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Indaial – 2022 Físicas Prof.ª Tainara Tolves 1a Edição Terapias Elaboração: Prof.ª Tainara Tolves Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: T654t Tolves, Tainara Terapias físicas. / Tainara Tolves – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 210 p.; il. ISBN 978-65-5663-800-3 ISBN Digital 978-65-5663-794-5 1. Terapias complementares. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Terapias Físicas. A seguir, encontra-se uma breve apresentação sobre o que aprenderemos no conteúdo deste livro, partindo de terapias complementares que utilizam meios físicos para sua aplicação, você verá que algumas delas são muito utilizadas e conhecidas, outras menos conhecidas, mas que também poderão contribuir para o seu conhecimento acerca deste assunto. É importante para você, futuro terapeuta, saber para que servem estas terapias e como são utilizadas, qual a sua importância e aplicabilidade na melhora do seu paciente. No futuro, você poderá se apropriar com maior fundamentação das terapias que tiver mais afinidade. Lembrando que, ao aprender e se apropriar de diferentes técnicas, você poderá escolher entre as que melhor se adaptarão aos seus pacientes na prática clínica; através de uma avaliação criteriosa, saberá qual método utilizar para obter uma melhor resposta do organismo do seu paciente. Na Unidade 1, nosso foco estará direcionado em informações relacionadas às terapias complementares que têm como racionalidade médica a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), contribuindo para o seu aprendizado nesta racionalidade oriental que difere bastante da lógica da medicina ocidental. A unidade está subdividida em três tópicos. No Tópico 1, aprenderemos sobre a acupuntura e a eletroacupuntura, no caso, como o uso de agulhas e da eletroterapia acontece pelo olhar da medicina tradicional chinesa, quais os fundamentos desta medicina e de que forma esse conhecimento pode nos ajudar na prática. O Tópico 2 refere-se a algumas terapias, sendo elas: moxabustão, cone chinês e ventosaterapia, como esses meios físicos podem melhorar a saúde do seu paciente, quais as indicações e contraindicações. Quanto ao Tópico 3, a proposta é expor sobre a ideia e aplicação da quiroacupuntura e cranioacupuntura que também utilizam agulhas como meio físico de trabalho, mas com uma abordagem diferente da acupuntura sistêmica. Todas essas práticas são baseadas na medicina tradicional chinesa e durante a unidade entenderemos a importância desse conhecimento milenar, que deu origem à maioria das terapias complementares existentes. Na Unidade 2, direcionaremos nosso olhar acerca da auriculoterapia, uma prática simples e eficaz, muito utilizada atualmente. Estudaremos a anatomia da orelha e as diferentes racionalidades médicas que explicam a aplicabilidade e o funcionamento da auriculoterapia no corpo humano. Nesta unidade, no Tópico 1, nosso foco será compreendermos como a auriculoterapia funciona através do atual olhar da biomedicina; no Tópico 2, através do olhar da medicina tradicional chinesa, e, no Tópico 3, pelo olhar da reflexologia. Neste último tópico, estudaremos as zonas reflexas presentes na orelha e como avaliar e tratar um paciente em auriculoterapia. APRESENTAÇÃO Na Unidade 3, abordaremos, de forma mais ampla, diferentes terapias complementares, entendendo como funcionam e de que forma podem ser utilizadas com seus futuros pacientes. No Tópico 1, estudaremos o uso de pedras quentes e da cristaloterapia na melhora da saúde do indivíduo. No Tópico 2, aprenderemos de forma geral sobre a geoterapia e sobre a reflexologia podal. Lembre-se que a reflexologia já teve seu embasamento teórico definido na Unidade 2, Tópico 3, em Auriculoterapia segundo a reflexologia. Agora, aprenderemos como as zonas reflexas presentes nos nossos pés podem influenciar em nosso organismo. Por fim, no Tópico 3, teremos uma visão sobre como utilizar as cores em seu benefício e em benefício dos pacientes através da Cromoterapia. Acadêmico, será necessário que você busque apoio em outras literaturas para que seu conhecimento fique ainda mais fortalecido e para que você faça toda a diferença no mercado de trabalho. Aproveite as indicações de leituras complementares que estão no decorrer das unidades e, se necessário, aprofunde-se no conteúdo pelas referências utilizadas neste material. Acreditamos que através da forma com que este livro foi elaborado, contribuirá e facilitará sua evolução e aprendizado acerca das terapias físicas da medicina complementar. Abra a sua mente para novos conhecimentos e bons estudos! Prof.ª Tainara Tolves Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 - TÉCNICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ........................................ 1 TÓPICO 1 - ACUPUNTURA E ELETROACUPUNTURA ...........................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 BASES FILOSÓFICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA .........................................4 2.1 TEORIA DO YIN E YANG ........................................................................................................................ 5 2.2 TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS..................................................................................................... 11 2.3 TEORIA DOS ZANG FU E SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS ....................................................... 19 3 O USO DAS AGULHAS PELA ACUPUNTURA ................................................................... 24 3.1 INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES, COMPLICAÇÕES ...............................................................25 3.2 PUNÇÃO E INSERÇÃO ......................................................................................................................26 3.3 CANAIS PRINCIPAIS E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................................... 27 4 O USO DA ELETROACUPUNTURA PELA MTC ................................................................. 36 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 40 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 41 TÓPICO 2 - MOXABUSTÃO, CONE CHINÊS E VENTOSATERAPIA..................................... 43 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 43 2 MOXABUSTÃO .................................................................................................................. 43 3 CONE CHINÊS ....................................................................................................................47 4 VENTOSATERAPIA ........................................................................................................... 48 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 52 TÓPICO 3 - CRANIOACUPUNTURA E QUIROACUPUNTURA............................................. 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 55 2 CRANIOACUPUNTURA .................................................................................................... 55 2.1 CRANIOACUPUNTURA PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ..........................................56 2.2 CRANIOACUPUNTURA DE YAMAMOTO .........................................................................................59 3 QUIROACUPUNTURA ....................................................................................................... 64 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................67 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................73 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................74 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 77 UNIDADE 2 — AURICULOTERAPIA ......................................................................................79 TÓPICO 1 — AURICULOTERAPIA SEGUNDO A BIOMEDICINA ............................................81 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81 2 ANATOMIA DA ORELHA ................................................................................................... 82 3 NEUROFISIOLOGIA .......................................................................................................... 85 3.1 CONTROLE DA DOR ............................................................................................................................85 3.2 CONTROLE DA INFLAMAÇÃO ..........................................................................................................86 3.3 OS PONTOS AURICULARES PELA VISÃO DA BIOMEDICINA ....................................................87 3.4 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS ............................................................................................................... 88 4 MATERIAIS ....................................................................................................................... 89 5 AVALIAÇÃO DA ORELHA ................................................................................................... 91 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 93 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 94 TÓPICO 2 - AURICULOTERAPIA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ...............97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................97 2 RELEMBRANDO A MTC .................................................................................................... 98 2.1 ZANG FU ...............................................................................................................................................98 2.2 CINCO ELEMENTOS ..........................................................................................................................100 3 MAPA AURICULAR CHINÊS E UTILIZAÇÃO DOS PONTOS ............................................103 3.1 AVALIAÇÃO DA ORELHA PELA MTC ............................................................................................. 107 4 RESOLVENDO CASOS E PRÁTICA .................................................................................. 110 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 116 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................117 TÓPICO 3 - AURICULOTERAPIA SEGUNDO A REFLEXOLOGIA ....................................... 119 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 119 2 EMBRIOLOGIA ................................................................................................................. 119 3 ZONAS REFLEXAS DO PAVILHÃO AURICULAR ............................................................ 121 3.1 INTEGRAÇÃO DAS VISÕES .............................................................................................................. 124 4 NA PRÁTICA ....................................................................................................................125 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................128 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................135 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................136 REFERÊNCIAS....................................................................................................................139 UNIDADE 3 — OUTRAS TERAPIAS FÍSICAS ...................................................................... 141 TÓPICO 1 — PEDRAS QUENTES, CRISTALOTERAPIA E GEOTERAPIA ............................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143 2 PEDRAS QUENTES ..........................................................................................................143 2.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES ........................................................................................... 145 2.2 SOBRE A TÉCNICA ............................................................................................................................ 145 2.3 CUIDADOS COM AS PEDRAS ......................................................................................................... 147 3 CRISTALOTERAPIA .........................................................................................................148 3.1 FORMAS DE UTILIZAÇÃO ................................................................................................................ 149 3.2 SOBRE OS CRISTAIS ........................................................................................................................150 3.3 INDICAÇÕES ....................................................................................................................................... 153 4 GEOTERAPIA ...................................................................................................................154 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................159 TÓPICO 2 - REFLEXOLOGIA PODAL, TUI NA E QUIROPRAXIA ........................................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................163 2 RELEMBRANDO A REFLEXOLOGIA ................................................................................163 2.1 ANATOMIA DO PÉ ..............................................................................................................................164 2.2 REFLEXOLOGIA PODAL .................................................................................................................. 165 2.3 TRATAMENTO ......................................................................................................................................167 3 TUI NA ..............................................................................................................................168 4 QUIROPRAXIA .................................................................................................................170 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 174 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 175 TÓPICO 3 - OSTEOPATIA, CROMOTERAPIA E TERMALISMO .......................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 177 2 OSTEOPATIA ................................................................................................................... 177 2.1 BENEFÍCIOS, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES .................................................................. 179 3 CROMOTERAPIA .............................................................................................................180 3.1 AS CORES E SEUS EFEITOS ............................................................................................................180 3.2 MODOS DE APLICAÇÃO...................................................................................................................183 4 TERMALISMO ..................................................................................................................185 4.1 PROPRIEDADES DA ÁGUA ...............................................................................................................185 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 8 .......................................................................................................196 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 197 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................199 1 UNIDADE 1 - TÉCNICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os fundamentos da medicina tradicional chinesa; • relacionar a medicina tradicional chinesa com a medicina ocidental; • reconhecer os canais de energia principais; • entender o uso das agulhas pela acupuntura; • entender o uso da eletroterapia pela acunpuntura; • definir as práticas de moxabustão, cone chinês e ventosaterapia; • aprender sobre os microssistemas da cranioacupuntura e quiroacupuntura. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ACUPUNTURA E ELETROACUPUNTURA TÓPICO 2 – MOXABUSTÃO, CONE CHINÊS E VENTOSATERAPIA TÓPICO 3 – CRANIOACUPUNTURA E QUIROACUPUNTURA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ACUPUNTURA E ELETROACUPUNTURA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, no Tópico 1, abordaremos sobre a acupuntura e a eletroacupuntura, duas técnicas bastante utilizadas pela Medicina Tradicional Chinesa. Para tanto, utilizaremos a sigla MTC, para se referir a essa nomenclatura, pois no decorrer deste tópico e dos próximos utilizaremos muitas vezes esta terminação. A MTC surgiu há milhares de séculos, na cultura oriental, inicialmente na China antiga, e não há como falar sobre acupuntura sem passar brevemente por trechos da história da MTC, que com o passar dos anos se expandiu para todo Oriente, chegando até o Ocidente e, com isso, acabou incorporando conhecimentos e práticas utilizadas em outros locais, como no Japão, por exemplo. Na MTC, olhamos para o indivíduo como “um Todo”, um microssistema completo, um universo único, utilizando dos conhecimentos (fundamentos) das leis da natureza no processo de saúde-doença. A MTC possui várias técnicas de tratamento, a maioria com meios físicos de aplicação, sendo que a acupuntura é a técnica mais conhecida no ocidente. A acupuntura é a utilização de agulhas para restauração da homeostase orgânica, tendo seu princípio no reestabelecimento do equilíbrio energético do corpo através das agulhas. Neste tópico, falaremos sobre suas indicações, contraindicações, função, benefícios e até sobre algumas evidências científicas. Outra técnica utilizada, mas com um olhar muito mais ocidental e atual sobre a medicina tradicional, é a eletroacupuntura, que traz um adicional tecnológico para a prática da acupuntura. A eletroacupuntura, assim como na acupuntura, tem como objetivo estimular o acupunto, só que através da estimulação de um aparelho elétrico. Também iremos observar suas indicações, contraindicações, funcionamento e benefícios quando comparado às agulhas, além de aprender brevemente sobre dois aparelhos: o laser e o TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea). TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Homeostase:conforme o Dicionário on-line de português (HOMEOSTASE, 2021, s. p.) “Processo de regulação que mantém o organismo em constante equilíbrio; homeostasia”. Acuponto: “em acupuntura, ponto de energia onde a agulha é inserida ou é aplicada pressão manual” (ACUPONTO, 2021, s. p.). NOTA 4 2 BASES FILOSÓFICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA A medicina que conhecemos nos dias de hoje e que temos contato, a medicina ocidental, tem sua visão focada na doença do indivíduo, o diagnóstico é realizado de forma localizada e física, e o tratamento na maioria das vezes é voltado para a melhora dos sintomas, nem sempre para tratar a causa real da doença. Para adentrar aos conhecimentos da medicina oriental, é necessário se “despir” da lógica ocidental, pois, a partir de agora, a visão será do indivíduo como “um Todo”, um microssistema completo que, para garantir a homeostase de seu organismo, precisa estar em harmonia com as leis da natureza, já que sempre fizemos e continuaremos a fazer parte dela. A MTC observa o indivíduo como um ser físico, emocional, mental e espiritual, não observa apenas a sua doença, mas como o seu organismo se comporta de uma maneira geral em todo esse conjunto complexo do ser e a partir de observações direcionadas realiza o diagnóstico completo e o tratamento focado na causa da doença. Acadêmico, a MTC é uma prática milenar, que iniciou na China e acredita-se ser uma das medicinas mais antigas do mundo. Diferente do Ocidente, em que a medicina tem como base um sistema racional (cartesiano) para sua prática, a MTC tem como base uma filosofia chamada de Tao. A palavra Tao tem como uma de suas traduções o significado de “caminho”, o caminho a percorrer até que retornemos à fonte, a origem de todas as coisas criadas no Universo. A filosofia foi construída a partir de ensinamentos ancestrais chineses sobre condutas morais e éticas e com o tempo uniu-se à cultura chinesa em si, e foi transformada em religião por Lao-Tsé e pelo Imperador Amarelo (chamado também de Huang-Ti), sendo chamada de Taoísmo. A religião taoísta tem um sistema politeísta (acreditam em vários deuses) e segue a filosofia do Tao (caminho do meio, caminho do equilíbrio). Teve sua origem no século II a.C., e tem seus ensinamentos atribuídos a Huang-Ti, um dos primeiros imperadores que governou a China, e, também, a Lao Tsé (filósofo e alquimista chinês), tido como o fundador da doutrina taoísta. Lao Tsé, de acordo com a tradição chinesa, escreveu o livro sagrado do taoísmo, conhecido como Tao Te Ching (livro do Caminho e da Virtude), nele estão escritos os ensinamentos religiosos e filosóficos adquiridos por Lao Tsé na busca pelo Tao. Já Huang-Ti, além de ser considerado responsável pela disseminação dos ensinamentos do taoísmo, para os chineses é o criador de outros elementos da cultura, como a astrologia chinesa, o calendário chinês e a medicina (TAOÍSMO, 2020). A Figura 1 a seguir é conhecida por representar o Imperador Amarelo (Huang-Ti). 5 O Imperador Amarelo tem uma grande importância na história da medicina chinesa, pois durante seu reinado deu atenção especial à saúde e à condição humana, questionando e incentivando seus ministros médicos da época a pesquisar e explicar a medicina que era exercida naquele momento. Durante seu império, deu origem à obra chamada de Nei Jing (O clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo), livro fundamental da medicina tradicional chinesa. Este livro contém o conhecimento detalhado da época sobre anatomia, fisiologia, patologia, diagnóstico e tratamento, além de trazer informações sobre meteorologia, astrologia e calendário, sendo traduzido para diversos idiomas (Wikipedia, 2021). 2.1 TEORIA DO YIN E YANG Uma das primeiras teorias da filosofia chinesa tratada nos livros clássicos chineses e que é uma das teorias bases da MTC, é a teoria do Yin e Yang. Segundo Maciocia (2021), a teoria do Yin-Yang é simples e profunda ao mesmo tempo, sendo FIGURA 1 – IMPERADOR AMARELO (HUANG-TI) FONTE: <https://bit.ly/3IO4X98>. Acesso em: 12 out. 2021. Acadêmico, se você quiser saber mais sobre a filosofia e religião taoísta, você pode assistir a este vídeo: https://bit.ly/3KPX3xI, ou acessar este site: https://taoismo.org.br/. DICA 6 possível encontrar continuamente novas expressões dela na prática clínica e na vida em geral. Yin-Yang representam qualidades opostas, mas complementares. Isso quer dizer que em todo objeto ou fenômeno há características Yin e características Yang, são opostas, mas se estão em equilíbrio mantém-se a harmonia, pois o Yin contém a semente de Yang, de forma que pode se transformar no segundo e vice-versa (MACIOCIA, 2021). Os caracteres chineses que representam Yin e Yang, respectivamente, estão na Figura 2. Na escrita chinesa, como mostra na Figura 2, Yin tem representada uma colina e uma nuvem e Yang tem representada um sol no horizonte e raios de luz, indicando que Yin é o lado escurecido da montanha e Yang é o lado ensolarado da montanha. Acredita-se que a origem primordial dessa teoria iniciou com a observação dos camponeses, da alternância cíclica entre o dia e a noite (MACIOCIA, 2021). Esta é, porém, só uma curiosidade para que você, aluno, possa gravar de forma mais lúdica essas duas energias descritas pelos chineses que veremos logo a seguir. A teoria do Yin e Yang diz que todos os fênomenos do universo se alternam em movimentos repetitivos, com altos e baixos, e que a força motriz de sua mudança é justamente a alternância entre Yin e Yang. O desenvolvimento de todos os fenômenos do universo é resultante da inter-relação destes dois estágios opostos (MACIOCIA, 2021). Cada fenômeno pode pertencer a um estágio, mas sempre contém a semente do estágio oposto em seu interior. Yin e Yang são “a expressão de uma dualidade no tempo, dois estágios de um movimento cíclico, um transformando-se constantemente no outro, da mesma forma que o dia origina a noite e vice-versa” (MACIOCIA, 2021). No Quadro 1, mostraremos algumas correspondências desses dois estados de energia, com exemplos de como esses estados predominam em cada fenômeno. FIGURA 2 – CARACTERES CHINESES DE YIN E YANG FONTE: <https://bit.ly/3ADCvng> Acesso em: 13 out. 2021. 7 Com essas correspondências, já é possível observar qual predominância seu paciente poderá ter ao realizar a avaliação inical, indicando caminhos de raciocínio que você poderá seguir. Como exemplo: a cabeça é yang em relação ao resto do nosso QUADRO 1– FENÔMENOS YIN E YANG FONTE: Adaptado de Maciocia (2021) YIN YANG Noite Dia Escuridão Luz Repouso Atividade Frio Calor Lua Sol Terra Céu Quadrado Redondo Espaço Tempo Ocidente (Oeste) Oriente (Leste) Norte Sul Direita Esquerda Matéria Energia Contração Expansão Abaixo Acima Água Fogo Inferior Superior Interior Exterior Frente Dorso Estrutura Função Sangue/Fluidos corporais Qi Feminino Masculino Quieto Agitado Umidade Secura Macio Duro Inibição Excitação Lentidão Rapidez Conservação Mudança/Transformação Doença crônica Doença aguda Início gradativo Início rápido Sonolência/apatia Inquietude, insônia Prefere estar coberto Afasta as roupas da cama Corpo e membros frios Corpo e membros quentes Constipação intestinal Fezes amolecidas Face pálida Face avermelhada 8 corpo, já em relação ao céu, ela é considerada yin, por estar abaixo; a palma das mãos é yin em relação ao dorso das mãos que é yang. Uma pessoa mais agitada, que fala muito, tem característica de predominância yang; já uma pessoa mais quieta, voz mais baixa tem energia predominantemente yin. Provavelmente você já deve ter visto em algum lugar o símbolo que representa o movimento cíclico de Yin e Yang, chamado de Tai Ji, representado na Figura 3. E você acadêmico, acredita ter energia mais Yin ou mais Yang? Lembre-se que há uma energia predominante em cada fenômeno, mas sempre há uma parte de Yin no Yang e uma parte de Yang no Yin, afinal são energias opostas, mas também complementares,nada é totalmente Yin ou totalmente Yang! GIO IMPORTANTE FIGURA 3 – SÍMBOLO TAI JI FONTE: <https://bit.ly/3HjbBUq> Acesso em: 15 out. 2021. Essa imagem representa o Tai Ji, interdependência entre as energias de yin e yang, energias opostas, mas em que uma está contida dentro da outra. Ao máximo de energia yang, transforma-se em energia Yin, ao máximo de energia Yin, transforma-se em energia Yang, ou seja, uma precisa da outra para existir. Tudo que existe no Universo, contém Yin e Yang, mas eles nunca estão em proporção estática, e sim em equilíbrio dinâmico e em constante mudança (MACIOCIA, 2021). Pense neste símbolo como se ele estivesse sempre em movimento. 9 • Predomínio ou Excesso de Yang: ocorre a redução de Yin (o excesso de Yang consome o Yin), definido conforme a Figura 5 a seguir; e um exemplo prático do desequilíbrio é a insolação, o excesso de sol/calor atinge o indivíduo, excesso de Yang consome o Yin do corpo, os sintomas mais comuns são dores de cabeça, tontura, hiperemia da pele e aumento da temperatura corporal. Conhecida também como síndrome do Calor-Cheio. FIGURA 4 – EXCESSO DE YIN FONTE: Adaptada de Maciocia (2021) FIGURA 5 – EXCESSO DE YANG FONTE: Adaptada de Maciocia (2021) Como Yin e Yang estão em constante equilíbrio dinâmico, são necessárias adaptações contínuas que mantenham seus níveis relativos. Quando Yin ou Yang estão desequilibrados, um afeta necessariamente o outro. A seguir, veremos que há quatro estados possíveis de desequilíbrio entre essas duas energias: • Predomínio ou Excesso de Yin: ocorre a redução de Yang (o excesso de Yin consome o Yang), como exemplificado na Figura 4 a seguir; e um exemplo prático desse desequilíbrio é a hipotermia. Um excesso de frio (Yin) atingindo o indivíduo consome seu Yang, os sintomas mais comuns são: a queda da temperatura corporal, os tremores, mãos e pés com dormência, cansaço e lentidão. Este estado pode ser conhecido também na medicina chinesa como síndrome do Frio-Cheio. • Fraqueza ou Deficiência de Yin: ocorre quando a energia Yin do corpo se esgota, causando sintomas de calor (Yang); como exemplo prático temos a insônia, que tem como principais sintomas a inquietude, agitação, pensamentos em excesso, caracterizando sintomas de energia de movimento Yang, porém de causa primária por deficiência de Yin. Também conhecida como Calor-Vazio. 10 • Fraqueza ou Deficiência de Yang: ocorre quando a energia Yang do corpo reduz espontaneamente, podendo causar sintomas de Yin. Está representada na Figura 7, e como exemplo temos o envelhecimento, pois ao envelhecer vamos perdendo energia Yang (de movimento, calor, rapidez) e nos tornando mais lentos, com temperatura corporal menor, muitas vezes com doenças crônicas, caracterizando sintomas de Yin. Esta condição também pode ser reconhecida como síndrome do Frio-Vazio. O modelo ideal seria manter o organismo sempre em equilíbrio das energias, como a Figura 8 a seguir demonstra. Comumente, nosso organismo se adapta a um desequilíbrio, pois essas duas forças Yin e Yang estão sempre em constante intertransformação, tentando ajustar nosso corpo aos estímulos que recebe. O consumo mútuo de Yin e Yang pelo organismo é um processo normal e fisiológico, que mantém o equilíbrio de nossas funções, como quando transpiramos mais no verão, pois o clima é quente. Há problema quando esse ajuste se dá de forma excessiva ou deficiente, como vimos nos gráficos das Figuras 4, 5, 6 e 7. FIGURA 6 – DEFICIÊNCIA DE YIN FIGURA 8 – EQUILÍBRIO ENTRE YIN E YANG FIGURA 7 – DEFICIÊNCIA DE YANG FONTE: Adaptada de Maciocia (2021) FONTE: Adaptada de Maciocia (2021) FONTE: Adaptada de Maciocia (2021) 11 Coutinho e Dulcetti (2015) dizem que Yin e Yang são duas qualidades de sopros que existem em tudo, estando em relação recíproca com a natureza, e são “duas faces de um mesmo movimento”. Na MTC, busca-se entender qual desarmonia/desequilíbrio está acontecendo no nosso organismo, para, através de alguma intervenção, buscar o reestabelecimento do equilíbrio entre as energias Yin e Yang. 2.2 TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS A próxima base fundamental filosófica chinesa é a teoria dos cinco elementos, a qual foi elaborada praticamente na mesma época da teoria do Yin e Yang, juntas, trouxeram uma nova visão da doença, não mais causada por espíritos malévolos como se acreditava na época, mas sim por algo associado ao estilo de vida do indivíduo (visão naturalista). Essa teoria entende que o ser humano e seus comportamentos não são determinados apenas pelo cérebro, mas, também, pelo microcosmo que ele está inserido (universo), sendo influenciado pela natureza e a influenciando ao mesmo tempo. Somos integrados à natureza e ela a nós. A teoria dos cinco elementos, ou dos cinco movimentos, considera que o universo é formado pelo movimento e transformação dos cinco princípios representados por: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. A caracterização dessa teoria se dá pelo ciclo de geração e dominância que veremos na Figura 9: Assista a este rápido vídeo que traz alguns exemplos de quando ocorrem esses desequilíbrios entre Yin e Yang no corpo: https://bit.ly/3uuNPBp. Alguns livros em que você pode procurar mais sobre o assunto: Yin e Yang, por Hélio Couto; As Energias Yin e Yang e o Eneagrama, por Gisele Dziekaniak e Ricardo Almeida. DICA FIGURA 9 – CICLO DE GERAÇÃO E DOMINÂNCIA FONTE: <https://bit.ly/3B0wFgd> Acesso em: 15 out. 2021. Madeira Água Metal Terra Fogo 12 QUADRO 2 – CINCO ELEMENTOS E SUAS CORRESPONDÊNCIAS No ciclo de geração, os elementos da natureza dão origem uns aos outros, está representado na Figura 9 pelas setas externas, o elemento dá origem ao seu próximo e é originado pelo seu anterior. Ainda na Figura 9, “o Fogo dá origem à Terra (a partir das cinzas); a Terra dá origem ao Metal (porque o contém); o Metal dá origem à Água (porque se liquefaz); a Água dá origem à Madeira (porque nutre o vegetal), e a Madeira dá origem ao Fogo (porque é combustível para a queima), chamamos este ciclo de mãe- filho (exemplo: fogo é mãe da terra)” (DORIA; LIPP.; SILVA, 2012, p. 38). Ao mesmo tempo que os elementos geram uns aos outros, eles se controlam. No ciclo de controle, cada elemento controla aquele que sucede o elemento gerado (representada na Figura 9 pelas setas internas pontilhadas). Assim, “o Fogo funde o Metal, o Metal corta a Madeira, a Madeira cobre a Terra, a Terra absorve a Água e a Água extingue o Fogo. Chamamos esse ciclo de avó-neto” (exemplo: terra é avó de água) (DORIA; LIPP.; SILVA, 2012, p. 38). O desenvolvimento e mudança de todas as coisas e de todos os fenômenos são resultado do movimento contínuo, da intergeração e dominância dos cinco elementos presentes na natureza. Algumas das qualidades básicas do fogo são: queimar e subir; da água: molhar e descer; do metal: ser moldado e enrijecido; da terra: semear, cultivar e colher; da madeira: ser dobrada e retificada; ou seja, representam também processos (MACIOCIA, 2021, p. 17). A saúde acontece quando se obedece a esses dois ciclos (de geração e dominância), a doença, quando ocorre superdominância ou contra dominância. Podemos, então, realizar a avaliação do indivíduo tomando como referência estes ciclos, para identificar os desequilíbrios e orientar a intervenção no sentido de restaurar as leis do sistema (DORIA; LIPP.; SILVA, 2012). Dessa maneira, pode-se localizar a alteração de determinados órgãos durante a avaliação inicial do paciente, de acordo com as manifestações clínicas que ele apresenta em combinação com outros dados da doença. A seguir, no Quadro 2, iremos entender as relações dos elementos com o organismo humano sobre os cinco elementos e suas correspondências. 13 FONTE: <https://bit.ly/3o8Nb8z> Acesso em: 25 out. 2021. Vamos lá, aluno! Vamos a um exemplo prático: uma pessoa com Síndrome do Pânico (emoção em excesso: medo) tem seu ciclo dos cinco elementos afetados por ter o elemento água em excesso, podendoter uma propensão maior a desenvolver outros problemas nos rins e bexiga e afetar o seu neto, o fogo, pois, se está em excesso, irá apagar o fogo com o passar do tempo, podendo afetar também coração e intestino delgado. A seguir, veremos um pouco mais sobre as características de cada um dos cinco elementos, segundo Maciocia (2021): • MADEIRA: indica a forma de crescimento e de desenvolvimento das árvores que são curvas ou retas e crescem se estendendo para fora, além disso, incluímos nas suas funções o crescimento, o desenvolvimento e a ascensão. Relaciona-se com o lado esquerdo do corpo. • FOGO: arde sempre para cima, corresponde em ser quente e subir. Ampliando o significado da característica do fogo, incluímos nas suas funções a ascensão e o aquecimento. Relaciona-se com a parte superior do corpo (cabeça e região cardiorrespiratória). • TERRA: corresponde à característica de semear as sementes e colher os alimentos. Ampliando o significado das características da terra, incluímos nas suas funções o nascimento, a transformação, a aceitação e a contenção. Por isso, diz-se que a terra contém os quatro movimentos, que todos os objetos existentes nascem da terra e na terra morrem; e que a terra é a mãe de todos os objetos existentes. Relaciona-se com a região gastrointestinal. • METAL: ligado à mudança, transformação. Ampliando o significado da característica do metal, incluímos nas suas funções a limpeza/purificação, a clarificação, a restrição e o descenso. Relaciona-se com o lado direito do corpo. • ÁGUA: escorre sempre para baixo, inclui a descida e o umedecimento. Ampliando o significado das características da água, incluímos nas suas funções as noções de frio, de umidade e do movimento para baixo. Relaciona-se com a parte inferior do corpo e a região geniturinária. 14 Em condições normais, também apresentamos, assim como no yin e yang, uma predominância de algum desses elementos na nossa constituição física e psíquica, e podemos estar mais propensos a desenvolver doenças de determinado elemento. Pessoas com predominância do elemento fogo apresentam a face mais avermelhada, cabelos ondulados ou pouco cabelo, cabeça pontuda e pequena, queixo proeminente, mãos pequenas e andar rápido. A predominância do elemento terra se manifesta nas pessoas desse elemento por biótipo mais escuro e obeso, cabeça e barriga grandes, coxas fortes, mandíbula larga, andar com os pés no chão (sem levantar muito os pés do chão), risada forte. Já a predominância no elemento metal, aparece com ombros largos e quadrados, face pálida, andar lento, voz forte, face triangular, constituição corporal forte. Pessoas do elemento água adoram o movimento, coluna mais longa que o normal, face e corpo arredondados, face branca e macia; pessoas do elemento madeira apresentam nas características gerais corpo alto e esbelto, ombros largos, tendões e ossos fortes, face escura, costas retas e fortes. Conforme Maciocia (2021), há “janelas” conectando o mundo exterior aos principais sistemas do organismo (interior), a MTC as chama de "aberturas" ou "bocas". A abertura para o baço, é a boca; para o pulmão, é o nariz. Já para o fígado, são os olhos; coração, é a língua; os rins, são os ouvidos. Segundo a teoria, os seres humanos aprendem sobre o mundo exterior através desses orifícios. Podemos, ao observar o indivíduo, se houver alguma alteração nessas aberturas, já suspeitar de desequilíbrio no elemento deste órgão, por isso as relações dos cinco elementos nos auxiliam em um bom diagnóstico. Os cinco elementos também simbolizam os movimentos de todos os fenômenos naturais, o fogo movimenta para cima, a terra tem movimento neutro ou estável, o metal movimento contrativo, a água tem movimento para baixo e madeira movimento expansivo. Por exemplo: o fogo patológico queima, no movimento para cima, causando calor e vermelhidão na face. Segundo Maciocia (2021), as interações dos cinco elementos formam um modelo para explicar as relações funcionais dos órgãos, podendo utilizar de aspectos Agora, você, acadêmico, acredita ter predominância de qual dos cinco elementos na sua constituição? Qual emoção mais afeta no seu dia a dia? Qual sabor você tem preferência? GIO 15 diagnósticos relacionados com os elementos, o primeiro deles é a cor. É importante observar a cor da face do paciente, se houver predominância de alguma cor, indica desequilíbrio desse elemento, que poderá estar em deficiência ou excesso. Por exemplo, cor da face amarelada indica desequilíbrio no elemento terra, verde desequilíbrio em madeira, vermelho desequilíbrio em fogo, palidez desequilíbrio em metal, escuro desequilíbrio em água. Outro aspecto a ser observado é o som e tom de voz do indivíduo, por exemplo, uma voz muito fina e fraca indica fraqueza da energia do pulmão (metal), tendência a gritar indica desequilíbrio no elemento madeira. Fogo – riso; terra – canto; metal – choro; água – gemido. Podemos observar, também no diagnóstico o odor, se há um odor característico daquele indivíduo, sabendo que um odor rançoso é desequilíbrio em madeira; cheiro de queimado, desequilíbrio em fogo; terra, odor adocicado, metal, odor estragado e água odor fétido (MACIOCIA, 2021). Além disso, observar e questionar sobre as emoções do indivíduo é essencial. Indivíduos que tendem a ter explosão de raiva podem ter um desequilíbrio no elemento madeira, a euforia afeta fogo, a introspecção ou preocupação afeta terra, a mágoa e tristeza afetam o metal e o medo afeta a água. Emoções são normais no nosso dia a dia, o problema inicia quando essas emoções estão em excesso, perdurando por muito tempo no indivíduo. Como aspecto secundário de análise temos os sabores, quando o indivíduo sente um gosto indesejável na boca sem razão específica, ou tem preferência muito maior por algum sabor, podendo indicar problemas naquele elemento, com ácido (doença afetando madeira), amargo (doença afetando fogo), doce (doença afetando terra), picante (doença afetando metal) e salgado (doença afetando água) (MACIOCIA, 2021). Estes são alguns dos aspectos que já podemos observar logo no início da avaliação do indivíduo, já nos indicando elementos e órgãos que poderão estar em desequilíbrio. Há nas lojas on-line e/ou livrarias mapas com os tópicos dos cinco elementos em resumo e esquematizados para melhor visualização e memorização. Para complementar seus estudos, assista a este vídeo no canal Papo de Acupunturista, que traz informações dos cinco elementos, pelo acupunturista Rogério Suguitani: https://bit.ly/3s9LZ69. DICA Vamos falar agora sobre o relógio biológico orgânico em que, segundo a MTC, cada órgão tem o máximo de sua energia manifestada em horários específicos, isso significa que naquele horário ele está no máximo da sua funcionalidade. Um distúrbio que aparece com frequência na mesma hora em que a energia é máxima em um determinado órgão, fornece ao terapeuta indicações muito úteis para entender como diagnosticar e agir naquele caso (O RELÓGIO BIOLÓGICO [...], 2016). 16 FIGURA 10– RELÓGIO BIOLÓGICO DOS CINCO ELEMENTOS FONTE: <https://bit.ly/34jfMkq> Acesso em: 26 out. 2021. O pulmão é o primeiro órgão a se levantar (03-05h), e assim a cada 2 horas temos o pico máximo de funcionalidade de cada órgão. Na Figura 10, veremos que cada órgão e seu elemento se manifestam em horários do dia e da noite. De maneira geral, das quatro horas da manhã até o meio-dia, está ocorrendo o ciclo da eliminação, nesse horário, o nosso organismo faz a eliminação de várias toxinas. Durante esse tempo, é indicado que sejam ingeridos alimentos leves, como frutas, saladas, sucos, entre outros. Do meio-dia até as 20 h, estamos no ciclo de apropriação. Nessa fase, o organismo está focado na digestão e o corpo está em alerta, o pico de energia do corpo está no máximo: tudo o que você ingerir será absorvido com facilidade. A partir das 20 horas da noite acontece o ciclo de assimilação, marcado pela revitalização,renovação e cicatrização do organismo, trabalhando para absorver os nutrientes dos alimentos, com o objetivo de fortalecê-lo (CENTRO DE ESTUDOS DE TERAPIAS NATURAIS, 2016). 17 Segundo Maciocia (2021), indivíduos que possuem sensibilidade a determinada condição climática podem indicar uma desarmonia deste elemento. Normalmente, a desarmonia em madeira, reflete uma pessoa com aversão ao vento, no frio há enfraquecimento dos rins, o ar seco afeta os pulmões; no calor, indivíduos com desarmonia no coração se sentem pior e a umidade em excesso pode provocar desarmonia do baço. Para realizar o tratamento dos seus pacientes em relação aos cinco elementos, é necessário prestar atenção nos ciclos. Exemplo: se durante a avaliação você observar desarmonia no elemento madeira, precisa considerar se pode haver outro elemento influenciando nessa desarmonia ou se o elemento madeira é que está causando as desarmonias. Exemplo: o fígado pode estar deficiente por não estar sendo nutrido pela água, então será necessário fortificar os rins e o fígado (MACIOCIA, 2021). De uma forma simples, podemos utilizar dos alimentos em nosso favor. Maciocia (2021) descreve como os sabores podem ajudar a restaurar o equilíbrio. O sabor ácido promove fluidos e Yin. Ele é adstringente e pode controlar a transpiração e diarreia. O sabor amargo elimina calor, seda e fortalece. Ele elimina umidade- calor e atenua o Qi rebelde. O sabor doce tonifica, equilibra e harmoniza. Ele é usado para tonificar deficiência e cessar a dor. O sabor picante dispersa e é usado para expelir fatores patogênicos. O sabor salgado desce, hidrata e é usado para tratar constipação intestinal e edema. Quando alimentos ou ervas de determinado sabor são consumidos em excesso, o sabor tem efeito negativo em algumas partes do corpo (MACIOCIA, 2021, p. 32). Por isso, quando um órgão está doente, deve-se evitar o alimento que contenha o sabor relacionado ao elemento que o controla. O exemplo mais prático é o excesso de sal, salgado pertence ao elemento água, e em excesso pode atingir o fogo, afetando o coração. Essa teoria coincide com o conceito ocidental sobre o consumo excessivo de sal (MACIOCIA, 2021). Você sabia que o melhor horário para evacuar conforme a medicina chinesa é das 5h às 7h da manhã? Pois é o horário de maior funcionalidade do intestino grosso! INTERESSANTE 18 Acadêmico! A seguir, teremos a foto de um esquema simples (Figura 11) elaborado para melhor aprendizagem da teoria dos cinco elementos. No esquema, as informações mais importantes estão em símbolos, para melhor memorização. Aconselha-se que você também faça o seu próprio resumo, com as informações que considerar mais importantes para você e da maneira que achar mais interessante. Como vimos a teoria dos cinco elementos norteia diagnóstico e tratamentos na medicina chinesa e segue uma lógica naturalista e integral do ser humano, diferenciando- se do nosso sistema médico cartesiano e separatista. Os cinco elementos e suas correspondências e relações nos demonstram a importância do olhar holístico para o indivíduo, buscando entender de forma integral os fenômenos que podem ocorrer no organismo, para que possamos achar a real causa da doença e não apenas tratar os sintomas em sua superfície. Uma outra teoria chinesa que utiliza muito os cinco elementos é chamada de Feng shui, e tem como princípio a harmonização dos ambientes ao nosso redor conforme as orientações dos cinco elementos, para manutenção do equilíbrio e prosperidade. INTERESSANTE FIGURA 11– ESQUEMA DOS CINCO ELEMENTOS FONTE: A autora 19 A partir de agora, vamos conhecer mais profundamente o funcionamento dos nossos órgãos (chamados de Zang) e vísceras (chamadas de Fu), e as substâncias as quais percorrem nosso corpo. 