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Planejamento e Gestão do Processo Publicitário Aula 5: Posicionamento Estratégico de Comunicação Apresentação A de�nição do posicionamento de uma empresa requer desde o diagnóstico da atual posição que ela ocupa na mente do consumidor até a de�nição dos principais diferenciais que a empresa pretende destacar para o mercado. As estratégias de diferenciação no mercado podem privilegiar tanto pontos de diferença como pontos de paridade da empresa em relação aos concorrentes; tais estruturas de referência competitiva devem ser trabalhadas no sentido de gerar uma percepção positiva da marca no consumidor. Objetivos Explicar o cenário globalizado e a necessidade de adotar um posicionamento; De�nir o processo de de�nição do posicionamento; Listar as principais estratégias de posicionamento. Posicionamento de marca A prática do Marketing tem como objetivo satisfazer as necessidades e desejos dos clientes. Todo tipo de negócio deve ter como dever oferecer valor ao cliente e, por consequência, obter lucro com isso. Entretanto, essa visão tradicional de oferecer algo e obter lucro em troca, só garante sucesso empresarial em economias caracterizadas pela escassez de bens e de serviços. Na nova visão do processo de negócios, ao invés de somente enfatizar a fabricação e a venda, as empresas se veem como parte de uma sequência de criação e entrega de valor. Atualmente, entre os objetivos de Marketing que as empresas devem estabelecer, estão: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Criar consciência do produto e induzir a experimentação. Maximizar a participação de mercado. Maximizar os lucros enquanto defende a participação de mercado. Reduzir gastos e tirar o máximo da marca. Como conseguir atingir esses objetivos e formular estratégias de penetração, desenvolvimento e diversi�cação para conquistar o mercado? Diferenciar-se no cenário mercadológico atual nem é uma opção empresarial, mas, sim, uma questão de sobrevivência. As empresas devem buscar se destacar em relação à concorrência, adotando algum tipo de vantagem que lhe con�ra competitividade. Fonte: Shutterstock Lupetti (2012, p. 78) a�rma que essa vantagem: "Precisa ser única, difícil de imitar, sustentável, superior à competição e aplicável em diversas situações." Kotler; Keller (2012, p. 294) explicam que: "Toda estratégia de Marketing se baseia em segmentação, seleção de mercado-alvo e posicionamento (STP, sigla em inglês que corresponde a segmentation, targeting e positioning). Uma empresa identi�ca diferentes necessidades e grupos no mercado, estabelece como alvo aqueles que são capazes de atender melhor e, então, posiciona seus produtos de modo que o mercado-alvo reconheça as ofertas e imagens diferenciadas da empresa." O posicionamento é a percepção do produto/serviço em relação a produtos/serviços concorrentes na mente do consumidor. Em outras palavras, posicionamento é o conceito que as pessoas retêm na mente sobre determinada marca ou produto. A de�nição clássica de posicionamento, dos autores Al Ries e Jack Trout (2009), determina que o posicionamento é uma estratégia da marca para ocupar um lugar destacado e único na memória do consumidor. Kotler; Keller (2012) a�rmam que cada marca ou produto ofertado por ela deve buscar algum tipo de associação na mente do consumidor, que o diferencie da concorrência. Fonte: Freepik Estabelecer um posicionamento persuasivo e diferenciado requer um estudo aprofundado das necessidades do público-alvo, bem como o conhecimento das competências internas da empresa. A adoção do posicionamento ajuda a orientar a estratégia de Marketing e a de�nir uma identidade para a marca: "Um posicionamento e�caz tem um “pé no presente” e um “pé no futuro”. Ele deve ser um tanto ambicioso para que a marca tenha espaço para crescer e melhorar. O posicionamento calcado na atual situação do mercado não é su�cientemente voltado para o futuro, mas, ao mesmo tempo, o posicionamento não pode se distanciar tanto da realidade que se torne essencialmente impossível de atingir. O verdadeiro segredo do posicionamento é alcançar o equilíbrio entre o que a marca é e o que ela poderia ser." (KOTLER; KELLER, 2012, p. 294) No processo de de�nição do posicionamento, é importante questionar a respeito da posição que a empresa tem atualmente – como os colaboradores e consumidores a veem –, e