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Indaial – 2021 SiStemaS de informaçõeS, inovação e tecnologia na Saúde Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: G182s Galvão, Joana Rita Sistemas de informações, inovação e tecnologia na saúde. / Joana Rita Galvão; Leandro Tiago Sperotto. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 194 p.; il. ISBN 978-65-5663-255-1 ISBN Digital 978-65-5663-256-8 1. Sistema de informação em saúde. - Brasil. I. Sperotto, Leandro Tiago. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 apreSentação Neste estudo, abordaremos o Contexto Histórico do Sistema de Informação em Saúde, desde o período Colonial até os dias atuais. Nesse processo histórico serão abordadas as estratégias de saúde adotadas em cada período, bem como os tipos de controle e coleta de informações utilizados frente às diferentes epidemias vivenciadas. Posteriormente, inicia-se a discussão acerca dos SIS adotados pelo Ministério da Saúde atualmente, como formas de ampliar os conhecimentos pertinentes às bases de dados existentes, quais informações alimentam os sistemas e qual a contribuição de cada um deles para o processo de tomada de decisões estratégicas no Sistema de Saúde brasileiro. Da mesma forma, discorre-se sobre a forma como essas informações são divulgadas e como esses sistemas de informação têm sido substituídos ou adaptados para as tecnologias remotas, a partir da criação de aplicativos (app) informacionais da saúde. Apresenta-se ainda o sistema de informação criado como fonte informativa para difundir as questões relacionadas à pandemia do novo Coronavirus (COVID-19), tanto em nível nacional quanto internacional. Para finalizar, será feita a sistematização dos passos fundamentais para a organização de um SIS, bem como a forma pela qual são processados os registros eletrônicos em saúde (prontuários eletrônicos). Ao final de cada tópico são propostas atividades de revisão, como também, sugestões de leituras, resumos e as referências bibliográficas utilizadas. Na Unidade 2, estudaremos o desenvolvimento e adoção da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e todo processo que envolve o desenvolvimento dos sistemas, associando-o com as estratégicas tecnológicas. Abordaremos questões relacionadas à avaliação da eficácia e efetividade, das orientações e perspectivas da avaliação saúde pública, da ética, da pertinência da informação para a indústria farmacêutica. Também discutiremos sobre as principais tecnologias adotadas na área da saúde, bem como seu ciclo de vida e as etapas da avaliação tecnológica em saúde. Ainda, estudaremos os desafios enfrentados na área tecnológica, especificamente quanto aos recursos limitados, a diversidade no padrão de morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de saúde, a informação e os dados disponíveis, e, por fim, a capacidade tecnológica e a importância das tecnologias sociais como instrumentos para a tomada da decisão. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre a Inovação nos Serviços de Saúde, e o que se espera desse processo, a partir da contextualização da Política Nacional de Gestão de Tecnologia em Saúde e as novas tendências em saúde. Nessa unidade serão apresentadas as novas tendências em saúde, que em alguns lugares já estão sendo utilizadas como alternativas aos métodos convencionais, como forma de otimizar, agilizar e garantir o atendimento aos usuários. Da mesma forma, são apresentados os estudos em andamento, bem como a fase de testes para implementação de novas tecnologias voltadas para 3D, 4D e 5G. Entre as tecnologias abordadas, discorre-se sobre a realização de exames, agendamento de consultas, a robótica, a Inovação em Medicina Social , redes alternativas contra a falsificação de medicamentos, a Inovação em Genética – um banco de dados para doenças de crânio e face, a Inovação em Prevenção – Coração resguardado na quimioterapia, o uso de nuvem no setor da saúde, o E-Saúde, a Telessaúde, a Telemedicina e o OncoSus – aplicativo facilita acesso documentos sobre câncer. Para finalizar, no decorrer de cada unidade, apresentam-se as leituras complementares sugeridas em cada tópico, proporcionando a construção dos conhecimentos de maneira mais prática acerca do conteúdo trabalhado. É preciso lembrar ainda que, ao final de cada tópico, realizaremos uma breve revisão de cada temática abordada, assim como realizaremos atividades objetivas e descritivas. Bons estudos! Prof. Leandro Tiago Sperotto Profª. Joana Rita Galvão Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE Sumário UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) ............................................ 1 TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ................... INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)............................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO ......... 3 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA ......................................................................................................... 5 2.1.1 Período colonial ..................................................................................................................... 5 2.1.2 Século XIX ............................................................................................................................... 7 2.1.3 Século XX ................................................................................................................................9 2.1.4 O Século XXI ......................................................................................................................... 16 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS ................................................................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ...................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE ................................................... 25 2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS .......................................................... 25 2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ....................................... 28 2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) .......................................................... 29 2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) ............................................. 30 2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) ............................................................ 31 2.1.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) ........................................... 35 2.1.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)........................................................... 37 2.1.7 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) ................. 38 2.1.8 Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) ................... 42 2.1.9 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA) ........................................................................................................... 43 2.1.10 Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) .................. 44 2.1.11 Sistema de Informações do Câncer de Colo do Útero e Sistema de Informação do Câncer de Mama (SISCOLO/SISMAMA) ....................................................................... 45 2.1.12 Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA) ................................................................................................................... 46 2.1.13 Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL) ..................................... 47 2.2 DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ..................................................................................... 49 2.3 APP CORONAVÍRUS-SUS .......................................................................................................... 53 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 56 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58 TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE .......... 61 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61 2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM SIS .................................... 61 3 REGISTRO ELETRÔNICO EM SAÚDE (PRONTUÁRIO ELETRÔNICO)........................... 64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 68 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 71 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............................................... 73 TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE .................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 75 2 PLANEJAMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............. 