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Petição Inicial FGTS

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Prévia do material em texto

LUCIANA ALVEZ 
 
Luciana dos Santos Alvez 
OAB 66.766 
 
 
 
 1 
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DA JUSTIÇA 
FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE PORTO ALEGRE – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
 
 
 
CAROLINE ROSEMBACH, brasileira, teleoperadora, casada, portadora 
do RG 30896661478, inscrita no CPF sob o nº 024.642.350-16, residente 
e domiciliada na Rua Jardim Vitória, nº 75, bairro Passo das Pedras, na 
cidade de Porto Alegre - RS, CEP: 91230-512, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência, por sua procuradora constituída ajuizar a 
presente AÇÃO ORDINÁRIA DA COBRANÇA em face da CAIXA 
ECONÔMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira sob a foram de 
empresa pública, vinculada ao MINISTÉRIO DA FAZENDA, inscrita no 
CNPJ/MF sob o n.º 00.360.305/0001-04, na pessoa do seu representante 
legal, com sede no Setor bancário Sul, Quadra 4, lotes 3 / 4, em Brasília – 
DF , com superintendência regional sediada à Rua Sete de Setembro, 
1001 / 4º andar, bairro Centro, Porto Alegre/RS, CEP: 90010-191, gestora 
do FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS, pelos 
motivos de fato e de direito que passa a expor: 
 
PRELIMINARES 
 
Sobrestamento do feito em razão da decisão nos autos da ADI 5090 
 
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.090/DF, que versa sobre 
Correção Monetária das contas do FGTS, o Exmº Relator Ministro Luís Roberto 
Barroso determinou a suspensão de todos os processos que discutem a mesma 
matéria até o julgamento definitivo da mencionada ADI. Vejamos: 
Considerando: (a) a pendência da presente ADI 5090, que sinaliza que a 
discussão sobre a rentabilidade do FGTS ainda será apreciada pelo Supremo e, 
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Luciana dos Santos Alvez 
OAB 66.766 
 
 
 
 2 
portanto, não está julgada em caráter definitivo, estando sujeita a alteração 
(plausibilidade jurídica); (b) o julgamento do tema pelo STJ e o não reconhecimento 
da repercussão geral pelo Supremo, o que poderá ensejar o trânsito em julgado das 
decisões já proferidas sobre o tema (perigo na demora); (c) os múltiplos 
requerimentos de cautelar nestes autos; e (d) a inclusão do feito em pauta para 
12/12/2019, defiro a cautelar, para determinar a suspensão de todos os feitos que 
versem sobre a matéria, até julgamento do mérito pelo Supremo Tribunal Federal. 
Publique-se. Intime-se. Brasília, 6 de setembro de 2019. Ministro Luís Roberto 
Barroso Relator”.(Grifo nosso) 
Isto posto, considerando que a presente ação versa sobre matéria 
idêntica e que existe é Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 5090 pendente 
de julgamento com determinação de suspensão de todos os processos que versem 
sobre a correção monetária do FGTS, requer o autor(a) que este Nobre Julgador 
determine o sobrestamento do processo em análise. 
 
I. Legitimidade Passiva da Caixa Econômica 
 
Incontestável que a ré, Caixa Econômica Federal, é a gestora das contas 
do FGTS, conforme determina o próprio art. 4º da Lei 8036/90. Nesse sentido, 
inclusive, o STJ já pacificou a legitimidade, a saber: 
SÚMULA 249/STJ - A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva 
para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS. 
Logo, não há dúvidas que a ré é parte legítima para integrar o processo 
em que se discute a correção monetária do referido fundo. 
 
