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Avaliação de Empresas Custo de Capital Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Luana Ribeiro 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Custo de Capital Para Início de Conversa ................................................................................... 4 Objetivos ........................................................................................................ 4 1. O Custo de Capital das Empresas ............................................................ 5 2. Custo de Capital de Terceiros ................................................................... 7 3. Custo Médio Ponderado de Capital ........................................................ 9 Referências ........................................................................................................ 12 Avaliação de Empresas 3 Para Início de Conversa Pensando sob uma perspectiva simplificada, a avaliação de empresas, também denominada como valuation, abrange métodos para analisar a gestão e o desempenho de um negócio. Essa área de estudo envolve diversas temáticas relevantes sobre as quais os empresários devem possuir domínio para permitir que sua firma seja competitiva. Um desses temas é a estrutura de capital. Veremos como as principais empresas do mercado geram valor, para seus acionistas, clientes e para si mesmas. A estrutura de capital é a composição dos capitais utilizados por uma firma que afeta diretamente o custo de capital. Esse conceito corresponde aos custos necessários para a empresa manter os recursos dentro dela a longo prazo, independentemente da fonte desses capitais, que podem ser próprios ou de terceiros. Esse capítulo possui a finalidade de apresentar os tipos de custo de capital existentes e de demonstrar a importância que esse tema possui para avaliar uma empresa. Primeiramente, estudaremos de uma forma geral o que significa o custo de capital das empresas, com ênfase no capital próprio. Iremos entender o que são os custos de capitais de terceiros e por que é essencial a empresa não depender apenas de recursos próprios. Por fim, vamos aprender como calcular e aplicar o custo médio ponderado de capital. Objetivos ▪ Compreender a definição de custo de capital das empresas. ▪ Distinguir o conceito de custo de capital próprio do conceito de custo de capital de terceiros. ▪ Analisar o custo médio ponderado de capital e entender sua importância para a avaliação de empresas. Avaliação de Empresas 4 1. O Custo de Capital das Empresas O capital é um importante fator de produção, e possui um custo assim como qualquer outro produto. Corresponde a “todo o dinheiro que é depositado em uma firma durante a sua existência, sem referências a fontes de financiamento, nome contábil ou finalidade do empreendimento – como se tal empresa fosse uma conta poupança” (IUDÍCIBUS, 2017, p.285). Figura 1: O custo de capital das empresas. Fonte: Dreamstime. Iudícibus (2017, p.286) define que toda empresa necessita financiar suas operações e seus investimentos, e, para tanto, pode contrair em sua estrutura endividamentos de capital próprio e de terceiros. Os recursos próprios são obtidos via emissões de novas ações e retenção de lucros, enquanto que os recursos de terceiros são obtidos por meio de financiamentos e empréstimos. Esse financiamento das operações de uma empresa gera um custo, que é denominado como custo de capital. Para Assaf Neto (2014), o custo de capital reflete a remuneração que os acionistas e credores esperam receber após investir seus recursos para a empresa. Ou seja, o custo de capital pode ser pensado como uma taxa mínima de “atratividade das decisões de investimento, indicando criação de riqueza econômica quando o retorno operacional auferido superar a taxa requerida de retorno determinada pela alocação de capital” (ASSAF NETO, 2014, p.461). O custo de capital das empresas é diretamente influenciado pelas políticas econômicas, afinal de contas, o custo de capital nada mais é do que um processo de decisões realizado pelos empresários que escolhem como devem vender suas ações no mercado e quais tipos de oferta de empréstimos são interessantes para as prioridades da empresa. E, antes de essas escolhas serem feitas, é interessante analisar o comportamento econômico para tomar decisões que não se tornem prejudiciais no futuro. Assim, as políticas monetárias (taxa de juros), cambiais, industriais e tributárias incidem sobre o custo de capital e, consequentemente, sua remuneração também irá se alterar. Avaliação de Empresas 5 Figura 2: Processo de decisão entre empresários. Fonte: Dreamstime. E como esse custo de capital é calculado pelas empresas? Esse campo de estudo é muito complexo por envolver mais de uma fonte de recursos. É possível obter o custo total de capital da empresa por meio da média dos custos de captação de recursos, que por vezes é ponderada por cada fonte de financiamento na estrutura de capital a longo prazo. Os acionistas são os agentes que investem seu capital próprio na empresa geralmente por meio de compras de ações, e eles esperam uma remuneração superior àquela recebida pelos credores, que apenas emprestam seu dinheiro para a firma – e os credores precisam receber o valor da dívida que emprestaram somado a uma taxa de juros. É condizente que a remuneração dos acionistas seja maior em relação à remuneração dos credores, pois investir o capital próprio é uma atividade que envolve mais riscos e incerteza; desse modo, a recompensa deve ser maior. Caso a empresa não possua o desempenho esperado e não obtenha lucro suficiente, os agentes que investiram seu capital comprando ações serão afetados e podem ter perdas. Já no caso dos credores, no momento em que a empresa contrai a dívida e recebe os empréstimos e financiamentos, há uma obrigação contratual. Esta estabelece que, no fim do período acordado, o valor emprestado será devolvido inteiramente para os credores, com o acréscimo dos juros, independentemente do sucesso financeiro da empresa (ASSAF NETO, 2014, p.462). É razoável considerar que os acionistas e credores estimam, por meio de cálculos, a quantia de retorno que podem obter com a empresa antes de tomarem sua decisão de investimento. O perfil de cada agente também é um fator relevante para essa decisão: um acionista avesso ao risco geralmente prefere investir em empresas que representam maior estabilidade e segurança, mesmo que o retorno seja menor; ao passo que alguns acionistas preferem correr o risco na tentativa de auferir rendimentos maiores. É possível concluir que o custo total de capital das empresas corresponde à função do risco associado às decisões financeiras, mas também da natureza relativa dos passivos na estrutura de capital (ASSAF NETO, Avaliação de Empresas 6 2014, p.463). Ou seja, para o cálculo do custo de capital e da taxa de retorno dos investimentos, é importante compreender a fonte de recurso de cada capital que a empresa selecionou. O custo de capital próprio não representa apenas o retorno mínimo esperado pelos acionistas, mas corresponde também ao rendimento mínimo que uma empresa precisa obter para conseguir remunerar os acionistas e manter o nível de preço de mercado de suas ações. Cabe destacar que um dos principais objetivos da empresa, segundo AssafNeto (2014), é maximizar a riqueza dos acionistas para conferir benefícios aos proprietários de capital; entretanto, alguns estudos afirmam que esse comportamento pode prejudicar as metas das empresas, bem como seus acionistas. Compreender a natureza de cada passivo da empresa é importante para o entendimento do custo de capital das empresas. Assim, lembrar da estrutura do Balanço Patrimonial da empresa é essencial para entender a estrutura de capital. Observe na Figura 3, a seguir, uma estrutura de forma simplificada: Balanço Patrimonial Ativo Passivo + PL BENS ▪ Máquinas ▪ Veículos ▪ Estoque ▪ Dinheiro OBRIGAÇÕES (Capital de terceiros) DIREITOS ▪ Títulos a receber ▪ Depósitos em Bancos PATRIMÔNIO LÍQUIDO (Capital próprio) Capital Total� Figura 3: Representação simples do Balanço Patrimonial de uma empresa. Fonte: Lima (2010). 