Buscar

VM - Direito do Consumidor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito do Consumidor – Prof. Silvia Barreto
19/02/2020
Aula 1 – Resumo
→O consumidor é protegido pela constituição:
· Art. 5º, XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
· Trata-se de cláusula pétrea
→ Relação de consumo é desigual
A defesa do consumidor e a sua consequente proteção é tida como um direito fundamental → consumir é um direito fundamental do cidadão.
O direito do consumidor é visto como direito de 3ª geração, pois é tido como um direito da massa, direito difuso (coletivo).
· Art. 170, V 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor.
Esse artigo estabelece os limites do Estado na relação privada. Estabelece que o Brasil é um país capitalista, mas que este capitalismo não pode ser “selvagem” (não se pode permitir que as pessoas em relações privadas sejam lesadas). Assim, o Estado vai intervir em relações privadas para garantir que essa relação seja justa, equilibrada, que traga existência digna ao consumidor.
São fundamentos da ordem econômica:
· Valorização do trabalho humano e
· Livre iniciativa.
São objetivos da ordem econômica:
· Existência digna. Não se pode permitir que as pessoas não atuem nessa sociedade de consumo comprando coisas;
· Justiça social. É atribuir a cada um o que é seu.
→ Código de Defesa do Consumidor (CDC) é a Lei 8.078. 
· Trata-se de uma norma de ordem pública e interesse social. Assim, sua observância é obrigatória, devendo ser aplicada a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores.
· O CDC privilegia a parte mais frágil (hipossuficiente)
· As normas de ordem pública e de interesse social são aquelas que interessam a toda a sociedade, e não somente às partes.
· Qual a abrangência da expressão defesa do consumidor?
· As decisões decorrentes das relações de consumo não se limitam as partes envolvidas em litígio;
· As partes não poderão derrogar (abolir) os direitos do consumidor; 
· Juiz pode reconhecer de ofício os direitos do consumidor.
· O CDC é uma norma de ordem pública, portanto, cogente, imperativa. Sua observância é obrigatória, pois
· Tutela direitos indisponíveis das pessoas, de relevante interesse social
· Que deve ser aplicado a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores.
· São serviços públicos sob a égide do CDC: água, luz, telefonia e pedágio.
→ Desigualdade entre consumidor e fornecedor:
· Não se pode considerar, na prática, que consumidores e fornecedores estão no mesmo patamar de conhecimento quando iniciam uma determinada contratação.
· CDC privilegia a parte mais frágil/hipossuficiente e procura equilibrar os pratos da balança oferecendo proteção jurídica ao consumidor ante as contratações com fornecedores.
· O CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor.
→ CDC → microssistema multidisciplinar
· O direito do consumidor se presta a tutelar o consumidor (vulnerável) na relação jurídica
· É multidisciplinar já que alberga em seu conteúdo diversas disciplinas:
· Direito Constitucional. Ex. princípio da dignidade humana;
· Direito civil. Ex. responsabilidade do fornecedor;
· Direito do processo civil. Ex. ônus da prova;
· Direito administrativo. Ex. proteção administrativa do consumidor;
· Direito penal. Ex. infrações e sanções penais
→ Relação de consumo → o que é relação de consumo?
Relação de consumo é aquela relação na qual existe um consumidor, um fornecedor e um produto/serviço que liga um ao outro.
→ É requisito objetivo de existência os três elementos:
· Consumidor
· Fornecedor
· Produto ou serviço
Quando a situação não se configura como relação de consumo, aplica-se o Código Civil.
→ Conceito de consumidor no CDC
O conceito de consumidor standard ou strictu sensu está no art. 2º do CDC:
  Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
· É consumidor final aquele que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utilizá-lo.
· É aquele que coloca um fim na cadeia de produção, e não aquele que utiliza o bem para continuar a produzir.
Exemplos de consumidor final:
1. Um estudante que compra um computador para fazer suas tarefas escolares em sua residência;
2. O pai de família que contrata, junto ao banco, empréstimo financeiro para quitar as dívidas do lar.
→ Há duas correntes doutrinarias para definir quem é o consumidor final.
1. Corrente finalista: o produto ou serviço deve cumprir todas as etapas da cadeira econômica até chegar ao seu destino final, que tem como titular o consumidor.
O consumidor é aquele que adquire o produto para uso próprio e de sua família, excluindo do conceito de consumidor o profissional que adquire o bem para o uso em sua profissão.
2. Corrente maximalista: para os adeptos desta teoria não importa se a pessoa física, jurídica ou profissional adquiriu o produto ou serviço com o fim de lucro, ou tão somente para consumo próprio.
Para eles, a aquisição de todo e qualquer produto ou serviço seria suficiente para enquadrar o adquirente como consumidor, não havendo a questão se foi para uso próprio ou para fins lucrativos.
O STJ flexibilizou o entendimento anterior para considerar destinatário final quem usa o bem em benefício próprio.
O Código de Defesa do Consumidor adota a Teoria Finalista, segundo a qual somente pode ser considerado consumidor, para fins de aplicação do CDC, o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica.
Assim, em regra, fica excluído da proteção do CDC o consumidor intermediário, sendo esse entendido como aquele cujo produto retoma para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço.
Todavia, tem-se admitido a mitigação de tal teoria, podendo-se falar teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada. Inclusive, o STJ admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte, apesar de não ser destinatária final do produto ou do serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade. (TEORIA FINALISTA E TEORIA MAXIMALISTA DO DIREITO DO CONSUMIDOR)
Fonte: https://www.institutoformula.com.br/teoria-finalista-e-teoria-maximalista-do-direito-do-consumidor/#:~:text=TEORIA%20FINALISTA%20E%20TEORIA%20MAXIMALISTA%20DO%20DIREITO%20DO%20CONSUMIDOR,-Equipe%20Jornalismo&text=O%20C%C3%B3digo%20de%20Defesa%20do,ele%20pessoa%20f%C3%ADsica%20ou%20jur%C3%ADdica.
Exemplos:
· Uma indústria moveleira adquire matéria prima para a fabricação de móveis. De acordo com a teoria maximalista, a indústria é considerada consumidora, tendo em vista que ela retirou o produto (matéria prima) do mercado, mesmo sendo com a finalidade de obter lucro. → Teoria maximalista
· Uma pessoa adquire produtos de limpeza para realizar uma tarefa em sua casa. O intuito da compra foi o uso pessoal, e não a obtenção de lucro. → Teoria finalista
· Um estudante adquire livros para estudar uma matéria. Observa-se que a finalidade da compra não é para atividades econômicas, mas para que ele possa adquirir conhecimento em um determinado assunto. Portanto, ele deu destinação fática e econômica (teoria finalista).
Observações:
· Admite-se, excepcionalmente, a aplicação das normas do CDC a determinados consumidores profissionais, desde que demonstrada, em concreto, a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica.
· O adquirente do produto ou serviço pode ser vulnerável em relação ao fornecedor:
· Pela dependência do produto;
· Pelo monopólio na produção do bem ou sua qualidade insuperável;
· Pela extremada necessidade do bem ou serviço; e
· Pelas exigências da modernidade atinentes a atividade.
Ex. um estabelecimento de saúde está vinculado ao único fornecedor de oxigênio no mercado.
· Ex. uma empresa de cosméticos depende do prestador de serviços de informática para manutenção do seu sistema de rede.
→ Consumidor por equiparação. O que seria esta equiparação? Estariamtodas as situações de consumo amparadas pelo CDC?
O que significa equiparação?
Pessoas que, mesmo não sendo adquirentes diretas do produto ou serviço, utilizam-no, em caráter final, ou a ele se vinculam, e que venham a sofrer qualquer dano trazido pela realização do serviço ou pelo uso do produto.