 DOS FATOS: 
Através da presente ação, a autora acima qualificada busca a integral 
correção dos saldos das contas vinculadas referentes ao Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço – FGTS. 
A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a aplicação de 
duas taxas que correspondem a diferentes objetivos. Uma dessas taxas diz respeito 
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OAB 66.766 
 
 
 
 3 
à correção monetária dos depósitos nas contas vinculadas, através da aplicação da 
Taxa Referencial –TR, que é o fator de atualização do valor monetário, vigente 
desde 1991. A segunda refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da 
capitalização de juros à taxa de 3% ao ano. 
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser 
caracterizado como um típico fundo parafiscal. Seus recursos têm origem na 
cobrança de uma contribuição específica, cumprem funções de seguro social e 
contribuem para o financiamento de investimentos de cunho social nas áreas de 
habitação, saneamento e infra-estrutura urbana. Essa natureza dual do Fundo - 
formado por contas de poupança individual dos trabalhadores e que serve de 
funding para financiamento em investimentos específicos - determina as 
características de seu retorno financeiro. De um lado, os cotistas titulares das contas 
individuais têm seus saldos legalmente corrigidos pela TR acrescidos de 3% anuais. 
De outro lado, a aplicação destes recursos no mercado financeiro e habitacional 
resulta em rendimentos variáveis, segundo as condições de mercado das 
aplicações. 
O FGTS foi criado em 1966, em substituição ao estatuto da estabilidade 
decenal no emprego. Esse estatuto determinava que o trabalhador que completasse 
10 anos no emprego tornava-se estável, podendo ser demitido apenas por motivo de 
“justa causa” após confirmação de “falta grave”, por meio de inquérito administrativo. 
A legislação previa um caráter opcional para o regime do FGTS, tornando 
obrigatório para as empresas o recolhimento, em conta vinculada ao nome de cada 
trabalhador, optante ou não pelo novo regime, de percentual correspondente a 8% 
sobre a remuneração mensal de cada empregado. 
Os depósitos do FGTS na conta dos trabalhadores estavam sujeitos à 
correção monetária, de acordo com a legislação específica, e capitalização de 
juros, segundo faixas de tempo de serviço3 do trabalhador. Neste aspecto, a 
legislação foi mudada, já em 1971, sendo a capitalização dos juros dos depósitos 
fixada na taxa de 3% ao ano, para os novos trabalhadores. 
Criado o FGTS, constituído pelo conjunto das contas vinculadas dos 
trabalhadores, a responsabilidade por geri-lo coube ao Banco Nacional da 
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 4 
Habilitação que tinha também como determinação legal assegurar a correção 
monetária e os juros na aplicação dos recursos do FGTS. 
As formas de correção dos depósitos vinculados ao FGTS sofreram várias 
mudanças ao longo dos anos. Essa correção foi trimestral até 1969, semestral de 
1969 a 1972, anual de 1972 a 1975, trimestral de 1975 a 1989 e, finalmente, mensal 
a partir de 1989. As correções trimestrais e semestrais dos saldos das contas foram 
extremamente danosas, representando perdas significativas para os trabalhadores. 
Além disso, nem sempre os índices utilizados para a correção dos saldos 
representavam a verdadeira evolução dos preços da economia. Tudo isso se 
constituía em confisco do patrimônio do trabalhador5, especialmente durante a 
segunda metade dos anos 80 e início dos anos 90, período de inflação muito 
elevada e de vários planos de estabilização, quando ocorreram diversas mudanças 
nos critérios de cálculo da inflação, que resultaram em expurgos de parte da 
correção monetária devida sobre o saldo das contas vinculadas dos trabalhadores. 
Em setembro de 2000, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a 
reposição de 68,90% dos expurgos ocorridos, relativos aos Planos Verão (16,65%) e 
Collor (44,80%), nas contas existentes entre dezembro de 1988 a abril de 1990. 
Para além da correção mensal, a partir de 1989, a nova lei do FGTS 
mantém a determinação de que, sobre o saldo das contas vinculadas e de outros 
recursos a ele incorporados, deveriam ser aplicados juros e correção monetária. 
Além disso, importante decisão referiu-se à gestão tripartite do fundo, conforme o Art 
3º, cuja redação atualizada é: 
“ O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um 
Conselho Curador composto por representação dos trabalhadores, 
empregadores e órgão de entidades governamentais, na formaestabelecida 
pelo Poder Executivo.” 
 
A TAXA REFERENCIAL: NOVO INDEXADOR CRIADO EM 1991 
 
A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia brasileira no bojo da 
Lei Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como Plano Collor II – e teve 
como objetivo estabelecer regras para a desindexação da economia. À época, foi 
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 5 
extinto um conjunto de indexadores que corrigiam os valores de contratos, fundos 
financeiros, fundos públicos, bem como as dívidas com a União, entre outros. 
 
Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991, o Bônus do 
Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de 10/07/89; o BTN 
referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de Referência (MVR) e as “demais 
unidades de conta assemelhadas que são atualizadas, direta ou indiretamente, por 
índice de preço”, conforme o artigo 3º da Lei em questão. Simultaneamente, o artigo 
4º determinou que “a partir da vigência da medida provisória que deu origem a esta 
lei, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deixará de calcular o 
Índice de Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB), 
mantido o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).” 
 
Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco Central (Bacen) 
passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial (TR) sendo o seu cálculo 
referenciado na “...remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a 
prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos 
múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos 
títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser 
aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao 
conhecimento do Senado Federal.” 
 
A Lei determinou o prazo de 60 dias para o desenvolvimento da 
metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este prazo, cabia ao Bacen 
“fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova orientação sobre os mecanismos 
de correção indicava o rompimento com os índices baseados em preços, com os 
novos indicadores passando a ser elaborados a partir da remuneração dos ativos 
financeiros praticados por instituições bancárias conforme previsto na nova 
metodologia de determinação da TR. 
 
O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do mercado de trabalho 
na década de 1990 e, de forma inversa, impactos positivos com a melhora verificada 
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 6 
no grande crescimento da geração de postos de trabalho formais já na década de 
2000, especialmente após 2003. Nos últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido 
do fundo mantiveram trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os 
saques que, refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também 
cresceram em ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o aumento da 
arrecadação. Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$ 116,5 bilhões. Esse 
resultado foi administrado a partir da aplicação dos recursos do FGTS em aplicações 
financeiras, especialmente títulos públicos, que garantiram grande rentabilidade ao 
fundo; deram segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado e 
facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os ganhos 
financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado. 
 
Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós-1999 acabou 
afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto sobre a 
rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a remuneração dos 
cotistas. Se a composição da remuneração atual das contas vinculadas do FGTS é 
de 3% (a título de capitalização) acumulada à variação da TR (correção monetária), 
o movimento de queda da taxa de juros e as modificações na fórmula do cálculo da 
TR afetam negativamente a taxa, o que impacta também negativamente a 
remuneração das contas vinculadas do FGTS. 
 
O período pós-1999 é um marco importante no que diz respeito à TR, 
porque no campo macroeconômico houve o fim do regime de câmbio administrado e 
a adoção da taxa de câmbio flutuante. Essa alteração tem impacto nas taxas de 
juros (e por consequência na TR) porque, com o fim da necessidade de “defender” a 
taxa de câmbio pré-determinada pela equipe econômica, houve uma redução 
importante no patamar da taxa de juros Selic (a taxa básica da economia brasileira). 
Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da Selic – que nos anos de 
1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%, respectivamente – em 2000 houve redução 
para 16,2%, e a partir daí, diminuiu progressivamente até atingir 8,2% em 2012, ou 
seja, menos de um terço do percentual de 1998. 
 