75 3 DIMENSÕES E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE .......... 84 4 ORIENTAÇÕES DA AVALIAÇÃO ................................................................................................ 88 5 PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO ................................................................................................ 89 5.1 SAÚDE PÚBLICA ......................................................................................................................... 90 5.2 ÉTICA ............................................................................................................................................. 91 5.3 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ................................................................................................. 92 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95 TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE .................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97 2 CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS ...................................................................................... 97 3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............................................... 101 4 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CANDIDATAS E ESTABELECER AS PRIORITÁRIAS ........................................................................................... 105 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110 TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ....................... 113 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113 2 REALIDADE DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ...................................... 113 2.1 RECURSOS LIMITADOS ........................................................................................................... 115 2.2 DIVERSIDADE NO PADRÃO DE MORBIDADE ................................................................. 118 2.3 DIVERSIDADE CULTURAL ..................................................................................................... 118 2.4 SISTEMA POLÍTICO .................................................................................................................. 119 3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE ................................................................................... 119 3.1 INFORMAÇÃO E DADOS DISPONÍVEIS ............................................................................. 120 3.2 CAPACIDADE TECNOLÓGICA ............................................................................................. 120 4 TECNOLOGIAS SOCIAIS ............................................................................................................120 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 123 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 130 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ...................................................... 133 TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? ...................................... 135 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 135 2 O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? ............................................................. 135 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 143 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 145 TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE ......... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147 2 CONHECENDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE .............................................................................................................................................. 147 3 POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE ............................. 156 4 ANALISANDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE E O SUS ....................................................................................................................... 158 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163 TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE ..................................................................... 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM SAÚDE ........................................................................ 165 2.1 PROJETOS DE INOVAÇÃO – RESULTADOS ....................................................................... 167 3 TELEMEDICINA ............................................................................................................................ 168 4 REALIZAÇÃO DE EXAMES ......................................................................................................... 171 5 MONITORAMENTO REMOTO .................................................................................................. 172 6 AGENDAMENTO DE CONSULTAS .......................................................................................... 172 7 ROBÓTICA SALVANDO VIDAS ................................................................................................ 173 8 INOVAÇÃO EM MEDICINA SOCIAL – UMA REDE CONTRA A FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS ................................................................................................................... 174 9 INOVAÇÃO EM GENÉTICA – UM BANCO DE DADOS PARA DOENÇAS DE CRÂNIO E FACE .............................................................................................................................. 175 10 INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO – CORAÇÃO RESGUARDADO NA QUIMIOTERAPIA ........................................................................................................................ 175 11 O USO DE NUVEM NO SETOR DA SAÚDE ......................................................................... 176 12 E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA ........................................................................ 177 13 ONCOSUS – APLICATIVO FACILITA ACESSO DOCUMENTOS SOBRE CÂNCER ......... 179 14 TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PANDEMIA ................................ 180 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 184 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 189 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 191 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 193 1 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os conceitos relacionados a um SIS, tais como: sistema, dado, informação, situação de saúde, indicador e Sistema de Informação em Saúde (SIS); • discutir o modelo atual de SIS, sua funcionalidade para o processo de gestão do Sistema de Saúde e identificar seus principais usuários; • identificar quais são as informações que devem conter um SIS, eviden- ciando sua importância para os indicadores de saúde a partir de sua produção e disponibilidade; • conhecer o passo a passo para a implantação e aperfeiçoamento de um SIS. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) TÓPICO 2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! Neste tópico será trabalhado o contexto histórico da utilização dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no decorrer do tempo. Para tanto, inicialmente, torna-se necessário que você problematize os conhecimentos que tem acerca do tema trabalhado, especialmente quanto: o que é um Sistema de Informação em Saúde? A partir de quando você acha que esse instrumento de informação e gestão passou a ser utilizado? Como eram organizadas as informações relacionadas à saúde (epidemiologia, mortalidades, epidemias, vacinação) antes da criação e adoção dos SIS? Partindo dessas questões, este tópico apresenta uma contextualização histórica da saúde pública no Brasil, e, consequentemente como se organizavam os dados atualizados de diferentes regiões acerca dos aspectos relacionados à saúde da população. Para isso, inicialmente abordam-se as características sociais e sanitárias do Brasil desde o período Colonial, tendo como foco as ações em saúde e seus registros, e, posteriormente, finaliza-se com o cenário atual. Neste tópico, ainda serão disponibilizados materiais extras, como vídeos, leituras complementares, charges e, principalmente, o passo a passo de como funcionam os Sistemas de Informação em Saúde (SIS). 