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Apostila CHS PM 2022 EAD - Fundamentos Direito Penal Militar

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Prévia do material em texto

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 
CAMILO Sobreira de SANTANA 
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
SANDRO Luciano CARON de Moraes - DPF 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – CEL PM 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
NARTAN da Costa Andrade - DPC 
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 
HUMBERTO Rodrigues Dias – CEL BM 
COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 
José ROBERTO de Moura Correia – TC PM 
COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 
Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – CAP PM 
SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE 
 
ALANA Dutra do Carmo 
ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE 
 
 
CURSO DE HABILITAÇÃO A SARGENTO POLICIAL MILITAR - CHS PM/2022 
 
 
DISCIPLINA 
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL MILITAR 
 
CONTEUDISTA 
Arlindo da Cunha Medina Neto 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM 
 
• 2022 • 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL MILITAR ...................................................................... 1 
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 1 
UNIDADE 1 - CRIME MILITAR .............................................................................................. 2 
Aula 1 - Definição do Crime Militar .................................................................................... 2 
Aula 2 - Aplicação da Lei Penal Militar ................................................................................ 6 
2.1 Aplicação da Lei Penal Militar no TEMPO ................................................................... 6 
2.2 Eficácia da Lei Penal Militar no Tempo ....................................................................... 6 
2.3 Lugar do Crime Militar ............................................................................................... 8 
Aula 3 - Principais Crimes Militares em tempo de paz. ....................................................... 9 
3.1 Contra a Autoridade ou a Disciplina ........................................................................... 9 
3.2 Contra o Serviço e o Dever Militar ........................................................................... 13 
3.3 Contra a Pessoa ........................................................................................................ 15 
3.4 Contra o Patrimônio ................................................................................................. 17 
3.5 Contra a Saúde ......................................................................................................... 19 
3.6 Contra a Administração Militar ................................................................................ 20 
3.7 CONTRA O DEVER FUNCIONAL ................................................................................. 22 
3.8 Contra a Administração da Justiça Militar ................................................................ 23 
Aula 4 - Resumo. .............................................................................................................. 24 
Aula 5 - Material Complementar. ..................................................................................... 24 
Aula 6 - Exercícios de Fixação. .......................................................................................... 26 
UNIDADE 2 - CULPABILIDADE ........................................................................................... 28 
Aula 1 - Dos Erros ............................................................................................................. 29 
Aula 2 - Imputabilidade Penal .......................................................................................... 31 
Aula 3 - Excludentes da Ilicitude ....................................................................................... 36 
Aula 4 - Resumo ............................................................................................................... 38 
Aula 5 - Material Complementar ...................................................................................... 39 
Aula 6 - Exercícios de Fixação ........................................................................................... 41 
UNIDADE 3 - PENAS NO CPM ........................................................................................... 43 
Aula 1 - Penas do CPM ..................................................................................................... 43 
Aula 2 - Elementos Acidentais do Crime Militar ............................................................... 47 
Aula 3 - Extinção da Punibilidade. .................................................................................... 50 
Aula 4 - Resumo ............................................................................................................... 54 
Aula 5 - Material Complementar ...................................................................................... 54 
 
 
Aula 6 - Exercícios de Fixação ........................................................................................... 56 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
1 
FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL MILITAR 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Em cursos anteriores você já teve a oportunidade de conhecer e apropriar-se de 
alguns institutos que trataram da disciplina e hierarquia da Corporação Militar Estadual e 
do Direito Penal Militar. 
No presente curso você vai sedimentar conhecimentos aprendidos e avançar nesse 
conhecimento, através de uma forma simples e direta da linguagem utilizada, para 
proporcionar condições de auxiliar a feitura dos Procedimentos Criminais Militares. 
O estudo do conteúdo didático permitirá ao militar estadual da graduação de 
Subtenente PM/BM o bom exercício nas atividades processuais penais militares, 
possibilitando a melhor efetivação da Justiça Militar em cada Corporação Militar do nosso 
Estado. 
 
Ao final do curso você será capaz de: 
- Definir os delitos militares; 
- Identificar as situações de aplicação da Lei Penal Militar. 
- Conhecer os Principais Crimes Militares em tempo de paz. 
- Conhecer os erros na execução dos delitos militares; 
- Identificar as situações de imputabilidade penal. 
- Identificar as excludentes de ilicitude no DPM. 
- Reconhecer a penas principais e acessórias do DPM; 
- Contextualizados os elementos acidentais do crime militar; 
- Identificar as causas de extinção da Criminalidade. 
 
Para atingir os objetivos propostos o curso está dividido em 3 (três) Unidades 
Didáticas: 
 
UNIDADE 1 - Crime Militar. 
UNIDADE 2 - Culpabilidade. 
UNIDADE 3 - Penas do CPM. 
 
2 
UNIDADE 1 - CRIME MILITAR 
 
Definir o crime militar não é tarefa fácil, pois nem mesmo a CF/1988 (art. 5º, LXI1, e 
arts. 1242 e 125, § 4º3), e a legislação específica do DPM, definem propriamente o crime 
militar e não há entendimento pacífico na doutrina e na jurisprudência quanto aos 
critérios para sua adequação. 
Na presente Unidade você vai conhecer as circunstâncias para se definir o crime 
militar, identificar as situações de aplicação da lei penal Militar e conhecer os Principais 
Crimes Militares em tempo de paz. 
 
Ao final desta Unidade você será capaz de: 
- Definir os delitos militares; 
- Identificar as situações de aplicação da Lei Penal Militar. 
- Conhecer os Principais Crimes Militares em tempo de paz. 
 
Esta unidade está dividida em 3 (três) aulas de conteúdo: 
Aula 1 - Definição do Crime Militar; 
Aula 2 - Aplicação da Lei Penal Militar; 
Aula 3 - Principais Crimes Militares em tempo de paz. 
 
Após as aulas de conteúdo são apresentados um resumo da Unidade, material 
complementar e alguns exercícios de fixação. 
 
Aula 1 - Definição do Crime MilitarO critério geral estabelecido no DPM para a definição do crime militar é em razão da 
lei (“ratione legis”), ou seja, a conduta estabelecida no Código Penal Militar. O critério em 
razão da pessoa (“ratione persone”) se dá quando exige que o sujeito ativo ou passivo 
 
1 Art. 5 (...) LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos 
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
2 Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
3 Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. (...) § 4º Compete à Justiça Militar estadual 
processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
3 
esteja na condição especial de militar (Por exemplo: No inciso II, alíneas ‘a”, “b”, “c”, “d” e 
inciso III, alíneas “b” e “c”). 
O critério do local (“ratione loci”) leva em consideração o local onde a conduta 
criminosa foi praticada, qual seja “sob administração militar”, conforme inciso II, alíneas 
“b”, “c”, “d” e inciso III, alíneas “b” e “c”. 
Há, também, o critério de tempo (“ratione temporis”), pois o CPM prevê duas 
modalidades de crimes militares, descrevendo condutas e culminando penas para os 
crimes militares praticados em tempo paz e em tempo de guerra. Assim, para 
considerarmos como crime militar, além de a conduta ter que estar tipificada no CPM 
obedecendo às normas do art. 9º, deve-se considerar se o país está ou não em estado de 
guerra. 
Vários doutrinadores se manifestaram a respeito do tema, dando a sua contribuição, 
dentre eles o saudoso professor Mirabete que afirmava: “árdua por vezes é a tarefa de 
distinguir se o fato é crime comum ou militar, principalmente nos casos de ilícitos 
praticados por policiais militares”. 
Para NEVES e STREIFINGER, a definição do crime militar só é possível após se 
percorrer três etapas, que para tanto devem resultar positivas. Em primeiro lugar, a 
conduta delitiva deve estar tipificada na Parte Especial do CPM como crime militar. Em 
seguida, num segundo momento, recorrer-se-á a Parte Geral, analisando o art. 9º do 
CPM, e seus incisos, verificando se o fato se enquadra em uma das circunstâncias ali 
descritas. Por último, se deve perguntar se o sujeito ativo pode cometer o delito militar 
na esfera em que se está aplicando o CPM. Sendo que em nível Federal, pode responder o 
militar federal e o civil, e em nível Estadual, apenas o militar estadual. 
Assim, segundo os referidos mestres, para a definição do crime militar basta seguir a 
proposta de assertivas abaixo: 
 
 1º O FATO ESTÁ PREVISTO NA PARTE ESPECIAL DO CPM? 
 2º A CONDUTA SE AMOLDA ÀS CIRCUNSTÂNCIAS PREVISTAS EM ALGUM DOS 
INCISOS DO ARTIGO 9º DO CPM (EM TEMPO DE PAZ)? 
 3º A JUSTIÇA MILITAR É COMPETENTE PARA JULGAR O SUJEITO ATIVO DO 
CRIME? 
 