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Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de um dos 
principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -, outro elemento do 
cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na fórmula de cálculo da taxa 
referencial para diminuir os percentuais resultantes da TBF – foi utilizado 
sequencialmente pelo Bacen para ajustar a TR aos juros básicos da economia, 
afetando diretamente os rendimentos dos cotistas. 
Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens que compõem o 
Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e circular 3.455/2009, ambos do 
Banco Central, seu impacto não resolveu, de forma adequada, a correção monetária 
da TR. Isso porque a modificação nesse Redutor não foi na mesma proporção da 
queda verificada na taxa de juros Selic e, portanto, na TBF, que é diretamente 
impactada por essa taxa básica da economia brasileira. Tanto assim que, a partir de 
2008, o Banco Central estipulou uma medida indicando que mesmo que o cálculo da 
TR apresentasse valores negativos, no resultado deveria ser considerado o valor de 
0%., ou seja, correção monetária nula. 
As perdas, porém, devem ser contextualizadas em relação ao fato de o 
próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que também é utilizada para a 
poupança) pode ser revista em qualquer momento. Além disso, devido a questões 
macroeconômicas mais amplas, o BC pode precisar alterar o rendimento das 
poupanças (como o FGTS, no caso uma poupança “compulsória”) devido à gestão 
da dívida pública e à atratividade dos ativos financeiros em um cenário de queda do 
patamar de taxas de juros, como ocorrido recentemente. 
Em 1996, a TR ficou em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS 
considerando em patamar suficiente para cobrir a inflação do período; mas é a partir 
de 2000 - portanto, na sequência da mudança na política cambial que teve reflexos 
sobre a redução da taxa de juros - que a TR começa uma trajetória de percentuais 
bastante baixos. Em 2000, o percentual ficou em 2,10%, chegando em 2012 a uma 
taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013. Nesse período – a partir de 2000, o único ano 
que apresentou um percentual acima da média foi 2004 (4,65%). 
Apesar de esse período registrar, na maior parte dos anos, índices de 
inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003), como a TR 
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apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas taxas, como se pode 
constatar, apresenta números negativos desde 1999. Ou seja, a TR não conseguiu 
recompor a inflação nos saldos das contas vinculadas do FGTS, que acumularam 
perdas de 1999 a 2013 de 48,3%. 
 
Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação anual da TR 
superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é superada pelo INPC, com 
destaque para 2003, quando a diferença foi maior que 10%. 
Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida de 3% e do 
INPC, entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das contas do FGTS só 
não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do percentualde 3% a título de 
capitalização. Entretanto, após 1999, quando o INPC passa a superar a TR, a 
diferença cumulativa entre as taxas cresceu tanto que, mesmo considerando o 
acréscimo dos juros capitalizados, a correção acumulada das contas vinculadas 
torna-se inferior à inflação acumulada em igual período. 
O desempenho do FGTS tem se mostrado crescente nos últimos anos, 
beneficiando-se da conjuntura econômica que tem como marca um expressivo 
crescimento do emprego formalizado e do rendimento médio da população. 
Também, as aplicações do fundo têm apresentado resultados superiores aos 
destinados aos cotistas, bem como têm suplantado os resultados do INPC, na última 
década. 
 
Ficam evidentes as diferenças entre o retorno das aplicações do FGTS, e 
o retorno dos cotistas indicando claramente “que há uma forte discrepância entre o 
rendimento do Fundo e o rendimento dos cotistas.” Ou seja, o rendimento das 
aplicações dos recursos do fundo é bem superior ao rendimento pago aos titulares 
do fundo. Além disso, o rendimento dos cotistas (Juros +TR) tem sido inferior à 
inflação no período. 
 
DO DIREITO 
Diante das disposições estatuídas pelo supra referido diploma legal, cabe 
a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, como agente operador das contas do 
LUCIANA ALVEZ 
 
Luciana dos Santos Alvez 
OAB 66.766 
 
 
 
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FUNDO DE GARNATIA POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS, centralizar os 
recursos, expandir atos normativos, definir procedimentos operacionais e elaborar os 
projetos dos referidos recursos. 
Assim, legítimo o presente pedido contra a requerida acima nominada 
para vir integrar a lide. 
Excelência, a Autora foi trabalhadora regida pelo regime celetista e 
percebendo, mensalmente, depósitos em suas contas vinculadas, a título de Fundo 
de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, criado pela Lei nº 5.107/66, conforme 
prescrevem seus artigos 1º e 2º: 
"Art. 1º - Para garantia do tempo de serviço ficam mantidos os capítulos V 
e VII do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho, assegurado, porém, aos 
empregados, o direito de optarem pelo regime instituído na presente Lei." 
"Art. 2º - Para os fins previstos nesta Lei, todas as empresas sujeitas à 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ficam obrigadas a depositar, até o dia 30 
(trinta) de cada mês, em conta bancária vinculada, importância correspondente a 8% 
(oito por cento) da remuneração paga no mês anterior, a cada empregado optante 
ou não, excluídos as parcelas mencionadas nos Artigos 475 e 458 da CLT” 
Os saldos depositados em contas vinculadas, pelo que prevê a Lei citada, 
o art. 3º, § 1º e 2º, e artigos 4º e 11º, da mesma Lei, eram corrigidos trimestralmente, 
pela variação acumulada da inflação do período, acrescida de uma taxa de 
capitalização de 3% (três por cento) ao ano. Mister se faz mencionar os dispositivos 
legais: 
 