Pessoas físicas ou jurídicas podem ser consumidores “bystanders”.
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
→ Coletividade
A proteção do CDC não é só para quem o uso diretamente, mas para o público em geral.
Ex. uma montadora vende um carro com um defeito de fábrica. Todas as pessoas que compraram aquele modelo de veículo daquele lote são consideradas consumidoras por equiparação.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
· Seção II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço → danos causados por defeito no produto
· Um acidente de consumo é configurado quando se constata um defeito no produto ou serviço que, além de torna-lo inadequado para seu uso, também causa dano ao consumidor ou representa risco à sua saúde ou segurança.
· O art. 17 visa proteger aqueles que, mesmo não sendo consumidores, sofrem um dano em virtude de um acidente de consumo.
· Assim, qualquer pessoa física ou jurídica que adquirir ou utilizar produtos ou serviços como destinatário final, ou seja, retirando o produto do mercado e encerramento o seu processo econômico (já que a cadeira que se estabelece desde a produção até o consumo) será considerado consumidor.
Exemplos de acidente de consumo:
· Uma imobiliária de uma cidade litorânea anuncia pela imprensa a venda de um loteamento cujos lotes ficam de frente para o mar. Ocorre que na realidade, somente alguns poucos lotes têm essa características, já que os demais ficam de frente para um morro.
Está claro que a imobiliária fez propaganda enganosa, assim, toda a coletividade é consumidora por equiparação, pois o número de pessoas atingidas por essa publicidade é indeterminável.
· Uma pessoa compra uma televisão e dá de presente a um amigo. Este, feliz da vida, recebe a televisão e a leva para casa, porém, ao ligar o aparelho, este não funciona.
Este amigo que recebeu o aparelho de TV é consumidor por equiparação e pode pleitear junto ao fornecedor providências para que conserte o aparelho, ou o substitua.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
· Há a possibilidade de se tutelarem os interesses de uma coletividade de pessoas que, mesmo sem qualquer contato pessoal, merecem ser igualmente protegidas como consumidores?
· Sim, se estiverem sujeitas às mesmas práticas elaboradas pelos fornecedores e se puderem lhes causar algum tipo de dano.
· As pessoas que são consumidores em potencial, que não são parte de um contrato de compra e venda ou de prestação de serviços, mas que podem vir a ser.
· Uma pessoa compra maionese e faz uma salada para servir para alguns amigos. A maionese estava estragada e todos passam mal.
· Todos os amigos são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do produto.
→Conceito de fornecedor
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
· Fornecedor é todo praticante de uma atividade econômica dirigida ao mercado de consumo
· Abrange o produtor, o fabricante, o importador, o exportador, o comerciante, o prestador de serviços, etc.
· Abrange quem desenvolve atividade de prestação de serviço
· O fornecedor é gênero do qual são espécies o fabricante, o comerciante, o importador.
Do art. 3º, temos que:
· Pessoa física é a pessoa natural, o ser humano;
· Pessoa jurídica é um grupo humano, criado na forma da lei, com personalidade jurídica própria, para a realização de determinados fins;
· Nacional porque nasceu no Brasil, sob a égide das leis brasileiras, com sede no Brasil.
· Estrangeiras porque foram criados em outros países, tendo ou não sede no Brasil
· Pública: são os órgãos públicos, de maneira geral
· Privado: é o comércio e as empresas particulares
· Entes despersonalizados: são os ambulantes, os camelôs.
· Habitualidade. Trata-se da principal característica do fornecedor → fornecer produto ou serviço deve ser uma atividade habitual da pessoa.
· Quem vende de forma eventual não é considerado consumidor.
→ Espécies de fornecedor
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
· Fabricante é aquele que realiza atividade econômica de transformação de produtos. Enquadra-se neste conceito o manufaturador final, o manufaturador de componentes, de matéria-prima e o montador.
· Produtor é quem desenvolve atividade econômica extrativa ou agropecuária, ou seja, no âmbito do CDC, é o fornecedor de produtos não industrializados.
· Construtor: é aquele que coloca no mercado um produto imobiliário;
· Importador: é responsável presumido; é aquele que introduz, de forma lícita ou ilícita, mercadorias de origem estrangeira no mercado nacional, podendo essa mercadoria ser um produto final ou um componente.
· Comerciante é aquele que realiza atividades de intermediação com o intuito lucrativo.
Ex. se uma loja de eletroeletrônicos vende uma TV, ela é fornecedora, pois faz isso com habitualidade, ou seja, esta é sua atividade. 
Caso o aparelho apresente vício ou defeito, o consumidor estará protegido pelas normas do CDC
Ex. se uma pessoa vende um aparelho de TV que tem em casa a um amigo, porque adquiriu um aparelho novo, não está caracterizada a habitualidade, pois esta não é uma atividade de comércio que pratica com frequência.
Caso o aparelho apresente defeito, a proteção é dada pelo Código Civil, não havendo aplicação do CDC.
A habitualidade profissional é imprescindível para que a parte seja considerada fornecedora e, dessa forma, se configure a relação de consumo, nos termos do art. 3º do CDC.
Trecho de ementa
“III (...) Contudo, em que pese constar no contrato entre o autor e o referido réu que este atua como ‘técnico em turismo’ (...), não há qualquer indicativo de que ele atua com habitualidade na função. (...) V. Em consequência, não há habitualidade na atividade ofertada pelo réu (...), o que afasta a relação de consumo no caso concreto, eis que ausente um dos requisitos para a formação da relação consumerista.”
Acórdão 1166583, 07076383220188070005, Relator: ALMIR ANDRADE DE FREITAS, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, data de julgamento: 24/04/2019, publicado no Dje: 30/04/2019.
Trecho de ementa
Habitualidade do fornecedor – relação de consumo – impossibilidade de inversão do ônus probatório – prova diabólica
“3. Conquanto a relação jurídica estabelecida entre as partes seja de consumo, uma vez que a autora, ora agravante, adquiriu o produto como destinatária final e o agravado executa os serviços com habitualidade e de forma profissional, escorreito o indeferimento singular da inversão do ônus probatório, aplicando na espécie, a norma ordinária descrita no art. 373 do CPC. 
4. Isso porque o toldo fabricado pelo agravado não mais existe, dada a substituição do produto por outro, de sorte que a comprovação de que aquele instalado pelo recorrido estava em condições estruturais de uso seguro, se releva impossível de ser por ele produzida (prova diabólica)”.
Acórdão n. 1150809, 07191502720188070000, Relator: CESARLOYOLA, 2ª Turma Cível, data de julgamento: 13/02/2019, publicado no DJe: 18/02/2019.
→ PRODUTO OU SERVIÇO
· PRODUTO é todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, novo ou usado, fungível ou infungível, colocado no mercado de consumo.
· São todos os produtos passíveis de serem comercializados. Incluem-se, entre esses produtos, a eletricidade e o gás.
· SERVIÇOS é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito ou securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Atenção: quando o CDC trata de remuneração, não quer dizer especificamente a remuneração direta, ou seja, o pagamento direto efetuado pelo consumidor ao fornecedor, mas também a remuneração indireta, aquele benefício comercial indireto, fruto da prestação de serviços ou do fornecimento de produtos aparentemente gratuitos.
As atividades mencionadas no art. 3º do CDC NÃO são taxativas. Isto quer dizer que podem abarcar situações de gratuidade na oferta de bens, como nas amostras grátis ou na prestação do serviço.
Ex. transporte de passageiros portadores de milhas fruto do programa de fidelização.
A expressão “mediante remuneração” não deve ser interpretada ao pé da letra, porque existem situações em que não há remuneração, mas ainda assim, terão a proteção/aplicação do CDC.