2.3 TEORIA DOS ZANG FU E SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS Pela MTC, apresentamos seis órgãos chamados de Zang e seis vísceras chamadas de Fu, essa teoria (teoria dos Zang Fu) tenta compreender as relações das partes internas do corpo entre si e sua relação geral com o todo, além disso, associa cada zang fu a um meridiano de energia que recebe seu mesmo nome. Em caso de desequilíbrio entre eles, ocorre o adoecimento. QUADRO 3 – ZANG FU FONTE: A autora ZANG FU FÍGADO (F) CORAÇÃO (C) BAÇO-PÂNCREAS (BP) PULMÃO (P) RIM (R) PERICÁRDIO (PC) VESÍCULA BILIAR (VB) INTESTINO DELGADO (ID) ESTÔMAGO (E) INTESTINO GROSSO (IG) BEXIGA (B) TRIPLO AQUECEDOR (TA) Na medicina chinesa, considera-se mais importante as funções dos zang fu do que sua estrutura anatômica em si, por isso difere da medicina ocidental, quando falamos de baço, falamos juntamente do pâncreas, pois olhamos a função que os dois assumem no sistema digestivo; quando falamos de triplo aquecedor na MTC, não conseguimos nos referenciar a uma estrutura anatômica da medicina ocidental, pois este fu está relacionado com sua função, como você verá mais adiante no conteúdo. Os órgãos têm predominância de características Yin, por serem estruturas mais sólidas, maciças; têm funções de armazenamento e transformação; estão relacionados com as substâncias fundamentais, aos órgãos dos sentidos, aos tecidos, às emoções, aos sabores (assim como no quadro de correspondências dos cinco elementos). Já as vísceras têm predominância da energia Yang (movimento), são ocas, constantemente preenchidas e esvaziadas; têm funções de transporte, digestão, transformação e eliminação. A seguir, veremos um pouco sobre cada Zang fu. Iniciaremos com o fígado, chamado em chinês de Gan, anatomicamente localizado no lado direito do abdome, sob o diafragma. Pertence ao elemento madeira e controla nossos tendões. Armazena 20 sangue (xue), promove o livre fluxo de Qi por todo organismo, sua manifestação é nas unhas, mas abre-se nos olhos. Seu clima é ventoso e abriga a alma etérea (Hun), nos fornecendo inspiração, criatividade e sensação de propósito na vida, sendo a origem da coragem e da resolução, quando se encontra saudável. O sangue do fígado é importante para a nutrição dos tendões e assegura a regularidade da menstruação, pelo armazenamento de sangue no útero, ou seja, é muito importante na fisiologia feminina (MACIOCIA, 2021). O coração, em chinês Xin, localizado sobre o diafragma e se situa sob o esterno, no interior do mediastino (linha média da cavidade torácica) e entre os dois pulmões. Tem três camadas: o endocárdio, camada lisa que fica no interior do órgão; o miocárdio, camada média do músculo cardíaco; e o pericárdio, membrana que envolve o coração. Nosso xin é considerado por Maciocia (2021), o mais importante dos órgãos, o imperador. Suas funções principais pela MTC são governar o sangue e vasos sanguíneos e abrigar a mente (shen). Seu estado é refletido na pele da face e abre-se na língua. Por abrigar o shen, controla todas as atividades mentais, emoções, consciência, raciocínio, memória e sono. O baço-pâncreas, chamado de Pi, abrange a função de dois órgãos, anatomicamente o baço está localizado na região superior esquerda do abdome, à esquerda do estômago e acima do rim esquerdo. O pâncreas localiza-se no abdome, atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Na MTC, estes órgãos têm a função de separar o puro do impuro; tem relação com a digestão energética dos alimentos, pois separa a energia dos alimentos de sua parte material impura. Governa a transformação e transporte das essências dos alimentos, controla o sangue, mantendo-o dentro dos vasos, abre-se na boca, manifesta-se nos lábios e abriga o intelecto (MACIOCIA, 2021, p. 114). Nos pulmões temos a absorção do Qi (energia) celestial, que é a energia da respiração, formando o Qi defensivo; pulmão (chamado de Fei) governa o Qi (sua dispersão e descendência, além de controlar a respiração). Regula a passagem da água (circulação dos fluidos corporais), manifesta-se na pele e nos pelos, abra-se no nariz e abriga a alma corpórea (Po). Po é a parte mais material e física da alma de um ser humano, responsávelpelos sentimentos e sensações, formada no momento da concepção (MACIOCIA, 2021). Já os rins (shen), referidos como “raiz da vida” por armazenar a nossa essência, são responsáveis por controlar os líquidos corporais, governam a água, armazenam o Qi ancestral, estão relacionados ao crescimento, desenvolvimento e sexualidade. É a sede de todo Yin e todo Yang do organismo, produz medula, controlam os orifícios inferiores, abrigam a força de vontade, abre-se nos ouvidos e se manifesta nos cabelos (MACIOCIA, 2021). Localizam-se na região posterior do abdome, atrás do peritônio e ao lado da coluna vertebral, na região lombar. 21 Pericárdio (Xin Bao), está localizado na parte externa do coração, funciona como um envoltório, sua principal função é proteger o coração energeticamente do calor, das emoções, e dos ataques dos agentes externos, além de controlar toda série de funções que guardam relação com o coração e a função cardíaca, como governar o sangue e abrigar a mente (MACIOCIA, 2021). A vesícula biliar (Dan) tem como função estocar bile, substância pura, é o único sistema Yang que armazena um fluido puro, por isso é considerado um sistema Yang extraordinário. Controla os tendões e influencia na tomada de decisões e coragem (MACIOCIA, 2021), localiza-se abaixo do lobo direito do fígado. Intestino Delgado (Xiaochang): localizado do estômago até o intestino grosso, tendo como função receber e armazenar temporariamente o alimento que foi digerido parcialmente pelo estômago e realizar a separação da essência a ser absorvida dos resíduos que passarão para o intestino grosso. Segundo a medicina oriental, exerce influência na clareza mental e no julgamento (MACIOCIA, 2021). Estômago (Wei) localiza-se logo abaixo do diafragma, entre o esôfago e o duodeno, ao lado superior esquerdo do abdome, suas principais funções se assemelham à atividade fisiológica que conhecemos como: digerir os alimentos em conjunto com o duodeno, fazendo todo o processo de recepção e decomposição dos alimentos para sua transformação energética, além de controlar o “amadurecimento e decomposição” dos alimentos e controlar todo o transporte da energia mais pura, a essência dos alimentos, e a descida do Qi, originando ainda os fluidos corpóreos. Em desequilíbrio, pode causar confusão mental, ansiedade grave, mania e hiperatividade (MACIOCIA, 2021) A bexiga (Pangguang) localiza-se na parte inferior do abdome, a bexiga urinária exerce função muito semelhante à fisiológica, acumulando temporariamente a urina, até que seja excretada, e atuando, também, na função de equilíbrio e eliminação dos rins. Segundo a medicina oriental, a principal função da bexiga é remover a água por meio da transformação do Qi. No aspecto mental em desequilíbrio, pode causar emoções como ciúmes e retenção de rancores de longa duração (MACIOCIA, 2021). O triplo aquecedor (San Jiao) abrange todos os órgãos da cavidade abdominotorácica e suas funções são de assimilação, distribuição e expulsão dos alimentos e líquidos. São três as principais funções: o aquecedor superior, com a função cardiorrespiratória, responsável pela distribuição do Qi para todo o corpo; o aquecedor médio, tendo a função digestiva, responsável por captar e transformar os alimentos; e o aquecedor inferior, tendo a função geniturinária, responsável por controlar a excreção de urina e a eliminação dos resíduos (MACIOCIA, 2021). Ainda, o triplo aquecedor, de forma energética, ocupa três compartimentos distribuídos pelo tronco do nosso corpo: o superior, acima do diafragma, está associado à respiração; o médio, que vai do diafragma ao umbigo, está associado à digestão, e o compartimento inferior, situado abaixo do umbigo, está associado à eliminação. No aspecto mental, ajuda a manter os relacionamentos e o fluxo suave das emoções (MACIOCIA, 2021). 22 FIGURA 12 – FORMAÇÃO DO QI FONTE: <https://bit.ly/3AKac6K> Acesso em 26 out. 2021. O intestino grosso (Dachang) é parte final do tubo digestivo, suas principais funções são as de absorção de líquidos e de todos os componentes eletrolíticos (aqui na mesma visão da fisiologia ocidental: sódio, potássio, magnésio, cloro e bicarbonato), além de eliminar resíduos mais pesados. Para a medicina oriental, as principais funções do intestino grosso são: receber alimentos e líquidos do intestino delgado, reabsorver uma parte dos fluidos corpóreos e excretar as fezes. No aspecto mental, nos auxilia a seguir adiante e acalmar a mente (MACIOCIA, 2021). Agora, iremos aprender que para a saúde é necessário uma boa constituição, livre fluxo e harmonia das substâncias fundamentais. A primeira delas é o Qi, que tem vários significados na cultura chinesa, mas pode ser identificado como energia, que se encontra em diversas intensidades (mais densa ou menos densa) no universo. O Qi se manifesta nos níveis físico, emocional, mental e espiritual. Em desarmonia, pode causar estagnação (condensação excessiva) tornando-se denso, podendo gerar dor, formar nódulos, massas ou tumores, e prejudicar o ciclo harmônico. Conforme Maciocia (2021, p. 31), “a energia (Qi), o sangue (Xue) e os líquidos orgânicos (Jin Ye) são as substâncias básicas das atividades fisiológicas dos órgãos, das vísceras, dos meridianos, dos colaterais e dos tecidos orgânicos”. Qi é formado de parte material e imaterial, é a união e nutrição que vem do céu e da terra; há vários tipos de Qi: Yuan Qi – energia fonte, circula nos canais de energia, formada nos rins, chamado também de Qi original, é inato e nutrido pela essência dos alimentos; Zhong Qi – também conhecido como Qi torácico, formado a partir do ar inalado e da essência dos alimentos (Gu Qi), atua principalmente na respiração; Zhen Qi – Qi verdadeiro, estágio final da transformação do Qi, circula nos canais e nutre os órgãos, podendo ser: Ying Qi (qi nutritivo- está no interior do corpo, relacionado ao sangue) e Wei Qi (qi defensivo- está no exterior do corpo, ou seja, pele e músculos, age na defesa do organismo). 23 A segunda substância fundamental é o sangue, chamado de xue, tem como função nutrir e umedecer o corpo, complementando a ação nutriente do Qi. Em desarmonia, pode ocorrer a deficiência, quando não é produzido em quantidades suficientes; calor provindo do calor do Gan; e, quando não circula adequadamente, pode ocorrer a estagnação. Também tem a função de abrigar a mente, pois fornece o fundamento material para shen (MACIOCIA, 2021). Jing é a essência que pode ser pré-celestial (congênita) e se refere à essência que trazemos geneticamente dos nossos pais, que se une no momento da concepção e no nascimento; determina a estrutura básica, a força e vitalidade de cada indivíduo, tudo que é pré-natal e pós-celestial (adquirida ou tudo que é pós-natal), retirada dos alimentos, líquidos, da respiração e influenciada pelo estilo de vida do indivíduo. A energia Jing é armazenada nos rins. Os fluidos corporais (Jin-Ye) são o suor, a saliva, as lágrimas, a secreção nasal, as fezes, a urina, a medula, entre outros. Os fluidos puros precisam ser transportados para cima, enquanto os impuros precisam descer. Quando há desequilíbrio no sistema corporal, esse ciclo harmônico pode não funcionar, causando edemas e demais problemas. A mente (Shen) é o tipo mais sutil e imaterial de Qi, indica a atividade do pensamento, consciência, insight e memória, sendo que todas dependem do coração. Se essência e Qi são deficientes, o indivíduo pode se tornar uma pessoa infeliz, deprimida, ansiosa ou atordoada, além disso, shen é regulador direto do sono, da consciência, do raciocínio, da memória, do discernimento, entre outros (MACIOCIA, 2021). Vimos anteriormente a importância dos Zang Fu, tanto para nos guiar em um diagnóstico assertivo quanto para embasar nosso raciocínio na terapêutica a ser aplicada no paciente, e aprendemos de uma maneira geral sobre as substâncias fundamentais presentes no nosso organismo. Lembre-se que todas essas teorias foram pensadase explicadas de maneira poética e mais coloquial há milhares de anos, para que o povo da época conseguisse compreender a linguagem, mas há uma conexão com a medicina ocidental dos dias atuais, mesmo que se explique a fisiologia de forma diferente. Assista ao vídeo do acupunturista Raul Goulart sobre as substâncias fundamentais da MTC, disponível no link: https://bit.ly/3KYKdNO. DICA 24 3 O USO DAS AGULHAS PELA ACUPUNTURA O termo Acupuntura vem do latim acus + punctum, ou seja, agulha + puncionar (WEN, 1989), e consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo (chamados de acupontos), para tratamento de doenças e para a promoção da saúde. Há muitos achados nas cavernas antigas que indicam que a acupuntura já era praticada na Idade da Pedra, com lascas de pedras e espinhos de peixes, porém só foi realmente catalogada e explicada na era Imperial da China, no livro do Imperador Amarelo. Outra forma de entender a palavra acupuntura, é o sentido mais amplo, de estímulo do acuponto através de outras técnicas disponíveis, como a massagem (Tui-na), os exercícios respiratórios (Chi-Gung/ Qigong), a eletricidade e outros (SCOGNAMILLO- SZABÓ E BECHARA, 2001). A seguir, a Figura 13 mostra as antigas nove agulhas utilizadas pelos médicos chineses da época do Imperador Amarelo. Como você pode ver, em geral, as agulhas eram um pouco maiores, grossas e cada uma tinha uma função diferente. Após essa fase, as agulhas começaram a ser produzidas em ouro, em prata e outros materiais. Com o passar dos anos e com o advento da tecnologia, a técnica de acupuntura se aprimorou e hoje utilizamos agulhas mais finas, a maioria fabricada em aço inoxidável, devido à melhora no descarte e higienização, já que são de uso único. Por ter uma espessura em geral de 0,25 mm, sua aplicação é quase indolor. FIGURA 13 – NOVE AGULHAS FONTE: <https://bit.ly/3s8tTkD> Acesso em: 20 out. 2021. FIGURA 13 – ESPESSURA DA AGULHA DE ACUPUNTURA FONTE: <https://bit.ly/3ITby20> Acesso em: 20 out. 2021. 25 As técnicas de inserção de agulhas têm a finalidade de promover a mobilização, a circulação e o fortalecimento das energias, bem como a expulsão de energias perversas que acometem o indivíduo, visa restabelecer a circulação da energia Qi nos canais de energia e dos Zang Fu e, com isso, levar o corpo a uma harmonia de energia e de matéria, evitando ou tratando doenças (YAMAMURA, 2001). 3.1 INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES, COMPLICAÇÕES Segundo Focks e März (2018), a principal indicação da acupuntura é para dores crônicas, além de distúrbios funcionais e psicossomáticos. Se aplicada corretamente, é livre de efeitos secundários, mas, para isso, é necessário um diagnóstico claro. Também pode ser utilizada como terapia adjuvante nas doenças malignas. As indicações são inúmeras. A seguir, citaremos algumas delas: artroses, artrites, gonartrose, dor lombossacral, enxaqueca, paralisias, obesidade, depressão, transtornos de humor, asma, distúrbios gastrointestinais, distúrbios de fertilidade, facilitação do parto, distúrbios de olfato e paladar, tonturas, acne, doenças inflamatórias da pele, dor nos dentes, distúrbios imunológicos, entre outros (FOCKS; MÄRZ, 2018). As contraindicações são doenças agudas com risco de morte e/ou com intervenção cirúrgica de emergência. Já as demais, são contraindicações relativas, como propensão elevada ao sangramento, trombocitopenia; ingestão de anticoagulantes, como femprocumona e varfarina, doença em estágio terminal, localização do ponto em áreas com feridas da pele, crise de distúrbio psíquico e gravidez (não realizar alguns pontos, como os do abdome) (FOCKS; MÄRZ, 2018). Algumas complicações podem ocorrer e por isso devemos ter cuidado ao realizar essa prática. A primeira complicação é o desmaio do paciente durante a punção (devido ao medo de agulha pelo paciente ou queda da sua pressão, ou por ele estar muito enfraquecido), nesse caso, retirar as agulhas imediatamente, manter o paciente aquecido e deitado, utilizar pontos de emergência. Após a sessão, pode ocorrer hemorragia ou hematoma ao se puncionar um vaso maior; caso ocorra, utilizar compressas frias no local. Há algum risco de infecção, por isso é importante higienizar a pele do paciente com álcool 70% antes da aplicação da agulha e utilizar agulhas descartáveis e esterilizadas. Também pode ocorrer lesão acidental de órgãos e tecidos internos, por exemplo: o pneumotórax, ao realizar punção de forma incorreta. Nesse caso, levar o paciente a uma emergência de um hospital. Para que isso não ocorra, devemos procurar sempre avisar o paciente antes da aplicação das agulhas, para que ele possa estar preparado. Em partes móveis do corpo, tentar fixar o membro com a outra mão, e em casos mais complicados, pedir auxílio de assistentes (FOCKS; MÄRZ, 2018). Pode haver dor no local durante a punção e podemos evitar isso utilizando a localização correta do ponto, massagear o ponto antes da punção ou puncionar rapidamente. Se a dor permanecer com a agulha puncionada, puxar levemente a agulha (FOCKS; MÄRZ, 2018). 26 3.2 PUNÇÃO E INSERÇÃO Durante a punção, é imprescindível que se alcance o chamado “de qi”, sensação da agulha, podendo ser sentida pelo paciente como uma pressão difusa, tensão, sensação de calor ou peso, irradiação de eletricidade ou formigamento, diferenciando- se da dor da punção. Também pode ser sentida pelo acupunturista ao notar a mudança de tônus da região ao redor da agulha e/ou leve resistência da agulha, como se ficasse presa no local (FOCKS; MÄRZ, 2018). A punção pode ocorrer de maneira superficial (ângulo de 5 a 15°), oblíqua (45°) e vertical (90°). Sua profundidade depende do local de sua inserção. A técnica mais simples de manipulação é mostrada a seguir (FOCKS; MÄRZ, 2018). Quanto ao tamanho das agulhas, existem dos mais diversos. Na prática comum, utilizamos agulhas de 0,25-0,35 x 25-60 mm para as situações gerais; as menores (como a 0,18 x 8 mm) para acupuntura estética, na face, na cabeça ou em crianças e agulhas que alcançam maior profundidade; mais longas ≥40 mm para regiões de maior concentração de músculos, como as nádegas (FOCKS; MÄRZ, 2018). É importante, antes de iniciar as punções, conversar com o seu paciente, explicar o que você irá fazer e avisá-lo das sensações que poderá sentir, para não gerar insegurança e medo no seu paciente. Prepare o ambiente com música calma e construa uma relação de harmonia com o seu paciente. Lembre-se, acadêmico: a prática leva à perfeição! Quanto mais tempo praticando acupuntura, melhor acupunturista você se tornará. Essa terapêutica precisa de tempo para se atingir uma boa técnica e muita dedicação e estudo. É preciso estar atento ao seu paciente e estar presente durante a sessão, pois distrações podem levar a erros e desconfortos para o seu paciente. FIGURA 14 – TÉCNICA DE LEVANTAR E ABAIXAR A AGULHA FONTE: Focks e März (2018, p. 638) 27 Você pode iniciar sua prática em uma esponja de espessura mais grossa, pratique em casa as punções! DICA 3.3 CANAIS PRINCIPAIS E SUA IMPORTÂNCIA Existem 12 canais de energia principais do corpo (jing zheng), conhecidos como meridianos. Nesses canais, ocorre o fluxo de energia de todos os sistemas. São localizados bilateralmente no corpo, contém um trajeto interno que se liga aos órgãos e um trajeto externo, é nele que a agulha de acupuntura é inserida. Cada meridiano apresenta seus sinais e sintomas patológicos e tem o máximo de sua energia circulando conforme o relógio biológico estudado anteriormente. A seguir, veremos o trajeto geral de cada meridiano, sua função e principais características. O primeiro será o canal de energia principal do pulmão. O meridiano do pulmão apresenta 11 pontos, tem seu trajeto a partir do tórax, seguindo pela face anterolateral do braço, antebraço, até chegar no ângulo radial do polegar. Seu trajeto tem ligação interna com o intestino grosso. É bastante utilizado para doenças do trato respiratório, obstruçãonasal, tosse, dispneia, asma, angina de peito, palpitações, dores de garganta; problemas no trajeto do canal, como dores no ombro, cotovelo e mão e dor na região medial do braço (FOCKS; MÄRZ, 2018). FIGURA 15 – MERIDIANO DO PULMÃO FONTE: <https://bit.ly/3oeBgpM> Acesso em 27 out. 2021. 28 O canal do intestino grosso tem ligação interna com o pulmão, tendo 20 acupontos, que iniciam no ângulo radial do dedo indicador, percorrem a face posteroradial do antebraço e braço, região anterior do pescoço, passando pela face até o lado contralateral do nariz. Suas principais funções são no tratamento de boca, dentes, faringe; distúrbios gastrointestinais, como diarreia; dores em geral; problemas no punho, cotovelo, ombro, sinusite e rinite; dores abdominais, urticária e tranquilizador da mente (FOCKS; MÄRZ, 2018). FIGURA 16 – MERIDIANO DO INTESTINO GROSSO FONTE: <https://bit.ly/3uec9XS> Acesso em: 27 out. 2021. FIGURA 17 – MERIDIANO DO ESTÔMAGO FONTE: <https://bit.ly/3rgLV5l> Acesso em 27 out. 2021. 29 O estômago tem início na margem infraorbital, percorre a face, a região anterior do pescoço, o tórax, o abdome, a região anterior da perna até o seu término, no ângulo lateral do segundo dedo do pé. Possui 45 pontos e tem ligação interna com o BP. O BP utilizado para: doenças oculares, edemas de face, neuralgias e paresias da face, pode beneficiar dentes e maxilar, enxaquecas, problemas de garganta, tosse, dispneia, dores abdominais, inapetência, problemas gastrointestinais (diarreia, constipação), aliviar vômitos, distúrbios de micção e uroginecológicos, dores e restrições de movimento no membro inferior (coxa, joelho e pé) (FOCKS; MÄRZ, 2018). FIGURA 18 – MERIDIANO DO BAÇO-PÂNCREAS FONTE: <https://bit.ly/3s9TCcN>. Acesso em: 27 out. 2021. 30 Este meridiano (BP) inicia no ângulo medial o hálux, percorre a face medial do membro inferior, segue lateral à linha mediana do corpo, chegando ao tórax e terminando na lateral do tórax sobre a linha axilar média. Possui 21 pontos e ligação interna com o E. Tem ações para conter sangramentos, dores no hálux, vômitos, diarreia, dores abdominais, tranquilizar a mente, retirar umidade, problemas no triplo aquecedor inferior, regular menstruação, problemas no joelho, refluxo, dor e sensação de pressão na lateral das costelas, tosse, asma, entre outros (FOCKS; MÄRZ, 2018). FIGURA 19 – MERIDIANO DO CORAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3udmgMu>. Acesso em: 27 out. 2021. O meridiano do coração tem nove pontos, inicia na axila, percorre a face medial do braço até chegar ao ângulo radial do dedo mínimo. Tem conexão interna com o intestino delgado e tem efeitos sobre dores na região das costelas, peito, trajeto do canal pelo braço, palpitações, distúrbios psíquicos, sobre a língua, transpiração noturna, ansiedade, problemas no trato urogenital, entre outros (FOCKS; MÄRZ, 2018). O canal de energia do intestino delgado tem conexão interna com o coração e possui 19 pontos. Tem início do ângulo ulnar do dedo mínimo e término na região anterior da orelha, tendo como algumas de suas funções liberar os sentidos, analgesia nas dores articulares dos dedos, restrição de movimento cervical, beneficia ombros e escápulas, beneficia garganta, orelhas e voz (FOCKS; MÄRZ, 2018). 31 FIGURA 20 – MERIDIANO DO INTESTINO DELGADO FONTE: <https://bit.ly/35EJEII>. Acesso em: 27 out. 2021. FIGURA 21 – MERIDIANO DA BEXIGA FONTE: <https://bit.ly/35EJS2w>. Acesso em: 27 out. 2021. 32 FIGURA 22 – MERIDIANO DO RIM FONTE: <https://bit.ly/3gbl97R>. Acesso em: 27 out. 2021. O meridiano da bexiga é muito importante na MTC, possui ligação interna com o rim e 64 pontos, iniciando no ângulo medial do olho e terminando no ângulo lateral do dedo mínimo do pé. Mas como você pode ver na Figura 21, esse meridiano apresenta subidas, descidas e retornos às ligações anteriores. Beneficia olhos, nariz, fortalece a defesa do organismo, trabalha doenças do trato respiratório e uroginecológico, analgesia das costas (torácicas e lombares), beneficia os intestinos e toda parte posterior dos membros inferiores (FOCKS; MÄRZ, 2018). O meridiano do rim tem conexão interna direta com a bexiga, possui 27 pontos e tem localização na região anterior do corpo, início na região plantar do pé e término na fossa infraclavicular. Suas principais funções são: aquecer o TA inferior e rim, fortalecer região lombar, auxiliar menstruação e micção, dores nos membros inferiores, infertilidade e regular qi do pulmão e do estômago (FOCKS; MÄRZ, 2018). O pericárdio também possui o nome de circulação-sexualidade em alguns livros. Possui nove pontos e conexão interna com TA. Inicia no tórax e termina na ponta do dedo médio da mão, tendo como efeitos: abrir o tórax, beneficiar as mamas, aliviar dores ao longo do trajeto do braço, atua em distúrbios gastrointestinais (náuseas e vômitos), elimina muco, entre outros (FOCKS; MÄRZ, 2018). 33 FIGURA 23 – MERIDIANO DO PERICÁRDIO FONTE: <https://bit.ly/3g9R9t6>. Acesso em: 27 out. 2021. FIGURA 24 – MERIDIANO DO TRIPLO AQUECEDOR FONTE: <https://bit.ly/3ofKtOx>. Acesso em: 27 out. 2021. 34 FIGURA 25 – MERIDIANO DA VESÍCULA BILIAR FONTE: <https://bit.ly/32MR8s7>. Acesso em: 27 out. 2021. O triplo aquecedor tem seu meridiano começando no dedo anular e terminando na parte lateral do supercílio. Possui 23 pontos e age sobre dores no trajeto do canal, beneficia ouvidos e língua, problemas na articulação temporomandibular, entre outros, além de fazer conexão interna com o pericárdio (FOCKS; MÄRZ, 2018). O meridiano da vesícula possui 44 pontos, em conexão direta com o fígado. Este canal inicia no ângulo lateral do olho e vai até o ângulo lateral do 4º dedo do pé. Dentre suas funções, estão: beneficiar olhos e ouvidos, tratar enxaquecas, distúrbios da articulação temporomandibular, dores na região cervical, beneficia tendões e ossos, dores no trajeto de todo seu canal, entre outras (FOCKS; MÄRZ, 2018). 35 FIGURA 26 – MERIDIANO DO FÍGADO FONTE: <https://bit.ly/3HjclZJ>. Acesso em: 27 out. 2021. O meridiano do fígado tem funções de regular a menstruação, beneficiar o TA inferior, distúrbios do trato urogenital, relaxar tendões, entre tantas outras funções. Possui 14 pontos e ligação direta internamente com a VB, iniciando no ângulo lateral do hálux e terminando no 6º espaço intercostal (FOCKS; MÄRZ, 2018). Todos os canais possuem os acupontos, pontos onde inserimos as agulhas ou realizamos algum outro estímulo. Ainda há mais canais de energia e pontos extras que podem ser utilizados, mas esses são os principais. A acupuntura e outras práticas da MTC são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e estão inseridas dentro das medicinas tradicionais, complementares e integrativas (MTCI). Em 2006, foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) e se refere às práticas realizadas por profissionais de saúde e ofertadas no sistema de saúde brasileiro (BRASIL, 2006). 36 Algumas das práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) incluídas nessa política são: MTC/ Acupuntura; Homeopatia; Plantas Medicinais e Fitoterapia; Arteterapia; Ayurveda; Biodança; Dança Circular; Meditação; Musicoterapia; Osteopatia; Quiropraxia; Reflexoterapia; Reiki; Yoga; Aromaterapia; Constelação familiar; Cromoterapia, entre outras. As pesquisas referentes às terapias complementares ainda são em pouca quantidade quando comparadas às da medicina ocidental. No entanto, já se observa o aumento das pesquisas nessa área. Há algumas dificuldades ao pesquisar sobre MTC, por exemplo, já que pela medicina chinesa, consideramos cada indivíduo como um ser único e complexo e para o tratamento observamos cada ser e não apenas uma doença em específico, como a maioria das pesquisas é realizada. Além disso, estamos manipulando a energia do corpo, forma não mecânica, o que dificulta a observação de alguns resultados. Na base de dados de pesquisa do Pubmed, encontramos alguns resultadospositivos da acupuntura na dismenorreia (WOO et al., 2018), neuropatia periférica (DIMITROVA; MURCHISON; OKEN, 2017), dores relatadas do câncer (CHIU, HSIEH, TSAI, 2017) e outros resultados incertos devido à baixa qualidade dos estudos, como em insônia, dores musculares, osteoartrite, entre outros. 4 O USO DA ELETROACUPUNTURA PELA MTC A eletroacupuntura nada mais é que, através das agulhas, utilizar a corrente elétrica para envio de estímulos ao corpo. Esta é considerada uma técnica moderna, pois começou a ser estudada na década de 1980 e utiliza tecnologia que está em constante aperfeiçoamento. Na Figura 27, podemos verificar os cabos de um aparelho conectados às agulhas que estão inseridas em pontos do canal da bexiga nas costas, enviando estímulos elétricos para elas. FIGURA 27 – ELETROACUPUNTURA FONTE: <https://bit.ly/3IVyYUb>. Acesso em 28 out. 2021. 37 Essa técnica começou a ser utilizada pelos chineses para que pudessem atender mais pacientes ao mesmo tempo, sendo possível, ao invés de manter a manipulação manual das agulhas, manter um estímulo de forma automática. Um dos principais pesquisadores da área é o Dr. Ji Sheng Han, que escreveu o livro base da eletroacupuntura (The Neurochemical Basis of Pain Relief by Acupuncture, em 1987). Os mecanismos de ação da eletroacupuntura se dão através do estímulo das fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas, ocorrendo a liberação de neurotransmissores, que atuam como analgésicos e anti-inflamatórios. A eletroacupuntura é um potencializador do efeito das agulhas, atuando como vasodilatador, excitomotor e analgésico. Sua prática apresenta algumas vantagens em relação à acupuntura tradicional, como o aumento do limiar de dor do paciente, reação analgésica mais potente, não ser dolorosa, não desgastar o acupunturista, estimulação forte e contínua, diminuição do tempo de aplicação de cada sessão, além de ter a definição clara dos parâmetros utilizados para sedação e tonificação dos pontos, o que manualmente é impreciso, pois não se consegue quantificar. A eletroacupuntura é indicada para as mesmas situações que a acupuntura tradicional, pode ser utilizada nos pacientes que não se obtêm respostas com a acupuntura sistêmica, porém é contraindicada para pessoas que utilizam marcapasso, a aplicação próxima a regiões do corpo que possuem próteses metálicas e necessita de maiores cuidados com a aplicação dos parâmetros corretos. Deve-se verificar todos os parâmetros antes de iniciar os procedimentos e explicar para o paciente as sensações que irão acontecer durante a aplicação. Os aparelhos mais utilizados na eletroacupuntura são o laser e o TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation). FIGURA 28 – LASER EM ACUPONTO DA FACE FONTE: <https://bit.ly/32KjS4y>. Acesso em: 28 out. 2021. 38 O laser tem sido usado com eficiência na estimulação de pontos de acupuntura, substituindo a aplicação de agulhas, principalmente em crianças e em pessoas que apresentam medo das agulhas. Apresenta baixa potência (3 e 500 mW) e podem ser de Laser He-Ne, Arsenieto de Gálio e Alumínio, entre outros. O laser ativa a produção de fibras de colágenas, estimula a drenagem linfática e angiogênese, promove aumento da síntese de DNA e proteínas, tem ação analgésica e anti-inflamatória de superfície (acne, lesões cutâneas), efeito bactericida (infecções cutâneas, micoses), realiza síntese de colágeno, diminuiu rugas e linhas de expressão, estimula os acupontos, além de ter ação analgésica e bioestimulante de tecidos mais profundos (tendões, músculos). As indicações são as mesmas da acupuntura, as contraindicações são relativas para pacientes com marca-passo e epilepsia, não se deve realizar em epífises ósseas e olhos, ou em pessoa com histórico de fotossenssibilidade, câncer na região ou região do abdome durante gravidez. Pode ser realizado juntamente com a inserção das agulhas ou sozinho, necessita os mesmos cuidados de um laser utilizado para outras práticas, como a utilização dos óculos de proteção, tanto pelo paciente quanto pelo acupunturista. É necessário ajustar alguns parâmetros antes de sua utilização: comprimento de onda, dose, frequência e potência; sendo que frequências mais baixas (até 3 Joules) geram tonificação e frequências mais altas (5-8 Joules) geram sedação. FIGURA 29 – LASER EM AURICULOTERAPIA FONTE: <https://bit.ly/3L9wLXs>. Acesso em: 28 out. 2021. 39 Os parâmetros utilizados no TENS são: potência, frequência, tipo da estimulação (contínua, burst e mista), largura de pulso, polarização, formato de onda, intensidade, tempo total, sendo que aparelhos mais atuais já possuem alguns protocolos prontos para serem utilizados. Para o uso de eletrodos em agulhas, utilizamos 10 mA e 30, e 40 ou 80 mA para uso com eletrodos transcutâneos. Isso quer dizer que podemos utilizar o TENS tanto conectado às agulhas, quanto estimular diretamente em cima do acuponto com o eletrodo transcutâneo. Utilizamos baixa frequência de 0,5 a 5 Hz para tonificação, pois estimula a produção de encefalinas que promovem analgesia de baixa intensidade e longa duração, ligando-se aos receptores Mu e Delta. Já a alta frequência, 80 a 100 Hz causa a dispersão, estimulando a produção de dinofirnas, que promovem analgesia mais forte e de curta duração. Além disso, seguindo o raciocínio da MTC, temos: tonificação no tempo de duração de estímulos de 10 a 15 minutos e de sedação/dispersão: 20 a 30 minutos; para harmonização: 15 a 20 minutos. Para a aplicação da eletroacupuntura, o ideal é que você realize cursos, aprofunde-se mais para saber os parâmetros corretos que deve utilizar, quais aparelhos comprar, quais métodos mais eficazes, entre outras questões. Para isso, existem vários cursos nas escolas de acupuntura do Brasil. FIGURA 30 – TENS MAIS ANTIGO PARA ELETROACUPUNTURA E AO LADO TENS ATUAL FONTE: <https://bit.ly/3gb6v0i> e <https://bit.ly/3uefJ4g>. Acesso em 28 out. 2021. Assista ao vídeo da biomédica acupunturista Letícia Aguirra Lopes sobre eletroacupuntura no link: https://bit.ly/343X1Sh. Veja a reportagem do R7 sobre a laseracupuntura e eletroacupuntura de 2011 no link: https://bit.ly/3GkbwhM. DICA 40 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Há diferenças entre a MTC e a medicina ocidental, a principal delas é que a MTC observa o ser humano como um todo, constituído de físico, mental, emocional e espiritual, o foco não está na doença e sim no indivíduo. • Yin e Yang são energias presentes em tudo que há no Universo, de características opostas, mas também, complementares, o que faz com que essas duas energias se integrem; para manter a saúde, é necessário que o equilíbrio dinâmico dessas energias se estabeleça. • A teoria dos cinco elementos é muito importante nas práticas chinesas, por utilizar os elementos da natureza para dar sentido a todos os fenômenos existentes e explicar os desequilíbrios/desarmonias que podem ocorrer no nosso corpo; os elementos são o fogo, a terra, o metal, a água e a madeira. Esses elementos possuem um ciclo de geração e controle que, em equilíbrio, mantém as funções fisiológicas do nosso organismo em funcionamento; já se adotarem padrões de dominância ou contra dominância um sobre o outro, existe a doença. • As substâncias fundamentais são: xue, jin ye, shen e qi, e precisam estar em equilíbrio para que haja harmonia e saúde. • O uso das agulhas promove inúmeros benefícios, podendo ser utilizadas em muitas patologias; para isso, você precisa conhecer os canais de energia e onde estão localizados os acupontos. • A eletroacupuntura é uma forma mais moderna de acupuntura, normalmente utilizando laser ou TENS, produz efeitos adicionais à acupuntura tradicional, pode ser utilizada sozinha ou juntamente com as agulhas. RESUMO DO TÓPICO 1 41 1 Yin e Yang são energias presentes em tudo que há no Universo, de características opostas, mas também, complementares. Com base na teoria chinesa do Yin e Yang, assinale a alternativaCORRETA: a) ( ) A energia Yin corresponde ao feminino, lento, à noite e está presente nos órgãos; já a energia Yang corresponde ao masculino, ao movimento, ao dia e está presente nas vísceras. b) ( ) A energia Yang é uma energia de movimento e está predominante nos órgãos internos, já a energia Yin é mais lenta e está predominante nas vísceras. c) ( ) Yin e Yang são qualidades opostas e, por isso, repelem-se, não podem se transformar uma na outra. d) ( ) São energias que se complementam e são de qualidades iguais, por isso, ao manter-se em equilíbrio, produzem a saúde do corpo. 2 A teoria dos cinco elementos nos traz muitas correspondências que podem guiar um bom diagnóstico. Durante a avaliação do paciente, é preciso estar presente e atento a todas as informações que você vê, ouve e sente. Acerca dos zang fu e seu elemento e emoção correspondente, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Fogo. II- Terra. III- Metal. IV- Água. V- Madeira. ( ) Raiva. ( ) Medo. ( ) Euforia. ( ) Tristeza. ( ) Preocupação. ( ) Rim e bexiga. ( ) Baço-pâncreas e estômago. ( ) Coração e intestino delgado. ( ) Fígado e vesícula biliar. ( ) Pulmão e intestino grosso. ( ) Triplo aquecedor e pericárdio. AUTOATIVIDADE 42 Assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a) ( ) II – IV – III – I – V – I – IV – II - IV – III – II. b) ( ) IV – III- II – IV – I – IV – I – II – I – III – V. c) ( ) V – IV – I – III – II – IV – II – I – V – III – I. d) ( ) II – III – I – IV – V – I – III – V- I – II – IV. 3 Existe uma complexidade para o funcionamento dos nossos órgãos (chamados de Zang) e vísceras (chamadas de Fu), e as substâncias as quais percorrem nosso corpo. Quanto às substâncias fundamentais, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O fígado armazena xue. ( ) O Qi é governado pelos pulmões. ( ) Jin Ye corresponde aos fluidos corporais (suor, saliva, lágrimas, entre outros). ( ) O shen tem vários significados, um deles é consciência e fica armazenado no baço- pâncreas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) V – V – V– F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – F – V – V. 4 A acupuntura é uma técnica milenar, que produz inúmeros benefícios ao corpo humano. A inserção das agulhas produz efeitos em cascata de analgesia pela liberação de neurotransmissores e anti-inflamatório. Disserte sobre a punção e inserção das agulhas. 5 Além da agulha, a eletroacupuntura utiliza outros meios físicos para a estimulação de acupontos. Disserte sobre sua utilização e benefícios em relação à aplicação de agulhas. 43 MOXABUSTÃO, CONE CHINÊS E VENTOSATERAPIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos sobre diferentes técnicas da MTC, sendo a primeira moxabustão, mais uma das técnicas milenares da MTC, muito utilizada atualmente, que com a promoção de calor nos acupontos, derivada da combustão da erva artemísia, tem efeitos benéficos para o equilíbrio dos canais energéticos do corpo. Aprenderemos seus efeitos, suas indicações, benefícios e contraindicações. É necessário cuidado durante a aplicação dessa técnica, para que não haja lesão na pele pelo excesso de calor. Após, falaremos de maneira geral sobre o cone chinês, também chamando de cone hindu, que utiliza da termoterapia (calor) para o tratamento de doenças, em sua maioria do trato respiratório; veremos sua aplicação, benefícios, indicações e contraindicações. Para sua produção, é utilizada cera de abelha, o que confere característica especial a esta terapia. Assim como a moxabustão, também é necessário cuidados para que não haja ferida na pele do paciente durante ou após a terapia. Ao final, falaremos sobre a ventosaterapia, que ficou bastante conhecida durante as Olímpiadas, já que muitos atletas são adeptos desta técnica chinesa. As ventosas realizam a sucção local na região a ser tratada e promovem melhora da circulação local, relaxamento da musculatura da região, liberação de toxinas, entre outras. Veremos, também, suas indicações e contraindicações e como podem ser utilizadas. 2 MOXABUSTÃO A moxabustão combina a prática de fitoterapia e termoterapia em uma só, realiza o aquecimento dos acupontos por meio da queima de artemísia, uma erva terapêutica (FOCKS; MÄRZ, 2018). Ao queimar o material com a folha de artemísia moída e preparada sob a forma de cone de algodão, ela inflama e ao mesmo tempo é aromática, o fogo que é gerado, é moderado, suave e apropriado para o tratamento; o calor desprendido penetra profundamente nos músculos e traz uma sensação confortável; seus óleos essenciais ficam na fumaça da moxa e também causam efeitos terapêuticos (BAIXIAO ZHAO, 2011). Sua origem foi na sociedade primitiva, com a descoberta do uso do fogo. Naquela época, o fogo era o único meio para aquecer, e a partir da observação, descobriram que UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 44 podia também eliminar algumas dores através de queimaduras. Durante muito tempo, a aplicação na China era com o objetivo de gerar queimaduras, cicatrizes e bolhas (BAIXIAO ZHAO, 2011). Sobre os efeitos terapêuticos da artemísia vulgaris L., como é conhecida, temos: Como fitoterápico é utilizado tradicionalmente como tônico aperitivo, regulador e provocador da menstruação, para dores de pós- parto, abortiva, aromática, estimulante, carminativa, antifebril, sudorífica, contra o ardor na micção, debilidade dos nervos, digestão difícil, enfermidades do intestino, estômago e rins, tosse, ventosidades, para diarreia, emoliente, embaraços gástricos, cólica renal, areia nos rins, úlcera, tosse convulsiva, reumatismo, anemia, coréia, enterite, epilepsia, flatulência, gastrite, hidropisia, nervosismo, nevralgia, icterícia, lombrigas, mucosidades, tônico para a circulação sanguínea, nas formas de emplastro, infusão, folhas amassadas, xarope, extrato fluído, maceração e compressas. Também tem utilização como inseticida. (REVILLA, 2002 apud FRAGOSO, 2014, p. 23). O efeito da moxabustão pela MTC é de fortalecer o Yang (já que a artemísia é de natureza Yang), secar a umidade, expulsar o frio e circular o qi e xue. É indicada para pessoas com predisposição a infecções, bronquite, cefaleia tensional, gastrite, diarreia, lombalgia, enurese noturna e fraqueza crônica (FOCKS; MÄRZ, 2018, p. 675). É contraindicada em síndrome de calor, doenças febris e agudas, hemorragias, em crianças pequenas pela pele sensível, gravidez na região do hipogástrio, regiões da pele infectadas e em distúrbios de hiposensibilidade como a diabetes (FOCKS; MÄRZ, 2018). Nas regiões em que a musculatura é mais fina, como o dorso dos pés e sobre ossos superficiais, são indicadas estimulações térmicas menores do que onde o músculo é mais espesso. A moxabustão pode atuar de forma preventiva para regular e melhorar as funções imunológicas do corpo, fortalecendo (wei qi) sua capacidade de resistência contra as enfermidades. O ponto mais utilizado de moxa é o ponto VC-8, que fica exatamente no umbigo, a utilização nesse ponto aumenta a energia vital e prolonga a vida do indivíduo. FIGURA 31 – MOXABUSTÃO DE FORMA DIRETA FONTE: <https://bit.ly/3GcQDVO>. Acesso em: 28 out.2021. 