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Dinâmica e Estrutura Familiar- Isabel Araújo Família A Família são pessoas com quem se apresenta um vínculo emocional, não propriamente as pessoas com quem se partilha um vínculo sanguíneo. É legal incluir animais no contexto de família. A Família é quem eles dizem que são. O conceito de família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual ou adoção, qualquer grupo cujas ligações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e com um destino comum. ➢ Legal: relações estabelecidas por laços de sangue, adoção, tutela ou casamento (legalização) ➢ Biológica: redes genéticas entre as pessoas (procriação) ➢ Sociológica: grupo de pessoas que vivem juntas (sociedade) ➢ Psicológica: grupo de pessoas com fortes laços emocionais (emoção) A Família é um grupo de seres humanos vistos como uma unidade social ou um todo coletivo, composta por membros ligados através da consanguinidade, afinidade emocional ou parentesco legal, incluindo pessoas que são importantes para o cliente. Grupo doméstico ligado por descendência: pai, mãe, irmãos, tios, avós; algumas compostas somente por pai, ou mãe, filhos de sangue ou não. É a primeira unidade social à qual o indivíduo pertence. A família é um sistema social composto por uma/duas ou mais pessoas que coexistem dentro do contexto de algumas expectativas de afeição recíproca, responsabilidade mútua e duração temporária. A família caracteriza-se pelo compromisso, tomada conjunta de decisões e partilha de objetivos… O que caracteriza atributos a uma família? 1. Durabilidade familiar- atualmente é menor e menos estável 2. Resiliência familiar- capacidade de dar resposta aos problemas que aparecem 3. Diversidade familiar- tipos de família A família é um sistema complexo (teia relacional), isto é, uma rede que liga as pessoas que vivem debaixo do mesmo teto e a influência que a sociedade onde estão inseridos lhes afeta, que gera uma identidade familiar. Como enfermeiros, o nosso trabalho é compreender a: ● Estrutura (dentro da mesma casa) ● Função (ter atenção a idade do indivíduo que vai influenciar a função familiar) ● Processo (como organizar e distribuir tarefas dentro da casa) Sendo enfermeiro como vejo a família? ➔ Cliente A avaliação centra-se em todos os seus membros. A família é vista como a soma dos seus membros e o foco de atenção está centrado em cada indivíduo. A família é alvo de cuidados, família é 1º plano. Deve-se avaliar cada membro que compõe a família. ➔ Contexto Centra os cuidados a nível individual, a família é tida como o contexto onde o indivíduo está inserido. O indivíduo é colocado em 1º plano e a família em 2º plano. Os cuidados devem ser articulados com a família (Ligeiramente). ➔ Sistema O alvo é a família como cliente, como sistema interativo no qual o todo é mais que a soma das suas partes. As interações entre familiares são o alvo de intervenção. A abordagem centra-se no indivíduo e na família. É um sistema aberto, que interage com os sistemas que o rodeiam. Os focos de enfermagem são os diagnósticos de família: condição de vida, saúde e capacidade de se orientar, forma de visão,... ➔ Componente da sociedade O grupo é perspetivado como instituição, a família é unidade básica primária do sistema sociedade. Família como um todos interagem com as outras instituições para receber, trocar, fornecer comunicação e serviços. Níveis de Cuidados ➢ Nível I Ênfase mínimo na família. Poucos conhecimentos ou capacidades para prestar cuidados. Contacto com a família apenas se necessário por razões práticas ou legais. O enfermeiro serve apenas para questões básicas e pontuais, por exemplo: Enfermeiro do serviço de Urgências. Tipo de família: CONTEXTO. ➢ Nível II Informação e conselhos dados à família de forma generalista. Contacto regular para obtenção de informação e para Educação em Saúde. Exemplo: Enfermeiro de Internamento Tipo de família: CLIENTE ➢ Nível III Relação e apoio emocional. O