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1 FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS - FACUNICAMPS CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM - URGÊNCIA, EMERGÊNCIA E UTI ALANE JOQUEBEDE OLIVEIRA SANTOS ALEXANDRA EPAMINONDAS CARVALHO CAMILA GOMES DOS SANTOS FELIPE MARQUES DOURADO FERNANDA BRITO DOS SANTOS RAÍZA PEIXOTO GOMES A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AOS CUIDADOS DOS PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS, COM ENFOQUE NA UTI GOIÂNIA - GO 2022/2 2 ALANE JOQUEBEDE OLIVEIRA SANTOS ALEXANDRA EPAMINONDAS CARVALHO CAMILA GOMES DOS SANTOS FELIPE MARQUES DOURADO FERNANDA BRITO DOS SANTOS RAÍZA PEIXOTO GOMES A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AOS CUIDADOS DOS PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS, COM ENFOQUE NA UTI Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para nota da disciplina de TCC, necessária para a pós graduação do curso de Enfermagem em Urgência, Emergência e UTI, da Faculdade Unida de Campinas - FACUNICAMPS. Orientação: Prof.ª Doutora Tanielly Paula Sousa. GOIÂNIA - GO 2022/2 3 SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS NA UTI A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AOS CUIDADOS DOS PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS, COM ENFOQUE NA UTI RESPIRATORY SYNDROMES IN THE ICU THE NURSE'S PERFORMANCE IN THE CARE OF PATIENTS WITH RESPIRATORY SYNDROMES, WITH A FOCUS ON THE ICU CARVALHO1, Alexandra Epaminondas; DOURADO¹, Felipe Marques; GOMES¹, R. P.; SANTOS¹, Alane Joquebede Oliveira; SANTOS¹, Camila Gomes Dos; SANTOS¹, Fernanda Brito Dos; SOUSA2, Tanielly Paula. RESUMO Objetivos: Descrever a atuação do Enfermeiro nos cuidados prestados aos pacientes com diagnóstico de Síndrome Respiratória e relatar como é feito a classificação do paciente com agravo respiratório para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Método: Revisão de literatura com abordagem narrativa, através do levantamento de dados nas bases de dados Google acadêmico, Scielo e Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando as palavras-chave: Síndromes respiratórias, UTI, Covid-19, Enfermagem. Resultados: As patologias do trato respiratório afetam as vias aéreas superiores e inferiores podendo limitar a vida do indivíduo conforme a sua cronicidade. A UTI é um local preparado para estabilizar o paciente crítico. Na atuação diária, a equipe de enfermagem enfrenta, além dos fatores externos relacionado no atendimento ao próximo, fatores inerentes a si mesmo, o adoecimento psicoemocional desencadeado pelo estresse e sobrecarga laboral. Conclusão: as equipes tiveram que se adaptar à situação para que fosse possível realizar os cuidados de acordo com o que havia disponível a eles. Assim, a escassez de recursos deve ser tratada como ponto fundamental para a assistência de excelência aos pacientes, principalmente das UTIs que exigem recursos específicos e muita importância aos que necessitam. Palavras-chave: Síndromes respiratórias. UTI. Covid-19. Enfermagem. ABSTRACT: Objectives: To describe the role of nurses in the care provided to patients diagnosed with Respiratory Syndrome and to report how the classification of patients with respiratory distress to the Intensive Care Unit (ICU) is performed. Method: Literature review with narrative approach, through data collection in the databases Google 1 Alexandra Epaminondas Carvalho, Enfermeira, cursando especialização em Terapia Intensiva e Urgência e Emergência. E-mail: Alexandra.alegc7@gmail.com Felipe Marques Dourado, Enfermeiro, cursando especialização em Terapia Intensiva e Urgência e Emergência. E-mail: fmd.enf.dourado@gmail.com Alane Joquebede Oliveira Santos, Enfermeira, cursando especialização em Terapia Intensiva e Urgência e Emergência. E-mail: alanejoquebede.2010@gmail.com Camila Gomes Dos Santos, Enfermeira, cursando especialização em Terapia Intensiva e Urgência e Emergência. E-mail: camilagdssantos@gmail.com Fernanda Brito Dos Santos, Enfermeira, cursando especialização em Terapia Intensiva e Urgência e Emergência. E-mail: fernandabritofofa2@gmail.com 2 Dra. Tanielly Paula Sousa. Orientadora do estudo. Professora na Faculdade Unida de