45 FIGURA 33 – MOXA COM CAMADA INTERMEDIÁRIA DE SAL E GENGIBRE FIGURA 32 – MOXABUSTÃO DE FORMA INDIRETA FONTE: <https://bit.ly/3ggwRy4>. Acesso em 28 out. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3KUAFDr>. Acesso em 28 out.2021. A moxa realizada de forma direta sobre a pele (como na Figura 31) é contraindicada no ocidente, por provocar lesões de pele. Normalmente, realizamos a moxa de forma indireta, ou seja, sem contato direto com a pele, essa forma é mais segura, como mostra na Figura 32, um bastão de moxa sendo segurado perto do acuponto nas costas (FOCKS; MÄRZ, 2018). A terapêutica pode ser realizada com uma distância igual durante todo o tempo de aplicação, realizando movimentos circulares ou em “bicadas”. É necessário estar sempre atento ao feedback do paciente, paraque não ocorra lesões na pele, e disso também dependerá o tempo de sua aplicação, em geral de 5 a 10 minutos. A moxabustão pode ser utilizada também com uma camada intermediária entre ela e a pele, comumente, utilizam o gengibre, o alho ou o sal, como mostra na Figura 33, sendo bastante utilizada dessa forma no umbigo. Outra forma de aplicação é associá-la às agulhas de acupuntura (Figura 34), pode-se usar um fragmento de 1-2 cm de bastão de moxa no cabo da agulha e acendê-lo para que o calor penetre o corpo do paciente através do corpo da agulha. Assim como as agulhas, o bastão de moxa e outros tipos podem ser adquiridos por sites de lojas de acupuntura na internet. 46 FIGURA 34 – MOXA ASSOCIADA A AGULHA FONTE: <https://bit.ly/3ofdhH2>. Acesso em: 28 out. 2021. A utilização da caixa de moxa é bastante praticada na China. A técnica se dá com a queima da moxa dentro de uma caixinha de metal ou madeira que possui orifícios, a caixa é movida de um lado para outro na região a ser tratada (FOCKS; MÄRZ, 2018), assim como no bastão. Acadêmico! É importante que você saiba o local adequado que poderá utilizar esta técnica, pois apresenta um cheiro forte e característico, além disso, nem todos os pacientes irão tolerar o cheiro e a fumaça, então, sempre converse com seu paciente antes da escolha da técnica. Durante a pandemia da Covid-19, foi recomendada pela Federação Mundial das Sociedades de Acupuntura e Moxabustão (DIRETRIZES [...], 2020) a autoaplicação domiciliar da moxabustão por pacientes diagnosticados com a doença e nas sequelas de pós infecção por Covid-19. Assista à videoaula da aplicação da moxabustão do canal Portal Educação, pelo fisioterapeuta e acupunturista Carlos Ruas Filho: https://bit.ly/3KUBr3j. DICA 47 FIGURA 35 – CONE CHINÊS FONTE: <https://bit.ly/32Nx7S3>. Acesso em 28 out. 2021. Para Silveira (2018), o cone normalmente mede 20 cm, é feito de algodão, revestido com cera de abelha ou parafina, sendo mais indicada a cera por ter ação terapêutica adicional; a ponta mais fina é encaixada no ouvido (como mostra a Figura 34), enquanto na outra ponta se acende uma chama, que deve queimar até 75% do cone. A fumaça entra pelo ouvido e mobiliza o muco existente, que normalmente está preso nas passagens internas, então, o resto de muco de infecções recentes e até antigas e o excesso de cera são eliminados. Usa-se toalhas para melhor segurança do paciente, de modo que cabeça e ombros fiquem protegidos. É recomendado para labirintite, sinusite, rinite, bronquite, asma e zumbido nos ouvidos (SILVEIRA, 2018). Além de promover a eliminação das secreções acumuladas, o cone chinês ajuda a preservar a energia vital do indivíduo, já que está atuando nos ouvidos, os quais são as janelas dos rins, aquecendo mutuamente o meridiano dos rins (SILVEIRA, 2018). 3 CONE CHINÊS Assim como a moxa, o cone chinês ou hindu utiliza o calor para promover o realinhamento do fluxo de energia do corpo e promover a cura. É aplicado principalmente na região do ouvido e trato respiratório. O cone é fabricado de algodão, cera de abelha e óleos essenciais, com uma extremidade mais fina e outra mais grossa, que é acesa com fogo. 48 Acadêmico, você lembra que os rins armazenam a nossa essência congênita e que está ligado com a emoção do medo, com as vias das águas do organismo e com a constituição óssea? Então, ao realizar a técnica do cone chinês nos ouvidos, você fortalecerá todo canal de energia dos rins! ATENÇÃO 4 VENTOSATERAPIA A ventosaterapia é um método de tratamento da MTC, que utiliza o processo de sucção, através de utensílios chamados de ventosas. Ela gera uma congestão local quando o vácuo parcial é criado no interior das cúpulas aplicadas na pele, que, ao sugar os tecidos subjacentes, formam uma estase sanguínea. Existem vários tipos de ventosas, como em bambu, argila, vidro, plástico, borracha e a mais utilizada hoje em dia, que é a de acrílico. Também podem ser encontradas nos mais diversos tamanhos, sendo selecionadas de acordo com a área de aplicação do corpo. Pode ser aplicada em várias partes do corpo, utilizando intensidade fraca (puxar a bomba uma vez), média (puxar a bomba duas vezes) ou intensidade forte de três a quatro vezes. Os efeitos da técnica são a purificação do sangue, das hemácias, aumento de leucócitos, melhora do metabolismo de cálcio no sangue, aumento do potencial de autocura do organismo, ativação da circulação sanguínea local e tem efeito térmico (calor) pela vasodilatação local. Ela provoca equimoses (Figura 36), já que a pressão negativa imposta pelo copo da ventosa consegue sugar os gases tóxicos e o sangue ácido da profundidade, que provoca enfermidades nos locais em que se acumula. Sua aplicação é indicada para o tratamento de doenças do aparelho locomotor, neuralgias, doenças das vias respiratórias, parestesias locais e doenças dos órgãos internos, como dismenorreia e distúrbios gastrointestinais (FOCKS; MÄRZ, 2018). É contraindicada em casos de febre alta, distúrbios de coagulação, lesões abertas na pele, regiões da pele com pós-radiação, não deve ser aplicada diretamente sobre os ossos; durante a gravidez, é contraindicada a aplicação no abdome, em indivíduos com epilepsia, em pessoas com insuficiência energética e esgotamento (FOCKS; MÄRZ, 2018). 49 As equimoses (extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos da pele que se rompem formando uma área de cor roxa) que se formam no local, Figura 36, geram irritação no ponto de acupuntura, influenciando também os zang fu correspondentes internos desses pontos. Existem dois tipos de ventosaterapia, a seca e a sangrenta. A seca tem efeito tonificante e aquecedor, sendo a mais utilizada. Já a sangrenta é utilizada em estados de calor, estagnação do qi ou xue, nesta, uma parte da pele é puncionada e, em seguida, coloca-se a ventosa. Com a sucção, retira-se o sangue expurgado (FOCKS; MÄRZ, 2018). Na retirada destas, é necessário cuidado no contato com o sangue do indivíduo, sendo importante manter um protocolo de higienização e esterilização das ventosas. Além disso, pode ser utilizada ventosa sobre agulha de acupuntura, a ventosa é colocada após a inserção da agulha, é utilizada para hérnias de disco e doenças dermatológicas (FOCKS; MÄRZ, 2018). Com a ventosa aplicada, pode-se FIGURA 36 – VENTOSATERAPIA EM PONTOS DA BEXIGA FIGURA 37 – EQUIMOSE APÓS VENTOSATERAPIA FONTE: <https://bit.ly/3L3xMAj>. Acesso em: 29 out.2021. FONTE: <https://bit.ly/3s6Cftg>. Acesso em: 29 out. 2021. 50 realizar deslizamentos em reta e circulares, apenas deixando no local por um tempo determinado. Lembrando que o tempo máximo de permanência no mesmo local deve ser de 3 minutos para idosos (devido à fragilidade da pele) e de 5-15 minutos em adultos, a depender da intensidade da sucção. Uma das técnicas que também é utilizada é chamada de flash e consiste em colocar e retirar rapidamente a ventosa, seguindo para o ponto de estimulação seguinte. É uma técnica muito agradável ao paciente. As ventosas também podem ser encontradas nos sites de loja de acupuntura. Veja a matéria sobre ventosaterapia nos atletas olímpicos, publicada em julho de 2021: https://bit.ly/3rk8p56. Assista ao vídeo sobre o uso da ventosaterapia, publicado em 2018 pelo fisioterapeuta Marcos Minello: https://bit.ly/3IToJQy. Acadêmico! Faça a palpação da região a ser estimulada antes de aplicar a técnica e você perceberá a diferença após sua realização. DICA INTERESSANTE FIGURA 38 – EXEMPLO DE KIT DE VENTOSATERAPIA FONTE: <https://bit.ly/35zLoTn>. Acesso em: 29 out.2021. 51 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A moxabustão era realizada desde os tempos primitivos. Utiliza-se a erva de artemísia e o calor para obter resultados de desobstrução dos canais energéticos. • O cone chinês também pode ser chamado de cone hindu, é produzido com cera de abelha e óleos essenciais, que, através do calor, produzem efeitos benéficosao corpo, principalmente relacionados a problemas respiratórios. Normalmente, é aplicada nos ouvidos, trazendo benefícios para o canal de energia principal do rim. • A ventosaterapia é uma técnica que utiliza da sucção de ventosas na pele para eliminação de estagnações de sangue e toxinas do corpo, normalmente utilizada em pontos da bexiga na região dorsal do tronco ou no abdome. As ventosas possuem diferentes tamanhos e podem ser aplicadas em diferentes intensidades. • Geralmente, a utilização das ventosas gera equimoses, que são reabsorvidas pelo corpo durante alguns dias após a aplicação da técnica. 52 1 Durante a pandemia da Covid-19 foi recomendada pela Federação Mundial das Sociedades de Acupuntura e Moxabustão (DIRETRIZES [...], 2020) a autoaplicação domiciliar da moxabustão por pacientes diagnosticados com a doença e nas sequelas de pós infecção por Covid-19. Sobre a terapia complementar de moxabustão, assinale a alternativa CORRETA. FONTE: DIRETRIZES sobre intervenção na acupuntura e moxabustão para COVID-19. INCISA / IMAM, Belo Horizonte, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3IU7QoN. Acesso em: 27 out. 2021. a) ( ) A moxabustão tem mais de uma propriedade física que atua na restauração do equilíbrio energética, são o calor e as propriedades das ervas utilizadas. b) ( ) A moxabustão não tem nenhuma propriedade física atuante no reestabelecimento do equilíbrio energético do corpo. c) ( ) A moxabustão direta é bastante utilizada e não causa nenhum prejuízo para o paciente que recebe essa técnica. d) ( ) A moxabustão é indolor, não apresenta odor e pode ser utilizada em qualquer espaço. 2 O cone chinês tem sua principal aplicabilidade nos ouvidos. Acerca dos benefícios dessa técnica nesse local, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O cone chinês melhora o retorno venoso, traz calma e tranquilidade ao paciente e auxilia na desintoxicação do organismo. b) ( ) O cone chinês tem como propriedade física o calor, que quando aplicado nos ouvidos, produz efeitos no canal energético do rim, além de eliminar muco e cera em excesso dos ouvidos. c) ( ) O cone chinês, que é aplicado nos ouvidos, é fabricado em cera de abelha, sendo que esta não tem nenhuma propriedade que beneficie o paciente. d) ( ) O cone chinês é aceso em sua ponta mais grossa e deve ser queimado até o final. 3 Existem vários tipos de ventosas, como em bambu, argila, vidro, plástico, borracha e a mais utilizada hoje em dia, que é a de acrílico. Sobre a ventosaterapia, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A ventosaterapia utiliza da propriedade física das ventosas, que podem ser de vidro ou acrílico. ( ) As ventosas possuem vários tamanhos e podem ser aplicadas em diferentes intensidades. ( ) Em um paciente idoso, é indicado deixar a ventosa por pelo menos 20 minutos na região a ser tratada. AUTOATIVIDADE 53 ( ) As equimoses geradas pela aplicação das ventosas ocorrem devido à intensidade da aplicação destas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) F – F – V – V. c) ( ) V –V – F – F. d) ( ) V – F – F – V. 4 A técnica de ventosaterapia está sendo bastante utilizada por atletas. Disserte sobre os benefícios da técnica que podem auxiliá-los. 5 Existem diferentes técnicas da MTC, sendo a primeira moxabustão, depois o cone chinês e por mim, a ventosaterapia. Descreva brevemente uma indicação e uma contraindicação das técnicas de moxabustão, do cone chinês e da ventosaterapia. 54 55 TÓPICO 3 - CRANIOACUPUNTURA E QUIROACUPUNTURA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos sobre os microssistemas da MTC que utilizam a acupuntura. Os chineses observaram há milênios que a estimulação de algumas regiões do corpo, como a orelha, a cabeça e as mãos, gerava resposta em outras partes do corpo, devido ao mecanismo de ação reflexa do tronco cerebral, e passaram a estudar sobre essas regiões mais especificamente. Muitas vezes, essas técnicas acabam sendo mais utilizadas pela sua praticidade e fácil localização. Não se esqueça que elas seguem as mesmas teorias da MTC, vistas no Tópico 1, e vão possuir os mesmos efeitos da aplicação das agulhas da acupuntura sistêmica, como a analgesia, a pró inflamatória, a liberação de neurotransmissores, entre outras. No início do Tópico 3, falaremos sobre a Cranioacupuntura, realizada no microssistema da cabeça. Observaremos as duas abordagens mais conhecidas, a técnica chinesa e a técnica japonesa, e aprenderemos quais suas indicações, como funcionam, como avaliar e tratar com essas terapias e quais as correspondências de cada área da cabeça. Aprenderemos também sobre a quiroacupuntura, que é a acupuntura realizada no microssistema das mãos, uma técnica milenar coreana. Veremos que através da mão podemos tratar todos os tipos de desarmonia da energia do corpo humano, promovendo o seu equilíbrio; veremos suas regiões de correspondência, como utilizá-las e suas indicações. Lembrando que todos os microssistemas dão suporte ao terapeuta, caso se depare com algum paciente na prática clínica que não obtém respostas com a acupuntura sistêmica tradicional ou que possui alguma dificuldade com relação à inserção de agulhas no corpo. 2 CRANIOACUPUNTURA A cranioacupuntura, craniopuntura ou escalpo acupuntura foi criada por um médico neurologista chamado Jiao Shunfa. Através dos seus conhecimentos em neuroanatomia, dr. Jiao iniciou os estudos associando a acupuntura para o tratamento de pacientes com quadro de paralisias, e escolheu o crânio pela proximidade com o cérebro, sendo considerada como método de tratamento em 1971. UNIDADE 1 56 Em suas pesquisas, ele defendia a hipótese de que o estímulo de pontos do couro cabeludo teria maior proximidade com o córtex cerebral, e isso produziria um efeito mais rápido sobre as doenças cerebrais. 2.1 CRANIOACUPUNTURA PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA A cranioacupuntura pela MTC é a escalpo acupuntura criada por Jiao Schunfa, tendo como princípio básico que se alguma parte do cérebro está danificada, então a superfície do crânio pode ser estimulada exatamente sobre a área lesada do cérebro. As zonas de tratamento foram determinadas após vários estudos de neuroanatomia funcional, relacionando as áreas superficiais do crânio com áreas funcionais do córtex cerebral, unindo ao estímulo das agulhas pela acupuntura, que já era praticada de forma sistêmica. No início da sua prática, era realizada apenas em pessoas com sequelas de lesões cerebrais, como acidente vascular encefálico, traumatismo medular, traumatismo cranioencefálico, entre outros, e, após alguns anos, começou a ser praticada também em pessoas com outros problemas, como doenças psicossomáticas e de órgãos internos. Hoje, a cranioacupuntura é indicada para as mais diversas doenças, como Parkinson, coréia, esclerose múltipla, diabetes, incontinência urinária, alopecia, paralisia facial, hipertensão, cefaléia, surdez, zumbido, labirintite, neuralgia do trigêmeo, contraturas musculares, herpes zoster, dor ciática, doenças ginecológicas, dermatites, entre outras. A técnica precisa ser aplicada com o paciente sentado ou deitado, consiste em inserir agulhas no crânio conforme as zonas reflexas que estudaremos a seguir. A utilização das agulhas de acupuntura sistêmica e sua inserção será sempre oblíqua e superficial, já que o crânio se encontra logo abaixo da camada da pele. O tempo máximo de aplicação é de 10 minutos. Realizamos a manipulação da agulha para obter o de qi da mesma forma que na acupuntura sistêmica, porém, em indivíduos com hipertensão arterial, não se realiza as manipulações, apenas a inserção da agulha. A região do crânio é sensível, portanto, a intensidade do estímulo elétrico será baixa, não deve gerar grandes desconfortos ao paciente, que deve sempre ser consultado sobre tais estímulos. Há várias áreas utilizadas nos tratamentos, são elas: área motora, área sensorial,área de controle de tremor e coréia, área de vasodilatação e vasoconstrição, área auditiva e de enjoo, segunda área da fala, terceira área da fala, área de aplicação, área sensitiva-motora do pé, área visual, área do equilíbrio, área do estômago, área do fígado e da vesícula biliar, área torácica, área genital e área intestinal. 57 Essas áreas são homólogas e estão no lado direito e esquerdo. Não há necessidade de tratar as duas simultaneamente. Caso sejam parestesias, tetraplegias, ou seja, se o problema estiver em ambos os lados, o tratamento só será bilateral. Se o problema for somente de um dos lados do corpo, é necessário tratar a zona cortical contralateral. A seguir, veremos as áreas referenciadas para o tratamento da cranioacupuntura. A área motora no seu quinto superior é utilizada para tratamentos no membro inferior contralateral, nos 2/5 médios tratamento do membro superior contralateral e tronco e nos 2/5 inferiores para cabeça, face, sendo a primeira área da fala (para paralisia facial, afasia, distúrbios da fala). A área sensorial fica 1,5 cm atrás da área motora e tem função principal para tratamento de dor, dividida nas mesmas cinco partes que a área motora 1/5 superior: trata dor, parestesia do lado contralateral das costas e da perna, cefaleia occipital, dor no pescoço e nuca e zumbido; nos 2/5 médios: trata dor e parestesia do membro superior contralateral; e nos 2/5 inferiores: trata parestesia e dor do lado contralateral da cabeça e face. FIGURA 39 – ÁREAS: MOTORA, SENSORIAL, DA FALA, AUDITIVA, DE CONTROLE DE TREMORES E DE VASO- DILATAÇÃO E CONSTRIÇÃO FIGURA 40 – ÁREAS: DO PÉ, 2ª ÁREA DA FALA, VISUAL E DE EQUILÍBRIO FONTE: <https://bit.ly/3L255DS>. Acesso em: 29 out. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3L4sTa8>. Acesso em: 29 out. 2021. 58 FIGURA 41 – ÁREAS: TORÁCICA, ESTÔMAGO, GENITAL, INTESTINOS E FÍGADO FONTE: <https://bit.ly/3Hn4yKq>. Acesso em: 29 out. 2021. De maneira geral, a área de controle de tremores trata movimentos involuntários; a área de vasodilatação e vasoconstrição trata hipertensão arterial e edemas; a área auditiva e de enjoo trata vertigem, zumbido, hipoacusia e náuseas. Já a segunda área da fala continua tratando os distúrbios da fala, como afasia nominal, e a terceira área da fala a afasia sensorial. Na área de aplicação, o tratamento é para melhora da coordenação dos movimentos. Na área sensitivo-motora do pé, trata-se todos os problemas envolvendo o pé, além de problemas urinários e diarreia. A área visual trata os distúrbios da visão, a área genital trata os distúrbios urogenitais, a área do estômago trata as gastrites, a área dos intestinos trata as dores abdominais e a área de fígado e vesícula trata as dores no hipocôndrio. Como são áreas (regiões) e não pontos específicos, o acupunturista deve realizar a palpação da área na cabeça e sentir pela palpação ou resposta do paciente qual ponto está mais sensível, dolorido ou edemaciado, pois é nesse ponto que será inserida a agulha. Na prática, há uma preferência pelo uso das agulhas menores, utilizadas na acupuntura estética, pela sua praticidade e também pela diminuição da tensão do paciente, que ao ver uma agulha grande a ser inserida na cabeça fica mais receoso. Lembre-se, também, de manter algodão por perto, pois ao retirar as agulhas pode haver pequenos sangramentos e será necessário limpar rapidamente para que o sangue não escorra pela cabeça. 59 FIGURA 42 – APLICAÇÃO CRANIOACUPUNTURA COM AGULHAS DE TAMANHO MÉDIO FONTE: <https://bit.ly/3rfkCYV>. Acesso em 29 out. 2021. Há uma versão para download de craniopuntura, segundo a MTC, apresentando a teoria e a técnica de forma detalhada, acesse em: https://bit.ly/34sA2zX. Você já imaginava que poderiam existir tantas técnicas de acupuntura? A cranioacupuntura tem uma aplicação mais rápida e o tempo de sessão é menor, possuindo os mesmos efeitos da acupuntura sistêmica; porém, alguns pacientes vão responder melhor a uma ou outra terapêutica, por isso é importante entender todos os conceitos da MTC, como fizemos no Tópico 1, para termos maior propriedade e assertividade no nosso tratamento. DICA INTERESSANTE 2.2 CRANIOACUPUNTURA DE YAMAMOTO Como você já pode estar imaginando, esta técnica foi desenvolvida por Toshikatsu Yamamoto, no Japão, em 1973. Apesar de serem ambas as técnicas na cabeça, a interpretação anatômica dos locais de aplicação, os princípios e até o modo de inserção das agulhas é diferente (ARTIOLI; AZEVEDO; BERTOLINI, 2018). 60 A técnica chinesa tem a maioria dos seus pontos na lateral da cabeça, já em Yamamoto, a maioria dos pontos estão na fronte. Na técnica japonesa, apenas o início da agulha é inserido; e na chinesa, penetra-se mais profundamente. Ambas as técnicas são indicadas para múltiplos diagnósticos, mas a japonesa parece ter um efeito analgésico maior (ARTIOLI; AZEVEDO; BERTOLINI, 2018). Conforme essa técnica, é necessário realizar previamente um diagnóstico para determinar os pontos para o tratamento. Esse diagnóstico pode ser realizado no próprio local de aplicação, pela palpação de pontos dolorosos no crânio ou em outros locais, como no abdome (Figura 42). Na Figura 42, referem-se às siglas de: fígado (F), rins (R), baço-pâncreas (BP), coração (C), triplo aquecedor (TA), intestino delgado (ID), intestino grosso (IG), vesícula biliar (VB), estômago (E), duodeno (D), bexiga (B), pulmão (P), pericárdio (PC) e cérebro e cerebelo (Ce). Ao observar sensibilidade aumentada nessa palpação do abdome, já sabemos em quais órgão e pontos deveremos focar nosso tratamento. As zonas de tratamento estão localizadas na cabeça e divididas em pontos básicos, sensoriais, cerebrais, pontos “Y” e pares cranianos (ARTIOLI; AZEVEDO; BERTOLINI, 2018). FIGURA 43 – DIAGNÓSTICO ABDOMINAL FONTE: Adaptada de Yamamoto, Yamamoto e Yamamoto (2007). 61 Os pontos básicos são apresentados na região Yin, dispondo ao nível da linha anterior de implantação do cabelo; na região Yang, sua representação está situada um pouco acima da sutura lambdoide. São usados em distúrbios locomotores e dor. Os pontos básicos podem ser subdivididos em segmentos menores. O ponto deve ser palpado e fixado com o polegar rente a ele, introduzindo-se a agulha de forma oblíqua. Os pontos A são indicados para cervicalgias, cefaleias tensionais, enxaqueca, traumas cervicais, sequelas secundárias à trombose cerebral e dores nos trajetos dos nervos cervicais. Os pontos B são indicados para dores pós-traumáticas do ombro, dores pós- operatórias, síndromes de ombro, braço e mão e hemiplegias. Os pontos C são indicados para dores e parestesias de membros superiores, epicondilites, luxações, contusões, pós-fraturas, Síndrome de Raynaud e Síndrome do túnel do carpo. Os pontos D representam as vertebras lombares e extremidades inferiores. Pontos lombares estão situados perto dos pontos D (perto do pavilhão auricular) e são indicados para qualquer tipo de dor lombar. Continuando, os pontos E são indicados para condições pós-operatórias e pós- traumáticas do tórax, neuralgia intercostal, herpes, angina, palpitações, asma, dispneia, hiperventilação e bronquite. FIGURA 44 – PRINCIPAIS PONTOS DA CRANIOPUNTURA DE YAMAMOTO FONTE: <https://bit.ly/3AOUPKl>. Acesso em 29 out.2021. 62 Os pontos F são utilizados para dor lombar aguda e dores isquiáticas. Os pontos G servem para problemas no joelho, inflamações, reumatismos, torções, luxações, artrites e fraturas de patela. Pontos H e I são acessórios, potencializam os efeitos dos demais pontos escolhidos. Os pontos J representam o dorso do pé e os pontos K a planta do pé. Os pontos sensoriais são localizados na testa e occipício, sendo os pontos do olho, nariz, ouvido e boca. São indicados para tratamentos dessas regiões e de todos os problemas que podem afetá-las. Veja na Figura 45. São três os pontos cerebrais: cérebro, cerebelo e gânglios da base e estão localizados no topo da cabeça, servem para tratar hemiplegias,enxaquecas, Parkinson, tonturas, distúrbios do sono, depressão, entre outras patologias. FIGURA 45 – VISÃO LATERAL DOS PONTOS BÁSICOS FONTE: Adaptada de Yamamoto, Yamamoto e Yamamoto (2007). FIGURA 46 – PONTOS SENSORIAIS YAMAMOTO FONTE: <https://bit.ly/3AOUPKl>. Acesso em 29 out.2021. 63 Os pontos “Y” representam os nossos 12 zang fu e estão localizados na região temporal da cabeça. São indicados para qualquer tratamento de disfunções dos órgãos internos e suas correspondências. Estão demonstrados na Figura 46. Para utilizar os pontos Y, é necessário antes testar os pontos abdominais. Lembre- se de que os pontos básicos e pontos sensoriais são utilizados de forma homolateral ao lado doente, com exceção dos casos de hemiplegia. A inserção da agulha se faz de maneira firma e ao mesmo tempo delicada, sendo uma inserção sempre oblíqua, sem importar a direção, desde que atinja o ponto corretamente. A técnica é promissora, apresenta efeitos benéficos nas condições de dor lombar, principalmente do tipo aguda inespecífica, sendo os pontos A-I os mais utilizados. Lembrando que é uma técnica de baixo custo e viável no dia a dia do profissional que trabalha em qualquer área da saúde. FIGURA 47 – PONTOS Y DA CRANIOACUPUNTURA JAPONESA FONTE: <https://bit.ly/3ojEeJH>. Acesso em: 29 out. 2021. O livro escrito por Yamamoto, está traduzido pela editora Roca. Encontre nas livrarias on-line: Nova Craniopuntura de Yamamoto – NCY, editora Roca, 2007. Há também como adquirir mapas do microssistema para colocar no seu espaço de trabalho: https://bit.ly/3AO4HUw. DICA 64 FIGURA 48 – CRANIOPUNTURA JAPONESA FONTE: <https://bit.ly/3gi7JHb>. Acesso em 29 out. 2021. No estudo de caso, a cranioacupuntura foi utilizada no tratamento de osteoartrite de joelho e foi efetiva no alívio da dor, na amplitude de movimento, qualidade de vida e funcionalidade de paciente com osteoartrite de joelho (SILVA et al., 2011). Um profissional que aprende a técnica chinesa não necessariamente sabe e desenvolve a técnica japonesa, pois são formações diferentes uma da outra. Procure saber mais antes de realizar curso de formação nesta área, para entender qual técnica será estudada. 3 QUIROACUPUNTURA Do latim quiro + acus + punctura, puncionar com agulhas as mãos; também chamada de técnica coreana das mãos ou Koryo Sooji Chin. Foi desenvolvida por Tae Woo Yoo, em 1971. Koryo Sooji Chin foi um acupunturista que há anos já estudava os sistemas reflexos, baseando-se nos conhecimentos de microssistemas, compreendendo que a mão também representa um microssistema onde todo corpo humano está representado (SIMÕES, 2013). Em 1988, essa técnica foi trazida para o Brasil, em São Paulo, por uma dona de casa coreana que praticava a técnica para a melhora dos seus familiares. Acredita-se que a parte dorsal da mão corresponde a parte posterior do nosso corpo e a palma da mão corresponde a parte anterior do nosso corpo. Outra referência base é que as mãos estão totalmente conectadas ao cérebro, e por esse motivo, ao aplicar estímulos nas mãos, eles repercutem nas atividades cerebrais; através das mãos, é possível acessar indiretamente os órgãos e tratá-los (SIMÕES, 2013). Apresenta algumas vantagens em relação a acupuntura sistêmica, como o baixo custo, método simples, não precisa expor o paciente, resposta rápida, diminuição dos riscos de acidentes com agulhas, além de necessitar de pouco espaço físico para sua aplicação (SIMÕES, 2013). 65 FIGURA 49 – MERIDIANOS DA MÃO FONTE: <https://bit.ly/3ggo2V5>. Acesso em 29 out. 2021. Para o diagnóstico, utiliza-se dos mesmos conceitos da MTC, teoria do Yin e Yang, teoria dos cinco elementos e zang fu. Para o tratamento, preferencialmente, utilizam-se as agulhas pequenas de 0,18 mm x 8 mm; além das agulhas, podem ser utilizadas lancetas, canetas de eletroestimulação, cromopuntura (uso da irradiação da luz das cores nos pontos de acupuntura), moxabustão, entre outras. O primeiro estudo será dos meridianos da mão (Figura 48). Dá mesma forma que na acupuntura sistêmica, nas mãos percorrem os canais de energia, sendo que A (canal vaso concepção), B (canal vaso governador), C (pulmão), D (intestino grosso), E (estômago), F (baço-pâncreas), G (coração), H (intestino delgado), I (bexiga), J (rim), K (pericárdio), L (triplo aquecedor), M (vesícula biliar) e N (fígado). Podem ser utilizados para as mesmas patologias que estudamos sobre os canais de energia regulares. Outra forma mais básica de tratamento é pelo método de correspondência demonstrado na Figura 49, em que as partes do corpo representadas na mão são estimuladas para gerar reações reflexas de autocura dessas partes. Existem poucas pesquisas com a quiroacupuntura, dificultando a comprovação científica de seus efeitos. Como você já sabe, pesquisas em MTC são difíceis de ser realizadas. Porém, acredita-se que essa técnica possui efeitos rápidos e imediatos, devido à presença de fibras do tipo A-delta, que apresentam condução nervosa rápida. 66 FIGURA 50 – CORRESPONDÊNCIAS NA MÃO FONTE: <https://bit.ly/3L2sp45>. Acesso em 29 out. 2021. Devido a isso, também não é necessário aumentar a profundidade de inserção das agulhas, que ocorre de maneira mais superficial. O tempo máximo da terapia é de 20 minutos. A técnica vem sendo bastante utilizada para analgesia (SIMÕES, 2013). 67 EFEITOS DA ACUPUNTURA NA FIBROMIALGIA: REVISÃO INTEGRATIVA Heloísa Salvador dos Santos Pereira Mariangela da Silva Nunes Caíque Jordan Nunes Ribeiro Maria do Carmo de Oliveira Ribeiro RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: a fibromialgia causa dor musculoesquelética constante e sensibilidade generalizada, com presença de hiperalgesia e/ou alodínia, fadiga, distúrbios de sono e problemas cognitivos. Muitas vezes o tratamento farmacológico não é suficiente para aliviar a dor e os pacientes optam por terapias integrativas como a acupuntura em razão da boa tolerância e baixo risco de efeitos adversos. O objetivo foi realizar uma revisão integrativa sobre o uso da acupuntura na analgesia em pacientes com fibromialgia. CONTEÚDO: foi realizada revisão integrativa em quatro bases de dados (Scopus, Pubmed, CINAHL e Bireme), com uso dos descritores “analgesia”, “acupuncture” e “fibromyalgia” unidos pelo operador booleano AND, com a inclusão de publicações de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. Após a leitura e análise, sete artigos foram selecionados. CONCLUSÃO: os estudos sugerem que a acupuntura seja eficaz para o tratamento da dor em pacientes com fibromialgia, com melhora na qualidade de vida e interferência positiva no sono. Descritores: Acupuntura; Analgesia; Dor Crônica; Fibromialgia; Manejo da dor INTRODUÇÃO A fibromialgia (FM) é uma síndrome idiopática caracterizada por quadro crônico de dor musculoesquelética e sensibilidade generalizada, além de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. Pode ocorrer também depressão, ansiedade, síndrome da fadiga crônica, síndrome miofascial, problemas digestivos, como a síndrome do cólon irritável, e doença do refluxo gastroesofágico, síndrome uretral inespecífica, enxaqueca ou cefaleias tensionais, dor pélvica e disfunção temporomandibular. LEITURA COMPLEMENTAR 68 A dor pode ser acentuada com frio, umidade e distúrbios emocionais, contribuindo para o sofrimento e a piora da qualidade de vida dos pacientes. Nos EUA e na Europa, a prevalência é de até 5% da população e ultrapassou 10% dos atendimentos em clínicas reumatológicas. No Brasil, ocorre em até 2,5%, em especial em mulheres entre 35 e 44 anos. A dor na FM pode ser percebida de diversas formas e modificada pela condição emocional. Hiperalgesia e/ou alodínia em razão do baixo limiar na percepção da dor, possivelmente pela amplificação da dor central ou neuropática. A falta de consenso na etiologia da FM dificulta o tratamento e o controle da dor com terapias farmacológicas e não farmacológicas.A acupuntura produz efeito analgésico central, particularmente sobre o tálamo, que tem um papel importante no processamento da informação sensitiva. Além disso, libera endorfinas no cérebro que pertencem ao grupo dos opioides, que integram o mecanismo natural de supressão da dor. O objetivo foi realizar uma revisão integrativa do uso da acupuntura na analgesia em pacientes com FM. CONTEÚDO Trata-se de uma revisão integrativa que buscou responder a seguinte questão: quais as evidências sobre a eficácia da acupuntura como método não farmacológico para alívio da dor em pacientes com FM? Foi utilizado o método de Cooper com as seguintes etapas: formulação do problema, coleta dos dados, avaliação dos dados, análise e interpretação e apresentação pública. Foram realizadas buscas nas bases de dados Scopus, Pubmed, CINAHL e Bireme, utilizando os descritores controlados “analgesia”, “acupuncture” e “fibromyalgia” unidos pelo operador booleano AND. Utilizou-se como critérios de inclusão manuscritos publicados no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019, cujo texto completo estivesse disponível nos idiomas inglês, espanhol ou português e que investigassem a eficácia analgésica da acupuntura em pacientes fibromiálgicos. Foram excluídos da busca pesquisas envolvendo menores de 18 anos, pesquisas realizadas com modelo animal, estudos e séries de caso, editoriais, cartas ao editor, comentários, relatos de experiência e revisões narrativas, integrativas e sistemáticas. Foram encontrados 194 artigos dos quais 110 tinham o texto completo disponível e 11 foram excluídos por duplicidade, totalizando 99. Inicialmente, 22 artigos foram selecionados por título e, em seguida, 19 pela leitura do resumo. Ao final, foram selecionados sete artigos pela leitura do texto completo (Figura 1). 69 FIGURA 1 – FLUXOGRAMA DE IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE ARTIGOS FONTE: Os autores Os artigos incluídos na análise final estão apresentados na Tabela 1, sendo classificados de acordo com os níveis de evidência da Oxford Centre for Evidence- Based Medicine – OCEBM (2011), que avalia os artigos em níveis de um a cinco, sendo o primeiro nível o de maior relevância. Em seguida, foi realizada a análise crítica dos resultados através da síntese descritiva dos estudos. Foram encontrados sete artigos em inglês, todos eram ensaios clínicos randomizados (ECRs), sendo classificados no nível um com base na OCEBM. Neste estudo, sete ECRs compararam a acupuntura verdadeira (verum) com placebo (sham), e comprovaram que a primeira apresenta mais resultados positivos com redução da dor em pacientes com FM. A técnica sham é um controle placebo no qual alguns pesquisadores usaram dispositivos como uma agulha simulada, podendo tratar-se de uma agulha com dimensões menores que a da agulha da técnica verdadeira, que pode exercer um efeito semelhante à acupuntura ou pode até simular agulhamento ou usar agulhas superficiais em não pontos de acupuntura ou pontos de acupuntura inadequados de acordo com a MTC. Para tanto, é comum optarem por vendar os pacientes ou separá-los, para que não saibam qual a terapêutica usada. Na técnica verum são utilizadas as agulhas nos pontos-gatilhos (PG), de acordo com o estabelecido pela MTC. 70 O número de pacientes que receberam a técnica verum variou entre 20 e 82, enquanto o número de pacientes que receberam tratamento PG variou entre 6 e 18. As sessões foram de 1 a 12, com duração entre 20 e 30 minutos. Apesar de a amostra ser pequena, as análises estatísticas dos sete estudos revelaram que a acupuntura proporcionou diminuição significativa nos escores de dor pelas escalas utilizadas, tanto a longo como em curto prazo, mesmo com poucas sessões de até 30 minutos. A acupuntura demonstrou, em curto prazo, aumento no potencial de ligação aos sistemas antinociceptivos opioides endógenos e receptores µ-opioides (MORs) em várias regiões de dor e processamento sensorial, bem como realizou em longo prazo o potencial de ligação ao MOR em algumas das mesmas estruturas encefálicas. Ela pode ter efeito nos neuromediadores, como serotonina e substância P, o que pode explicar efeitos benéficos que existem em pacientes com FM. Adicionalmente, foi identificado que os efeitos imediatos e de longo prazo não se limitam somente à redução da dor, mas também reduzem os sintomas como insônia e depressão, além de melhorar o bem-estar dos pacientes. Um dos estudos revelou que a acupuntura foi mais eficaz e com menos efeitos adversos que fármacos comumente utilizados para o tratamento da FM, como a pregabalina e a duloxetina, e que o efeito benéfico persistiu por até um ano. Corroboram esta pesquisa estudos que identificaram que o tratamento com acupuntura foi eficaz no alívio da dor em pacientes com FM em termos de qualidade de vida e questionário de impacto da FM, melhorando outros sintomas como fadiga e ansiedade. Nesse aspecto, acredita-se que a acupuntura atua, além da melhora da dor, no bem-estar, produtividade, humor e demais aspectos da vida diária. Além disso, a acupuntura vem se destacando por oferecer um tratamento rápido e eficaz, com efeitos adversos leves, tais como desconforto e hematomas nos locais de inserção da agulha, sendo praticamente indolor. Métodos não farmacológicos para o alívio da dor, tais como TENS, exercícios físicos, terapia cognitivo-comportamental, dieta, suplementos nutricionais e fitoterapia têm sido recomendados para o manejo da FM. A acupuntura se destaca por ser menos onerosa e de mais fácil aplicação quando comparada ao tratamento tradicional, pois este último envolve a participação de vários especialistas, a realização de muitos exames e uso de fármacos que, muitas vezes, são de alto custo e possuem vários efeitos adversos. São necessários novos estudos com alta qualidade metodológica e amostra maior e mais significativa que compare a acupuntura sham com a verum, pois há algumas divergências quanto a sua eficácia. Este estudo evidenciou que a acupuntura pode ser utilizada em grande variedade de pacientes, em especial, na atenção primária, com efeitos que vão além da analgesia. Pode reduzir os gastos com ambulatórios e internações hospitalares devido às crises de dor nesses pacientes. A acupuntura é de baixo custo, eficaz e pode ser utilizada 71 em diversos serviços de saúde, tendo em vista que pode promover alívio da dor e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida do paciente e a realização das atividades de vida diária. O desafio é ampliar o acesso a essa prática, em especial nos pacientes que sofrem de sintomas dolorosos e criar um protocolo para seu uso combinado ou individualizado no tratamento da FM. CONCLUSÃO Os estudos sugerem que a acupuntura foi eficaz para o tratamento da dor em pacientes com FM, melhorando a qualidade de vida e o sono. TABELA 1 – DESCRIÇÃO DOS ARTIGOS INCLUÍDOS NESTE ESTUDO Autores Nível de evidência Tipos de pesquisa Objetivos Amostra Resultados Yüksel et al. 1 ECR Avaliar os efeitos das aplicações de acupuntura e estimulação elétrica transcutânea de nervos (TENS) na avaliação quantitativa nas alterações na eletroencefalografia (qEEG) e avaliar seus efeitos terapêuticos em pacientes com FM. n=42 pacientes com FM (n=21 para TENS e n=21 para acupuntura) e n=21 pacientes saudáveis A aplicação da TENS e da acupuntura parece ser benéfica em pacientes com FM. Harris et al. 1 ECR Comparar os efeitos a curto e longo prazo do tratamento com acupuntura tradicional chinesa (ATC) versus tratamento com acupuntura falsa (AF). n=20 pacientes com FM A acupuntura evocou aumentos de curto prazo no potencial de ligação ao MOR, em várias regiões de dor e processamento sensorial, incluindo o cíngulo (dorsal e subgenual), ínsula, núcleo caudado, tálamo e amígdala. Também evocou no longo prazo o potencial de ligação ao MOR em algumas das mesmas estruturas, incluindo o cingulado (dorsal e perigenual), caudado e amígdala. Os efeitos decurto e longo prazo estavam ausentes no grupo falso, no qual pequenas reduções foram observadas, efeito mais consistente com os estudos anteriores com PET de placebo. Aumentos em longo prazo na MOR BP após ATC também foram associados a maiores reduções na dor clínica. 72 Autores Nível de evidência Tipos de pesquisa Objetivos Amostra Resultados Vas et al. 1 ECR Avaliar a eficácia de um protocolo de acupuntura individualizado para pacientes com FM. n=164 pacientes com FM O tratamento individualizado com acupuntura em pacientes com FM na atenção primária mostrou-se eficaz no alívio da dor, em comparação com o placebo. O efeito persistiu durante um ano, e os efeitos adversos foram leves e pouco frequentes. É recomendado o uso de acupuntura individualizada em pacientes com FM. Ugurlu et al. 1 ECR Determinar e comparar a eficácia da acupuntura real com acupuntura falsa no tratamento da FM. n=50 pacientes do sexo feminino com FM A acupuntura melhorou significativamente a dor e sintomas de FM. Embora o efeito simulado seja importante, o tratamento real com acupuntura parece ser eficaz no tratamento da FM. Stival et al. 1 ECR Avaliar a eficácia da acupuntura no tratamento da FM, considerando-se como desfecho primário a resposta imediata da escala analógica visual (EAV) para avaliação da dor. n=36 pacientes com FM A acupuntura, aplicada nos moldes da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) causa redução imediata da dor em pacientes com FM quando comparada à acupuntura simulada. Zucker et al. 1 ECR Verificar se a sensibilidade à dor por pressão classificaria diferencialmente a resposta do tratamento ao verum e à acupuntura simulada em pacientes com FM. n=114 (sendo 59 verum e 55 sham/ simulada) A eficácia da acupuntura na FM pode estar subestimada e tratamento mais personalizado para a FM também pode ser possível. Karatay et al. 1 ECR Avaliar os efeitos do tratamento com acupuntura nos níveis séricos de serotonina e substância P (SP), bem como nos parâmetros clínicos em pacientes com FM. n=75 mulheres randomizadas em três grupos: acupuntura real (AcG), acupuntura simulada (ShG) e acupuntura simulada (SiG) A acupuntura, ao contrário da acupuntura simulada ou placebo, pode melhorar em longo prazo os resultados clínicos e os valores do neuromediador da dor. Alterações nos níveis séricos de serotonina e SP pode ser uma explicação para os mecanismos de acupuntura no tratamento da FM. • ECR = ensino clínico randomizado. FONTE: Os autores FONTE: PEREIRA, H. S. S. et al. Efeitos da acupuntura na fibromialgia: revisão integrativa. Revista BrJP, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 68-71, jan./mar., 2021. 73 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A cranioacupuntura é a inserção de agulhas no crânio, é realizada com base no microssistema da cabeça e pode ser realizada de duas formas diferentes. • A craniopuntura pela MTC tem mais pontos na lateral da cabeça e possui zonas de tratamentos, áreas que correspondem a regiões do corpo. • A técnica de Yamamoto é mais utilizada, tem mais pontos na região frontal da cabeça e possui pontos mais específicos das regiões do corpo, como os órgãos, por exemplo. As duas técnicas apostam na ação reflexa dos pontos do crânio. • A quiroacupuntura é a utilização de estímulos no microssistema das mãos. Podem ser utilizadas agulhas pequenas, de maneira superficial, e as mãos contam com todos os meridianos regulares (assim como no corpo) e com as zonas reflexas do corpo correspondente nas mãos. 74 1 A cranioacupuntura, também conhecida como escalpo acupuntura de Yamamoto teve origem no Japão, de forma acidental durante uma tentativa de bloqueio neural feito pelo médico Toshikatsu Yamamoto. Com base nos seus conhecimentos sobre a cranioacupuntura, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O ideal é que se escolha uma técnica para utilizar na prática clínica, já que existem duas formas diferentes de realizar esta técnica. b) ( ) É realizada nas mãos, utilizando dos meridianos presentes no microssistema para aplicação dos estímulos. c) ( ) Foi criada para tratar dores articulares e, após anos de pesquisas, descobriu-se seus benefícios em outras patologias. d) ( ) A cranioacupuntura não faz parte das técnicas utilizadas pela medicina tradicional chinesa. 