2. Custo de Capital de Terceiros A fonte dos recursos das empresas pode vir de capital próprio ou de capital de terceiros. O capital de terceiros corresponde a todos aqueles recursos externos, isto é, que vêm de fora da organização empresarial. Quando a empresa recebe capital de terceiros, é realizado um contrato Avaliação de Empresas 7 com o credor (que dá os recursos para a empresa) pelo qual é combinado que quando a empresa pagar o custo de capital de terceiros, enviando ao credor o retorno de seu investimento, será pago o valor inicial do empréstimo mais uma taxa de juros, que será paga periodicamente. Portanto, a empresa se compromete e possui a obrigação de pagar esse custo de capital a terceiros. Em termos de estrutura de empresa, Assaf Neto (2014, p.363) define que o custo de capital de terceiros corresponde aos passivos de financiamento e empréstimo que a empresa mantém. E por que a empresa não pode utilizar apenas recursos de capital próprio, de forma que os retornos obtidos pelo negócio remunerem apenas os acionistas? Uma empresa que se preocupa com sua saúde financeira não consegue sobreviver apenas com o capital que vem das vendas de ações. Ela precisa receber crédito para utilizar em sua produção, principalmente quando há contas a pagar urgentes e o caixa não consegue cobrir essas despesas. Geralmente essas contas incluem compra de maquinário, pagamento de trabalhadores, compra de ativos financeiros, entre outras necessidades imediatas de uma empresa. Esse crédito geralmente vai para a empresa sob forma de financiamento ou empréstimo, e é oferecido por instituições financeiras, como bancos, financeiras e fintechs. Fintech significa financial technology (tecnologia financeira), e é um termo utilizado em referência às empresas que desenvolvem produtos financeiros digitais e oferecem soluções inovadoras aos clientes. Desse modo, são instituições financeiras que também podem emprestar capital para empresas. É possível citar as empresas Nubank e PicPay como exemplos de fintechs conhecidas no Brasil. Uma das vantagens em adquirir capitais de terceiros é que as empresas podem controlar esse dinheiro da forma que acharem mais eficiente. Podem gastar e investir em suas prioridades, de modo que os credores não podem opinar. Além disso, como a empresa sabe exatamente quanto deverá pagar aos credores no futuro, ela pode se planejar melhor em relação à maneira de saldar essa dívida. Em geral, usar capitais de terceiros possui menos riscos em comparação ao capital próprio. Na visão de Assaf Neto (2017, p.463), quando o empresário opta pelo endividamento, ele está assumindo um compromisso em condições fixas e já estabelecidas. Caso a empresa não devolva o retorno para o credor, este pode acionar legalmente a empresa, que pode até ter sua falência requisitada. Avaliação de Empresas 8 O artigo 94 III da Lei 11.101/2005 possui a finalidade de esclarecer quais as condições legalmente aceitas para a falência requisitada do devedor. Se a empresa não se planejar ou obtiver um caixa negativo, o custo de capital de terceiros deverá ser pago mesmo assim, de acordo com o contrato estabelecido. Essa situação pode caracterizar-se como uma desvantagem se houver uma ausência de organização empresarial quanto ao uso dos capitais de terceiros e ao posterior pagamento dessa dívida, o que é prejudicial para o desempenho financeiro da empresa. Figura 4: Análise do retorno de renda do investimento. Fonte: Freepik. Vale destacar que para os encargos financeiros é permitida a dedutibilidade fiscal, e isso faz com que o custo de capital de terceiros possa ser apurado após a provisão para Imposto de Renda, o que reduz seu custo final (ASSAF NETO, 2017, p.463). 3. Custo Médio Ponderado de Capital É importante destacar que estudamos o conceito de custo de capital para compreender como a estrutura de capital afeta diretamente o processo de decisão das empresas. Agora, iremos aprender como calcular o percentual que a empresa deve pagar para todos os agentes que financiaram seus ativos. Iudícibus (2017, p.286) define que para calcular o custo de capital investido (em %) é utilizada a fórmula do Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), que é conhecida em inglês por Weighted Average Cost of Capital (WACC). A fórmula consiste em mensurar o retorno mínimo que uma empresa espera obter considerando a captação de recursos próprios e de terceiros. A fórmula do WATT é expressa da seguinte forma: Avaliação de Empresas 9 T = Taxa efetiva de impostos pagos sobre capital de terceiros. A fórmula e sua aplicação permitem que a empresa tome suas decisões de forma mais consciente e efetiva, com o objetivo de se planejar e alcançar suas metas. O custo de capital de terceiros, expresso por kd, decorre de um processo de decisão da empresa, pelo qual pode escolher a quantia de recurso que será emprestada e que deseja no momento. Para aplicar na fórmula, esse valor pode ser facilmente encontrado nas demonstrações financeiras das empresas. No entanto, o mesmo não vale para o custo de capital