"Art. 3º - Os depósitos efetuados de acordo com o art. 2º são sujeitos a 
correção monetária na forma e pelos critérios adotados pelo Sistema Financeiro de 
Habitação e Capitalização dos juros segundo o disposto no art. 4º. 
§ 1º - A correção monetária e a capitalização dos juros correrão à conta 
do Fundo a que se refere o art. 11º. 
§ 2º - O montante das contas vinculadas decorrentes desta Lei é 
garantido pelo Governo Federal, podendo o Banco Central do Brasil instituir seguro 
especial para esse fim." 
http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Civil-e-processo-civil/Pedido-de-correcao-monetaria-sobre-valores-de-FGTS-em-face-da-Caixa-Economica-Federal
LUCIANA ALVEZ 
 
Luciana dos Santos Alvez 
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"Art. 4º - A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º 
far-se-á à taxa de 3% (três por cento) ao ano." 
"Art. 11º - Fica criado o 'Fundo de Garantia por Tempo de Serviço' (FGTS) 
constituído pelos conjuntos das contas vinculadas a que se refere esta Lei, cujos 
recursos serão aplicados com correção monetária e juros, de modo a assegurar 
cobertura de suas obrigações, cabendo sua gestão ao Banco Nacional de 
Habitação." 
Com a Lei nº 8.036, em 11/05/90, passou a CEF a ser a única gestora e 
depositária do FGTS, conforme determina o artigo 7º, I, e 12º, desta Lei: 
Os depósitos do FGTS constituem patrimônio dos trabalhadores, assim 
sendo, mesmo em caso de desligamento do emprego, este patrimônio é de caráter 
inviolável. Desta forma, pretendem os Autores, através da presente, recompor os 
valores dos depósitos existentes ou que existiam à época, em suas contas 
vinculadas do FGTS entre os anos de 1999 à 2013, período que houve ilegal e 
comprovada lesão ao patrimônio deles, trabalhadores. 
Como bem demonstrado, a legislação pertinente ao FGTS, mesmo com 
as constantes alterações na política interna do país, decorrentes das frustradas 
tentativas de conter a inflação galopante através da edição de pacotes econômicos, 
não restou alterada, permanecendo os mesmos critérios de atualização de seus 
saldos, ou seja, a aplicação integral da correção monetária ocorrida, face a 
constatação de real inflação no período. 
Realmente ilegal, inconstitucional e arbitrária a atitude do Poder 
Executivo, a qual resultou em prejuízos econômicos no patrimônio da Autora e 
demais trabalhadores brasileiros optantes pelo regime do FGTS, pois, de acordo 
com o já expedido, os saldos depositados deveriam ser corrigidos monetariamente 
pela aplicação integral e real dos índices inflacionários ocorridos em todos os 
meses. A Autora tem direito a aplicação integral da referida correção monetária aos 
seus saldos do FGTS. 
Não poderia o Governo, com a edição de regras diferenciadas das que 
normatizavam as condições para a atualização das contas do FGTS, prejudicar o 
direito adquirido dos Autores e desrespeitar uma situação de poder, do qual os 
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mesmos eram e são titulares através do ato jurídico perfeito firmado pelo contrato de 
trabalho de cada um. 
Conforme tese defendida, o STF declarou ilegal a correção monetária 
pela TR no caso dos RPV/Precatórios (conforme decisão enviada), os efeitos desta 
decisão extrapolou os limites do processo em referência, abrindo assim o 
precedente para a correção do FGTS que estava praticamente congelado, em 2012 
a correção foi de 0%. 
Diante das razões expostas invoca a Autora a proteção da justiça a fim de 
vera incorporados em seu saldo do FGTS o valor real das perdas, responsabilidade 
da requerida. 
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUÍTA 
A autora é carecedora do benefício da assistência judiciária gratuita de 
que trata a Lei Federal nº 1.060/50, com igual respaldo do texto insculpido nos 
artigos 5º, inciso I e artigo 6º, VII, ambos do CDC e, ainda, forte no artigo 5º, inciso 
LXXIV da Carta Magna de 1988, porque não possui condições financeiras de arcar 
com o pagamento das despesas processuais, sem o prejuízo de seu sustento básico 
e de sua família. 
Por fim, a autora declara a impossibilidade de arcar com as custas e 
despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme 
“Declaração de Pobreza ” anexa. (Doc. Anexo). 
DIANTE DO EXPOSTO, REQUER: 
Em análise de mérito, determine à Caixa Econômica Federal que: 
 