2 A cranioacpuntura japonesa é bastante utilizada pelos acupunturistas atualmente e apresenta inúmeros benefícios. Sobre essa técnica, analise as sentenças a seguir: I- Yamamoto foi um chinês que inventou a técnica de cranioacupuntura baseando-se nos conceitos de meridianos de energia. II- Conforme essa técnica, é necessário realizar previamente um diagnóstico para determinar os pontos para o tratamento. III- As zonas de tratamento estão localizados na cabeça e divididas apenas em pontos básicos e sensoriais. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A quiroacupuntura é a acupuntura coreana, com aplicação somente nas mãos. Sobre a técnica de quiroacupuntura utilizada pela medicina tradicional chinesa, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As mãos possuem canais de energia que passam por elas e podemos realizar o estímulo de acupontos desses canais através das mãos. ( ) Nessa técnica, o uso de agulhas é imprescindível, sendo que agulhas maiores produzem efeitos melhores na dor. ( ) A quiroacupuntura é de difícil realização e de alto custo, por isso é pouco utilizada na prática. AUTOATIVIDADE 75 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – V. b) ( ) V – F – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A craniopuntura tem efeitos benéficos nas mais diversas patologias, é de fácil acesso e produz efeitos imediatos sobre o paciente. Disserte sobre como é realizada a aplicação das agulhas e os cuidados que são utilizados para evitar danos ao paciente. 5 Há pouco estudo sobre a quiroacpuntura, mas acredita-se que pelas mãos terem conexão direta com o cérebro, os estímulos realizados nesse microssitema tem resposta rápida e efeitos no organismo. Cite alguns benefícios da quiroacupuntura. 76 77 REFERÊNCIAS ACUPONTO. In: Meu dicionário.org, [s. l.], c2021. Disponível em: https://www. meudicionario.org/acuponto. Acesso em: 5 de out. 2021. ARTIOLI, D. P; AZEVEDO, M. V. G. T; BERTOLINI, G. R. F. Nova crâniopuntura de Yamamoto, suas aplicações e resultados em condições dolorosas. 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Análise do uso medicinal do gênero artemisia no Brasil com base em fatores tradicionais, científicos, políticos e patentários para subsidiar o programa nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. 2014. 45 F. Monografia (Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos ) –Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3GlRFyX. Acesso em: 11 jan. 2022. HOMEOSTASE. In: Dicio: Dicionário on-line de Português, Porto: 7 Graus, c2021. Disponível em: https://www.dicio.com.br/homeostase/. Acesso em: 11 jan. 2022. MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Reimpr., 2021. O RELÓGIO BIOLÓGICO na medicina tradicional chinesa. CETN – Centro de estudos de terapias naturais, São Paulo, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3AOrQX8. Acesso em: 20 out. 2021. REVILLA, J. Plantas úteis da bacia amazônica. Manaus: SEBRAE, 2002. SCOGNAMILLO-SZABÓ, M. V. R.; BECHARA, G. H. Acupuntura: bases científicas e aplicações. Cienc. 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Acupuntura tradicional: arte de inserir. 2. ed. São Paulo: Editora Roca, 2001. 79 AURICULOTERAPIA UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar as estruturas da orelha; • conhecer os diferentes embasamentos teóricos da auriculoterapia; • diferenciar a auriculoterapia pela biomedicina, pela MTC e pela reflexologia; • avaliar a orelha; • saber de forma básica como aplicar a auriculoterapia. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – AURICULOTERAPIA SEGUNDO A BIOMEDICINA TÓPICO 2 – AURICULOTERAPIA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA TÓPICO 3 – AURICULOTERAPIA SEGUNDO A REFLEXOLOGIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 80 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 81 TÓPICO 1 — AURICULOTERAPIA SEGUNDO A BIOMEDICINA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o assunto da auriculoterapia, prática bastante utilizada dentro das terapias complementares. Essa prática utiliza meios físicos como sementes, cristais, agulhas para estimulação do pavilhão auricular (a orelha), com o objetivo de produzir respostas em todo o organismo. A auriculoterapia utiliza o pavilhão auricular como um microssistema para o tratamento dos mais diversos problemas e é conhecida pela sua fácil aplicação, baixo custo e segurança (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). Trata-se de uma técnica terapêutica que por meio de estímulos nos pontos localizados na orelha (microssistema que tem todo organismo representado), promove a regulação psíquico-orgânica do indivíduo (SANTA CATARINA, 2021). É indicada principalmente para pessoas com ansiedade, insônia, dores crônicas, fibromialgia, obesidade, tabagistas, indicada nos mesmos casos das indicações de acupuntura, utilizada como terapia complementar a outras técnicas, podendo ser utilizada como adjuvante nas sessões terapêuticas. Não tem contraindicações absolutas, mas questões que merecem maiores cuidados, como em grávidas em que se deve evitar estimular pontos da região abdominal e ginecológica; em bebês ou crianças o cuidado é em relação ao local de aplicação na orelha, para que o meio físico escolhido não caia dentro do pavilhão auditivo; e, por último, não colocar pontos em cima de feridas que possam existir na orelha do indivíduo. Diferentes visões e mapas auriculares foram elaborados na abordagem da auriculoterapia devido a experiências práticas e teóricas terem sido realizadas em diferentes países, como França, China e Alemanha (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). Seguindo a partir disso, no Tópico 1, aprenderemos a auriculoterapia na visão da biomedicina. A biomedicina significa “medicina ocidental contemporânea”, “medicina científica” ou “medicina alopática”, esta tem posição dominante e estabelecida no mundo atual, tendo princípios baseados nos fundamentos biológicos das doenças (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). A partir de 1980, os estudos científicos da área se intensificaram na busca por correlacionar os estímulos no pavilhão auricular com possíveis mecanismos neurofisiológicos na dor e inflamação (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018), trazendo algumas conclusões que abordaremos no decorrer deste tópico. 82 2 ANATOMIA DA ORELHA A orelha é dividida em três partes: externa, média e interna. A auriculoterapia é aplicada na parte externa da orelha, também chamada de pavilhão auricular. Na Figura 1, podemos ver as localizações das partes da orelha externa, sendo as principais a hélice, antélice, fossa triangular, trago, lóbulo, antitrago, concha e escafa. A hélice começa na cavidade da concha da orelha, na raiz da hélice, margeia a circunferência do pavilhão e termina na parte superior do lóbulo da orelha. A raiz da hélice constitui o extremo ínfero anterior da hélice e divide a concha da orelha em concha cimba (parte superior) e concha cava (parte inferior). A antélice ascende paralelo ao segmento posterior e se divide na parte superior em dois ramos (ramos da antélice: o superior e o inferior), sendo que a fossa triangular é a depressão formada entre esses ramos. Já a fossa escafoide ou escafa está localizada entre a hélice e a antélice. O trago é a proeminência triangular que fica anterior à concha e inferior à hélice. A incisura superior do trago é a depressão entre a hélice e o bordo superior do trago. Já a incisura intertrágica é a depressão inferior formada entre o trago e o antítrago. O antítrago é a proeminência triangular situada abaixo da antélice e oposto ao trago. O lóbulo da orelha é a porção carnosa inferior, onde geralmente temos o furo para colocar brincos; a concha é mais profunda, sendo dividida em duas partes pela raiz da antélice, a superior que é estreita e chamada de concha cimba e outra inferior e mais larga chamada de concha cava. FIGURA 1 – ANATOMIA DO PAVILHÃO AURICULAR FONTE: Netter (2008, p. 93) 83 FIGURA 2 – VASCULARIZAÇÃO DA ORELHA FONTE: <https://bit.ly/3s85An8>. Acesso em: 27 nov. 2021. A orelha é constituída de cartilagem elástica, inervada e vascularizada, sendo que o lóbulo não apresenta cartilagem, apenas de tecido adiposo. A forma e aparência da orelha é diferenteem cada indivíduo, no adulto geralmente apresenta cerca de seis centímetros (FARIAS; SILVA, 2018). Acadêmico, é importante saber a localização das partes da orelha, pois os pontos de auriculoterapia estarão localizados nessas partes e serão referenciados adiante conforme a anatomia da orelha. A vascularização da orelha se dá pela artéria temporal superficial e pela artéria auricular posterior, ambas são ramos da artéria carótida externa (artéria importante localizada no pescoço), como representado na Figura 2. Além disso, a orelha é inervada por três nervos principais e por outros em menor escala, os principais são: o nervo auricular maior, o nervo vago (ramo auricular, 10º par craniano) e o ramo auriculotemporal do nervo trigêmeo (5º par craniano) (FARIAS; SILVA, 2018). Essa inervação é demonstrada na Figura 3. Acadêmico, saiba mais sobre a anatomia da orelha externa assistindo ao vídeo: “Anatomia da orelha externa 3D”: https://bit.ly/3ur0DZ8. DICA 84 FIGURA 3 – ÁREAS DE INERVAÇÃO DA ORELHA FIGURA 4 – MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DA ORELHA FONTE: Farias e Silva (2018, p. 14) FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3HlDsTX>. Acesso em: 27 nov. 2021. O nervo auriculotemporal e o nervo auricular maior têm maior ação no controle da dor, já o nervo vago tem maior ação no controle da inflamação e processamento das emoções (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). O tratamento com auriculoterapia promove o estímulo dessas regiões de terminações nervosas e esses estímulos são transmitidos ao sistema nervoso central. Além de vascularização e inervação, a orelha também é formada por músculos intrínsecos, que conectam as diferentes partes da orelha, e extrínsecos (Figura 4), que conectam a orelha ao crânio e couro cabeludo. Os músculos extrínsecos são o auricular anterior, auricular superior e o auricular posterior e podem ser observados na Figura 4; os músculos intrínsecos são o músculo maior da hélice, músculo menor da hélice, músculo do trago, músculo do antítrago, e músculo transverso e oblíquo da orelha. 85 3 NEUROFISIOLOGIA Diversos estudos experimentais evidenciaram os efeitos neurobiológicos de estímulos no pavilhão auricular para o controle das disfunções fisiológicas (OLESON, 2005), a essa visão que a biomedicina tenta explicar os efeitos da auriculoterapia, pois embora não se tenha total esclarecimento sobre todos os mecanismos envolvidos, pesquisas demonstram que estes têm atuação no controle da dor e no controle da inflamação (OLESON, 2005). 3.1 CONTROLE DA DOR Uma das principais explicações para o controle da dor é que assim como na acupuntura, o estímulo com auriculoterapia pode aumentar a atividade dos neurônios de áreas relacionadas às vias inibitórias descendentes da dor (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). Juntamente com o mecanismo da teoria da comporta da dor (que explica como ocorre a modulação da dor no nosso organismo), existe uma complexa via neural descendente que se origina no sistema nervoso central e que quando ativada, leva à liberação de neurotransmissores opioides endógenos (neurotransmissores produzidos pelo nosso próprio organismo) na medula espinhal. Essa liberação de opioides acaba gerando a inibição da transmissão do impulso doloroso às regiões superiores do sistema nervoso central; esta é chamada de via inibitória descendente da dor (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). Esses opioides endógenos, como endorfinas, encefalinas e dinorfinas, quando liberados se ligam aos mesmos receptores que a morfina (medicamento que tem uma potente ação analgésica), e conseguem realizar efeito analgésico semelhante ao da morfina. A partir dessa descoberta, vários estudos demostraram que o efeito analgésico da acupuntura era causado pela liberação dessas substâncias opioides no organismo após o estímulo com as agulhas, e, posteriormente, cientistas verificaram que a auriculoterapia também libera os mesmos opioides endógenos (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). As endorfinas são a classe de opioides mais conhecida; além de terem o efeito analgésico, estão associadas a uma sensação de relaxamento, bem-estar e podem ser liberadas de diversas formas, entre elas, através da auriculoterapia, acupuntura e exercício físico (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). As encefalinas atuam como neuromoduladores dos sinais de dor e as dinorfinas modulam a resposta neural à dor, às emoções, entre outras. Atualmente, são neurotransmissores bastante estudados pelos cientistas. 86 Para que você, acadêmico, saiba e entenda mais sobre o assunto da modulação da dor no organismo, assista ao vídeo que explica a teoria das comportas e outras teorias atuais, pelo professor Rafael Alaiti: https://bit.ly/3GgVB3P. DICA 3.2 CONTROLE DA INFLAMAÇÃO Os estímulos realizados no pavilhão auricular podem aumentar a atividade do reflexo colinérgico, um potente mecanismo endógeno de controle da inflamação (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). O nervo vago, como vimos anteriormente, inerva uma boa parte da orelha, sendo o principal nervo da parte parassimpática do sistema nervoso autônomo do nosso organismo. O sistema parassimpático é responsável por estimular ações que permitem ao nosso organismo responder a situações de calma, como se acalmar após situações de estresse, a saciedade, o repouso, entre outros. O nervo vago é importante no controle da função das vísceras e dos processos inflamatórios (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018) O sistema nervoso central recebe pelas terminações nervosas do nervo vago as informações de inflamação no organismo, pela liberação de substâncias que sinalizam essa inflamação. Então, através de fibras do nervo vago, que levam a informação do centro para a periferia, são enviados sinais para liberação do neurotransmissor acetilcolina (reflexo colinérgico). A acetilcolina inibe a liberação de substâncias inflamatórias produzidas por células do sistema imune, ajudando a controlar a inflamação (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018), ou seja, é um importante anti-inflamatório endógeno. A orelha é uma das poucas áreas do corpo onde o nervo vago pode ser diretamente estimulado de forma não invasiva. Estudos recentes demonstram que os estímulos de regiões do pavilhão auricular inervadas pelo nervo vago potencializam o reflexo colinérgico. Assim, podemos notar que a auriculoterapia pode ser utilizada como um ativador da resposta anti-inflamatória natural, ou seja, uma forma de ativação fisiológica endógena (não farmacológica) de controle de processos inflamatórios (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018, p. 15). Além desses efeitos, a acupuntura e a auriculoterapia atuam sobre a modulação do sistema límbico (sistema que regula nossas emoções e reações comportamentais ligadas à memória de informações). Pesquisas ainda estão sendo realizas com intuito de comprovar através de quais mecanismos essas terapias atuam. 87 Então, acadêmico, vimos de maneira breve e resumida alguns dos efeitos neurobiológicos que a auriculoterapia produz. A seguir, veremos como se dá a atuação da auriculoterapia pela visão biomédica e algumas evidências científicas que embasam o seu uso. 3.3 OS PONTOS AURICULARES PELA VISÃO DA BIOMEDICINA Acadêmico, estudaremos os pontos auriculares mais profundamente no Tópico 2 e 3 desta unidade. Dessa forma, o que você precisa entender agora é que, pela visão da biomedicina, todos os pontos localizados nas áreas inervadas da orelha pelos nervos auriculotermporal e auricular maior (relembre da Figura 3), agirão predominantemente no controle da dor (pela via neural descendente da dor). Já os pontos que estiverem localizados na área de atuação do nervo vago, terão ações mais voltadas para o controle da inflamação e o processamento das emoções. A seguir, na Figura 5, você verá a imagem dos pontos auriculares de uma forma geral. O nervo vago tem atuação predominante na região da concha cimba e concha cava, o nervo auriculotemporal tem atuação maior na região superior da orelha, fossa triangular, região superior da hélice, antélicee escafa, e o nervo auricular maior tem atuação predominante na região do lóbulo, metade inferior da hélice e antítrago. FIGURA 5 – PONTOS AURICULARES FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3GlWHLR>. Acesso em: 15 nov. 2021. 88 3.4 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS Em 1980, Oleson, Kroening, e Bresler realizaram um estudo em que se examinou alguns pacientes para determinar quais áreas do corpo havia dor musculoesquelética e, após esse exame, outro avaliador examinava a orelha dos pacientes e identificava quais pontos estavam doloridos ou com aumento da condutividade elétrica da pele. Eles descobriram que a concordância entre as áreas de dor do corpo e orelha foi de 75%. Esse estudo, juntamente com os estudos sobre o controle da dor e inflamação, despertou o interesse de vários pesquisadores. Porém, ainda hoje, os estudos apresentam muita heterogeneidade entre si (estudos com características muito diferentes), dificultando a mensuração da efetividade da auriculoterapia e das terapias integrativas e complementares em saúde no geral. A OMS (Organização Mundial de Saúde) reconhece a auriculoterapia por produzir um impacto positivo na regulação das funções corporais e reconhece que há áreas mais pesquisadas, como na cessação do tabagismo, na lombalgia, na cervicalgia, na constipação, na dor pós-operatória, na cefaleia, na dismenorreia, na insônia, nos sintomas de estresse, entre outras (WHO,1990). O tratamento da dor exige uma abordagem multidisciplinar, com recursos farmacológicos, terapias físicas, abordagens psicológicas e terapias complementares. Alguns estudos demonstraram efeitos promissores da auriculoterapia para lombalgia (VAS et al. 2014), para dor após fratura de quadril (BARKER; KOBER; HOERAUF, 2006), para dor relacionada ao câncer (YEH et al. 2015), para dismenorreia (WANG et al. 2009; YEH et al. 2013) e para dor pós-operatória (HE et al. 2015). Sendo que os pontos mais utilizados para dor foram o shen men, subcórtex e pontos sensíveis de acordo com a sintomatologia. Já para dismenorreia, os pontos mais utilizados foram shen men, fígado, rim, genitais e endócrino (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). Para cessação do tabagismo, os mais escolhidos foram shen men e pulmão, presente em todas as pesquisas (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). É importante ressaltar que por mais segura que a terapêutica seja, existem riscos de efeitos adversos, os mais comentados pelas pesquisas são: tontura logo após a aplicação, irritação no local da pele, desconforto e dor local e maior sensibilidade no local da estimulação (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). Na pesquisa realizada por Tan e colaboradores (2014), observou-se que os estudos que realizaram a estimulação dos pontos auriculares por agulhamento obtiveram resultados positivos em favor do tratamento. Da mesma forma, os estudos que realizaram o estímulo por acupressão (com sementes, por exemplo) obtiveram os mesmos resultados favoráveis à prática. Logo, pelo menor risco potencial de efeitos adversos com a acupressão e sua efetividade ser igual a de utilização das agulhas, indica-se utilizar a acupressão por não ser invasiva e pelo risco-benefício ser melhor. Deve-se permanecer atento e atualizado às evidências científicas da área, pois estão em constante atualização e, se possível, auxiliar no futuro em pesquisas de qualidade na área da auriculoterapia. 89 FIGURA 7 – AGULHAS UTILIZADAS EM AURICULOTERAPIA FONTE: <https://bit.ly/34ZDJh5>; <https://bit.ly/3258qAc>; <https://bit.ly/33H482D> Acesso em: 16 nov. 2021. 4 MATERIAIS Há vários materiais que podem ser utilizados na estimulação por auriculoterapia, o primeiro que iremos ver é por agulhamento, podendo ser utilizadas agulhas filiformes ou intradérmicas (Figura 7), bastante utilizado na prática de acupunturistas. No estímulo por acupressão, o mais difundido e simples é o uso de sementes (a mais utilizada é a semente de mostarda), esferas de cristais e esferas de metais, sempre observando se o paciente tem ou já teve alguma alergia aos metais (ouro, prata), nesse caso, dar preferência pelas sementes (Figura 8). Deve-se ter cuidado com a intensidade da acupressão, para não irritar ou machucar a pele, principalmente em idosos (MORÉ; TEIXEIRA; MARTINS, 2018). As vantagens da utilização das sementes são a manipulação simples, método não invasivo, baixo risco de infecção, melhor aceitação dos pacientes, o paciente pode retirar em casa e os efeitos podem durar até sete dias (FARIAS; SILVA, 2018). Para a aplicação da auriculoterapia, você precisará de: agulhas/sementes/ esferas, esparadrapo de boa qualidade para melhor fixação no paciente, placa ponto para auriculoterapia, algodão, álcool 70%, pinça anatômica e apalpador, para verificar os pontos mais sensíveis (veja nas imagens da Figura 9). Muitos materiais já são vendidos em kits, para facilitar o início da prática pelo terapeuta. FIGURA 8 – OUTROS MATERIAIS UTILIZADOS EM AURICULOTERAPIA FONTE: <https://bit.ly/3qvLJyx>, <https://bit.ly/324nSwq>. Acesso em: 16 nov. 2021. 90 5 AVALIAÇÃO DA ORELHA Após realizar a anamnese e diagnóstico do paciente, passamos para a avaliação da orelha através da inspeção e palpação, exatamente nessa ordem para que o toque não altere as condições da orelha. Observamos o formato da orelha (regular, irregular, pequena ou grande), a cor (coloração normal, avermelhada, amarelada), presença de oleosidade em excesso (indicando umidade nos órgãos), inspecionamos pontos sensíveis (pontos que pela palpação estão doloridos) e sempre devemos avaliar as duas orelhas (direita e esquerda), a fim de realizarmos comparações. FIGURA 9 – EXEMPLO DE MATERIAIS PARA AURICULOTERAPIA FONTE: <https://bit.ly/3HmB5Ag>; <https://bit.ly/3gemk6H>. Acesso em: 16 nov. 2021. Neste vídeo, o professor Thiago Nishida mostra os materiais essenciais para iniciar a prática de auriculoterapia e os mais avançados que você pode adquirir depois que já estiver trabalhando com essa terapia: https://bit.ly/3s2p1xC. DICA 91 FIGURA 10 – ALTERAÇÃO DE ARANHAS VASCULARES NA PARTE SUPERIOR DA ORELHA FONTE: <https://bit.ly/3GIHK7G>. Acesso em: 19 nov. 2021. Acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, iremos aprofundar a avaliação da orelha pela visão da medicina tradicional chinesa, entendendo o que as alterações presentes na orelha podem nos indicar. ESTUDOS FUTUROS Uma pessoa saudável tem a orelha de tamanho proporcional ao tamanho da sua cabeça. Apresenta um volume cheio, relativa umidade e flexibilidade; além disso, sua cor é harmoniosa e a produção de cera é normal. Não mostra vasos sanguíneos ou alteração de cor e sensibilidade (SENNA; SILVA; BERTAN, 2012). Se há alterações como descamações, pápulas (caroço pequeno elevado na pele), aranhas vasculares (pequenos vasos sanguíneos dilatados), alterações de cor, excesso de oleosidade, crescimento anormal de pelos, marcas de nascença, espinha, cravos, assimetrias, estas podem indicar que há alteração na região correspondente no corpo. A avaliação pode ser realizada com o paciente deitado, para um relaxamento máximo; na posição sentada ou em pé. Pessoas podem apresentar alterações na orelha e não apresentar sintomas ou queixas dessa área do corpo, neste caso associe a palpação com o instrumento para investigar melhor. A intensidade da pressão para a palpação vai ser de acordo com a sensibilidade do paciente. 92 Neste vídeo, o professor fisioterapeuta Marcos Minello explica a importância da avaliação da orelha como diagnóstico de pacientes: https://bit.ly/344AiFR. DICA Após a anamnese, realiza-se o diagnóstico terapêutico, a avaliação da orelha e, caso necessário, a palpação. Você pode iniciar a aplicação da auriculoterapia nos pontos que achar mais indicado. Lembre-se de fazer uma breve explicação ao paciente sobre essa terapia complementar, como funciona, seus benefícios e porque a recomenda. Ao iniciar, retire a oleosidade da pele com algodão embebido em álcool 70%, para a limpeza da região e aumento da absorção do produto com a pele;espere secar e então inicie a aplicação. 93 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A auriculoterapia é uma técnica de estímulos realizados no microssistema da orelha para realizar algum efeito desejado de melhora no organismo do indivíduo. • A orelha é formada por: hélice, antélice, escafa, trago, antítrago, lóbulo, fossa triangular, possui vascularização e é inervada principalmente por três nervos principais: o nervo auriculotemporal, o nervo vago e o nervo auricular maior. • Na visão da biomedicina, já existem pesquisas que comprovam os efeitos da auriculoterapia, e que ela age através de dois mecanismos principais: o mecanismo do controle da dor e do controle da inflamação, pela ativação nervosa e pela ativação de neurotransmissores opioides no organismo. • É importante avaliar a orelha observando suas características, alterações e inspecionar os pontos sensíveis. Isso pode, inclusive, ajudar no seu diagnóstico terapêutico ou complementá-lo. 94 1 A orelha é formada por três partes: orelha interna, orelha média e orelha externa, possui partes definidas, é formada por tecido cartilaginoso, possui vascularização e inervação. Quanto à constituição anatômica da orelha, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A orelha externa é chamada de pavilhão auricular, dividida em escafa, lóbulo, hélice, antélice, trago, antítrago e fossa triangular. É inervada pelo nervo vago, auriculotemporal e auricular maior. b) ( ) A orelha externa é formada por tecido cartilaginoso e adiposo. Dividida apenas em três partes: escafa, hélice e trago. Possui rica vascularização e inervação, várias são as origens das terminações nervosas que chegam até a orelha, sendo que as principais são nervo auriculotemporal, nervo vago e auricular maior. c) ( ) A orelha é formada principalmente de tecido cartilaginoso, dividida em escafa, lóbulo, hélice, antélice, trago, antítrago e fossa triangular. Não possui vascularização e nem inervação, pois o tecido cartilaginoso é o único presente. d) ( ) A orelha externa é chamada de pavilhão auricular, dividida em escafa, lóbulo, hélice, antélice, trago e antítrago. O nervo vago é que realiza a inervação da orelha externa, atuando, principalmente, na região do lóbulo e escafa. 2 Pesquisas científicas vêm cada vez mais explicando os mecanismos de ação e efetividade da auriculoterapia. Algumas das explicações estão embasadas na teoria de controle da dor e da inflamação no organismo. Sobre essas explicações, analise as sentenças a seguir: I- O mecanismo de controle da dor revela que, ao realizar um estímulo na orelha, acontece a ativação da via inibitória descendente da dor. Ao ser ativada, essa via leva estímulos até o sistema nervoso central, que automaticamente realiza a liberação de opioides endógenos na medula, bloqueando o estímulo doloroso e diminuindo a dor. II- Os opioides endógenos são neurotransmissores que têm ação anti-inflamatória; os principais são a morfina, endorfina e dinorfina. III- O mecanismo de controle da inflamação revela que, ao realizar um estímulo na orelha, acontece a ativação do sistema colinérgico. Esse sistema libera acetilcolina no organismo, que diminui a liberação dos neurotransmissores inflamatórios, ou seja, controla a inflamação. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 95 3 Alguns materiais são necessários para a aplicação da auriculoterapia pelo terapeuta. Eles podem variar conforme a afinidade e conhecimento do terapeuta com os materiais. De acordo com os estudos deste tópico, sobre os materiais que podem e devem ser utilizados e os cuidados necessários ao aplicar a auriculoterapia, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As agulhas filiformes e intradérmicas podem ser utilizadas na auriculoterapia e têm efeito superior quando comparada a aplicação com sementes. ( ) Os estímulos auriculares podem ocorrer através de agulhas, sementes de mostarda, cristais e esferas de metais, sendo sempre necessário questionar o paciente sobre alergias prévias a algum desses materiais. ( ) É preferível utilizar as sementes do que a aplicação das agulhas, devido à aplicação com sementes ser não-invasiva, dispor de riscos menores de gerar feridas e dor na orelha. ( ) Para iniciar os atendimentos, são necessários os seguintes itens: a placa com sementes, um apalpador e uma pinça. Além disso, é importante realizar a observação e inspeção da orelha. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F –V. b) ( ) F – V – V – V. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – F – V – F. 4 A biomedicina, ou também chamada de medicina ocidental contemporânea, medicina científica ou medicina alopática, tem posição dominante e estabelecida no mundo atual e seus princípios são baseados nos fundamentos biológicos das doenças. Disserte sobre a importância dessa visão de medicina na auriculoterapia. 5 A avaliação da orelha serve como complemento da anamnese e pode auxiliar no diagnóstico do paciente, já que, ao perceber alterações e regiões sensíveis, podemos identificar que há alterações na área correspondente do corpo. Disserte sobre quais itens podem ser observados na avaliação da orelha e como se constitui uma orelha saudável. 96 97 AURICULOTERAPIA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a técnica da auriculoterapia pela visão da medicina tradicional chinesa. Para isso, vamos precisar recordar alguns conceitos estudados na Unidade 1 sobre a MTC, como as teorias dos zang fu e dos cinco elementos, e entender como essa ideia se aplicará na auriculoterapia. Neste tópico, aprofundaremos a avaliação da orelha, utilizando os conhecimentos milenares chineses, veremos o mapa auricular pela visão chinesa e exemplos práticos desde a avaliação ao tratamento de pacientes. Mas por que aprender a auriculoterapia segundo a MTC? É importante ressaltar que nas últimas décadas, no ocidente, expandiu-se uma revalorização das práticas integrativas complementares em saúde, com uma maior procura das populações por cuidados não biomédicos, em paralelo ao uso continuado da biomedicina. Isso se deve ao movimento ecológico e sua crítica à sociedade industrial e de consumo, que acredita que práticas tradicionais ou “mais naturais” devem ser resgatadas e incentivadas, ao invés da farmacoterapia utilizada em larga escala pela biomedicina (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). Há motivos interligados para o aumento dessa procura, o primeiro está associado a insatisfações com a biomedicina atual e o outro aos méritos próprios das práticas integrativas complementares, pois nestas há uma maior proximidade e solidariedade entre curador e doente. As formas de cuidados costumam ser mais brandas e sem efeitos colaterais, possuem um efeito de estimular a autocura de dentro para fora, em abordagem holística, entre outras características (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018, p. 11). Outra contribuição dessas práticas e saberes é o enriquecimento interpretativo e terapêutico dos profissionais de saúde: muitos adoecimentos “não enquadráveis”, que recebem fármacos sintomáticos após consultas especializadas e exames complementares infrutíferos, tornam-se compreensíveis na leitura de uma medicina alternativa complementar ou prática integrativa complementar, admitindo tratamento possivelmente eficaz e acessível. Assim, elas podem contribuir para a ampliação da clínica e dos recursos de cuidado (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018, p. 12). UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 98 2 RELEMBRANDO A MTC Neste tópico, vamos recordar a medicina tradicional chinesa e suas teorias, que já estudamos na Unidade 1. Acadêmico, você lembra da teoria do Yin e Yang? Todas as coisas são formadas por duas energias opostas e complementares,que estão em constante movimento. Uma representa o claro, o movimento, o dia, o sol, o calor (yang); outra representa a escuridão, o repouso, a noite e o frio (yin). Quando há desarmonia entre essas energias, há o adoecimento. Essa teoria nos ajuda a pensar que temos algumas doenças em que predominam o Yin e outras o Yang é predominante, como, por exemplo: um quadro de crise hipertensiva tem predominância de Yang, demonstrado por uma face mais vermelha, cefaleia e agitação; já um quadro de edema nas pernas tem característica Yin, em que os sintomas estão presentes na parte inferior do corpo, podendo apresentar extremidades mais frias (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018, p. 23). Em auriculoterapia também podemos pensar que uma orelha mais pálida e/ou fria representa a predominância de Yin, já uma orelha com coloração avermelhada e/ou mais quente indica predominância da energia Yang. 2.1 ZANG FU Acadêmico, vamos relembrar: a teoria dos Zang Fu, que nos ensina que possuímos 6 Zang, os órgãos, e 6 Fu, as vísceras, como apresentado no Quadro 1. Diferente da medicina ocidental, a medicina chinesa enxerga que esses órgãos e vísceras têm papel funcional e emocional no nosso organismo, já que o corpo e mente são um só. Estes trabalham de forma “acoplada”, um órgão influenciando no funcionamento de uma víscera e vice-versa, além disso, estão relacionados também à teoria dos cinco elementos. QUADRO 1 – OS ZANG FU FONTE: A autora ZANG FU CORAÇÃO INTESTINO DELGADO PERICÁRDIO TRIPLO AQUECEDOR BAÇO-PÂNCREAS ESTÔMAGO PULMÃO INTESTINO GROSSO RINS BEXIGA FÍGADO VESÍCULA BILIAR 99 Os Zang têm a função de armazenar a energia Qi (energia universal que percorre nosso organismo e o mantém em pleno funcionamento) e o transformar em outras substâncias que são vitais ao nosso organismo, têm característica de predominância Yin; e os Fu têm a função de digerir e transportar os alimentos, além de eliminar seus resíduos, tendo característica de predominância Yang. Zang Fu liberam suas energias nos canais principais que possuem seu mesmo nome e percorrem todo o organismo do indivíduo. Por isso, pela MTC uma dor na parte anterior do ombro pode estar sendo gerada pelo zang-pulmão, já que seu canal principal passa nessa região. Na unidade anterior, no tópico de acupuntura, vimos os doze canais principais, ou também chamados de meridianos de acupuntura sistêmica; destes, seis têm relação direta com a orelha, sendo eles: triplo aquecedor, intestino delgado, estômago, vesícula biliar, bexiga e pericárdio. Os demais, intestino grosso, pulmão, coração, rim, fígado e baço-pâncreas, estão relacionados indiretamente com o pavilhão auricular através dos meridianos de ligação dos Vasos Maravilhosos (SOUZA, 2001). Além das funções fisiológicas, as emoções estão interligadas aos órgãos, lembrando que as emoções só afetam os órgãos quando estão em excesso; sendo que a euforia afeta o coração, a raiva afeta o fígado, a tristeza afeta os pulmões, o medo afeta os rins e a preocupação afeta o baço-pâncreas; afetando também seus respectivos Fu acoplados. Os órgãos estão ligados também aos sentidos, o coração está ligado ao paladar, o fígado à visão, o pulmão ao olfato, o baço também ao paladar e os rins à audição. Lembre-se que eles se manifestam (abrem-se) em regiões do corpo. Coração manifesta- se na língua, fígado nos olhos, pulmão no nariz, baço-pâncreas na boca e os rins nos ouvidos. Isso quer dizer que, em auriculoterapia, ao identificarmos que o indivíduo apresenta uma tristeza reprimida em relação a um fato familiar, uma dor na região anterior do ombro que passa pelo meridiano do pulmão (anosmia), um dos pontos O termo “Vasos Maravilhosos” refere-se na MTC a vasos extraordinários, extras, que funcionam como fonte de energia para os canais principais, tendo trajetos diferenciados, mas possuem pontos dos próprios canais principais. São em número de 8, e os mais conhecidos são chamados de Vaso Concepção e Vaso Governador. NOTA 100 que poderemos utilizar por essa visão em MTC será o pulmão e seu acoplado intestino grosso. São diferentes situações, que podem estar associadas ou não no indivíduo, mas que poderão ser tratadas com os mesmos pontos. 2.2 CINCO ELEMENTOS Vamos relembrar agora a teoria dos cinco elementos ou cinco movimentos, ou, em chinês Wu Xing, pela MTC, todas as coisas do universo consistem em cinco elementos básicos presentes na natureza: fogo, terra, metal, água e madeira, de seus movimentos e de suas transformações. Através de suas observações, os chineses associaram a natureza à vida humana e suas relações. Em escritos do Imperador Amarelo, encontra-se o exemplo de que a terra é onde nascem os dez mil seres, a água e o fogo são as coisas que as pessoas comem e bebem, o metal e a madeira são as coisas com que as pessoas trabalham. Pela MTC, todos os elementos estão em uma relação de interdependência. Cada elemento tem suas características e funções, como exemplo, segundo Maciocia (1996), a terra representa a estabilidade, a neutralidade, permite a disseminação, o crescimento, a nutrição e a colheita; o fogo tem chama em ascendência, queima, aquece, movimenta; a madeira representa o movimento expansível e exterior em todos as direções, pode ser dobrada e esticada, representa, também, a harmonização, a geração; o metal representa a purificação, solidez, vibração, a contração, pode ser moldado e endurecido; a água umedece em descendência, limpa, refresca, penetra. Além disso, os elementos possuem associação com as emoções, com os zang fu, com os sentidos, estações do ano, entre outros. A seguir, podemos relembrar essas associações: • O fogo está ligado ao coração e intestino delgado, mais ainda ao pericárdio e triplo aquecedor; a cor que o representa é vermelha, sabor amargo, manifesta-se na língua; no corpo, rege os vasos sanguíneos, sua emoção é a euforia, estado de calor, controla a mente consciente e o sono. º O coração é considerado o Imperador de todos os órgãos e vísceras, abriga a consciência (shen) e governa o xue, está relacionado com a fala e o sono. º O intestino delgado recebe o alimento, extrai, absorve e transporta a parte sólida para o intestino grosso e a parte líquida para a bexiga. º O pericárdio é o “escudo” do coração, recebe as informações dos órgãos e as metaboliza para enviar ao coração. º O triplo aquecedor é como se fosse nosso metabolismo, local onde os três Jiao se comunicam: o aquecedor superior com a função cardiopulmonar, o aquecedor médio com a função digestiva e o aquecedor inferior com a função geniturinária. 101 • A terra está ligada ao baço-pâncreas e ao estômago, à umidade, à cor amarela, ao sabor doce; rege a “carne”/músculos, sua emoção é a preocupação, pensamentos obsessivos; manifesta-se na boca. º O estômago é considerado o Fu mais importante, já que dá passagem aos nutrientes transformados pelo baço, ajudando a produzir Qi. º O baço-pâncreas tem funções essenciais pela visão da MTC, entre elas: a digestão e assimilação dos nutrientes vindos dos alimentos, mantém o sangue dentro dos vasos, mantém os órgãos em seus lugares, governa os quatro membros, rege o tecido conjuntivo dando sustentação e forma à carne, além de manter a concentração e a memorização. • A madeira está ligada ao fígado e vesícula biliar, à cor verde, ao vento, ao sabor azedo; rege os tendões/tecido conjuntivo, manifesta-se nos olhos e unhas, sua emoção é a raiva. º O fígado conduz harmonicamente o Qi pelo organismo, armazena o xue, rege tendões, músculos e unhas, leva o xue para que os músculos possam se mover, abriga a alma etérea, o planejamento e sentido da vida. º A vesícula biliar tem função digestiva, armazena a bile, é considerada a única víscera que armazena uma substância pura, atua em nível emocional com função de decisão e coragem. • O metal está ligado aos pulmões e intestino grosso, sua emoção é a tristeza, está ligado à secura; rege a pele e pelos, manifesta-se no nariz, na cor brancae no sabor picante. º Os pulmões governam o Qi e a respiração, impulsionam o Qi nos vasos sanguíneos, controlam toda a superfície da pele, a saída do suor e a abertura dos poros, realizam a proteção contra agentes patógenos externos, como o frio e calor; abrigam a alma corpórea instintiva. º O intestino grosso tem a função de excretar o que recebe do intestino delgado pelas fezes e trabalhar na imunidade corporal. • A água está relacionada à cor preta ou à azul escuro; ligada aos rins e bexiga, ao sabor salgado, ao frio; sua emoção é o medo, rege os ossos e abre-se nos ouvidos. º Os rins armazenam a nossa essência herdada (Jing), governam o nascimento, crescimento e reprodução, nutrem os ossos, a coluna, os dentes e o cabelo, controlam os orifícios inferiores e abrigam a nossa força de vontade. º A bexiga possui a função de reservatório da urina. Ao integrar a teoria dos Zang Fu com a teoria dos cinco elementos, conseguimos observar manifestações destes nos nossos pacientes e podemos realizar o estímulo de pontos ligados a essas teorias. Exemplo: um paciente com hipertensão arterial pode ter fogo em excesso e, com isso, podemos utilizar os pontos de água para controlar esse fogo, ou pode ter elemento madeira em excesso, gerando fogo em excesso e, nesse caso, quem controla madeira é o metal, podemos, então, utilizar pontos ligados ao metal para esse controle. Por isso, a anamnese e diagnóstico do seu paciente é fundamental e a teoria dos cinco elementos pode ser útil tanto no diagnóstico como no tratamento. 102 FIGURA 11 – RESUMO CINCO ELEMENTOS CICLO DE GERAÇÃO E CONTROLE FONTE: <https://bit.ly/3ghYWW0>. Acesso em: 22 nov. 2021. Na Figura 11, as setas externas indicam o ciclo de geração, em que cada elemento dá origem ao seu seguinte, chamados de mãe-filho; as setas internas da figura indicam o ciclo de controle, em que cada elemento controla e é controlado por outro elemento, chamado avó-neto. Lembre-se! Esses ciclos são naturais e fisiológicos, viram patologia quando há desequilíbrio nessas transformações e movimentos. O símbolo do Tai está representado no meio da Figura 11, por indicar o equilíbrio entre as energias. Quando há fluidez entre os elementos, há equilíbrio entre Yin e Yang. Se fizermos uma analogia com a biomedicina, estes dois ciclos (geração e dominância) podem ser considerados como o sistema simpático e o parassimpático, em que os sistemas controlam um ao outro e, juntos, estão em equilíbrio (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). Assista ao vídeo do professor fisioterapeuta Marcos Minello, em “Como criar um protocolo em Auriculoterapia usando os cinco elementos”, de forma resumida: https://bit.ly/3ofERDN. DICA 103 FIGURA 12 – MERIDIANOS EM LIGAÇÃO COM A ORELHA FONTE: <https://bit.ly/3ATINPG>. Acesso em: 24 nov. 2021. 