aonde ela quer chegar, ou seja, como ela quer ser conhecida. É primordial que a empresa busque conhecimento sobre dois elementos importantes: Público-alvo É necessário conhecer quem é o público-alvo, pois, conforme a�rmam Keller; Machado (2006), cada consumidor tem uma estrutura de conhecimento de determinada marca, o que permite diferentes percepções acerca dela. Concorrência Não se pode de�nir um posicionamento sem levar em conta a concorrência: quem são os principais concorrentes e como eles são vistos pelos consumidores. As decisões sobre público-alvo, em geral, estão vinculadas às decisões quanto à natureza da concorrência de uma empresa/marca. Para estabelecer a estratégia de posicionamento de uma empresa é necessário: O diagnóstico do posicionamento atual; O entendimento das necessidades do consumidor; O conhecimento da concorrência; A de�nição das vantagens competitivas da empresa; A seleção das principais diferenças a serem trabalhadas pela empresa, no sentido de proporcionar benefícios e vantagens visíveis ao consumidor e difíceis de serem copiados pela concorrência. Dica Michael Porter, autor de referência em estudos de administração estratégica, aponta que a empresa pode optar pela liderança em custos, atingindo assim um amplo mercado com pouca diferenciação em produtos; pode optar pela segmentação de mercado, oferecendo um produto especí�co para um nicho especí�co de consumidores; ou pode optar pela exclusividade em oferta de produtos/serviços, sendo única no mercado. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Divisão do processo de de�nição do posicionamento Kotler; Keller (2012) dividem esse processo em três etapas, a saber: Clique nos botões para ver as informações. É preciso estabelecer o cenário competitivo, ou seja, com que marcas/produtos a empresa concorre, para que se possa tomar decisões sobre público-alvo. Apesar de muitas empresas conseguirem estabelecer, com certa precisão, quem são os seus concorrentes, nem sempre é possível enxergar, por exemplo, os concorrentes emergentes: Em mercados estáveis, de�nir a concorrência pode ser mais simples; Em mercados dinâmicos, no entanto, tal tarefa se torna muito mais complexa. Há uma certa miopia em de�nir a concorrência apenas em termos de categoria e setor. Uma loja de produtos orgânicos, por exemplo, pode errar em estabelecer como concorrentes apenas as lojas de produtos similares aos seus, pois há um mercado de produtos industrializados que rouba clientes dos produtos orgânicos a todo momento. Estabelecer uma estrutura de referência competitiva As empresas devem buscar pontos em que se diferem ou se aproximam das marcas concorrentes. Os pontos de diferença permitem que uma marca desenvolva características fortes, exclusivas, e atributos que a destaquem e façam como que os consumidores associem fortemente a marca àquela característica. Os pontos de semelhança ou de paridade são aqueles em que uma marca possui associações que não são exclusivas e que se assemelham a outras. Algumas possuem paridade por categoria, que são os atributos mínimos e necessários para passar con�abilidade aos consumidores. As associações por paridade são planejadas para negar os pontos de diferença entre os concorrentes e obter algum tipo de vantagem ao mostrar-se igual à concorrência. Identi�car pontos de diferença e pontos de semelhança (paridade) De acordo com Kotler; Keller (2012, p. 300), “um mantra para a marca é uma articulação do coração e da alma da marca, intimamente relacionada com outros conceitos de branding como essência da marca e promessa principalda marca”. A empresa pode criar uma forma de ser vista, reconhecida e lembrada pelos consumidores, com uma frase curta que a de�na. Trata-se de um forte recurso que pode inclusive orientar a tomada de decisões. Exemplo: O mantra da Nike — seu slogan externo “Just Do It” (Simplesmente Faça), simboliza atitude e consegue cumprir três critérios essenciais para um bom mantra: Comunicar (esclarecer o que é exclusivo da marca); Simpli�car (ser incisivo e de fácil memorização); Inspirar (criar um território signi�cativo para a marca). Assim, a empresa focou no esporte, e não no mundo fashion, passando a ideia de superioridade, autenticidade e poder. De�nir um mantra para a marca Atenção Para que um posicionamento seja e�caz, é necessário que cada uma das etapas descritas seja compreensível para o