envolvimento é baseado no conhecimento sobre o desenvolvimento normal da família e as reações ao stress. Encoraja a partilha de reações e apoia esforços de coping. Cuidados mais direcionados à situação familiar. O enfermeiro deve avaliar a família e a sua dinâmica (alteraç oes que pode estar a sofrer) Tipo de família: SISTEMA ➢ Nível IV Avaliação sistemática e planeamento de intervenções. Compreensão da família como um todo. Ter conhecimento e habilidades para a ação. Enfermeiro responsável por manter interação entre Cliente e sociedade. Tipo de família: COMPONENTE DA SOCIEDADE A unidade familiar é um todo, é composta por subsistemas interdependentes, formando juntos uma unidade diferente da soma dos subsistemas familiares. A família é um sistema aberto em constante interação com o ambiente através da troca de matéria e energia. Subsistemas: ★ Conjugal- marido e mulher ★ Parental- pais e filhos ★ Fraternal- irmãos As famílias são influenciadas continuamente por informações do ambiente, e dependendo da permeabilidade dos seus limites, estão constantemente a responder a esta informação. O sistema familiar está sujeito a mudanças dentro do eixo de tempo e espaço e tem capacidade de sentir, entender, fazer escolhas e reconhecer o seu ambiente. O desenvolvimento de cuidados centrados na família requer dos enfermeiros a utilização de uma abordagem sistematizada, uma estrutura conceptual que conduza e oriente a avaliação da família. A avaliação é a etapa inicial do processo de enfermagem que evolui para diagnóstico, planeamento, intervenção e avaliação de resultados. Modelo Calgary de Avaliação da Família- MACF Estrutura multidimensional com 3 categorias principais para se realizar a avaliação da família: ● Estrutural ● Desenvolvimento ● Funcionamento Cada categoria tem várias subcategorias. É importante decidir quais são as subcategorias para avaliação e intervenção de cada família naquele momento. Apoia-se em fundamento teóricos: ➢ Teoria dos sistemas ➢ Cibernética ➢ Comunicação ➢ Mudança ➢ Biologia da cognição A fase do ciclo vital da família é definida pela idade do filho mais velho. A estrutura é avaliada por Genograma e Ecomapa. Deve-se garantir a privacidade e iniciar-se a entrevista à família deve ser feita de forma individualizada e só depois em grupo. Avaliação da Família “Saúde/Doença”-> é um assunto de família porque todos os membros da família são influência e influenciam a saúde/doença de forma recíproca. A avaliação de saúde familiar é um processo sistemático que requer uma estrutura conceptual e uma abordagem que forneça dados com fundamento para a ação. Métodos e Técnicas: ➢ Entrevista Ingredientes Chave são ★ Boas Maneiras As boas maneiras são essenciais para o comportamento social pois são visto como atos de educação e cortesia, mostrando respeito e gentileza. É necessário contacto visual para explicar procedimentos. As bases das boas maneiras começam pela apresentação pessoal (maneira como nos vestimos e aparecemos perante os outros). Como enfermeiros devemos personalizar o utente e a família (tratar pelo nome), orientar os familiares para o objetivo e prioridades. ★ Conversação terapêutica Pode ajudar a família a expressar as suas preocupações, a pensar de forma diferente sobre o problema, a mudar as suas expectativas, nas suas circunstâncias particulares. A conversação terapêutica está relacionada com preocupações individuais ou do grupo. Como enfermeiros devemos manter um discurso terapêutico intencional para reforço, informação, a troca de informação e o envolvimento do indivíduo e a família na tomada de decisão são partes integrantes do processo desenvolvimento. ★ Perguntas terapêuticas As questões são diferentes em função da área de cuidados (expectativas, desafios, preocupações, problemas mais importantes …) “Quem? Como ? Onde? O quê? Qual é ? De que forma? Com quem?” ★ Elogios Como preparar a entrevista com a família? através de encontros formais ou informais entre o