Ex. estacionamento gratuito em shopping center. De gratuito não tem nada. Na verdade é apenas aparentemente gratuito, pois o fornecedor lucra com as compras efetuadas e os serviços utilizados pelo consumidor, assim, se houver furto do veículo ou no veículo o shopping deverá reparar o prejuízo de acordo com as regras do CDC.
Ex. nas amostras grátis o pensamento é o mesmo, pois são uma forma de divulgação do produto. Assim, se apresentarem vício ou defeito, o consumidor estará protegido pelo CDC.
→ CDC e serviços públicos
Nem todos os serviços públicos estão abrangidos pelo conceito de serviço do CDC.
Aos serviços públicos nos quais a contratação se der por meio de tarifa, taxa ou preço público, como pedágio, energia elétrica, ônibus cabe o CDC. Porém, aos serviços fornecidos por meio de impostos não se aplica o CDC.
AULA 03
→ DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
        I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
        II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
        a) por iniciativa direta;
        b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
        c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
        d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
 IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
 VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
 VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
 VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
→ Direito fundamental
A política tem a finalidade de salvaguardar/proteger o ser humano, pela dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos do estado democrático de direito (art. 1, III e art. 170, caput, CF).
Se não há proteção ao ser humano que consome, não há proteção à sua dignidade, saúde e segurança. Como consequência, não há mercado de consumo e o Estado precisa intervir para manter a ordem capitalista.
O art. 4º mostra o OBJETIVO, que é garantir a liberdade de agir e de escolha da parte mais fraca, ou seja, do consumidor.
·         I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo
Vulnerabilidade é o desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor. O legislador, aqui, pretendeu igualar as partes, deixando claro que o consumidor é a parte mais fraca, e que, por isso, deve ser protegido. Os consumidores bem informados e com qualificação técnica e jurídica continuam vulneráveis aos apelos do mercado de consumo.
Há três tipos de vulnerabilidade do consumidor:
i. Técnica ou científica. Ocorre quando o consumidor não possui conhecimento específico sobre o objeto que está adquirindo, tanto no que diz respeito ás características do produto, quanto no que diz respeito à utilidade do produto ou serviço;
ii. Jurídica. O legislador reconhece que o consumidor não possui conhecimentos jurídicos acerca de alguns assuntos para esclarecimento. Ex. contabilidade e economia quando está assinando um contrato ou sobre os juros que estão sendo cobrados, se estes estão em consonância com o combinado.
iii. Fática ou socioeconômica. Essa vulnerabilidade baseia-se na presunção de que o consumidor é o elo fraco da corrente, e que o fornecedor encontra-se em posição de supremacia, sendo o detentor do poder econômico.
NÃO se pode confundir vulnerabilidade com hipossuficiência.
· Todos os consumidores são vulneráveis, mas nem todos são hipossuficientes.
A hipossuficiência se dá de 2 formas:
i. Hipossuficiência econômica: ocorre quando o consumidor apresenta dificuldades financeiras, e o fornecedor se aproveita desta condição;
ii. Hipossuficiência processual: ocorre quando o consumidor tem dificuldades para fazer prova em juízo.
a. O art. 6, VIII do CDC traz a hipossuficiência processual, ao possibilitar a inversão do ônus da prova.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
        a) por iniciativa direta;
        b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
        c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
     d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
Trata-se do Princípio do Dever Governamental:
· O Estado tem a obrigação de editar leis e de intervir de forma efetiva (direta ou indiretamente) no mercado de consumo;
· Objetivo da intervenção: assegurar os direitos do consumidor.
· A intervenção direta ocorre por meio de:
· PROCON → órgão de fiscalização nos estados e municípios;
· INMETRO → órgão que afere a metrologia e qualidade dos produtos no mercado de consumo;
· Promotorias de justiça especializadas.
· A intervenção indireta ocorre por meio de:
· Previsão de legitimidade concorrente para as ações coletivas (art. 81 e 82 do CDC)
· Incentivos fiscais para associações sem fins lucrativos que tenham por finalidade dar assistência jurídica ao consumidor.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· III - harmonização dos interesses dos participantesdas relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Trata-se do Princípio da harmonização dos interesses e da garantia da adequação e princípio do equilíbrio. 
· A proteção ao consumidor deve ser feita, porém não pode chegar ao ponto de coibir/inibir/dificultar o desenvolvimento da atividade econômica.
· O fornecedor não pode agir de modo a causar prejuízos à segurança, saúde e patrimônio do consumidor. É necessário haver bom senso.
· As partes devem agir com lealdade e honestidade (boa-fé objetiva) para alcançarem a igualdade substancial na relação.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
Trata-se do princípio da educação e informação dos consumidores.
· Melhor forma de fiscalização → conscientização dos consumidores pelos seus direitos
· Quanto maior as informações sobre o produto, maior a oportunidade de não gerar dúvidas, erros ou prejuízos.
· Quanto mais o consumidor for instruído quanto aos seus direitos, deveres e entidades a que ele pode recorrer, menor é o conflito.
· A educação não deve vir somente do Estado, mas dos entes públicos e privados encarregados da proteção do consumidor.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
Os fornecedores também devem se preocupar com a qualidade dos bens e serviços que colocam no mercado.
Na prática, há utilização dos selos e certificados provados para atestar a:
· Qualidade. Ex. ISSO
· Forma como foi feito o produto (Ex. selo verde)
· Origem (Ex. sem lactose)
· Localização geográfica, para que o produto de um determinado tipo não seja confundido com o produto de uma determinada região
Há, ainda, o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), que é um mecanismo alternativo de conflito.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
Trata-se do Princípio da Coibição e Repressão de Abuso no Mercado.
É entendido como a proteção da ordem econômica e financeira contra a concorrência desleal e atos que atentem contra a liberdade de iniciativa, a função social da propriedade e a desigualdade do consumidor.
CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). É o órgão incumbido da prevenção e repressão as infrações contra a ordem econômica. 
INPI. É o responsável pelo registro e concessão das marcas, patentes, desenho industrial, transferência de tecnologia, programa de computador e topografia de circuito integrada.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
· VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
É um complemento do art. 3º do CDC. Informa que os serviços públicos também se submetem as regras do CDC.
 VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Há um acompanhamento periódico no mercado:
· Pela ANVISA,
· Brasilcon – Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor – é uma associação civil de âmbito nacional.
· PROCON
· IDEC
· IBGE
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
→ Instrumentos para a Política Nacional das Relações de Consumo – art. 5º
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
Esse artigo traz os mecanismos pelos quais o estado coloca em prática a Política Nacional das Relações de consumo. Não se trata de um rol taxativo, mas todos os órgãos devem estar alinhados com os objetivos e princípios do PNRC.
        I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
Neste inciso está implícito o princípio do acesso à justiça ao consumidor carente, que não tem condições de arcar com as despesas de advogados para a defesa de seus direitos.
A Defensoria Pública pode atuar em prol desses consumidores, ou é franqueado o acesso gratuito ao judiciário nas ações de até 40 salários mínios, nos Juizados Especiais Cíveis.
        II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
O MP atua sempre em defesa coletiva, em casos de publicidade enganosa, cláusulas e práticas abusivas, produtos defeituosos e qualquer situação que atente contra a dignidade do consumidor.
Dentro do MP há o centro de apoio operacional de defesa do consumidor.
        III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
DECON – responsável pela apuração de infrações às relações de consumo
        IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
A Lei 9.099/95 possibilita a criação de varas especialidades, incluindo as áreas que envolvem o CDC.
        V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
Ex. legitimidade concedida as associações formadas há mais de 1 ano para a propositura de ações coletivas, desde que haja pertinência temática.
A legitimidade para a defesa dos interesses coletivos não é só do Estado, por meio do MP ou da Administração Indireta, mas também é das associações privadas (competência concorrente).
