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Acupuntura e Auriculoterapia Professor Esp. Leandro Mocci do Nascimento Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP N244a Nascimento, Leandro Mocci do Acupuntura e auriculoterapia / Leandro Mocci do Nascimento. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 77 p. : il. Color. 1. Medicina chinesa. 2. Acupuntura. 3. Massagem terapêutica. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. II. Título. CDD: 23 ed. 615.892 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Esp. Leandro Mocci do Nascimento ● Graduação em Enfermagem; ● Pós Graduado em Enfermagem Cardiologia; ● Pós Graduado em acupuntura e técnicas complementares. Formado em Enfermagem pela UniCesumar, Pós graduado em Enfermagem em cardiologia pela Uningá. Pós graduado em acupuntura e técnicas complementares pela UniCesumar. Com projetos de extensão intitulados Identificação e Acompanhamento da Ocorrência de Pediculose e Escabiose em Crianças de Creches e Escolas da Periferia de Mandaguari-PR e Acompanhamento de pessoas com câncer e suas famílias. Realização de estudos na área de saúde coletiva e enfermagem psiquiátrica: Conhecendo o Apoio social a famílias preservadas do uso de drogas em uma comunidade vulnerável; Razões para o não uso de drogas em famílias que convivem com elevada circulação de drogas; O Desvelar do Cuidado Paliativo na Dinâmica da família: Um relato de experiência. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4640840656914678 http://lattes.cnpq.br/4640840656914678 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), fico muito contente de ter você aqui cursando esta disciplina tão importante para a sua formação profissional. Serei seu guia dentro dos conhecimentos sobre as bases da acupuntura dentro da Medicina Tradicional Chinesa e Auriculoterapia. Iremos iniciar nossa viagem neste tema pela Unidade I, no qual iremos compreender a História da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e o seu conceito básico. Estudaremos também sobre a lei do Yin-Yang, junto a essa teoria vamos associar também os cinco elementos que são fundamentais para compreensão de qualquer distúrbio energético e vital. E finalizaremos essa unidade com a teoria de Zang e Fu (Órgãos e vísceras). Com todos esses conceitos bem definidos, partiremos para a Unidade II, na qual compreenderemos os meridianos e pontos de acupuntura. Dessa forma, analisaremos os doze pares de meridianos principais, conheceremos também o nascimento dos meridianos extraordinários, assim como a introdução sobre os pontos Shu antigos, e finalizaremos essa unidade com a moxaterapia. Já na Unidade III, seguiremos nossa jornada abordando temas importantes para nós da área de atuação, que seria a auriculoterapia. Trazendo junto a essa unidade a história dessa terapia tão importante no seguimento de trabalho de terapia integrativa. Vamos compreender também o processo de saúde-doença segundo a MTC, apreenderemos a morfologia do pavilhão auricular, e finalizaremos com a Somatotopia auricular. Para concluir nossa viagem, na Unidade IV, trabalharemos com atuação clínica em auriculoterapia. Focando nas indicações e contra indicações dessa técnica, todo o seu mecanismo de ação do procedimento, compreenderemos quais os métodos para um diagnóstico auricular e seus princípios terapêuticos. Todo este material será um companheiro indispensável durante sua preparação e desenvolvimento para a vida profissional. Cuide dele com carinho e aproveite ao máximo! Muito obrigado e bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 História da Medicina Tradicional Chinesa UNIDADE II ................................................................................................... 17 Meridianos e Pontos de Acupuntura UNIDADE III .................................................................................................. 37 Introdução á Auriculoterapia UNIDADE IV .................................................................................................. 54 Clínica em Auriculoterapia 3 Plano de Estudo: ● Conceito Básico Da Mtc; ● Lei Do Yin Yang; ● Cinco Elementos; ● Teoria Zang-fu (As Vísceras E Os Órgãos). Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender de forma básica os conceitos da MTC; ● Conhecer a fundamentação do QI e a lei do Yin Yang; ● Absorver a teoria dos cinco elementos e a teoria do Zang-fu. UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa Professor Esp. Leandro Mocci do Nascimento 4UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa INTRODUÇÃO Prezado aluno, nesta unidade vamos conhecer os conceitos e características de forma clara, e objetiva sobre as alterações das práticas da MTC, vamos também compreender a lei do Yin Yang e os cinco elementos que forma a estrutura e a base de toda medicina chinesa. Veremos também as classificações dos elementos e a lei de dominância sobre eles. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a contribuir ainda mais para os estudos desta prática. Bons estudos! 5UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 1. CONCEITO BÁSICO DA MTC A MTC (Medicina Tradicional Chinesa) teve seus primórdios em uma sociedade não civilizada e foi formada durante a longa era feudal da China. Nessa época, a MTC também foi entusiasmada pela relação cultural com a época ao qual se vivia, tendo referencias associadas com o budismo, a medicina muçulmana, os mongóis e, no final do século XVI, pela cultura ocidental. Com toda essa influência, a MTC conservou sua identidade e características básicas, evoluindo para o que conhecemos hoje, sendo um sistema independente, como conhecemos atualmente. Cintra e Pereira (2012) explica que a carência de medicina experimental, a MTC empregou os conceitos filosóficos clássicos chineses para formular suas teorias e presunções, que foram verificadaspor meio de sua aplicação na pratica. Estes conceitos tem origem de aproximadamente 5 mil anos atrás, tendo surgimento através de observações, pelos chineses, levando em consideração a natureza em comparação com o homem em propósito de entender os princípios que regem os universos, internos e externos do ser humano. Em contrapartida, sabendo que a vida do homem e o próprio homem fazem parte desse universo, compreende-se os princípios que regem o homem nesse planeta. E foi assim que os chineses começaram a formular a teoria da medicina chinesa, reparando a natureza e a comparando em relação com o homem, desse modo foi possível entender a fisiologia do ser humano comparada com a fisiologia do universo. Ressaltar a importância que o homem precisa respeitar as leis do universo para que possa viver com saúde, e fica claro que quando essas leis são desrespeitadas existe uma grande tendência de o homem adoecer. 6UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa Na prática, é notado que se o homem não respeita o dia e a noite com os seus ciclos, ao longo dos dias ele começará a adoecer. Essa linha de raciocínio segue se não respeitar as estações do ano, havendo grande possibilidade de ele sofrer a quebra de sua concordância e apresentar desequilíbrio energético, ao qual pode desencadear um procedimento de doença energética que levará a lesão orgânica. Com esses exemplos, temos a disponibilidade de compreender que o ser humano realmente necessita compreender a observar as leis da natureza e aprender a respeita-la. A filosofia chinesa observou e desenvolveu conhecimento sobre três pilares básico da natureza: Yin Yang; Os 5 elementos e Zang-fu. 1.1 Qi Em uma forma de elaborar uma ponte de comunicação e compreensão, o ocidente teve um enorme desafio em traduzir os conceitos chineses em expressões atual, e sem perder a essência do conhecimento oriental. Por não existir uma tradução correta dos termos e conceitos, os jesuítas por exemplo traduziram o termo Qi em “energia vital”. Para entendermos melhor, Ximenes (2014) explica que o Qi tem uma definição muito maior e muito mais complexa do que isso. A escritura do Qi concebe um conceito em que mostra um cereal cru na parte de baixo, e uma fumaça em cima, simulando o vapor que sobe do arroz enquanto cozinha. Trata-se de uma referência à interdimensionalidade sobre o que é palpável e o que não é, sendo algo entre matéria e energia. Envolve tudo o que há no mundo, a beleza por trás de todas as coisas dos elementos encontrados na natureza e no universo das emoções humanas. Aliás, para referenciar ao ser humano, a insígnia Qi tem por fim em interpretação como essência das substancias digeridas e transformadas na vitalidade de que o organismo precisa viver e realizar suas atividades. Na MTC o conceito do Qi tem como característica em apresentar a vitalidade do corpo derivado da nutrição que circula por todos os tecidos corporais, cada órgão produz um padrão de energia que contribui para a vitalidade geral do organismo (XIMENES, 2014). 7UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa SAIBA MAIS “A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem seus primeiros registros datados de 5000 a.C. São livros antigos, com informações codificadas, muitas vezes em forma de poesia, música, imagens. São conceitos diferentes que implicam numa mudança do estilo de vida, em que se ressalta como papel fundamental a prevenção. Para isso é essencial a difusão de informações, fazendo-se necessário um constante “movimento” em relação aos hábitos e costumes. A abordagem de cada paciente é global, envolvendo corpo, mente, espírito e ambiente.” Fonte: ABE, G. C. Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Revista Neurociências, v. 14, p. 80-85, 2006. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/view/8777/6311 Acesso em: 10 mai. 2022. https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/view/8777/6311 8UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 2. LEI DO YIN YANG O termo Yin/Yang vem com a representação da união de duas partes opostas que apontam afinidade mútua no meio natural. Bucho (2016) aponta que essa teoria representa de fato dois feitios em função de coexistência no mesmo ambiente. Nessa linha de raciocínio, Wang e Zou (2011) apontam que não existe um Yin sem um Yang, no qual há um Yin também está o seu oposto, o Yang. Yin é representado pela Lua, enquanto o Yang pelo Sol. Dessa forma, ao analisarmos em questão de classificação no sexo, também são considerados como feminino e o masculino. Outras classificações referentes ao Yin e Yang são: o escuro e o claro; o sombrio e o luminoso; o repouso e o movimento; interior e exterior; descendente e ascendente; frio e quente; material e funcional; respectivamente tudo é Yin e Yang. Gomes (2018) explica que não existe o Yin absoluto e nem o Yang absoluto, pois que um pode, em certas condições, podendo se transformar em seu oposto. Por exemplo, se analisarmos essa afirmativa, vemos que o dia é dividido em claro e escuro, sendo ele o dia e a noite. Portelinha et al. (2018) confirmam essa citação em que o período da manhã é Yang, podendo coexistir dentro do Yang, já o período da tarde é Yin dentro do Yang. Dando continuidade no período do dia, é visto que antes da meia noite é Yin dentro do Yin e o horário após a meia noite já é considerado Yang dentro do Yin. Esta análise entre o Yin e o Yang encontra-se em qualquer revelação, expressando se principalmente por um condicionamento e uma oposição mútuos. 9UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa E é sempre pela aversão que um dos dois aspectos tem um efeito de subordinação sobre o outro aspecto. Ambos são fortes, porém se um prevalece sobre o outro, ocorrendo um desequilíbrio de um ou do outro, então acontece a doença. Vieira e Mejia (2014) apontam que o Yin é mais forte quando o Yang está doente. O Yang é o mais forte quando o Yin é que está doente. Em um corpo saudável, os dois aspectos opostos do Yin e do Yang não se apresentam de modo pacífico e sem relação de um sobre o outro. Seguindo essa linha de raciocínio, Alves (2016) explica que, se eles se confrontam e gera afastamento entra as duas partes, cria um desequilíbrio dinâmico e causa o desenvolvimento e a transformação de patologias. SAIBA MAIS “(...) Para a MTC, o desequilíbrio entre as entre as energias Yin-Yang ponde afetar o organismo de todas as formas, através de doenças e emoções. Assim, um indivíduo que não se movimenta, permanece sedentário, abriga dentro de si um excesso de energia Yin, dessa forma o corpo não produz calor, ou seja, gera uma deficiência de Yang, promovendo assim um desequilíbrio energético”. Fonte: MARTINI, L; CARDOSO, M; SANTOS, M. C. Medicina Tradicional Chinesa no tratamento da obe- sidade. Pós-graduação em acupuntura – Faculdade Ávila, 2009. 10UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 3. CINCO ELEMENTOS A teoria do Movimento dos Cinco Elementos, ampara que todos os itens do universo são constituídos de cinco elementos básicos da natureza e de seus movimentos e transformações. Segundo Neto e Alves (2019) estes são: madeira, fogo, terra, metal e água. Circulação e mudança do mundo material são vistas como semelhanças de geração e dominância entre os cinco elementos. Na MTC, a teoria dos cinco elementos não apenas apresenta a fisiologia e a doença do corpo humano, mas também a consideração da inter- relação do ser humano com o ambiente exterior. Além disso, essa teoria serve como um instrumento no diagnóstico e no tratamento das doenças. 3.1 Classificação dos Cinco Elementos Na antiga China, um feito era classificado de acordo com suas características, suas funções e sua formação, isto é, os artefatos eram afastados e classificados conforme as particularidades dos cinco elementos. Esse raciocínio demonstra um método indutivo. Os predicados de diferentes elementos ouobjetos são alinhados e generalizados por termos contemplativos, sendo respectivamente correspondentes às características dos cinco elementos (NETO e ALVES, 2019). 11UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 3.2 Lei da Geração e Dominância As relações correspondentes entre os cinco elementos são explicadas pela lei de geração e dominância. A lei da geração tem como referência o cultivo. Já a lei da dominância vem como resultado a restrição e o controle mútuos. As duas leis, a geração e dominância são as atividades normais de movimento e mudança na natureza. Essas atividades são responsáveis pela manutenção do equilíbrio da natureza e do equilíbrio fisiológico no corpo humano (LOSEKANN, 2016). Sendo dividida em categoria de sequência diferenciada uma lei da outra. Sendo-as: A sequência de geração: madeira gera fogo; fogo gera terra; terra gera metal; metal gera água; e água, por sua vez, gera madeira. Desse modo, os cinco elementos criam um ciclo generativo infindável. A sequência de dominância: madeira domina a terra; terra domina a água; água domina o fogo; fogo domina o metal e o metal domina a madeira. Assim, os cinco elementos criam um ciclo restritivo infindável (LOSEKANN, 2016). SAIBA MAIS “Segundo Morant (1994), a interação entre as funções dos cinco elementos também comporta um ciclo de dominância que existe simultaneamente ao primeiro, no qual um elemento dominante possui efeito regulador sobre seu dominado. Nessa relação, Mann (1998) observa que a madeira domina a terra, pois as raízes das plantas podem partir as rochas e perfurar o solo; a terra domina a água, pois as margens de um rio impedem a água de fluir fora de seu leito; a água domina o fogo, pois a água lançada sobre um fogo o fará extinguir-se; o fogo domina o metal, pois o leva à fusão; e o metal domina a madeira, pois pode cortá-la”. Fonte: COUTINHO, B. D; DULCETTI, P. G. S. O movimento Yīn e Yáng na cosmologia da medicina chi- nesa. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 22, p. 797-811, 2015. Disponível em: https://www.scielo. br/j/hcsm/a/YWRvdMQ73bgFzvSp7SCKryM/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 10 mai. 2022. https://www.scielo.br/j/hcsm/a/YWRvdMQ73bgFzvSp7SCKryM/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/hcsm/a/YWRvdMQ73bgFzvSp7SCKryM/?format=pdf&lang=pt 12UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 4. TEORIA ZANG-FU (AS VÍSCERAS E OS ÓRGÃOS) O Qi circula pelo organismo através dos 12 principais meridianos. Sendo classificado como cinco órgãos e cinco vísceras. Para que exista uma relação em harmonia e equilibrada, os 12 meridianos são divididos em classificação da Lei YinYang, 6 são Yang e 6 são Yin. As vísceras (Fu) são Yang e os órgãos (Zang), Yin. O alimento ingerido é transformado pelas vísceras, que por esta razão recebem o nome de órgãos tesouros (YAMAMURA, M. e YAMAMURA, Y., 2015). Segundo Gomes (2018) na classificação Yang, as vísceras são: estômago, intestino delgado, intestino grosso, vesícula biliar e bexiga; a sexta é uma função e não uma víscera: triplo aquecedor, expressão de uma tripla função: sendo visto a função cardiorrespiratória, a digestiva e geniturinária., trata-se do conhecido sistema neurovegetativo. Ainda assim, Yamamura M. e Yamamura Y. (2015) apontam que os órgãos Yin, tem a função de purificar e armazenar o sangue produzido pela transformação dos alimentos, que teve origem nas vísceras. Por este motivo, recebem o nome de órgãos tesouros. São denominados: pulmão, baço, coração, rim e o fígado. O sexto é uma função, chamada circulação-sexualidade que outros chamam “os vasos” ou “mestre do coração” e ainda “pericárdio”; e por isso também denominado Pericárdio. Passos et al. (2009) referem que, o triplo aquecedor Yang, corresponde ao Sistema Nervoso Simpático da medicina tradicional, e a circulação sexualidade é o polo interno. Já o Yin corresponde ao Sistema Nervoso Parassimpático. 13UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa Segundo Lima e Raposo (2020) os Zang apresentam características Yin, são mais sólidos e internos e os responsáveis pela formação e regulação e liberação do Qi, Xue, Ching, Jin Ye e Shen. Os Fu apresentam características Yang, sendo mais ocos e mais externos e tem a responsabilidade de receber e armazenar comidas e bebidas. SAIBA MAIS “Os principais órgãos envolvidos no processo de formação da asma, de acordo com a Medicina Tradicional chinesa são o Pulmão, Rim e Baço-Pâncreas. O Pulmão tem como funções governar o Qi (que para ele é o ar) e controlar a respiração e, dessa forma, regula a passagem de água, nutrindo pele e cabelos. Durante a respiração há a inspiração do Qi para nutrir o corpo e na expiração, o exalar do Qi excedente”. Fonte: RODRIGUES, G. M. Visão da medicina tradicional chinesa sobre asma. Revista Liberum Acces- sum, v. 9, n. 3, p. 38-51, 2021. Disponível em: http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/arti- cle/view/107/103 Acesso em: 10 mai. 2022. REFLITA “Para realizar o seu sonho, você tem que querer realizá-lo da mesma intensidade que você quer respirar, caso contrário não é um sonho, e sim um desejo”. Fonte: O autor (2021). http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/107/103 http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/107/103 14UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos analisar e afirmar que a separação de corpo e mente não tem sentido, nem é a separação de emoção e emoção, objetividade e subjetividade, Yin e Yang. Precisamos de razão, lógica, objetividade e análise, mas também precisamos de sensibilidade e simbolismo, criatividade e fantasia. Diante das demandas do mundo em que vivemos, precisamos de pessoas cada vez mais produtivas, inovadoras e solucionadoras de problemas que possam intervir com intuição, sensibilidade e imaginação. Portanto, trago a necessidade de perceber a importância de lidar com os problemas de uma forma dialética e dialética, e perceber que a polaridade em conjunto constitui o todo, a existência criativa, o criador e o criado, um todo, o universo. 15UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa LEITURA COMPLEMENTAR VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA SOBRE ASMA A asma é uma doença respiratória de característica crônica que pode ser ocasionada por vários tipos de padrões de desequilíbrio energético como invasão de Vento-calor ou Vento-Frio, Fleuma, padrões de deficiência de Pulmão, Baço-Pâncreas e Rim, e fatores emocionais relacionados aos órgãos citados. Objetivos: Identificar os principais padrões que tem como consequência a instalação da asma, descrever o processo de desequilíbrio energético e listar algumas possibilidades iniciais de tratamento obedecendo o entendimento oriental. Metodologia: Revisão crítica de literatura, levando em consideração referências bibliográficas atuais escritas em língua nacional e estrangeira e literatura clássica da Medicina Tradicional Chinesa. Resultados: O tratamento para asma depende do tipo de padrão de desequilíbrio energético que levou ao surgimento da doença. Alguns pontos devem ser combinados com cautela para otimizar a resposta do corpo. Conclusão: Pode ser tratada com pontos de acupuntura que fortalecem a energia do Pulmão, que resolvem Vento-Calor e Vento-Frio e Fleuma, devolvem a capacidade depurativa do Pulmão e fortaleça a imunidade. O acupunturista não pode incentivar o não uso da medicação solicitada pelos médicos. Palavras-chave: Vento-Calor, Vento-Frio, Fleuma. Fonte: RODRIGUES, G. M. Visão da medicina tradicional chinesa sobre asma. Revista Liberum Accessum, v. 9, n. 3, p. 38-51, 2021. Disponível em: http://revista.liberu- maccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/107/103 Acesso em: 10 mai. 2022. http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/107/103 http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/107/103 16UNIDADE I História da Medicina Tradicional ChinesaMATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Acupuntura e Medicina Integrativa Autor: Mário Sérgio Rossi Vieira. Editora: MG, 2017. Sinopse: Reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1995, a acupuntura vem sendo cada vez mais procurada por pacientes que desejam obter o alívio de diversos sintomas. Utilizada como tratamento complementar das mais variadas enfermidades – de insônia e depressão a infertilidade e lombalgia –, ela oferece o melhor da sabedoria milenar oriental aliada à segurança e à eficácia da medicina ocidental. Nesta obra, o médico fisiatra Mário Sérgio Rossi Vieira aborda, em linguagem clara e direta, os princípios que compõem a medicina tradicional chinesa, as evidências de que a acupuntura funciona, os vários tipos de tratamento, as principais indicações do agulhamento, os benefícios da técnica e as dúvidas mais comuns dos leigos. Além disso, mostra como a acupuntura está alinhada com uma nova visão de medicina, baseada na prevenção, na busca do equilíbrio do organismo, na qualidade de vida e no respeito ao paciente. FILME/VÍDEO Título: Heal - o poder da mente Ano: 2019. Sinopse: Uma jornada espiritual e científica através da natureza do corpo humano e sua extraordinária capacidade de curar. Entrevistando cientistas, líderes espirituais e acompanhando três indivíduos em jornadas de cura, a diretora Kelly Noonan explora o impacto que pensamentos, crenças e emoções têm na saúde humana. 17 Plano de Estudo: ● Os Doze Pares De Meridianos Principais; ● Meridianos Extraordinários; ● Pontos Shu Antigos; ● Moxaterapia. Objetivos da Aprendizagem: ● Introdução dos 12 pares de meridianos principais; ● Conhecer os pontos extraordinários e maravilhosos; ● Absorver a teoria dos pontos Shu antigos e sua teoria de fluxo energético; ● Compreensão da Moxaterapia de forma direta e indireta. UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura Professor Esp.Leandro Mocci do Nascimento 18UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 18UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura INTRODUÇÃO Prezado aluno, nesta unidade vamos conhecer os meridianos principais do nosso corpo, seu trajeto e suas características. Vamos também compreender os meridianos extraordinários e os canais antigos. Veremos também a técnica de transação de calor, de forma terapêutica e eficaz, estou falando da moxaterapia. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a contribuir ainda mais para os estudos desta prática. Bons estudos! 19UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 19UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1. OS DOZE PARES DE MERIDIANOS PRINCIPAIS O Qi, é a energia que circunda por todo o corpo, porém há trajetos em que a energia está mais concentrada, são os chamados meridianos, ou canais de energia. Mas mesmo nestes canais, há locais cujo a energia se concentra mais, formando pequenos nós de concentração de energia, que são os pontos dos meridianos. Um meridiano é seguido por outro, formando um todo maior por onde circula a maior parte de energia. São os conhecidos meridianos principais (12 meridianos). Quando há uma concentração acumulada de energia, ela para em algum ponto especifico do meridiano, inibindo a livre circulação por todo o organismo, surgindo a patologia que está relacionada a este meridiano e ao seu ponto em específico. Para a MTC, uma das principais causas para o adoecimento e que são avaliadas de origem interna são os aspectos psicológicos e as emoções. Condições estressantes podem levar a uma má repartição energética nos meridianos, órgãos e vísceras, gerando doenças físicas, mentais e emocionais. A MTC busca alcançar e tratar o indivíduo em sua complexidade e como um todo, situando diagnósticos energéticos prévios e utilizando um conjunto de técnicas orientais podendo ser de forma exclusiva ou integrada, tais técnicas são: Acupuntura, Moxabustão, Acupressura, Fitoterapia, Exercícios físicos, Auriculoterapia, Reflexologia dos pés, Craniopuntura entre outros (LU et al., 2004). 20UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 20UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.1 Meridiano do pulmão O meridiano do pulmão é de caráter Yin e apresenta-se unido ao meridiano do intestino grosso que é Yang. Absorve a energia do meridiano do fígado e a conduz ao meridiano do intestino grosso. Ao associarmos aos cinco elementos, apresenta ter relação ao elemento metal de Yin, sendo sua Mãe do elemento Terra (o meridiano do baço-pâncreas) e seu Filho de Água (o meridiano dos rins). Seus meridianos apresentam onze pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.1.1 Trajetória Nascendo no nível do centro do abdômen, atravessa o diafragma, entra nos pulmões e alcança as axilas, onde se localiza o ponto Zhongfu. A partir desse ponto, o primeiro dos nove pontos intermediários do meridiano do pulmão desce ao longo da face radial e palmar do braço; segue pelo antebraço, para terminar ao nível da unha polegar. Desse modo, o número total dos pontos desse meridiano principal dos pulmões. (WEN, 2014, p. 58) 1.2 Meridiano do Intestino Grosso Este meridiano é Yang, conectado com o meridiano do pulmão, que é de categoria Yin. Diferente do pulmão, esse meridiano recebe sua energia do meridiano do pulmão, transmitindo ao meridiano do estômago. Ao analisarmos na categoria dos cinco elementos, tem como classificação o Metal de Yang, ao qual sua mãe do elemento Terra (o meridiano do estômago) e seu filho de Água (o meridiano da bexiga). Sendo vinte pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.2.1 Trajetória O meridiano do intestino grosso se inicia na ponta do dedo indicador, dando continuação do fluxo energético do meridiano do pulmão. O meridiano do intestino grosso sobe pelo dedo indicador dorso-radial da mão, passa pelo músculo do primeiro interósseo, a seguir pela face dorso radial do antebraço, dando continuidade entre os músculos extensores longo e curto do polegar; sobe até o dorso lateral do cotovelo, na borda lateral do músculo bíceps e tríceps do braço, chegando ao ombro. Desse ponto, se separa em um ramal pelo espaço mediastino que desce para o abdômen, ligando-se com o intestino grosso. Do espaço mediastinal inicia-se uma conexão que se liga aos pulmões. Da fossa supraclavicular, o meridiano é direcionado pela borda lateral do músculo esternocleidomastóideo do pescoço até a região mandibular pelo lado da boca chegando ao lado oposto à asa do nariz, cruzando na altura do lábio. (WEN, 2014, p. 63) 21UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 21UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.3 Meridiano do Estômago Dando sequência aos meridianos, chegamos no meridiano do estômago que recebe o Qi do meridiano do intestino grosso, dando sequência a direção energética ao meridiano do baço-pâncreas. Tal meridiano é de característica Yang, sendo unido com o meridiano do baço-pâncreas, ao qual tem característica Yin. Analisando tal característica em relação aos cinco elementos, este é de Terra, sendo sua mãe de fogo e seu filho de metal. Possuindo assim 45 pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.3.1 Trajetória Wen (2014) expõe que o meridiano do estômago inicia seu curso aos dois lados do nariz e, apresentam uma comunicação com o meridiano da bexiga também na raiz do nariz, passando pelo arco dentário superior e saindo pela pálpebra inferior do olho. Dando