enfermeiro e a família. Deve-se definir a finalidade da entrevista, compreender contexto da família porque após se definir e encontrarestes contextos geram entrevistas diferentes. O local onde a entrevista se irá realizar pode gerar vantagens e desvantagens por isso deve ser devidamente escolhido consoante a finalidade da mesma respeitando o espaço e a privacidade da família. Pode ser realizado em casa ou nas instituições (hospital, consultório, centro de saúde, outros). Quem está presente? Discussão da família e o enfermeiro porque devem estar todos os que vivem na mesma casa mas nem sempre é possível e passa-se aos que podem colaborar na resolução do problema. Deve ter-se sempre que quantos mais indivíduos maior a probabilidade de reunir informação, promovendo a parceria e o diálogo. 1º Contacto No 1º contacto, o enfermeiro deve transmitir uma mensagem importante dando significado a cada elemento da família e orientando os elementos a compreender e lidar com o problema. A marcação deve ser por contacto direto ou telefónico, num horário conveniente para a família, informando uma estimativa de tempo de duração da entrevista. Deve explicar a finalidade de marcar, os seus objetivos e estimular a participação de todos. O enfermeiro deve mostrar flexibilidade para o horário da mesma. ➢ Genograma O que é? É um instrumento simplificado de avaliação familiar que descreve a estrutura e composição familiar. Utiliza siglas representadas em diagramas, assinalando: tipo de união matrimonial, nº de descendentes por consanguinidade ou adoção, nº de uniões matrimoniais, separações ou divórcios, presença de gestações, membros de convivência, vínculos familiares, idade, profissão, doenças dos membros de convivência debaixo do mesmo teto. É um formato para desenho de uma árvore genealógica, que regista informação acerca dos membros da família e das suas relações ao longo de gerações (3 gerações). É uma fonte rica de informação para planear estratégias de intervenção porque proporciona uma visão geral e rápida das complexidades da família. Utiliza-se para saber o tipo de família, fase do ciclo vital, para determinar o tipo de intervenções de promoção, prevenção, tratamento ou reabilitação a aplicar à família. Este instrumento deve construir-se com a família na 1ª entrevista e se necessário completar nas seguintes. Pode ser utilizado para reestruturar comportamentos, relacionamentos e vínculos no tempo com as famílias, assim como remover e normalizar as perceções das famílias sobre elas mesmas, para dar informações úteis sobre o desenvolvimento e funcionamento da família, para a família e para o enfermeiro. Um genograma de 2 gerações pode ser mais conveniente para família que necessita de cuidados de saúde preventivos. O nome e a idade devem ser anotados do lado de dentro do quadrado ou círculo, do lado de fora do símbolo ficam dados significativos (profissão, doenças …) Simbologia: Idade Data de Nascimento Data de Morte Profissão Nome Acontecimento relevante Relações Afetivas ➢ Ecomapa É uma representação visual da unidade familiar em relação com a comunidade que a rodeia, descreve a comunicação da família com o meio ambiente próximo (escola, centro saúde, igreja, trabalho, família alargada, amigos …) e permite compreender a rede social extra familiar. O objetivo do ecomapa é representar os relacionamentos dos membros da família com os sistemas mais amplos. O genograma da família é colocado no círculo central. Os círculos externos representam pessoas, órgãos ou instituições no contexto familiar, são desenhadas linhas entre a família e os círculos externos para indicar a natureza dos vínculos afetivos existentes e podem ser desenhadas setas ao longo das linhas para indicar o fluxo de energia e os recursos. O ecomapa permite uma visão geral da família na sua situação, retratando tanto as ligações importantes de cuidar como a de produzir stress entre a família e o meio ambiente, é um instrumento que permite organizar