AULA 4 – 12/03/2021
→ Introdução aos direitos básicos do consumidor
O artigo 6º do CDC enumera os direitos básicos do consumidor, mas sem exauri-los. São direitos de cunho constitucional, inalienáveis, intransferíveis e irrenunciáveis.
Trata-se de rol meramente exemplificativo, que busca destacar toda a principiologia do CDC, dando maior ênfase às questões protetivas inerentes a todo e qualquer tipo de relação consumerista existentes ou até mesmo as que ainda possam ocorrer.
O artigo indica aos fornecedores sobre procedimentos preventivos que estes devem observar antes mesmo da produção e comercialização de produtos ou serviços.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Vida, saúde e segurança são bens jurídicos inalienáveis e indissociáveis do princípio universal maior da intangibilidade da dignidade da pessoa humana.
Todos os produtos e serviços inseridos no mercado de consumo devem atender às legítimas expectativas do consumidor.
O produto deve se prestar para aquilo que foi anunciado e ter a qualidade que se espera dele.
Ex. o relógio marca as horas, o televisor reproduz imagens, o rádio capta ondas sonora, o celular faz ligações, a faca corta, etc. É a legítima expectativa atendida (qualidade → adequação).
A qualidade-segurança se verifica no produto que, por mais que ofereça risco, também apresenta mecanismos de segurança que resguardam a vida e a saúde do consumidor.
Quando se tratar de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos, a informação e publicidade deve conter maior precisão sobre suas características a fim de torna-lo efetivamente seguro, bem como a maneira e a forma que é apresentado visualmente para o consumidor em geral.
        II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
A educação deve ser analisada sobre dois aspectos:
1. Formal: consiste em estabelecer, por meio das instituições de ensino, disciplinas específicas vinculadas ao Direito doConsumidor, com a inclusão nos currículos escolares da matéria propriamente dita.
Do ponto de vista prático, muitas crianças já são consumidores de produtos e serviços dentro da própria escola, seja na cantina, na papelaria etc.
2. Aspecto informal: se caracteriza pela divulgação por intermédio dos meios de comunicação social em massa (televisão, rádio, jornal), direcionados a um público geral ou específico, visando aclarar, prestar informações, orientações e esclarecimentos.
O direito de escolha advém da própria CF, que prevê em seus princípios a livre iniciativa (art. 1º, inciso IV) e da livre concorrência (art. 170, inciso IV).
A igualdade nas contratações também decorre de princípio basilar constitucional (art. 5º), contudo, devem ser resguardados os direitos de consumidores que, por sua condição física ou mental mereçam tratamento diferenciado, tais como idosos, gestantes, deficientes físicos, visuais, etc.
O fornecedor tem a obrigação legal de informar corretamente ao consumidor, mesmo antes da contratação, sobre as características do produto ou serviço, assim como os riscos que possam causar.
       III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
As informações aos consumidores devem ser adequadas e claras, regidas pelos princípios da boa-fé e transparência.
Sem a devida informação, um produto, mesmo que tenha seu funcionamento dentro das expectativas, poderá ser considerado inadequado para comercialização. 
O fornecedor deve dar todas as informações de forma adequada e clara, a fim de proporcionar ao consumidor o direito de escolha de forma consciente.
A informação deve perdurar por todas as fases da relação fornecedor-consumidor:
· Antes, para viabilizar a escolha consciente;
· Durante, para uso, manutenção e guarda; e
· Depois, para troca, assistência, conserto.
O dever de informar tem graus, que vai desde esclarecer, passando pelo dever de aconselhar, podendo chegar ao dever de advertir.
        IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Este inciso tenta regular a mídia publicitária, marketing especializado em criar a necessidade de consumo no Mercado.]
A publicidade é fundamental como fator influenciador e criador de comportamento em massa.
Este inciso trata de proteção contra métodos coercitivos ou desleais, que constranjam o consumidor. Exemplo: venda casa entre bancos e seguradoras.
Publicidade enganosa → publicidade abusiva
· Publicidade enganosa. Se verifica quando as informações apresentadas ao consumidor não correspondem de maneira fidedigna conforme anunciado. Tais informações podem se dar até mesmo de forma ilustrativa, como em folhetos contendo fotografias que ensejam a crença na aquisição de imóvel de dois dormitórios, quando, na verdade, era um dormitório e um closet.
· Propaganda abusiva. Pode incitar a agressividade, e capaz de gerar algum comportamento prejudicial ou ameaçador à saúde do consumidor. Considera de cunho discriminatório que explore o medo e a superstição. 
Exemplo. Aquelas propagandas que se valem do grau de instrução diminuto, ingenuidade ou inexperiência de crianças.
No Brasil, um comercial de tênis foi retirado do ar, pois ensinava as crianças a agir de forma agressiva e violenta ao destruir o tênis antigo, para assim ganhar o novo modelo anunciado na propaganda de televisão.
        V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
O consumidor que se sentir lesado ou prejudicado por algum fator superveniente ocorrido após a celebração do contrato poderá se valer dos órgãos protetivos, inclusive judiciais, para buscar reequilibrar a relação tida outrora como oportuna.
Relativiza o pacta sunt servanda (força vinculante do contrato) e enaltece a função social do contrato.
Há a possibilidade de modificação ou revisão dos termos contidos num determinado contrato ou relação de consumo, o que, todavia, não significa concordância tácita ou ilimitada em relação aos argumentos apresentados. 
Exemplo: contratos bancários, planos de saúde, seguros.
        VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
· Prevenção: se verifica pelas inúmeras determinações contidas no CDC de forma preocupada e protetiva ao consumidor. Se verifica, também, pela intensa prudência, observância, precaução e vigilância para com os fornecedores e seus meios e intentos de lançar produtos e serviços no mercado de consumo.
· Reparação: indenizar danos materiais (patrimoniais) e imateriais (morais, baseados no sofrimento, dor, constrangimento, atingindo a personalidade) sofridos pelo consumidor.
Deve haver equivalência/compatibilidade entre o dano e a reparação.
        VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
Esse inciso destaca forte intervenção do Estado na garantia do equilíbrio, mostrando quais são os meios que o consumidor tem para buscar a tutela estatal (judicial – JEC - ou administrativa – PROCON, DECON) para prevenir ou remediar qualquer relação de consumo que possa causar ou tenha causado descontentamento, seja em razão da falsa expectativa do produto ou serviço, seja pela existência de vício ou defeito.
O Estado presta assistência jurídica gratuita aos menos favorecidos, através das Defensorias Públicas.
Obs. a gratuidade da assistência jurídica não é exclusiva do consumidor, mas de qualquer pessoa, sendo necessário comprovar que a situação econômica do requerente não lhe permite arcar com as custas do processo e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e da própria família (Lei n. 1.060/50).
        VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Inversão do ônus da prova: constatado o fato apresentado pelo consumidor, caberá ao fornecedor provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito pleiteado pelo consumidor. Isso ocorre porque a maior dificuldade do consumidor é fazer prova de dados técnicos próprios do produto ou serviço, dados que são conhecidos do fornecedor.
Assim, cabe ao fornecedor provar:
· Legitimidade ativa e passiva;
· Nexo de causalidade
· Conduta ativa ou omissiva do fornecedor.
A inversão do ônus da prova não ocorre de ofício. São requisitos para sua concessão: verossimilhança dos fatos narrados pelo consumidor ou hipossuficiência.
· Verossimilhança: presunção de veracidade dos fatos a favor do consumidor;
· Hipossuficiência: não se interpreta que o consumidor é hipossuficiente de forma automática.
· Trata-se de presunção que deve ser aplicada em favor do consumidor, após verificada as circunstancias que envolvem o caso concreto.
        IX - (Vetado);
        X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
É necessário demonstrar a efetiva e adequada contraprestação de forma concreta a favor do consumidor.
