aquisição e instalação do referido produto, o mesmo apresentou um grave
problema técnico que fez com que a tela explodisse causando danos físicos à Oliver, funcionário da empresa Verdant,
que almoçava enquanto o evento danoso ocorreu. Diante da narrativa acima, julgue as a�rmativas abaixo e assinale a
opção correta:
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A) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que
será considerado como consumidor por equiparação;
B) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que
será considerado como consumidor padrão;
C) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, mas não poderá valer-se das
disposições prevista no CDC, uma vez que não pode ser considerado como consumidor, pois não adquiriu o produto como
destinatário �nal;
D) A empresa Verdant não poderá ser considerada consumidora, uma vez que consumidor é a pessoa física que adquire do
fornecedor, pessoa jurídica, produto ou serviço, como destinatário �nal;
E) Oliver será considerado consumidor padrão uma vez que foi ele quem sofreu os danos materiais e morais, enquanto a empresa
Verdant será considerada consumidora por equiparação, pois os danos sofridos por Oliver re�etiram nela, pelo período em que o
mesmo �cará afastado do trabalho para receber cuidados médicos.
Justi�cativa
3. (TJPR – 2014 – Juiz Substituto - ADAPTADO) João adquiriu um televisor fabricado pela empresa XX, na loja YY. Ao
efetuar a ligação do televisor, de forma correta e nos termos indicados pelo fabricante, o aparelho teve uma explosão,
decorrente de defeito de fabricação, causando lesões em João e em seus dois amigos que estavam juntos. Diante
desta proposição, é CORRETO a�rmar que: 
I. A loja YY, que vendeu o televisor é solidariamente responsável com o fabricante pelos danos causados às vítimas, por
se considerar a responsabilidade pelo fato do produto. 
II. A Fabricante XX responde pelos danos causados aos consumidores, independentemente da existência de culpa. 
III. Para os efeitos e aplicação do CDC, no caso descrito no enunciado acima, são considerados consumidores, além do
adquirente do veículo, todas as vítimas do evento (consumidores por equiparação). 
IV. A responsabilidade discutida na proposição decorre de vício do produto, aplicando-se os dispostos nos artigos 18 e
seguintes do Código de Defesa do Consumidor, e cuida de defeitos inerentes ao próprio produto.
A) Somente as proposições II e III estão corretas;
B) Somente as proposições I e III estão corretas;
C) Somente as proposição I e IV estão corretas;
D) Somente as proposições III e IV estão corretas;
E) Somente as proposições I, II e IV estão corretas.
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Justi�cativa
4. Analise os itens abaixo e assinale a opção INCORRETA:
A) De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, o Código de Defesa do Consumidor não se aplica no caso em que o
produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica;
B) O STJ defende que, em alguns casos, veri�cada a hipossu�ciência técnica, jurídica ou econômica do consumidor, pode-se
adotar a teoria �nalista em sua forma mitigada;
C) Com base em entendimento jurisprudencial do STJ, pode-se aplicar a Teoria Finalista, de forma mitigada, mesmo quando a
parte contratante de serviço público é pessoa jurídica de direito público e demonstra sua vulnerabilidade no caso concreto;
D) A jurisprudência predominante do STJ defende que, excepcionalmente, o Código de Defesa do Consumidor se aplica no caso
em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, adotando, portanto, a teoria maximalista;
E) O CPDC, em princípio, não adota a teoria �nalista mitigada, e sim, sua forma pura.
Justi�cativa
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Glossário
TEORIAS
Conhecimento especulativo, meramente racional. Conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou de uma ciência. Doutrina
ou sistema fundado nesses princípios. Opiniões sistematizadas. Suposição, hipótese.

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