uma grande quantidade de informação que pode ser usada para estabelecer objetivos com indivíduos e as organizações de uma comunidade. Simbologia: O ecomapa permite ao enfermeiro ter uma perceção mais holística e integrada da situação familiar, permite relatar a situação atual e pode também ser usado para estabelecer os serviços da comunidade. ➢ Cartas familiares É um esquema organizacional e representa a riqueza de um território familiar num determinado momento. É possível recolher dados para análise das relações entre os elementos da família. ➢ Apgar familiar Fornece dados quantitativos sobre funcionamento familiar e pode ser utilizado como complemento da entrevista. É de autopreenchimento, pode ser por um dos membros ou pelos vários membros da família e pode ser implementado em diferentes momentos do ciclo vital da família. O indivíduo seleciona uma de cada opção, a que corresponde a quase sempre-2, algumas vezes-1 e quase nunca-0. O somatório do total das cinco questões pode ser entre 7 a 10 que sugere família altamente funcionante, de 4 a 6 da família moderadamente disfuncionante ou 0 a 3 de uma família com disfunção. ➢ Faces- coesão e adaptabilidade… Descreve a Família. 1. Os membros da sua família pedem ajuda uns aos outros 2. Para resolver os problemas são seguidas as sugestões dos filhos 3. Aprovamos os amigos de cada um dos membros da família 4. Os filhos têm uma palavra a dizer no que diz respeito à sua educação 5. Gostamos de fazer as coisas com a nossa família mais chegada 6. Na nossa família pessoas diferentes agem como líderes ( que toma as decisões) 7. Os membros da família sentem-se mais próximos de outros membros da família do que das pessoas de fora 8. A nossa família pode mudar a maneira de executar as tarefas 9. Os membros da família gostam de ocupar o tempo livre uns com os outros 10. Os pais e filhos discutem os castigos conjuntamente 11. Os membros da família sentem-se muito próximos uns dos outros 12. Na nossa família são os filhos que tomam as decisões 13. Quando a nossa família se junta para alguma actividade toda a gente está presente 14. As regras podem mudar a nossa família 15. Podemos facilmente pensar sobre coisas que a família possa fazer em conjunto 16. Podemos trocar a responsabilidade das tarefas domésticas de uma pessoa para a outra 17. Os membros da família consultam outros membros da família sobre as suas decisões 18. É difícil identificar quem manda na nossa família 19. A união familiar é muito importante 20. É difícil dizer quem faz cada uma das tarefas domésticas Para avaliar a família, o enfermeiro pode utilizar as diferentes categorias, estrutural, de desenvolvimento e funcional para obter uma macroavaliação das forças e problemas da família. ● Após avaliação o enfermeiro decide se é necessário intervenção ● O agir do enfermeiro deve provocar uma resposta da família Durante a avaliação não se deve dar opiniões ou conselhos (utilizar formas ativas de escuta), deve identificar-se os sentimento (utilizar linguagem corporal aberta), perguntar se há mais alguma coisa, para além do proferido, pedir que conte mais ( dar atenção contínua, e às necessidades não expressas) e questionar sobre possíveis resoluções, sugestões, medidas a adotar, que provoquem um resultado positivo no entrevistado (usar expressões faciais que dêem a entender que se preocupa, falar suavemente, usar tom de voz firme e escrever o plano a pôr em prática). Estrutura, Função e Processos Familiares A família é a unidade primária de cuidados de saúde, podemos avaliar a sua componente estrutural, de desenvolvimento e funcional. A alteração na estrutura leva a alteração no sistema familiar e as alterações no seu funcionamento levam a necessidade de intervenção. ➢ Estrutura Conjunto de relações entre os diferentes elementos da família e da mesma com outros sistemas sociais. Existem vários tipos de estruturas familiares. Cada família tem pontos fortes e fracos que afetam a saúde individual e da