continuidade no meridiano, descendo pelo ângulo da boca para a mandíbula. Nesse momento, o meridiano sobe pelo arco zigomático na frente do ouvido chega na região frontal da cabeça, rumo na borda do couro cabeludo. O mesmo autor relata que o meridiano do estômago desce pela mandíbula, passando pelo lado anterolateral do pescoço ao longo do lado medial do músculo esternocleidomastóideo até a fossa supraclavicular. A partir desse momento, o meridiano do estômago divide-se em duas partes, sendo um profundo e outro superficial. Agora, o trajeto profundo do meridiano se direciona ao longo do esôfago,passando pelo diafragma até a região do estômago, aonde se liga aos órgãos do baço-pâncreas. Em análise do seu trajeto superficial Wen (2014) explica que: O meridiano do estômago, sua linha desce pela linha do mamilo; passa na borda costal; atravessa a lateral do músculo reto-abdominal até a região inguinal na lateral do osso púbico; descendo pela borda medial da artéria femoral; depois seguindo pelo lado anterolateral da coxa, na origem dos músculos sartório e tensor da fáscia lata, continuando descendo pela borda lateral do músculo reto-femural ao longo da rótula dos joelhos; chegando então no lado anterolateral da tíbia e o lado do músculo da tíbia anterior até o dorso do pé, passando entre o segundo e o terceiro metatarsos até o segundo dedo do pé. (WEN, 2014, p. 70) 22UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 22UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.4 Meridiano do Baço-pâncreas É de natureza Yin sendo conectado ao meridiano do estômago, que é de natureza Yang. O Meridiano baço-pâncreas adquire a energia do meridiano do estômago, e o mesmo transmite a energia ao meridiano do coração. O baço-pâncreas tem relação ao elemento terra de Yin, enquanto sua mãe é de fogo, de Yin (o meridiano do coração) e seu filho é de metal, de Yin (o meridiano do pulmão). Sendo assim, esse meridiano tem 21 pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.4.1 Trajetória Este meridiano começa na falange distal do membro inferior, retornando de forma anatômica ao longo do lado medial do dedão, passa pelo primeiro metatarso ao maléolo medial. Continua ao longo da margem póstero-medial da tíbia; atravessando pelo lado medial do joelho, direciona seu percurso pela região medial da coxa, alcançando a região da virilha, segue pela região anterolateral do abdômen e pelo lado lateral do peito até a axila. O ramo profundo região inguinal, chega ao abdômen, se ligando ao meridiano do baço-pâncreas e ao do estômago, dessa forma, passa pelo músculo do diafragma, contorna o esôfago chegando à língua. Este meridiano possui mais um outro trajeto, se ramifica saindo do estômago, passa pelo diafragma e se ligando então ao coração (WEN, 2014). 1.5 Meridiano do Coração Sendo de natureza Yin, apresenta-se unido ao meridiano do intestino delgado, ao qual tem característica Yang. Recebe sua energia do meridiano do baço-pâncreas, transmitindo-a ao meridiano do intestino delgado. Ao analisarmos a sua relação aos cinco elementos, esse meridiano pertence ao Fogo de Yin, sendo sua Mãe o meridiano do fígado, de característica Madeira, e seu Filho o meridiano do baço-pâncreas terra. Esse meridiano tem nove pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.5.1 Trajetória A energia deste meridiano tem de início do coração, realizando sua trajetória pelo caminho do nervo autônomo do sistema cardiovascular; descendo, passando pelo diafragma, comunicando-se com o intestino delgado. O canal principal sai do coração e sobe pelo pulmão, atingindo a axila. Atravessa então ao longo do lado medial e ulnar do braço e desce pelo epicôndilo medial do cotovelo e pelo lado medial dos músculos flexores ulnar carpal. Cruza pelo pulso dentre o quarto e quinto metacarpo da mão e chega ao ponto do dedo mínimo. O ramal colateral fundo sobe do coração ao longo do esôfago, junto da faringe e da raiz da língua, passando atrás do nariz, e por entre os olhos, comunicando-se com os seus tecidos. (WEN, 2014, p. 89) 23UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 23UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.6 Meridiano do Intestino Delgado Este meridiano é de natureza Yang, se apresenta conectado ao meridiano do coração, que é Yin. Ganha a energia do meridiano do coração, E transmite para o meridiano da bexiga. Se estudarmos a relação aos cinco elementos, podemos perceber que esse meridiano pertence ao elemento Fogo de Yang, sua Mãe, o meridiano da vesícula biliar, de característica de madeira, e seu Filho o meridiano do estômago, ao qual é Terra. Esse meridiano tem dezenove pontos de cada lado do corpo (WEN, 2014). 1.6.1 Trajetória A energia desse meridiano tem por início o ponto do quinto dedo da mão, sobe pelo lado ulnar da mão, passa pelo punho, segue ao longo do lado ulnar dos músculos extensor carpo-ulnar do carpo e flexor carpo-ulnar, continua seu curso pelo cotovelo passa pelo lado medial do olecrânio, mantendo seu percurso subindo pelo lado do músculo tríceps braquial até a borda posterior e lateral do ombro. Ao chegar no ombro, o meridiano sobe ao longo do osso omoplata e da fossa supraclavicular, se conectando ao coração. Nesse momento, desce e cruza o músculo do diafragma e o abdômen, chegando assim ao intestino delgado. (WEN, 2014, p.93) Dando continuidade, o autor da citação anterior explica que o meridiano se divide nesse momento, sendo assim, um de seus canais sobe pela fossa supraclavicular ao longo do lado do pescoço do músculo esternocleidomastóideo passa ao lado do rosto até o ângulo lateral do olho, dando continuidade então para trás do ouvido. A outra parte do meridiano da divisão anterior, da continuidade do ponto de divisão, desce pela lateral do rosto passando pela parte inferior do olho até seu ângulo medial. 1.7 Meridiano da Bexiga Como vimos anteriormente, este meridiano então recebe a energia do meridiano do intestino delgado e a presta ao meridiano dos rins. Sua natureza é Yang, e se apresenta conectado ao dos rins que é Yin. Diz respeito ao elemento Água, sendo sua Mãe é do elemento Metal e seu Filho é de Madeira, o meridiano da vesícula biliar. Por sua vez, o meridiano da bexiga tem 67 pontos de cada lado, sendo então um dos mais complexos (WEN, 2014). 24UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 24UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.7.1 Trajetória O meridiano da bexiga inicia seu percurso no canto interno do olho, sobe pela região frontal, parietal e occipital da cabeça. Apresenta uma parte energético que desce da região parietal para o ouvido, retorna ao trajeto principal na fossa suboccipital. Possui outra divisão que, se desconecta da parte mais alta e superficial da cabeça, entra no cérebro, retorna ao trajeto principal na fossa suboccipital. A partir do pescoço, passando pelos músculos paravertebrais, o trajeto desce pelas costas até a região sacroilíaca, passa pela nádega, continua por trás da coxa, até a fossa poplítea. Nesse momento há uma nova divisão do percurso, um ramo passa pelas costas que se liga aos rins e depois à bexiga, desce pelo lado da virilha e por detrás da coxa até o poplíteo. Da nuca sai outra parte do meridiano, que por sua vez seu percurso desce pelo lado medial da omoplata e pelo lado dos músculos ílio-costais até chegar à nádega, se ligando com o meridiano da vesícula biliar, passa atrás da região trocanteriana, desce pelo músculo bíceps femoral até o poplíteo. Chegando à fossa poplítea, o meridiano da bexiga então desce entre os músculos atrás da perna pelo lado do tendão do calcâneo, chega à borda do maléolo lateral do pé, até a lateral do quinto dedo do membro inferior. (WEN, 2014, p. 99) 1.8 Meridiano dos Rins Este meridiano é de natureza Yin, se apresenta unido ao meridiano da bexiga, ao qual tem característica Yang, transmite seu Qi ao meridiano do pericárdio. Se analisarmos esse meridiano em comparação aos cinco elementos, é de Água; sua Mãe é o meridiano do pulmão, sendo metal e seu filho o meridiano do fígado, que é madeira. Tem 27 pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.8.1 Trajetória “O meridiano dos rins começa na planta do pé e ascende, pelo lado ínferomedial da cabeça do primeiro metatarso, seguindo pelo lado medial do osso cubóide, região póstero-inferior do maléolo medial e ao longo da borda medial do músculo gastrocnêmio, na região póstero-medial do joelho e, medialmente à coxa, ao longo dos músculos adutor e grácil, entre a pélvis e ventralmente às vértebras até o rim. O trajeto tem seu início no rim, desce pelo lado do músculopsoas até a pélvis e a bexiga. Saindo da pélvis, corre ao longo do lado medial do músculo reto-abdominal (ao lado da linha alba) e do externo até a frente do pescoço. Há um ramal que sai do rim, sobe, passando pelo diafragma e segue paralelo ao pulmão, ao longo da traqueia e da garganta, até a raiz da língua. Outro ramal sai do pulmão, une-se ao coração e, passando pelo peito, liga-se ao pericárdio, de onde transmite energia ao meridiano do pericárdio” (WEN, 2014, p. 115). 1.9 Meridiano do Pericárdio O meridiano do pericárdio tem como característica Yin. Recebe sua energia do meridiano dos rins, e transmite para o meridiano do triplo-aquecedor ao qual tem como característica Yang. Em analogia aos elementos, este meridiano é de caráter de fogo. 25UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 25UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura Ao analisar em semelhança com as estações do ano, o mesmo é considerado Yin no período de outono e inverno, e de Água durante a primavera e verão. Tem nove pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.9.1 Trajetória “A energia deste meridiano inicia no peito, passa pelo diafragma e se liga a todas as partes do triplo-aquecedor. Uma parte do meridiano sai do ponto central da axila e corre ao longo da borda medial do músculo bíceps do braço, entre o meridiano do pulmão e do coração, chega até o cotovelo. Nesse momento, o meridiano desce ao longo dos tendões do músculo longo da palma e do músculo flexor carpo-radial da mão. Focando na mão, o meridiano passa entre o terceiro e o quarto metacarpos do terceiro dedo. Finalizando seu trajeto ao quarto dedo” (WEN, 2014, p. 123). 