3 MAPA AURICULAR CHINÊS E UTILIZAÇÃO DOS PONTOS A seguir, veremos o mapa auricular chinês por partes, baseado nos estudos de Huang Li Chun. Lembre-se que há muitos mapas disponíveis nos sites e livrarias e, dependendo da teoria que seguem, os pontos podem estar levemente deslocados ou até localizados em região diferente da orelha, conforme cada teoria e mapa. Além dessas teorias contemplarem a auriculoterapia, ainda temos a relação dos próprios canais regulares/meridianos com a orelha, como representado na Figura 12, os canais do intestino delgado (vermelho escuro), triplo aquecedor (laranja), intestino grosso (preto), bexiga (azul claro), vesícula biliar (verde) e estômago (amarelo) chegam diretamente na orelha, os demais canais têm relação indireta com a orelha através de outros colaterais, os Vasos Maravilhosos. Para iniciar sua prática, é interessante ter por perto um modelo de mapa auricular resumido e em tamanho ampliado, para auxiliar na localização dos pontos, como no exemplo da Figura 13. INTERESSANTE 104 FIGURA 13 – MAPA AURICULAR CHINÊS FONTE: <https://bit.ly/3gjXaU0>. Acesso em: 24 nov. 2021. • Lóbulo: os principais pontos desta região são dente (usado para o tratamento de odontalgias e periodontites), língua (para tratamento de afecções da língua, glossite, fissuras linguais), maxilar (para tratamento das odontalgias, artrite e subluxação da articulação temporomandibular), neurastenia (tratamento dos estados de neurastenia e transtornos do sono, despertar fácil, pesadelos e sonhos excessivos), olho (para o tratamento de qualquer problema oftalmológico, como conjuntivite, glaucoma), ouvido interno (para tratamento de hipoacusia, tinidos, otite, vertigem), amígdala (no tratamento da amigdalite e faringite) e ansiedade (para tratamento de ansiedade, depressão, estresse e fadiga). 105 • Antítrago (parte externa): os principais pontos são a parótida (para tratamento de dermatites em geral), asma (tratamento da asma), temporal ou tai yang em algumas literaturas (em enxaquecas e cefaleias temporais), frontal (para enxaquecas e cefaleias frontais, fortalece a mente, perdas de memória), occipital (acalma a vertigem e tontura produzida por transtornos do ouvido interno, função hipotensora e para cefaleia occipital, acalma o pânico e a convulsão), hipófise (utilizada em transtornos ginecológicos devido ao sistema endócrino, amenorreia, menstruação irregular, diabetes, hemorragia uterina), área de neurastenia (área que pode ser estimulada para alívio da insônia como potencializador dos efeitos dos demais pontos). • Antítrago (parte interna): tálamo (atua no controle da temperatura corporal, problemas endócrinos-metabólicos, edemas, sonolência, letargia), testículo (trata impotência, esterilidade masculina, prostatite), ovário (trata desordens menstruais, esterilidade feminina), subcórtex (utilizado para doenças do sistema nervoso, digestivo e cardiovascular), tronco cerebral (tem ação sedativa, estimula a mente e acalma o espírito, síndrome do pânico, epilepsia, neurose). • Incisura intertrágica: ouvido externo (para problemas no ouvido, surdez, tinido, hipoacusia, lesões dermatológicas, neuralgias do pavilhão auricular, vertigem). • Trago: os principais pontos são ápice do trago (ação anti-inflamatória, antitérmico, sedante e analgésica, tratamento de febre), suprarrenal (ativa as glândulas suprarrenais, antitérmico, controla tônus vasomotor, contra indicado em pacientes com hipertensão e hemorragias), nariz externo (trata doenças da área do nariz, inflamações, acne), sede (regula o mecanismo da sede, diabetes, enurese), fome (regula o apetite, ajuda na obesidade e polifagia), órgão coração (tratamento da taquicardia e fibrilação) e nervo auriculotemporal (para neuralgias do trigêmeo, enxaquecas, vertigens). • Fossa escafoide ou escafa: falanges (para o tratamento de todos os problemas nos dedos das mãos, entorses, luxações, parestesia, dermatites), articulação do punho (tenossinovites de punho, síndrome do túnel do carpo), cotovelo (problemas na região como epicondilite, traumas, entorses), ombro (artrite de ombro, subluxações), alergia (asma, rinite, dermatite atópica), nervo auricular maior (trata dor cervical, tensão cervical, dores em geral). • Fossa triangular: hipotensor (para tratamento de hipertensão), pelve (inflamações pélvicas, dores no baixo ventre), shen men (ação analgésica e sedante, utilizado como potencializador de outros pontos, acalma o espírito), genitais internos ou útero (trata dismenorreia, endometrioses e disfunções sexuais), articulação coxofemoral (inflamações na região inguinal, algias da região), constipação (tratamento da constipação). 106 • Antélice: cervical (transtornos da região cervical), torácica ou dorsal (dores na região torácica), lombar (para o tratamento de lombalgias de qualquer etiologia), sacro (trata sacrolombalgias), tórax (angina, sensação de opressão torácica, neuralgias intercostais), abdome (constipação, dores no abdome), tireoide (tratamento dos distúrbios da tireoide), glúteo (algias da região glúteo, sacro e ciatalgias), nervo ciático (para dores de origem ciática), nervo simpático (regula o sistemaneurovegetativo, acalma dores de órgãos internos). • Região superior da antélice: artelhos (tratamento dos problemas dos dedos dos pés, entorses, micoses, traumas), calcâneo (esporões, dores), joelho (problemas nos joelhos, entorses, artrite, artrose), tornozelo (para afecções do tornozelo), quadril (problemas na articulação do quadril e ciatalgias). • Raiz da hélice: principais pontos são o ouvido central (regulação dos órgãos internos, sistema digestivo e cardiovascular e enurese noturna), diafragma (libera espasmos do diafragma, trata problemas dermatológicos). • Pontos que circundam a raiz da hélice: boca (problemas na cavidade bucal, laringe, faringe, traqueíte), esôfago (esofagite, disfagia), cárdia (trata o refluxo gastroesofágico, náuseas), estômago (tratamento de gastrites, úlceras gástricas, cefaleia frontal), duodeno (úlceras duodenais), intestino delgado (dispepsia, diarreias, constipação, distensão abdominal), intestino grosso (transtornos intestinais, dermatites, distensão abdominal). • Concha cimba: principais pontos são rim (para manutenção e conservação do estado de saúde, estados de debilidade geral, enfermidades crônicas, nefrite, dor lombar e dos joelhos, dor no calcâneo, neurastenia, transtornos neurovegetativos, artralgias, tinido e hipoacusia, enfermidades oftalmológicas, alopecia, edema), bexiga (regula a atividade funcional da bexiga, elimina a umidade calor patogênica da mesma, trata polaciúria, disúria, retenção urinária), fígado (favorece a atividade funcional do fígado e a drenagem da vesícula biliar, fortalece a função do baço e do estômago; controla a região intercostal, desobstrui os canais e acalma a dor, utilizado para hepatite crônica, sequelas de hepatite, afecções das vias biliares, gastrite crônica e da distensão abdominal, afecções ginecológicas, hipertensão, fleuma, vertigens, paralisia facial, enfermidades dos olhos, ativa a circulação de sangue e tonifica a energia), vesícula biliar na orelha direita e pâncreas na orelha esquerda (pancreatite, diabetes, gosto amargo na boca, rigidez de nuca). • Concha cava: os principais pontos são coração (fortalecimento da atividade funcional do coração, regula a pressão arterial, acalma o espírito, ativa a circulação de sangue, trata enfermidades cerebrovasculares, cardiopatias, transtorno do sono, hiperidrose, disartria), pulmão (inferior é homolateral, superior é heterolateral, trata dispneia, tosse, bronquite, asma, pneumonias, resfriados, rinite, faringite, sinusite, afonia, dermatites, alopecia, constipação, diverticulose), baço (usado para tratamento 107 dos transtornos digestivos, diarreia, constipação, eczema de pele, hemorragias, prolapsos, algia e perda de força dos quatro membros), endócrino (trata disfunção da tireoide, diabetes, artrite reumatoide, lúpus eritematoso, alergias, edemas de origem endócrina, obesidade). • Hélice: o ponto ápice da orelha (tem função anti-inflamatória, hipotensora, antialérgica, clareia a visão), os pontos hélice/helix de um a seis (tem efeito potencializador anti-inflamatório e para condições febris), nervo occipital menor (efeito sedante e analgésico, trata cefaleia occipital, neuralgia do nervo occipital menor e dor do pavilhão auricular), há uma área intitulada área de tumor que serve apenas como diagnóstico. Acadêmico, os pontos serão escolhidos conforme a sintomatologia do paciente, ao realizar a anamnese e o diagnóstico, elencamos os pontos principais que podem ser utilizados já na primeira consulta. Recomenda-se o uso, em média, de seis a oito pontos, para que o estímulo não seja excessivo, mas quanto mais assertivo seu diagnóstico, menos pontos serão necessários. Antes de colocar os pontos, pode-se realizar a inspeção com o apalpador, para análise da região a ser estimulada, o ponto mais sensível à palpação é onde deve-se colocar a semente, desde que a região esteja hígida. Pode ser realizada a palpação direta com o dedo (digital) ou indireta com o apalpador, com instrumento pontiagudo, como o apalpador com ponta esfera e metálica. Após, higieniza-se a orelha com algodão embebido em álcool 70% para retirar a oleosidade superficial da pele e, depois que secar, coloca-se a semente no ponto escolhido. Pela MTC, os pontos principais para utilização são: rim, vesícula biliar, fígado, bexiga, intestino grosso, intestino delgado, estômago, pulmão, coração, triplo aquecedor e baço. Esses pontos são indicados para a melhora do funcionamento fisiológico dos órgãos, da fisiologia energética dos Zang-Fu (beneficiando também os tecidos e emoções) e para manter o livre fluxo de Qi e Xue nos canais, para tratar as sintomatologias no trajeto do respectivo meridiano (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). 3.1 AVALIAÇÃO DA ORELHA PELA MTC A avaliação da orelha inicia na observação dela, não se deve tocar antes de observar. Na observação, procura-se por pequenas diferenças sobre uma região ou um ponto (AMARAL; MEJIA, 2015). Pela MTC, a cor branca indica um padrão de frio, cor azulada ou preta indica dor, vermelha indica ascensão do Yang do fígado, pessoa que se irrita facilmente; orelha cinza indica problemas pulmonares, orelha amarelada indica problemas no estômago e baço-pâncreas, orelha esverdeada indica problemas no fígado. 108 Os lóbulos são um indicador de prognóstico, já que se estão brilhantes e levemente úmidos indicam bom prognóstico, e secos e murchos indicam prognóstico ruim. A orelha edemaciada indica fator patogênico, padrão de excesso; orelha fina pode indicar deficiência de Qi ou xue (MACIOCIA, 2007). Na Figura 14, podemos observar que a cor vermelha está presente em quase toda a orelha, isso pode indicar a ascensão do Yang do fígado, como uma hipertensão arterial, por exemplo. Nesse caso, provavelmente essa pessoa se irrita facilmente, além disso, na imagem, é possível visualizar uma pápula avermelhada na região do antítrago, perto do ponto frontal, subcórtex, podendo indicar pontos sensíveis nessa região. Orelhas proporcionais e lóbulos fartos indicam boa constituição energética, pequena indica constituição energética fraca. Orelhas muito grandes indicam deficiência dos rins, por isso é comum a orelha crescer com o envelhecimento. É comum aparecer descamação em doenças degenerativas. Orelha com corte na diagonal do lóbulo indica desequilíbrio no meridiano do coração, orelha torta ou com qualquer tipo de deformidade, pessoa muito irritável. Se a orelha for “craquelada”, com a consistência parecida com a de um isopor, indica problemas de pulmão causados pelo cigarro (AMARAL; MEJIA, 2015). FIGURA 14 – ORELHA COM COR VERMELHA FIGURA 15 – ORELHA DE UM IDOSO FONTE: <https://bit.ly/3B0g108> Acesso em: 25 nov. 2021. FONTE: <https://bit.ly/34sCdnt> Acesso em: 26 nov. 2021. 109 Na orelha da Figura 15, pode-se observar um aumento do tamanho da orelha, um corte em diagonal no lóbulo indicando desarmonias no meridiano do coração, um ponto mais escurecido na região do ponto temporal, frontal, um leve edema na região lateral do lóbulo, na região do ponto ouvido interno e o murchamento da orelha, o que é comum acontecer com o passar da idade, assim como o aumento da orelha que também pode ser observado na figura. A presença de aranhas vasculares ou cordões vasculares indica energia estagnada, assim como presença de muitos cravos. Orelha com antélice colada na hélice pode significar doença autoimune (AMARAL; MEJIA, 2015). Na Figura 16, é possível observar aranhas vasculares na região dos pontos do quadril e sacro (marcados dentro do círculo), presença de cravos indicando estagnação de energia na região de pulmão e tálamo, uma região avermelhada e edemaciada perto do ponto do baço e umidade maior (oleosidade) na região de fígado, pâncreas e vesícula biliar. Como podemos observar, existem muitos formatos, tamanhos, cores e constituições de orelhas. Na prática dia a dia, você consegue perceber as alterações mais comuns e prever pontos sensíveis ou regiões em que há problemas correspondentesno organismo. Lembre-se de pedir para o seu paciente retirar os adereços da orelha antes da avaliação e para o tratamento, depois poderá recolocar. Os adereços que não forem de fácil remoção, permanecem, lembrando que pontos perfurados não recebem estimulação, nem positiva e nem negativa, pois, no decorrer do tempo, a área perde a inervação daquele ponto e aquele item não gera mais estímulos, o corpo se adaptou a ele. FIGURA 16 – ORELHA COM ARANHAS VASCULARES E ESTAGNAÇÃO FONTE: A autora 110 FIGURA 17 – DIFERENTES CONSTITUIÇÕES DE ORELHAS FONTE: <https://bit.ly/3HmE6kb> Acesso em: 26 nov. 2021. 4 RESOLVENDO CASOS E PRÁTICA Neste subtópico, iremos refletir sobre alguns casos práticos, para que possamos aplicar o tratamento com auriculoterapia pelas visões que já aprendemos até agora, sendo a biomedicina e a MTC. Se necessário, retorne nas páginas anteriores para visualizar os pontos e suas funções. CASO 1: um paciente com 36 anos, profissão programador de computador, chega com dor cervical e nota rigidez cervical há três anos, sem história de trauma e com piora nos períodos de estresse emocional. Não há nenhuma alteração visível na inspeção da orelha; à palpação, nota-se sensibilidade aumentada na região cervical e ponto ansiedade. Neste caso, pela visão da biomedicina, iríamos aplicar a auriculoterapia no ponto da cervical e nos pontos da região inervada pelos nervos auriculotermporal e auricular maior, podendo ser aplicado o próprio ponto nervo auricular maior. Já pela MTC, podemos colocar o ponto do fígado, já que a dor piora com estresse, e o fígado está relacionado aos músculos e tendões, auxiliando no relaxamento muscular e no controle emocional. CASO 2: paciente jovem apresenta tosse produtiva, acompanhada de obstrução nasal e dispneia. O quadro permanece há uma semana, porém ela já apresentou vários episódios no passado. Na inspeção da orelha, observa-se coloração normal, com cravos presentes na região do ponto do pulmão e leve edema no ponto do baço. Neste caso, pela visão da biomedicina, iríamos aplicar algum ponto da região inervada pelo nervo vago, podemos aplicar o ponto do pulmão, já que apresenta sintomas respiratórios. Pela 111 visão da MTC, poderíamos adicionar o baço, para ajudar a retirar a umidade em excesso representada pela obstrução nasal. Podemos, também, utilizar o intestino grosso, que é acoplado do pulmão e pode ser adicionado o ponto do tórax. CASO 3: uma paciente de 27 anos, estudante, com queixa de cólica menstrual importante, fluxo escuro e com coágulos. Ela relata que sempre sentiu essas cólicas durante o ciclo menstrual, mas houve agravamento dos sintomas nos últimos dois anos, vida sexual ativa, sem queixas. Na avaliação da orelha região com aranhas vasculares no ponto fígado, sem outras alterações, dor à palpação da região do útero. Neste caso, podemos utilizar, pela visão da biomedicina, o útero e nervo auricular maior ou pontos da região inervada pelo nervo auriculotemporal. Pela MTC, precisamos trabalhar o fígado, que ajuda a regular o ciclo menstrual, pode ser colocado o ponto do abdome ou shen men. A seguir, veremos uma checklist de como realizar a prática em auriculoterapia: • Anamnese. • Diagnóstico pela MTC. • Observação da orelha. • Palpação da orelha. • Limpeza da orelha com álcool 70%. • Aplicação da semente nos pontos escolhidos. • Estímulo de acupressão da semente. • Orientações ao paciente. Ao realizar a anamnese, é importante anotar as queixas principais do paciente e qual o objetivo do tratamento, o que o paciente quer melhorar, quais são suas expectativas em relação ao tratamento. Perguntar sobre o histórico da doença, quando iniciou, de que forma, se houve algum outro acontecimento importante na época; se a queixa estiver relacionada à dor, caracterizar o local da dor, tempo de duração, como ela se apresenta (pontada, queimação, contínua, entre outras), se é aguda ou crônica (mais de três meses de duração). A estimulação auricular pode provocar reações de dor, calor e adormecimento da orelha. Já no corpo, pode provocar reações de calor, pontadas, adormecimento, dor, formigamento, garganta seca, peso, frio, movimentos peristálticos, sensação de vazio total do estômago. Todas essas reações são normais e tendem a passar em curto período. Se seu paciente apresentar reação alérgica ao uso de sementes, peça que as retire imediatamente e, após excluídas outras causas, não retorne a utilizar novamente. Cuide com o uso de agulhas semipermanentes em pacientes com dificuldade de cicatrização ou circulação, como os diabéticos, pois pode gerar uma ferida que custará a ser curada. IMPORTANTE 112 Nesse momento, ter empatia e saber ouvir o paciente com atenção, são elementos fundamentais e que ajudarão na formação de um vínculo inicial. Todos os dados que o indivíduo trouxer devem ser anotados em uma ficha de avaliação que ficarão com o terapeuta para acessos futuros. Se você tiver conhecimento de outras avaliações que possam ajudá-lo a mensurar a melhora do paciente, você pode realizar nesse momento, para que, após as sessões realizadas, você possa mostrar ao paciente sua evolução e resultados do tratamento. Durante o tempo que você ouve, questiona e anota os dados do paciente, já é necessário ir acessando em sua mente os possíveis diagnósticos do paciente. Não é necessário fechar um diagnóstico logo na primeira consulta, pois muitas vezes, durante as próximas sessões, o paciente traz mais informações que o ajudarão a fechar seu diagnóstico. É importante que você estude, revise quando necessário e consiga realizar o diagnóstico do paciente, pela MTC ou por qualquer outra racionalidade médica que você seguir. A partir de então, explique ao seu paciente como funciona a auriculoterapia e seus benefícios. Você pode utilizar outras terapias complementares e, ao final, adicionar a auriculoterapia no seu paciente, ou pode realizar apenas a auriculoterapia. O importante é que o paciente saiba o que está fazendo e aceite realizar, no intuito de sua melhora. Realizar a observação da orelha (direita e esquerda) anotando qualquer alteração existente e observando sua relação com as queixas. A seguir, pode ser realizada a palpação direta com o dedo (digital) ou indireta com o apalpador. Dirija a palpação para as áreas auriculares que você suspeita serem reativas por sua correspondência com as partes do corpo em que o paciente tem dor ou queixas relatadas. A seleção de pontos deve ser criteriosa. Os pontos auriculares de maior efeito sobre os distúrbios serão os pontos que apresentarem alterações durante a avaliação (sensibilidade à palpação ou alterações na coloração, na morfologia ou vascularização), sendo então selecionados para o início de tratamento. Após a seleção, aplicar a semente no ponto escolhido. Lembre-se, o ideal é, no máximo, oito pontos para o estímulo não FIGURA 18 – ANAMNESE FONTE: <https://bit.ly/3gkfLzA> Acesso em: 26 nov.2021. 113 ser em demasia, é necessário realizar a acupressão e pressionar a semente no local. Pedimos que o paciente também realize essa acupressão em casa, diariamente, enquanto durarem as sementes no local. A duração das sementes na orelha está ligada à oleosidade da pele, à qualidade do esparadrapo utilizado e à quantidade de vezes que molha e seca a orelha. O ideal é que durem de cinco a sete dias e que a sessão de auriculoterapia seja semanal. Quanto à semente, há uma preferência pelo uso da semente de mostarda pelo seu formato redondo e tamanho, e pela cor amarela, por ficar mais discreta na orelha. A semente de cor preta fica mais visível à distância e algumas pessoas podem não gostar. Converse com seu paciente. O importante é que tenha uma superfície polida e a forma mais redonda possível. Não há um consenso sobre qual lado da orelha aplicar; algumas teorias aplicam a auriculoterapia no lado que o corpo também está acometido, por exemplo: dor no pé direito, aplica-se na orelha direita. Já outras teorias, indicamque haja a troca semanal da orelha, para que o corpo compreenda que há novos estímulos diferentes; a aplicação deve ocorrer no lado de dominância do paciente (destro, lado direito; canhoto, lado esquerdo). A auriculoterapia por ser um tratamento complementar em saúde não tem tempo máximo de duração que possa ser aplicada, mas o ideal é que sejam de 6 a 10 semanas de tratamento. Na terceira sessão, é importante que seu paciente já esteja notando melhora, se isso não estiver acontecendo, você deve observar se os pontos estão sendo colocados na posição correta ou trocar por outros pontos que possam trazer mais benefícios. Sobre a escolha dos pontos, você não precisar utilizar os mesmos pontos em todas as sessões, isso pode variar conforme sua reavaliação semanal dos sintomas do paciente. Mas procure trocar poucos pontos de uma semana para outra, para que você possa observar quais pontos estão fazendo a diferença naquele indivíduo. Ao final da sessão, relembre o paciente de realizar a acupressão em casa e realize orientações gerais conforme o diagnóstico daquele paciente (mudança de hábitos de vida, hábitos alimentares, higiene do sono, redução de estresse, entre outros). Lembre- se que a melhora do paciente não depende só de você, aluno ou terapeuta, você é apenas o guia para que essa melhora ocorra. Se você tiver um mapa auricular disponível, isto auxilia na escolha e aplicação dos pontos na prática diária. Além disso, você pode ter consigo resumos de pontos básicos para busca rápida, estes também se encontram disponíveis em alguns sites e livros, existem inúmeros protocolos que podem ser utilizados conforme as queixas do paciente, mas lembre-se que cada paciente é único e precisa ser tratado de maneira individualizada. 114 De maneira geral, pela visão da MTC, para distúrbios musculoesqueléticos os pontos mais utilizados são rim, fígado e baço. Para alterações emocionais, o fígado e o coração; para distúrbios digestórios, os mais utilizados são estômago, intestino delgado, fígado e baço; para distúrbios respiratórios, rim, baço e pulmões. Na saúde da mulher, os pontos mais utilizados são rim, fígado e baço. Nos distúrbios dermatológicos, são os pulmões, fígado e yang do fígado (TESSER; NEVES; SANTOS, 2018). A auriculoterapia é uma terapia física de prática simples, de baixo custo, que pode ser realizada de forma não invasiva e com ótimos efeitos já comprovados cientificamente. Na Figura 19, foi realizada a primeira sessão de auriculoterapia para paciente com dor no joelho e dor lombar, e tratamento da ansiedade. Como exemplo, os pontos utilizados foram: ansiedade e neurastenia (no lóbulo), joelho (na região superior da antélice), lombar (na antélice), estômago (na raiz da hélice), rim (na concha cimba), intestino delgado (no bordo superior da raiz da hélice) e subcórtex (na região do antítrago). Nessa aplicação, foram utilizadas sementes de mostarda amarela. Foi orientada a acupressão diária pelo paciente em casa, e a nova sessão após sete dias. Para estudos sobre o diagnóstico na MTC, é indicado o livro Fundamentos da Medicina Chinesa, de Giovanni Maciocia, da editora Roca, 2021. DICA FIGURA 19 – EXEMPLO AURICULOTERAPIA COM SEMENTES FONTE: A autora 115 FIGURA 20 – RESUMO DA PRÁTICA EM AURICULOTERAPIA FONTE: Farias e Silva (2018, p. 47) 116 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A visão da MTC adiciona à auriculoterapia, as explicações conforme as teorias do Yin e Yang, Zang Fu, cinco elementos e canais regulares de energia. Sendo que os órgãos têm sua função fisiológica e, também, emocional. • A teoria dos cinco elementos nos auxilia no diagnóstico pela MTC, já que estes elementos (fogo, água, terra, metal e madeira) devem estar sempre em movimento dinâmico no nosso organismo para a manutenção da saúde. Quando ocorrem estagnações, excessos ou faltas desses elementos, há o desequilíbrio que gera doenças. Além disso, há canais regulares que passam diretamente pela nossa orelha e outros que se ligam indiretamente a ela. • O mapa auricular chinês mostra muitos pontos de utilização em cada parte da orelha. É necessário estudá-lo e saber a função dos pontos e a sua localização correta para a aplicação. • É necessário realizar a avaliação da orelha através da observação e palpação, sabendo que pequenas alterações podem demonstrar alterações orgânicas do paciente, sem esquecer de uma boa anamnese e diagnóstico. Após, realizar a aplicação e a acupressão (estímulo) dos pontos escolhidos. • A MTC traz conhecimentos adicionais e complementares à visão da biomedicina e podemos utilizar os dois em nossa prática clínica. 117 1 A teoria dos cinco movimentos nos revela que tudo que existe no universo, inclusive o corpo humano, é composto de cinco elementos que estão em constante transformações, são eles: o fogo, a terra, o metal, a água e a madeira. Esses elementos geram uns aos outros e, também, controlam uns aos outros e essa harmonia reflete no equilíbrio e na saúde. Sobre a teoria dos cinco movimentos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O movimento do fogo é acender, sua característica principal é o calor. Está ligado ao coração e ao pericárdio, o sabor ao qual está relacionado é o picante. b) ( ) A água escorre e descende, está relacionada aos pulmões e sua emoção é o medo. Está ligada também à bexiga e gera o elemento madeira. c) ( ) A madeira cresce e se expande, está relacionada ao fígado e à vesícula biliar. Sua emoção principal é a raiva e é o combustível que gera o elemento fogo. Consegue controlar a terra e pode estar relacionada aos problemas tendíneos. d) ( ) O metal é contraído e não consegue controlar a madeira, gera a água e está relacionado aos rins e ao intestino grosso. 2 O mapa auricular chinês é composto de inúmeros pontos em todas as regiões da orelha externa, esses pontos têm suas funções e podem ser utilizados através de estímulos com agulhas, sementes e laserterapia. Entre os benefícios da auriculoterapia, estão a redução da ansiedade, a melhora do sono, a melhora da dor, a regulação do ciclo menstrual, a diminuição de crises de enxaqueca, entre outros. Sobre a auriculoterapia e o mapa auricular, analise as sentenças a seguir: I- Os principais pontos utilizados pela visão da MTC são rim, vesícula biliar, fígado, bexiga, intestino grosso, intestino delgado, estômago, pulmão, coração, triplo aquecedor e baço. Esses pontos são indicados para a melhora do funcionamento fisiológico dos órgãos, da fisiologia energética dos Zang-Fu, equilíbrio das emoções e para manter o livre fluxo de Qi e Xue nos canais energéticos do corpo. II- Pontos utilizados para ansiedade são o ponto ansiedade e o ponto neurastenia, estes estão localizados na concha cimba. Além desses pontos, podemos utilizar os pontos do coração e intestino delgado. III- Os pontos da coluna estão localizados na antélice e podemos utilizá-los para queixas de dor na coluna. Além deles, podemos utilizar para essa queixa os pontos rim e fígado, que estão presentes na concha cimba. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 118 3 A avaliação da orelha é importante para uma escolha de pontos assertiva e um tratamento que resulte em efeitos positivos. Fazem parte da avaliação da orelha: a observação, a inspeção e a palpação. Sobre essa avaliação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Pela MTC, orelhas grandes indicam perda da essência do rim, como acontece com os idosos, ela vai crescendo com o passar dos anos. ( ) A presença de aranhas vasculares pode indicar estagnações, principalmente de xue; na área em que estiver presente, corresponde no organismo. Já a presença de descamações, pode indicar doenças pulmonares presentes no organismo. ( ) Uma orelhacom aspecto poroso, como de um isopor, indica pessoa com problemas pulmonares devido ao uso do cigarro. É necessário ter cuidado ao realizar a palpação desta, pois fica mais propensa a feridas mesmo com toques leves. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Pela MTC, temos inúmeros pontos contidos na orelha que podem ser estimulados para a melhora do desequilíbrio orgânico do indivíduo. Os pontos mais utilizados pela MTC são os pontos dos Zang Fu (órgãos e vísceras), pois atuam não somente no trajeto todo do canal respectivo do órgão como também no aspecto emocional relacionado a este. Acerca da imagem apresentada a seguir, identifique quais os pontos estão representados nesta orelha e disserte sobre a função destes e para que tipo de desordem poderiam ser utilizados. FONTE: A autora 5 Na prática clínica, é importante seguir alguns passos para darmos o melhor atendimento para o nosso paciente/cliente. Estar presente, prestar atenção no que o paciente traz em consulta faz parte do processo de avaliação. Sobre a avaliação inicial, descreve os passos que devem ser seguidos. 119 TÓPICO 3 - AURICULOTERAPIA SEGUNDO A REFLEXOLOGIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, estudaremos a auriculoterapia pela visão da reflexologia. A reflexologia é bastante estudada pelas escolas francesas, baseia-se na correlação entre as partes do corpo com o pavilhão auricular através do estudo da embriologia. A hipótese está ligada à embriologia, em que os órgãos e tecidos se desenvolvem a partir de camadas germinativas do feto, o endoderma, ectoderma e mesoderma. A orelha é uma das poucas estruturas que é constituída por todas essas camadas encontradas no embrião, e assim é formada uma rede neural na orelha do feto e do adulto (FARIAS; SILVA, 2018). Neste tópico, estudaremos os fundamentos que norteiam essa visão, como realizar o tratamento do paciente baseando-se nesta e em como unir as visões já estudadas nos tópicos anteriores, MTC e biomedicina com reflexologia. 2 EMBRIOLOGIA A embriologia estuda o processo de formação dos embriões, da fecundação até a formação dos seres vivos. Após a formação do ovo pela fecundação, inicia-se o processo de multiplicação celular que irá formar o embrião (Figura 21). Na fase de blástula, as células formam uma estrutura oca, cheia de líquido e inicia a diferenciação de algumas células. UNIDADE 2 FIGURA 21 – DIVISÃO CELULAR EMBRIONÁRIA FONTE: <https://img2.docero.com.br/image/l/cc88nn.png> Acesso em: 28 nov. 2021. 120 A diferenciação das células continua e é no processo de gastrulação que são formadas as três camadas germinativas primitivas, ou também chamadas de folhetos embrionários, o endoderma, ectoderma e mesoderma. Cada uma dessas camadas, pela sua multiplicação, vai dar origem a partes do organismo humano: o endoderma formará a maioria dos órgãos internos, o fígado, pâncreas, sistema respiratório, urinário, tireoide (exceto coração e rins) e o epitélio de revestimento do tubo digestivo; a ectoderma formará a epiderme (pele), sistema nervoso, medula espinal, nervos, cabelos, unhas, dentes, córnea, mucosa do nariz; a mesoderma formará os músculos esqueléticos e lisos, cartilagens, ossos, tecidos conjuntivos, vasos sanguíneos, glândulas endócrinas, órgãos urogenitais, tecido linfático, entre outros (FARIAS; SILVA, 2018) O que acontece é que o pavilhão auricular é uma das partes do corpo que é formada pelas três camadas germinativas e isso faz com que ele tenha ligação com todas as partes do corpo. Você lembra da inervação da orelha, vista no Tópico 1 desta unidade? Cada camada germinativa está ligada a uma região inervada da orelha, como representado Figura 23. Segundo Farias e Silva (2018), as camadas germinativas dão origem às estruturas anatômicas que compõem o corpo, sendo a orelha uma região de convergência complexa que é capaz de gerar reação reflexa em várias partes do corpo. Essa teoria da ligação das camadas germinativas com a inervação da orelha pode explicar a reação reflexa que ocorre pela auriculoterapia. FIGURA 22 – CAMADAS GERMINATIVAS FONTE: <https://bit.ly/3uhWdnp> Acesso em: 28 nov. 2021. 121 3 ZONAS REFLEXAS DO PAVILHÃO AURICULAR As zonas reflexas ocorrem a partir da teoria da representação embriológica em conjunto com a inervação da orelha. Nesse microssistema auricular, encontram- se todas as partes do corpo (FARIAS; SILVA, 2018). Essa representação corresponde à posição de um feto invertido (Figura 24), ou representada por um homúnculo, que foi proposto pelo pesquisador francês dr. Paul Nogier. Logo, no lóbulo são os pontos relacionados à face e à cabeça. Na escafa, os membros superiores; na antélice, o sistema musculoesquelético; os órgãos internos estão na concha, e na fossa triangular, pelve e genitais. Há muitas representações das zonas auriculares e essas vão estar relacionadas às teorias que seguem. FIGURA 23 – EMBRIOLOGIA E INERVAÇÃO DA ORELHA FIGURA 24 – POSIÇÃO REFLEXA DO FETO INVERTIDO FONTE: Farias e Silva (2018, p. 16) FONTE: <https://bit.ly/3qxyugU> Acesso em: 28 nov. 2021. 122 FIGURA 25 – MAPA AURICULAR REFLEXOLOGIA FONTE: <https://bit.ly/3sbxwq7>. Acesso em: 28 nov. 2021. 123 Os pontos ou zonas auriculares reflexas são locais específicos situados na superfície do pavilhão auricular, estão integrados à atividade funcional do organismo como um todo e a refletem. Portanto, como já vimos anteriormente, os pontos ou áreas reflexas auxiliam na avaliação diagnóstica e são utilizados também no tratamento das enfermidades (FARIAS; SILVA, 2018). Os pontos reflexos correspondem às partes do corpo e cada parte do corpo (músculo, osso, órgão interno ou vaso sanguíneo) corresponde a um ponto específico localizado na orelha. Esse ponto geralmente recebe o mesmo nome da parte do corpo ou área que corresponde e tem uma ação reflexa. Por exemplo, o ponto joelho é utilizado para tratamento de dor no joelho (FARIAS; SILVA, 2018). Alguns pontos também podem ser identificados pela sua ação específica no organismo, não atuando somente em uma parte localizada do corpo, mas produzindo efeitos gerais nas funções corporais. Nesse caso, o nome do ponto faz uma referência ao seu efeito dominante, como o ponto alergia, que é usado para tratamento de alergias e outras indicações (FARIAS; SILVA, 2018). Além disso, no pavilhão auricular, encontram-se pontos referentes ao sistema endócrino, genito-urinário, sistema nervoso, normalmente tendo mais de uma ação, por exemplo o ponto hipófise, referente ao sistema endócrino, que pode ser utilizado nos casos de menstruação irregular e para equilíbrio dos níveis hormonais, o ponto cérebro atua em casos de cefaleia e, também, na deficiência cognitiva (FARIAS; SILVA, 2018). A terapêutica mais utilizada é a combinação de pontos, com intenção de potencializar a resposta e eficácia do tratamento (FARIAS; SILVA, 2018). A seguir, veremos sobre a função de alguns pontos principais, segundo a reflexologia. O ponto ansiedade, localizado no canto interno e inferior do lóbulo da orelha, tem ação sobre a ansiedade, agitação, insônia, estresse emocional e irritabilidade. Atualmente, é um dos pontos mais associados no tratamento de pacientes. O ponto San Jiao (metabolismo), que está localizado na concha cava, é utilizado para constipação, indigestão, anemia, obesidade, enxaqueca, vertigens e dores intercostais. Os pontos dos pulmões, também localizados na concha cava, são bastante utilizados para transtornos do trato respiratório e da pele, resfriados, laringites, tosse, asma, dermatite, urticária e acne. O ponto do coração é usado para o tratamento de palpitações, taquicardia, hipertensão, ansiedade, insônia e dispneia (FARIAS; SILVA, 2018). O ponto do baço, localizado na margem superior e bordo posterior da concha cava, tem ações sobre a indigestão, gastrite, dispepsia, constipação e transtornos hematológicos. 124O ponto da vesícula biliar tem ação sobre cálculos biliares, insegurança, dispepsia, e para retirar o gosto amargo da boca. Já o ponto do rim, que está localizado na concha cimba, tem funções nos transtornos do trato urogenital, problemas articulares, tensão pré- menstrual, enxaqueca e no tratamento de dependência química (FARIAS; SILVA, 2018). O ponto do intestino delgado, que está localizado no bordo superior da raiz da hélice, tem ações nas queixas gastrointestinais, como constipação, diarreia, indigestão e distensão abdominal; assim também, o ponto do intestino grosso atua na constipação, diarreia, flatulência e queixas gastrointestinais. O estômago trata os problemas gástricos, estomatite, vômitos, inapetência e náuseas (FARIAS; SILVA, 2018). Um ponto bastante utilizado é o ápice da orelha, na hélice, esse ponto tem ações sobre hipertensão, alergias, analgesias e harmonização emocional. O ponto fome, localizado na região anterior do trago, atua sobre a obesidade, compulsão alimentar, inapetência e anorexia nervosa. O ponto subcórtex atua nas algias, ansiedade e depressão, já o tálamo atua em lombalgias e cervicalgias (FARIAS; SILVA, 2018). Os pontos relacionados às partes do corpo vão atuar na sua área corresponde (ombro, cotovelo, punho, joelho, quadril, calcanhar). A área cervical, localizada na antélice atua em cervicobraquialgias, torcicolos, hérnia de disco cervical e paresia dos membros superiores. A área torácica atua em dorsalgias, hérnias de disco torácicas, artrose e neuralgia intercostal, ainda na antélice, a área lombar tem ações sobre as lombalgias, ciatalgias, hérnias de disco lombares, paralisia dos membros inferiores e artrose; a área sacral vai atuar na síndrome do piriforme e ciatalgias (FARIAS; SILVA, 2018). Outro ponto bastante utilizado na prática clínica é o Shen men, que fica localizado na fossa triangular e tem ações sobre a ansiedade, distúrbios mentais, ajuda na estabilização emocional, em condições de dor e possui atividade anti-inflamatória (FARIAS; SILVA, 2018). 3.1 INTEGRAÇÃO DAS VISÕES Como podemos ver, os pontos auriculares têm várias ações e funções no organismo e cada uma das visões de entendimento da auriculoterapia, a biomedicina, a MTC e a reflexologia nos trazem os benefícios de cada ponto. Assim, ao utilizar um ponto, estamos estimulando aquela área ou atividade correspondente no organismo e ao mesmo tempo trabalhando as inúmeras funções dele, como já vimos nesta unidade. 125 Ao conhecer as três teorias principais que embasam os efeitos da auriculoterapia, você pode optar por especializar-se em uma das visões ou em aplicar a auriculoterapia através da junção de todos estes conhecimentos. Todas as visões têm sua lógica correspondente e nos comprovam os efeitos dessa terapia complementar. Ao realizar o atendimento de um paciente que busca pela auriculoterapia, pode- se utilizar de todos esses conhecimentos para a avaliação mais completa e diagnóstico assertivo, visto que é visível as convergências e semelhanças de cada uma dessas visões. 4 NA PRÁTICA Na prática, vale ressaltar que podemos utilizar a auriculoterapia no tratamento das mais diversas doenças. Essa terapêutica já foi implementada pelo Ministério da Saúde e vem sendo aplicada, inclusive, na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), com o intuito de diminuir os gastos em farmácia e gerar um atendimento integral ao paciente. A auriculoterapia pode ser utilizada em consultas individuais de urgência ou de rotina, pelos mais diversos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, entre outros). Também pode ser realizada em grupos terapêuticos, como grupo de tabagistas, grupos de alongamentos, grupos de gestantes e grupos em saúde mental, neste caso, é necessário a escolha de pontos que serão aplicados de forma generalizada em todos os participantes. A auriculoterapia pode ser realizada de forma pontual, atendimento único, em uma unidade de saúde por exemplo, ou de forma segmentar, em atendimentos semanais. É necessário respeitar a autonomia do paciente em decidir participar ou não da terapia. Dessa forma, o profissional deve desenvolver habilidades de comunicação para poder oferecer a técnica de forma mais adequada e incorporada, como uma ferramenta de cuidado a ser cogitada pelo próprio paciente, quando este busca pelo atendimento em saúde (ZONTA, R. 2018). Há uma série de possibilidades para o uso da auriculoterapia e podemos oferecer aos pacientes para o tratamento de condições agudas, como dor lombar aguda, cefaleia primária, torcicolo, nervosismo ou ansiedade, dores articulares, dores pós trauma externo, dor por procedimentos odontológicos, cólicas abdominais. Além disso, se trabalhamos em uma equipe de profissionais, podemos oferecer a auriculoterapia como forma de cuidado em saúde do trabalhador. Sabemos que a sobrecarga emocional e física contribui no adoecimento dos trabalhadores e o tratamento com auriculoterapia pode auxiliar nessas questões. 126 Na prática, a procura pelo tratamento com auriculoterapia é na maioria dos casos por condições crônicas. As condições crônicas que podemos auxiliar com essa terapia complementar são: as dores crônicas, a depressão, a ansiedade, a insônia, a obesidade, os sintomas do climatério, o tabagismo, a constipação e a asma. Sendo que o tratamento da auriculoterapia para dor ajuda a reduzir o consumo de analgésicos e anti-inflamatórios (ZONTA, R. 2018). Outra observação é que, na maioria dos casos, os pacientes possuem multimorbidades, dificilmente a procura por terapia em saúde complementar se dá por uma única queixa, na maioria das vezes são múltiplas queixas. Por isso, é necessário definir na primeira consulta, em conjunto com o paciente, quais os objetivos principais que se quer alcançar com a terapia complementar e o que esse indivíduo já está fazendo pela sua melhora. Pacientes que sofreram infecção por COVID-19 e ficaram com sequelas como anosmia e augesia, polimialgias, dispneia, entre outros sintomas têm apresentado ótimos resultados com o tratamento em auriculoterapia, alguns dos pontos mais utilizados são pulmão, intestino grosso, amidalas, alergia, rim, shen men e pontos para ansiedade: ansiedade, coração e shen men. Na Figura 26, é possível visualizar mais uma das formas de representações das zonas reflexas pensadas pelo dr. Nogier, chamada de homúnculo (homem pequeno). E, na Figura 27, encerramos a unidade sobre a auriculoterapia, fazendo a associação do rim com a orelha e a figura do feto invertido. Lembrando que a orelha é onde abre-se o rim, pela visão da MTC, por isso os dois têm tantas semelhanças físicas. Além disso, pela reflexologia, temos a figura de um feto invertido posicionado na orelha, lembrando que todas as camadas germinativas do embrião estão presentes na orelha e fazem conexão com sua inervação, mandando informações para todo o corpo. Pela visão da biomedicina, ao estimular os pontos no pavilhão auricular, temos a liberação de opioides endógenos e de neurotransmissores anti-inflamatórios. FIGURA 26 – HOMÚNCULO NA ORELHA FONTE: <https://bit.ly/3IUPvrG>. Acesso em: 29 nov. 2021. 127 FIGURA 27 – SEMELHANÇAS RIM, ORELHA E FETO INVERTIDO FONTE: <https://bit.ly/3GkpdNN>. Acesso em: 30 out. 2021. 