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LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 1 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE PORTO ALEGRE – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL CAROLINE ROSEMBACH, brasileira, teleoperadora, casada, portadora do RG 30896661478, inscrita no CPF sob o nº 024.642.350-16, residente e domiciliada na Rua Jardim Vitória, nº 75, bairro Passo das Pedras, na cidade de Porto Alegre - RS, CEP: 91230-512, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por sua procuradora constituída ajuizar a presente AÇÃO ORDINÁRIA DA COBRANÇA em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira sob a foram de empresa pública, vinculada ao MINISTÉRIO DA FAZENDA, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 00.360.305/0001-04, na pessoa do seu representante legal, com sede no Setor bancário Sul, Quadra 4, lotes 3 / 4, em Brasília – DF , com superintendência regional sediada à Rua Sete de Setembro, 1001 / 4º andar, bairro Centro, Porto Alegre/RS, CEP: 90010-191, gestora do FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: PRELIMINARES Sobrestamento do feito em razão da decisão nos autos da ADI 5090 Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.090/DF, que versa sobre Correção Monetária das contas do FGTS, o Exmº Relator Ministro Luís Roberto Barroso determinou a suspensão de todos os processos que discutem a mesma matéria até o julgamento definitivo da mencionada ADI. Vejamos: Considerando: (a) a pendência da presente ADI 5090, que sinaliza que a discussão sobre a rentabilidade do FGTS ainda será apreciada pelo Supremo e, LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 2 portanto, não está julgada em caráter definitivo, estando sujeita a alteração (plausibilidade jurídica); (b) o julgamento do tema pelo STJ e o não reconhecimento da repercussão geral pelo Supremo, o que poderá ensejar o trânsito em julgado das decisões já proferidas sobre o tema (perigo na demora); (c) os múltiplos requerimentos de cautelar nestes autos; e (d) a inclusão do feito em pauta para 12/12/2019, defiro a cautelar, para determinar a suspensão de todos os feitos que versem sobre a matéria, até julgamento do mérito pelo Supremo Tribunal Federal. Publique-se. Intime-se. Brasília, 6 de setembro de 2019. Ministro Luís Roberto Barroso Relator”.(Grifo nosso) Isto posto, considerando que a presente ação versa sobre matéria idêntica e que existe é Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 5090 pendente de julgamento com determinação de suspensão de todos os processos que versem sobre a correção monetária do FGTS, requer o autor(a) que este Nobre Julgador determine o sobrestamento do processo em análise. I. Legitimidade Passiva da Caixa Econômica Incontestável que a ré, Caixa Econômica Federal, é a gestora das contas do FGTS, conforme determina o próprio art. 4º da Lei 8036/90. Nesse sentido, inclusive, o STJ já pacificou a legitimidade, a saber: SÚMULA 249/STJ - A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS. Logo, não há dúvidas que a ré é parte legítima para integrar o processo em que se discute a correção monetária do referido fundo. DOS FATOS: Através da presente ação, a autora acima qualificada busca a integral correção dos saldos das contas vinculadas referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a aplicação de duas taxas que correspondem a diferentes objetivos. Uma dessas taxas diz respeito LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 3 à correção monetária dos depósitos nas contas vinculadas, através da aplicação da Taxa Referencial –TR, que é o fator de atualização do valor monetário, vigente desde 1991. A segunda refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da capitalização de juros à taxa de 3% ao ano. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser caracterizado como um típico fundo parafiscal. Seus recursos têm origem na cobrança de uma contribuição específica, cumprem funções de seguro social e contribuem para o financiamento de investimentos de cunho social nas áreas de habitação, saneamento e infra-estrutura urbana. Essa natureza dual do Fundo - formado por contas de poupança individual dos trabalhadores e que serve de funding para financiamento em investimentos específicos - determina as características de seu retorno financeiro. De um lado, os cotistas titulares das contas individuais têm seus saldos legalmente corrigidos pela TR acrescidos de 3% anuais. De outro lado, a aplicação destes recursos no mercado financeiro e habitacional resulta em rendimentos variáveis, segundo as condições de mercado das aplicações. O FGTS foi criado em 1966, em substituição ao estatuto da estabilidade decenal no emprego. Esse estatuto determinava que o trabalhador que completasse 10 anos no emprego tornava-se estável, podendo ser demitido apenas por motivo de “justa causa” após confirmação de “falta grave”, por meio de inquérito administrativo. A legislação previa um caráter opcional para o regime do FGTS, tornando obrigatório para as empresas o recolhimento, em conta vinculada ao nome de cada trabalhador, optante ou não pelo novo regime, de percentual correspondente a 8% sobre a remuneração mensal de cada empregado. Os depósitos do FGTS na conta dos trabalhadores estavam sujeitos à correção monetária, de acordo com a legislação específica, e capitalização de juros, segundo faixas de tempo de serviço3 do trabalhador. Neste aspecto, a legislação foi mudada, já em 1971, sendo a capitalização dos juros dos depósitos fixada na taxa de 3% ao ano, para os novos trabalhadores. Criado o FGTS, constituído pelo conjunto das contas vinculadas dos trabalhadores, a responsabilidade por geri-lo coube ao Banco Nacional da LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 4 Habilitação que tinha também como determinação legal assegurar a correção monetária e os juros na aplicação dos recursos do FGTS. As formas de correção dos depósitos vinculados ao FGTS sofreram várias mudanças ao longo dos anos. Essa correção foi trimestral até 1969, semestral de 1969 a 1972, anual de 1972 a 1975, trimestral de 1975 a 1989 e, finalmente, mensal a partir de 1989. As correções trimestrais e semestrais dos saldos das contas foram extremamente danosas, representando perdas significativas para os trabalhadores. Além disso, nem sempre os índices utilizados para a correção dos saldos representavam a verdadeira evolução dos preços da economia. Tudo isso se constituía em confisco do patrimônio do trabalhador5, especialmente durante a segunda metade dos anos 80 e início dos anos 90, período de inflação muito elevada e de vários planos de estabilização, quando ocorreram diversas mudanças nos critérios de cálculo da