Campinas. E-mail: tanielly.sousa@facunicamps.edu.br 4 Academic, Scielo and Virtual Health Library, using the keywords: Respiratory Syndromes, ICU, Covid-19, Nursing. Results: Respiratory tract pathologies affect the upper and lower airways and may limit the individual's life according to their chronicity. The ICU is a place prepared to stabilize the critical patient. In daily performance, the nursing team faces, in addition to the external factors related to the care of others, factors inherent to itself, the psychoemotional illness triggered by stress and work overload. Conclusion: the teams had to adapt to the situation so that it was possible to perform the care according to what was available to them. Thus, the scarcity of resources should be treated as a fundamental point for the care of excellence to patients, especially ICUs that require specific resources and great importance to those in need. Keywords: Respiratory syndromes. ICU. Covid-19. Nursing. 1. INTRODUÇÃO No ano de 2020, durante a pandemia da Covid-19, evidenciou-se uma carência voltada aos cuidados prestados aos pacientes com síndrome respiratória, principalmente nas unidades de terapia intensiva (UTI). A falta de preparo estrutural dos hospitais relacionada à quantidade de leitos, equipamentos de UTI (entre eles: o ventilador pulmonar), recursos humanos e ou materiais, fármacos e o desconhecimento da equipe de saúde sobre o agravamento das síndromes respiratórias, sobretudo relacionado às complicações pela Covid-19, dificultou a situação geral (HOLANDA; PINHEIRO, 2020; GOMES; SOUSA, 2021). A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é caracterizada por Síndrome Gripal (SG) com dispneia/desconforto respiratório, pressão ou dor persistente no tórax, ou ainda saturação de oxigênio (O2) menor que 95% em ar ambiente ou cianose labial/facial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). Com o advento da pandemia da Covid-19 muitas pessoas desenvolveram Insuficiência Respiratória Aguda - IRpA, como complicação causada pelo vírus, além de outros agravos como a síndrome do desconforto respiratório agudo - SDRA, ou até mesmo a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (OLIVEIRA et al., 2019; LIMA, 2021). Tendo observado a necessidade de uma rápida intervenção dos profissionais de enfermagem, principalmente quanto aos cuidados com os pacientes portadores de síndromes respiratórias na UTI, é fundamental avaliar como o Enfermeiro atuou diante da pandemia da Covid-19 sem ter uma preparação adequada para lidar com as síndromes respiratórias, no que concerne ao agravo, às complicações e à fatalidade. Sendo assim, a relevância do aperfeiçoamento na atuação do enfermeiro e equipe de enfermagem, nos cuidados aos portadores das doenças respiratórias e suas especificidades, está na melhoria do atendimento a esses pacientes e no aumento de sua sobrevida. Dessa forma, para o aumento da qualidade na prestação do serviço ofertado pela equipe de 5 enfermagem, é necessário um preparo mais satisfatório e adequado frente aos episódios de instabilidade diante do imprevisível nos serviços de saúde. Os profissionais de enfermagem se desdobram na realização de suas funções para garantir o atendimento conforme as necessidades dos pacientes. O enfermeiro utiliza a ferramenta da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), realizando a anamnese e histórico completo do paciente. Além disso, deve estar preparado para lidar com as tecnologias no âmbito da UTI, ser habilidoso nas ações diretas ao paciente, e atuar com conhecimento e responsabilidade (OUCHI et al., 2018). Porém, não é necessário apenas conhecer, mas também ter autonomia no desenvolvimento das medidas cabíveis à prevenção, ao cuidado, evitando, inclusive,a piora no quadro de saúde desses pacientes, agindo com equilíbrio e foco, mesmo em situações adversas. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a atuação do Enfermeiro nos cuidados prestados aos pacientes com diagnóstico de Síndrome Respiratória. Como objetivo específico pretende-se demonstrar como é realizada a classificação do paciente com agravo respiratório no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Sistema respiratório humano A imagem 1 abaixo relaciona os principais órgãos relacionados a anatomia do sistema respiratório humano. Imagem 1. Panorama do sistema respiratório; vista medial, assim como ventral 6 Fonte. Sobotta. Atlas de anatomia humana. Volume 1, Cabeça, Pescoço e Extremidade Superior. 