família. Refere-se às características (sexo, idade, agregado familiar…) e repesenta as posições ocupadas pelos indivíduos, as suas interações e relações. COMPOSIÇÃO Podem ser compostas por: Pai, Mãe, Irmãos,Tios, Amigos, Cunhados, Avós, Primos, Madrasta/Padrasto, Ninguém… os que amamos, pessoas significativas. Quem é a família??? Escolhemos- FAMÍLIA NUCLEAR (passado, presente, futuro) Pertencemos- FAMÍLIA ALARGADA (compreender o passado é entender o presente e consolidar o futuro) TIPOLOGIA ★ Nuclear No mínimo duas pessoas que vivem debaixo do mesmo teto. Pode ou não ter filhos. ★ Alargada Família que não vive debaixo do mesmo teto com que se partilham laços sentimentais. ★ “Pas de Deux” São duas pessoas com relação fusional- Patológica; inseparáveis e que realizam todas as atividades juntos, centralização de um no outro. ★ Unipessoal Novas famílias, o membro que está a morar sozinho e pode vir a pertencer a uma família reconstruída. ★ Três Gerações Debaixo do mesmo teto vivem avós, pais e filhos, com necessidade de apoios externos em casos de dependência de algum dos membros. ★ Com Suporte Uma empregada que viva na casa dos patrões, a pessoa em questão tem quarto e casa de banho próprios e folga ao fim de semana. ★ Acordeão A família “estica e encolhe”, um dos membros vive e trabalha no estrangeiro ou mora longe. ★ Flutuantes Famílias nómadas, que mudam de local de residência com frequência. Exemplo: famílias do circo. ★ Hóspedes Família que acolhe alguém exterior ao agregado familiar e com quem cria laços sentimentais. ★ Reconstruídas Por algum motivo muda-se a tipologia da família (entram ou saem membros da mesma). ★ Com um Fantasma Família que perdeu algum dos seus membros (faleceu) mas continua a engloba-lo na dinâmica do dia a dia caseiro ( patológica). ★ Psicossomáticas Famílias oportunistas que vivem às custas dos subsídios e da sociedade. ★ Homossexuais Pouca informação existe sobre esta tipologia mas sabe-se que existe grande ligação entre os membros da mesma. ★ Múltiplas Várias famílias vivem debaixo do mesmo teto. ★ Monoparental Um adulto com filhos ( em caso de divórcio ou morte do companheiro). REDE SOCIAL. A rede social familiar fornece apoio instrumental e expressivo. As famílias alargadas são uma grande fonte de apoio social, este suporte é importante para as crianças e idosos. Para determinar a viabilidade de uma rede social familiar é necessário avaliar a evolução do tipo de apoio, proximidade da rede e interação da rede. ➢ Função É o objeto que a família serve em relação ao indivíduo a outros sistemas sociais e à sociedade. A família deve satisfazer pré-requisitos funcionais: adaptação, objetivos, integração, manutenção de padrões e controlo de tensão. Todas as famílias têm funções que são desempenhadas para manter a integridade da unidade familiar e dar respostas às suas necessidades e expectativas da sociedade. ➔ ECONOMIA ➔ REPRODUTORA ➔ SOCIALIZAÇÃO dos FILHO ➔ ESTABILIZAÇÃO da personalidade dos ADULTOS Uma das funções básicas é proteger a saúde dos seus membros e dar apoio e resposta durante o período de doença. A forma como a família desempenha as suas responsabilidades de cuidados de saúde e a sua habilidade para o fazer é influenciada por fatores como estrutura, divisão do trabalho, estatuto socioeconómico e etnia… ➢ Processo É a interação contínua entre os membros da família através do qual, realizam as suas tarefas instrumentais e expressivas. É o que torna as famílias únicas. Tem efeito sobre o estado de saúde da família. O funcionamento familiar envolve os processos usados pela família na consecução dos seus objetivos. PAPÉIS ➔ O papel de provedor ➔ Prestador de cuidados à criança e dona de casa ➔ O papel de socialização ➔ O papel sexual ➔ O papel terapêutico ➔ O papel recreativo ➔ O papel de parente Ao interagir uns com os outros, os membros da família têm de negociar e decidir sobre as suas expectativas comportamentais. Os papéis tradicionais culturalmente