 
 
4 
Como se sabe é na Parte Especial do CPM que estão descritos os tipos penais 
militares, sendo que na terceira aula desta Unidade veremos os Principais Crimes 
Militares em tempo de paz. 
Quanto ao amoldamento ao art. 9º do CPM, tal artigo considera os crimes militares, 
em tempo de paz, na forma que indica, estando abaixo uma reprodução sucinta do 
mesmo: 
 
I - Os crimes previstos no CPM, quando definidos de modo diverso na lei penal 
comum, ou nela não previstos; 
 
II - Os crimes previstos no CPM, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum, quando praticados: 
 
a) Por militar em situação de atividade contra militar na mesma situação; 
b) Por militar em situação de atividade, em lugar sujeito à administração militar, 
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
c) Por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza 
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra 
militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) Por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, 
ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) Por militar em situação de atividade, contra o patrimônio sob a administração 
militar, ou a ordem administrativa militar; 
 
III - Os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as 
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, 
como os do inciso II, nos seguintes casos: 
 
a) Contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa 
militar; 
b) Em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou 
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no 
exercício de função inerente ao seu cargo; 
 
5 
c) Contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, 
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) Ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função 
de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da 
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele 
fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
 
O parágrafo único do art. 9º passou para a competência da justiça comum os crimes 
militares quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, excetuando aqueles 
praticados no contexto de ação militar realizada na forma prevista no art. 303 do Código 
Brasileiro de Aeronáutica. 
Quanto ao questionamento da esfera de aplicação da do CPM, isso se deve porque a 
CF/1988, em seu art. 125, § 4º4, restringiu a competência da Justiça Militar Estadual a 
somente processar e julgar os militares dos Estados deixando o civil de fora, enquanto 
que com relação ao Justiça Militar Federal apenas estabeleceu sua competência para 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei (Art. 1245) sem restringir o sujeito 
ativo de tal crime. Assim, é por isso que o âmbito de incidência da JMF, por expressa 
previsão constitucional, abrange os civis, além dos militares federais (integrantes das 
FFAA), e a JME incide somente aos militares estaduais (policial militar e bombeiro militar). 
 
 
O que é o “assemelhado” que algumas vezes é citado no CPM? 
 
Em alguns dispositivos, o CPM utiliza a palavra “assemelhado” para grafar 
proposições, não só na Parte Geral, a exemplo da alínea a do inciso II do art. 9º, como 
também na Parte Especial, em alguns delitos, a exemplo do art. 149 do CPM (Crime de 
Motim). 
 
 
 
4 Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. (...) § 4º Compete à Justiça Militar estadual 
processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
5 Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
 
6 
Pode-se dizer que o assemelhado seria o servidor público que trabalha nas FFAA e 
era submetido ao preceito da disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento (Art. 216 
do CPM. 
Entretanto, essa figura não mais existe no universo jurídico desde a edição do 
Decreto nº 23.203, de 18 de junhode 1947, conforme lição de LOBÃO. 
No Estado de São Paulo decisões judiciais recentes consideraram o Soldado 
Temporário PM (Sd Temp PM) como assemelhado. Essa visão, no entanto, não tem 
encontrado eco no Tribunal de Justiça Militar respectivo. 
 
Aula 2 - Aplicação da Lei Penal Militar 
 
2.1 Aplicação da Lei Penal Militar no TEMPO 
 
Tempo do Crime: 
 
O tempo do crime no Direito Penal Militar segue a Teoria da Atividade (Art. 5°7 do 
CPM), igualmente adotada no Direito Penal Comum, que diz que o crime ocorreu no 
exato momento em que foi praticado. 
Essa estipulação do tempo do crime é importante, para se evitar que um fato seja 
considerado crime em decorrência de lei vigente na época do resultado e não no 
momento da conduta delitiva (comissiva ou omissiva). 
 
2.2 Eficácia da Lei Penal Militar no Tempo 
 
a) Descriminalização de Condutas 
 
Ocorre a Descriminalização de Condutas (“Abolitio criminis”) quando nova lei 
descriminaliza conduta anteriormente incriminada (Artigo 2º8 do CPM). Atento às 
 
6 Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de 
disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento. 
7 Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
8 Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença 
condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. 
 
7 
mudanças da sociedade, o legislador deixa de considerar criminosas determinadas 
condutas, retirando do ordenamento jurídico os seus tipos penais. 
Ao dispor sobre a lei supressiva de incriminação, o CPM afirma que fato que já não é 
mais considerado crime por uma lei mais atual e, assim, o agente ativo não pode mais ser 
punido. 
 
b) Retroatividade de lei mais benigna 
 
Na retroatividade de lei mais benigna (“Lex mitior ou Novatio legis in mellius”) a lei 
penal nova só alcança o fato ocorrido antes da sua vigência se for uma lei melhor, mais 
benéfica (Art. 2º, CPM, e Art. 5º, XL9, da CF/1988). 
É considerada benéfica, por exemplo, a lei que reduz a pena, permite a substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, facilita a progressão de regime 
etc. 
 
c) Irretroatividade da lei penal 
 
A lei nova que torna típica conduta que antes era permitida (“Novatio Legis 
incriminadora”) e a nova lei que é mais severa que a anterior (“Lex gravior ou novatio 
legis in pejus”) nunca retroagirão, não se aplicando aos crimes ocorridos na vigência da lei 
anterior. Assim, o juiz é obrigado a aplicar a lei anterior, vigente ao tempo do crime, 
mesmo depois de revogada. Trata-se da eficácia ultra-ativa da norma penal mais benéfica, 
que deve prevalecer por força do que prescreve o art. 5º, XL, da CF/1988. 
 
d) A vacância da lei 
 
A vacância da lei (“vacatio legis”) é uma expressão latina que significa o período 
compreendido entre a data em que a lei passa a existir (dia da publicação) e a data em 
que ela passa efetivamente a vigorar (dia em que tem o cumprimento obrigatório). 
A doutrina entende que a lei penal mais benéfica pode ser aplicada imediatamente, 
mesmo no período de “vacatio legis”, porque este instituto é protetivo e visa dar à 
sociedade um tempo de adaptação à nova ordem legal, não podendo limitar a garantia da 
 
9 Art. 5º (...). XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
8 
retroatividade prevista no art. 5º, inciso XL10, da CF/1988. 
 
e) Apuração da maior benignidade 
 
A lei melhor é aquela que atenua a resposta penal, reduzindo o tempo de 
encarceramento ou a quantidade de pena, por exemplo. É possível que uma nova lei 
pareça mais gravosa em abstrato, mas, no caso concreto, efetivamente seja mais 
benéfica, devendo retroagir. Portanto, a benignidade da lei nova deve sempre ser aferida 
no caso concreto, cabendo exclusivamente ao juiz comparar as leis em confronto de per si 
e decidir qual é a mais benéfica. 
Nessa linha, o art. 2º, § 2°11, do CPM orienta que, para se reconhecer qual a lei mais 
favorável, a lei posterior e anterior devem ser consideradas separadamente. 
 