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO Qual é a importância e o que é um Sistema de Informação em Saúde? Desde quando se passou a utilizar os Sistemas de Informação m Saúde? Como funcionava antes a implementação dos SIS? Antes de entrar na história, é necessário entender que a informação em saúde é a base para melhor gestão dos serviços, na medida em que orientaa implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde (AS), como também, das ações de prevenção e controle de doenças. São também de interesse dados/informações produzidos extrassetorial- mente, cabendo aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 4 os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de infor- mação em cada nível do setor saúde. A figura a seguir apresenta as principais características que um Sistema de Informação eficiente deve apresentar: FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EFICIENTE FONTE: Os autores (2020) Essas características variam de acordo com o tipo de sistema. O Sistema de Informação em Saúde (SIS) deve ter a sensibilidade na captação precoce, que pode ocorrer no perfil epidemiológico e de morbimortalidade da população dos territórios de saúde. Onde podemos visualizar essas características atualmente? – Na atualização diária dos casos de COVID-19 por municípios, regiões de saúde, estados e no país de modo geral. Essas atualizações são realizadas por cada gestor municipal e sua equipe de saúde ou vigilância em saúde. A partir desses dados, é possível que a população fique atualizada quanto à abrangência epidemiológica do vírus, permitindo também que os gestores consigam adotar estratégias de forma rápida para o enfrentamento da pandemia. Mas.... Nem sempre foi assim! Vamos conhecer um pouco da história dos Sistemas de Informação em Saúde? TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 5 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA Os SIS tiveram sua importância e utilização nos últimos anos, em razão da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações da área. No sistema de informação disponibilizado pelo DATASUS apresenta-se o “Caderno de Informações de Saúde”, com todos os tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros–sobre cada estado e município do Brasil (BRASIL, 2019). 2.1.1 Período colonial O tema saúde não esteve presente durante o período colonial (1500-1889), tendo seus primeiros registros apenas quando a medicina passou a fazer parte das cidades, como um mecanismo de controle da vida social. No período em que se buscou combater a lepra e a peste (figura a seguir), foi realizado um controle sanitário nos portos, ruas, casas e praias pela administração portuguesa, embora a transformação do objetivo da medicina da doença para a saúde irá ocorrer somente no século XIX. FIGURA 2 – RESUMO DO ESTADO DE SAÚDE NO PERÍODO COLONIAL FONTE: Magalhães (2020, p. 22) No Brasil colonial, o atendimento de saúde aos menos favorecidos era realizado por curandeiros e barbeiros. As ações de saúde pública no Brasil tiveram seu marco inicial com a chegada da família real, em 1808, porém, antes disso, já havia iniciativas de saneamento e precário controle de doenças, como a adoção das Ordenações Filipinas, de 1604. A partir de então, criou-se a primeira organização nacional de saúde pública no Brasil, denominada Provedoria da UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 6 Saúde. Essa organização foi criada com o objetivo de promover e coordenar as medidas necessárias para a melhoria da saúde da população, além de cuidar do saneamento, do controle de alimentos, regulação do exercício da Medicina e vigiar os portos para evitar a entrada de pessoas contaminadas por alguma doença. No entanto, nessa época não existiam registros sobre o controle de doenças e de saúde da população. A ciência médica era praticada por um pequeno quantitativo de médicos, cirurgiões e boticários, a maioria era membro da elite, bacharéis em universidades europeias. A maior disponibilidade médica ocorria nas grandes cidades, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e algumas outras capitais de províncias. Os atendimentos eram às famílias mais ricas. As populações mais pobres, moradores das ruas e escravos eram atendidos e contavam com a solidariedade das Santas Casas de Misericórdia, instituições religiosas e curandeiros, porém, existiam algumas instâncias oficiais de saúde nos grandes centros. A chegada de dona Maria (A Louca) e de dom João VI, seu filho e Príncipe Regente de Portugal, inicialmente não representou evolução significativa na área da saúde pública brasileira. No entanto, houve mudanças perceptíveis, uma vez que, a situação em Saúde Pública era próxima de zero e, com a vinda dos nobres, algumas ações foram desenvolvidas. Entre as modificações ocorridas, pode-se citar: melhor acesso aos medicamentos e consequentemente, melhores condições de trabalho para os “físicos”, “cirurgiões-barbeiros” e os demais curandeiros, que eram muitos no país nesse período. Mesmo com esses avanços no campo da saúde, a realidade era pautada pela falta de organização e planejamento. Nesse período, era oferecido à população o mínimo de proteção e de ações de recuperação da saúde. A situação quase inexistente de assistência à saúde aumentava os transtornos, tornando a realidade muito instável na época, e tornava a situação mais instável do que o desejado. Havia alta mortalidade, principalmente entre os escravizados, sendo A vinda da família real ao Brasil (1808) criou a necessidade da organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte à estrutura de poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro, trazendo mais gente e mais responsabilidades para a localidade. Ainda que de forma incipiente, as intervenções estatais na área da saúde se descolam paulatinamente da ação direta sobre o doente e passam a focar mais a saúde, ou a preocupação em garantir a saúde dos sãos e prevenir doenças. Tanto foi assim que, em 1846, foi fundado o Instituto Vacínico do Império. ATENCAO TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 7 que em alguns momentos a natalidade era menor do que a mortalidade entre eles. Nessa época, como não era dada atenção especial à saúde, não havia registros de dados epidemiológicos, doenças, nascimentos, mortes, ou dispensação de medicamentos e prescrição de tratamentos. 2.1.2 Século XIX Com a chegada da Família Real, a situação começou a mudar. Foram criadas instâncias públicas de saúde, com atribuições de fiscalizar o exercício da medicina, bem como a realização de exames da classe, para as pessoas que tivessem interesse em trabalhar oficialmente na área, e, consequentemente, ocorria a aplicação de multas para quem exercesse a profissão sem autorização, como forma de garantir a salubridade na Corte. Essas medidas caracterizaram um primeiro passo para a consolidação acerca da saúde pública no Brasil, apesar de apresentar-se de forma restrita, pois o objetivo principal era manter a Corte, ou seja, a elite, protegida das doenças e falta de higiene nos portos. Na época, o Rio de Janeiro era conhecido pela Europa como uma cidade pestilenta, e com isso, não atraia investimentos na agricultura, que tinha seu polo financeiro nessa cidade. A partir de então, criou-se a Polícia Médica, com intuito fiscalizatório nos portos e no comércio de alimentos na cidade. Concomitante a isso, criaram-se as primeiras faculdades de medicina no Rio de Janeiro e em Salvador, passando-se a emitir diplomas de médico, farmacêuticos e parteiras (LUCCHESE, 2006). No ano de 1849, tem-se os primeiros casos de ocorrência da febre amarela no Brasil, tendo sua entrada através de um navio vindo dos Estados Unidos. Até o ano seguinte, atingiu 90 mil dos 266 mil habitantes da capital, matando mais de quatro mil pessoas em um curto período. Como não existia assistência médica e medicação para toda população, esta encontrava-se fragilizada lutando contra a morte, pois os doentes pobres eram cuidados pelos negros curandeiros, enquanto os ricos buscavam tratamento na Europa. Entre 1848-49 e 1853-54,John Snow identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres, notando associação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas. A partir de então, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. ATENCAO UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 8 A partir de então, nasce a política de saúde brasileira idealizando o combate das enfermidades que reduziam a vida da população. Em função do surto epidêmico da febre amarela, foi criada a Junta Central da Higiene Pública em 1851. Ficou responsável pelo planejamento, organização e desenvolvimento da política sanitária em terra, fazendo o monitoramento de todos os espaços potencialmente perigosos da cidade. Desse período em diante, começam-se a esboçar os primeiros registros (relatórios) sobre a saúde pública do Brasil. Demonstrou-se então: FIGURA 3 – INDICATIVO TEÓRICO DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS FONTE: Os autores (2020). Nesses registros/relatórios elaborados pela Junta, havia informações a respeito do estado de insalubridade da cidade, contendo a discriminação de suas causas, conforme