derivados dos homens, mulheres e crianças nas famílias têm sido e continuam a ser modificados para se adaptarem a novas realidades e desafios. O poder e padrões de comunicação têm sofrido grandes alterações. Os papéis familiares têm mudado em resultados de mudanças tecnológicas e da participação das mulheres no trabalho fora de casa. A estrutura mais frequente é a do casal em que ambos trabalham->mudança de atitudes em relação à atribuição de papéis. Cada família tende a modificar os papéis familiares e os comportamentos esperados de um papel tendo em conta a estrutura e as forças internas e externas à unidade familiar. O enfermeiro que trabalha com famílias tem de ter conhecimentos sobre papéis e funções familiares e os seus fatores de mudança. COMUNICAÇÃO A negociação de papéis familiares exige comunicação eficaz. A comunicação saudável é caracterizada por regras claras, flexíveis, que geram comunicação verbal e não verbal. As dificuldades na comunicação são o problema mais comum nas famílias que necessitam de melhorar a sua interação. PODER O poder é um dos mais importantes processos familiares, pois o exercício do mesmo é um processo dinâmico e multidimensional. O poder varia em função do contexto estrutural e características dos membros do grupo. Fontes de Poder: processo de socialização, contrato nupcial, recursos económicos, educação… TOMADA DECISÃO A tomada de decisão deve ser um esforço coletivo, com auxílio da comunicação e do poder. Numa família saudável o equilíbrio do poder reside na coligação paternal (complementaridade/recíproco). SATISFAÇÃO CONJUGAL A qualidade de interação conjugal está relacionada com a partilha das responsabilidades intra e extra familiares. A satisfação com a divisão das tarefas domésticas tornou-se importante para a satisfação do casal e as restrições de tempo são um fator importante na relação entre a satisfação conjugal e cuidar dos filhos, trabalho doméstico e trabalho. ESTRATÉGIAS COPING São esforços cognitivos e comportamentais para lidar com exigências internas ou/e externas que sobrecarregam ou excedem os recursos da pessoa/ família. Cada família tem as duas estratégias de coping, que podem ou não ser adequadas ao momento de stress. A estrutura, função e processo da família, os recursos de tempo, energia, conhecimento e capacidades influenciam o coping. As famílias funcionais podem ter dificuldades em lidar com stress acumulado. Implicações para a Enfermagem Sequelas da estrutura e nível funcional das famílias, podem levar a alterações no processo familiar-> Intervenção de Enfermagem. Uma família com uma doença aguda/ crónica passa por alterações no desempenho de papéis, no poder. Para ajudar a família a adaptar-se às mudanças, o enfermeiro deve facilitar a comunicação, aumentar a tomada de decisão, promover o coping e reduzir a tensão do papel. Ciclo Vital da Família As famílias, tal como os indivíduos, mudam e crescem ao longo do tempo. Todas as famílias têm um padrão básico e uma semelhança em experiências, resultando em fases previsíveis. cada fase do desenvolvimento tem os seus próprios desafios, necessidades, recursos, que inclui tarefas que tem de ser completadas, antes da família passar, com sucesso para a fase seguinte. O desenvolvimento familiar reporta-se à mudança da família enquanto grupo, e às mudanças individuais de cada membro. A concetualização do ciclo vital da família, e as suas diferentes etapas, tem como referência a família nuclear tradicional. 1. Eleição de Parceiro Jovem adulto separa-se da família de origem sem rotura total. Escolhem emocionalmente o que levam da família de origem e o que vão criar sozinhos. Os problemas normalmente centram-se na dificuldade dos seus pais os reconhecerem como “novos adultos” pseudo-independentes. O casal faz-se de três elementos: EU, TU, NÓS. Surge o subsistema conjugal. Autonomia, partilha e negociação são instrumentos fundamentais de articulação. A complementaridade torna-se o modelo de excelência. 