2.3 Lugar do Crime Militar 
 
Para definir o lugar do crime, diferentemente do CPB, o DPM (Art. 6º12 do CPM) 
adota um sistema misto que concilia duas teorias conforme a ação praticada ou omitida: 
 
1ª TEORIA DA UBIQUIDADE (ou mista ou unitária): Adota-se a, pois se considera 
praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em 
parte, e ainda que sob forma de participação, bem como aquele onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado =► Quando a conduta for um CRIME COMISSIVO (ação 
positiva). 
 
2ª TEORIA DA ATIVIDADE: Diz que o lugar do crime é aquele em que se iniciou a 
execução da conduta típica, que é a posição do CPM, em relação aos crimes omissivos, já 
que “pois "considera-se o lugar do crime aquele em que em que deveria realizar-se a ação 
omissiva" =► Quando o a conduta for um CRIME OMISSIVO (ação negativa - omissão). 
 
 
10 Art. 5º (...). XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
11 Art. 2º (...). § 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de 
suas normas aplicáveis ao fato. 
12 Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, 
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a 
ação omitida. 
 
9 
A Teoria do Resultado, que é a que diz ser o lugar do crime aquele em que se 
produziu o evento, não se verifica sozinha no DPM. 
Como os militares estaduais atuam nos limites de suas Unidades da federação, 
portanto, somente no limite territorial do país, não trataremos neste curso da questão da 
territorialidade e extraterritorialidade, pois são casos de crimes a distância que envolvem 
países diferentes e pode resultar em conflito de jurisdição, de caráter internacional. 
 
Aula 3 - Principais Crimes Militares em tempo de paz. 
 
Apesar de você já conhecer pelo menos alguns dos crimes militares, nesta unidade 
vamos nos recordar dos principais crimes militares que ocorrem em tempo de paz. 
Os crimes militares em razão do tempo (“ratione temporis”) dividem-se em crimes 
militares em tempo de paz e crimes militares em tempo de Guerra. Por questões óbvias, 
neste curso só estudaremos os crimes militares em tempo de paz de maior relevância 
para a atividade constitucional das Forças Militares Estaduais. 
 
3.1 Contra a Autoridade ou a Disciplina 
 
a) Motim (Art. 149 do CPM13): O motim é um crime militar próprio que se traduz em 
uma manifestação da insurreição de militares reunidos contra autoridade 
hierarquicamente superior, caracterizando-se por demonstrações inequívocas de 
desobediência ou ocupação indevida de instalações e equipamentos militares. 
 
b) Revolta (Art. 149, parágrafo único14): A revolta nada mais é do que uma forma 
qualificada de motim. Distingue-se do crime de motim unicamente pelo fato dos militares 
amotinados utilizarem armamento. Aliás, não é preciso sequer a efetiva utilização das 
armas, basta que as tenham ao seu dispor. 
 
 
13 Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a 
superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência,ou em resistência ou violência, em 
comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer dêles, hangar, 
aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de 
violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de 
um têrço para os cabeças. 
14 Art. 149. (...). Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um têrço para os cabeças. 
 
10 
c) Incitamento (Art. 15515 do CPM): O Incitamento é crime impropriamente militar, 
pois também está previsto de modo semelhante no art. 28616 do CPB. Por este tipo penal 
militar é crime incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar, 
sujeitando o autor do delito à pena de reclusão, de dois a quatro anos. 
 
d) Apologia de fato criminoso ou de seu autor (Art. 15617 do CPM): Fazer apologia 
significa elogiar, louvar defender. Para que se consume tal crime esta apologia tem que 
ocorrer em local sujeito a administração militar (Na esfera estadual, a OPM ou OBM). 
 
e) Violência contra Superior (Art. 15718 do CPM): Crime militar próprio que consiste 
em uma agressão física contra superior hierárquico, podendo haver empurrões, tapas, 
puxões de orelha, pontapés, etc. A violência pode resultar também do arremesso de um 
objeto, de ordem para um animal atacar ou investidas similares, em que o autor apesar 
de não atingir o ofendido diretamente, mas foi o responsável pela conduta e pelo 
resultado. 
 
f) Violência contra Militar de Serviço (Art. 15819 do CPM): Neste tipo penal militar a 
conduta violenta é direcionada contra o militar de serviço, nas funções grafadas no tipo 
penal, ou seja, contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou 
plantão. 
 
g) Desrespeito a Superior (Art. 16020 do CPM): Desrespeito a superior é a falta de 
consideração e educação para com o superior hierárquico. Para sua configuração é 
necessário que os sujeitos, passivo e ativo, sejam militares, sendo indispensável que o 
ofensor saiba da condição hierárquica do ofendido. Se o autor desconhece a condição de 
superior do ofendido, sua conduta não pode ser considerada crime militar. 
 
15 Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. 
16 Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
17 Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção, de seis 
meses a um ano. 
18 Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de três meses a dois anos. § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o 
agente, ou oficial general: Pena - reclusão, de três a nove anos. § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço. § 3º Se da 
violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. § 4º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze 
a trinta anos. § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. 
19 Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena - reclusão, de três a oito anos. § 1º Se 
a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço. § 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do 
crime contra a pessoa. § 3º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
20 Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. 
Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada 
da metade. 
 
11 
 
 
 
h) Recusa de Obediência (Art. 16321 do CPM): É um crime militar próprio que tem a 
intenção de punir o comportamento rebelde do subordinado ao não cumprir ordem 
emanada de uma autoridade superior, vez que atentatório à essência da vida em caserna, 
pois um dos preceitos fundadores da ética militar é justamente o de cumprimento das 
leis, dos regulamentos, das instruções e das ordens das autoridades competentes. 
 
i) Oposição a Ordem de Sentinela (Art. 16422 do CPM): A Sentinela, que compõe a 
Guarda do Quartel, é respeitável e inviolável, conforme previsto no art. 220 do RISG23, 
sendo, por lei, punido com severidade quem atentar contra a sua autoridade. 
 
j) Publicação ou Crítica Indevida (Art. 16624 do CPM): A conduta do militar estadual 
de publicar, sem licença, ato ou documento oficial, ou fazer criticas em público de ato de 
seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo, 
se configura neste crime militar. 
 
l) Uso Indevido por Militar de Uniforme, Distintivo ou Insígnia (Art. 17125 do CPM): O 
militar estadual que usar indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de posto ou 
graduação superior, comete o crime de Uso Indevido por Militar de Uniforme, Distintivo 
ou Insígnia. 
 
 
21 Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sôbre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impôsto em lei, regulamento ou instrução: 
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
22 Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela: Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
23 RISG - Art. 220: A sentinela é, por todos os títulos, respeitável e inviolável, sendo, por lei, punido com severidade quem atentar contra a sua autoridade; 
por isso e pela responsabilidade que lhe incumbe, o soldado investido de tão nobre função portar-se-á com zelo, serenidade e energia, próprios à autoridade 
que lhe foi atribuída. 
24 Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar públicamente ato de seu superior ou assunto atinente à 
disciplina militar, ou a qualquer resolução do Govêrno: Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
25 Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de pôsto ou graduação superior: Pena - detenção, de seis meses a 
um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
12 
m) Rigor excessivo (Art. 17426 do CPM): É crime propriamente militar em que um 
superior comete excesso de poder quando vai punir um subordinado seu, punindo-o com 
rigor não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito. Cabe a tentativa. 
 
n) Violência contra Inferior (Art. 17527 do CPM): É um crime propriamente militar, 
que se caracteriza pelo abuso de poder do superior. O que se protege é a disciplina 
militar, uma vez que, é um dos alicerces fundamentais da instituição militar. 
 
 
 
o) Fuga de Preso ou Internado (Art. 17828 do CPM): Para a caracterização desse tipo 
penal militar é necessário que a fuga ocorra de estabelecimento prisional sob a guarda e 
responsabilidade da administração militar, assim, a prisão deve ser militar (presídio 
militar) e pode ser qualquer tipo de prisão (prisão provisória ou pena de prisão). 
 
Portanto, caso a fuga tenha ocorrida de carceragem de delegacia da Polícia Civil, 
Cadeia Pública ou penitenciária a conduta do militar estadual indiciado poderá se 
enquadrar, em tese, no art. 35129 do CPB - Fuga de pessoa presa ou submetida à medida 
de segurança. 
 