consumidor: é preciso transmitir ao consumidor o que a marca tem de especial e porquê representa uma escolha superior. Atividade 1. Comente as três etapas de de�nição do posicionamento empresarial, focando, sobretudo, a adoção de pontos de diferença e de paridade. Casos reais Criar esse tipo de associação singular é um desa�o para as empresas. Vamos conhecer agora, alguns casos de empresas reais. Apple Busca se diferenciar da concorrência passando a imagem de design original, irreverência, facilidade de uso. A empresa utiliza o slogan “Think Different” (Pense Diferente), convidando o consumidor a fugir do comum, associando sua marca a um estilo de vida criativo e exclusivo, cultivando valores como elegância e so�sticação. Chanel O perfume francês Chanel nº 5 — A marca procura ser conhecida como elegante e isso é visível para o consumidor, inclusive pela associação constante entre Chanel e a moda de alta costura (KOTLER; KELLER, 2012). Coca-Cola Foi uma das primeiras a se posicionar como uma experiência para o consumidor. A marca consegue transformar a ideia de tomar refrigerante em sinônimo de felicidade e vem associando isso à sua marca ao longo de muitas décadas, procurando cativar a memória afetiva do consumidor para a magia dos momentos alegres entre amigos e família. Adota mantras que se traduzem em seus slogans Abra a felicidade, Sinta o Sabor, Há razões para acreditar e Vamos comer juntos, por exemplo. Domino’s Pizza De�niu seu posicionamento, ao longo dos últimos anos, com base em uma proposta de valor que agrega público-alvo, benefícios e preços. Seu consumidor-alvo é aquele que ama pizza e deseja conveniência; seu benefício é a rapidez na entrega mantendo a boa qualidade do produto; sua proposta de valor é entregar uma pizza gostosa, quente, com rapidez e preço acessível. Posicionamento duplo Starbucks A rede de cafeterias mais famosa do mundo, busca estabelecer tanto pontos de paridade como pontos de diferença com a concorrência, com os seguintes tópicos: Restaurantes de serviço rápido e lojas de conveniência (McDonald’s e Dunkin’ Donuts). Os pontos de diferença pretendidos podem ser qualidade, imagem, experiência e variedade, enquanto os pontos de paridade podem ser conveniência e valor. Marcas de supermercados para consumo doméstico (Folgers e Nescafé). Os pontos de diferença pretendidos podem ser qualidade, imagem, experiência, variedade e frescor, enquanto os pontos de paridade podem ser conveniência e valor. Cafés locais. Os pontos de diferença pretendidos podem ser conveniência e qualidade de serviço, enquanto os pontos de paridade podem ser qualidade, variedade, preço e comunidade (KOTLER; KELLER, 2012, p. 300). Fonte: Shutterstock Dica Nesse caso, em que a empresa adota múltiplas estruturas de referência, é importante que ela tenha consciência de que não tentará suprir todas as necessidades do consumidor. Então, de acordo com as circunstâncias do mercado em dado momento, pode ser interessante para a empresa optar por priorizar uma estrutura e não outra. A Starbucks foca na experiência do consumidor, buscando transformar o ato de compra de um café em algo memorável. Subway Outra empresa que adota um duplo posicionamento. Trata-se de uma rede de restaurantes com uma proposta de sanduíches saudáveis. Ela adota um posicionamento diferencial em termos de saúde em relação aos fastfoods. Mas, também, adota um posicionamento por paridade em sabor comparando com os mesmos concorrentes. Fonte: Shutterstock De acordo com Kotler; Keller (2012, p. 300): "O posicionamento duplo permite às marcas expandir sua cobertura de mercado e base de clientes potenciais." Diferenciação Os valores centrais que uma marca busca cultivar, ou seja, os aspectos essenciais de uma marca, devem servir de base para de�nir o seu posicionamento perante o consumidor. Conforme Keller; Machado (2006, p. 87): "A alma da marca é uma de�nição de 3 a 5 palavras que captura a essência do posicionamento e dos valores da marca." A de�nição do posicionamento passa pela criação de uma vantagem competitiva que seja sustentável ou mesmo alavancável, em outras palavras, que sirva de base para novas vantagens. Kotler; Keller (2012) apontam para algumas formas de buscar diferenciação no mercado: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Diferenciação baseada em determinadas dimensões Funcionários (cujo qualidade de atendimento seja