21ª Edição, Editora Guanabara. Conforme Nascimento Jr. (p. 174, 2020), o sistema respiratório é dividido em vias aérea superiores (do nariz à laringe), vias aéreas inferiores (da traqueia aos alvéolos) e pulmões. O sistema respiratório é um dos sistemas importantes do nosso organismo, trabalha juntamente com o coração para enviar uma demanda de oxigênio para os tecidos, órgãos e células. No sistema respiratório acontece a hematose, a troca gasosa entre O2 (oxigênio) e Co2 (dióxido de carbono). Sua estrutura é formada pelas as narinas e cavidade nasal onde ocorre a filtração, o aquecimento e a umidificação na entrada do ar. Depois ele percorre pela laringe, traquéia se ramifica entre os dois pulmões, brônquios, bronquíolos e quando chega aos alvéolos acontece a hematose, o O2 entra nos capilares dentro das hemácias e o Co2 passa pelos os alvéolos para ser excretado para fora do organismo (ANATOMIA DO CORPO HUMANO, 2022, p. 138-150). 2.2 Enfermidades do aparelho respiratório As patologias do trato respiratório afetam as vias aéreas superiores e inferiores, podendo limitar a vida do indivíduo conforme a sua cronicidade. Entre as doenças respiratórias crônicas (DRC) prevalentes no mundo estão: asma, rinite alérgica e a doença 7 pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), acompanhada pela atenção primária em saúde, na fase leve a moderada. O principal sintoma é a tosse persistente com ou sem outro sinal de alteração do padrão respiratório (BRASIL, 2010). Uma inflamação prolongada nos brônquios, bronquíolos e parênquima pulmonar contribui para o desenvolvimento das DPOCs como: bronquite, bronquiolite obstrutiva e o enfisema pulmonar (GOMES et al., 2020). Nas DPOCs os alvéolos são comprometidos dificultando o fluxo aéreo, podendo aumentar a secreção nos brônquios alargando suas paredes, levando à bronquite crônica. Os poluentes contidos no ar atmosférico são sua principal causa, principalmente o tabagismo, sendo agravado porque o tabagista não se atenta para a dificuldade respiratória, provocando a evolução da doença com incapacidade pulmonar e com pouca chance de reversão (MARIOTTO; IETSUGU, 2018). Já no enfisema pulmonar, o órgão perde a elasticidade de retração e a expiração fica prejudicada (PORTO, 2010), situação também agravada com o tabagismo. Qualquer doença pulmonar pode desencadear a Insuficiência Respiratória (IRp), agravo relacionada à falha na hematose pulmonar, comprometendo a Pressão Arterial de Oxigênio (PaO2) e a Pressão Arterial de Dióxido de Carbono (PaCO2). Essa falha acontece devido ao desgaste muscular sofrido no aparelho respiratório, em constante sobrecarga, provocando obstruções e a hiperinsuflação dos pulmões (LIMA, 2021). Nas pneumonias ocorre um “processo inflamatório do parênquima pulmonar, compreendendo várias condições clínicas: pneumonia, pneumonite, broncopneumonia, pneumonia atípica, pneumonia nosocomial, pneumonia viral, fúngica, bacteriana entre outras” (PORTO, 2010, p. 751). Com a progressão da doença, na diminuição de ventilação nos alvéolos, favorece-se a hipercapnia e o déficit de compensação de oxigênio, estabelecendo-se o quadro de Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA). O padrão respiratório sofrerá alterações com sinais clínicos visíveis, levando o paciente à incapacidade inspiratória (LIMA, 2021). Outro agravante da IRpA é o coronavírus, assim nomeado por possuir aparência de coroa em visualização microscópica, sendo o mais recente causador da pandemia encontrado no território chinês no final de 2019. Dentre os coronavírus identificados, destacam-se o “SARS-CoV (causador da síndrome respiratória aguda grave ou SARS), MERS-CoV (causador da síndrome respiratória do Oriente Médio ou MERS) e o SARS-CoV-2” causador da COVID-19 (LIMA, 2020). 