 
 
 
 
26 Art. 174. Exceder a faculdade de punir osubordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito: Pena - suspensão 
do exercício do pôsto, por dois a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
27 Art. 175. Praticar violência contra inferior: Pena - detenção, de três meses a um ano. Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é 
também aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto no art. 159. 
28 Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente prêsa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois 
anos. 
29 Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois 
anos. 
 
13 
3.2 Contra o Serviço e o Dever Militar 
 
a) Deserção (Art. 18730 do CPM): Se configura esse tipo penal quando o militar 
estadual fica ausente, injustificadamente, por um período superior a 08 (oito) dias de sua 
unidade ou do lugar em que tinha de estar presente. 
 
b) Abandono de Posto (Art. 19531 do CPM): A consumação desse crime ocorre no 
exato momento em que o militar se afasta de seu posto e o deixa sem vigilância, não 
importando o tempo que fica ausente. 
 
c) Descumprimento de Missão (Art. 19632 do CPM): Os militares estaduais no 
exercício de suas atividades e de suas atribuições, devem cumprir as ordens e também as 
missões que lhe foram confiadas pelas autoridades superiores ou mesmo pelas 
autoridades civis as quais estiverem subordinados. O cumprimento de ordens e também 
das missões não é uma faculdade, mas uma obrigação decorrente do dever militar e dos 
regulamentos disciplinares. Somente quando as ordens forem manifestamente ilegais, e o 
mesmo se aplica à missão, é que o militar não estará obrigado a cumpri-las. Contudo, 
mesmo se existir alguma dúvida quanto à legalidade da ordem, o militar está obrigado a 
cumpri-la, e, neste caso, se houverem responsabilidades subseqüentes, penal, civil e 
administrativa, elas recairão sobre aquele que deu a ordem, ou seja, o superior 
hierárquico. 
 
d) Retenção Indevida (Art. 19733 do CPM): O oficial ao deixar uma função ou quando 
lhe for requisitado determinado material ou documento do patrimônio da Administração 
Militar deve entregá-lo prontamente, pois a conduta do oficial que não cumpre uma 
ordem recebida para restituir um objeto, um plano, uma carta, uma cifra, um código ou 
mesmo um documento que lhe tenha sido confiado incide nesse crime militar. 
 
 
30 Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de 
seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. 
31 Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o pôsto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
32 Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
33 Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função ou quando lhe é exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou documento que lhe 
haja sido confiado: Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
14 
e) Embriaguez em Serviço (Art. 20234 do CPM): Não se admite o militar embriagado 
de serviço, porque, no mínimo, ele apresentará falta de atenção e prejuízo ao 
desempenho do serviço que está realizando. Esse crime se configura quando o militar já 
se encontra de serviço e se embriaga e quando se apresenta embriagado para prestar o 
serviço para o qual estava devidamente escalado e tinha ciência prévia. Neste crime é 
imprescindível a comprovação da embriaguês do agente, que poderá ser realizada com 
exame de dosagem alcoólica (exame de alcoolemia, exame de sangue) ou pelo exame 
clínico (exame de embriaguez, “exame visual”), realizado por médico perito oficial e, na 
ausência deste, por médico a ser designado pela autoridade militar. Não obstante, 
também se admite como elemento de comprovação o resultado do teste do bafômetro, 
prova testemunhal e imagens que evidenciem de modo preciso o estado do acusado na 
ocasião do fato, com todas as circunstâncias demonstrativas da situação em que o mesmo 
se encontrava. 
 
 
 
f) Dormir em Serviço (Art. 20335 do CPM): Se configura com o militar estadual não se 
mantém acordado durante o serviço, se diferenciando da transgressão disciplinar quanto 
da intensidade da prática do ato. Por exemplo, se o militar estadual está de pé, na 
condição de sentinela, mas vem a fechar os olhos, mas permanece ainda de pé, não há 
que se falar em crime militar, mas em uma transgressão de natureza disciplinar. Mas, se a 
mesma sentinela, deixa o seu posto, e se dirige a um local reservado, onde retira o cinto 
de guarnição, a cobertura, para que possa dormir teremos neste caso o crime militar e 
não a transgressão. 
 
 
34 Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
35 Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de 
sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
15 
3.3 Contra a Pessoa 
 
a) Homicídio Simples (Art. 20536 do CPM): Crime impropriamente militar, uma vez 
que se encontra prevista também no art. 121 do CPB, é aquele em quer o militar que tira 
a vida de outro militar. Importante frisar que recente alteração do Parágrafo único37 do 
Art. 9º do CPM, determinou o julgamento no Tribunal do Júri quando o homicídio for 
doloso e praticado contra civil. 
 
b) Lesão Corporal (Art. 20938 do CPM): A conduta do militar estadual que ofende a 
integridade corporal (física e psíquica) de uma pessoa. A lesão pode ser leve ou grave. Na 
primeira hipótese se resultou consequências mais sérias para a vítima, podendo ser 
considerada como infração disciplinar pelo juiz. (Art. 209, § 6º39, do CPM), e na segunda 
hipótese se foi provocada dolosamente e produziu perigo de vida, debilidade permanente 
de membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 
30 (trinta) dias (Art. 209, §1º40, do CPM). 
A 1ª Turma do STF entendeu que não cabe à Justiça Militar julgar o crime de lesão 
corporal cometido por um militar em face de outro militar, fora do serviço, e sem que eles 
soubessem da condição de militar de cada um, conforme precedente jurisprudencial 
transcrito adiante. 
 
c) Maus-tratos (Art. 21341 do CPM): Consiste em expor a perigo a vida ou a saúde de 
pessoa, que esteja sob cuidado ou guarda, privando-a de condições essenciais para a vida 
ou sujeitando-a a tratamento desumano, com a intenção de educá-la ou discipliná-la. 
 
 
36 Art. 205. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
37 Art. 9° (...). Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça 
comum. (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 07/08/96.) 
38 Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
39 Art. 209. (...) § 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração como disciplinar. 
40 Art. 209. (...) § 1°: Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações 
habituais, por mais de trinta dias: Pena - reclusão, até cinco anos. 
41 Art.213. Expor a perigo a vida ou saúde, em lugar sujeito à administração militar ou no exercício de função militar, de pessoa sob sua autoridade, guarda 
ou vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a 
trabalhos excessivos ou inadequados, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
16 
 
 
d) Calúnia (Art. 21442 do CPM): Crime impropriamente militar, pois também está 
previsto no CPB no art. 138, a Calúnia consiste em atribuir, falsamente à alguém a 
responsabilidade pela prática de um determinado fato definido como crime. 
 
e) Difamação (Art. 21543 do CPM): Crime impropriamente militar, pois também está 
previsto no CPB no art. 139, a Difamação consiste em atribuir à alguém fato determinado 
ofensivo à sua reputação. 
 
f) Injúria (Art. 21644 do CPM): Crime impropriamente militar, pois também está 
previsto no CPB no art. 140, a Injúria consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, 
que ofenda sua dignidade ou decoro. Fere-se o decoro quando se critica o conjunto de 
atributos físicos (“cabeção”, “pescoção”, “monstro”, etc.), intelectuais (“animal”, 
“jumento”, “retardado”, etc.) e sociais (“vagabundo”, “almofadinha”, “arruaceiro”, etc.). 
 
g) Constrangimento Ilegal (Art. 22245 do CPM): Crime impropriamente militar, pois 
também está previsto no CPB no art. 146, o Constrangimento Ilegal consiste em forçar 
alguém a fazer algo que ele não quer, sendo passível de punição pelo DPM, por violar o 
direito à liberdade individual. 
 
h) Ameaça (Art. 22346 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 147 do CPB, o Crime de consiste na conduta de ameaçar por uma 
pessoa qualquer meio podendo chegar a causar-lhe mal injusto e grave. 
 