O serviço público tem obrigação de ser eficiente e atender as regras do CDC, inclusive administração indireta, concessionárias, permissionárias e autorizadas.
       Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.               
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributosincidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
Todas as informações obrigatórias sobre as características e riscos do produto e serviço deverão ser acessíveis as pessoas com deficiência.
Exemplo: opção digital para o surdo-mudo.
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
        
Há direitos do consumidor também em outras leis e tratados, além do CDC.
O CDC surge como guardião ainda maior dos interesses do consumidor.
· Não exclui outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais ou legislação interna.
· O CDC expande a natureza protetiva da lei em favor do consumidor.
· Todas as normatizações técnicas, tratados internacionais, leis ordinárias devem ser utilizadas e interpretadas de forma a garantir ainda mais os interesses do consumidor.
Qualquer interpretação que diminua ou reduza o amparo que o CDC dá ao consumidor, mesmo que advinda de tratados, convenção, ou lei, deve ser afastada, prevalecendo a aplicação da legislação que melhor resguardar e proteger os interesses e direitos do consumidor.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
· A responsabilidade é objetiva do fornecedor dos produtos e serviços;
· Há responsabilidade solidária entre os fornecedores, quando se verifica a participação direta ou indireta na relação de consumo ou se de algum modo vierem a interferir no processo econômico, contribuindo em qualquer fase: produção, oferta, distribuição, comercialização.
· O simples fato de haver relação de consumo já caracteriza a solidariedade dos fornecedores frente ao consumidor.
Como consequência da solidariedade, o consumidor tem a possibilidade e/ou faculdade de acionar/receber de qualquer um dos fornecedores o direito pleiteado.
	No caso de recebimento parcial, cujo pagamento tenha sido realizado por apenas um dos coobrigados, caberá ao consumidor cobrar os outros coobrigados da relação de consumo, ou o mesmo que já adimpliu sua cota parte, posto que este fica vinculado (solidariamente) a integralidade da dívida ou direito do consumidor.
A solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes.
→ Aula 5 – 09/04/2021
→ RISCOS À SAÚDE OU SEGURANÇA – Art. 8º do CDC
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
· O artigo visa afastar qualquer risco em potencial ao consumidor – saúde e segurança
· O fornecedor DEVE oferecer toda informação, de forma correta, clara, precisa, ostensiva e em vernáculo.
· O fornecedor DEVE dar informações sobre os riscos que NÃO são normais e previsíveis.
· Exemplo: 
· Faca: todos sabem como se usa, porém, se for usada do lado errado sobre a mão irá provocar um acidente
· Triturador: quando o manuseio não é do conhecimento padrão do consumidor, é necessário explicar que não se pode colocar a mão dentro, sob pena de causar um corte. 
        § 1º -  Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
    
        § 2º - O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.    
· O fornecedor deve realizar a higienização dos equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor; e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.
→ Produtos e serviços nocivos ou perigosos à saúde ou segurança
Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
· As informações devem ser minuciosas (remédios, cigarros, antibióticos etc.)
· Produtos perigosos são considerados adequados na sua finalidade, mas merecem atenção especial quanto ao uso, guarda e manutenção, justamente por carregar um aditivo de periculosidade superior à normal. Ex. gás de cozinha.
· Assim, as informações precisam ser ostensivas.
→ Grau de nocividade
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
· Recall (chamar de volta) é o recolhimento do produto realizado pelo fabricante, tendo em vista a descoberta tardia de problemas relativos à segurança do produto.
· Reduz a responsabilidade do fornecedor porque demonstra que tomou medidas preventivas pra evitar danos maiores.
· É gratuito para o consumidor
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
· Os anúncios de recall devem ser da forma mais ampla possível, divulgado em todos os meios de comunicação possíveis.
· Obriga o fornecedor a encontrar o consumidor que adquiriu seu produto ou serviço criado para que o vício seja sanado.
→ E se o consumidor não for encontrado com o recall? O fornecedor continua responsável por eventuais acidentes de consumo causados pelo vício não sanado, pelo fato de o consumidor não ter atendido ao chamado?
Sim, já que a responsabilidade do fornecedor é objetiva.
Havendo o dano, o fornecedor responde pela incidência das regras instituídas nos art. 12 a 14 → não existe excludente de responsabilização.
Havendo demonstração de culpa exclusiva do consumidor, continua o fornecedor sendo integralmente responsável. (?)
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
        § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
→ União, Estados, DF e Municípios
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
O Estado deve fiscalizar para verificar se os produtos e serviços estão impróprios ou não ao consumo.
→ A TEORIA DO RISCO DO NEGÓCIO → A BASE DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
        Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informaçõesinsuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
        § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - sua apresentação;
        II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi colocado em circulação.
        § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
        § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
        Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
        I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
        II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
        III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
        Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
        Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - o modo de seu fornecimento;
        II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi fornecido.
        § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
        § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
        § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
        
A responsabilidade é OBJETIVA pelos danos advindos dos defeitos em produtos e serviços.
Por que?
O artigo 170 da CF garante a livre iniciativa para exploração da atividade econômica, que é características da sociedade capitalista contemporânea.
A principal característica da atividade econômica é o risco. Os negócios implicam risco.
A teoria do risco está intimamente ligada à sistemática normativa adotada pelo CDC, voltado a avaliação da qualidade do produto e do serviço, especialmente a adequação, finalidade, proteção à saúde, segurança e durabilidade.
→ RESPONSABILIDADE OBJETIVA
No século XX, devido ao crescimento populacional, a indústria passou a produzir em larga escala. Nasceu um novo modelo de produção: a fabricação de produtos e a oferta de serviços em série, de forma padronizada e uniforme. São as produções massificadas.
Ocorre que era impossível assegurar que o resultado final do produto ou serviço não tivesse vício/defeito.
Assim, surge o CDC, para verificar o resultado da produção viciada/defeituosa, garantindo ao consumidor que, caso sofresse prejuízo, pudesse ser ressarcido.
→ A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA → REPARAÇÃO INTEGRAL
Quais são as garantias de indenização dadas ao consumidor pelo CDC?
i. Direito ao ressarcimento dos danos sofridos pelo consumidor;
ii. Deve de indenização do agente causador do dano → dever de indenização → a responsabilidade civil do agente é objetiva, oriunda do risco integral de sua atividade econômica.
        Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Este artigo garante ao consumidor a reparação integral dos danos patrimoniais e morais.
Do art. 12 ao 17, temos a determinação de reparação dos danos. Trata-se de ampla reparação, de ordem material (patrimonial), moral, estético e à imagem.
→ Reparação dos danos do consumidor diretamente afetado
· Dano moral:
· é aquele que afeta a paz interior da pessoa lesada; atinge seu sentimento, decoro, ego, honra, enfim, tudo aquilo que não tem valor econômico, mas causa dor e sofrimento. É a dor física e/ou psicológica sentida pelo indivíduo.
· A indenização por dano moral tem caráter satisfativo-punitivo e deve ser fixada com critério objetivos.
· Dano estético e à imagem → indenização de caráter satisfativo-punitivo.
· Dano material
· Danos emergentes: trata da perda patrimonial efetivamente ocorrida. Se apura o valor real da perda para ressarcimento, em dinheiro, da quantia apurada.
· Lucros cessantes: compreende tudo aquilo que o lesado deixou de auferir como renda líquida, em virtude do dano. Calcula-se o quanto o lesado deixou de faturar e determina seu pagamento.
· Ex. fixação das pensões pela perda da capacidade para o trabalho, pela morte do parente que mantinha e sustentava a família.
→ Reparação dos danos → consumidor equiparado
Consumidor equiparado são todas as pessoas que foram atingidas pelo evento, são os terceiros. Eles têm o mesmo direito.