1.10 Meridiano do Triplo-Aquecedor Este meridiano é de natureza Yang, e vem associando ao meridiano do pericárdio, que lhe fornece energia e transmite para o meridiano da vesícula biliar. Em relação aos cinco elementos, é de elemento fogo, sendo Yang durante o outono e inverno, alterando para elemento água na primavera e verão. Tendo 23 pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.10.1 Trajetória “Este meridiano começa no ponto do quarto dedo da mão, sobe pelo lado dorsal da mão, entre o quarto e o quinto metacarpos, passa pelo punho no meio do lado dorsal do punho e do antebraço, entre os ossos rádio e ulnar. Sobe, passa pelo olecrano e lado radial do músculo tríceps no lado posterior do ombro. O fluxo passa atrás do ombro, sobe pela supra-escapular e atrás da nuca da região auricular até chegar à região lateral do supercílio, onde se conecta ao meridiano da vesícula biliar. Há um ramal que sai da supraclavicular, entra no tronco do corpo, declina pelo mediastino e se liga ao pericárdio e à pleura. Descendo, passa pelo diafragma indo até a cavidade abdominal, ligando-se ao peritônio e à serosa intestinal, visceral e pélvica” (WEN, 2014, p. 126). 1.11 Meridiano Vesícula Biliar É de natureza Yang, se liga ao meridiano do fígado, que é de natureza Yin. Recebe energia do meridiano do triplo-aquecedor, e transmite para meridiano do fígado. Em comparação aos cinco elementos, é de madeira de Yang, sendo, sua Mãe o meridiano da bexiga e seu Filho o meridiano do intestino delgado. Esse meridiano possui 44 pontos de cada lado (WEN, 2014). 26UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 26UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 1.11.1 Trajetória O meridiano da vesícula biliar tem início na lateral do olho, sobe para a região temporal da cabeça, desce por trás do ouvido, ao lado da nuca pela frente do meridiano triplo-aquecedor até chegar na fossa supraclavicular. Nesse momento há um trajeto que passa por trás e entra no ouvido, sai pela frente da orelha no ângulo lateral do olho. Nesta parte do meridiano, sai outro ramal que vai pelo lado medial da mandíbula, cruzando a região maxilar inferior do olho, e desce pelo pescoço até a fossa supraclavicular (WEN, 2014). Dando continuidade, o autor anterior frisa que nesse momento a outra divisória do meridiano, desce pelo mediastino, passa pelo músculo do diafragma e se conecta com o fígado e a vesícula biliar. Sai então da vesícula biliar, desce pela lateral do abdômen e chega na região inguinal, faz uma curva por trás, na região trocantérica. O meridiano principal sai do ângulo lateral do olho, passa na frente da orelha pela lateral da cabeça, e desce pela lateral do músculo trapézio na região supraescapular. Mantendo a mesma linha de raciocínio, Wen (2014) refere que o mesmo meridiano segue seu trajeto pela frente do ombro, ao lado da região do peitoral, desce pelo lado do tronco na região trocantérica, se prende com o meridiano da bexiga na região da nádega. Continua seu percurso descendo pela borda lateral da coxa, na perna e pela parte anterolateral do tornozelo até chegar no lado dorsal do pé. Passa então entre o quarto e o quinto metatarsos no quarto dedo do pé. Há uma outra divisória do meridiano, que se separa no lado dorsal do pé, passando entre o primeiro e o segundo metatarsos até o lado do dedão do pé, ao qual esse canal nesse momento se conecta com o meridiano do fígado. 1.12 Meridiano do Fígado Este meridiano é de natureza Yin, acoplado ao meridiano da vesícula biliar, que é Yang. Recebe a energia do meridiano da vesícula biliar, e a transmite ao meridiano do pulmão. Em relação aos cinco elementos, é Madeira, de Yin; sua Mãe é de Água (o meridiano dos rins) e seu Filho é de Fogo (o meridiano do coração). Possui quatorze pontos de cada lado (WEN, 2014). 1.12.1 Trajetória “Este meridiano começa no dedão do pé, pelo lado do pé entre o primeiro e o segundo metatarsos, passando no ponto Zhongfeng (F4), l tsun na frente do maléolo medial. Cruza com o meridiano do baço-pâncreas no ponto Sanyinjiao (BP6) acima do maléolo medial, e sobe pelo lado ântero-medial da perna na borda medial da tíbia. Segue pelo lado medial do joelho e coxa para a região genital externa e suprapúbica, onde se junta com o meridiano do Ren-Mo. Continuando sua trajetória, sobe pelo lado do abdômen, até a reborda costal, ligando-se ao fígado e à vesícula biliar. Este meridiano possui um ramal que sobe atravessando o diafragma pelo lado posterior do tórax, esôfago, laringe; passa pela região naso-faringeal e liga-se aos olhos. Desse ramal, sai dos olhos atingindo a região maxilar ao redor dos lábios. O ramal do fígado passa pelo diafragma e pulmão ligando-se ao meridiano do pulmão” (WEN, 2014, p. 144). 27UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 27UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura SAIBA MAIS “Estudos controlados sugerem que a acupuntura é efetiva para o tratamento da dor orofacial. Assim, a acupuntura é considerada como uma valiosa alternativa/complemento ao tratamento convencional da Disfunção Temporomandibular (DTM).” Fonte: ZOTELLI, V. L. R et al. Efeito da acupuntura na disfunção temporomandibular e no equilíbrio ener- gético dos meridianos. Acupuncture effect in temporomandibular dysfunction and in the energy balance of meridians. Piracicaba, 2017. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/296887844.pdf Acesso em: 10 jul. 2022. https://core.ac.uk/download/pdf/296887844.pdf 28UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 28UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 2. MERIDIANOS EXTRAORDINÁRIOS Os meridianos extraordinários consistem em um grupo de oito meridianos: Du Mai, Ren Mai, Chong Mai, Dai Mai, Yin Wei Mai, Yang Wei Mai, Yin Qiao Mai e Yang Qiao. Destes meridianos, somente Du Mai e Ren Mai são classificados de meridianos extraordinários por não terem uma afinidade direta com os meridianos os 12 meridianos principais. Em contra partida exercem influência nesses meridianos principais (LARRE, 1997). Gomes (1994) relata que à relação entre a consideração dos meridianos extraordinários e a embriologia. Em visão das características do desenvolvimento embrionário, sendo: ● crescimento; morfogênese e diferenciação, parecem estar subentendidas na estrutura dos vasos maravilhosos. A organização do Du Mai e do Ren Maicorrespondem à formação do disco embrionário com duas camadas, sendo de fato: o epiblasto voltado para a cavidade amniótica, e o hipoblasto. A linha do Du Mai, conhecido também como, meridiano vaso governador, estende-se pela linha média posterior do corpo, ao qual regula o Yang e nutre o cérebro. Já a linha Ren Mai, também denominada de vaso concepção, percorre pela linha média anterior, adéqua o Yin e sustenta o útero. Na terceira semana de gestação com o início da morfogênese, o disco embrionário bilaminar é transformado em disco trilaminar ao surgir a linha primitiva, uma condensação do epiblasto que dá origem a células mesenquimais. 29UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 29UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura Estas células estão situadas entre o epiblasto e o hipoblasto. Então o epiblasto passa a ser chamado de ectoderma do embrião e o hipoblasto de endoderma do embrião. Nesse fato, as células mesenquimais produzidas pela linha primitiva constituem uma tercei- ra camada germinativa, chamada de: mesoderma intraembrionário. Tanto Gomes (1994) como e Botasaris (1994), ambos relatam que o terceiro folheto germinativo ao surgimento do Chong Mai, chamado de vaso encruzilhada ou mar de sangue, com função de regular o sangue e o QI. Os primeiros meridianos bilaterais a tomarem forma são os Qiao Mai Wen (2018) afirma que Qiao Mai têm origem comum no centro do calcanhar, sendo dividido em dois trajetos: ● Yin Qiao Mai estende-se pela parte medial. ● Yang Qiao Mai pela parte lateral do corpo até o bordo medial dos olhos onde voltam a se encontrar, estabelecendo um circuito. Wen (2018) finaliza sua explicação referindo ao respeito dos pontos de Wei Mai, que tem o papel de manter o corpo unido garantindo a união entre o Yin e o Yang, dividido em dois, sendo: ● Yin Wei Mai, reúne e influencia os principais meridianos yin; ● Yang Wei Mai os principais meridianos yang. SAIBA MAIS “Os Meridianos Extraordinários também conhecidos como Vasos Maravilhosos agem como reservatórios de energia em relação aos canais principais, os quais são comparados a lagos. Todos os Vasos Extraordinários derivam direta ou indiretamente do Rim e retêm a Essência (Jing) nele armazenada. Eles circulam a Essência ao redor do corpo, contribuindo assim para integrá-la a circulação do Qi Nutritivo e do Qi Defensivo. O Vaso Governador, Diretor e Penetrador, originam-se no Aquecedor Inferior, no espaço entre os rins.” Fonte: MENEZES, R. A. Tratamento da dor: acupuntura, técnicas associadas e bloqueios analgésicos. Brazilian Journal of Anesthesiology, v. 32, n. 5, p. 317-338, 2020. Disponível em: https://app.periodikos. com.br/article/5f9c9dc48e6f1a40018b4696/pdf/rba-32-5-317.pdf Acesso em: 01 jul. 