próprio, expresso por ke . De acordo com Iudícibus (2017, p.286), é um custo que não é encontrado nas demonstrações financeiras ou de outros relatórios da empresa, e precisa ser calculado. Figura 5: Fórmula e aplicação do custo de capital de terceiros. Fonte: Dreamstime. Essa constatação também é apontada por Assaf Neto (2014, p.467), ao afirmar que a determinação do custo de capital próprio possui uma dificuldade prática, principalmente para aquelas empresas em que o mercado de ações é muito pulverizado. As grandes firmas possuem inúmeros acionistas, então calcular o custo de capital próprio se torna uma tarefa mais trabalhosa, e esse custo não vem com um valor pronto para aplicar na fórmula do custo médio ponderado de capital. Em via desse acontecimento, não é possível definir diretamente com os proprietários das ações o custo de capital próprio, o que implica que outros métodos devem ser utilizados para o cálculo de ke. Avaliação de Empresas 10 Uma das técnicas mais conhecidas para mensurar o custo de capital próprio que se originou na área de Ciência Financeira é o Modelo de Precificação de Ativos de Capital, conhecido em inglês como Capital Asset Pricing Model (CAPM). O modelo estabelece uma relação linear entre o retorno de um ativo e o retorno de mercado. A taxa de retorno que será recebida pelo acionista inclui a taxa livre de risco da economia somada a um prêmio que remunera o risco do ativo de forma proporcional. A fórmula do CAPM é tal que: Onde: ke= Custo de Capital Próprio; Rf = Taxa de retorno de ativos livre de risco. Geralmente essa taxa é medida pelo retorno médio do Título Norte-Americano de 10 anos (T-BOND 10 anos); Be = O coeficiente beta mede o risco do ativo em relação ao risco sistemático da carteira de mercado; Km = Rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade e representada pela carteira de mercado. O prêmio pelo risco do mercado é a diferença entre o retorno da carteira de mercado e a taxa de retorno de ativos livre de risco, que é expressocomo (km - Rf). Após aplicar o CAPM, o custo de capital próprio será encontrado e poderá ser utilizado na fórmula do WACC. Há, ainda, outros métodos que também podem ser usados para descobrir o custo de capital próprio, como o método do fluxo de caixa descontado dos dividendos futuros esperados pelo mercado ou o modelo de prêmio pelo risco, mas não iremos explorar essas outras medidas. Quando a diferença entre o retorno sobre investimento e o custo médio ponderado de capital da empresa for positiva, significa que a firma está gerando valor, pois o retorno é superior ao custo de capital. Ou seja, uma empresa possui uma estrutura de capital ótima se há equilíbrio entre os custos e benefício dos empréstimos, com a finalidade de minimizar o custo médio ponderado de capital dessa empresa. Nesse capítulo, apresentamos a importância do conceito de custo de capital para uma avaliação de empresa eficiente. Esse conceito se associa com as obrigações de pagamento que a empresa possui, o que deve ser feito de forma planejada para garantir o um bom desempenho financeiro. Avaliação de Empresas 11 Vimos que o custo de capital é dividido entre custo de capital próprio, que remunera quem compra ações da empresa, e o custo de capital de terceiros, que remunera quem faz empréstimos e financiamentos para a empresa. Além disso, aprendemos a calcular a porcentagem do capital investido por meio da fórmula do custo médio ponderado de capital. Quando este é menor do que os retornos, significa que a empresa gera valor. Desse modo, o conceito de custo de capital é uma forma de analisar como está a saúde financeira da empresa, e afeta diretamente o processo de decisões empresariais. Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2014. IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2017. LIMA, F. L. M. Balanço patrimonial: uma introdução. 2010. Disponível em: https://pt.slideshare.net/capitulocontabil/cap-04-balancopatrimonialu maintroducao. Acesso em: 26 jan. 2021. Avaliação de Empresas 12 https://pt.slideshare.net/capitulocontabil/cap-04-balancopatrimonialumaintroducao https://pt.slideshare.net/capitulocontabil/cap-04-balancopatrimonialumaintroducao Custo de Capital Para Início de Conversa Objetivos 1. O Custo de Capital das Empresas 2. Custo de Capital de Terceiros 3. Custo Médio Ponderado de Capital Referências
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