citado por Silva (2002): • Despejos dos resíduos, unidos aos esgotos, despejos orgânicos e a umidade. • Os rios que cortavam a cidade carregados de imundícies. • O matadouro, o lixo das ruas e das praias. • Os cemitérios. • As fábricas e estabelecimentos industriais. • A umidade nociva pela falta de escoamento para as águas pluviais e do esgotamento sanitário. Como a Junta era responsável apenas pelo monitoramento das condições salubres da cidade, não havia registros quanto às questões relacionadas diretamente à saúde. Nesse período em 1880, a população no Brasil já atingia a marca de 11 milhões, sendo formada essencialmente por escravos, o que contribuiu para a falta de políticas públicas de saúde. Ainda neste século, houve a independência do Brasil, e com ela, surgiram as Câmaras Municipais, responsáveis pelas questões de saúde, desenvolvendo uma gestão totalmente descentralizada, cada município tinha autonomia para agir dentro de suas possibilidades e interesses, porém, geralmente era controlada pelas classes mais ricas. Nessa época, o sistema de saúde tinha como papel principal basicamente a vacinação contra a varíola apenas durante as endemias e expulsava os doentes com doenças contagiosas das áreas urbanas para o interior, ou até mesmo, isolava-os em Casas de Saúde para manter eles afastados do convívio e do contágio da sociedade. Um exemplo clássico, é a criação dos leprários, para isolamento das pessoas com lepra. TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 9 Nesse período, o país apresentava significativo crescimento econômico, como a Europa e os Estados Unidos, favorecendo assim maior urbanização, mas não o suficiente para melhorar a saúde pública nacional. O governo vinha mantendo as mesmas características que o período imperial quanto à saúde brasileira (POLITIZE, 2018). Inicialmente, teve sua aplicação visando ao controle de doenças transmissíveis e, mais tarde, na busca de conhecer as relações entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas. 2.1.3 Século XX Foi a partir do início do século XX que ocorreram mudanças na política de saúde do país. Com muitas transformações no caráter produtivo e econômico imperando no país, foram consolidadas novas formas de produção em determinadas regiões, porém subordinadas à racionalidade capitalista articulada ao Mercado Internacional. Nas regiões onde a relação capitalista era mais forte, as políticas de saúde foram orientadas com foco na preservação da força de trabalho, como por exemplo, no interior de SP, e Rio e São Paulo, os dois centros comerciais, financeiros e industriais do país. Os padrões sanitários, diferentes do modelo escravagista, até então instaurado, foi modificado com a hegemonia das classes ligadas ao café. Essa nova forma sanitária objetivou a melhoria das condições das cidades, especialmente as portuárias, no período em que ocorreu a transição para a órbita da acumulação industrial, como também a necessidade de ampliação do comércio exterior, abrindo as portas para imigrantes europeus. Nessa época, os governantes achavam que o combate à febre amarela era a chave principal para o desenvolvimento da Saúde Pública no Brasil, pois sua gravidade inibia os estrangeiros a virem trabalhar aqui, e impedia à expansão do comércio internacional. No período entre 1902 – 1906, intensificou-se a luta sanitária, pois era essencial para o êxito econômico do país, para Reforma Urbana. Em 1904, a vacina tornou-se obrigatória, sendo aplicada de forma violenta e autoritária, Foi somente neste século que a distribuição das doenças em grupos humanos específicos passou a ser medida e registrada em larga escala. A abordagem epidemiológica que passou a comparar os coeficientes (ou taxas) de doenças em diversos populacionais passou a ser rotina no final do século XIX e início do século XX. ATENCAO UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 10 desencadeando a Revolta da Vacina. Nessa época, os registros apontam para 1.800 internações por causa da varíola no Hospital São Sebastião. No entanto, as camadas populares não aceitaram a vacina, que em uma versão bem rústica, era um líquido de pústulas de vacas doentes (figura a seguir). Em razão disso, existia o boato entre a população de que a vacina deixava os vacinados com feições bovinas. FIGURA 4 – REVOLTA DA VACINA FONTE: Fiocruz (2005, p. 1). Importante destacar que o uso de vacina contra a varíola no Brasil foi declarado obrigatório para crianças em 1837 e para adultos em 1846. No entanto, como a disponibilidade da vacina não era suficiente para atender a todo esse público, a resolução não era cumprida. Assim, em 1884, começou-se a produzir a vacina em escala industrial no Rio de Janeiro. Anos mais tarde, em junho de 1904, Oswaldo Cruz idealizou a volta da obrigatoriedade da vacinação em todo país, motivando o governo a enviar ao Congresso essa resolução. Como forma de controle social e sanitário, apenas os indivíduos que comprovassem ter sido vacinados conseguiam contratos de tra- balho, matrículas em escolas, certidões de casamento, autorização para viagens etc. Como as camadas mais populares não aderiam ao plano de vacinação, em 5 de novembro, foi criada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. Cinco dias de- pois, estudantes aos gritos foram reprimidos pela polícia. Até 1920, a atuação das campanhas sanitárias era voltada para os problemas de saúde que ameaçavam diretamente as relações de produção (FIOCRUZ, 2020). Vídeo: A revolta da Vacina. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=phUmdyENIAY. DICAS https://www.youtube.com/watch?v=phUmdyENIAY https://www.youtube.com/watch?v=phUmdyENIAY TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 11 A partir da imposição da vacinação obrigatória, passa a ocorrer um deslocamento do foco de intervenção das práticas de saúde: do doente/doença para a saúde. Nesse novo cenário, o médico assume novo papel, em que precisava dificultar o aparecimento da doença. Nesse jogo, como a sociedade era vista como desorganizada e responsável pelo aparecimento das doenças, os médicos deveriam atuar no pilar: EMERGÊNCIA DA PREVENÇÃO. Nesse cenário, a medicina começa a se reinventar e a sociedade, medicada. Como as questões sanitárias ainda eram incipientes, o modelo médico lacunar e fragmentário, não conseguia controlar a saúde pública, por essa razão, a medicação surgia antes dos problemas, propriamente ditos. As questões sanitárias passaram então a ser vistas com um enfoque mais social do que econômico. Ocorreu a interiorização do sanitarismo, a criação de diversos programas de saúde, além da criaçãoe do Ministério da Educação e Saúde Pública em 1930. Segundo a FUNASA (2019), os serviços relacionados à saúde pública foram transferidos para o novo Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Foi reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em função da epidemia de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do mosquito transmissor. Em 1939 teve a criação do Serviço de Malária do Nordeste (SMN) para intensificar o combate ao Anopheles gambiae, introduzido em Natal/RN, em 1930. Foi estabelecido, com essa finalidade, novo convênio com a Fundação Rockefeller. O SMN existiu até 1941, quando foi erradicado o mosquito (Decreto nº 1.042, de 11 de janeiro de 1939). Foi a partir da década de 1950 que os métodos epidemiológicos passaram a ser aplicados para doenças crônicas não transmissíveis tais como doença cardíaca e câncer, especialmente nos países industrializados. Especificamente, em 1951, por decisão da Assembleia Mundial da Saúde, retomaram-se as ações de promoção e controle da varíola em todo o mundo. Já em 1953 houve a criação do Ministério da Saúde, que foi regulamentado pelo Decreto nº 34.596, de 16 de novembro de 1953, (Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953). No mesmo ano, tornou-se obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado a consumo alimentar nas regiões bocígenas do país (Lei nº 1.944, de 14 de agosto de 1953). Anos mais tarde, em 1956, criou-se o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), incorporando então os programas existentes, sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (febre amarela, malária e peste) e da Divisão de Organização Sanitária (bouba, esquistossomose e tracoma), órgãos do novo Ministério da Saúde (Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956). UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 12 A década de 1960 é marcada pelo início de diversas campanhas produção de vacinas e vacinação em busca da erradicação de doenças da população, tais como: Produção da vacina liofilizada, no Brasil, contra a varíola, substituindo-se a tradicional, em forma de linfa, pouco estável. Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). ATENCAO Ocorre ainda a realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a poliomielite, iniciando com projetos experimentais nas cidades de Petrópolis/RJ e Santo André/SP. No mesmo período é regulamentado o Código Nacional de Saúde, Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954, que passou então a estabelecer Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da Saúde (Decreto nº 49.974- A, de 21 de janeiro de 1961). No ano seguinte, institui-se a Campanha Nacional contra a Varíola, sendo coordenada pelo Departamento Nacional de Saúde, organizando operações de vacinação em diversos estados, a partir de mobilização de recursos locais. Ocorre também o ensaio para administração da vacina BCG Intradérmica, no país. Em 1965, cria-se a Campanha de Erradicação da Malária (CEM) (Lei nº 4.709, de 28 de junho de 1965). Em 1966, inicia-se a Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), também realizada diretamente pelo Ministério da Saúde, dirigida por pessoal dos quadros da Fundação Sesp (Decreto nº 59.153, de 31 de agosto de 1966). A partir de 1969, o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) passou a denominar-se Fundação de Serviços de Saúde Pública Fsesp (Decreto Lei nº 904, de 1 de outubro de 1969). Surgiu ainda o sistema de notificação de algumas doenças transmissíveis, prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de vacinação, e foi organizado, pela Fundação Sesp, que também criou o Boletim Epidemiológico. Na década de 1970 continuaram ocorrendo inúmeras mudanças em nível organizacional, iniciando-se pela reorganização administrativa do Ministério da Saúde, através da criação da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), que ficou subordinada à Secretaria de Saúde Pública, incorporando o DENERu, a CEM e a CEV (Decreto nº 66.623, de 22 de maio de 1970). Ainda, ocorreu a criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (Dnees), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças. Foram instaladas as unidades estaduais de Vigilância Epidemiológica da Varíola. No ano de 1971, foi instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, tornando-se um marco para as atividades de vacinação do país. Desenvolveu-se ainda o primeiro projeto piloto no estado do Espírito Santo, incluindo avaliação TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 13 da resposta sorológica à vacina e introduziu-se a metodologia de campanhas estaduais realizadas em um só dia, criando-se então, os calendários vacinais. Cria-se também, a Central de Medicamentos (Ceme) e inicia-se a organização do sistema de produção e distribuição de medicamentos essenciais, incluindo os produtos imunobiológicos. Posteriormente, passa-se a utilizar um sistema de registro de doses de vacinas aplicadas e a implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Através da Portaria GM/MS nº 314, de 27 de agosto de 1976, fica estabelecida a notificação compulsória de doenças. É implementado o sistema nacional de vigilância de casos suspeitos de poliomielite, contando com o apoio de laboratórios de diagnóstico, permitindo assim a definição do perfil epidemiológico da doença no país. E ainda, passa-se a utilizar a caderneta de vacinação. Em 1988, com a Promulgação da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, institui-se a saúde como direito constitucional: Arts. 196 – 198 e 200 Seção II Da Saúde. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Participação da comunidade [...] Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: -Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; -Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; -Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; -Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; -Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para o consumo humano; -Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; -Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (BRASIL, 1988). UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 14 Com a promulgação da Constituição da República teve-se a garantia do acesso à saúde conforme apresentado na Figura 5, institui-se o Sistema Único de Saúde (SUS), definindo seus objetivos, competências e atribuições; princípios e diretrizes; organização, direção e gestão (Figura 6). Criou-se o subsistema de atenção à saúde indígena; regulou-se aprestação de serviços privados de assistência à saúde; definiu políticas de recursos humanos; financiamento; gestão financeira; planejamento e orçamento (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990). FIGURA 5 – CONSTITUIÇÃO E GARANTIA DO DIREITO A SAÚDE PELA CF/1988 FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hL5a0b >. Acesso em: 7 dez. 2020. FONTE: PASSOS (2016, p. 3). Os objetivos, competências e atribuições; princípios e diretrizes; organização, direção e gestão (figura a seguir) são norteadores de todo o sistema de saúde, orientando ações, projetos e estratégias de atendimento em âmbito nacional. FIGURA 6 – PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DO SUS TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 15 De acordo com a Cartilha SUS (2016), os princípios Universalidade, Equidade e Integralidade correspondem diretamente à garantia do direito ao acesso à saúde. Desta forma, todos devem ter acesso aos serviços de saúde e em todos os níveis de assistência (universalidade), de maneira anticulada e contínua, com ações e serviços de prevenção, promoção, recuperação, tanto individuais como coletivas, conforme os casos, em todos os niveis de complexidade do sistema (integralidade), diminuindo assim as desigualdades sociais, com maior enfase e prioridade para regiões, comunidades e pessoas carentes (equidade). Pertinente aos objetivos, evidencia-se quanto à: • Identificação e divulgação: a partir de pesquisas, estudos epidemiológicos e sistema de informação em saúde, sejam explicitados os fatores condicionantes e determinantes de saúde. • Formulação de uma política de saúde: a partir da promoção nos campos econômico e social a observancia do dever do estado (§ 1º do Art. 2º, Lei nº 8080/1990). • Assistência às pessoas: ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a integração das ações assistenciais e das atividades preventivas. A partir da implementação do SUS, emerge a necessidade em criar um Sistema de Informação em Saúde, com dados atuais, respectivos a todas as regiões do país, em todas as esferas da saúde. Nessa concepção, o Ministério da Saúde, a partir Portaria Ministerial nº 2390/96, caracteriza os requisitos essenciais para o SIS: Art. 1° Fica instituída a Rede Integrada de Informações para a Saúde (RIPSA), com os seguintes objetivos: I - estabelecer bases de dados consistentes, atualizados, abrangentes, transparentes de fácil acesso; II - articular instituições que possam contribuir para o fornecimento e crítica de dados e indicadores e para a análise de informações, inclusive com projeções e cenários; III - implementar mecanismos de apoio para o aperfeiçoamento permanente da produção de dados e informações; IV - promover intercâmbio com outros subsistemas especializados de informação da administração pública; V - contribuir para o aprofundamento de aspectos ainda pouco explorados, ou identificados como de especial relevância para a compreensão do quadro sanitário brasileiro (BRASIL, 1996, s. p.). Vídeo: SUS 30 anos. Disponível em: https://bit.ly/3rZ3zZm DICAS UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 16 No próximo subtópico, apresentam-se os principais movimentos na área da saúde, que possibilitaram então, o desenvolvimento tecnológico dos SIS, no século XXI. 2.1.4 O Século XXI Os SIS, nos últimos anos, tiveram um crescimento acelerado, tendo seu ápice com a implantação do SUS. O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem a função e a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre saúde. Como visto no início da unidade, o DATASUS mantém atualizado em seu site um “Caderno de Informações de Saúde”, com diversos tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros – sobre cada estado e município do Brasil, conforme figura 7 (BRASIL, 2020). FIGURA 7 – PÁGINA DATASUS – INFORMAÇÕES DE SAÚDE FONTE: <https://bit.ly/3ojYKaV>. Acesso em: 7 dez. 2020; Conforme observado na figura, a página inicial do DATASUS apresenta uma visão geral das informações contidas na banco de dados, e cada link direciona a pesquisa por região e por tipo de dado. De acordo com a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (2010, p. 9), “o desenvolvimento, a incorporação e a utilização de tecnologias nos sistemas de saúde, bem como a sua sustentabilidade, estão inseridos em contextos sociais e econômicos, que derivam da contínua produção e consumo de bens