Há dois tipos de terceiros:
i. Os familiares do consumidor diretamente atingido e que por conta do acidente de consumo tenha falecido.
ii. Os familiares do terceiros – consumidor equiparado – envolvido no acidente de consumo e que por causa do evento tenha falecido.
Nesses casos, há direito à indenização de natureza material e moral.
16/04/21
Introdução a responsabilidade do fornecedor
· Art. 12 do CDC, caput: "O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos". 
· Da interpretação deste dispositivo a responsabilidade é objetiva.
O fabricante, o produtor, o construtor e o importador são responsabilizados sempre que os produtos contenham defeitos e como consequência causem dano (moral ou físico) ao consumidor. 
· Art. 12, § 1: O defeito do produto surge quando não há segurança no mesmo, e para isso são levadas em consideração algumas circunstâncias, entre as quais:
i. Apresentação do produto;
ii. O uso e os riscos que razoavelmente do produto se espera;
iii. A época em que o produto foi colocado em circulação.
→Exclusão da responsabilidade do fornecedor:
Parágrafo 2º, art. 12 do CDC. "O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado."
A responsabilidade do fabricante, do construtor, do produtor ou do importador é excluída quando o mesmo provar:
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O fabricante, contudo, pode liberar-se da responsabilidade se provar que o produto não se tornou defeituoso e que o problema ocorreu em decorrência de má conservação e utilização do próprio consumidor.
→O que é responsabilidade objetiva?
· Responsabilidade objetiva é aquela que independe da comprovação de culpa para gerar a obrigação de indenizar. 
· O conceito de responsabilidade objetiva apoia-se em três bases: 
a) A existência de um defeito no produto;
b) O efetivo dano sofrido, seja ele moral ou material
c) O nexo de causalidade que liga o defeito do produto à lesão sofrida.
Não há que se comprovar qualquer das espécies de culpa (imperícia, negligencia ou imprudência).
· Por que?
· A culpa é elemento irrelevante para caracterização do dever de indenizar
· Basta ao consumidorlesado demonstrar a relação de causalidade entre o dano e o defeito do produto para que se caracterize o seu direito à reparação dos danos sofridos.
· Fornecedor responde pela reparação dos danos causados aos consumidores por:
· Defeitos relativos à prestação de serviços ou fornecimento de produtos, 
· Informações insuficientes ou inadequadas, independentemente da existência de culpa.
· CDC facilitou a responsabilização do fornecedor, ou fabricante que praticou o dano.
· Fornecedor responde pela reparação dos danos causados aos consumidores por:
· Defeitos relativos à prestação de serviços ou fornecimento de produtos;
· Informações insuficientes ou inadequadas, independentemente da existência de culpa.
· CDC facilitou a responsabilização do fornecedor, ou fabricante que praticou o dano.
→ RESPONSABILIDADE OBJETIVA por ACIDENTE DE CONSUMO
O conceito de responsabilidade objetivo no CDC foi construído e fundamentado na dificuldade de efetivar a reparação de danos às vítimas dos acidentes de consumo.
· Acidente de consumo: é configurado quando se constata um defeito no produto ou serviço que, que os torna inadequados para seu uso 
+
· também causa dano ao consumidor ou represente riscos à sua saúde ou segurança. 
O acidente de consumo ou, como a própria Lei 8.078/90 do CDC denomina: “fato do produto e do serviço”.
→ VÍCIO
São considerados vícios as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor.
Ex. disparidade havida em elação ás indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária.
Consequências do vício:
a. Fazem com o que o produto não funcione adequadamente, como um liquidificador que não gira;
b. Fazem com que o produto funcione mal, como a televisão sem som, o automóvel que “morre” a toda hora;
c. Diminuem o valor do produto, como riscos na lataria do automóvel, mancha no terno;
d. Não estejam de acordo com informações, como o vidro de mel de 500ml que só tem 400ml; o saco de 5kg de açúcar que só tem 4,8kg; o caderno de 200 páginas que só tem 180;
e. Fazem os serviços apresentarem características com funcionamento insuficiente ou inadequado, como o serviço de desentupimento que no dia seguinte faz com que o banheiro alague; o carpete que descola rapidamente; a parede mal pintada; o extravio de bagagem no transporte aéreo.
→ Tipos de vícios
· Aparente ou de fácil constatação: são aqueles que aparecem no singelo uso e consumo do produto ou serviço.
· Art. 26, caput.
· Ex. vícios decorrentes do prazo de validade, adulterações, etc.
 Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
        I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
        II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
· Vícios ocultos: são aqueles que só aparecem algum ou muito tempo após o uso e/ou que, por estarem inacessíveis ao consumidor, não podem ser detectados na utilização ordinária.
· Ex. defeito no sistema de freio de veículos, defeito no sistema de refrigeração, etc.
Exemplo segundo Rizzatto Nunes:
· Uma consumidora e um consumidor comparecem no mesmo momento a uma loja de departamentos para adquirir um liquidificador. Após escolherem, resolvem comprar o mesmo produto, da mesma marca e modelo; ambas as unidades saíram da fábrica na mesma série de fabricação. Os dois vão para suas casas, cada um com seu liquidificador. Cada um, em sua residência, resolve utilizar o produto. 
· Ele pretende fazer um bolo. 
· Ela, um suco. Retiram o aparelho da caixa, passam uma água e preparam-se para acioná-lo. 
· Ele pressiona o botão. O motor, de forma violenta, gira e uma das pás de liquidificação se quebra e sai voando, fura o copo e entra na barriga do consumidor. Ele tem de ser hospitalizado e por pouco não morre. 
· Ela, por sua vez, pressiona o botão. O motor, de forma violenta, gira, e uma das pás de liquidificação se quebra e sai voando, fura o copo e cai no chão, sem atingir a consumidora.
Esses fatos são considerados um vício?
a. Ele sofreu um acidente de consumo. É defeito. Ele deverá acionar o fabricante do liquidificador para pleitear indenização pelos danos materiais e morais sofridos.
b. Ela não sofreu acidente. Apenas o liquidificador deixou de funcionar. É vício. Ela pode pedir a troca do aparelho viciado por outro idêntico, mas funcionando adequadamente:
a. Na mesma loja onde adquiriu, ou
b. Diretamente do fabricante.
→ DEFEITO
Defeito é o vício acrescido de um problema extra. Alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago, já que o produto ou serviço não cumpriu o fim ao qual se destinava.
O defeito causa dano ao patrimônio jurídico material e/ou moral e/ou estética e/ou à imagem do consumidor.
Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício.
Assim:
1. O defeito tem ligação com o vício, mas, em termos de dano causado ao consumidor, é mais devastador.
2. O vício pertence ao próprio produto ou serviço, jamais atingindo a pessoa do consumidor ou outros bens seus.
3. O defeito vai além do produto ou do serviço, para atingir o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo (seja moral, material, estético ou à imagem).
4. Por isso, somente se fala propriamente em acidente de consumo na hipótese de defeito, pois é aí que o consumidor é atingido.
→ Exemplo de Rizzatto Nunes:
· Dois consumidores vão à concessionária receber seu automóvel zero quilômetro. Ambos saem dirigindo seu veículo alegremente. Os consumidores não sabem, mas o sistema de freios veio com problema de fábrica. 
· Aquele que sai na frente passa a primeira esquina e segue viagem. No meio do quarteirão seguinte, pisa no breque e este não funciona. Vai, então, reduzindo as marchas e com sorte consegue parar o carro encostando o numa guia. 
· O segundo, com menos sorte, ao atingir a primeira esquina, depara com o semáforo no vermelho. Pisa no breque, mas este não funciona. O carro passa e se choca com outro veículo, causando danos em ambos os carros. 