128 EFEITOS DA AURICULOTERAPIA COM SEMENTES DE MOSTARDA NA DOR LOMBAR CRÔNICA DE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Ana Paula Gomes da Silva Maria das Graças Rodrigues de Araújo Marcelo Renato Guerino RESUMO Mais de 60% dos trabalhadores de enfermagem apresentam episódio de lombalgia durante um ano, provocando um impacto socioeconômico negativo, uma vez que é uma das maiores causas de faltas e afastamentos do trabalho. A auriculoterapia é uma técnica da acupuntura de baixo custo e não invasiva, que utiliza o pavilhão auricular como um microssistema do organismo humano mapeado por pontos que, estimulados, podem tratar diversas enfermidades. Sendo assim, o objetivodeste estudo foi verificar a eficácia da auriculoterapia com sementes de mostarda (Brassica juncea) na melhora da dor, na funcionalidade e na mobilidade lombar de profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem do sexo feminino com dor lombar crônica. Foi realizado um ensaio clínico randomizado cego, dividido em dois grupos: um utilizou sementes de mostarda para acupressão nos pontos auriculares “Shen-Men”, “Rim”, “Simpático” e “Coluna Lombar” e o grupo placebo utilizou espuma de poliuretano de baixa densidade no lugar das sementes. Cada grupo realizou quatro sessões de auriculoterapia, uma vez por semana. Os grupos foram analisados por meio de termogramas infravermelhos e algometria por pressão para a dor, a medida dedo-chão para mobilidade e Questionário Roland-Morris para funcionalidade da coluna, com intervalo de confiança de 95%. A auriculoterapia com sementes de mostarda reduziu a temperatura média nos termogramas analisados em 0,8°C, bem como, aumentou o limiar de dor à pressão na coluna lombar das voluntárias em 0,4 Kgf, o que demonstra uma melhora significativa da dor lombar. Portanto, a auriculoterapia com sementes de mostarda se mostrou eficaz na melhora da dor lombar. Descritores: Dor Lombar; Auriculoterapia; Auxiliares de Enfermagem. INTRODUÇÃO A dor lombar é um distúrbio musculoesquelético que interfere diretamente na qualidade de vida no trabalho, sobrecarregando o sistema de saúde por conta dos altos índices de absenteísmo e afastamentos, um problema muito prevalente nos profissionais da enfermagem devido à natureza de suas atividades laborais. LEITURA COMPLEMENTAR 129 Existem diversas abordagens não medicamentosas para o manejo da dor lombar, como exercícios físicos de fortalecimento e alongamento muscular, terapia manual, laserterapia de baixa potência, educação do paciente sobre o problema, programa de reabilitação multidisciplinar biopsicossocial, terapia cognitivo-comportamental e, dentro desse universo, temos a auriculoterapia, uma técnica da acupuntura que utiliza o pavilhão auricular para efetuar o tratamento de diversas enfermidades, trabalha com pontos situados na orelha que compreendem um microssistema do organismo humano, ou seja, a representação de todo o corpo está contida no pavilhão auricular. Os materiais mais utilizados na auriculoterapia são as agulhas semipermanentes e as sementes de mostarda, que são fixadas na orelha por meio de adesivos, geralmente por um período mínimo de quatro dias, até o máximo de uma semana. O alívio da dor pela auriculoterapia também é explicado pela liberação de neurotransmissores que a aplicação nos pontos proporciona. O estímulo realizado num ponto de acupuntura promove resposta neuro-humoral do organismo, o que faz com que as células secretem substâncias opioides como a endorfina, serotonina e encefalina, que são analgésicos naturais que propiciam o alívio de dores e a sensação de bem-estar. O presente estudo teve por objetivo investigar a auriculoterapia com sementes de mostarda (Brassica juncea), como um possível recurso terapêutico para a melhora da dor à pressão, da funcionalidade e aumento na mobilidade da coluna lombar e suas possíveis alterações termográficas em profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem com dor lombar crônica. METODOLOGIA Este estudo é um ensaio clínico randomizado por “intenção de tratar” com cegamento simples da amostra, seguindo a checklist do CONSORT, de 2010, na extensão não farmacológica. As voluntárias foram devidamente esclarecidas sobre os procedimentos utilizados por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo dessa maneira obtida a sua autorização para realização do estudo. Foram analisados 23 profissionais de enfermagem do sexo feminino que afirmaram sentir dor lombar há pelo menos três meses e que trabalham nas enfermarias de adultos, prestando assistência de enfermagem direta aos pacientes internados. Foi realizado cálculo amostral, para a comparação dos resultados das avaliações entre os grupos “auriculoterapia” e “placebo”, considerando nível de significância (α) de 0,05. O tamanho do efeito foi calculado, todas baseadas nos resultados dos trabalhos de Hakgüder et al. e Imamura et al. Assim, o tamanho amostral necessário foi estimado em 20 pacientes (poder=0,80), sendo 10 do grupo intervenção e 10 do grupo placebo. Os critérios de inclusão foram profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem do sexo feminino das enfermarias de adultos do HC-UFPE e do HGV que prestam cuidados diretos aos 130 pacientes internados, com IMC entre 18,5 e 29,9, faixa etária entre 20 e 60 anos, portadores de lombalgia crônica inespecífica (≥03 meses) sem diagnóstico prévio autodeclarado de hérnia discal, tumor maligno de qualquer tipo, doença degenerativa, infecciosa ou reumática (artrite reumatoide, espondilite anquilosante e osteoartrose) ou cirurgia prévia na coluna lombar. Como critérios de exclusão foram gestantes e lactantes, alérgicas a esparadrapo micropore, profissionais que exercem apenas atividades burocráticas que não o cuidado direto aos pacientes internados. As participantes foram distribuídas por meio de aleatorização simples em dois grupos: Grupo 1 - Auriculoterapia, que recebeu tratamento com sementes de mostarda que estimularam os pontos terapêuticos do protocolo, e Grupo 2 - Placebo, que recebeu tratamento com espuma convencional de poliuretano de densidade 26kg/m3 no lugar das sementes de mostarda nos pontos do protocolo para a dor lombar. A espuma por ser flexível e de baixa densidade não fez a estimulação mecânica dos pontos auriculares. O cegamento foi possível devido à diferença entre a semente e a espuma não ser perceptível pelas voluntárias, ficando apenas a pesquisadora ciente dessa diferença. Nenhuma das participantes havia feito tratamento prévio com auriculoterapia e os grupos não tinham contato entre si. Foi aplicado o Questionário de Incapacidade Roland-Morris para dor lombar validado para o Brasil, foi realizado o exame termográfico com câmera termográfica (FLIR Systems - E40, Suécia). A região examinada foi delimitada de acordo com o protocolo Glamorgan para a lombar. Para mensuração do limiar de dor à pressão foi utilizado algômetro de pressão (AP) e para avaliação da mobilidade lombar foi realizada a Medida Dedo-Chão, ou Finger-Floor Distance (FFD). A intervenção utilizada foi a acupressão auricular com sementes de mostarda, por serem esféricas e rígidas, com cerca de 2mm de diâmetro, de baixo custo e orgânicas, produzindo ação mecânica sobre os pontos terapêuticos da orelha para dor lombar. A espuma de poliuretano foi utilizada no lugar das sementes para o grupo placebo, não estimulando os pontos do protocolo por serem flexíveis. Tanto as sementes como as espumas foram presas à orelha das participantes por esparadrapo micropore. Os pontos escolhidos foram direcionados segundo os descritos na Medicina Tradicional Chinesa (MTC): “Shen Men”, “Rim”, “Simpático” e “Coluna Lombar”. O último ponto foi estimulado com duas sementes, acompanhando o desenho da própria coluna lombar na orelha. A escolha dos pontos foi baseada em trabalhos sobre a auriculoterapia como os de Santos e Souza, que citam a mesma cartografia para a melhora de quadros álgicos lombares. As participantes foram orientadas a estimularem as sementes, de forma suave, sobre os pontos em média três vezes ao dia (ao levantar-se, no meio da tarde e antes de dormir), com duração de um minuto em cada ponto. As sementes permaneceram na orelha até a sessão seguinte. Cada sessão foi iniciada pela orelha do lado dominante da participante (destro ou canhoto). A cada sessão semanal houve alternância entre orelhas direita e esquerda para evitar a saturação dos pontos até o final do ciclo de tratamento. 131 Todas as participantes foram acionadas por aplicativo de mensagens instantâneas de celular como forma de reforçar as orientações para a auriculoterapia e avaliações da região lombar. Apenastrês participantes relataram queda das sementes/espuma sendo recolocadas pela pesquisadora em menos de 12 horas. Uma semana após o fim das sessões, foi realizada reavaliação da região lombar das voluntárias. Durante o período de estudo, as participantes foram orientadas a não utilizarem qualquer medicação (analgésico, anti-inflamatório e/ou relaxante muscular), bem como a não se submeterem a outro tipo de tratamento. RESULTADOS Conforme mostrado na Figura 1, das 54 participantes elegíveis, 31 foram excluídas pelo IMC ou por não realizarem os testes pré-intervenção, e 23 foram randomizadas em dois grupos, sendo 11 alocadas no grupo Placebo e 12 no grupo Auriculoterapia. Houve perda de seguimento de três participantes por não realizarem as quatro sessões de auriculoterapia, sendo uma por doença e outras duas por desistência. FIGURA 1 – FLUXOGRAMA CONSORT 132 A Tabela 1 mostra os resultados dos grupos antes e depois das sessões de auriculoterapia para temperatura, limiar de dor à pressão, escore Roland-Morris e medida dedo-chão. O grupo placebo partiu de uma média de 9,9 ± 4,6 pontos do escore Roland-Morris, enquanto o grupo intervenção partiu de uma média de 9 ± 4,5 pontos. Já a variação para os grupos, após as sessões de auriculoterapia, foi de 1,4 ± 5,2 para o grupo placebo e de 1,8 ± 2,4 para o grupo intervenção, o que não mostrou diferença estatisticamente significativa. Inicialmente, os dois grupos apresentaram limiares baixos à pressão ao estímulo doloroso. O limiar de dor inicial em quilograma-força para ambos os grupos foi em média 1,6, com desvio-padrão de ± 0,5 para o grupo placebo e ± 0,8 para o grupo intervenção. Após as sessões de auriculoterapia foi observado um aumento no limiar de dor do grupo Auriculoterapia e uma discreta diminuição desse limiar no grupo Placebo estatisticamente significantes. Os grupos não foram significativamente diferentes entre si para a medida dedo- chão, tanto pré quanto pós-intervenção, e verificou-se mobilidade diminuída em ambos os grupos. Quando observamos os valores de temperatura após as intervenções, eles aumentaram no grupo Placebo e diminuíram no grupo Auriculoterapia. Ambos os grupos mostravam termogramas assimétricos da coluna lombar, onde as áreas em branco sobre a grande área vermelha representam as maiores temperaturas de superfície da pele, sendo respectivas aos pontos de dor que relatavam (Figura 2). Também visualizou- se variações nos termogramas finais, mostrando diminuição de área branca (Figura 3), quando comparados aos termogramas iniciais. TABELA 1 – VARIÁVEIS PRÉ E PÓS-INTERVENÇÃO NOS GRUPOS PLACEBO E AURICULOTERAPIA FIGURA 2 – TERMOGRAMAS PRÉ-INTERVENÇÃO, GRUPOS PLACEBO E AURICULOTERAPIA 133 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A auriculoterapia com sementes de mostarda demonstra ser uma forma interessante de se promover tratamento, aumentando o limiar de dor à pressão na coluna lombar dos voluntários investigados neste estudo. A proporção encontrada para sobrepeso e obesidade (62%) está acima do encontrado em estudos como o de Malta et al., que obteve 43,1% de sobrepeso e obesidade em uma população feminina entre 2006 e 2013, e de Citko et al., 48,44% em enfermeiros poloneses. Neste estudo as participantes com obesidade foram excluídas. Em relação aos efeitos promovidos pela auriculoterapia na funcionalidade lombar, medida por meio do escore de Roland-Morris, os resultados foram semelhantes entre os grupos, não apresentando diminuição significativa desse valor concomitante à melhora da dor, assemelhando-se ao observado nos trabalhos de Ushinohama et al. que utilizaram pelo menos um dos mesmos pontos auriculares utilizados em neste trabalho. Já no estudo de Moura et al., houve melhora no escore de incapacidade de Roland-Morris, porém, esse estudo avaliou da mesma forma a dor na coluna lombar, torácica e cervical, além da população ter sido mista (homens e mulheres) e portadora de osteoartrite, aplicando cinco sessões de auriculoterapia ao invés de quatro sessões, conforme a metodologia deste estudo. Apesar dos resultados do questionário não serem estatisticamente diferentes entre os grupos do estudo, existe uma tendência de melhora clínica que não pode ser desprezada, corroborando o uso da terapêutica estudada para influência na funcionalidade lombar. Imamura et al. constatou que pessoas saudáveis suportam em média 4,75 kgf nos dermátomos da região lombar. Em nosso estudo, que comparou apenas indivíduos já portadores de dor lombar, encontramos média de 1,6 kgf suportados pelas voluntárias na região lombar de ambos os grupos, mostrando que a dor lombar de fato diminui a quantidade de pressão suportada na região. Em nosso estudo, a auriculoterapia fez com que o grupo de intervenção tivesse limiares de dor maiores em relação ao grupo placebo, resultados comparáveis aos de Yeh et al., que obtiveram melhora de 70% na dor medida em algômetro, eles também usaram sementes de mostarda como intervenção, mesmos pontos auriculares aplicados, além FIGURA 3 – TERMOGRAMAS PÓS-INTERVENÇÃO, GRUPOS PLACEBO E AURICULOTERAPIA 134 RESUMO DO TÓPICO 3da população estudada por eles ser majoritariamente feminina. Além da dor lombar, os trabalhos de Santoro et al. mostram o algômetro como instrumento de aferição de limiares de dor à pressão pós-tratamento para dor de ombro e dos dedos, sendo mais uma vez as sementes de mostarda utilizadas para a acupressão auricular, com melhora da dor dos indivíduos estudados em ambos os estudos. Embora a termografia infravermelha não meça diretamente a dor e sim as alterações vasomotoras da região analisada, em nosso estudo essa relação entre dor e imagem infravermelha ficou estabelecida, como nos mostra as alterações pré e pós- intervenção entre os grupos, medidas pelos termogramas (Figuras 2 e 3) e a variação dos limiares de dor à pressão, medidas pelo algômetro. A termografia não deve ser utilizada isolada e sim em conjunto a outras avaliações clínicas para buscar esclarecimento diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com dor. A mobilidade lombar, medida por meio da distância dedo-chão, se mostra diminuída em profissionais de enfermagem com dor lombar do sexo feminino, como mostrado no estudo de Takenaka et al., quando avaliaram enfermeiras japonesas não submetidas a tratamento. Encontramos o mesmo resultado neste estudo. O sedentarismo registrado entre as participantes do nosso estudo pode ter contribuído para a diminuição dessa mobilidade como é mostrado por Takenaka et al., que observaram a melhora da mobilidade lombar após programa de exercícios de três meses. Ainda em nosso estudo, não houve diferença significante pré e pós- auriculoterapia entre os grupos estudados nas medidas de mobilidade lombar, semelhante ao estudo de Helmhout et al., que, em amostra de 141 participantes com dor lombar e tratados com fisioterapia, apresentou melhora da dor lombar, mas não da mobilidade, parâmetros que não necessariamente estão associados, embora a melhora da mobilidade com exercícios será maior em indivíduo sem dor. Tanto funcionalidade como mobilidade lombar não tiveram alterações significativas após a auriculoterapia, embora a dor tenha diminuído no grupo tratado. A auriculoterapia vem sendo cada vez mais estudada, porém ainda faltam estudos conduzidos com amostras maiores e parâmetros melhor controlados. Zhao et al. em revisão sistemática da literatura, buscando a eficácia da auriculoterapia para a dor lombar, encontrou dois estudos, dentre 15 trabalhos, utilizaram sementes de mostarda. Nenhum desses trabalhos avaliou, conjuntamente à dor, a funcionalidade, a mobilidade ou termogramas infravermelhos. Diante do exposto, o presente estudo mostrou que a auriculoterapia com sementes de mostarda para a dor lombar crônica em profissionais de enfermagem reduziu a temperatura média nos termogramas analisados e aumentou o limiar de dor à pressão em quilograma-força na coluna lombar das voluntárias de forma não invasiva e de baixo custo.FONTE: SILVA, A. P. G. da; ARAÚJO, M. das G. R. de; GUERINO, M. R. Efeitos da auriculoterapia com sementes de mostarda na dor lombar crônica de profissionais de enfermagem. Pesquisa Original, Recife, v. 28, n. 2, p. 136-144, abr./jun., 2021. Disponível em: https://bit.ly/3AVb3kZ. Acesso em: 16 jan. 2021. 135 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A auriculoterapia pode ser estudada pela visão da reflexologia, que a explica através da embriologia e sua ligação com as terminações nervosas da orelha. • Existem zonas reflexas da orelha que podem ser representadas pela posição do feto invertido ou do homúnculo. • É possível a realização dessa terapia integrativa e complementar pela visão das três teorias, biomedicina, MTC e reflexologia, já que possuem semelhanças e convergências que levam à comprovação dos benefícios dessa técnica. • Na prática, essa terapia pode ser utilizada para as mais diversas patologias, normalmente procurada por pacientes com multimorbidades, pode ser aplicada em consulta única ou multisessões semanais, pode ser aplicada em consulta individual ou em grupos terapêuticos. 136 1 A embriologia estuda como acontece o processo de formação dos seres vivos, através dela, a reflexologia tenta explicar os efeitos da auriculoterapia. Segundo essa teoria, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Durante o processo de formação do embrião, desenvolvem-se diferentes grupos de células que darão origem às diferentes partes do nosso corpo. As células do ectoderma vão gerar a pele e sistema nervoso, as células do endoderma irão gerar os órgãos, como o fígado; as células do mesoderma geram os músculos e ossos. b) ( ) O pavilhão auricular é formado de células de duas camadas germinativas, o mesoderma e endoderma. c) ( ) O pavilhão auricular é a única parte do corpo formada pelas três camadas germinativas, endoderma, mesoderma e ectoderma. d) ( ) As camadas germinativas que geram a orelha no feto fazem a conexão da orelha com todo o corpo, mas no adulto essa conexão é perdida. 2 A inervação da orelha está ligada com as camadas germinativas que a formam, o nervo auriculotemporal rege a área formada pela camada mesoderma, já o nervo vago rege a área formada pelo endoderma e o nervo auricular maior rege a área formada pelo ectoderma. Com base nessas definições da reflexologia, analise as sentenças a seguir: I- As terminações nervosas presentes na orelha pelos nervos vago, auriculotemporal e auricular maior, ao serem estimuladas, levam a informação até o corpo pelo sistema reflexo e recebem pelo mesmo sistema a reação reflexa. II- A representação do feto invertido na orelha não é explicada pela teoria da reflexologia, e sim pela teoria da medicina tradicional chinesa. III- As zonas reflexas existentes no pavilhão auricular e estão presentes em todas as partes do corpo. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 137 3 Ao utilizar um ponto do pavilhão auricular, estamos estimulando aquela área ou atividade correspondente no organismo e ao mesmo tempo trabalhando as inúmeras funções dele. Na prática, ao conhecer as três teorias principais que embasam os efeitos da auriculoterapia, você pode optar por especializar-se em uma das visões ou em aplicar a auriculoterapia através da junção de todos esses conhecimentos. Sobre a prática da auriculoterapia, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O ponto da ansiedade pode ser aplicado em tratamentos de auriculoterapia para crise de ansiedade e para ansiedade crônica; além de irritabilidade, agitação, insônia e estresse emocional; é muito utilizado na prática clínica. O ponto shen men tem ações sobre a ansiedade, distúrbios mentais, estabilização emocional e em condições de dor. ( ) Não há o porquê unir as três teorias da biomedicina, medicina tradicional chinesa e reflexologia, pois todas elas têm conceitos diferentes, que demonstram benefícios da técnica de auriculoterapia e seus conhecimentos devem ser aplicados de forma separada. ( ) Na prática, é comum receber pacientes com múltiplas queixas e antes de iniciar o tratamento com auriculoterapia será necessário definir objetivos a serem atingidos com a técnica, que pode ser realizada de forma individual em consulta ou em grupos terapêuticos utilizando protocolos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A auriculoterpia é uma terapia integrativa e complementar, utilizada em benefício de indivíduos que buscam a promoção e recuperação de saúde de forma mais natural. Disserte sobre como utilizar as três visões estudadas nesta unidade de forma integrada pela auriculoterapia e quais os benefícios da técnica. 5 A reflexologia auricular consiste na aplicação de pressão em pontos da orelha, para equilibrar a energia do corpo e evitar o surgimento de doenças e problemas de saúde. A reflexologia é um tipo de terapia complementar, realizada pelo reflexoterapeuta, que estuda os pontos reflexos do corpo e terminações nervosas presentes nos pés, mãos, nariz, cabeça e orelhas. Explique qual a visão da auriculoterapia pela reflexologia. 138 139 REFERÊNCIAS AMARAL, A. L.; MEJIA, D. P. M. Microssistema orelha e sua utilização como diagnóstico. Monografia (Especialização em Acupuntura) – Faculdade Ávila, Goiânia, [2015?]. Disponível em: https://bit.ly/3L8dDZF. Acesso em: 23 nov. 2021. BARKER, R.; KOBER, A.; HOERAUF, K. Out-of-hospital auricular acupressure in elder patients with hip fracture: a randomized double-blinded trial. Acad Emerg Med, Philadelphia, v. 13, n. 1, p. 19- 23, jan. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3HuVdQU. Acesso em: 14 jan. 2022. FARIAS, F. T. P.; SILVA, T. C. G. Formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. HE, B. J.; TONG, P. J.; LI, J; YAO, X. M.. Auricular acupressure for analgesia in perioperative period of total knee arthroplasty. Pain Med, Malden, v. 14, n. 10, p. 1608- 1613, out. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3rlu9xF. Acesso em: 14 jan. 2022. MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca Ltda, 1996. MORÉ, A. O. O.; TEIXEIRA, J. E. M.; MARTINS, D. F. Formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. NETTER, F.H. Atlas de anatomia humana. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. OLESON, T. D. Bases neurofisiológicas da acupuntura auricular. In: STUX, G.; HAMMERSCHALG, R. (ed.). Acupuntura clínica: bases científicas. São Paulo: Manole, 2005. OLESON, T. D.; KROENING, R. J.; BRESLER, D. E. An experimental evaluation of auricular diagnosis: the somatotopic mapping or musculoskeletal pain at ear acupuncture points. Pain, Califórnia, v. 8, n. 2, p. 217-229, jan. 1980. Disponível em: https://pubmed. ncbi.nlm.nih.gov/7402685/. Acesso em: 14 jan. 2022. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência de Planejamento em Saúde. Diretoria de Atenção Primária à Saúde. Nota técnica nº 12, de 2 de agosto de 2021. Orientação sobre o uso de práticas integrativas e complementares para promoção da saúde em pessoas com doenças crônicas, sobrepeso/ obesidade, pessoas idosas e reabilitação de pessoas no pós-infecção por Covid-19. Florianópolis, SC: Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência de Planejamento em Saúde. Diretoria de Atenção Primária à Saúde, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3s6pKOi. Acesso em: 14 jan. 2022. 140 SENNA, V. S.; SILVA, P. R.; BERTAN, H. Acupuntura auricular. São Paulo: Phorte, 2012. SOUZA, M. P. Tratado de auriculoterapia. Brasília, DF: Copyright,2001. TAN, J. Y.; MOLASSIOTIS, A.; WANG, T.; et al. Adverse events of auricular therapy: a systematic review. Evid Based Complement Alternat Med, Oxford, v. 2014, n. 506758, p. 1-20, nov. 2014. Disponível em: https://bit.ly/3IYOpLv. Acesso em: 14 jan. 2022. TESSER, C. D.; NEVES, M. L.; SANTOS, M. C. Formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. VAS, J. et al. Efficacy and safety of auriculopressure for primary care patients with chronic non-specific spinal pain: a multicentre randomised controlled trial. Acupunct Med, Warrington, v. 32, n. 3. p. 227-235, jun. 2014. Disponível em: https:// bit.ly/35KOKTO. Acesso em: 14 jan. 2022. WANG, M. et al. Effects of auricular acupressure on menstrual symptoms and nitric oxide for women with primary dysmenorrhea. J Altern Complement Med, New York, v. 15. n. 3, p. 235-242, mar. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3453wo4. Acesso em: 14 jan. 2022. WHO – WORLD HEALTH O. Report of the working group on auricular acupuncture nomenclature. Lyon, FR: WHO, 1990. Disponível em: https://bit.ly/3ogtmMI. Acesso em: 14 jan. 2022. YEH, M. et al. Auricular acupressure for pain relief in adolescents with dysmenorrhea: a placebo-controlled study. J Altern Complement Med, New York, v. 19, n. 4, p. 313-318, abr. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3HnyLZD. Acesso em: 14 jan. 2022. YEH, M. et al. Pilot Randomized Controlled Trial of Auricular Point Acupressure to Manage Symptom Clusters of Pain, Fatigue, and Disturbed Sleep in Breast Cancer Patients. Cancer Nurs, New York, v. 39, n. 5, p. 402-410, set./out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3ggy091. Acesso em: 14 jan. 2022. ZONTA, R. Formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 141 OUTRAS TERAPIAS FÍSICAS UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o uso de pedras quentes e da cristaloterapia no equilíbrio energético; • saber sobre os diferentes tipos de cristais; • conhecer de uma maneira ampla como funciona a geoterapia; • entender a reflexologia podal e como aplicá-la; • saber sobre a prática milenar do tui na; • saber como funciona a quiropraxia e suas indicações; • entender o funcionamento da osteopatia; • descrever como utilizar as cores através da luz na melhora da saúde; • conhecer o uso do termalismo como benefício para a saúde. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PEDRAS QUENTES, CRISTALOTERAPIA E GEOTERAPIA TÓPICO 2 – REFLEXOLOGIA PODAL, TUI NA E QUIROPRAXIA TÓPICO 3 – OSTEOPATIA, CROMOTERAPIA E TERMALISMO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 142 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 143 TÓPICO 1 — PEDRAS QUENTES, CRISTALOTERAPIA E GEOTERAPIA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, no Tópico 1 da Unidade 3, abordaremos diferentes assuntos. O primeiro assunto refere-se ao uso de pedras quentes na restauração da saúde e equilíbrio energético. Na Grécia, Hipócrates, considerado o pai da medicina, já indicava fricções e massagens com pedras quentes para tratamentos de dores e tensões, levando a longevidade pela melhora das dores e problemas articulares (PEREIRA, 2013). Trata- se de uma terapia bastante utilizada em spas, pela sua característica relaxante e detoxificante. Veremos para que são utilizadas essas pedras, quais suas indicações e importância. O segundo assunto refere-se ao uso terapêutico dos cristais para a restauração do equilíbrio do corpo, pode ser chamado de cristaloterapia, cristalterapia ou terapia dos cristais. Os cristais não são utilizados apenas na decoração, possuem propriedades que amplificam e purificam as energias, restaurando o equilíbrio energético do corpo ou do ambiente em que se encontram. Iremos aprender as propriedades de alguns cristais mais conhecidos e quais benefícios eles podem trazer para o nosso corpo. O último assunto refere-se à geoterapia, tratamento natural com os frutos advindos da terra, como argila e barro. Neste tópico, ficará evidente para que se utilizam as pedras e outros materiais da natureza, como eles auxiliam na restauração da harmonia corporal e o seu poder de cura através das transformações energéticas que proporcionam. Essas técnicas têm um histórico envolvendo mais as terapias alternativas esotéricas de tratamento, mas seus resultados têm atraído terapeutas holísticos e médicos naturalistas, e algumas pesquisas já vêm comprovando seus benefícios. 2 PEDRAS QUENTES Para o uso de pedras quentes, utiliza-se pedras vulcânicas, plutônicas e sedimentares, que devem ser aquecidas para massagear determinadas regiões do corpo, tendo como principal objetivo o equilíbrio energético e o relaxamento do corporal (BERTOLLETTI; MATTA, 2006). 144 Segundo Brilho (2003), a técnica de massagem com pedras quentes, quando aplicada no corpo por meio da massoterapia, proporciona efeito penetrante sobre o sistema muscular, chegando a corrigir disfunções de órgãos e vísceras; a energia que é originada das pedras penetra profundamente nos músculos, permitindo a limpeza, a desobstrução e a normalização dos fluxos de energia do corpo. Essa técnica combina conhecimentos milenares de geoterapia (técnica com pedras que vêm da Terra), de termoterapia (técnica que utiliza as temperaturas: quente/ frio) e massoterapia (técnicas de massagem), conseguindo, através dessa sinergia, produzir reações fisiológicas e orgânicas que trazem benefícios ao ser humano. Pedras vulcânicas e sedimentares de tamanho, forma e composição especialmente escolhidos são os meios físicos de aplicação das temperaturas quentes e fria no corpo. A temperatura é adaptada individualmente a cada caso e as pedras deslizando sobre os músculos transmitem energia que religa a força interior, além disso gera movimento vascular no sistema circulatório da região ajudando o organismo a recompor-se. As pedras provocam adequadamente respostas sedativas e reenergizadoras no corpo (SILVA, 2021, s. p.). FIGURA 1 – USO DAS PEDRAS QUENTES NA REGIÃO POSTERIOR DO CORPO FONTE: <https://bit.ly/3rn8SUv>. Acesso em: 13 dez. 2021. As rochas, que são agrupamentos de minerais, são divididas em três tipos quanto a sua origem, em pedras magmáticas, pedras sedimentares e pedras metamórficas. As rochas magmáticas se formam a partir do resfriamento e solidificação do magma da Terra (rocha fundida ainda presa ao subterrâneo), sendo chamadas de plutônicas quando formadas pelo resfriamento lento nas profundezas da Terra, dando origem a cristais relativamente grandes, como granito e diorito; ou de vulcânicas, que se formam pelo resfriamento e solidificação rápida do magma, pelas erupções vulcânicas, sem formação de macrocristais, como o basalto (TIPOS DE ROCHAS, 2021). 145 As rochas ou pedras sedimentares são formadas pela compactação de sedimentos da erosão, transporte e sedimentação de minerais, derivam de outras rochas que sofrem a ação do tempo, da água, do vento, de reações físicas e químicas, como o arenito, argila, carvão mineral. As rochas metamórficas são rochas que sofrem transformação pela ação do calor ou pressão no interior da Terra e adquirem outra estrutura, como o mármore, gnaisse e quartzito (TIPOS DE ROCHAS, 2021). Os tipos de pedras mais utilizadas na terapia com pedras quentes são as vulcânicas, basalto e ágata, por serem pedras que retém o calor e mantém essa temperatura por mais tempo, e, como são as mais antigas na Terra, trazem uma conexão forte com a natureza. Algumas culturas acreditam que pedras, rochas e pedreiras guardam as lembranças de todos os eventos do planeta, que elas concordamem ajudar os humanos na sua própria caminhada de cura e transformação, aprimorando as nossas lembranças e nos permitindo ver a vida de modo mais equilibrado, nos mostrando que estamos sempre envoltos nas energias da Terra (MORAIS, 2017). 2.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES A terapia com pedras quentes é indicada para pessoas que precisam de relaxamento muscular, diminuição dos níveis de estresse e ansiedade, equilíbrio energético, fortalecimento da imunidade, entre outras. Não é indicado para grávidas, pessoas que possuem grandes feridas abertas na pele ou queimaduras e em áreas de grandes inflamações. É possível sentir os efeitos da técnica logo na primeira sessão, como o aumento da circulação sanguínea no local, redução de pontos musculares de tensão, aumento do tônus muscular da região, proporciona relaxamento, melhora da mobilidade das articulações, melhora do fluxo de energia vital, alívio de dores, liberação de emoções reprimidas, além de trazer vitalidade (MORAIS, 2017). 2.2 SOBRE A TÉCNICA Há pouca literatura sobre o tratamento com pedras quentes para as pessoas, a maioria dos tratamentos são passados oralmente de um terapeuta ou curandeiro a outro, mas sabe-se que variadas culturas e locais utilizam desse conhecimento, dentre eles: indígenas, monges japoneses, chineses e russos. Atualmente, pesquisadores começaram a se interessar pela técnica, e alguns estudos estão sendo realizados. Para a sua prática, é necessário um kit de pedras que serão utilizadas nos pacientes, um aquecedor de pedras, toalhas e local apropriado. As pedras devem ser aquecidas no aquecedor com água entre 55°-60º ou elétrico, permitindo que você segure as pedras em suas mãos confortavelmente. É importante sempre observar a temperatura 146 do aquecedor para não queimar você e seu paciente/cliente, já que a temperatura vai variar conforme a pedra escolhida. Também é importante não permanecer com a pedra tanto tempo no mesmo local para evitar queimaduras, a tolerância das pessoas ao calor varia, portanto, respeite-a (MORAIS, 2017). As pedras podem ser utilizadas de maneira isolada (em uma região apenas) ou em amplas regiões com massagens. O uso de pedras quentes em uma área isolada leva sangue do órgão para o tecido daquela região, dessa forma, a pele fica quente e avermelhada (hiperemia), isso abre as portas para você, como terapeuta, trabalhar até mais fundo naqueles pontos gatilhos (de tensão) impenetráveis e músculos tensos (MORAIS, 2017). A terapia com pedras quentes atua nos três níveis: físico, proporcionando relaxamento e alívio de dores; mental e espiritual, diminuindo o estresse, acalmando a mente e melhorando a autoestima; energético, promovendo a abertura e a ativação do fluxo energético, renovando a energia vital (MORAIS, 2017). Para saber mais sobre a técnica de pedras quentes, assista à entrevista com a Fisioterapeuta Ádria Sadala, disponível em: https://bit.ly/34vgESV. DICA FIGURA 2 – EXEMPLO KIT DE PEDRAS QUENTES E AQUECEDOR ELÉTRICO FONTE: <https://bit.ly/3ARplmX>. Acesso em: 17 dez. 2021. 147 Sobre a terapia das cores, você saberá mais no Tópico 3, quando estudarmos a Cromoterapia, a qual pode se manifestar através das cores das pedras utilizadas. ESTUDOS FUTUROS Durante a massagem, uma das técnicas mais utilizadas é a de effleurage, que é basicamente uma forma de massagem envolvendo um movimento de acenamento circular feito com a palma da mão. Seus movimentos são lentos e suaves, essenciais para que a pessoa se acostume com o contato de suas mãos, também são utilizados para espalhar o óleo em todo o corpo antes da massagem com as pedras (VOCÊ SABE O QUE É EFFLEURAGE, 2017). A propriedade de cura pelas pedras se dá pela temperatura (nesse caso, calor), pela cor das pedras que você escolher, pelo tipo de pedra (vulcânica, em contato milenar com a Terra) e a nível energético, pois as pedras trocam energias de cura com o organismo. Então, conforme vai sendo usada, cada cor e tipo de pedra reflete uma energia, finalidade e efeito de liberação no indivíduo. Sobre o formato das pedras, as arredondadas representam o lado feminino e Yin do universo, as mais longas representam o lado masculino e Yang do universo, por isso são utilizados os dois tipos de pedras, equilibrando tanto Yin quanto Yang do indivíduo. A textura e a densidade correta das pedras são muito importantes para manter a temperatura necessária para fazer o tratamento, proporcionando uma sensação confortável nas mãos do terapeuta e no corpo do paciente (MORAIS, 2017). 2.3 CUIDADOS COM AS PEDRAS Faz-se necessário a limpeza física e energética das pedras, já que estas ficam em contato com a pele e energias dos pacientes. É indicado realizar a limpeza das pedras com água fria entre um paciente e outro, se possível, com sabão. Ao final do dia, coloque as pedras em um balde de água, alvejante e sabão, limpe o aquecedor e as pedras com essa água, após, enxágue e seque as pedras. Isto removerá qualquer resíduo remanescente. Se você não quiser usar alvejante, terá que desinfetar as pedras e limpar o aquecedor no final de cada dia com algum tipo de desinfetante (MORAIS, 2017). Pela questão da limpeza, é mais fácil utilizar o aquecedor com água do que o elétrico. 148 O ideal seria que as pedras fossem lavadas nas águas correntes de um rio, mas poucos conseguem realizar isso. Quando suas pedras estiverem secas, coloque-as em uma cama de sais, usando sal amargo ou sal marinho, já que o sal tem propriedade para ajudar a limpar e recarregar as pedras para o próximo dia de trabalho. Quando possível, coloque as pedras ao sol ou ao luar, para serem recarregadas energeticamente (MORAIS, 2017). As pedras possuem energia, frequências, assim como todas as substâncias. O uso de sais, sol, luar e água ajuda a repor a energia perdida durante o trabalho com as pessoas, deve-se limpar e guardar as pedras diariamente. Caso não realize o recomendado, você perceberá que as suas pedras perdem seu brilho e habilidade de reter calor e frio. Você e suas pedras ficarão cansados e perderão o estímulo para trabalharem conjuntamente (MORAIS, 2017). 3 CRISTALOTERAPIA A cristaloterapia utiliza-se de cristais para o reequilíbrio energético do corpo. O cristal é um instrumento utilizado há muitos milênios por terapeutas das mais diversas culturas, a grande maioria dos cristais se forma pela adição repetida de matéria à massa cristalina em crescimento, a partir de porções de silício, oxigênio líquido e areia. Grupos de moléculas de dióxido de silício, ou sílica, juntam-se para compor espirais em uma estrutura tridimensional de forma geométrica precisa; cristais têm forma geometricamente regular. Essa estrutura em espiral é um canal de energia pelo qual a própria força cósmica se transmite na matéria (MORAIS, 2017). Para Hall (2008, p. 14), “os cristais são o DNA da Terra”, sua estrutura cristalina pode absorver, conservar, concentrar e transmitir energia, principalmente por ondas eletromagnéticas, já que participaram de toda evolução e transformação do planeta Terra. FIGURA 3 – MASSAGEM COM PEDRAS QUENTES FONTE: <https://bit.ly/3rinmF0>. Acesso em: 17 dez. 2021. 149 3.1 FORMAS DE UTILIZAÇÃO Os cristais são utilizados na decoração, para equilíbrio, proteção dos ambientes e potencialização de energias positivas no ambiente, são muito utilizados pelo Feng Shui. São historicamente utilizados em joias, como demonstração de poder e proteção (amuletos). Alguns cristais como o quartzo enfumaçado e a turmalina negra têm a propriedade de absorver energias negativas e irradiar energia pura e limpa. Como forma de cura em terapia, os cristais são bastante utilizados conforme a sua propriedade, energia e sintonia com os chakras (que significa círculo, centros de energia que servem para absorver a energia vital, distribuí-la no indivíduo, no corpo, na mente e no espírito, e liberá-la para o exterior), sendo que os cristais atuam por meio da ressonância e da vibração (HALL,2008). FIGURA 4 – QUARTZO EM FORMA DE AGLOMERADO FONTE: <https://bit.ly/3skc2r6>. Acesso em: 04 fev. 2022. Os cristais são identificados pela sua estrutura, do menor ao grande, eles terão a mesma estrutura interna que os identifica, o que muda é a presença de certos minerais que fazem com que as cores de cada um se diferenciem (HALL, 2008). Eles se apresentam em sete formas geométricas: triângulo, retângulo, hexágono, trapézios, losangos e paralelogramos, a forma externa dos cristais não interfere na sua estrutura interna (HALL, 2008). Acadêmico, em outra unidade já falamos que o Feng shui é a harmonização dos ambientes de acordo com a cultura e tradição chinesa. Já os amuletos citados neste conteúdo, referem-se a objetos que um indivíduo acredita que podem trazer sorte ou proteção. NOTA 150 Normalmente, são colocados sob os centros de energia do corpo conforme o objetivo terapêutico que deseja se atingir, ou em volta do corpo durante dez a 30 minutos. A seguir, veremos alguns cristais e suas funções. 3.2 SOBRE OS CRISTAIS A partir de agora falaremos de alguns tipos de cristais, suas propriedades e de que forma podem ajudar na cura do corpo físico, mental e espiritual. Existem cristais de todos tamanhos e cores, cada formato tem seus próprios atributos, por exemplo: o cristal de uma ponta (natural ou feito artificialmente) é bastante utilizado em trabalhos de cura, quando a ponta está voltada para o corpo, o cristal energiza para este; na posição contrária, o cristal retira energia do corpo (HALL, 2008). Cristais com formato de aglomerado irradiam energia para o ambiente a sua volta e, também, absorvem energias nocivas deste, são bons para purificar um cômodo ou outros cristais (deixar os cristais sobre o aglomerado durante à noite). Em formato de geodos, eles ampliam a energia dentro deles, difundem lentamente a energia amplificada de forma suave, são usados para proteção e estimulação do crescimento espiritual (HALL, 2008). Em formato de esferas, emitem energias em todas as direções, e movimentam a energia através do tempo, são considerados janelas para o passado e o futuro. Em formato de pirâmides, ampliam e focam sua energia através de seu ápice, podem ser usados para absorver as energias negativas e bloqueios dos chakras (HALL, 2008). O formato gerador tem seis facetas e uma extremidade pontiaguda, pode ser grande ou pequeno e é ótimo para gerar energia. Potencializa a energia de cura e nos ajuda a focar (HALL, 2008). Os bastões focam a energia através de sua extremidade pontiaguda, são excelentes nos trabalhos de cura, sua capacidade torna-se maior quando programados com intenção (HALL, 2008). A seguir, veremos as propriedades de alguns cristais. A ametista (Figura 5) estimula a produção hormonal, regularizando o sistema endócrino, fortalece os órgãos de excreção (intestinos), fortalecendo o sistema imunológico. É purificadora do sangue, alivia o estresse, dores de cabeça e tensão, trata a insônia. Limpa a aura (campo de energia extrafísica que envolve os seres vivos), transmuta a energia negativa e estimula os crakras da garganta e da coroa. Não deve ser usada em casos de paranoia ou esquizofrenia (HALL, 2008) A cor é roxa a violeta-claro. Possui cristais pontiagudos, transparentes. É um dos cristais mais comuns que existe, tem origem em vários países incluindo o Brasil (HALL, 2008). Calmante natural, protege contra ataques psíquicos, bloqueia as energias 151 negativas do ambiente. Ajuda-nos a ter mais foco, facilita o processo da tomada de decisões, é útil em insônia por mente hiperativa e protege de pesadelos recorrentes. Promove o centramento emocional, dissipa a raiva, medo e ansiedade, estimula a sabedoria espiritual, além de ser excelente para a meditação (HALL, 2008). FIGURA 5 – DRUSA DE AMETISTA ROXA FONTE: <https://bit.ly/3ur2FZm>. Acesso em: 04 fev. 2022. Para saber mais sobre os chakras ou centros energéticos do corpo, assista ao vídeo disponível no canal NAMU: https://bit.ly/3ri5WIx. FONTE: <https://bit.ly/3rlzMvN>. Acesso em: 19 jan. 2022. NOTA 152 O quartzo é incolor, possui cristais pontiagudos, transparentes e leitosos, de todos os tamanhos, tem origem no mundo todo. Quando as agulhas de acupuntura são revestidas de quartzo, os efeitos aumentam; quando seguramos um cristal de quartzo na mão, nosso campo biomagnético dobra de tamanho, ele dissipa a eletricidade estática. Pode ser usado em qualquer problema de saúde, estimula o sistema imunológico, alivia queimaduras e harmoniza os chakras. Se possuir cores, estas adicionam efeitos as suas propriedades genéricas (HALL, 2008). Por exemplo, na Figura 4, o quartzo rosa, além das propriedades genéricas, é conhecido por “pedra do amor”, trabalha o amor-próprio, paz interior, os relacionamentos; pode ser utilizada no chakra cardíaco. Já o quartzo verde, fortalece a saúde, aumenta a disposição, é considerada a pedra da saúde e da vitalidade. A selenita (Figura 6) pode ser encontrada na cor branca, laranja, azul, marrom e verde, de aparência translúcida com nervuras. Tem origem nos Estados Unidos, México, Rússia, entre outros. Pedra serena que transmite paz profunda, dissipa a confusão, alinha a coluna vertebral, melhora flexibilidade muscular, aumenta a lucidez, abre o chakra da coroa e leva à orientação superior. Aponta as lições e questão que ainda estamos trabalhando e como resolvê-las (HALL, 2008). Os cristais (Figura 7) têm propriedades físicas e químicas que os fazem ser utilizados em várias tecnologias, como lasers, LEDs, relógios, balanças eletrônicas, computadores e câmeras. São utilizados pela técnica de Feng Shui para corrigir fluxos energéticos e curar “doenças” de uma casa. São potentes purificadores e energizadores, aceleram a cura física, abrem caminhos, fortalecem a aura e alinham os chakras. A pirita é considerada pedra do sucesso, funciona como um imã para atrair coisas boas, novas oportunidades e bons negócios, traz prosperidade. O citrino favorece a digestão, atrai prosperidade, aumenta a força pessoal. Ágata é a pedra da saúde e proteção, protege o campo bioenergético e equilibra as forças Yin e Yang (utilizada na terapia com pedras quentes). FIGURA 6 – BARRAS DE SELENITA FONTE: <https://bit.ly/3rlVC2g>. Acesso em: 20 dez.2021. 