e produtos”. Essa necessidade, como visto anteriormente, passou a ser percebida após a Segunda Guerra Mundial, onde se observou um crescente desenvolvimento científico e tecnológico que poderia contribuir para a TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 17 constituição do complexo econômico da saúde, como um dos setores de maior desenvolvimento, contribuindo para a expansão dos sistemas de saúde e da medicalização das sociedades enquanto um direito a ser preservado, tanto dos indivíduos quanto das populações. A partir de então ocorreu o fortalecimento do papel de seus profissionais e dos usuários, exercendo forte pressão pela incorporação de novas tecnologias. Nesse viés, o conhecimento em saúde começou a ser articulado numa perspectiva populacional e social, superando os limites da prática clínica individual. A partir de então, passa-se a pensar em políticas e, principalmente estratégias que venham a contribuir com o processo de informação em sistemas (rede) viabilizando a resolutividade das demandas da saúde, e assim, articular ações em âmbito: municipal, estadual e federal, de acordo com a realidade evidenciada em cada território. Consta na Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (2010) que uma das formas de se garantir o princípio da integralidade, é por meio da incorporação de novas tecnologias e esta deve privilegiar a integração de alternativas eficazes e seguras, e dentro do possível, que os danos ou riscos não venham a superar os seus benefícios e que, principalmente, beneficie todos os que delas necessitem, não prejudicando o atendimento de outros segmentos da população. Nesse processo, a gestão das tecnologias em saúde implica também uma reflexão sobre o princípio da equidade, considerando-se que o SUS é um sistema hierarquizado, e sua tomada de decisão para incorporação tecnológica deve envolver 27 unidades federativas e aproximadamente 5.600 municípios, com diferentes características e tetos financeiros. Agregado a isto a regionalização, que é uma diretriz do SUS e um eixo estruturante do Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, o que demonstra a complexidade do processo decisório entre e nas instâncias gestoras do SUS. Gestão de tecnologias em saúde como o conjunto de atividades gestoras relacionado com os processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de tecnologias do sistema de saúde. Este processo deve ter como referenciais as necessidades de saúde, o orçamento público, as responsabilidades dos três níveis de governo e do controle social, além dos princípios de equidade, universalidade e integralidade, que fundamentam a atenção à saúde no Brasil. INTERESSA NTE UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 18 Entre todas as razões explicitadas, o principal foco de um SIS é a atualização das informações pertinentes à saúde. Nesse viés, a seguir serão apresentados os principais aspectos relacionados às características de estudos epidemiológicos, que mantém os SIS atualizados, a partir de cada área e dos diferentes territórios nacionais. 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Conforme vimos anteriormente, as primeiras intervenções estatais na área de prevenção e controle de doenças, que foram desenvolvidas com bases científicas, dataram no início do século XX e foram orientadas especialmente pelo avanço das bactérias e pelo entendimento dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias que acometerama população. Inicialmente, as intervenções ocorriam a partir da organização de campanhas sanitárias voltadas ao controle de doenças que principalmente, comprometiam o desenvolvimento econômico, por exemplo: febre amarela, peste e varíola. Notadamente, essas campanhas se valiam de instrumentos eficazes diagnosticando os casos, combatendo os vetores, imunizando e tratando a população em massa com fármacos, entre outros. É claro que os modelos operacionais utilizados, baseavam- se nas atuações verticais, com inspiração militar, organizadas em fases bem estabelecidas: preparatória, de ataque, de consolidação e de manutenção. Na Figura 8 é possível observar os pontos centrais que norteiam os estudos epidemiológicos e a epidemiologia como ciência. FIGURA 8 – OBJETOS DE ESTUDO DA EPIDEMIOLOGIA FONTE: Os autores (2020) Nos aspectos epidemiológicos é necessário compreender o conceito-chave e sua aplicabilidade (Figura 9), ou seja, cada estudo realizado tem um alvo a ser definido, caracterizado, sistematizado e apresentado no conjunto de informações. TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 19 FIGURA 9 – APLICABILIDADE DO CONCEITO DE ALVO EM EPIDEMIOLOGIA FONTE: Os autores (2020) Entende-se então que a epidemiologia ao longo do tempo foi sendo utilizada para descrever o contexto da saúde de grupos populacionais, podendo ser: Descritiva: ao estudar a frequência e a distribuição dos parâmetros de saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações. Analítica: testando hipóteses de relações causais. Os estudos epidemiológicos observacionais, como mencionado, são divididos em dois grupos: descritivos e analíticos, e em cada um, é possivel desenvolver diferentes propostas metodológicas, conforme apresentado na figura a seguir. FIGURA 10 – TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS OBSERVACIONAIS FONTE: Adaptado de Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010, p. 19) UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 20 A figura a seguir apresenta resumidamente, os objetivos dos estudos epidemiológicos: FIGURA 11 – OBJETIVOS DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS FONTE: Os autores (2020) Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações. No entanto, o estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas partes do mundo, e essa falta de informações constitui um grande desafio para os epidemiologistas. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS A investigação epidemiológica de campo de casos, surtos, epidemias ou outras formas de emergência em saúde é uma atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância em saúde, cuja execução primária é responsabilidade de cada respectiva unidade técnica que, nesse contexto, pode ser apoiada pelos demais setores relacionados e níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é um dos diferentes segmentos de resposta in loco dos serviços de saúde e deve ocorrer de forma integrada e concomitante com as demais ações relacionadas à vigilância, promoção e assistência para a prevenção e controle de doenças (transmissíveis ou não) ou agravos (inusitados ou não). Seu objetivo é garantir a obtenção, de forma correta e completa, por meio de fontes primárias (coleta direta nos pacientes ou serviços de saúde) ou secundárias (registros não eletrônicos de serviços de saúde ou bases de dados de sistemas de informação), das informações necessárias referentes a diferentes contextos, tais como: • caso isolado ou agregado de casos de doença ou agravo de notificação compulsória ou compulsória imediata; • descrição epidemiológica e identificação de fatores associados à ocorrência de possível mudança de padrão epidemiológico de doença ou agravo, para dado tempo, população e local: • mudanças dos níveis de doença ou óbito acima dos esperados; • evento com agente etiológico, fonte, veículo ou via de transmissão novo, desconheci- do ou incomum; • doença na qual a evolução dos casos é mais severa do que o esperado ou os sintomas apresentados são incomuns. FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hWDRAt >. Acesso em: 24 nov. 2020. INTERESSA NTE TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 21 Dica de Leitura: BRANDÃO, Ana Claudia Soares; SILVA, Juliana Rocha de Al- meida. A contribuição dos sistemas de informação em saúde (SIS) para o processo de auditoria do SUS. Disponível em: http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribui- cao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/. DICAS http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribuicao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/ http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribuicao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/ 22 Neste tópico, você aprendeu que: • No decorrer do processo histórico da saúde pública do Brasil, a população passou por diversas epidemias, e, em cada uma delas, adotaram-se medidas que vieram ao encontro das estratégias viáveis ou disponíveis em cada época. No entanto, observou-se ainda que os controles epidemiológicos estiveram relacionados aos impactos que causavam na economia do país. • Foi a partir da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, que foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) pelo o Ministério da Saúde, através de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76). • Esses instrumentos legais foram os primeiros passos para tornar obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por portaria. Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas então utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de controle específicos. • O atual Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo em seu texto legal (Lei nº 8.080/90), a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (BRASIL, 1990). RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 No tópico1 foi possível conhecer todo processo histórico que envolveu a área da saúde, especialmente a epidemiológica e de saúde pública. Sobre quais foram as questões de saúde pública ou do sistema de saúde, no século XIX, com a independência, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As políticas públicas serão concebidas enquanto instrumento para sanear os espaços de circulação e distribuição de mercadorias. b) ( ) Nasce a política de saúde brasileira com ideias e planos para tentar combater as enfermidades que reduziam a vida da população. c) ( ) A organização sanitária, estava estreitamente articulada com as necessidades do desenvolvimento capitalista brasileiro. d) ( ) A vacinação contra a varíola durante as endemias e expulsão dos doentes acometidos por doenças contagiosas das áreas urbanas. e) ( ) A saúde era acionada quando do aparecimento de mazelas que atingiam a população, praticava-se uma saúde curativa e não preventiva. 2 Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) através da Lei nº 8.080/1990, aquelas situações que dificultavam o acesso aos serviços públicos de saúde pelos usuários, como a necessidade de trabalharem formalmente e inseridos no mercado de trabalho foram excluídas a partir das disposições constitucionais citadas, especialmente por meio do princípio de qual fator? a) ( ) Regionalização. b) ( ) Universalidade. c) ( ) Hierarquização. d) ( ) Descentralização. e) ( ) Integralidade. 3 A abordagem epidemiológica que compara os coeficientes (ou taxas) de doenças em subgrupos populacionais tornou-se uma prática comum no final do século XIX e início do século XX. A sua aplicaçãofoi inicialmente feita com qual objetivo? a) ( ) Controlar doenças transmissíveis e, posteriormente, estudar as rela ções entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas b) ( ) Propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da desco berta do microrganismo causador da cólera. AUTOATIVIDADE 24 c) ( ) Estudos epidemiológicos identificaram medidas apropriadas a se rem adotadas em saúde pública. d) ( ) Remover fatores ambientais contrários à saúde ou de criar condições que a promovam. e) ( ) A população utilizada em um estudo epidemiológico é aquela localizada em uma determinada área ou país em certo momento do tempo. 4 O século XX criou inúmeras estratégias de controle epidemiológico e sanitário da população. Discorra sobre dois eventos marcantes que destacaram uma mudança na concepção do contexto da saúde brasileira. 5 Com a implementação do SUS, o sistema de saúde, bem como o acesso da população passou a ser norteado por três princípios fundamentais. Cite e explique cada um deles. 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 1 INTRODUÇÃO Neste tópico serão apresentados os principais Sistemas de Informação em Saúde atualmente utilizados no Brasil. Nesse sentido serão apresentadas as funcionalidades e utilizações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS); Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/ SUS); Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB); Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN); Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI); Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA); Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). Em cada SIS apresentado será demonstrado o passo a passo de atualização de cada sistema, bem como as organizações responsáveis por cada um, as suas contribuições, vantagens e fragilidades no sistema geral de informações em saúde do país. Para finalizar, apresentam-se os novos SIS, porém, em novo formato, aderindo à tecnologia móvel, a partir da utilização em forma de aplicativos (App) para celulares móveis. Da mesma forma, serão apresentadas as urgências do sistema de saúde para a criação de novos sistemas nesse período de pandemia, bem como o envolvimento da ciência e da tecnologia para a atualização em tempo real das informações acerca de novos casos, mapas de infecção regionais e nacionais, e a visão panorâmica do avanço do vírus em diversos locais de ocorrência. 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE Agora serão apresentados os principais Sistemas de Informação em Saúde utilizados no Brasil, bem como suas interfaces, características e dados apresentados em cada sistema, como também a forma de atualização dos mesmos e as fichas de controle utilizadas pelas equipes responsáveis pela coleta, análise e transmissão dos dados. 2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS “Antes de começar essa conversa, é preciso entender que os sistemas de informação em saúde são instrumentos padronizados de monitoramento e coleta de dados, que têm como objetivo o fornecimento de informações para 26 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) análise e melhor compreensão de importantes problemas de saúde da população, subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal” (PINTO; FREITAS; FIGUEIREDO, 2018, p. 28 – grifo nosso). Para o Ministério da Saúde (MS), os principais sistemas de informações atualmente, correspondem ao de mortalidade (SIM), de nascimento (SINASC), ambulatorial (SIA-SUS), de internações hospitalares (SIH), de notificações de doenças (SINAN), de atenção básica (SIAB), considerando os níveis populacionais. Já para unidades de saúde, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) é a principal fonte de dados para estabelecimentos públicos e privados. No entanto, mesmo não se constituindo enquanto um Sistema de Informação, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde representa e gera uma base de dados nacional importantíssima para integração e identificação das unidades de saúde e sua capacidade instalada. A figura a seguir apresenta uma rápida classificação dos principais SIS utilizados pelo Ministério da Saúde, e daqueles atualizados a partir dos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O conjunto de SIS tanto do Ministério da Saúde quanto do IBGE são cruzados e atualizados por períodos de acordo com registros civis, censos demográficos e projeções populacionais anuais. Nesse sentido, processo de gestão no setor saúde necessita de uma produção de informações que venham a apoiar um contínuo (re)conhecer, decidir, agir, avaliar e novamente decidir. Dessa forma, o processo de produção de informações precisa ser sensível para captar as transformações de uma situação de saúde. Entende-se ainda que deve ser coerente com as características (princípios e diretrizes) deste modelo de atenção. Refletindo-se sobre a relação entre o SUS e o SIS, apresenta-se no Quadro 1 uma síntese de alguns princípios e diretrizes que orientam a concepção de um modelo de atenção proposto para o SUS e que norteia como deve ser um SIS. Um sistema de informação precisa de três matérias-primas: dado, informação e conhecimento. O dado é o elemento mais simples desse processo; a informação é composta de dados com significados para quem os vê; o conjunto de nosso aprendizado segundo algumas convenções, nossas experiências acumuladas e a percepção cognitiva irão transformar em conhecimento uma dada realidade (FRANCO, 2016). ATENCAO TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 27 QUADRO 1 – SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO MODELO DE ATENÇÃO PARA O SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Alguns Princípios e Diretrizes MODELO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Princípios Gerais Diretrizes e Objetivos Integralidade da assistência pres- tada, abrangendo atividades assisten- ciais curativas, ati- vidades preventivas e de promoção da saúde. Utilizando o saber epidemiológico, pro- duzir informações que garantam uma avaliação permanen- te das ações execu- tadas e do impacto sobre a situação de saúde. Subsidiar os processos de pla- nejamento, tomada de decisões, controle da execução e avaliação das ações, considerando a inte- gralidade da assistência. Produ- zir informações relacionadas à eficiência e eficácia das respostas; e da sua efetividade ou impacto sobre a situação de saúde. Descentralização po- lítico-administrativa com direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios, na regio- nalização e na hierar- quização da rede de