2. Família com filhos pequenos Com o nascimento do 1º filho surge o subsistema parental e os adultos avançam uma geração e tornam-se cuidadores da geração mais nova. Há um ajuste do sistema conjugal para criar espaço para os filhos e surgem as tarefas de educação dos filhos, as tarefasfinanceiras e domésticas. O cultivo com a família alargada para incluir papéis de pais e avós. Existe dificuldade na distribuição de responsabilidades (cuidados criança, tarefas domésticas), no comportamento parental (limites em exercer autoridade necessária), conflitos, crianças negligenciadas, férias reduzidas, disfunção sexual, depressão. Os avós passam a posição secundárias ou a autoridades paternas principais. O tempo conjugal é vulnerável, pode ser anulado ou interrompido, por decisão de um ou ambos os cônjuges, mas é-se mãe e pai para toda a vida. O relacionamento passa de Díade à Tríade com abertura para o exterior. 3. Família com filhos na escola Estabelecimento de relações com outros sistemas com ocasião para crescimento ou desenvolvimento familiar e individual. Na família e na escola existem relações verticais e horizontais, com cooperação, separação e autonomização às tarefas da família. 4. Família com adolescentes Modificação dos relacionamentos entre progenitor- filho para o adolescente movimentar-se para dentro e fora do sistema. A nova definição dos filhos dentro da família e dos papéis dos pais em relação aos seus filhos torna-as mais flexíveis e promovem a independência. Os adolescentes abrem a família para um novo cortejo de valores. Existem ajustes no que toca a família alargada (avós, tios,...) que leva a um evento central do casal: “crise do meio da vida” de um ou ambos os cônjuges. Problemas comuns: abuso de drogas, gravidez adolescente, delinquência ou comportamento psicótico. É importante respeitar os sentimentos , os valores, as atitudes e os comportamentos dos adolescentes Os adolescentes são muito sensíveis à verdade e coerência, e lutam para alcançar a sua autonomia e identidade. O grupo de pares tendem a ser iguais, a ter as mesmas dúvidas, energias, certezas, desafios, medos, por isso os adolescentes "sentem-se em casa”, num ambiente mais confortável perante o conhecimento de que o outro é como ele. Gestão de poder: os pais temem perdê-lo e os jovens querem alcançá-lo. 5. Família adulta Fase mais nova e mais longa= a mais problemática! Ocorre o maior nº de entradas e saídas de membros da família e o desenvolvimento de relacionamentos adulto/adulto entre filhos crescidos e os pais. O relacionamento passa a incluir parentes por afinidade e netos e passa-se a ter de lidar com incapacidades e morte dos seus pais (cuidadores informais). Com o passar dos anos, com a perda de algumas capacidades, com o eventual desaparecimento dos cônjuges ou com uma situação de doença, os elementos da família. Algum tempo depois saem de novo, temporariamente (hospitalização) ou definitivamente (morte). “Geração de sanduíche” vê os filhos partir e os pais chegarem. Famílias ligadas aos filhos ou aparecimento de sentimentos paternos de vazio e depressão. Menor responsabilidade financeira (viagens, hobbies, novas carreiras), como 2ª oportunidade de consolidar ou expandir explorando novos papéis. 6. Família idosa Homens e mulheres respondem de forma diferente aos seus papéis e existe espaço para partilha de sabedoria e experiências vividas entre ambos. Insegurança quanto a independência de cada um e uma perda substancial de amigos e parentes. Perda de cônjuge= reorganização da vida sozinho e reajuste à reforma. Manter o funcionamento e os interesses próprios do casal em fase de declínio fisiológico (envelhecimento ativo), aceitarem aparecimento de incapacidades físicas ou cognitivas do cônjuge. Aceitar a mudança dos papéis geracionais, lidar e preparar-se para a sua própria morte. Mudanças no CVF Índice de natalidade menor Maior longevidade Alteração no papel feminino Crescente índice de divórcio e