153 FIGURA 7 – BASTÕES DE CRISTAL FIGURA 8 – PEDRAS CORRESPONDENTES AOS 7 CHAKRAS FONTE: <https://bit.ly/3ooT5Tf>. Acesso em: 04 fev. 2022. FONTE: <https://bit.ly/3HDAbj7>. Acesso em: 20 dez. 2021. A hematita fortalece a nossa coragem e disposição, desperta amor-próprio, ajuda na timidez e a superar vícios, traz proteção e fortalecimento pessoal. O ônix é a pedra do poder, afasta a depressão, ajuda a superar traumas e medos. O olho de tigre neutraliza as energias negativas, a pedra da lua aumenta o magnetismo e favorece a saúde das mulheres; já a pedra vassoura-de-bruxa é um amuleto de proteção, afasta as más influências, neutraliza inveja e purifica o ambiente (SANTIAGO, 2012). No chakra da coroa, podemos utilizar as pedras: citrino, quartzo, jaspe roxo e safira roxa; no terceiro olho, a sodalita e lápis-lazúli; no chakra da garganta, utilizar azurita, ametista, água-marinha, topázio azul ou turmalina azul (HALL, 2008). No chakra cardíaco, podem ser utilizados quartzo verde ou rosa, turmalina verde, safira verde e rubi. No plexo solar, podem ser utilizados malquita, olho de tigre, citrino e turmalina amarela; no sacral, jaspe vermelho, topázio e citrino; no chakra base, pedra- do-sangue, turmalina negra, jaspe vermelho e quartzo esfumaçado (HALL, 2008). 3.3 INDICAÇÕES Hall (2008) indica colocar o cristal apropriado sobre o órgão do corpo para reestabelecer seu equilíbrio. Por exemplo, para desordens no cérebro, utilizar: âmbar, turmalina verde ou azul-escura e ágata rendada azul; para desordens nos ouvidos, 154 utilizar: âmbar, obsidiana vermelha e preta, celesita, rondonita e calcita laranja. Quando houver desordens nos olhos, utilizar água-marinha, safira,turmalina azul-escura, celestita, fluorita azul, olho-de-gato e calcita laranja. Para problemas musculares, utilizar: magnetita e danburita; nos pulmões: berilo, turmalina cor-de-rosa, lápis-lazúli, turquesa, turmalina azul e esmeralda. Problemas no estômago: berilo e ágata-de-fogo; intestinos: celestita, fluorita verde; nos ossos: amazonita, azurita, calcita, ágata dendrítica e pirita de ferro (HALL, 2008). É indicado calcita, rondonita e magnetita para problemas articulares; para problemas de fígado: água-marinha, berilo e pedra-do-sangue; para problemas vasculares: variscita, pirolusita e obsidiana floco-de-neve. Para o sistema imunológico, a ametista, turmalina negra e lápis-lázuli. Você escolhe as pedras conforme a sua intuição e as propriedades que você deseja. Ao recebê-las, lembre-se que é importante realizar sua limpeza e energização, assim como indicado para as pedras quentes. Os mesmos cuidados de limpeza devem ser utilizados com os cristais, mas sempre tenha a referência do seu cristal, já que alguns não podem ser limpos ou (re)energizados em água. Nesse caso, utilizar fumaça (de incenso, por exemplo), outra pedra com propriedade limpante como a selenita ou reiki. Como normalmente são pedras menores, alguns terapeutas indicam que haja a limpeza energética das pedras entre um paciente e outro. O uso dos cristais é seguro, mas não deve ser feito de forma aleatória, pois existem alguns cristais que são tóxicos e prejudiciais à saúde. Se utilizados de forma incorreta, de forma prolongada, pode trazer mudanças de humor e de ânimo e provocar desconforto. Além disso, saiba a procedência das suas pedras, já que há um mercado clandestino nessa área, além da venda com nome de cristais, quando na verdade não são. 4 GEOTERAPIA A palavra geoterapia é resultante das palavras em grego, Geo (terra, lama, barro) e terapia (tratamento com princípio), sendo uma prática natural que já era utilizada há milênios por muitos povos, para fins estéticos e de saúde. Muitos animais tomavam banho de argila quando estavam doentes, através dessa observação, humanos começaram a utilizar a argila; os indígenas a utilizam para se proteger dos raios solares e para cicatrização de feridas, sendo utilizada como prática complementar em saúde há algum tempo (JORGE, 2017). A geoterapia é considerada uma medicina natural, que utiliza a terra como agente físico no tratamento e prevenção de doenças, a argila tem a capacidade de 155 Se realizado estímulo de calor (35° a 40°) tem efeito relaxante, se o estímulo for frio (15° a 20°) tem ação estimulante e tonificante. Para sua aplicação, é necessário um material de boa procedência, colher de madeira ou de porcelana e recipiente de vidro. É necessário bater a massa de argila com água, para que o atrito de quartzo gere carga elétrica, devendo ficar homogênea (JORGE, 2017). É indicada em casos de inflamações, dores, estresse, distúrbios gastrointestinais, desintoxicação, obesidade e homeostase energética. É contraindicada em casos de feridas abertas, micoses, queimaduras, pessoa com marcapasso ao utilizar no tórax, no inverno evitar aplicar com temperatura fria (JORGE, 2017). O corpo absorve os sais minerais da argila durante a aplicação, por isso é importante que a argila não seque, já que a condução é feita pela água. A argila faz a reposição mineral, estimulação de algumas enzimas e consegue reter em suas moléculas substâncias que são tóxicas para o nosso organismo, absorve as impurezas, ativa a circulação, revigora tecidos e, por isso, também é utilizada na área estética (TRUPPEL; MARAFON; VALENTE, 2020). produzir reequilíbrio térmico no organismo e transmitir energia vital (JORGE, 2017). Na terapêutica, podem ser utilizados vários tipos de argila, sendo que cada uma tem suas características físico-químicas, podem ser utilizadas em diferentes temperaturas, técnicas de aplicações e tempo de permanência (TRUPPEL; MARAFON; VALENTE, 2020). Os principais efeitos dessa terapia são a ação analgésica, sedativa, normalizadora da digestão e excreção, anti-inflamatória, cicatrizante, antisséptica, revitalizante e desintoxicante. É composta por quartzo, feldspato (grupos de minerais) e mica (grupo de minerais de filossilicatos), logo, tem efeito mineralizante, troca minerais com o corpo. Além disso, possui propriedade térmica (refrescar), propriedade osmótica de equilíbrio de líquidos com o corpo, propriedade antimicrobiana e vitalizante (promove a hidratação) (JORGE, 2017). Segundo Delfino, Medeiros e Schlindwein (2020), a geoterapia com argila verde aplicada na região lombar foi efetiva na redução da intensidade da dor lombar crônica inespecífica FIGURA 9 – APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DE ARGILA FONTE: <https://bit.ly/3gjatnR>. Acesso em: 21 dez. 2021. 156 FIGURA 10 – APLICAÇÃO ESTÉTICA DE ARGILA FONTE: <https://bit.ly/3ulV7r4>. Acesso em 21 dez. 2021. A argila possui diferentes cores e composições, é importante saber sua procedência, já que deve ser escolhida e examinada por meio de culturas microbiológicas, para investigar a presença de fungos, leveduras, bactérias ou qualquer outro tipo de contaminação (TRUPPEL; MARAFON; VALENTE, 2020). Quanto aos tipos, existe a argila branca, verde, rosa, preta e cinza dependendo das suas características físico-químicas de formação. A branca é misturada com outras cores para suavizar seus efeitos, é cicatrizante e antisséptica, suaviza rugas e linhas de expressão; a argila verde é a mais utilizada atualmente, atua na regulação da oleosidade da pele, favorece o efeito da drenagem, redutora de celulite e flacidez e acalma (TRUPPEL; MARAFON; VALENTE, 2020). Argila rosa é comum na estética, promove a elasticidade e tonificação da pele, ativa a circulação e melhora o sistema imunológico. A argila preta atua no rejuvenescimento da pele, melhora da circulação sanguínea e dormência das extremidades do corpo; a cinza, tem ação na terapia capilar, além de auxiliar na reconstrução da pele (TRUPPEL; MARAFON; VALENTE, 2020). Quando aplicada em camadas mais finas, tem fins estéticos; em camadas mais grossas, tem fins terapêuticos. Segundo Claudino (2010), a geoterapia pode tratar as mais diversas doenças, como: acnes, artrites, dores na coluna vertebral, dores musculares e de cabeça, estrias, manchas de pele, peles oleosas, queimaduras, varizes, entre outras. Por exemplo, para hidratar peles oleosas, Claudino (2010) recomenda aplicar argila branca com clara de ovos durante 60 minutos, todos os dias até o problema ser resolvido. Para dores de coluna, utilizar pasta de argila verde aquecida, aplicar uma camada bem grossa por toda a coluna, deixando agir por 90 minutos, na remoção, usar água de gengibre aquecida (CLAUDINO, 2010). Para artrite, usar compressa levemente aquecida de argila branca, aplicar no local afetado, nos dois pés e nas mãos (cobrir os dedos) durante 90 minutos, de duas a três aplicações por dia, até quando o problema persistir (CLAUDINO, 2010). Pode ser 157 FIGURA 11 – EMPLASTRO DE ARGILA FONTE: <https://bit.ly/35KYFJ2>. Acesso em: 21 dez. 2021. realizada por meio de banhos terapêuticos, máscaras faciais e emplastros (Figura 11). Alguns terapeutas recomendam abrir gazes, umedecê-las e aplicar a argila por cima da gaze. Após o tratamento, retirar as gazes com argila e limpar com algodão e água o que ainda restar na pele. No canal Saúde Zen, mostra-se de forma sucinta a aplicação da geoterapia, disponível em: https://bit.ly/3gobNWk. DICA 158 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Quando aplicada no corpo por meio da massoterapia, a terapia com pedras quentes proporciona efeito penetrante sobre o sistema muscular, chegando a corrigir disfunções de órgãos e vísceras. • Os cristais são bastante utilizados conforme a sua propriedade, energia e sintonia com os chakras e eles atuam por meio da ressonância e da vibração. • A geoterapia é considerada uma medicina natural, que utiliza a terra comoagente físico no tratamento e prevenção de doenças, a argila tem a capacidade de produzir reequilíbrio térmico no organismo e transmitir energia vital. • Terapia com pedras quentes, cristaloterapia e geoterapia, utilizam dos agentes físicos da Terra para ajudar o ser humano, sendo que estes agentes são os mais antigos na Terra, trazem a conexão com a natureza e toda potência energética para auxiliar na prevenção e tratamentos de doenças. 159 1 Com base no que você aprendeu sobre a terapia com pedras quentes, que promove os efeitos da termoterapia no maior órgão do corpo humano, a pele, é importante lembrar que o tratamento é de natureza profunda e penetrante, o poder dessas pedras influencia os receptores dos sentidos, fazendo com que ocorra uma comunicação intercelular e uma reorganização da conexão do corpo com a mente. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A terapia com pedras quentes promove uma influência positiva sobre a saúde do organismo, proporcionando equilíbrio energético. b) ( ) O calor das pedras penetra nos tecidos de maneira superficial, ficando restrito a pele, aumenta a circulação sanguínea na região. c) ( ) Diminui tensões musculares e fadiga, diminui a rigidez articular, produz efeito relaxante apenas no nível físico, já que não atinge o nível mental e emocional. d) ( ) Para o uso de pedras quentes, utiliza-se pedras vulcânicas, plutônicas e sedimentares, sendo que as mais utilizadas são as sedimentares. 2 As rochas, que são agrupamentos de minerais, são divididas em três tipos quanto a sua origem: as rochas magmáticas se formam a partir do resfriamento e solidificação do magma da Terra, sendo chamadas de plutônicas quando formadas pelo resfriamento lento nas profundezas da Terra, como granito; ou de vulcânicas, que se formam pelo resfriamento e solidificação rápida do magma, pelas erupções vulcânicas, como o basalto. As pedras sedimentares, derivam de outras rochas que sofrem a ação do tempo, da água, do vento, de reações físicas e químicas, como o arenito, argila, carvão mineral. Já as rochas metamórficas, são rochas que sofrem transformação pela ação do calor ou pressão no interior da Terra e adquirem outra estrutura, como o mármore, gnaisse e quartzito. Sobre as pedras quentes, analise as sentenças a seguir: I- Os tipos de pedras mais utilizadas na terapia com pedras quentes são as vulcânicas, como basalto e ágata, por serem pedras que retém o calor e mantém essa temperatura por mais tempo, e como são as mais antigas na Terra, trazem uma forte conexão com a natureza. II- Durante a massagem com pedras quentes, uma das técnicas que pode ser utilizada é a effleurage, uma forma de massagem envolvendo um movimento feito com a palma da mão e seus movimentos são rápidos e intensos. III- As pedras quentes atuam nos três níveis: físico, proporcionando relaxamento e alívio de dores; mental e espiritual, diminuindo estresse, acalma a mente e melhora da autoestima; energético, promove abertura e ativação do fluxo energético, renovando a energia vital. AUTOATIVIDADE 160 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Os cristais são utilizados na decoração, para equilíbrio, proteção dos ambientes e potencialização de energias positivas no ambiente, são utilizados em joias, como demonstração de poder e proteção. Alguns cristais, como quartzo enfumaçado e turmalina negra, tem a propriedade de absorver energias negativas e irradiar energia pura e limpa por exemplo. Sobre o uso terapêutico dos cristais e sua utilização conjunta com os chakras, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) No chakra da coroa, podemos utilizar as pedras: citrino, quartzo, jaspe roxo e safira roxa; no terceiro olho, sodalita e lápis-lazúli. ( ) No chakra da garganta, podemos utilizar quartzo verde ou rosa, turmalina verde, safira verde e rubi. ( ) No plexo solar, malquita, olho de tigre, citrino e turmalina amarela; no sacral, jaspe vermelho, topázio e citrino; no chakra base, pedra-do-sangue, turmalina negra, jaspe vermelho e quartzo esfumaçado. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Na reportagem “Cristaloterapia: cristais como ferramentas de resgate do bem-estar”, da Revista Medicina Integrativa, em 03/09/2020, fala: “Cristaloterapia é a terapia em que se utilizam cristais como principais ferramentas para o tratamento do cliente, cuja forma de aplicação e duração serão determinadas pelo terapeuta, de acordo com a análise realizada previamente. O uso dos cristais, quando indicado e prescrito por um profissional especialista na área, é seguro. Não deve ser feito de forma aleatória, pois existem alguns cristais que são tóxicos e prejudiciais à saúde. E, mesmo que não haja toxicidade, a utilização prolongada de um cristal pode trazer mudanças de humor e de ânimo e provocar reações ou desconforto, sem o conhecimento por parte de quem o esteja usando. Por exemplo: um cristal indicado para cuidar de fadiga ou desânimo, se usado no período de dormir, pode trazer insônia ou efeitos ainda mais severos”. Sobre a utilização dos cristais como forma de cura, cite três cristais e suas funções e descreva quais cuidados são necessários com estas pedras. FONTE: <https://bit.ly/3IVDjqH>. Acesso em: 21 dez. 2021. 161 5 A geoterapia com argila verde aplicada na região lombar foi efetiva na redução da intensidade da dor lombar crônica inespecífica, além disso, a argila verde é aplicada em casos de desequilíbrio e em quadros de doenças crônicas e/ou dor, como em dores articulares, pelas suas propriedades analgésicas, anti-inflamatória, equilibradora e auxiliadora da homeostase. Defina a geoterapia e descreva para que ela pode ser utilizada. 162 163 REFLEXOLOGIA PODAL, TUI NA E QUIROPRAXIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a reflexologia podal, o tui na e a quiropraxia. A reflexologia podal que iremos estudar neste tópico vai relembrar alguns conceitos da reflexologia que vimos na Unidade 2 deste livro; assim como a orelha tem conexões com todo o corpo, os pés também apresentam esta conexão, que veremos no decorrer desta unidade. O Tui na ou tui ná é uma das mais antigas técnicas de massagem presentes na China, o meio físico de aplicação são as mãos do terapeuta, que realiza massagens pelo corpo com a intenção de melhorar o fluxo de energia dos canais. É bastante utilizado com outras terapias da MTC, como a acupuntura e moxabustão que vimos na Unidade 1 deste livro. A quiropraxia é uma terapia integrativa, presente na lista de práticas integrativas em saúde do SUS desde 2017, refere-se ao diagnóstico e tratamento de condições do sistema neuromusculoesquelético, principalmente da coluna vertebral, seu meio físico de atuação também é as mãos do terapeuta. Através do tratamento manual, como a terapia de tecidos moles e a manipulação articular ou "ajustamento", são realizados ajustes na coluna vertebral e em outras partes do corpo. 2 RELEMBRANDO A REFLEXOLOGIA Acadêmico, vamos relembrar! A reflexologia baseia-se na correlação entre as partes do corpo com o pavilhão auricular, as mãos e os pés, através do estudo da embriologia. A hipótese está ligada em que os órgãos e tecidos se desenvolvem a partir de camadas germinativas do feto, o endoderma, ectoderma e mesoderma, e essa ligação permanece pelo resto da vida. Cada uma dessas camadas vai dar origem pela sua multiplicação a partes do organismo humano, o endoderma formará a maioria dos órgãos internos, o fígado, pâncreas, sistema respiratório, urinário, tireoide (exceto coração e rins) e o epitélio de revestimento do tubo digestivo; a ectoderma formará a epiderme (pele), sistema nervoso, medula espinal, nervos, cabelos, unhas,dentes, córnea, mucosa do nariz; a mesoderma formará os músculos esqueléticos e lisos, cartilagens, ossos, tecidos conjuntivos, vasos sanguíneos, glândulas endócrinas, órgãos urogenitais, tecido linfático, entre outros (FARIAS; SILVA, 2018) UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 164 Segundo Farias e Silva, (2018), as camadas germinativas dão origem às estruturas anatômicas que compõem o corpo, sendo que algumas partes do corpo são capazes de gerar reação reflexa em várias outras partes do corpo. 2.1 ANATOMIA DO PÉ O pé compreende os ossos do tarso, os ossos do metatarso e as falanges (ossos dos dedos do pé). Possui duas funções importantes que são: suportar o peso do corpo e atuar como uma alavanca para impulsionar o corpo para a frente durante uma caminhada ou corrida (ANATOMIA DO PÉ, 2018). Possui ligamentos, músculos, veias, artérias e nervos. Sobre a inervação, veremos a seguir na Figura 12. Lembre-se que o pé é dividido em região plantar (região onde estarão a maior parte das zonas reflexas) e dorsal (é o que enxergamos quando olhamos nosso pé de cima). Pelas imagens é possível observar que a planta do pé é inervada principalmente pelo nervo tibial e suas ramificações; e a parte dorsal do pé pelo nervo fibular e suas ramificações. Os pés possuem uma vasta quantidade de terminações nervosas, que fazem com que os estímulos sejam rapidamente enviados ao resto do corpo. FIGURA 12 – INERVAÇÃO CUTÂNEA DO PÉ FONTE: Netter (2008, p. 541-542) 165 2.2 REFLEXOLOGIA PODAL Iniciaremos com o estudo das zonas longitudinais, que foram descritas por dr. Fitzgerald, são zonas que sobem pelos pés, corpo, cabeça, até chegar às mãos. Há cinco zonas no lado direito do corpo e cinco no lado esquerdo, sendo que em seu interior, há um fluxo de energia que flui nessa zona (HALL, 1997). Dessa forma, a via longitudinal é representada no pé. Ao realizarmos estímulos nessa zona, atingiremos toda a zona respectiva no corpo. É importante ressaltar que as zonas longitudinais não são as mesmas dos meridianos, conforme a MTC. Podemos olhar os estímulos no pé através da MTC, mas, nesse caso, os pontos e áreas utilizadas serão baseados nos 12 meridianos principais de energia, que estudamos na Unidade 1, estes não são iguais as zonas longitudinais. Por isso, ao aplicar a reflexologia podal é importante escolher uma base de estudos. Além das zonas longitudinais, existem as zonas transversais, que se referem à cintura escapular, à cintura e à cintura pélvica. Na Figura 14, observe que três linhas transversais separam as regiões do corpo nos pés. FIGURA 13 – SISTEMA ZONAL LONGITUDINAL FONTE: <https://bit.ly/3uilldS>. Acesso em 24 dez. 2021. Para se aprofundar mais na anatomia dos pés, veja o link: https:// bit.ly/3ojQji5. DICA 166 FIGURA 13 – SISTEMA ZONAL LONGITUDINAL FIGURA 15 – MAPA REFLEXOLOGIA PODAL FONTE: <https://bit.ly/3rvHVhv>. Acesso em 25 dez. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3J2xZlt>. Acesso em 25 dez. 2021. É possível ainda considerar braços e pernas como zonas correlatas, ou seja, as zonas longitudinais passam ao longo do corpo descendo por pernas e braços, e algumas áreas têm correlação especial, como ombro e quadril, cotovelo e joelho, pulso e tornozelo e mão e pé quando do mesmo lado do corpo (HALL, 1997). Isso significa que, pela reflexologia, pode-se atuar na área correlata para se atingir a área correspondente. O desenvolvimento da reflexologia demonstrou que determinadas regiões do corpo, os plexos nervosos (terminações nervosas sensíveis a dor que indicam quais partes do corpo estão em desequilíbrio), têm ligação claramente determinada com órgãos, sistemas e estados emocionais. Por serem interligados a uma área específica, quando estimulados corretamente, os plexos nervosos enviam e recebem informações dos órgãos a que são ligados, restabelecendo o seu funcionamento ideal (LOURENÇO, 2002). 167 2.3 TRATAMENTO Antes de iniciar o tratamento, é necessário realizar a avaliação com histórico detalhado do caso do paciente, tudo o que houver para saber a respeito de sua saúde, sintomas físicos, estado emocional e horas de sono (HALL, 1997). O ideal é sentar seu paciente numa cadeira reclinável para que você tenha melhor acesso aos pés. Após realizar limpeza dos pés com panos umedecidos, para remover a sujeira superficial e refrescar, realizar uma massagem geral nos pés para que o paciente se acostume com o toque (HALL, 1997). O tratamento compreende a aplicação de pressão com a ponta do polegar nos pontos das zonas reflexas precisos, essa pressão é firme, mas não forte, e a partir das reações ou grau maior ou menor de desconforto na região, é possível saber que partes correspondentes do corpo estão em desequilíbrio (HALL, 1997). O tratamento é realizado nos dois pés, os estímulos podem ser aplicados também com objetos ou suportes. Quando aplicados com os dedos, o reflexologista não deve ter unhas compridas, pois podem causar lesões na pele do paciente (GALETTI; GUERRERO; BEINOTTI, 2015). O tratamento é concentrado exclusivamente nos pontos de reflexos equivalentes a cada região afetada e ajuda no tratamento de dores de cabeça, coluna, fígado, ouvido, seios nasais, pescoço, olhos, garganta, baço, coração, pulmão, entre outros órgãos (GALETTI; GUERRERO; BEINOTTI, 2015). Pode ser usada também para manter o corpo em bom funcionamento, atuando preventivamente. A reflexologia pode ter um feito profundo na nossa saúde e no nosso bem-estar ao reequilibrar, limpar e renovar o nosso sistema energético interno. Quando a energia vital está bloqueada, lenta ou desequilibrada, os tratamentos regulares de reflexologia têm o efeito de dissolução natural, aumentando a qualidade da energia até ao ponto mais saudável que o nosso corpo e a nossa mente permitam (VENNELLS, 2003, p. 20). O paciente irá sentir relaxamento, poderá sentir desconforto em pontos dolorosos, alívio ou pontadas agudas que passam rápido. A terapia possui algumas contraindicações, tais como: gravidez, fraturas ou lesões recentes nas áreas, varizes expostas, quadros de dermatite, quadro crônico de doença degenerativa, complicações da diabetes e cardiopatias com uso de marca-passo (LOURENÇO, 2002). Segundo Silva e colaboradores (2017), tem efeitos comprovados para tratamentos de patologias músculo esqueléticas, na redução da pressão arterial e frequência cardíaca, na melhora da qualidade do sono e para diminuição do nervosismo e estresse. 168 Acadêmico, lembre-se que a reflexologia podal é parecida com a auriculoterapia e com a quiroacupuntura, pois são áreas específicas do corpo (pés, mãos, orelhas) que se conectam energeticamente e representam o organismo em sua totalidade, além disso, são áreas do corpo que possuem terminações nervosas em grande quantidade, o que as fazem receber e levar os estímulos mais facilmente pelo corpo. 3 TUI NA A MTC traz com o Tui na mais uma de suas técnicas integrativas em saúde. O meio físico de estimulação do Tui na são as pressões dos dedos do terapeuta, podendo ser utilizados também os cotovelos e palma das mãos, e podendo associar com alongamentos. Consiste na manipulação de acupontos e meridianos (estudados brevemente na Unidade 1), com diversas técnicas de massagem, todo o tratamento é fundamentado nas bases da MTC. É indicada para as mais diversas patologias e contraindicada em casos de tumores malignos, doenças infecciosas, fadiga extrema, em processo recente de digestão ou em jejum, na região lombar ou abdominal de grávidas, ou no período da menstruação (evitar). Tem o objetivo de fazer o Qi circular, desbloqueando o que está impedindo (TSÉ, 2015) O termo Tui quer dizer “empurrar” enquanto Na quer dizer “agarrar”. Durante os tempos antigos, o povo chinês sabia que palpar, pressionar ou bater nas partes do corpo afetadas podia aliviar a dor e melhorar alguns sintomas, e então iniciaram os estudos nessa área. O vídeo a seguir é a demonstração de uma aula prática de reflexologia podal pelo professor Marcelo Doi,publicado em 2021, no canal Massoterapeuta de Sucesso: https://bit.ly/32TglkH. DICA 169 FIGURA 16 – PRÁTICA MILENAR DO TUI NA FIGURA 17 – MANOBRAS UTILIZADAS NO TUI NA FONTE: <https://bit.ly/3IYgaUp>. Acesso em: 25 dez. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3477VH5>. Acesso em: 25 dez. 2021. A técnica é aplicada com toques leves que vão se intensificando, atuando da superfície para o interior do corpo, em movimentos ritmados, alternando lentidão e rapidez. Nessa massagem chinesa, são utilizadas várias manobras, que possuem nomenclaturas chinesas; no entanto, falaremos nas nomenclaturas em português, sendo as manobras: pressionar, movimento linear, movimento circular, empurrar-girar, beliscar- agarrar, vibrar, bater, inserir. Ainda podem ser utilizadas técnicas de movimentação dos membros rapidamente com empurrar-puxar, girar, oposição, levantar e sacudir. A aplicação da técnica melhora a circulação de Qi e xue no organismo, remove estagnações, elimina a dor, gera calor, combate ação de fatores patogênicos, aumenta a resistência imunológica e previne doenças e promovendo o relaxamento psíquico. Acredita-se que melhora a microcirculação do sangue e do sistema linfático, além de trazer recuperação mais rápida para as várias lesões dos tecidos moles (músculos, tecido conjuntivo, entre outros) (YA-LI, 1999). 170 A técnica é bastante realizada nos pontos do canal principal de energia da bexiga, localizados na região posterior do corpo, próximo aos processos transversos das vértebras da coluna, como demonstrado na Figura 18. Após realizar a avaliação completa do paciente conforme os fundamentos da MTC, inicia-se a prática do Tui na. Esta é a prática mais escolhida para ser utilizada no tratamento em conjunto com a acupuntura (PRITCHARD, 2010). O terapeuta tem uma demanda física e energética ao realizá-la e necessita praticar diariamente. Além das manobras utilizadas, é necessário a movimentação do Qi do próprio terapeuta, e por isso é recomendado muita dedicação nos estudos dessa técnica (PRITCHARD, 2010). Devido seus benefícios, há muitos estudos dessa prática na literatura. Já há comprovação na melhora da dor cervical, para espasticidade após acidente vascular cerebral, melhora de dor crônica lombar, entre outras. Veja mais sobre a técnica do Tui na no canal Centro de Medicina Chinesa, com a Dra. Raquel Terra. Neste vídeo, ela utiliza as manobras de Tui na para tratamento de cervicalgia: https://bit.ly/3okOjGa. Efeitos do Tui na também são demonstrados nos seguintes artigos: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/acn3.759. e https:// bit.ly/3ghyv2m. DICA FIGURA 18 – CANAL DA BEXIGA E TUI NA FONTE: <https://bit.ly/3HqmdAH>. Acesso em: 26 dez. 2021. 4 QUIROPRAXIA A quiropraxia é uma terapia complementar em saúde, que também utiliza das mãos do terapeuta como meio físico de atuação no corpo. Essa prática lida com o diagnóstico, tratamento e prevenção das desordens do sistema neuro- musculoesquelético e de seus efeitos na saúde em geral (LOPES et al. 2015). 171 Através de técnicas manuais, como o ajuste e manipulação articular, o quiropraxista utiliza as mãos para que o corpo volte a funcionar de forma plena, sem o uso de medicamentos ou cirurgias (LOPES et al. 2015). O tempo de recuperação das lesões depende de vários fatores, como idade, estilo de vida, duração do problema, tipo de trabalho, dieta, atitude e cooperação do paciente. Inicialmente, é necessário ir com maior frequência, de uma a três vezes por semana, e essa frequência vai reduzindo com a progressão do quadro clínico, é comum os tratamentos durarem em torno de três meses (LOPES et al. 2015). O criador da técnica é Daniel David Palmer, que em 1895 já estudava e definia a quiropraxia, “prática com as mãos” (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013), como representado na Figura 19. Os Estados Unidos concentram o maior número de profissionais quiropraxistas, estes, mesmo após muitos anos de surgimento da técnica, continuam fiéis à prática não-invasiva e baseada em terapias manuais para a melhora da saúde dos pacientes (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). As principais procuras pelo tratamento são as algias lombares e pélvicas, cervicalgias, cefaleias, condições de membros inferiores e superiores, entre outros. Igualmente às outras terapias, inicialmente é realizada uma anamnese completa do indivíduo, passando para o exame físico que consiste na avaliação dos sistemas locomotor e neurológico periférico (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). Alguns métodos de avaliação quiroprática normalmente são utilizados, como a avaliação postural, a análise da marcha, a palpação articular estática e dinâmica e a avaliação da amplitude de movimento das articulações afetadas BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). O tratamento com quiropraxia baseia-se em técnicas de ajustes quiropráxicos, que devolvem os micromovimentos normais à coluna vertebral, reduzindo a compressão neural responsável pela sintomatologia dolorosa daquele determinado dermatómo FIGURA 19 – CRIADOR DA QUIROPRAXIA FONTE: <https://bit.ly/3HDSkgJ>. Acesso em: 26 dez. 2021. 172 (SILVA et al. 2012). A principal técnica utilizada é a terapia de manipulação articular (TMA), a manipulação pode ser definida como a movimentação passiva de uma vértebra, com alta velocidade e baixa amplitude, além da amplitude de movimento fisiológico e dentro do limite de ajuste anatômico (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). A manipulação articular é normalmente acompanhada por uma onda sonora, percebida como um estalido. Esta onda sonora ocorre devido ao mecanismo de cavitação articular que acontece durante uma manobra de manipulação. A cavitação é um fenômeno físico, cujas propriedades podem ser replicadas em várias articulações do corpo e ela pode ser explicada da seguinte forma: quando a articulação é submetida a uma força de tração, a separação das superfícies articulares leva à redução da pressão intra-articular do líquido sinovial. Como o conteúdo do espaço articular não é expansível, observa-se a penetração da cápsula articular e a redução da pressão intra-articular, esta queda da pressão abaixo da pressão parcial de dissolução do gás carbônico determina a formação de bolhas de gás carbônico neste espaço. Isto determina ruptura da força de coaptação entre as superfícies articulares opostas, gerando uma rápida separação entre elas. Esta rápida separação leva ao súbito tensionamento da cápsula articular. Isto determina a vibração dos tecidos periarticulares, o que gera a emissão de uma onda sonora, o estalo (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013, p. 177). Acadêmico, provavelmente você deve reconhecer a prática da quiropraxia pelos estalos durante as manipulações, que são muito comuns. Muitas pessoas relaxam apenas com a emissão da onda sonora do estalido, que pode gerar a sensação de alívio. Durante o período da pandemia, em 2020, foi bastante procurada pelos indivíduos, já que proporciona alívio e bem-estar, pois a manipulação provoca efeitos fisiológicos locais e sistêmicos (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). Segundo o Manual MSD Versão Saúde Para a Família, dermátomo é área específica superficial da pele; é a área da pele onde todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa. Os nervos sensoriais transportam informações sobre coisas, como tato, dor, temperatura e vibração, desde a pele até a medula espinhal: https:// msdmnls.co/3tCaqvj. NOTA 173 Entre os benefícios dessa técnica, podemos destacar a diminuição da intensidade da dor, o aumento da amplitude de movimento articular, o aumento do limiar de dor à pressão, a diminuição da tensão muscular e da atividade elétrica da musculatura, o aumento do fluxo sanguíneo periférico, maiores níveis plasmáticos de beta-endorfina e o aumento da atividade metabólica dos neutrófilos (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). Algumas contraindicações estão ligadas à presença de déficit neurológico progressivo, fratura ou luxações em fasede consolidação, instabilidade segmentar das articulações vertebrais, uso de anticoagulantes e fraqueza óssea (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). Pode haver efeitos adversos que devem passar em até 48 horas e que ocorrem com pouquíssima frequência, entre eles: desconforto no local, dor irradiada, contratura muscular, tontura, cansaço, dor de cabeça e náusea (BRACHER; BENDICTO; FACCHINATO, 2013). Algumas manobras de manipulação são mais perigosas e, por isso, essa prática integrativa exige curso em nível de pós-graduação ou formação completa em nível de graduação. A quiropraxia é um tratamento natural, que preconiza a relação entre todos os tecidos musculoesqueléticos do corpo, fáscias, músculos, ligamentos e o sistema nervoso, de forma integrada. Cabe ao quiropraxista restaurar a normalidade dos tecidos e permitir a adaptação do corpo, sendo a coluna vertebral um dos principais pontos de atuação nessa prática. O bom funcionamento do sistema nervoso indica uma boa capacidade do corpo em se adaptar e restaurar-se (VASCONCELOS, 2008). FIGURA 20 – MANOBRA DA QUIROPRAXIA FONTE: <https://bit.ly/35y9aPF>. Acesso em: 26 dez. 2021. 174 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A reflexologia podal, atua de forma semelhante à auriculoterapia, é uma prática que realiza estímulos nos pontos correspondentes do corpo nos pés. Assim como a orelha, os pés possuem milhares de terminações nervosas que fazem com que estímulos dessa região sejam recebidos no sistema nervoso central e espalhados pelas regiões específicas a tratar. • Existem zonas reflexas longitudinais e transversais que ligam principalmente os órgãos e tecidos que estão presentes nessas regiões. Podemos tratar um problema na cabeça com o ponto correspondente nos pés. • O tui na é uma técnica de massagem chinesa, que conta com várias manobras, como amassar, deslizar, pressionar, deslizamentos circulares, entre outras. É realizada em todo corpo, mas principalmente nas costas, com movimentos rítmicos e precisos, pelas mãos do terapeuta, que pode utilizar os dedos, a palma das mãos e o cotovelo para aplicação da técnica. • Tui na tem sua base fundamentada nos conceitos da MTC, é uma técnica que exige atenção e dedicação com muita prática e estudo, já que demanda muita energia do terapeuta. • A quiropraxia é uma técnica que também utiliza as mãos do terapeuta para restaurar as desordens do organismo, é aplicada principalmente na coluna vertebral, pois considera-se que esta está em ligação com todo o sistema neuro-musculo- esquelético. A ligação de todos os tecidos musculares com o sistema nervoso é que fundamenta as teorias da quiropraxia. • A quiropraxia é bastante conhecida pelos estalidos que gera durante suas manobras de manipulação, sendo que a principal utilizada pelos quiropraxistas é a terapia de manipulação articular. 175 1 A reflexologia podal consiste em pressionar e massagear os pontos reflexos dos pés, pois estes conseguem representar todo o corpo. A reflexologia ensina que existe uma energia vital que percorre os órgãos do corpo, permeando todas as células e tecidos, ao estimular um ponto reflexo no pé, estimulamos toda a sua zona reflexa. Sobre as zonas reflexas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Existem cinco zonas longitudinais em cada hemicorpo, e também três zonas transversais que representam a região da cintura escapular, o abdome e a cintura pélvica. b) ( ) Existem três zonas longitudinais por onde circula energia vital no corpo, estas estão presentes no lado direito e esquerdo do corpo; as zonas transversais dividem a região plantar e região dorsal do pé. c) ( ) Existem zonas longitudinais presentes tanto no lado direito quanto esquerdo do corpo, e zonas reflexas transversais que dividem o pé em zonas reflexas da cabeça, membros superiores e membros inferiores. d) ( ) Pelas cinco zonas reflexas longitudinais presentes em cada hemicorpo, flui a energia vital; pelas zonas reflexas transversais não há fluxo de energias, apenas representação reflexa. 2 “Uma massagem, quando bem aplicada, pode promover grande relaxamento em seu corpo, e levar à sensação de bem-estar em diversos níveis. Mas se for uma Tui Na, massagem que faz parte da ampla gama de terapias da Medicina Tradicional Chinesa, o efeito vai muito além do relaxamento”. Sobre esse tema, analise as sentenças a seguir: FONTE: <https://bit.ly/34djlcb>. Acesso em: 17 jan. 2022. I- O tui na é uma massagem chinesa que utiliza os dedos, palma das mãos, cotovelos do terapeuta na aplicação de técnicas manuais para restauração da saúde do organismo. II- Essa forma de massagem traz benefícios de relaxamento, alívio de dores agudas e crônicas, bem-estar psicológico, equilíbrio energético e prevenção de problemas de saúde. III- É bastante realizada nos pontos do canal principal de energia da bexiga, localizados na região posterior do corpo e tem origem na cultura ocidental. IV- É uma técnica que demanda bastante energia do terapeuta, precisa ser bem estudada e muito praticada. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 176 c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença I está correta. 3 As práticas integrativas em saúde são recursos terapêuticos que buscam a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. De acordo com os conhecimentos adquiridos sobre reflexologia podal, tui na e quiropraxia, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Quiropraxia. II- Reflexologia Podal. III- Tui na. ( ) A aplicação da técnica melhora a circulação de Qi e xue no organismo, remove estagnações, elimina a dor, gera calor, combate ação de fatores patogênicos, aumenta a resistência imunológica e previne doenças, promovendo o relaxamento psíquico. ( ) Conduz ajustes na coluna vertebral e outras partes do corpo, visando a correção de problemas posturais, o alívio da dor e favorecendo a capacidade natural do organismo de auto cura. ( ) Prática terapêutica que utiliza estímulos em áreas reflexas – os microssistemas e pontos reflexos do corpo existentes nos pés, mãos e orelhas, para auxiliar na eliminação de toxinas, na sedação da dor e no relaxamento. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III. b) ( ) II – I – I. c) ( ) III – II – I. d) ( ) III – I – II. 4 Segundo a Política Nacional de Práticas Integrativas em Saúde, a quiropraxia é uma terapia que atua no diagnóstico, tratamento e prevenção das disfunções mecânicas do sistema neuro-musculo-esquelético e seus efeitos na função normal do sistema nervoso e na saúde geral. Esta enfatiza o tratamento manual, como a terapia de tecidos moles e a manipulação articular ou "ajustamento", que conduz ajustes na coluna vertebral e outras partes do corpo, visando a correção de problemas posturais e o alívio da dor. Disserte sobre quais são os benefícios, indicações e contraindicações da quiropraxia. 5 A reflexologia podal pode ser aplicada tendo como base a medicina tradicional chinesa, mas também a base do dr. Fitzgerald, que nos traz as ligações de todo o corpo nas zonas reflexas longitudinais e transversais. Quando aplicada pelas mãos de um terapeuta holístico, essa terapia produz inúmeros efeitos e benefícios. Nesse contexto, disserte sobre os benefícios da reflexologia podal e sobre suas indicações e contraindicações. 177 TÓPICO 3 - OSTEOPATIA, CROMOTERAPIA E TERMALISMO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos primeiramente a Osteopatia, terapia complementar em saúde que, assim como a quiropraxia, é realizada com as mãos do terapeuta, prática de técnicas manuais criada por Andrew Taylor Still, nos Estados Unidos, que preconiza a autocura do corpo. Na continuidade, abordaremosa Cromoterapia, uma forma complementar de tratamento em saúde que se aplica através dos feixes luminosos das cores. Normalmente, essa técnica é utilizada juntamente com outras técnicas, como cristaloterapia, reiki, reflexologia podal, auriculoterapia, entre outras. E, por último, abordaremos o Termalismo, também considerada prática complementar em saúde, essa terapia age através dos efeitos da água no nosso organismo. Vamos observar os diferentes tipos de termalismo e como beneficiar a saúde integral do indivíduo com essa terapia. 2 OSTEOPATIA A osteopatia é uma terapêutica utilizada para tratar problemas biomecânicos, através de manobras manuais, considera que toda disfunção tem alterado alguns princípios (lei da artéria, hipo e hipermobilidade, unidade corporal, estrutura governa a função), produzindo processos inflamatórios crônicos, que levam a disfunções somáticas (FERREIRA, 2015). As disfunções somáticas são alterações nos impulsos neurológicos, que alteram as funções correspondentes, que estão relacionadas às estruturas anatômicas, arteriovenosas, articulares, viscerais e pele (FERREIRA, 2015). O termo vem do grego osteon- “ossos” e pathos- “doença, experiência, sofrimento”. Porém, a osteopatia vai muito além da sua definição literal, ela se baseia no princípio de que todos os sistemas do corpo estão relacionados no desenvolvimento das suas funções, princípio da unidade corporal (VASCONCELOS, 2008). UNIDADE 3 178 Para o criador da técnica, as doenças se originam de distúrbios presentes nas estruturas corporais (ossos, músculos, pele, glândulas, entre outras) (VASCONCELOS, 2008). Uma das principais estruturas estudadas nessa técnica é a fáscia, que nada mais é que o envoltório de tecido conectivo que todo o corpo internamente está envolvido, ela faz o suporte, conexão e cria espaços, hidrata e gera informação, sendo o maior órgão sensorial em extensão (VASCONCELOS, 2008). Como o corpo humano está em constante movimento, acredita-se que toda desordem no sistema miofascioesquelético e/ou visceral leva à desorganização das fáscias, comprometendo o bom funcionamento dos sistemas (VASCONCELOS, 2008). A Escola de Osteopatia de Madrid define a osteopatia como terapia manual que ajuda a aliviar, corrigir e recuperar lesões musculoesqueléticas e patologias orgânicas (QUE ES LA OSTEOPATIA, 2022). A intervenção osteopática realiza um diagnóstico funcional a partir da qual utiliza um conjunto de métodos e técnicas com finalidade terapêutica e/ou preventiva, que aplicados manualmente sobre os tecidos musculares, articulares, conjuntivos, nervosos, obtém reações fisiológicas que equilibram e normalizam as diferentes alterações musculares, osteoarticulares, orgânicas e funcionais, melhorando ou resolvendo o quadro clínico e atuando especialmente em suas manifestações dolorosas. Além disso, como a Osteopatia atua em diferentes tecidos corporais, foi classificada por alguns métodos em três grandes divisões de técnicas: Osteopatia Estrutural (direcionada ao sistema musculoesquelético), a Osteopatia Visceral (atua sobre os tecidos que participam nas funções das vísceras, em todos os tecidos que asseguram o funcionamento orgânico) e a Osteopatia Craniana (e terapia crânio saral, que atuam na liberação e facilitação da micromobilidade do crânio através das meninges e líquor). FIGURA 21 – FÁSCIA, RECOBRINDO TECIDOS MUSCULARES FONTE: <https://bit.ly/3sheTB8>. Acesso em: 27 dez. 2021. 