2022. https://app.periodikos.com.br/article/5f9c9dc48e6f1a40018b4696/pdf/rba-32-5-317.pdf https://app.periodikos.com.br/article/5f9c9dc48e6f1a40018b4696/pdf/rba-32-5-317.pdf 30UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 30UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 3. PONTOS SHU ANTIGOS Deadman, Al-Khafaji e Baker (1998) relatam que os pontos Shu Antigos, são localizados nos doze canais principais de energia, sendo encontrados entre os dedos das mãos e os cotovelos ou até mesmo entre os dedos dos pés e os joelhos. Sendo assim considerados um dos grupos de pontos mais importantes da acupuntura. Os Chineses diziam que a passagem do Qi por esses pontos é como fluxo de um rio, sendo iniciado pelo ponto Poço (Jing) na ponta dos dedos das mãos ou dos dedos dos pés, até alcançar o ponto mar (He), sendo localizado no cotovelo ou no joelho. Dando sequência, o QI. Inicia no ponto poço (Jing), passa gradualmente pelo ponto nascente, chaga no ponto do riacho e desboca no Mar (DEADMAN; AL-KHAFAJI; BAKER, 1998). Os canais Yin das mãos tem fluxo em direção aos dedos, e os canais Yang das mãos já apresentam um fluxo em direção ao tórax. Comparando com um rio, a nascente na ponta dos dedos e seus cotovelos aplica-se igualmente aos canais Yin e Yang. Exatamente o mesmo é aplicado aos canais das pernas (DEADMAN; AL-KHAFAJI; BAKER, 1998) Como estes meridianos se localizam mais superficialmente que os demais meridianos, a sua energia é muito mais dinâmica do que a dos outros pontos de acupuntura, sendo justificado uso frequente desses pontos em atendimentos clínicos. Além disso, esses pontos representa a conexão entre o organismo e o meio ambiente. Por essa análise, os pontos desse canal estão diretamente relacionados com as estações do ano, sendo eles frente o seu ciclo e são suscetíveis a entrada dos fatores patogênicos exteriores, como frio, umidade e vento (GIOVANNI, 2014). 31UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 31UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura SAIBA MAIS “A acupuntura é um grande aliado em tratamentos onde a sensibilidade a fármacos presente, no entanto a pesquisa se o fará através de uma técnica de intervenção não medicamentosa, como acupuntura, sendo difícil estabelecer modelos de controles. Os objetivos desta revisão foram descrever os efeitos da analgesia por acupuntura como preparação para a técnica odontológica de biocompatibilização, utilizando acupontos auriculares e sistêmicos para que se possa comprovar o benefício da técnica (...)” Fonte: FERNADEZ, R. G; SANTOS, M. C. M; TORRES, O. S. A eficácia do uso de analgesia em proce- dimentos odontológicos de biocompatibilização baseados na medicina tradicional chinesa–Relatos de um estudo de caso. Faculdade Ávila, p. 1-22, 2011. Disponível em: https://silo.tips/download/fernadez-renart- -goda-santos-michelle-cristiane-melo-dos-torres-onizia-dos-santos Acesso em: 01 jul. 2022. https://silo.tips/download/fernadez-renart-goda-santos-michelle-cristiane-melo-dos-torres-onizia-dos-santos https://silo.tips/download/fernadez-renart-goda-santos-michelle-cristiane-melo-dos-torres-onizia-dos-santos 32UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 32UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura 4. MOXATERAPIA A técnica de Moxabustão é uma prática que utiliza plantas como por exemplo, a Artemisia, sendo associado à sua queima, na geração de calor para prevenção de doenças, controle patológico e tratamento da dor. Assim, melhorando a resposta imunológica de tratamento de várias doenças agudas e crônicas. A prática incide na aplicação de uma planta seca e processada, que é acesa sobre a pele, para que a energia penetre no interior do corpo e produz estímulos com o intuito de ajustar as funções fisiológicas. A deficiência de Q.I. e Xue propicia a penetração de Frio e Umidade, e nesse caso, a Moxaterapia vem para eliminá-los (YAMAMURA, 2001). Conforme mencionado anteriormente a aplicação desta técnica, tem como intuito de aquecer o Q.I. e o Xue dos Canais de Energia Principais e Secundários a partir do aumento da velocidade da circulação energética dos Canais potencializando a nutrição e a circulação de energia, e a atividade dos Zang Fu e das Vísceras Curiosas, pela regularização da circulação do Fogo orgânico (YAMAMURA, 2001). 4.1 Técnica Direta Myasava e Alcântara (2020) explicam que na técnica direta, o cone de Moxabustão é colocado de forma diretamente sobre a pele, sendo associado nos pontos de acupuntura, obtendo efeito imediato, enquanto a técnica indireta tem efeito demorado com duração analgésica ou terapêutica mais curta. 33UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 33UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura A aplicação de Moxabustão de forma direta em cicatriz, tem a tendência de curar algumas doenças crônicas refratárias (MYASAVA e ALCÂNTARA, 2020). De acordo com Park et al. (2020) a técnica de aplicação de Moxabustão indireta deve ser de uma distância de 3 cm, essa distância não é somente adequada para alcançar a eficácia do tratamento, mas também é mais segura, pois evita danos térmicos e dor. 4.2 Técnica Indireta A técnica indireta é realizada com a colocação de uma substância medicamentosa(rodelas de gengibre, sal grosso, alho, cebolinha, cebola, acônito, entre outros) entre o cone de Moxabustão e a pele, ou então utiliza-se bastões de Artemísia prontos (YAMAMURA, 2001). São exemplos de técnicas indiretas a fumigação com fumaça ou vapor, Moxabustão com a utilização de aquecedores, caixas ou “thermies”, Moxabustão na agulha de acupuntura, Moxabustão suspensa com bastões ou cigarrete de Artemísia e Moxabustão na casca de noz (WILCOX, 2008). SAIBA MAIS “De acordo com Piñana (2018), vários estudos têm sido realizados com relação à moxabustão e a imunidade e alguns dos efeitos importantes são: aumento da produção de leucócitos; aumento da atividade fagocitária; aumento da produção de hemácias e hemoglobina; aumento do nível de sedimentação das hemácias; aumento da velocidade de coagulação; aumento do nível de cálcio no sangue; aumento dos complementos séricos; aumento da capacidade de produção dos anticorpos” Fonte: Myasava e Alcântara (2020). REFLITA As más companhias são como um mercado de peixe; acabamos por nos acostumar ao mau cheiro. Fonte: PROVÉRBIO Chinês. Pensador. Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MzAy/ Acesso em: 01 jul. 2022. https://www.pensador.com/frase/MzAy/ 34UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 34UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura CONSIDERAÇÕES FINAIS Olá, chegamos ao fim de mais uma apostila. No nosso estudo, foi possível compreender que a energia circula por todo o corpo, porém há caminhos por onde a energia está mais concentrada, são os chamados meridianos, os canais de energia, ou vasos. Mesmo nestes canais, há locais em que a energia se concentra mais, formando pequenos nós de concentração de energia, que são os pontos dos meridianos. Um meridiano é seguido por outro, formando um todo maior por onde circula a maior parte de energia. São os conhecidos meridianos principais. Ao chegarmos na segunda unidade, estudamos um pouco mais a fundo sobre os meridianos extraordinários consistem num grupo de oito meridianos: Du Mai, Ren Mai, Chong Mai, Dai Mai, Yin Wei Mai, Yang Wei Mai, Yin Qiao Mai e Yang Qiao Mai, descritos de forma sistemática pela primeira vez no Nan Jing. Destes meridianos, apenas Du Mai e Ren Mai são chamados de meridianos extraordinários por não terem uma relação direta com os meridianos principais Ao nos depararmos com o próximo assunto, chegamos à conclusão que os pontos de transporte conhecido como Pontos Shu Antigos, ao qual são localizados nos doze canais principais de energia, entre os dedos das mãos e os cotovelos ou entre os dedos dos pés e os joelhos, são um dos grupos de pontos mais importantes da acupuntura. São também os Pontos dos Cinco Movimentos Terminamos nosso estudo falando sobre a Moxabustão é uma prática que utiliza plantas como por exemplo, a Artemisia, sendo associada a queima da planta, na geração de calor para o controle e tratamento da dor. Assim, melhorando a resposta imunológica de tratamento de várias doenças agudas e crônicas. A técnica incide na aplicação de uma planta seca e processada, que é acesa sobre a pele, para que a energia penetre no interior do corpo e produz estímulos com o intuito de ajustar as funções fisiológicas. A deficiência de Q.I. e Xue propicia a penetração de Frio e Umidade, e nesse caso, a Moxaterapia vem para eliminá-los Dessa forma, me despeço de você meu querido aluno(a) com um abraço, Sucesso a você! Até a próxima! 35UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 35UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura LEITURA COMPLEMENTAR Uso da acupuntura no manejo da dor em pacientes com alterações na articulação temporomandibular (ATM) A acupuntura, técnica bastante difundida devido às suas propriedades anti- inflamatórias, ansiolíticas, miorrelaxantes e ativadoras da função imunológica no organismo humano, tem sido muito utilizada como terapia coadjuvante em diversas especialidades odontológicas. O objetivo deste trabalho é apresentar o caso clínico de uma paciente com Disfunção Temporomandibular (DTM), tratada com acupuntura, e os resultados obtidos por essa técnica terapêutica no serviço odontológico da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP-UNICAMP). A paciente VASN, 34 anos, com queixa de dor na ATM, mais intensa no lado direito, com diagnóstico clínico de DTM e bruxismo, foi submetida ao tratamento por acupuntura. De acordo com a MTC (Medicina Tradicional Chinesa), foi encontrado o padrão de desequilíbrio energético da mesma e foi estabelecido um protocolo de tratamento que se demonstrou efetivo para redução dos sintomas. Fonte: ZOTELLI, V. L. R; MEIRELLES, M. P. M. R; DE SOUSA, M. L. R. Uso da acupun- tura no manejo da dor em pacientes com alterações na articulação temporomandibular (ATM). Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 22, n. 2, p. 185-188, 2017. Disponível em: https://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontolo- gia/pdf/maio_agosto_2010/unicid_22_02_185_8.pdf Acesso em: 05 jul. 2022. https://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/pdf/maio_agosto_2010/unicid_22_02_185_8.pdf https://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/pdf/maio_agosto_2010/unicid_22_02_185_8.pdf 36UNIDADE I História da Medicina Tradicional Chinesa 36UNIDADE II Meridianos e Pontos de Acupuntura MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual Terapêutico De Acupuntura Autor(A): Tom Sintan Wen. Editora: Manole. Sinopse: Aos 72 anos, Dr. Tom Sintan Wen apresenta a sua obra-prima: o Manual Terapêutico de Acupuntura. Incansável pesquisador, rigoroso nos detalhes de difícil compreensão da Medicina Tradicional Chinesa, sem perder a visão moderna e dos avanços da medicina convencional, dedicou a sua vida ao ensino de Acupuntura aos seus discípulos. É lembrado pelos pacientes até hoje, pelo seu jeito simples de transmitir confiança, segurança e capacidade nos seus atendimentos, com resultados tão maravilhosos e de difícil reprodutibilidade. A obra é concisa e ao mesmo tempo completa, rica para os iniciantes e repleta de detalhes para os já experientes. Descreve a experiência clínica do autor, que classifica e trata de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa 65 doenças ocidentais comumente observadas na prática clínica. Apresenta conteúdo nunca antes publicado, direcionado especialmente para os médicos acupunturistas. Apresenta um autêntico e prático manual de Acupuntura, com uma linguagem clara e precisa com abrangência e profundidade. FILME/VÍDEO Título: O Último Imperador Ano: 1987. Sinopse: A saga de Pu Yi (John Lone), o último imperador da China, que foi declarado imperador com apenas três anos e viveu enclausurado na Cidade Proibida até ser deposto pelo governo revolucionário, enfrentando então o mundo pela primeira vez quando tinha 24 anos. Neste período se tornou um playboy, mas logo teria um papel político quando se tornou um pseudoimperador da Manchúria, quando esta foi invadida pelo Japão. Aprisionado pelos soviéticos, foi devolvido à China como prisioneiro político em 1950. É exatamente neste período que o filme começa, mas logo retorna a 1908, o ano em que se tornou imperador. 37 Plano de Estudo: ● Introdução; ● O processo saúde-doença na perspectiva da MTC; ● Morfologia do pavilhão auricular; ● Somatotopia auricular. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a história da Auricoloterapia e sua trajetória; ● Compreender o conceito de saúde/doença frente a visão da MTC; ● Observar a diferença entre patologias de causas internas e causas externas; ● Aprender a morfologia auricular e somatotopia frente o tratamento. UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia Professor Esp. Leandro Mocci do Nascimento 38UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia INTRODUÇÃO Prezado aluno, nesta unidade vamos conhecer a trajetória e a história da Auriculoterapia, visando uma linha de tempo sobre uma breve apresentação da suaevolução. Veremos também o processo de saúde e doença de MTC, compreendendo assim em qual questão inicia-se a fase patologia, sabendo diferenciar as causas internas, as externas e as causas patológicas mistas. Aprenderemos a visão anatômica auricular e a somatotopia ao tratamento. Portanto, esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a contribuir ainda mais para os estudos desta prática. Bons estudos! 39UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia 1. INTRODUÇÃO A história da Auricoloterapia, ou como é popular conhecido por acupuntura auricular, inicia-se em um passado distante, com a história da acupuntura sistêmica como é conhecida no Brasil. Trata-se de uma prática milenar que fora aplicada pelos povos egípcios, indianos, chineses entre outros povos da antiguidade. No período paleolítico, as agulhas eram feitas de pedra, osso e bambu e eram aplicadas na aurícula e outras partes do corpo. Com o desenvolvimento humano, buscou-se produzir materiais de estímulo corporal mais resistentes e menos desagregantes, passando-se a utilizar cerâmica para produção das agulhas, seguida de metais como o bronze, ouro e a prata. Neves (2009) explica que, por volta do ano IV a.C, Hipócrates fazia sangria em pontos auriculares, e no século XVII, fazia-se a cauterização auricular a fim de tratar dor ciática. Posteriormente a acupuntura desenvolveu bastante no Egito, na Pérsia e na China. Foi a partir de 1951 com o Dr. Paul Nogier, que houve uma compreensão que a orelha pode ser tratada como um microssistema e zona reflexa, Nogier foi quem de fato sugeriu, usando seus estudos que a orelha representaria um feto de cabeça para baixo. Entre seus anos de dedicação destacava-se a busca e registro de regiões hiper sensibilidades e álgicas na orelha de seus pacientes, em que o mesmo buscava associar as queixas apontadas pelos seus pacientes com a região mais sensível no pavilhão auricular (ROMOLI, 2009). 40UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia Acredita-se que a desarmonia no mapeamento da Auriculoterapia que se depara hoje no Brasil e no mundo é associado em conflitos históricos, a imigração de mestres que geravam escolas chinesas, francesas e coreanas de acupuntura. Junto a tudo isso, ainda, a informalidade em que a acupuntura foi por muitos anos ensinada, de mestre para aluno de forma apenas verbal. Muitas vezes era só a experiência clínica que justificava fazer de uma maneira ou outra. Dependia muito do olhar atento do estudante, de sua compreensão e interpretação das técnicas (LOPES e SEROISKA, 2013). Se analisarmos a linha histórica da MTC, podemos iniciar na década de 80, sendo um marco histórico para a Auriculoterapia, pois temos já um início terapêutico. Já García (2003), aponta uma lista de marco histórico para a MTC, sendo-a: ● Em 1982, fundado o Grupo Nacional de Trabalho em Auriculoterapia, instituindo- se um organismo para o estudo do método. ● Em novembro de 1984, em Kun Ming Shao, realizou-se a Assembleia Nacional para o estudo da Auriculoterapia e a Craniopuntura. ● Já em 1987, ficou instituído na cidade de Na Hui o Grupo nacional para a investigação em Auriculoterapia, desenvolvendo-se um Congresso onde ficou estabelecido o Mapa Estandardizado dos Pontos Auriculares. ● Em outubro de 1989, realizado em Pequim o Primeiro Congresso Internacional de Auriculoterapia. No Brasil, por volta de 1985 a acupuntura tornou-se uma possibilidade de técnica e depois de especialidade da fisioterapia com a resolução nº 60 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2002). Dando assim origem nos anos seguintes para mais 10 conselhos de classe da área da saúde. SAIBA MAIS “Auriculoterapia é oriunda do latim, em que auris significa orelha, auricula significa pequena orelha, e do grego therapien, que significa tratamento. Trata-se de uma terapia que é realizada mediante o estímulo de pontos específicos encontrados na superfície da orelha externa, empregada para o tratamento de enfermidades (JÚNIOR, 1994).” Fonte: SOUSA, E. M. D.; TRINDADE, A. K. F; PEREIRA, I. C. Auriculoterapia: terapia milenar e eficiente no tratamento de enfermidades. Ricardo de Figueiredo Lucena, p. 90, 2014. 41UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia 2. O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA PERSPECTIVA DA MTC O termo de manutenção, prevenção e recuperação da saúde, na perspectiva oriental, da MTC, está vinculado ao desequilíbrio energético, gerando assim alterações patológicas. Entendido como a estabilização entre Yin e Yang no organismo garantido pelo livre circular do Qi. O sistema do corpo humano é arquitetado como uma união que é visto nos níveis físico, psíquico, emocional e espiritual em relação dinâmica com o meio ambiente, como um sistema energético e funcional (KUREBAYASHI, 2007). Portanto, de acordo com Ross (1994), as alterações orgânicas são vistas como desequilíbrios energéticos, ou até mesmo uma quebra da harmonia das funções orgânicas, ou até mesmo com o espiritual. Quando isso acontece, gera assim uma desordem ou bloqueio do fluxo de Qi no organismo, as extensões entre Yin e Yang se alteram, o equilíbrio energético é rompido e assim gerando patologias orgânicas, psíquicas e/ou enérgicas. Ainda seguindo a linha de raciocínio da referência anterior, o corpo é a base para a vida física, emocional, mental e espiritual e está constituído em uma estrutura organizacional formada pelas substâncias vitais, canais e colaterais (Jing Luo), órgãos e vísceras (Zang Fu) e pelos tecidos. Dentre os componentes básicos do processo saúde- doença na compreensão clássica da MTC estão o corpo, os fatores de doença e o padrão de desarmonia. 42UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia Analisando o corpo, vemos que é a representação física do microcosmo presente no universo, assim sendo, sobre ele se abate diretamente as influências da natureza e das relações situadas pelo homem com o universo, ou seja, com os macrocosmos. A partir de uma relação lógica os processos de organização, desorganização, equilíbrio e desequilíbrio, harmonia e desarmonia terão seus aspectos físicos desenvolvidos sobre o corpo, o que nos permite compreender os fatores de doenças como os originadores ou precipitadores do processo de desarmonia sobre o corpo. As causas dessas desarmonias podem ser consideradas de classificação: internas, externas e mistas. Isto é, associadas com a energia ancestral e hábitos de vida. 2.1 Causas Internas As causas internas se relacionam com as emoções intensas e persistentes, ou na hipersensibilidade a determinados agentes que prejudicam os Zang-Fu. Atualmente percebemos o reflexo destes fatores sobre a saúde da população, sobretudo na sociedade no qual estamos vivendo, onde fatores emocionais parecem ganhar lugar de destaque na relação antipática entre o corpo e as energias Yin-Yang. O estresse da vida diária anexa à sobrecarga de trabalho e a construção de relações cada vez mais ilusórios entre os indivíduos. Maciocia (2005) explica que dentre os fatores emocionais desencadeadores da alteração no equilíbrio Yin-Yang do organismo situam-se a fúria, a euforia, a tristeza ou melancolia, a preocupação ou abstração, o medo e o choque. A autora ainda explica que a fúria faz o Qi ascender e afeta o fígado; a euforia faz o Qi fluir lentamente e afeta o coração; a melancolia dissolve o Qi e afeta o pulmão; a preocupação e excesso de abstração paralisam o Qi e afetam o baço; o medo faz o Qi descender e afeta o rim; e o choque que dispersa o Qi afetando o rim e o coração. Um exemplo dessas relações pode ser visto em questões de queixas como artralgia, mialgia, e cefaleias sem origem aparente ou sem diagnóstico. 2.2 Causas Externas As causas externas abrangem as variações climáticas para além da capacidade de adaptação do organismo. Para uma melhor compreensão, o tempo somente se torna uma causa patológica quando o equilíbrio entre o organismoe o meio ambiente é afetado referente ao fator climático. 43UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia Maciocia (2005) apresenta que os fatores patogênicos penetram no organismo através da pele, nariz e boca, podendo assim atuar isoladamente ou em associação com outros fatores, como, por exemplo, fatores climáticos. Sendo assim, os seis fatores climáticos de acordo com Pereira e Alvim (2013) são: o vento, o frio, o calor de verão, a umidade, a secura e o fogo, conforme descrito: “1.O vento, fator yang, típico da primavera, ataca a porção superior do corpo provocando dores de cabeça, obstrução nasal, irritabilidade, dores migrantes, sintomas que aparecem e desaparecem como artrite, urticárias, espasmos, tremores, paralisia facial. 2. O frio, fator Yin, ocorre no inverno, consome Qi e Yang. Caracteriza-se por contração e estagnação, retardamento da circulação de Qi e Xue, que pode se manifestar como sensação de dormência nas extremidades, arrepios, calafrios, membros frios, palidez, produção e acúmulo de secreções nos pulmões e vias áreas, diarreia com alimentos não digeridos nas fezes, urina límpida com aumento de volume. Em comparação às explicações ocidentais, reside aqui uma das explicações da MTC para o aumento das doenças respiratórias nos períodos de inverno. 3. O calor de verão, fator yang, consome yin, tem direção ascendente e perturba a mente, provoca transpiração, sede, respiração ofegante, cansaço, urina concentrada, febre alta, inquietação, pele avermelhada, delírio que costuma associar-se à umidade causando tontura, cabeça pesada, sensação de sufoco no peito, náusea, falta de apetite, diarreia e lentidão. As queixas de desânimo e esgotamento físico vivenciado por muitas pessoas no período do verão, sobretudo em dias de altas temperaturas também encontram nesta relação, a explicação para tais eventos segundo as concepções da MTC. 4. A umidade é um fator etiológico típico da canícula, época das chuvas, ocorre o aumento da viscosidade dos líquidos corporais provocando estagnação. Manifesta-se como indolência, sensação de distensão na cabeça, tonturas, cansaço geral, opressão do epigástrio, náusea, vômito, viscosidade e sabor adocicado na boca, abcessos, úlceras, leucorreia de natureza purulenta com odor, urina turva, doenças prolongadas, artrite reumatoide, encefalite. 5. A secura, fator patogênico do outono, consome os líquidos, principalmente yin do pulmão, afeta a pele provocando ressecamento, rugas e rachaduras. Provoca, ainda, secura na boca, nariz e garganta, constipação intestinal, irritabilidade e tosse seca. 6. O fogo, fator Yang, danifica o Yin, perturba a mente, incita o vento, provoca distúrbio no sangue e esgota o yin do fígado. Manifesta-se como febre alta, coma, delírio, convulsão, rigidez no pescoço, hemorragia, hematêmese, epistaxe, erupções e infecção na pele, edema, calor, dor, furúnculos e úlcera” (PEREIRA e ALVIM, 2013, p. 6-7). 44UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia 2.3 Causas Mistas Além das emoções e dos fatores climáticos, as moléstias podem ser causadas por invasores que causam patogenicidades de classes variadas como a presença debilitada herdada dos pais ou decorrente de intercorrências na concepção e no nascimento (YAMAMURA, 2004). Para Pereira e Alvim (2013) essa relação com a condição de saúde dos pais, bem como outros fatores como a idade dos pais à época da fecundação dos filhos, seus hábitos alimentares e estilo de vida, adoecimentos durante a gestação e dificuldades durante o parto, são determinantes importantes para a manutenção e preservação da saúde dos indivíduos. Seguindo a linha de raciocínio dos autores, os alimentos e os hábitos alimentares, o excesso ou a falta de atividades físicas, as lesões traumáticas e o excesso de atividade mental e sexual estão incluídos como fatores doença variados e também abrangem grande importância na manutenção, e recuperação da saúde segundo a MTC. Outro aspecto verificado nas explicações do processo saúde-doença segundo esta filosofia é que na ocorrência da invasão do corpo pelos fatores de doenças, as relações de harmoniosa do Yin-Yang e por consequência os cinco movimentos se tornam desequilibrados, produzindo sobre os Zang-Fú as desarmonias energéticas, explicadas por meio de síndromes (conjunto de fatores patológicos de origem interna ou externa ao organismo), denominadas de padrões de desarmonia (ROSS, 1994; MACIOCIA, 2005). SAIBA MAIS “A saúde mental é um dos grandes desafios do século XXI. Neste sentido, estudo revelou que 30% dos paulistanos da região metropolitana sofriam de algum tipo de perturbação mental.” Fonte: KUREBAYASHI, L. F Sato et al. Auriculoterapia para redução de ansiedade e dor em profissionais de enfermagem: ensaio clínico randomizado. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 25, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/dXT34Ys9QphvTj9NPRhsW3p/?format=pdf&lang=en Acesso em: 10 jul. 2022. https://www.scielo.br/j/rlae/a/dXT34Ys9QphvTj9NPRhsW3p/?format=pdf&lang=en 45UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia 3. MORFOLOGIA DO PAVILHÃO AURICULAR Analisando a anatomia auricular, o pavilhão da orelha é uma lâmina dobrada sobre si mesma, em diversos sentidos, oval, com uma extremidade superior espessa. O pavilhão auricular está composto por um tecido fibrocartilaginoso, sustentando suas estruturas anatômicas, composto por ligamentos, tecido adiposo e músculos. A parte inferior do pavilhão é rica em nervos, vasos sanguíneos e linfáticos, mas os terços superiores deste estão formados, basicamente, por cartilagem. A pele do pavilhão é de forma mais espessa, atribuindo-se as glândulas sebáceas, sudoríparas, vasos capilares, conjuntos de nervos e vasos linfáticos. O tecido adiposo e as glândulas sebáceas são mais abundantes nas imediações do conduto auditivo. (GARCÍA, 2003). A superfície do pavilhão auricular está dividida em várias áreas de acordo com sua anatomia e relevo. As principais áreas de atuação terapêutica na Aurículo Acupuntura são a região da Escalfa, cujo se localizam os membros superiores, a região da Cruz Superior da Anti-helix, onde apresentam os pontos que correspondem aos membros inferiores, a coluna vertebral na região da Anti-helix. O Sistema Nervoso Central (SNC) está localizado na Helix, a cabeça na região do Lóbulo, a cavidade torácica na região da Concha Cava e a cavidade abdominal na região da Concha Cimba, com seus órgãos e vísceras. (ENOMÓTO, 2015). Os nervos cranianos são subdivididos em nervo aurículo temporal e o ramo auricular do vago. O nervo vago é considerado o mais importante pela sua inervação parassimpática que age praticamente em todos os órgãos internos (HIATT, 2011). Na visão de Souza (2013) dope ser explicado alguns acidentes anatômicos do pavilhão auricular e sua correlação com o corpo humano na seguinte análise: 46UNIDADE III Introdução á Auriculoterapia “1. Raiz da hélix – Eminência originada do centro da orelha, que dá origem ao hélix e corresponde ao sistema digestivo, diafragma, cardíaco e apêndice. 2. Hélix – Eminência de aspecto ovoide que circunda a periferia da orelha, possuindo pontos de ação anti-inflamatória. 3. Tubérculo de Darwin – Eminência localizada na parte póstero-superior da hélix, tem ação sensitiva e age sobre a mesoderme e a endoderme, tratando perturbações dos membros. 4. Escafa – Localizado entre a hélix e o ante-hélix, correspondendo aos MMII, clavícula, ombros e suas articulações. 5. Anti-hélix – Eminência que se localiza frente ao hélix, de bifurcação em formato de cruz, correspondendo à coluna, vértebras, tronco, pescoço, peito, abdômen, tireóide, mamas e tórax. 6. Y da anti-hélix (braço superior) – Parte mais superior da anti-hélix, correspondendo aos pés, pernas, joelhos e quadril. 7. Y da anti-hélix (braço inferior) – Bordo inferior é ligado à concha superior e seu bordo superior à fossa triangular, corresponde região glútea, simpático, ciático, cóccix e cavidade
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