42 Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
43 Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
44 Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro: Pena - detenção, até seis meses. 
45 Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de 
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não manda: Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
46 Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e grave: Pena - detenção, até seis 
meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
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i) Pederastia ou outro Ato de Libidinagem (Art. 23547 do CPM): Crime propriamente 
militar, o Crime de Pederastia proíbe o sexo, homossexual ou não, dentro das 
dependências militares. 
 
j) Ato Obsceno (Art. 23848 do CPM): Caracteriza-se pela prática de uma ação de 
cunho sexual que ofende o pudor (a moral), podendo ser a simples exposição em público 
do órgão genital, a nudez, a masturbação, a micção, gestos ou sinais com a intenção de 
ofender o pudor público, no interior de local sob a Administração Militar. 
 
3.4 Contra o Patrimônio 
 
a) Furto Simples (Art. 24049 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 155 do CPB, o Crime de Furto se caracteriza pela subtração de 
qualquer tipo ou forma de objeto para si ou outra pessoa, diferenciando-se do roubo, 
pois naquele existe o uso de intimação, violência ou grave ameaça contra a vítima. 
 
 
 
b) Roubo Simples (Art. 24250 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui 
igual tipificação que o art. 157 do CPB, o Roubo Simples se caracteriza pela a subtração de 
qualquer tipo ou forma de objeto para si ou outra pessoa, de forma diferente do furto, 
com o emprego de violência ou ameaça ou depois de haver reduzido a possibilidade de 
resistência da vítima. 
 
47 Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar: Pena - 
detenção, de seis meses a um ano. 
48 Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção de três meses a um ano. 
49 Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, até seis anos. 
50 Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprêgo ou ameaça de emprêgo de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, 
por qualquer modo, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. 
 
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c) Extorsão Simples (Art. 24351 do CPM): Crime impropriamente militar, embora 
possua descrição típica diferente do art. 15852 do CPB, a Extorsão Simples se caracteriza 
pela obtenção indevida de vantagem econômica de alguma pessoa, mediante 
constrangimento, violência ou grave ameaça. 
 
d) Apropriação Indébita Simples53: Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 168 do CPB, a Apropriação Indébita Simples ocorre quando o autor 
dispõe da coisa móvel que lhe estava confiada (dá, vende, destrói, etc.) em dissenso com 
o dono ou lhe nega a devolução da mesma. 
e) Estelionato (Art. 25154 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 171 do CPB, o delito militar de Estelionato caracteriza-se pelo agente 
obter uma vantagem em prejuízo a outra pessoa, mediante um esquema fraudulento que 
instiga a vítima ao erro. 
 
f) Receptação (Art. 254|55 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 180 do CPB, o delito de Receptação caracteriza-se pelo recebimento 
da coisa, que pelas condições do negócio, características do produto ou preço acordado, o 
sujeito ativo deveria saber tratar-se de produto de origem ilícita, ou pelo menos deveria 
suspeitar, mas mesmo assim ele adquire-o, ou influencia outra pessoa, que pensa ser 
legítima a procedência, a adquiri-lo. 
 
g) Dano (Art. 26256 do CPM): Diferentemente do Crime de Dano previsto no Direito 
Penal Comum (Art. 16357 do CPB), a tipificação penal militar visa proteger os bens que 
pertencem ao patrimônio militar (armamentos, equipamentos em geral, viaturas, 
utensílios, instalações, etc.), excluindo-se os bens particulares que são protegidos pela 
Justiça Comum. Esse delito do CPM protege os bens da Fazenda Pública (Estadual ou 
 
51 Art. 243. Obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, constrangendo alguém, mediante violência ou grave ameaça: a) a praticar ou 
tolerar que se pratique ato lesivo do seu patrimônio, ou de terceiro; b) a omitir ato de interêsse do seu patrimônio, ou de terceiro: Pena - reclusão, de 
quatro a quinze anos. 
52 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a 
fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
53 Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção: Pena - reclusão, até seis anos. 
54 Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em êrro, mediante artifício, ardil ou qualquer 
outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de dois a sete anos. 
55 Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba 
ou oculte: Pena - reclusão, até cinco anos. 
56 Art. 262. Praticar dano em material ou aparelhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda que em construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos 
a depósito, pertencentes ou nãoàs fôrças armadas: Pena - reclusão, até seis anos. 
57 Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
19 
Nacional) para que não sejam depredados ou destruídos. 
Para efeitos deste crime militar: destruir significa quebrar totalmente, fazer em 
pedaços, desfazer ou subverter a coisa; inutilizar significa alterar as características da 
coisa de forma que ela não se preste mais a consecução do fim para o qual foi produzida; 
deteriorar significa fazer com que a coisa se desgaste mais do que seria normal pela ação 
do tempo ou fazer com que a coisa perca parte de sua utilidade; e fazer desaparecer 
significa sumir com a coisa, tornar-la inalcançável. 
 
3.5 Contra a Saúde 
 
a) Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou substância de efeito similar (Art. 29058 
do CPM): Este tipo penal militar ao tratar da posse ou uso de entorpecente por militar, 
dentre outras ações ali definidas, tem especial relevância uma vez que um eventual uso 
de substância entorpecente por um policial militar ou bombeiro militar durante o 
exercício de sua atividade pode resultar em consequências imprevisíveis para a população 
em geral. Deve-se levar em consideração a potencialidade do risco para o cidadão, diante 
da possibilidade de utilização de arma de fogo no atendimento de uma ocorrência ou o 
perigo decorrente da condução de uma viatura policial ou bomberística sob os efeitos 
mesmo de uma pequena quantidade de droga ilícita. 
 
 
 
 
 
 
58 Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, 
guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à 
administração militar, sem autorização ou em desacôrdo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, até cinco anos. 
 
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3.6 Contra a Administração Militar 
 
a) Desacato a Superior (Art. 29859 do CPM): É um crime propriamente militar, em que 
se protege a autoridade, disciplina e a hierarquia militar. Consiste na ofensa lançada 
contra a dignidade, o decoro ou a autoridade do superior hierárquico. 
 
b) Desacato a Militar (Art. 29960 do CPM): Consiste na ofensa lançada contra a 
dignidade, o decoro ou a autoridade do militar no exercício de função de natureza militar 
ou em razão dela e atinge o prestígio, o respeito devido à função pública, ou seja, atinge o 
próprio Estado. 
 
c) Desobediência (Art. 30161 do CPM): É crime militar impróprio, diferenciando-se do 
Crime de Recusa de Obediência (Art. 163 do CPM) que é crime militar próprio, sendo a 
Administração Militar, e não a Autoridade e a Disciplina Militar, o bem jurídico tutelado 
por esse tipo penal. 
Para configuração desse delito é necessário que a ordem desobedecida seja legal e 
seja emanada de autoridade militar, podendo ter sido dada de forma direta ou indireta. 
Devendo, ainda, a desobediência resultar de uma conduta comissiva, por se fazer algo 
diverso do que foi determinado, ou de uma conduta omissiva, por ter simplesmente se 
negado a fazer o que foi determinado, sem adotar outra ação. 
Enquanto o sujeito ativo do delito de Recusa de Obediência somente poderá ser o 
subordinado hierárquico diante de um superior, no de Desobediência poderá ser o 
superior hierárquico, e até mesmo o civil, perante a Justiça Militar da União. 
 
d) Peculato (Art. 30362 do CPM): Crime impropriamente militar, pois também é 
previsto com definição semelhante no art. 31263 do CPB, o Crime de Peculato ocorre 
quando o sujeito arbitrariamente faz seu ou desvia bem que detém a posse em razão do 
cargo, seja ele pertencente à Fazenda Pública ou a particular, ou esteja sob guarda ou 
 
59 Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato 
não constitui crime mais grave. 
60 Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui 
outro crime. 
61 Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: Pena - detenção, até seis meses. 
62 Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou 
comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. 
63 Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, 
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
21 
vigilância, para proveito próprio ou de terceiro. 
 
e) Concussão (Art. 30564 do CPM): Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação que o art. 316 do CPB, o delito militar de Concussão caracteriza-se pelo abuso 
da função exercida, por isso só pode ser praticado por servidor público ou militar da ativa, 
ainda que não tenha assumido a função, mas aja em razão dela, exigindo vantagem 
indevida. 
 