· O primeiro caso, como o problema está só no freio do veículo, é de vício. 
· O segundo, como foi além do freio do veículo, causando danos não só em outras áreas do próprio automóvel como no veículo de terceiros, trata- se de defeito.
→ Exemplo de Rizzato Nunes
· Um consumidor compra uma caixinha longa vida de creme de leite. Ao chegar em casa, abre a e vê que o produto está embolorado.
· É vício, pura e simplesmente. 
· Outro compra o mesmo creme de leite. Abre a caixa em casa, mas o faz com um corte lateral. Prepara um delicioso strogonoff e serve para a família. Todos têm de ser hospitalizados, com infecção estomacal. 
· É caso de defeito. 
É, portanto, pelo efeito e pelo resultado extrínseco causado pelo problema que se poderá detectar o defeito. 
O chamado acidente de consumo está relacionado com o defeito. Conforme se verá, o CDC trata vício de maneira muito diferente de defeito, inclusive no que respeita ao agente que pode ser responsabilizado, aos prazos etc.
→ RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E PELO VÍCIO DO PRODUTO
· Responsabilidade pelo fato do produto deve ser considerada como responsabilidade pelos acidentes de consumo. (Art.12 do CDC)
· Responsabilidade pelo vício do produto, (art.18 do CDC se refere ao vício do produto) a qual recai sobre a empresa ou empresário em três hipóteses:
a) vício que torne o produto impróprio ao consumo;
b) vício que lhe diminua o valor;
c) vício decorrente da disparidade das características dos produtos com aquelas veiculadas na oferta e publicidade.
Consequência:
· Responsabilidade pelo fato do produto – direito à indenização. 
· Responsabilidade pelo vício do produto – direito ao conserto, à troca do produto ou ao recebimento do dinheiro pago.
→ Quem é responsável?
Artigo 12, caput, CDC dispõe claramente o que seria a responsabilidade pelo fato doproduto. 
 Os responsáveis são o fabricante, o produtor, o construtor e o importador, independentemente de culpa
· Lembrar do art. 3º CDC fornecedor é o gênero daqueles que desenvolvem atividades no mercado de consumo. 
· Todos os participantes da cadeia que desenvolvem atividades, sem qualquer distinção respondem “solidariamente”.
· O art. 12 não relaciona o comerciante – exclui- apesar de igualmente ativo nas relações de consumo. 
· Mas o art.13 CDC, entrega ao comerciante uma responsabilidade subsidiária
→ RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
· Na responsabilidade do comerciante subsidiária, este apenas responderá quando as pessoas indicadas no artigo 12 não puderem ser identificadas, ou não forem identificadas de forma adequada. 
· Único caso → responsabilidade direta do comerciante será quando o acidente tiver como origem a má conservação de produtos perecíveis.
23/04/2021
→Introdução
Defeito pressupõe vício: defeito é tudo aquilo que gera dano além do vício, dano extrínseco.
O prestador é responsável no caso de defeito (art. 14), no caso de vício (art. 20).
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos
Responsabilidade objetiva do prestador por danos causados aos consumidores pelos defeitos relativos aos serviços prestados e pelas informações insuficientes ou inadequadas sobre a fruição e os riscos dos serviços. Inclui os defeitos decorrentes da oferta e da publicidade. 
Ex. anuncio de viagem de férias com tudo incluído quando chega no destino tem que pagar tudo
→ Formas de prestação de serviços
Serviços prestados de maneira direta e praticamente pura: consulta médica, o de ensino, o do cabeleireiro 
Serviços que são compostos de outros: administração de cartão de crédito, que envolve a administradora; os bancos, que recebem os pagamentos das faturas e os boletos de venda dos comerciantes; os correios, que transportam as faturas e demais correspondências, os serviços telefônicos, cujos canais são importantes no atendimento ao consumidor etc. 
Responsabilidade solidária na medida de suas participações
Art. 14
§1°O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I -o modo de seu fornecimento;
II -o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III -a época em que foi fornecido.
Obs.: 
É evidente que sempre se espera que nenhum serviço cause danos ao consumidor !!
Há serviços que naturalmente geram insegurança (viagens de avião, navio, serviços de odontologia, hospitalares, médicos) há serviços que é exatamente a insegurança que é buscada (parques de diversão: andar na montanha -russa). Neste caso, se houver “falta de insegurança” aí é que existiria o vício.
Não há data que evite defeito. Não é a época que pode determinar se há defeito ou não!!
§2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
Novas técnicas utilizadas não devem ser consideradas vícios ou defeitos 
§3°O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I -que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II -a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
No CDC a Responsabilidade objetiva, mas conforme estes incisos é possível desconstituir sua obrigação de indenizar: 
Quando ????
Casos fortuitos e força maior não excluí o dever de indenizar. ex. tempestades e nevoeiros, no caso do transportador aéreo. Ainda que o transporte aéreo seja afetado por esse tipo de evento climático, o transportador não pode escusar-se de indenizar os passageiros que sofreram danos devido o fenômeno, porque neste exemplo, o fato climático é integrante típico do risco daquele negócio. 
Ex. passageiro do ônibus que sai do carro em movimento ou o mesmo passageiro que é assaltado dentro do ônibus.
Profissional liberal responsabilidade
§4°A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Característica básica A prestação de serviço se dá em razão da natureza “intuitu personae” dos serviços prestados; o profissional presta pessoalmente, por sua própria conta, com liberdade de agir, sem vínculo empregatício, independente do grau de instrução. 
Profissionais liberais são contratados ou constituídos com base na confiança que inspiram aos respectivos clientes elementos subjetivo, por isto não depende ou precisa de justificativa
Ex. cliente e psicanalista
Regra: profissionais liberais somente serão responsabilizados por danos quando ficar demonstrada a ocorrência de culpa subjetiva, em quaisquer de suas modalidades: negligência, imprudência ou imperícia.
Mas atividade do profissional liberal é de meio ou de fim???
Atividade é de MEIO e não é de FIM !!!
Profissional liberal
Profissional não assegura o fim de sua própria atividade. Não porque ele não deseje, mas porque ele não pode e nem deve !!!!!
Ex. um psiquiatra afirmar que irá obter a cura do problema mental de seu cliente. 
EX. um advogado afirmar a seu cliente que este sairá vitorioso no julgamento pelo Júri do processo criminal. 
Ex. o cirurgião dizer para o paciente não se preocupar porque a cirurgia de transplante de coração correrá bem e que o operado voltará à sua vida normal.
São casos típicos de atividade meio, na qual o profissional liberal não tem condições objetivas de garantir o fim do serviço. Pode trabalhar com percentual de probabilidade %%%
MAS: 
É verdade mesmo que o profissional liberal não desenvolve atividade fim? Não haverá certos serviços oferecidos e executados pelos profissionais liberais que são, em si, atividades fim e não de meio? Sim, há. 
a) pressupõem a capacitação profissional do prestador do serviço;
b) não dependem de nenhuma outra circunstância, como acontece na atividade meio, a não ser da própria habilitação profissional do prestador do serviço.
•Ex. se um dentista examina a radiografia que acaba de tirar da arcada dentária de seu cliente e diagnostica que o dente tem de ser extraído, por problema insolúvel lá existente, e resolve extraí-lo, e, depois, verifica-se por exame correto feito por outro dentista que o dente não deveria ter sido extraído, trata-se de defeito da prestação do serviço, que é tipicamente de fim e não de meio.
•O serviço fim foi o exame da radiografia e a decisão de extração do dente. É muito diferente do dentista que corretamente diagnostica pelo exame da radiografia que tem de extrair o dente —atividade fim —e, depois, o cliente acaba tendo complicações na gengiva no local do dente extraído (atividade -meio, cujo resultado não dava para assegurar).