serviços. Equidade da assis- tência prestada. Produzir informa- ções compatíveis com as necessida- des exigidas pelo processo de gestão, considerando as competências das diferentes esferas de governo (União, Es- tados e Municípios). Descentralizar o processo de im- plantação do SIS, contemplando as especificidades locais, des- mascarando as desigualdades, contribuindo para a operaciona- lização do princípio da equidade da assistência prestada. Deve-se observar a compatibilidade das informações produzidas, neces- sária para garantir a unicidade e a interpelação entre os diferen- tes níveis de gestão do SUS. Divulgação de in- formações sobre o potencial dos servi- ços de saúde e a sua utilização pelo usuá- rio. Controle social, isto é, participação da co- munidade na gestão, no controle e na fis- calização dos servi- ços e ações de saúde. Justificar previamen- te qualquer dado a ser coletado, garan- tindo qualidade e clareza dos meca- nismos de produção das informações. Participação das equipes locais na definição das informações aserem produzidas e, portanto, dos dados a serem coletados; tanto pela sua relevância para a tomada de decisões, quanto pela sua indispensabilidade para a prestação de contas. Garantir que aqueles que produzem os da- dos sejam usuários das informações geradas. Contribuir para o desenvolvimen- to e compromisso dos profissionais de saúde com a qualidade e confia- bilidade dos dados coletados. Garantir mecanismos que viabilizem a dis- seminação e a utiliza- ção efetiva das infor- mações produzidas. Capacitar os diferentes usuários para utilização adequada das infor- mações, contribuindo para a des- centralização e aperfeiçoamento do processo de tomada de decisões. Garantir à popula- ção o direito ao aces- so às informações, garantindo mecanis- mos contínuos de di- vulgação, utilizando recursos comunica- cionais adequados Contribuir para a construção de uma consciência sanitária coletiva, como base para ampliar o exercício do controle social e da cidadania. 28 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) Garantir o direito à informação às pes- soas assistidas e a preservação da au- tonomia de cada ci- dadão, defendendo sua integridade físi- ca e moral. Respeitar o direito do cidadão à priva- cidade quanto às in- formações relaciona- das à sua saúde. Contribuir para resgatar uma relação mais humana entre a ins- tituição e o cidadão, buscando preservar sua autonomia. FONTE: Ferreira (1999, p. 37). Conforme observado, os SIS devem ter como propósito a disponibilidade de informações conforme os princípios e diretrizes do SUS, respeitando a privacidade do cidadão, garantindo o direito ao acesso das informações, mecanismos contínuos de divulgação, a partir os recursos comunicacionais adequados. A seguir serão apresentadas as principais características de cada SIS utilizado atualmente pelo Ministério da Saúde, SUS e rede de atenção básica, como forma de diminuir a distância das informações de saúde da população com os sistemas de saúde. 2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi criado a partir de 1993. Contudo, sua implantação não ocorreu de forma homogênea em todos os entes da federação. Esse sistema apresenta um conjunto de doenças ou situações de saúde de notificação obrigatória. Na lista de 2017 da Secretaria de Vigilância em Saúde, 48 eventos eram de notificação compulsória em todo o território nacional. Os estados e os municípios ainda podem acrescentar outros agravos à lista federal. O SINAN tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das três esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada, para apoiar o processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória. A Figura 12 apresenta a página inicial do sistema, bem como os ícones de acesso às informações de interesse do pesquisador. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 29 FIGURA 12 – PÁGINA INICIAL DO SINAN FONTE: <http://portalsinan.saude.gov.br/o-sinan>. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) O SIM é o mais antigo Sistema de Informação do Ministério da Saúde, foi instituído entre os anos 1975/76 e desde essa época amplia a cobertura geográfica em todo território brasileiro. No entanto, principalmente, nas Regiões Norte e Nordeste, ainda se observam elevadas proporções de sub-registros e óbitos classificados, segundo causa básica, como mal definidos (capítulo XVIII da Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão – CID-10), que englobam também os óbitos sem assistência médica. Conforme pode ser observado na Figura 13, o SIM disponibiliza diversas informações de saúde, porém não se encontra atualizado para os dados de 2019 e 2020. http://portalsinan.saude.gov.br/o-sinan 30 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 13 – PÁGINA INFORMAÇÕES DE SAÚDE TABNET – SIM FONTE: <http://bit.ly/3pV4A2K>. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) O SINASC foi implementado em março de 1990, com o objetivo de melhorar a qualidade das informações sobre nascidos vivos no Brasil, registrando também características do parto e variáveis associadas às mães dos recém-nascidos e aos óbitos fetais e tendo como documento-base a Declaração de Nascido Vivo – DN. Conforme apresentado na Figura 14, a interface do SINASC permite acessar dados referentes às declarações de nascidos vivos por período, tanto em forma de dados, documentos ou tabelas, além e disponibilizar informações regionais. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 31 FIGURA 14 – PÁGINA SERVIÇOS DE SAÚDE TABNET – SINASC FONTE: < http://bit.ly/3hIofQS >. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) Foi o primeiro sistema do DATASUS a ter captação implementada em microcomputadores (AIH em DISQUETE – 1992) e posteriormente descentralizada aos próprios usuários, encerrando a era dos polos de digitação. Foi criado em 1981, em Curitiba, vindo a substituir no ano seguinte (1982) o sistema Guia de Internação Hospitalar (GIH), também conhecido como “Sistema AIH” passando por várias plataformas em mainframes UNISYS e ABC-BULL, na fase inicial de processamento centralizado (DATASUS, 2020). O termo mainframe era utilizado para se referir ao gabinete principal que alojava a unidade central de processamento nos primeiros computadores. Eram de grande porte dedicados normalmente ao processamento de um volume enorme de informações. Sistemas operacionais desenvolvidos para mainframe, criados especialmente para a finalidade de cada modelo, seja para processar textos, bancos de dados, efetuar cálculos ou gerenciar dispositivos. Eram baseados em sistemas próprios, como o MCP (da Unisys), ABC (da Bull). ATENCAO 32 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) O processamento das AIHs continuou centralizado até 2006, quando passou a ser descentralizado para os Gestores de Secretaria de Saúde, usando plataforma Windows, SGBD Firebird e Linguagem de programação Delphi – si- tuação em que se encontra atualmente. As autorizações de internações hospita- lares formam o Sistema de Informação Hospitalar no SUS (SIH-SUS), instituído em 1991, a partir do Sistema Nacional de Controle de Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH) e do Sistema de Informações Hospitalar Descentraliza- do do SUS (SIHD-SUS). O sistema SIHSUS registra todos os atendimentos gerados nas internações hospitalares que são financiadas pelo SUS, e com base nelas gera relatórios com pagamentos dos estabelecimentos de saúde que devem ser realizados pelos gestores. Em nível federal, essas informações são repassadas como forma de informar mensalmente uma base de dados de todas as internações autorizadas (aprovadas ou não para pagamento) e, consequentemente para que sejam repassados às Secretarias de Saúde os valores de Produção de Média e Alta complexidade, além dos valores de CNRAC, FAEC e de Hospitais Universitários – independentemente dos contratos de gestão. Na Figura 15 é possível observar que na página do SIH-SUS existem outras bases de dados relacionadas ao Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (HOSPUB); o Sistema de Gerenciamento em Serviços de Hemoterapia (HEMOVIDA); Sistema de Informações Hospitalares Descentralizado (SIHD; o Sistema de Gerenciamento e Produção de Bancos de Leite Humano (BLHWeb); o Sistema Gerador do Movimento das Unidades Hospitalares (SISAIH) e por fim o Sistema de Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial (CIHA). FIGURA 15 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES- SIHSUS FONTE: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060504>. Acesso em: 24 nov. 2020. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060504 TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 33 Relacionado ao HOSPUB,
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