f) Corrupção Passiva (Art. 30865 do CPM): Crime impropriamente militar, pois 
também é previsto com definição semelhante no art. 31766 do CPB, contudo não possui a 
conduta nuclear “solicitar”, o Crime de Corrupção Passiva se caracteriza pelo recebimento 
de vantagem indevida ou aceitamento de promessa dela sempre em razão da função 
(violação ao dever funcional), todavia não sendo imprescindível que o militar estadual ou 
o servidor público esteja no exercício dela, já que a lei ressalva a hipótese de se aceitar 
promessa de vantagem. 
g) Corrupção Ativa (Art. 30967 do CPM): A materialidade desse crime consiste em dar, 
oferecer (exibir ou propor para que seja aceita), ou prometer (obrigar-se a dar) vantagem 
indevida a servidor público ou militar, para levá-lo a praticar, omitir ou retardar ato de 
ofício. 
 
h) Falsificação de Documento (Art. 31168 do CPM): Crime impropriamente militar, 
pois também é previsto com definição semelhante nos arts. 29769 e 29870 do CPB, tendo-
se condensado os dois tipos penais comuns em um só tipo penal militar, a Falsificação de 
Documento se caracteriza pela falsificação ou alteração de documento público ou 
particular que afete à Administração Militar. 
 
 
64 Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
65 Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
66 Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 
12/11/03) 
67 Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional: Pena - reclusão, até oito 
anos. 
68 Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que o fato atente contra a 
administração ou o serviço militar: Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; sendo documento particular, reclusão, até cinco anos. 
69 Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
70 Art. 298. Falsificar, no todoou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 
22 
É imprescindível que a falsificação ou alteração seja idônea, isto é, apta a causar erro 
naquele a que se destina o documento, caso contrário, se for grosseira e facilmente 
perceptível, inexiste o delito em face da ausência de potencialidade lesiva, ocorrendo, 
assim, crime impossível, hipótese em que restará apenas responsabilização disciplinar ao 
agente. 
 
 
 
i) Falsidade Ideológica (Art. 31271 do CPM): Crime impropriamente militar, pois 
também é previsto com definição semelhante no art. 29972 do CPB, contudo com o 
acréscimo da condicionante que atente contra a administração ou o serviço militar, o 
crime de Falsidade Ideológico se caracteriza pela adulteração de documento, público ou 
particular, com o objetivo de obter vantagem ou para prejudicar terceiro. Para que se 
configure é necessário que a falsidade documental atente contra a administração ou 
serviço militar. 
 
3.7 CONTRA O DEVER FUNCIONAL 
 
a) Prevaricação (Art. 31973 do CPM):Crime impropriamente militar, pois possui igual 
tipificação ao art. 319 do CPB, o Crime de Prevaricação caracteriza-se pelo não 
cumprimento ou protelamento no cumprimento de ato inerente as funções do militar ou 
servidor público civil trabalhando na Corporação Militar (Este somente na esfera civil) 
para satisfação própria. 
 
71 Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nêle inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que 
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sôbre fato jurìdicamente relevante, desde que o fato atente contra a 
administração ou o serviço militar: Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos, se o documento é particular. 
72 Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que 
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco 
anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 
73 Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interêsse ou 
sentimento pessoal: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 
23 
b) Condescendência Criminosa (Art. 32274 do CPM): Crime impropriamente militar, 
pois também é previsto com definição semelhante no art. 320 do CPB, a 
Condescendência Criminosa só pode ser cometida pelo superior hierárquico em relação 
ao seu subordinado infrator. Nesse caso o superior, por indulgência, benevolência ou 
tolerância, deixa de responsabilizar subordinado hierárquico que tenha cometido crime, 
contravenção penal ou qualquer falta disciplinar, sendo que quando não tem 
competência disciplinar sobre ele, deve informar imediatamente à autoridade 
competente para que sejam adotadas as providências cabíveis. 
c) Inobservância de Lei, Regulamento ou Instrução (Art. 32475 do CPM): Crime 
propriamente militar, pois não há previsão semelhante no CPB, o Crime de Inobservância 
de Lei, Regulamento ou Instrução se caracteriza pelo não atendimento do preceito legal 
(a lei, as instruções e os regulamentos afetos ao cumprimento do seu mister 
constitucional) em prejuízo à Administração Militar. 
É imprescindível que o preceito legal desconsiderado esteja contido em lei, 
regulamento ou instrução e a conduta omissiva, obrigatoriamente, deve prejudicar a 
Administração Militar. 
 
3.8 Contra a Administração da Justiça Militar 
 
a) Desacato (Art. 34176 do CPM): Crime impropriamente militar, pois também é 
previsto com definição semelhante no art. 331 do CPB, mas com definição do sujeito 
passivo diversa, para a configuração deste tipo penal militar a autoridade judiciária77 
desacatada (ofendida por qualquer palavra ou ato que redunde em vexame, humilhação, 
desprestígio ou irreverência a vítima imediata) deve estar no exercício da função ou em 
razão dela. 
 
 
74 Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao 
conhecimento da autoridade competente: Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses; se por negligência, detenção até três 
meses. 
75 Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar: 
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por negligência, suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função, de 
três meses a um ano. 
76 Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em razão dela: Pena - reclusão, até quatro anos. 
77 As autoridades judiciárias militar são os Ministros do Superior Tribunal Militar e o Juiz-Auditor Corregedor na esfera federal e, os juízes dos Tribunais 
Militares dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, bem como, o Juiz-Corregedor da Justiça Militar Estadual e os Juízes-Militares que 
compõem o Conselho de Justiça, Especial ou Permanente. 
 
24 
Aula 4 - Resumo. 
 
Nesta Unidade você viu que definir o crime militar não é tarefa fácil e aprendeu 
como defini-lo, aprendeu também como aplicar a Lei Penal Militar considerando o tempo, 
a sua eficácia e o lugar do crime militar, e ao final, recordou dos principais crimes 
militares em tempo de paz. 
 
Aula 5 - Material Complementar. 
 
 
 
VOCÊ SABE O QUE É UM CRIME MILITAR? 
 
Autora: Patricia Silva Gadelha - advogada em Belém (PA), servidora do Ministério 
Público Militar 
 
Um fato, para ser considerado delituoso, deve ser típico, antijurídico e culpável. Para 
ser considerado como um delito militar, além de tudo isso, tem que se amoldar ao artigo 
9º do Código Penal Militar (tipicidade indireta). 
Muito se ouve falar em crimes propriamente militares e crimes impropriamente 
militares. Mas, o que significam, afinal, essas expressões? 
O artigo 124 da Constituição da República dispõe que compete à Justiça Militar 
processar e julgar crimes militares definidos em lei, ou seja, cabe ao legislador ordinário 
fixar os critérios para definir o crime militar. Essa lei é o Código Penal Militar, 
especificamente o seu artigo 9o, que define o que vem a ser crime militar em tempo de 
paz. 
Contudo, a lei penal militar não define o que sejam crimes propriamente militares e 
crimes impropriamente militares. Estas são apenas expressões doutrinárias. 
Segundo a lição de Jorge Alberto Romeiro, em seu Curso de Direito Penal Militar, são 
crimes propriamente militares aqueles que só podem ser praticados por militares, ou que 
exigem do agente a condição de militar. É o caso, por exemplo, dos crimes de deserção, 
 