8 O vírus da SARS-Cov-2 é o causador de uma das síndromes respiratória aguda grave por conter uma proteína S que se conecta a enzima ACE 2 (enzima de conversão angiotensina tipo 2) presente nas células do pulmão humano. Um dos primeiros casos do novo coronavírus foi identificado em Wuhan, na província de Hubai na China. A origem da SARS-Cov 2 ainda vem sendo pesquisada, pois não se sabe ao certo como surgiu. Alguns estudos evidenciam a semelhança com o coronavírus pangolins Manisjavanica (pangolins malaio) ou coronavírus de morcego, mas são necessários ainda novos estudos para definir o principal progenitor da SARS Cov-2 (NOGUEIRA; SILVA, 2020). Alguns pesquisadores especulam que a origem do coronavírus veio dos morcegos por serem reservatório dos vírus SARS-CoV, o SARS-CoV-2 e o MERS-CoV 14. Nesse sentido, a SARS-CoV 2 está relacionada com o BatCoVRaTG 13, detectado nos morcegos na província de Yunnan na China, sendo a principal hipótese, uma vez que a hipótese relacionada à origem no mercado de Wuhan foi descartada, pois nesse local não havia a comercialização de morcegos. Portanto, esses estudos acreditam que os morcegos tenham transmitido o vírus para os pangolins (mamíferos que vivem em zonas tropicais da Ásia e da África) e posteriormente ao homem (BRITO et al., 2020). A fisiopatologia do coronavírus no organismo pode provocar também a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), caracterizada por opacidades bilaterais, edema pulmonar não cardiogênico e hipoxemia com pressão parcial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) < 300 com pressão positiva expiratória final (PEEP) > ou = 5cmH2O (OLIVEIRA; TEIXEIRA; ROSA, p. 555, 2019). Para tratar a SDRA, foi adotado como medida terapêutica o uso do decúbito ventral ou posição prona, com a finalidade de melhorar a ventilação/perfusão, o que deve ser feito nas primeiras 48 horas do início dos sintomas. A posição prona deve ser utilizada em pacientes com grandes dificuldades de trocas gasosas, possibilitando um maior conforto respiratório da oxigenação, promovendo alívio da tensão pulmonar, quando em decúbito ventral (BORGES et al., 2020). A qualificação da equipe de saúde nos próprios centros hospitalares, com treinamentos e quantidade adequada de profissionais (que pode variar de 3 a 5 pessoas), pode ajudar a desenvolver um atendimento especializado para o cliente que precisa dessa terapia. Por meio do exame de gasometria, após uma hora de ter realizado a manobra, é avaliado se o paciente poderá ser mantido em pronação. Este mesmo exame deve ser realizado 4 horas depois que retornar o paciente à posição supina, para reavaliar a necessidade de continuar ou não na posição prona (BORGES et al., 2020). 9 2.3 Cuidados da Enfermagem A enfermagem atua com base nos preceitos éticos e legais da categoria, por meio dos protocolos organizados da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que visa organizar o processo de trabalho da equipe de enfermagem, devendo se apossar ainda de um olhar de integralidade para com o paciente, respeitando sua singularidade (NUNES et al., 2019). Utilizando-se do processo de enfermagem (PE) conforme a resolução COFEN 358/2009, organizado em cinco etapas: Coleta de dados de enfermagem; Diagnóstico de enfermagem; Planejamento de enfermagem; Intervençãode enfermagem e Avaliação de enfermagem, o enfermeiro é direcionado na elaboração das suas rotinas para o atendimento qualificado. O PE é um instrumento que permite o julgamento clínico e a reavaliação dos cuidados prescritos, possibilitando ao enfermeiro uma percepção dos resultados do seu próprio trabalho. As taxonomias padrão da enfermagem como: North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), Nursing Outcomes Classification (NOC), Nursing Interventions Classification (NIC) e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) também se somam a esta etapa, conforme OLIVEIRA et al. (2019, p. 6). Dentro do seu processo de trabalho, enfermeiro ainda precisa monitorar constantemente e atentar aos sinais de instabilidade do paciente. A UTI é um local preparado para estabilizar o paciente crítico, que além dos equipamentos materiais, conta também com uma equipe multiprofissional que se esforça para oferecer suporte adequado (ZIN et al., 2021). A enfermagem atua ainda, na promoção, prevenção e reabilitação do paciente, cuidando e intervindo quando necessário. Além