superior); Canal de distribuição (boa logística de compra e de entrega); Imagem (criar uma imagem atrativa para o consumidor); Serviços (prestação de serviços con�áveis e inovadores). Diferenciação baseada no branding emocional Cria pontos de diferença e de paridade que sensibilizem o emocional dos consumidores, fazendo com que a marca seja amada pelos consumidores e ganhe em participação de mercado, share of mind (participação na mente) e share of heart (participação na preferência). Diferenciação baseada no branding por storytelling Descreve o posicionamento da marca contando uma narrativa ou história para o consumidor. Diferenciação baseada no branding jornalístico Posicionar a marca dentro dos acontecimentos e fatos do mercado. Diferenciação baseada no branding cultural Desenvolve estratégias de marca inseridas em contextos culturais. O posicionamento dos pequenos negócios Mesmo em negócios que dispõem de poucos recursos, é possível criar e posicionar marcas de sucesso. De acordo com Kotler; Keller (2012, p. 310): "De modo geral, quando os recursos de sustentação da marca são limitados, o foco e a consistência em programas de Marketing são de crucial importância. A criatividade também é fundamental — isto é, encontrar novas formas de divulgar novas ideias sobre produtos para os consumidores." Neste cenário, os autores sugerem que as empresas procurem: Realizar pesquisas de Marketing de baixo custo; Focar em uma ou duas marcas do portfólio e trabalhar nos diferenciais delas; Trabalhar no conhecimento e na imagem da marca por meio do nome ou da embalagem por exemplo; Criar um boca a boca de consumidores �éis à marca, seja nas redes sociais, seja em ações de baixo custo. Fonte: Shutterstock. Estudos de Caso De acordo com Lupetti (2012), muitas empresas adotam diferenciais facilmente copiados pela concorrência. O benchmarking, estratégia de observar a concorrência e adquirir competências para desenvolver produtos/serviços iguais ou superiores, acaba por facilitar que os concorrentes se aproximem e até superem as vantagens competitivas de outras empresas. A alternativa para di�cultar o benchmarking é adotar um posicionamento de comunicação associado a elementos que sejam signi�cativos para os consumidores-alvo. Conheça dois casos interessantes de grandes empresas. Casos Louis Vuitton e Havaianas Clique no botão acima. Caso 1: Louis Vuitton A Louis Vuitton (LV) é uma das marcas mais lendárias do mundo, e é sinônimo de luxo, riqueza e moda. A empresa é conhecida por bolsas, artigos de couro, sapatos, relógios, joias, acessórios e óculos de sol que se tornaram ícones da moda e sua marca de luxo ocupa o topo do ranking mundial. Foi em 1854que Louis Vuitton abriu sua primeira loja em Paris para vender baús e malas de alta qualidade, feitas à mão. No �nal do século XIX, Vuitton introduziu seus modelos em lona Damier e Monogram Canvas, que caracterizam o famoso design ainda usado na maioria dos produtos da empresa. Ao longo do século XX, a empresa que leva o nome de seu criador continuou a crescer internacionalmente, expandindo-se pelo mundo da moda na década de 1950 e atingindo a cifra de US$ 10 milhões em vendas em 1977. Em 1987, a Louis Vuitton se fundiu com a Moët et Chandon e com a Hennessy, os principais fabricantes de champanhe e conhaque, criando a LVMH, um conglomerado de bens de luxo. Os produtos Louis Vuitton são feitos com materiais de primeira linha, e seus designers usam uma combinação de arte, precisão e artesanato para produzir apenas os melhores produtos. O lendário monograma LV aparece em todos os produtos da empresa, e representa a mais alta qualidade, status premium e viagens de luxo. No decorrer dos anos, porém, a falsi�cação se tornou um enorme problema e um dos desa�os mais difíceis enfrentados pela Louis Vuitton. A Louis Vuitton é uma das marcas mais falsi�cadas do mundo e a empresa leva o problema muito a sério por acreditar que as falsi�cações diluem sua imagem de marca de prestígio. A Louis Vuitton emprega uma equipe completa de advogados e combate à falsi�cação de várias maneiras com agências e equipes de investigação especiais. Até a década de 1980, os produtos Louis Vuitton estavam disponíveis em uma ampla variedade de lojas de departamento. No entanto, para reduzir o risco de falsi�cação, a empresa passou a manter maior controle sobre seus canais de distribuição. Atualmente, ela vende