a) Declare o direito da Autora à obtenção de correção monetária em suas contas 
vinculadas do FGTS, existentes. 
b) Venha a pagar à parte autora o montante correspondente ao valor corrigido 
pelo índice de correção monetária deferido (INPC/IPCA/outro definido pelo 
Douto Juízo) nos meses em que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e 
vincendas; 
LUCIANA ALVEZ 
 
Luciana dos Santos Alvez 
OAB 66.766 
 
 
 
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c) Pagar à parte autora o montante correspondente ao valor corrigido pelo índice 
de correção monetária deferido (INPC/IPCA/outro definido pelo Douto Juízo), 
desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas foi menor 
que a inflação do período ou, alternativamente, pagar a favorda parte autora 
o montante correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação do 
índice de correção definido, correspondentes às perdas inflacionárias do 
trabalhador nas contas do FGTS, no entender deste Juízo, desde Janeiro de 
1999, inclusive nos meses em que a TR foi zero. 
d) A declaração de inconstitucionalidade da parte do artigo 13 da Lei n° 8036/90, 
a qual determina a utilização da Taxa Referencial como indexador de 
correção monetária para os depósitos realizados na conta vinculada ao 
FGTS. 
e) Que se ordene a citação da requerida, para querendo contestar a presente 
ação, sob pena de revelia e efeitos da confissão; 
f) A concessão de correção monetária e juros legais sobre os valores devidos 
pela condenação de que tratam os itens acima; 
g) A condenação da Ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios na 
ordem de 20% sobre o valor da condenação; 
h) Junta em anexo Contrato de Honorários Advocatícios para reserva de 
honorários advocatícios, 
i) Em caso da Autora, quando da execução da r. sentença, estar desligada do 
empregador (por dispensa ou aposentadoria) e já ter levantado os depósitos 
existentes em suas contas vinculadas, seja a condenação pleiteada nas letras 
b.1, b.2 e b.3 convertida em pagamento direto perante esse r. juízo dos 
valores correspondentes às diferenças apuradas em liquidação, e que se 
referem às correções monetárias sonegadas. 
j) A concessão dos benefícios da justiça gratuita à parte autora, uma vez que 
pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração de hipossuficiência 
anexa.(se for o caso) 
 
 
LUCIANA ALVEZ 
 
Luciana dos Santos Alvez 
OAB 66.766 
 
 
 
 13 
REQUERIMENTOS FINAIS 
 
Requerer a Autora à citação da requeridas para, no prazo legal, 
oferecerem a contestação que pretenderem, sob pena de revelia. 
Seja intimado o Ministério Público Federal para acompanhar os termos da 
presente Ação contestada ou não, pede-se seja a presente julgada procedente, a fim 
de serem as requeridas condenadas nos termos do pedido além dos honorários 
base de 20% sobre o valor da condenação, mais custas processuais. 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em 
direito, principalmente prova documental – pugnando desde já pela juntada dos 
extratos do Fundo de Garantia apenas em sede de liquidação de sentença, 
conforme exposto preliminarmente. 
Adicionalmente, pede a declaração expressa de prequestionamento de 
todos os dispositivos direta e indiretamente mencionados nesta exordial, de maneira 
a possibilitar o protocolo de posteriores recursos. 
 
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais 
(sem prejuízo de eventual complementação posterior). 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
 
 Porto Alegre, 15 de junho de 2021. 
 
LUCIANA DOS SANTOS ALVEZ 
OAB/RS 66.766

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