disso, cria e recria rotinas e se readapta de acordo a necessidade do momento (MARQUES, et al., 2021). Outra ferramenta da enfermagem é a Semiologia e a Semiotécnica utilizadas na consulta de enfermagem, usando os métodos propedêuticos: inspeção, ausculta, palpação e percussão. Através da observação e avaliação torácica ou na avaliação tegumentar no paciente, é possível adquirir informações sobre o estado respiratório. Achados como: cianose de extremidades, taquipneia, tiragem intercostal, frêmito diminuído ou aumentado, o tipo de emissão do som pulmonar, trazem clareza sobre o estado respiratório, permitindo ao Enfermeiro o levantamento dos diagnósticos de enfermagem (RÉGINO et al., 2020), sinais e 10 sintomas fundamentais para a compreensão da clínica do paciente com síndromes respiratórias, possibilitando intervenções adequadas em tempo hábil. 2.4 Manejo O primeiro atendimento aos pacientes com problemas respiratório inicia-se na atenção primária em saúde, passando, preferencialmente, pela equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF). Indivíduos que apresentam Síndrome Gripal leve são tratados na unidade de saúde com manejo terapêutico e isolamento domiciliar, e os casos graves necessitam de encaminhamento aos centros de referência, urgência/emergência ou hospitais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). O indivíduo com sintomas de febre, tosse ou dor de garganta, e mais um dos sintomas de: mialgia, cefaleia ou artralgia, é caracterizado como portador de Síndrome Gripal. Havendo dispneia, desconforto respiratório, saturação de oxigênio menor que 95% ou piora de uma doença preexistente, o paciente é classificado com Síndrome da Respiratória Aguda Grave (SRAG), podendo evoluir com insuficiência respiratória, instabilidade hemodinâmica, disfunção de órgãos vitais e choque. Nesse caso deve-se avaliar a necessidade de internação na UTI, realizar o acompanhamento e notificar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). 3. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão de literatura do tipo narrativa. O levantamento de dados foi realizado em plataformas de dados indexadas digitalmente, sendo elas: Google acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a seleção dos estudos, considerou-se estudos dos últimos cinco anos, utilizando as seguintes palavras-chave: Síndromes respiratórias, UTI, Covid-19, Enfermagem, utilizando o operador boleano AND. A busca dos estudos iniciou no mês de abril do ano de 2022. Como critério de exclusão, adotou-se estudos no idioma inglês e espanhol, além de artigos que não estavam disponíveis na sua íntegra de forma gratuita (livre acesso). Foram priorizados artigos que trouxessem uma visão do período pandêmico, voltado para o agravamento das síndromes respiratórias e a atuação do enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva. 11 4. RESULTADO E DISCUSSÕES Diante dos desafios do cuidado com os pacientes, os profissionais de enfermagem estão mais propensos a desenvolver problemas psicológicos. O emocional fica abalado e o corpo cansado e, é preciso atender ao outro e lidar consigo mesmo (MARQUES, et al., 2021). Mesmo se deparando com a falta de recursos, escassez de leitos, jornada de trabalho prolongada, desfalque de profissionais e novos protocolos em modificação frequente, a enfermagem permanece no desempenho da sua função. Na atuação diária, a equipe de enfermagem enfrenta, além dos fatores externos – relacionados ao atendimento ao próximo –, fatores inerentes a si mesma, como o adoecimento psicoemocional desencadeado pelo estresse e sobrecarga laboral. Além de contribuir assistencialmente, o enfermeiro desempenha função de liderança, gerindo equipes e criando mecanismos para a solução de problemas, o que eleva ainda mais seu nível de responsabilidade (ZIN et al., 2021). Na pandemia da Covid-19, os profissionais de enfermagem precisaram modificar o atendimento. Até o tempo gasto no banho do paciente, precisou ser reduzido. Os cuidados e a atenção nos procedimentos tiveram que ser redobrados. Muitos indivíduos perderam a vida por falta de internação, desprovimento de ventilador mecânico ou até mesmo em consequência da disponibilidade de leito de