seus produtos somente em autênticas boutiques Louis Vuitton, localizadas em áreas de compras de luxo e lojas de departamento so�sticadas, todas elas administradas de forma independente com seus próprios funcionários e gerentes. Os preços da Louis Vuitton nunca são rebaixados, e só recentemente a empresa começou a vender pela louisvuitton.com, na expectativa de alcançar novos consumidores e regiões. Ao longo dos anos, inúmeras celebridades e supermodelos de destaque têm usado produtos LV, incluindo Madonna, Audrey Hepburn e Jennifer Lopez. Em suas ações de Marketing, a empresa vem utilizando celebridades da alta- costura, outdoors, anúncios impressos e sua própria regata internacional — a Louis Vuitton Cup. Recentemente, a LV quebrou a tradição e exibiu celebridades não convencionais, como Ste� Graf, Mikhail Gorbachev, Buzz Aldrin e Keith Richards em uma campanha intitulada “Core Values” (“Valores essenciais”). A LV também lançou seu primeiro comercial de TV focado em viagens de luxo em vez da moda, e �rmou novas parcerias com artistas internacionais, museus e organizações culturais, visando manter a marca renovada. Dito isso, a Louis Vuitton ainda gasta até 60 horas para fazer, à mão, uma mala, tipo bagagem de mão — do mesmo modo como era feito há 150 anos. Atualmente, a Louis Vuitton detém um valor de marca de US$ 26 bilhões, de acordo com a Forbes, e está classi�cada como a 17ª marca global mais poderosa, de acordo com a Interbrand. A empresa está focada na expansão de sua marca de luxo para mercados em crescimento como a China e a Índia, além de continuar a crescer em mercados fortes como o Japão e a Europa. Também continua a adicionar novas linhas de produtos a seu portfólio. (KELLER; MACHADO, 2006) O relato nos leva a imaginar como uma marca consegue crescer e se renovar, mantendo todo o seu prestígio, por tantos anos. Podemos pensar que a marca investe em branding emocional, identi�cando pontos de diferença marcantes em relação às marcas concorrentes e de�ne um verdadeiro mantra para a marca, tornando-se uma lovemark, ou seja, uma marca que é amada e desejada por um grande contingente de consumidores. A própria falsi�cação da marca nem sempre gera repercussão negativa para ela. Pois ela re�ete o desejo de ter um produto de uma marca cobiçada, cujo valor é inacessível para muitos consumidores. No entanto, os consumidores-alvo da marca, de poder aquisitivo alto, costumam pagar pela exclusividade e luxo que a marca oferece. Ao longo dos anos, inúmeras celebridades e supermodelos de destaque têm usado produtos LV, incluindo Madonna, Audrey Hepburn e Jennifer Lopez. Em suas ações de Marketing, a empresa vem utilizando celebridades da alta- costura, outdoors, anúncios impressos e sua própria regata internacional — a Louis Vuitton Cup. Recentemente, a LV quebrou a tradição e exibiu celebridades não convencionais, como Ste� Graf, Mikhail Gorbachev, Buzz Aldrin e Keith Richards em uma campanha intitulada “Core Values” (“Valores essenciais”). A LV também lançou seu primeiro comercial de TV focado em viagens de luxo em vez da moda, e �rmou novas parcerias com artistas internacionais, museus e organizações culturais, visando manter a marca renovada. Dito isso, a Louis Vuitton ainda gasta até 60 horas para fazer, à mão, uma mala, tipo bagagem de mão — do mesmo modo como era feito há 150 anos. Atualmente, a Louis Vuitton detém um valor de marca de US$ 26 bilhões, de acordo com a Forbes, e está classi�cada como a 17ª marca global mais poderosa, de acordo com a Interbrand. A empresa está focada na expansão de sua marca de luxo para mercados em crescimento como a China e a Índia, além de continuar a crescer em mercados fortes como o Japão e a Europa. Também continua a adicionar novas linhas de produtos a seu portfólio. (KELLER; MACHADO, 2006) O relato nos leva a imaginar como uma marca consegue crescer e se renovar, mantendo todo o seu prestígio, por tantos anos. Podemos pensar que a marca investe em branding emocional, identi�cando pontos de diferença marcantes em relação às marcas concorrentes e de�ne um verdadeiro mantra para a marca, tornando-se uma lovemark, ou seja, uma marca que é amada e desejada por um grande contingente de consumidores. A própria falsi�cação da marca nem sempre gera repercussão negativa para ela. Pois ela re�ete o desejo de ter um produto de uma marca cobiçada, cujo valor é inacessível