recasamento Aparecimento de novos tipos de famílias (monoparentais, adoções …) Casais a viverem juntos sem casar Crescente nº de filhos a nascer fora do casamento Mais casais homossexuais Mobilidade de um dos progenitores Crescente concordância de diferentes modelos de vida conjugal As novas famílias obrigam a pensar em contextos familiares que mais não são que variantes do ciclo vital. Uma mesma doença diagnosticada em diferentes etapas de desenvolvimento tem distintas implicações no tratamento, aspeto físico, emocional e social. Crises na família Normativa ● Acontecimentos esperados, eventos previsíveis (casamento, nascimento de filhos …) ● Pode surgir períodos de dificuldade ou crise Não Normativa ● Acontecimentos não previsíveis ou esperados, podem ocorrer sem qualquer aviso (doença crónica, morte, acidente, desemprego...) ● Desequilíbrio, confusão, angústia até que os novos padrões de papéis e das responsabilidades sejam estabelecidas Modelo de Intervenção de Calgary na Família Após a avaliação da família é necessário definir como intervir de forma a facilitar a mudança. O MICF é uma estrutura organizada para conceptualizar a interseção entre um domínio particular do funcionamento da família e a intervenção proposta pela enfermagem. O MICF foca a promoção, procura melhorar o funcionamento familiar no domínio cognitivo, afetivo e comportamental. As intervenções podem promover, melhorar ou sustentar o funcionamento familiar num ou nos três domínios. Uma alteração num domínio altera os restantes. O enfermeiro propõe intervenções para resolução do problema e a recetividade da família à intervenção pode mudar consoante a sua história, as interações entre os membros ou o relacionamento entre enfermeiro e família. O MICF ajuda a determinar o domínio familiar que necessita de mudança e a intervenção mais adequada para aquela família. ★ Cognitivo São intervenções que oferecem novas ideias, opiniões, crenças, informações ou educação sobre um problema ou risco de saúde particular. O objetivo é mudar a maneira como uma determinada família vê e acredita nos problemas de saúde, de forma que os seus membros possam descobrir novas soluções para o seus problemas. Intervenções ● Elogiar as forças da família e dos indivíduos Elogiar as forças da família promove um contexto para a mudança, leva a que as famílias descubram soluções para os seus problemas. ● Oferecer informações e opiniões A informação mais solicitada pelas famílias refere-se a questões de desenvolvimento, promoção da saúde e tratamento de doenças. Em situações de doença crônica o enfermeiro pode capacitar as famílias para obter informação sobre recursos e apoios, para diminuir o impacto que as doenças provocam na família. ★ Afetivo São intervenções destinadas a reduzir ou aumentar emoções intensas que podem bloquear a família de solucionar problemas Intervenções ● Validar ou normalizar as respostas emocionais Ajudar os membros a fazer a ligação entre a doença de um deles e a resposta emocional de todos. ● Incentivar a narrar história da doença Criar ambiente para expressão de sentimentos, dar oportunidade de expressar o impacto da doença sobre a família. ● Estimular o apoio familiar Incentivar os diferentes membros a ouvirem as preocupações e sentimentos de cada um. ★ Comportamental Ajudam os membros da família a interagir e a comportar-se de modo diferente em relação uns aos outros. A mudança ocorre convidando alguns ou todos os membros da família a participar em tarefas específicas, podendo algumas ser iniciadas no 1º contato e outras podem ser experimentadas noutras visitas. Intervenções ● Incentivar os membros da família a serem cuidadores Retirar medos e receios a todos os membros que possam colaborar no cuidar. ● Incentivar ao descanso Diminuir sobrecarga do cuidador principal. ● Planear rituais Sugerir rituais terapêuticos que não foram observados pela família (folgas, festas, leituras…)
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