25 
de violência contra superior, de violência contra inferior, de recusa de obediência, de 
abandono de posto, de conservação ilegal do comando etc. 
Já os crimes impropriamente militares são os que, comuns em sua natureza, podem 
ser praticados por qualquer cidadão, civil ou militar, mas que, quando praticados por 
militar em certas condições, a lei considera militares. São impropriamente militares os 
crimes de homicídio e lesão corporal, os crimes contra a honra, os crimes contra o 
patrimônio (furto, roubo, apropriação indébita, estelionato, receptação, dano etc), os 
crimes de tráfico ou posse de entorpecentes, o peculato, a corrupção, os crimes de 
falsidade, dentre outros. Note-se que tais crimes também estão previstos no Código Penal 
Brasileiro. A diferença está justamentena subsunção ao artigo 9º do CPM. 
E o que diz esse artigo 9º? 
Em seu inciso I, trata dos crimes previstos no Código Penal Militar, quando definidos 
de modo diverso na lei penal comum ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, 
salvo disposição especial. 
Quando o inciso diz qualquer que seja o agente, verifica-se que, além dos crimes 
propriamente militares, que são aqueles que só podem ser cometidos por militares, tal 
inciso abrange algo mais: os crimes somente previstos no Código Penal Militar, mas que 
podem ser praticados por civis, como o crime de insubmissão. Daí, surge uma outra 
denominação para o crime militar, qual seja, o crime tipicamente militar, trazido a lume 
por Cláudio Amim Miguel e Ione de Souza Cruz, na obra Elementos de Direito Penal 
Militar. 
O crime tipicamente militar é aquele que somente está previsto no Código Penal 
Militar, mas que pode ser praticado por civil. Temos assim o crime de insubmissão 
(tipicamente militar) e o crime de deserção (que, além de ser propriamente militar, pois 
somente pode ser cometido por militar, é também tipicamente militar, pois somente está 
previsto na legislação penal militar). 
O inciso II versa sobre os crimes previstos no Código Penal Militar, embora também o 
sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados por militar da ativa 
contra militar da ativa, ou por militar da ativa em lugar sujeito à administração militar, ou 
por militar em serviço, ou ainda por militar da ativa contra o patrimônio sob a 
administração militar (impropriamente militares cometidos por militar da ativa). 
Finalmente, o inciso III traz como sujeito ativo o militar da reserva, o reformado ou o 
civil quando cometem crime contra o patrimônio sob Administração Militar ou a Ordem 
 
26 
Administrativa Militar, ou contra militar da ativa, servidores civis de Comando Militar ou 
da Justiça Militar, no exercício da função, em local sujeito à Administração Militar, ou 
ainda contra militar em serviço. Tais crimes, segundo a doutrina, são os crimes 
impropriamente militares praticados por militares da reserva, reformados ou civis. 
Do ponto de vista do bem tutelado - hierarquia, disciplina e ordem administrativa 
militar - são igualmente importantes, e representam ofensa equivalente, os crimes 
propriamente militares e os impropriamente militares. Assim, estando diante de um 
crime militar, seja ele propriamente ou impropriamente militar, a competência para 
processo e julgamento será da Justiça Militar. 
 
GADELHA, Patricia Silva. Você Sabe o que é um Crime Militar? Disponível no sítio: < 
http://www.adepolalagoas.com.br/artigo/voce-sabe-o-que-e-um-crime-militar.html>. 
Acesso em 31 maio 2015. 
 
Aula 6 - Exercícios de Fixação. 
 
 
 
1. Com relação a definição do Crime Militar assinale “V’ para as acepções verdadeiras e 
“”F” para as falsas: 
 
a) ( ) O critério geral estabelecido no DPM para a definição do crime militar é em 
razão da lei (“ratione legis”). 
b) ( ) A análise do art. 9º do CPM é necessária para essa definição. 
c) ( ) Para essa definição não importa a verificação de qual esfera da justiça militar é 
competente para julgar o sujeito ativo do crime. 
d) ( ) A competência da justiça comum quanto aos crimes militares dolosos contra a 
vida e cometidos contra civil foi excetuada no caso de ação militar prevista no 
Código Brasileiro de Aeronáutica. 
 
 
 
 
27 
2. Para definir o lugar do crime o DPM adota as seguintes teorias: 
 
a) ( ) Da Ubiquidade, da Unidade e a Mista. 
b) ( ) Da Retroatividade da lei mais benigna e da Irretroatividade da lei mais severa. 
c) ( ) Da Atividade e da Ubiquidade. 
d) ( ) Do Tempo e do Resultado. 
 
3. A respeito dos crimes militares assinale “V’ para as acepções verdadeiras e “”F” para as 
falsas: 
 
a) ( ) O crime de Revolta distingue-se do Motim unicamente pelo fato dos militares 
amotinados utilizarem armamento. 
b) ( ) Para que se verifique a consumação do crime de Abandono de Posto é 
necessário que o militar fique pelo menos 01 (uma) hora afastado 
injustificadamente do seu posto de serviço. 
c) ( ) O crime de Embriaguez em Serviço somente se configura se o militar que já se 
encontra de serviço vier a se embriagar de forma a não poder ficar acordado 
no serviço. 
d) ( ) O crime militar de Concussão caracteriza-se pelo abuso da função exercida, 
mesmo se o agente ativo que ainda não tenha assumido a função, mas aja em 
razão dela, exigindo vantagem indevida. 
 
Gabarito: 
1) a) V; b) V; c) F; d) V. 
2) c. 
3) a) V; b) F; c) F; d) 
 
 
 
 
 
 
28 
UNIDADE 2 - CULPABILIDADE 
 
Uma conduta típica nem sempre será antijurídica, caso se verifique alguma causa de 
exclusão de ilicitude. 
Da mesma forma também não se pode dizer que um fato típico e antijurídico 
sempre será culpável. 
Antes de ser aplicada pena a um militar estadual que tenha praticado uma conduta 
típica e antijurídica, esta deve passar pelo crivo da culpabilidade, que nada mais é do que 
um juízo de reprovabilidade feito sobre uma conduta que se amolda a um tipo penal e 
contraria as normas penais. 
 
O princípio da culpabilidade, entretanto, garante duas condições para aplicação da 
pena: 
 
1º Condição: Não se pode aplicar pena a quem não tenha concorrido com um 
mínimo de culpa para o resultado. 
2º Condição: A pena deve ser proporcional à culpabilidade do agente, ou seja, não 
se pode aplicar pena superior à medida de culpabilidade do agente, ainda que tenha 
caráter de ressocialização ou que o agente seja perigoso. 
Na presente Unidade você vai conhecer as circunstâncias para se configurar a 
culpabilidade no Direito Penal Militar. 
 
Ao final desta Unidade você será capaz de: 
- Conhecer os erros na execução dos delitos militares; 
- Identificar as situações de imputabilidade penal. 
- Identificar as excludentes de ilicitude no DPM. 
 
Esta unidade está dividida em 3 (três) aulas de conteúdo: 
Aula 1 - Dos Erros. 
Aula 2 - Imputabilidade Penal. 
Aula 3 - Excludentes da Ilicitude. 
 
 
 
29 
Após as aulas de conteúdo são apresentados um resumo da Unidade, material 
complementar e alguns exercícios de fixação. 
 
Aula 1 - Dos Erros 
 
O conceito de erro pode ser expresso como a falsa percepção da realidade, sendo 
que a ignorância dessa realidade pode ser a ela equiparada para fins penais. 
Contudo, o erro e a ignorância são distintos, visto que o primeiro trata de um 
equívoco relativo à realidade e segundo é o completo desconhecimento dela. 
A teoria do erro que foi adotada pelo CPM e também pelo CPB na maioria das vezes 
estabelece situações que serão favoráveis ao agente em razão da forma como o fato foi 
praticado, visto que a vontade do agente não era livre e consciente a ponto de permitir a 
sua responsabilização integral. 
 