179 2.1 BENEFÍCIOS, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES A osteopatia é indicada principalmente para indivíduos com dores de coluna, hérnias de disco, dor ciática, dores de cabeça e pescoço, dores de tensão muscular, problemas articulares, problemas viscerais, como constipação e refluxo. As contraindicações são relativas e as mesmas que para qualquer mobilização articular, deve-se ter cuidado em casos de hipermobilidade, derrame articular e inflamação. A técnica estimula a atividade biológica do líquido sinovial presente nas articulações, aumentando a amplitude de movimento, reestabelecendo o equilíbrio visceral, proporcionando ao corpo maior estabilidade para o seu processo de autocura. Atualmente, no Brasil, a formação em osteopatia exige graduação em Fisioterapia, mas em escolas de outros países é necessário, pela regulamentação, comprovar uma carga horária mínima de mil horas de aulas presenciais teórico-práticas e, no mínimo, quinhentas horas de atividades práticas supervisionadas. Estudos demonstram que a intervenção osteopática em idosos, por exemplo, melhora o componente físico na avaliação da qualidade de vida (POVOA et al. 2011), melhora a dor e a função de indivíduos com dor lombar aguda e crônica não específica (FRANKE; FRANKE; FRYER, 2014) e melhora dor crônica de origem não cancerígena (REHMAN et al. 2020). FIGURA 22 – TÉCNICA MANUAL DE OSTEOPATIA FONTE: <https://bit.ly/3glHBeG>. Acesso em: 27 dez. 2021. Para saber mais sobre a técnica, assista ao vídeo publicado pelo Dr. Alexandre Mota: https://www.youtube.com/watch?v=__1Y-uakOU4. No vídeo a seguir, do Dr. Fábio Bastos, ficam evidentes as diferenças entre osteopatia e quiropraxia: https://bit.ly/3HuCqFa. DICA 180 3 CROMOTERAPIA É uma abordagem complementar em saúde que utiliza dos comprimentos de onda visíveis ao olho humano (cores) para aplicação na restauração e equilíbrio da saúde, diferentes colorações de luzes são utilizadas para suprir a falta energética (seja ela física, emocional, mental ou espiritual) (NEVES, 2014, p. 9). A cromoterapia utiliza a vibração das cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio físico-energético em áreas do corpo que apresentam alguma disfunção. As propriedades terapêuticas de cada cor vão agir nos campos energéticos (chakras), corrigindo e reativando o campo vibratório celular. 3.1 AS CORES E SEUS EFEITOS Ondas eletromagnéticas visíveis estão dentro do espectro 0,74 mícron e 0,38 mícron de comprimento de onda, e cada comprimento e frequência irá resultar em uma luz diferente, determinando cada cor (NEVES, 2014). Veja na Figura 24 o espectro visível da luz. FIGURA 23 – APLICADORES COM PONTA EM CRISTAL PARA CROMOTERAPIA FONTE: <https://bit.ly/3J5gnp5>. Acesso em: 28 dez. 2021. FIGURA 24 – ESPECTRO LUZ VISÍVEL (nm) FONTE: <https://bit.ly/34fOcVx>. Acesso em: 28 dez. 2021. 181 No Quadro 1, podemos observar as diferentes frequências e comprimentos de ondas das cores (a palavra “ciano” refere-se a azul claro). Quando estivermos realizando a terapia com cores, estaremos enviando frequências de onda para o corpo do indivíduo, que farão a recuperação celular. No nosso cérebro, as cores podem despertar certas sensações e, por isso, as cores têm significados diferentes. A seguir, veremos os significados de cada cor. • Vermelho: significa paixão, excitação, energia, é uma cor quente e estimulante. Associada ao poder, guerra, perigo e violência. Cor do elemento fogo, representando o coração e o sangue. Representa sentimento de amor e paixão, estimula a sexualidade. Estimula o sistema nervoso, a circulação sanguínea e traz energia ao corpo, eleva a autoestima. Em excesso, essa cor pode provocar inquietação, nervosismo e confusões (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Laranja: significa vitalidade, alegria, sucesso, prosperidade, é uma cor quente e, associada à criatividade, desperta a mente, auxilia na assimilação de novas ideias, representa energia, entusiasmo, comunicação e espontaneidade. Associada também ao verão, calor, diversão, liberdade. Em excesso, pode gerar nervosismo, ansiedade, descontentamento (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Amarelo: significa luz, calor, descontração, alegria, otimismo, simboliza o sol, verão, prosperidade. Cor inspiradora, estimula as atividades mentais e raciocínio, concentração e atenção. Em excesso, pode gerar ansiedade e distração (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). Amarelo-ouro ou dourado representa riqueza, dinheiro, nobreza, inteligência, luxo (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021).• Verde: significa esperança, liberdade, saúde e vitalidade. Simboliza a natureza, o dinheiro, juventude, associado ao crescimento e renovação. É uma cor que acalma, trazendo equilíbrio ao corpo e espírito. É considerada uma cor neutra, mas não se aconselha utilizá-la em excesso com cores como vermelho e amarelo, pois pode gerar sentimentos de inveja, posse ou raiva (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Rosa: significa romantismo, ternura, ingenuidade, culturalmente associada ao feminino, representa beleza, suavidade, delicadeza, fragilidade. Tons de rosa claro são associadas ao amor e romantismo, os tons mais escuros à sensualidade e sedução. É a cor das emoções, afetos, compreensão, amor verdadeiro (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). QUADRO 1 – FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO DE ONDAS DAS CORES FONTE: <https://bit.ly/3uoGUJG>. Acesso em: 28 dez. 2021. 182 • Azul: significa tranquilidade, serenidade, harmonia, espiritualidade, é uma cor fria, associado também à frieza, monotonia e depressão. Simboliza água, céu e infinito. Diminui a circulação sanguínea, reduz a temperatura corporal, baixa a pressão arterial, favorece o exercício intelectual, e possui diversos tons. Tons mais escuros estão ligados às profundezas, tons mais claros associados à higiene e frescor (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Roxo ou púrpura: ligado ao mundo místico, significa espiritualidade, mistério, magia, introspecção. Estimula o contato com o lado espiritual, é a cor da transformação. Em excesso, pode se tornar melancólica e depressiva (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Branco: significa paz, pureza, limpeza, inocência, espiritualidade, virgindade, reflete todas as cores do espectro visível, reestabelece o equilíbrio interior. Em excesso, pode transmitir frieza, vazio, impessoalidade (CORES E SEUS SIGNIFICADOS, 2021). • Preto: cor mais escuro do espectro, simboliza respeito, morte, isolamento, solidão, medo. Ausência de cor ou de luz, representa o luto, ao mesmo tempo a elegância, dignidade, luxo e sofisticação. Também pode representar a nobreza e seriedade; absorve todas as cores do espectro. O significado das cores e a sensação que é percebida pelo cérebro ao visualizá- las são muito utilizados pelas empresas de marketing para aumentar o consumo de seus produtos. Esses significados e sensações também são utilizados para decoração de ambientes como no feng shui, no visagismo, para transmitir a personalidade da pessoa pelas cores das roupas que veste, maquiagem e cabelo que usa no dia a dia. Além dos efeitos visuais, as cores, quando aplicadas através de seus comprimentos de onda por algum aparelho, são utilizadas na saúde para auxiliar no seu reestabelecimento. Algumas são utilizadas principalmente em associação aos chakras: vermelho – chakra básico; laranja – chakra umbilical ou esplênico; amarelo – chakra plexo solar; verde ou rosa – chakra cardíaco; azul claro – chakra laríngeo; azul escuro – chakra frontal; roxo/purpúra – chakra coronário. FIGURA 25 – CROMOTERAPIA ASSOCIADA AOS CHAKRAS FONTE: <https://bit.ly/3Gj4gTu>. Acesso em: 28 dez. 2021. 183 A partir do significado das cores, já podemos ter uma ideia de quais desordens elas poderão atuar. Por exemplo, a cor vermelha é bastante utilizada para dar energia, ânimo, motivação, autoestima, promover a circulação sanguínea, acelerar processos fisiológicos, utilizada em todos as desordens de glândulas suprarrenais, hormônio adrenalina, ossos, intestino grosso, pernas e pés e região pélvica. É necessário cuidar a intensidade de aplicação dessa cor em pessoas hipertensas, principalmente as descompensadas, e ansiosas. A cor laranja é utilizada para auxiliar em processos criativos, tem efeito descongestionante e revigorante, está ligado às glândulas sexuais, sensação de prazer físico e alegria, rege os rins, sistema reprodutor, sistema circulatório e bexiga. A cor roxa ou púrpura tem ação detoxificante e calmante, realiza a melhora da clareza mental, conexão com nossa espiritualidade, com nossa consciência, transmutação de pensamentos, age no sistema nervoso, células e tecidos, ligado à glândula pineal, hormônio melatonina, auxilia na regulação do sono e age em todo nosso cérebro. A cor azul índigo (azul escuro) está ligado à glândula pituitária (hipófise), hormônio endorfina, rege a região dos olhos, memória, nariz e cérebro, tem ação calmante, atua em desordens emocionais e mentais, auxiliando na intuição. Já a cor azul claro (ciano) está ligada à tireoide e paratireoide, que regulam o metabolismo do corpo, possui ação calmante, relaxante, reconstrutora, antisséptica, atua sobre os ombros, pescoço, garganta e pulmões, além de auxiliar na comunicação. A cor verde está associada à glândula timo (sistema imunológico), rege os pulmões, coração, braços e mãos, equilibra nossas funções, trabalha os sentimentos de amor e compaixão. A cor amarela rege o pâncreas, sistema digestivo, fígado, baço, estômago e intestino delgado, trabalhando em qualquer desordem que venha desses órgãos, tem efeito estimulante no sistema linfático, intestinal e digestivo, auxilia no processamento das emoções. 3.2 MODOS DE APLICAÇÃO É comum que a cromoterapia seja aplicada de forma combinada durante as sessões com outras terapias como acupuntura, reiki, reflexologia, entre outras. Há vários modos de aplicar a cromoterapia, desde a mentalização das cores até a aplicação com luzes em si, é importante estar atento a qual aparelho utilizar. Existem lâmpadas, bastões aplicadores e lanternas, é importante verificar no manual do instrumento se ele realmente aplica o comprimento de onda necessário para os efeitos terapêuticos. Sem esses, a aplicação terá efeitos apenas pela sensação psicológica que a cor transmite. 184 A forma de aplicação mais utilizada é com lâmpadas, que trocam os filtros de cor conforme a necessidade, são utilizadas numa distância de aproximadamente 10 cm do local a ser estimulado. Na Figura 26, observe a aplicação de luz azul sobre a região do joelho, isso se deve a ação calmante e relaxante da luz azul, que auxilia no tratamento de inflamações agudas, calor e dor locais agudos. Quando o objetivo é tratar um problema mais específico e localizado, ou quando se deseja aplicar o tratamento sobre os chakras, a projeção de luz costuma ser feita por meio de instrumentos que permitam a aplicação bem focalizada e bem próxima do local a ser tratado. Se necessitar de uma aplicação com intensidade maior, permanecer a 5 cm de distância do local, se forem pessoas idosas, crianças ou pele lesionada, permanecer a 20 cm de distância (PORTAL DA LUZ, [20--?]). Normalmente, a projeção é aplicada durante cinco a 15 minutos em cada local, e a escolha das cores dependerá da anamnese bem realizada no início do tratamento e das queixas do seu paciente. Deve-se evitar o uso de cores quentes na região pélvica de gestantes. FIGURA 26 – CROMOTERAPIA IRRADIAÇÃO DE LUZ AZUL FONTE: <https://bit.ly/3rruQFL>. Acesso em: 04 fev. 2022. No canal NAMU, há uma explicação breve sobre a Cromoterapia: https://bit.ly/3gnc5gs. DICA 185 4 TERMALISMO Esta terapia tem como meio físico as águas termais, minerais e naturais para manutenção e restauração da saúde. Quando chamada de termalismo social, tem o mesmo sentido, apenas refere-se ao seu acesso que deve ser universal (HELLMANN; RODRIGUES, 2017). A água pode ser empregada de diversas formas para melhoria da qualidade de vida e há várias formas de utilizá-la. Há diferentes descritores para a mesma prática e meio físico: balneoterapia refere-se às práticas terapêuticas por meio de banhos quentes ou mornos em águas minerais naturais, geralmente na fonte; crenoterapia refere-se ao uso de água mineral através da ingesta direta na fonte; talassoterapia refere-se ao tratamento com água do mar e elementos marinhos, como areia, algas, brisa do mar e sais (HELLMANN; RODRIGUES, 2017). Ainda há os termos crioterapia, que se refere ao uso da água como terapia em baixas temperaturas;e a hidroterapia, técnicas e exercícios realizados em água como meio de reabilitação por fisioterapeutas. Essas terapêuticas apresentam pequenas diferenças, por exemplo: a hidroterapia conta com qualidades físicas da água, como o empuxo, flutuação, densidade; já o termalismo, além das propriedades físicas, também conta com as propriedades químicas da água (HELLMANN; RODRIGUES, 2017). 4.1 PROPRIEDADES DA ÁGUA A água possui propriedades físicas e químicas. Algumas delas são estudadas pela hidrostática (pressão, densidade e força de empuxo), hidrodinâmica (vazão, fluxo, velocidade da pressão), termodinâmica (transferências de energia/calor). Isso quer dizer que todas as propriedades fazem com que o suporte de flutuação na água ofereça alívio do peso (Figura 28) quando imerso, promovam o relaxamento mental e muscular, diminua o peso sobre as articulações, tornando os movimentos corporais mais fáceis e possíveis. FIGURA 27 – TERMALISMO FONTE: <https://bit.ly/3IY7bCI>. Acesso em: 28 dez. 2021. 186 FIGURA 28 – PROPRIEDADE DA ÁGUA: EMPUXO FONTE: <https://bit.ly/35GqPEV>. Acesso em: 28 dez. 2021. Além dessas propriedades, a imersão em água possui o efeito fisiológico de relaxamento muscular, diminuição da dor, melhora da flexibilidade, bem-estar psicológico, vasoconstrição periférica, concentração do sangue em áreas vitais como o tórax, redução de edemas, alívio do estresse e ansiedade. A composição química das águas minerais e termais variam conforme a sua localização e origem, podendo apresentar algumas substâncias, como sulfureto ácido de sódio, sulfato de sódio, carbonato ácido de amônio, carbonato ácido de alumínio, nitrato de potássio, fosfato de ferro, sulfato de cálcio, sulfato de magnésio, ácido silícico, cloreto de sódio, sulfato de potássio, ácido carbônico dissolvido, oxigênio dissolvido, entre outras, e também podem apresentar substâncias radioativas (PIRES, 2006). Dependendo da concentração dessa composição, a terapêutica através da água pode ser voltada mais a uma ou outra doença. Todas essas substâncias e propriedades ajudam a promover vasodilatação periférica pelas imersões em águas termais quentes, restabelecimento do equilíbrio acidobásico e mineral, ação sedativa levando a vasodilatação arterial e melhora da função cardiovascular, melhora da secreção gastro-pancreática, do peristaltismo intestinal, da função hepática com maior secreção de bile e da função renal como diurético (PIRES, 2006). Assista ao vídeo sobre os benefícios das águas termais: https://bit.ly/3gsshg9. DICA 187 FIGURA 29 – TERMALISMO COM FLUXO DE ÁGUA FONTE: <https://bit.ly/3Hm9HSS>. Acesso em: 28 dez. 2021. Em estudo incluindo pacientes com artrite psoriática associada à fibromialgia, foram utilizadas duas modalidades de balneoterapia em dias alternados (banhos de lama e enxofre em piscina aquecida) e sessões diárias de talassoterapia (banhos de imersão no mar), durante quatro semanas. Ao final, observou-se a diminuição significativa no número de pontos de tensão dolorosos e melhora do limiar de dor, bem como diminuição da rigidez matinal e número de articulações dolorosas (SUKENIK; BARADIN; CODISH, 2001). As águas termais são indicadas para as mais diversas doenças do sistema respiratório, digestivo, reumático, musculoesquelético, nefro-urinário e da pele. Os cuidados maiores devem ser realizados com indivíduos hipertensos. É certo que até o próprio banho diário já causa um relaxamento geral, mas no caso do termalismo, a água tem propriedades terapêuticas (pelos seus componentes e propriedades), sendo comprovado que ao tentar realizar banhos de águas termais artificiais estas não tiveram a mesma eficácia que as águas naturais, por isso, é importante ter conhecimento das propriedades do local e da água em questão antes de realizar qualquer tratamento. Acadêmico, neste livro, conseguimos perceber a quantidade de práticas integrativas em saúde que utilizam meios físicos para sua aplicação, seja através das mãos, agulhas, cores, sementes, técnicas manuais ou instrumentais, essas práticas trazem sabedorias milenares, utilizadas nos tempos mais remotos do nosso universo. Podemos perceber que essas práticas trazem a conexão com as propriedades naturais, a conexão com a natureza e com nosso próprio corpo. Trazem o entendimento dos desequilíbrios que nós mesmos criamos em nosso dia a dia, pela ausência de períodos de descanso, noites mal dormidas, estresses acumulados, emoções despercebidas, traumas não trabalhados, falta de exercício físico, má-alimentação, entre tantos outros fatores. 188 E esses são motivos pelos quais as práticas integrativas em saúde estão em ascensão e continuarão, pois apesar de algumas requererem cuidados para sua aplicação, a maioria não possui efeitos adversos aos pacientes, ganhando espaço positivo quando comparado às medicações alopáticas. Quando estamos em contato com esta energia através da oração, da meditação, de um passeio na natureza ou enquanto recebemos terapia, sentimo-nos menos «separados» e cada vez mais «totais» conosco mesmos e com o «todo» da criação. Experimentamos uma sensação de união. Tornamo-nos mais cientes do nosso posicionamento, ou do nosso papel no enquadramento geral, e, em simultâneo, sentimo-nos apoiados, seguros, abertos e confiantes na nossa capacidade de sermos tudo o que somos, sem dúvidas ou pedidos de desculpa (VENNELLS, 2003, p.19). É evidente que precisamos de mais estudos e comprovações científicas na área e esse espaço já vem sendo ocupado inclusive no Brasil. Por isso, em qualquer oportunidade de apoiar qualquer pesquisa, apoie, sendo voluntário, participante ou pesquisador. Através destas, conseguiremos ter mais propriedade e segurança ao relatar os benefícios e efeitos das técnicas. E já que existem muitas técnicas, efeitos e cuidados, é necessário estudar profundamente as técnicas que você tiver mais afinidade, para atender com segurança e conhecimentos os seus pacientes/clientes. 189 A EFETIVIDADE DO TRATAMENTO OSTEOPÁTICO NA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Janimara Rocha do Vale Hanna Flávia Borges de Carvalho Vera Lúcia Ângelo Andrade Laís Cristina Almeida INTRODUÇÃO A obstipação ou constipação intestinal (CI) é considerada uma disfunção gastrointestinal frequente, caracterizada pela dificuldade na defecação, seja pela necessidade de esforço e/ou diminuição na frequência das evacuações. Segundo o Consenso de Roma IV, a definição da CI se baseia na presença de dois ou mais dos seguintes critérios, em mais de 25% das defecações: esforço ao evacuar, fezes endurecidas ou fragmentadas (Bristol Stool Scale Form), sensação de evacuação incompleta, sensação de obstrução ou bloqueio anorretal, manobras manuais para facilitar as evacuações e menos de três evacuações por semana (pelo menos uma vez por semana durante pelo menos três meses, sendo que os sintomas não podem ser atribuídos a outra condição médica). Configura-se como um problema sanitário importante, já que apresenta um contundente impacto nos serviços de saúde, constituindo a queixa principal em 3% das consultas na pediatria e em 25% das visitas ao gastroenterologista pediátrico. É responsável por cerca de 2,5 milhões de visitas médicas por ano, pelo gasto de vários milhões de dólares com laxantes e, indiretamente, por 92 mil hospitalizações anualmente nos Estados Unidos. Além disso, a constipação propriamente dita pode ser um sintoma inicial de doenças graves, como, por exemplo, o câncer colorretal, que é o quinto câncer mais frequente entre os homens e o quarto entre as mulheres no Brasil. A CI pode ser de origem orgânica, quando é secundária a alguma doença, ou funcional, quando está relacionada a hábitos alimentares impróprios, hábitos sedentários, inibição do reflexo de evacuação e outros costumes comportamentais inadequados e adquiridos. Geralmente, é marcada pela diminuição dos movimentos peristálticos, pela obstrução causada por alterações morfológicas,anatômicas ou de desordem funcional. A elevada prevalência da constipação intestinal crônica vem sendo considerada como um problema de saúde pública. LEITURA COMPLEMENTAR 190 A redução do aleitamento materno, o consumo maciço de alimentos como açúcar, pão e refrigerantes e a baixa ingestão de fibras constituem alguns dos inúmeros fatores desencadeantes. Podendo estar acompanhados de fatores agravantes, como envelhecimento, redução da aptidão física, história de abuso sexual, baixo nível socioeconômicos e educacional. O tratamento e a prevenção da constipação funcional devem ser individualizados, considerando, inicialmente, as orientações comportamentais, incluindo a mudança na dieta alimentar, na ingestão hídrica e na prática de exercícios físicos, além da possível intervenção farmacológica ou de terapias alternativas, como a osteopatia. O objetivo do tratamento para esses pacientes é o alívio dos sintomas e a normalização da motilidade gastrointestinal. As complicações relacionadas com a CI crônica também preocupam, destacando-se infecções do trato urinário, incontinência fecal, dor abdominal crônica recorrente, sangramento retal, diverticulose, obstrução intestinal, fissura anal e prolapso retal, além de repercussões no âmbito psicológico, como ansiedade, depressão, baixa autoestima e os consequentes problemas de relacionamento e socialização. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o tratamento osteopático na constipação intestinal, fornecendo dados que contribuam para uma prática baseada em evidências. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados do Portal CAPES, Bireme, Cochrane Library, Lilacs, Medline, PubMed e Scielo utilizando os seguintes descritores: “osteopatia”; “manipulação osteopática”; “fáscia”; “constipação intestinal’; “obstipação”. A investigação adotou os seguintes critérios de inclusão: publicações no período de 1989 a 2017; escritos em português, inglês e espanhol; artigos apresentados na íntegra, sem restrições sobre o tipo de estudo ou amostra. Foram excluídos os trabalhos que não se enquadraram nos critérios descritos anteriormente e resumos. A análise dos dados foi realizada por meio da revisão crítica dos conteúdos, sendo os resultados apresentados descritivamente sem a possibilidade de realização de metanálise, em função da variedade metodológica. RESULTADOS Foram encontradas 5.033 publicações, sendo selecionados, a partir dos critérios de inclusão, apenas 112 artigos. A abordagem osteopática para as vísceras abdominais, particularmente o intestino grosso e o cólon sigmoide, tem sido aplicada no tratamento da constipação intestinal crônica, tendo como objetivo a melhora do funcionamento do intestino, influenciando, assim, no tônus do músculo liso e na mobilidade visceral. Além disso, pode envolver a identificação e o tratamento de disfunções pélvicas a fim de melhorar a função gastrointestinal e, indiretamente, normalizar o suprimento nervoso autonômico para a víscera. De acordo com a revisão da literatura de Alcântara et 191 al (2011), as intervenções médicas tradicionais são geralmente ineficazes na abordagem da cólica intestinal, e o potencial dano das intervenções farmacológicas motiva os pais a procurar cuidados alternativos, sendo a osteopatia o mais popular para as crianças. Além disso, atualmente, não há provas suficientes para sustentar que o tratamento com laxante é melhor do que o placebo em crianças com constipação. Embora a causa exata da cólica, secundária à constipação intestinal, ainda não seja clara, há inúmeras hipóteses, os fatores fisiológicos gastrointestinais (relacionados à intolerância ao leite de vaca, a imaturidade do sistema gastrointestinal, imaturidade do sistema nervoso central, motilidade intestinal descoordenada, alteração na microbiota intestinal, excesso de gases, alterações hormonais) e os fatores não fisiológicos (como temperamento difícil, ansiedade materna, tabagismo materno, problemas na interação pais-criança). Além disso, fatores mecânicos podem desempenhar um papel importante na gênese da cólica, o que justifica a abordagem osteopática em seu tratamento. Acredita-se que a cólica possa ser resultado da irritação do nervo vago devido a padrões de tensão no tecido da base do crânio (regiões petrosa, occipital e mastoidea), que podem ocasionar compressão direta do nervo ou reduzir o suprimento sanguíneo ou os impulsos nervosos, gerando a irritação vagal. Vários estudos prospectivos corroboram o uso da manipulação osteopática para o alívio da cólica, decorrente da obstipação intestinal. A hipótese que explica essa melhora é a do reflexo somatovisceral, já que ocorre o bloqueio do funcionamento normal das vísceras (intestino) devido a problemas músculo-esqueléticos. Contudo, a hipótese mais provável, e que justificaria a abordagem osteopática nessa condição gastrointestinal, é a estimulação dos mecanorreceptores das fáscias, via manipulação osteopática, que induziria um relaxamento das fibras musculares lisas intrafasciais relacionadas. O estudo conduzido por Wiberg et al (1999), avaliou a resposta dos indivíduos sob tratamento osteopático (n=25) comparado com os submetidos ao uso farmacológico da dimeticona (n=16). Baseando no diário dos pais e avaliando as horas de choro, os indivíduos do grupo da osteopatia apresentaram uma resposta significativamente melhor. Em outro ensaio clínico randomizado, foi avaliada a resposta dos indivíduos à manipulação da coluna espinal (n=22) com a descompressão occipito-sacral (n=21). Inicialmente, as crianças choravam em média de 3 horas por dia. Ao final da primeira semana de tratamento, a média de horas de choro foi reduzida para 2,1 horas por dia no grupo da manipulação da coluna e para 2 horas por dia para o grupo da descompressão occipito-sacral. Depois de quatro semanas do início da abordagem osteopática, 82% do grupo de manipulação da coluna e 67% do grupo da descompressão occipito-sacral apresentaram resolução da cólica intestinal. Dada a relativa segurança da manipulação osteopática da coluna espinal, essa abordagem complementar de tratamento é eficaz para a criança com cólica. Dependendo da técnica, a massagem abdominal proporciona: o aumento ou diminuição da pressão intra-abdominal; o aumento do peristaltismo intestinal, reduzindo o tempo de trânsito colônico; o aumento da microcirculação local, estimulando o 192 relaxamento de pontos de tensão na parede abdominal e, indiretamente, os pontos gatilhos ao longo do trato digestório; a mobilização dos gases, proporcionando a sua eliminação, além do estímulo de mobilização do bolo fecal ao longo do intestino grosso, facilitando assim a evacuação. Corroborando com a hipótese já citada de transmissão de força mecânica proporcionada pela fáscia. O efeito é uma combinação de estimulação e relaxamento, via mecanorreceptores faciais. Ou seja, a pressão direta sobre o conteúdo abdominal comprime e/ou depois libera regiões do trato digestório, distorcendo brevemente o tamanho do lúmen dos órgãos, ativando os receptores que podem reforçar o reflexo gastrocólico, desencadeando a contração intestinal e retal. A manobra pode desencadear a defecação não só através do estiramento desses receptores intestinais, mas também pelo estímulo reflexo somato-autonômico, no qual o tempo de trânsito do cólon pode ser reduzido por esse mecanismo. A massagem abdominal pode atuar na constipação por outro mecanismo que é o de estimular o sistema nervoso parassimpático, diminuindo assim a tensão muscular abdominal, aumentando a motilidade dos músculos do trato digestório, aumentando as secreções digestivas, relaxando, consequentemente, os esfíncteres. Esta pode ser empregada com um toque rítmico, realizado em um ambiente propício para o relaxamento. A sua eficácia, a falta de efeitos colaterais e o baixo custo (especialmente se autoadministrado) fazem da manobra abdominal uma opção notratamento da constipação crônica. Ferreira (2010) avaliou a eficácia da manipulação osteopática em seis pacientes com fibromialgia que apresentavam a constipação intestinal previamente ao tratamento. O intervalo entre as evacuações variou de 5,6 dias pré-atendimento para 1,6 dias pós- tratamento. DISCUSSÃO A constipação intestinal é uma síndrome definida por sintomas intestinais, que pode ocorrer isoladamente ou secundária a outra doença de base.Um estudo populacional demonstrou que o conceito mais comum de constipação era a necessidade de ingerir laxantes (57% dos participantes). Acredita-se que pode resultar de alterações estruturais, mecânicas, metabólicas ou funcionais que afetem o desempenho do cólon ou anorreto, direta ou indiretamente. A constipação subdivide-se em primária e secundária. A primária é atribuída a desordens funcionais, como hábitos dietéticos inadequados, inatividade física, nível socioeconômico e alterações psicológicas. A secundária está relacionada a doenças endócrinas, neurológicas ou ao uso inadvertido de substâncias obstipantes, ou a um transtorno de evacuação associado a uma contração paradoxal ou espasmo involuntário do esfíncter anal, que pode resultar de um transtorno adquirido do comportamento defecatório que ocorre em dois terços dos pacientes. Ainda pode ser iatrogênica devido ao uso prolongado e exagerado de laxantes e de drogas, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), opioides, psicotrópicos, anticonvulsivantes, anticolinérgicos, dopaminérgicos, diuréticos, bloqueadores de canais de cálcio, sais de ferro, antiácidos à base de cálcio e alumínio, dentre outras. 193 As principais funções do cólon são absorver água e eletrólitos, conduzir as fezes a partir do intestino delgado e armazenar as fezes, especialmente no cólon sigmoide, antes da evacuação. Após as refeições podem ocorrer contrações colônicas de grande amplitude, denominadas reflexo gastro cólico, que se propagam a partir do sigmóide proximal em direção a sua porção terminal, empurrando a massa fecal para o interior do reto. A continência fecal e as evacuações dependem do funcionamento perfeito da musculatura pélvica. Os esfíncteres interno e externo envolvem o ânus, quando as fezes chegam ao reto, receptores sensíveis ao estiramento determinam o relaxamento reflexo do esfíncter interno do ânus, permitindo que o conteúdo retal, ao atingir a região anodérmica, seja percebido de modo discriminado para gases, líquidos ou fezes pastosas. Nesse momento, o indivíduo pode decidir pela eliminação de flatos ou pela contração voluntária do esfíncter externo até chegar ao local apropriado para a defecação. Para a defecação, a posição ideal é a de cócoras, com contração da musculatura abdominal, relaxamento do esfíncter externo do ânus e a contração do músculo elevador do ânus, que o mantém corretamente posicionado além de tracioná-lo contra o bolo fecal. A coordenação desses mecanismos começa a ficar sob controle voluntário a partir do segundo ano de vida. Se a defecação é retida, o esfíncter externo do ânus adapta-se à distensão e ao aumento do volume. A dor e o desconforto, somadas às alterações musculares ou à imotilidade das vísceras podem ser a causa da constipação e a motivação para o tratamento osteopático. A ingestão de fibra dietética inadequada, excessiva ingestão de leite de vaca, a desidratação e a doença inflamatória do intestino são outras causas de constipação funcional. A restauração da função articular através do ajuste da osteopatia visa reduzir a atividade simpática. Anatomicamente, o nervo vago passa posteriormente ao processo transverso do atlas, bilateralmente. Um desalinhamento ou subluxação do atlas pode resultar em irritação mecânica e vascular compressiva da medula espinal e dos nervos espinhais, afetando assim a função do nervo vago. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma profissão independente na área da saúde, a osteopatia se dedica à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de alterações do sistema musculoesquelético e os efeitos desses distúrbios sobre o sistema nervoso e a saúde geral do indivíduo, abordando a propedêutica do paciente como um todo, e não apenas limitado ao processo patológico. O uso da medicina complementar e alternativa (MCA) aumentou consideravelmente nos últimos anos não apenas em países em desenvolvimento, mas, também, em países já desenvolvidos, como Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos. A utilização cada vez maior da MCA nos adultos também reflete no tratamento das crianças, ou seja, os adultos usuários da medicina alternativa são três vezes mais propensos a utilizar essa abordagem complementar para os seus filhos. Pesquisa em relação às terapias utilizadas, a mais comum foi o ajuste osteopático; entretanto, existe uma grande variedade de outras técnicas que podem ser usadas, sendo a educação do paciente a mais comumente relatada. 194 A osteopatia visceral é um conjunto de técnicas manuais com o objetivo de diagnosticar e normalizar as disfunções osteopáticas das vísceras e órgãos do corpo. Em osteopatia, as relações entre as vísceras e as vísceras com os tecidos conectivos são consideradas como articulações. E, segundo Souza, a direção e a amplitude dos movimentos de uma víscera dependem dos sistemas de sustentação e do contato desta víscera. Esses sistemas são compostos pelas fáscias, pelos ligamentos, pelo turgor visceral e pressão intracavitária, pelo mesentério e pelo sistema omental. Tais sistemas mantêm as vísceras ligadas entre si e/ou ao sistema musculoesquelético, atuando como verdadeiras membranas de tensão recíproca, enquanto garantem liberdade para acomodação posicional. Conceitualmente, a fáscia é geralmente definida como um tecido conjuntivo composto por fibras de colágeno, elastina e o ácido hialurônico dispostos em um arranjo irregular, permitindo o desempenho das funções de revestimento, contenção e resistência às forças tensionais. A fáscia é inervada por mecanorreceptores intrafasciais de Paccini, Paciniforme e Ruffini, os quais são encontrados em tendões, ligamentos, cápsulas articulares e membranas de revestimento. Ao estimular esses sensores mecânicos, o sistema nervoso autônomo é ativado, provocando mudanças como alteração do tônus das células musculares lisas intrafasciais, como a diminuição da tonicidade simpática e uma mudança na viscosidade do tecido local. Desse modo, os resultados obtidos com técnicas osteopáticas viscerais não poderiam ser explicadas exclusivamente pelas propriedades mecânicas, mas sim pela associação das características mecânicas, neuromusculares e autonômicas. O corpo humano deve ser considerado como uma unidade funcional, já que todas as estruturas corporais estão envolvidas pelo tecido conectivo fascial, determinando uma continuidade estrutural que dá forma e funcionalidade aos tecidos e/ou órgãos. Devido à continuidade fascial, os nociceptores sintetizam alguns neuropeptídeos que podem alterar o tecido circundante e gerar um ambiente inflamatório, evoluindo para dor. Todas as camadas fasciais precisam de ácido hialurônico para realizar o deslizamento entre si. Porém, se a quantidade diminui ou há uma distribuição irregular, a propriedade de deslizamento local ou sistêmica do tecido conjuntivo é comprometida. Há alguns pesquisadores que sugerem fortemente que alterações na viscoelasticidade do sistema fascial ativa os nociceptores e o ácido hialurônico, tornando-o menos adesivo e lubrificante, alterando as linhas de forças nos vários compartimentos fasciais. Pelo menos dois mecanismos podem explicar a redução dos sintomas após o tratamento osteopático. Primeiramente, o ajuste sacral afeta diretamente os nervos esplâncnicos pélvicos ou as suas raízes na emergência do forame sacral pélvico, já que o desalinhamento do sacro pode ocasionar a tração desses nervos ou das suas raízes, o que pode resultar em espasmo do cólon sigmoide e produzir a constipação.Em segundo lugar, a facilitação segmentar pode ser considerada como um potencial mecanismo para a gênese da constipação, ou seja, uma disfunção somática pode influenciar o funcionamento das vísceras inervadas pelas mesmas raízes desse segmento. 195 CONCLUSÃO A abordagem osteopática é um tratamento complementar para a constipação intestinal, já que demonstrou a melhora dos sintomas, com o seu desaparecimento completo em alguns casos. Além da redução da gravidade dos quadros de constipação, interferiu no tempo de trânsito colônico, na motilidade intestinal e na qualidade de vida dos pacientes. Apesar da eficácia terapêutica, nós encorajamos mais pesquisas a fim de correlacionar a acurácia osteopática na constipação intestinal. FONTE: Adaptada de VALE, J. R. et al. A efetividade do tratamento osteopático na constipação intestinal: uma revisão sistemática. GED gastroenterol. endosc. dig. v. 36, n. 2, p. 68 – 76, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3Gv3F0R. Acesso em: 29 dez. 2021. 196 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A osteopatia é uma terapêutica utilizada para tratar problemas biomecânicos, através de manobras manuais, utiliza diagnóstico próprio e leva em consideração o indivíduo como um todo; é indicada principalmente para indivíduos com dores musculares, dores de cabeça, constipação, entre outras. • A cromoterapia é a utilização da frequência e comprimento de onda das cores na restauração e manutenção da saúde, vimos que os diferentes comprimentos de onda formam as diferentes cores, que têm efeitos diferentes sobre o nosso organismo. • O termalismo é a utilização das águas naturais e minerais quentes para a melhora das condições de saúde do indivíduo. Além da propriedade térmica, a água possui características físicas e químicas que proporcionam o relaxamento corporal, diminuição da carga de peso do corpo sobre as articulações, melhora da circulação sanguínea, melhora da mobilidade gastrointestinal, entre outros benefícios. • Todas as práticas integrativas em saúde que estudamos precisam de dedicação e estudos que levem ao terapeuta o conhecimento teórico e prático, para que o paciente sinta confiança e receba um tratamento baseado em escolha da melhor terapêutica para o seu problema de saúde, todas as práticas trazem conhecimentos milenares e estão sendo cada mais estudadas pelos pesquisadores, já que trazem muitos benefícios e poucos efeitos adversos. 197 AUTOATIVIDADE 1 A osteopatia é uma prática terapêutica que adota uma abordagem integral no cuidado em saúde e utiliza várias técnicas manuais, entre elas, a da manipulação do sistema musculoesquelético (ossos, músculos e articulações) – para auxiliar no tratamento de doenças, considera que a capacidade de recuperação do corpo pode ser aumentada pela estimulação das articulações. Sobre essa técnica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A osteopatia atua apenas em alguns tecidos corporais como sistema musculoesquelético e atua sobre os tecidos que participam nas funções das vísceras, em todos os tecidos que asseguram o funcionamento orgânico. b) ( ) É indicada principalmente para indivíduos com dores de coluna, hérnias de disco, dor ciática, dores de cabeça e pescoço, e não atua em problemas viscerais (como constipação, refluxo e má digestão). c) ( ) Sua aplicação é realizada com auxílio de instrumentos, visando reestabelecer a saúde e reajustar os tecidos que estejam causando desordens. d) ( ) Nessa técnica, uma das principais estruturas estudadas é a fáscia, que nada mais é que o envoltório de tecido conectivo que todo o corpo internamente está envolvido, ela faz o suporte, conexão e cria espaços, hidrata e gera informação. 2 As práticas integrativas em saúde que utilizam meios físicos para sua aplicação, seja através das mãos, agulhas, cores, sementes, técnicas manuais ou instrumentais, trazem sabedorias milenares, utilizadas nos tempos mais remotos do nosso universo, esses conhecimentos foram trazidos e compartilhados e continuam sendo eficazes nos dias de hoje. Com base nas definições dos enfoques dessas terapias, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Osteopatia. II- Cromoterapia. III- Termalismo. ( ) Utiliza da ação do comprimento e frequência de onda de luz visível, atua em nível físico e psicológico. ( ) Atua com técnicas manuais nos músculos, fáscias, articulações e vísceras. ( ) Tem efeito relaxante, de diminuição de dores, de melhora da mobilidade articular, de melhora da circulação sanguínea. ( ) Utiliza aparelhos como canetas, lâmpadas, feixes luminárias, preferencialmente aplicada a 10 cm de distância do local a ser estimulado. ( ) Tem propriedades físicas e químicas que atuam para restauração do equilíbrio do organismo. 198 Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III – I – II. b) ( ) II – I – III – I – II. c) ( ) II – I – III – II – III. d) ( ) III – II – I – III – III. 3 Osteopatas tratam pessoas e não doenças, o osteopata busca equilibrar o corpo do paciente, para que o corpo tenha condições de se defender das doenças, busca favorecer os processos de cura que são inatos do corpo. De acordo com os princípios e conhecimentos adquiridos sobre a osteopatia, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Foi criada por Andrew Taylor Still, que afirma que quando se reajustam as partes, a doença dá passagem à saúde, os reajustes são realizados através de técnicas manuais, após o diagnóstico funcional. ( ) Atua principalmente sobre as manifestações dolorosas, através de técnicas aplicadas manualmente sobre os tecidos musculares, articulares, conjuntivos, nervosos, obtendo reações fisiológicas que equilibram e normalizam o organismo. ( ) Pode ser dividida em osteopatia estrutural, que tem como principal objetivo o tratamento no sistema musculoesquelético, a osteopatia cranial, que realiza o tratamento sobre os tecidos que participam nas funções das vísceras, e a osteopatia visceral, que atua sobre a micro mobilidade do crânio. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Prática terapêutica que utiliza as cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio físico e energético do corpo. Na cromoterapia, as cores são classificadas em quentes (luminosas, com vibrações que causam sensações mais físicas e estimulantes – vermelho, laranja e amarelo) e frias (mais escuras, com vibrações mais sutis e calmantes – verde, azul, anil e violeta). Disserte sobre o significado das cores e sobre quais efeitos causam no indivíduo, demonstre pelo menos um exemplo de desordem de saúde para que cada cor pode ser utilizada. 5 Águas que são provenientes de fontes, naturais ou artificialmente captadas, que possuem composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhes conferem ação terapêutica. Neste contexto, disserte sobre o termalismo, quais propriedades da água influenciam em seus efeitos terapêuticos e para que condições pode ser utilizada. 199 REFERÊNCIAS ANATOMIA DO PÉ: tudo que você precisa saber sobre esta região. Blog Fisioterapia, Porto Alegre, 5 jan. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3LakKB2. 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