para muitos consumidores. No entanto, os consumidores-alvo da marca, de poder aquisitivo alto, costumam pagar pela exclusividade e luxo que a marca oferece. Caso 2: Havaianas A empresa criou suas famosas sandálias de borracha em 1962 e baseou todo o Marketing na praticidade, custo- benefício e resistência dos calçados. No entanto, com as mudanças no mercado, mergulhou em uma crise sem precedentes no início dos anos 1990. O mundo já havia mudado, mas as Havaianas continuavam as mesmas: a palmilha branca com tira azul claro, amarela ou preta. O resultado foi a queda expressiva nas vendas e uma posição que nenhuma marca quer: a de commodity, ordinária, igual a todas as outras. Então, em 1994, houve uma quebra de paradigma. Um dos responsáveis foi o consultor de comunicação Rui Porto, que conta à Revista Exame como pensou em revolucionar o posicionamento da marca. A solução foi criar mais de 40 opções de cores e triplicar o preço, além de investir em publicidade com celebridades ostentando suas Havaianas. Com isso, a Havaianas passou uma mensagem clara: todo mundo usa, todo mundo quer. De fato, o posicionamento da marca permanece forte até hoje, como um produto de sucesso internacional e desejado por todos – inclusive pelas elites. (PATEL, s/d) A história de superação da marca Havaianas re�ete uma decisão de posicionamento ousada: após virar sinônimo de produto barato e sem diferenciação, a empresa quis desatrelar sua imagem à satisfação de uma necessidade e associá-la a objeto de desejo. A diversi�cação de modelos e o uso de testemunhais de pessoas famosas ajudou a alavancar a marca e atrair as elites. Cada consumidor tem suas preferências e enxerga produtos e serviços de maneira particular. As empresas devem olhar para isso e adotar estratégias de segmentação e posicionamento para que possam obter vantagens competitivas no mercado. Atividade 2. Leia os trechosdo case da empresa Granado, a seguir, retirados do livro Administração de Marketing, de Philip Kotler e Kevin Keller (2012, p. 310), e responda: como você julga o posicionamento da marca Granado? javascript:void(0); 3. Ainda com base no case da Granado, como você avalia o fato de a empresa não se posicionar como opção de cosméticos de menor preço? 4. Que tipos de estratégias as pequenas empresas podem lançar mão para de�nir um posicionamento no mercado? Notas Prosumer1 Um consumidor que é, ao mesmo tempo, produtor de conteúdo Unicórnio2 Termo introduzido em 2013 por Aileen Lee, referindo-se a empresas que conseguem algo que parece impossível (como achar um unicórnio), que é ser avaliada em 1 bilhão de dólares antes mesmo de abrir seu capital nas bolsas de valores. E o que elas fazem para conseguir esse feito? Introduzem grandes inovações no mercado, enxergam a riqueza de dados que a internet fornece e conseguem ter o controle deles extraindo valor das transações de dados. Cibridismo3 É estar on e off o tempo todo. Somos seres ciber-hídridos, ou seja, temos uma constituição biológica, expandida por todas as interfaces tecnológicas que adquirimos, e, cada vez mais, estaremos replicados em todas essas plataformas. Nossos conteúdos, dados pessoais, fotos, vídeos, leituras, tudo o que faz parte da nossa vida está integrado nas interfaces que utilizamos, e não vivemos sem eles. Isso é ser cíbrido. Referências KELLER, Kevin Lane; MACHADO, Marcos. Gestão Estratégica de Marcas. Tradução: Arlete Simille Marques. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2006. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. Tradução Sônia Midori Yamamoto; revisão técnica Edson Crescitelli. – 14. ed. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. LUPETTI, Marcélia. Gestão Estratégica da Comunicação Mercadológica: planejamento. São Paulo: Cengage Learning, 2012. PATEL, N. Posicionamento de marca: o que é e 15 exemplos para se inspirar. Disponível em: https://neilpatel.com/br/blog/posicionamento-de-marca/ RIES, Al; JACK, Trout. Posicionamento: a batalha pela sua mente. São Paulo: Pearson Makron Books, 2009. javascript:void(0); Próxima aula O Branding como estratégia de valorização da marca Branding e Posicionamento criando proposta de valor para as empresas O consumidor e a experiência de marca Explore mais Posicionamento de marca: como fazer a sua ser o centro das atenções para o público. javascript:void(0);
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