O instituto do erro é tratado nos arts. 35, 36 e 37 do CPM e, respectivamente, pode 
ser: 
 
 Erro de Direito; 
 Erro de Fato; e 
 Erro de Pessoa. 
 
a) Erro de Direito: 
 
O Erro de Direito (Art. 3578 do CPM) é aquele em que o sujeito não tem 
conhecimento da lei ou a sua interpretação equivocada da lei for plenamente justificável, 
quando o agente não poderia superá-lo mesmo empregando a atenção ou a cautela que 
lhe eram exigidos. Nesse caso, a pena pode ser reduzida ou substituída por outra menos 
grave. 
Ex: Um Militar Estadual da Ativa que encontra determinado bem em um quartel 
(lugar sujeito a Administração Militar) e acreditando que por tê-lo encontrado é seu não o 
entrega a autoridade competente no prazo de 15 (quinze) dias, comete o Crime Militar de 
 
78 Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever 
militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou êrro de interpretação da lei, se escusáveis.30 
Apropriação de Coisa Achada (Art. 249, parágrafo único, do CPM). 
O legislador penal ressalvou que o erro de direito não pode beneficiar o agente nos 
casos de crimes contra o dever militar, como também, que o desconhecimento da lei não 
exime o agente de responsabilidade penal. Isso, porque, em virtude do treinamento dos 
militares, no qual lhe são repassados os conhecimentos necessários a poder discernir 
sobre a ilicitude ou não de suas condutas, relativas à lei penal militar, presume-se que o 
militar possua a potencial consciência da ilicitude relativa a seus deveres. 
Interessante observar que enquanto no CPB o Erro de Proibição exclui a pena, o seu 
similar no CPM, o Erro de Direito, apenas a atenua a pena e mesmo não produz qualquer 
efeito, na hipótese de crime contra o Dever Militar. 
 
b) Erro de Fato: 
 
O Erro de Fato (Art. 3679 do CPM) é o erro que incide sobre as circunstâncias 
concretas e objetivas do mundo fenomênico. O agente tem uma falsa representação da 
realidade. 
Neste tipo de erro o dolo do agente deve ser excluído, porque o agente é enganado 
pelo encobrimento dos motivos ou circunstâncias que tornam o fato criminoso. 
Assim, quando o erro de fato for: 
ESCUSÁVEL (invencível ou inevitável): ele excluirá o dolo e a culpa, isentando o 
sujeito ativo de pena; 
INESCUSÁVEL (vencível ou evitável): ele excluirá somente o dolo, remanescendo a 
culpa (art. 36, § 1°80, do CPM). 
 
c) Erro sobre Pessoa: 
 
No tocante ao erro sobre a pessoa, a legislação penal militar não traz qualquer 
benefício para ao agente que deverá ser responsabilizado na seara penal como se tivesse 
praticado o ilícito contra aquela pessoa que realmente pretendia atingir. 
Neste sentido, se o agente buscava praticar um ato contra um militar estadual, mas 
por falta de conhecimento a respeito dele acabou atingindo outro, acreditando que 
 
79 Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por êrro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a 
existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. 
80 Art. 36. (...) § 1° Se o êrro deriva de culpa, a êste título responde o agente, se o fato é punível como crime culposo. 
 
31 
estava realmente praticando o ato contra o primeiro, responderá como se realmente 
tivesse praticado o ato planejado. 
Neste artigo a lei penal militar responsabiliza o agente para evitar a impunidade e a 
quebra dos princípios de hierarquia, disciplina e ética. 
 
Ex: Militar estadual que buscava praticar um ato contra a vida de seu Comandante e 
acaba atingindo um Soldado da Unidade. 
 
TIPO 
DE ERRO 
SITUAÇÃO RESPONSABILIDADE PENAL 
ERRO 
DE DIREITO 
ESCUSÁVEL 
(Invencível ou inevitável) 
A pena pode ser reduzida ou substituída 
por outra menos grave 
Crime contra o Dever Militar Não produz qualquer efeito 
ERRO 
DE FATO 
ESCUSÁVEL 
(Invencível ou inevitável) 
Exclui o dolo e a culpa, isentando o 
sujeito de pena. 
INESCUSÁVEL 
(Vencível ou evitável) 
Exclui somente o dolo, responde o sujeito 
pelo crime culposo 
ERRO 
DE PESSOA 
- Não produz qualquer efeito 
 
Aula 2 - Imputabilidade Penal 
 
A imputabilidade parte do princípio de que o homem é capaz de entender seus atos 
e é livre para praticá-los. Optando por uma ação que afete bens relevantes, o agente deve 
responder conforme sua culpabilidade. Todavia, aqueles que não têm essa capacidade e 
determinação não podem ser responsabilizados, pois são considerados inimputáveis. 
Essa capacidade de determinação (imputabilidade) deve existir no momento da ação 
ou omissão. Dessa forma, podemos dizer que a imputabilidade penal está compreendida 
dentro da culpabilidade (ou fato culpável) e é a somatória das condições pessoais do 
agente, que o tornam capaz de entender o caráter ilícito de um fato e comportar-se 
adequadamente diante desse entendimento, isto é, a capacidade de entender e querer 
(autodeterminar-se), o que permite ao Estado aplicar-lhe uma sanção penal. 
O CPM, nos moldes do CPB, adotou o chamado sistema biopsicológico (ou misto), 
que considera os sistemas biológico e psicológico. 
 
32 
O sistema biológico leva em consideração unicamente a saúde mental do agente, 
isto é, se ele é ou não doente mental ou possui, ou não, um desenvolvimento mental 
incompleto (no caso dos menores de 18 anos e os silvícolas inadaptados) ou retardado (os 
idiotas, imbecis e débeis mentais). 
O sistema psicológico leva em consideração exclusivamente a capacidade que o 
agente possui para apreciar o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com 
esse entendimento. 
 
São causas de exclusão da imputabilidade: 
 Doença mental; 
 Desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 
 Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior e a 
embriagues patológica. 
 Menoridade. 
 
a) Doença mental. 
 
 
 
Quando o agente, em razão de perturbação da saúde mental ou desenvolvimento 
mental retardado, apresenta considerável diminuição na capacidade de entendimento do 
caráter ilícito do fato ou da autodeterminação é considerado semi-imputável, não ficando 
excluída sua imputabilidade, mas quando condenado pode ser: 
Aplicada uma pena atenuada, diante da culpabilidade diminuída; 
Caso necessite de tratamento especial curativo, tem a pena privativa de liberdade 
substituída pela medida de segurança (Art. 11381 do CPM). 
 
 
81 Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode 
ser substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um 
ou de outro. 
 
33 
b) Desenvolvimento mental incompleto: 
 
No desenvolvimento mental incompleto, a mentalidade do agente ainda não está 
completamente formada, podendo ser em razão da idade (menor de idade) ou em razão 
da falta de convívio em sociedade, como no caso do silvícola (não adaptado à civilização), 
ou ainda, por falta de interação com a sociedade, como no caso do surdo-mudo (que não 
recebeu instrução adequada). 
Com relação ao menor de 18 (dezoito) anos, o seu presumido desenvolvimento 
mental incompleto é uma presunção legal, pois é considerado como uma pessoa em 
desenvolvimento. Portanto, somente na medida em que vai crescendo, vai tendo o 
conseqüente amadurecimento psíquico. 
Quanto ao silvícola, na proporção do crescimento de sua participação com o mundo 
“civilizado” vai tendo seu desenvolvimento completado. No caso do índio é necessária a 
produção de laudo pericial para constatar a inimputabilidade. 
Por último, o mesmo pode-se dizer do surdo-mudo, na medida em que o mesmo vai 
aprendendo a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) ou a leitura labial (entre outros 
recursos), seu desenvolvimento mental vai se completando. 
 
c) Embriaguez completa: 
 
 
 
O CPM, a exemplo do CPB, isenta de pena tão somente a embriaguez completa e 
decorrente de caso fortuito ou de força maior. 
A embriaguez é compreendida como o estado derivado de uma intoxicação aguda e 
transitória em decorrência da ingestão do álcool ou de substância análoga, como éter, 
morfina e outras drogas sintéticas ou naturais. 
A sentença condenatória é aplicada conforme o caso da embriaguês: 
 
 
34 
EMBRIAGUÊS 
Espécie Divisão Ingestão de Álcool Pena 
Não acidental 
 
VOLUNTÁRIA 
(dolosa ou culposa) 
e PREORDENADA 
(embriaguez com 
motivação à prática 
de crime) 
Dolosa 
(ou 
intencional) 
Com o intuito de se 
embriagar. 
O agente responde pelo 
delito, haja vista a ação 
livre na causa, com a 
agravante genérica. 
Não Isenta 
Culposa 
Não há intuito de se 
embriagar, mas ingere 
imprudentemente 
quantidade excessiva 
Acidental 
 
INVOLUNTÁRIA 
Caso 
fortuito 
Resultado imprevisível e 
não deriva

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