UTI (MARQUES, et al., 2021). Pelos estudos foi identificado que os pacientes na posição prona tiveram melhora na oxigenação e o tempo de permanência também interferiu na melhora da saturação de oxigênio, otimizando as trocas gasosas (BORGES et al., 2020). Porém, existem diversos fatores que influenciam na adesão da posição, como por exemplo, a falta de profissionais treinados e qualificados para realização dessa manobra, ou até mesmo, as contraindicações que podem ser absolutas ou relativas, ou mesmo devido à pressão cutânea ocasionada no paciente pela posição (BORGES et al., 2020). Dentro das indicações da pronação do paciente sabemos que ela deve ser utilizada de preferência nas primeiras 24 horas em pacientes que estejam de forma grave dentro do quadro da Síndrome Respiratória Aguda Grave para melhora na saturação do nosso paciente. Como todos os tipos de procedimento feitos, também existe as contraindicações dessa modalidade que é a pronação (BORGES et al., 2020). Nas contraindicações temos: arritmias graves, fraturas pélvicas, difícil manejo das vias aéreas, politrauma com fraturas não estabilizadas, entre outros. Quando realizada a posição de prona em um paciente pode acontecer de haver alguns tipos complicações, como por exemplo, as lesões por pressão. Para realização da manobra com sucesso, é necessário de 3 a 5 12 profissionais extremamente capacitados, o que infelizmente, relacionada à capacitação dos profissionais, como já citado, é um problema, pois quase não se tem profissionais capacitados para realizar a mesma (BORGES et al., 2020). Estudos apontam que a SAE pode auxiliar de forma positiva dentro do quadro desses pacientes, trazendo maior segurança nas ações em saúde e podendo prevenir vários tipos de eventos adversos nos pacientes hospitalizados (ANDRADE et al., 2021). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a pandemia da Covid-19, nos últimos tempos, foi crucial para evidenciar a carência de recursos existente no sistema de saúde. Os pacientes acometidos por síndromes respiratórias durante esse tempo recorreram ao sistema e presenciaram a falta de preparo das equipes e unidades de saúde, falta de equipamentos e leitos necessários. A assistência prestada aos casos de maior gravidade foi realizada nas unidades de terapia intensiva, e durante a pandemia, em que a demanda acabou sendo muito maior do que a oferta, a carência desses recursos gerou um quadro de superlotação e caos. A abordagem do tema é de suma importância, pois essa escassez de recursos é vivida dia a dia durante a assistência à saúde e nãoapenas durante a pandemia, e deve ser tratada como ponto fundamental para a assistência de excelência aos pacientes, principalmente das UTIs, que exigem recursos específicos e muita importância aos que necessitam. Durante os estudos, podemos observar que, durante a assistência, as equipes tiveram que se adaptar à situação para que fosse possível realizar os cuidados de acordo com o que havia disponível a eles. Esse fato torna muito visível a falta de recursos e condições às equipes. Podemos usar como exemplo a necessidade de redução do tempo nos banhos dos pacientes para que fosse possível realizar em todos os pacientes internados nas UTIs devido à superlotação das mesmas. Dá-se por conclusão que a pesquisa teve a intenção de evidenciar que as discussões sobre atender as demandas dos recursos necessários não deve ser feita apenas devido à pandemia, mas de forma recorrente buscando amenizar as falhas e trazer a assistência devida ao paciente como um todo. 13 REFERÊNCIAS BORGES, D. L.; et al. Posição prona no tratamento da insuficiência respiratória aguda na COVID-19. ASSOBRAFIR Ciência. Vol. 11, n. 1, p. 111-120, 2020. BRASIL. Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional ESPII. Protocolo de Manejo Clínico de SRAG e Protocolo de Vigilância Epidemiológica da Influenza Pandêmica (H1N1) Notificação, Investigação e Monitoramento. Governo do Estado do Pará. Versão IV, Belém - PA, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Respiratórias Crônicas. Caderno de Atenção Básica, n. 25. Brasília - DF, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde. 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