Mas, nem todas as relações estabelecidas com o profissional liberal é “intuitu personae”
As prestações de serviços oferecidos em massa aos consumidores
Ex. consumidor usuário de um plano de saúde, que, estando com dor de estomago, pega o livro de nomes, endereços e telefones dos médicos especializados nas várias áreas. 
Profissional liberal na pessoa jurídica –quando o profissional liberal que se constitui em pessoa jurídica. Ex. uma sociedade de advogados apenas e tão somente para uma melhor organização fiscal de receitas e despesas, sem nenhuma intenção de deixar de ser profissional liberal.
Isto não descaracteriza a responsabilidade subjetiva.
O importante é definir o profissional liberal pelas características de sua prestaçãode serviço e não pelo enquadramento na regulamentação legal.
Mas não pode
•uma pessoa jurídica. Ex. um hospital cujo paciente tenha sofrido dano, quer se beneficiar da prerrogativa da apuração da responsabilidade por verificação da culpa por problema causado pelo médico (profissional liberal).
O hospital é responsável objetivamente pelos danos causados por seus serviços, independentemente de quem os executa.
Conclusão
•A responsabilidade do profissional liberal em caso de defeito ou de vício da prestação de seu serviço será apurada mediante culpa (resp. subjetiva) sendo que isso:
a) independe do fato de o serviço ser prestado efetivamente com a característica intuitu personae, firmado na confiança pessoal ou não; 
b) independe de a atividade exercida ser de meio ou de fim;
c) independe de o profissional liberal ter ou não constituído sociedade profissional. 
O que descaracteriza a atividade não é a pessoa jurídica em si, mas a atividade, que em alguns casos pode ser típica de massa;
 De quem é o ônus da prova? 
O ônus da prova incumbe a quem alega, é do consumidor. 
•Mas o consumidor goza dos benefícios da inversão do ônus da prova, instituída no inciso VIII do art. 6º, CDC 
•2 momentos de produção de prova:
1) É o da prova do dano, do nexo de causalidade entre o dano e o serviço, com a indicação do profissional responsável.
2) É o da culpa do profissional liberal, prestador do serviço. 
Como a responsabilidade não é objetiva, os dois momentos da prova têm de ser produzidos.
Dano estético: “estético” o elemento externo da configuração física do ser humano
•Para o direito, não se trata de discutir o belo, o bonito O que interessa é a modificação física gerada pelo dano e que, de maneira permanente, altere o aspecto físico externo da pessoa lesada.
Dano estético liga-se a dano moral. O aspecto mais contundente do dano estético é exatamente sua produção de dor, angústia, humilhação, desgosto, vergonha...
•“Indenização. Médico. Realização de cirurgia plástica. Dano estético. Responsabilização, salvo culpa do paciente ou a intervenção de fator imprevisível, o que lhe cabe provar. O profissional que se propõe a realizar cirurgia, visando a melhorar a aparência física do paciente, assume o compromisso de que, no mínimo, não lhe resultarão danos estéticos, cabendo ao cirurgião a avaliação dos riscos. Responderá por tais danos, salvo culpa do paciente ou a intervenção de fator imprevisível, o que lhe cabe provar. (...) AgRg37.0609/RS da 3a Turma do STJ, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 28111994, v. u., RT 718/270.
Dano estético 
“Estético” o elemento externo da configuração física do ser humano
•Para o direito, não se trata de discutir o belo, o bonito O que interessa é a modificação física gerada pelo dano e que, de maneira permanente, altere o aspecto físico externo da pessoa lesada.
Dano estético liga-se a dano moral. O aspecto mais contundente do dano estético é exatamente sua produção de dor, angústia, humilhação, desgosto, vergonha...
•“Indenização. Médico. Realização de cirurgia plástica. Dano estético. Responsabilização, salvo culpa do paciente ou a intervenção de fator imprevisível, o que lhe cabe provar. O profissional que se propõe a realizar cirurgia, visando a melhorar a aparência física do paciente, assume o compromisso de que, no mínimo, não lhe resultarão danos estéticos, cabendo ao cirurgião a avaliação dos riscos. Responderá por tais danos, salvo culpa do paciente ou a intervenção de fator imprevisível, o que lhe cabe provar. (...) AgRg37.0609/RS da 3a Turma do STJ, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 28111994, v. u., RT 718/270.
Aula 8 – 30/04/2021 – cláusulas abusivas
· Práticas comerciais são todos os procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utilizados pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de seus produtos e serviços até o destinatário final.
são todos os atos praticados pelos fornecedores com vistas, direta ou indiretamente, ao escoamento da produção.
faz parte dos direitos básicos do consumidor a proteção genérica contra todas as formas de práticas comerciais abusivas, conforme previsto no art. 6º, IV, do CDC: 
· IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. (Grifo nosso)
·  As práticas comerciais são permitidas!!!!
· não se admite é que se utilize dessas práticas de maneira abusiva com relação ao consumidor. 
→ O que são práticas abusivas?
práticas comerciais abusivas são todas as condutas tendentes a ampliar a vulnerabilidade do consumidor, ou seja, são comportamentos, tanto na esfera contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou de situação de inferioridade econômica ou técnica do consumidor. 
· são ações e/ou condutas que, uma vez existentes, realizadas, caracterizam-se como ilícitas, independentemente de se encontrar ou não algum consumidor lesado ou que se sinta lesado. 
· ex. um consumidor qualquer ficar satisfeito por ter recebido em casa um cartão de crédito sem ter pedido, essa concreta aceitação sua não elide a abusividade da prática (que está expressamente prevista no inciso III do art. 39)
 Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
→ Venda casada é vedado
“I — condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”. 
“operação casada” ou “venda casada”  venda por meio da qual o fornecedor pretende obrigar o consumidor a adquirir um produto ou serviço apenas pelo fato de ele estar interessado em adquirir outro produto ou serviço.
 inciso proíbe dois tipos de operações casadas:
a) o condicionamento da aquisição de um produto ou serviço a outro produto ou serviço; 
 b) a venda de quantidade diversa daquela que o consumidor queira
→ Exemplos:
a) o condicionamento da aquisição de um produto ou serviço a outro produto ou serviço; 
· Ex. É o caso do banco que, para abrir a conta corrente do consumidor, impõe a manutenção de saldo médio ou, para conceder um empréstimo, exige a feitura de um seguro de vida. 
· o caso do bar em que o garçom somente serve bebida ou permite que o cliente continue na mesa bebendo se pedir acompanhamento para comer etc.
 b) a venda de quantidade diversa daquela que o consumidor queira
· o lojista faz promoções do tipo “compre 3 pague 2”. São válidas desde que o consumidor possa também adquirir uma peça apenas, mesmo que tenha de pagar mais caro pelo produto único no cálculo da oferta composta (o que é natural, já que a promoção barateia o preço individual)
→ Recusa de atendimento é vedado
· “II — recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes”.
· acresce à oferta a obrigação de vender os produtos existentes no estoque, ainda que não tivessem sido oferecidos. 
· basta ter em estoque para ser obrigado a vender.
· Pode o consumidor comprar todas as mercadorias da prateleira, bem como exigir a venda da única peça em exposição na vitrina.
· oferta de preço especial — caixa de cervejas, re-frigerantes, desodorantes etc. —, como fazem os supermercados, não é justificativa para limitar a quantidade de venda — nos exemplos acima, impondo-se que o consumidor só possa comprar uma caixa
→ Entrega sem solicitação do consumidor é vedada
· “III — enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço”. 
+
· “Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento”.
· A norma é taxativa em proibir o envio ou a entrega ao consumidor sem que este tenha previamente solicitado qualquer produto ou serviço. 
· O parágrafo único sanciona a violação à proibição, dispondo que o produto e o serviço

Outros materiais