inflação, que resultaram em expurgos de parte da correção monetária devida sobre o saldo das contas vinculadas dos trabalhadores. Em setembro de 2000, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a reposição de 68,90% dos expurgos ocorridos, relativos aos Planos Verão (16,65%) e Collor (44,80%), nas contas existentes entre dezembro de 1988 a abril de 1990. Para além da correção mensal, a partir de 1989, a nova lei do FGTS mantém a determinação de que, sobre o saldo das contas vinculadas e de outros recursos a ele incorporados, deveriam ser aplicados juros e correção monetária. Além disso, importante decisão referiu-se à gestão tripartite do fundo, conforme o Art 3º, cuja redação atualizada é: “ O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador composto por representação dos trabalhadores, empregadores e órgão de entidades governamentais, na formaestabelecida pelo Poder Executivo.” A TAXA REFERENCIAL: NOVO INDEXADOR CRIADO EM 1991 A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia brasileira no bojo da Lei Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como Plano Collor II – e teve como objetivo estabelecer regras para a desindexação da economia. À época, foi LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 5 extinto um conjunto de indexadores que corrigiam os valores de contratos, fundos financeiros, fundos públicos, bem como as dívidas com a União, entre outros. Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991, o Bônus do Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de 10/07/89; o BTN referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de Referência (MVR) e as “demais unidades de conta assemelhadas que são atualizadas, direta ou indiretamente, por índice de preço”, conforme o artigo 3º da Lei em questão. Simultaneamente, o artigo 4º determinou que “a partir da vigência da medida provisória que deu origem a esta lei, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deixará de calcular o Índice de Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB), mantido o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).” Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco Central (Bacen) passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial (TR) sendo o seu cálculo referenciado na “...remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.” A Lei determinou o prazo de 60 dias para o desenvolvimento da metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este prazo, cabia ao Bacen “fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova orientação sobre os mecanismos de correção indicava o rompimento com os índices baseados em preços, com os novos indicadores passando a ser elaborados a partir da remuneração dos ativos financeiros praticados por instituições bancárias conforme previsto na nova metodologia de determinação da TR. O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do mercado de trabalho na década de 1990 e, de forma inversa, impactos positivos com a melhora verificada LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 6 no grande crescimento da geração de postos de trabalho formais já na década de 2000, especialmente após 2003. Nos últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido do fundo mantiveram trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os saques que, refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também cresceram em ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o aumento da arrecadação. Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$ 116,5 bilhões. Esse resultado foi administrado a partir da aplicação dos recursos do FGTS em aplicações financeiras, especialmente títulos públicos, que garantiram grande rentabilidade ao fundo; deram segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado e facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os ganhos financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado. Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós-1999 acabou afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto sobre a rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a remuneração dos cotistas. Se a composição da remuneração atual das contas vinculadas do FGTS é de 3% (a título de capitalização) acumulada à variação da TR (correção monetária), o movimento de queda da taxa de juros e as modificações na fórmula do cálculo da TR afetam negativamente a taxa, o que impacta também negativamente a remuneração das contas vinculadas do FGTS. O período pós-1999 é um marco importante no que diz respeito à TR, porque no campo macroeconômico houve o fim do regime de câmbio administrado e a adoção da taxa de câmbio flutuante. Essa alteração tem impacto nas taxas de juros (e por consequência na TR) porque, com o fim da necessidade de “defender” a taxa de câmbio pré-determinada pela equipe econômica, houve uma redução importante no patamar da taxa de juros Selic (a taxa básica da economia brasileira). Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da Selic – que nos anos de 1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%, respectivamente – em 2000 houve redução para 16,2%, e a partir daí, diminuiu progressivamente até atingir 8,2% em 2012, ou seja, menos de um terço do percentual de 1998. LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 7 Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de um dos principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -, outro elemento do cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na fórmula de cálculo da taxa referencial para diminuir os percentuais resultantes da TBF – foi utilizado sequencialmente pelo Bacen para ajustar a TR aos juros básicos da economia, afetando diretamente os rendimentos dos cotistas. Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens que compõem o Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e circular 3.455/2009, ambos do Banco Central, seu impacto não resolveu, de forma adequada, a correção monetária da TR. Isso porque a modificação nesse Redutor não foi na mesma proporção da queda verificada na taxa de juros Selic e, portanto, na TBF, que é diretamente impactada por essa taxa básica da economia brasileira. Tanto assim que, a partir de 2008, o Banco Central estipulou uma medida indicando que mesmo que o cálculo da TR apresentasse valores negativos, no resultado deveria ser considerado o valor de 0%., ou seja, correção monetária nula. As perdas, porém, devem ser contextualizadas em relação ao fato de o próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que também é utilizada para a poupança) pode ser revista em qualquer momento. Além disso, devido a questões macroeconômicas mais amplas, o BC pode precisar alterar o rendimento das poupanças (como o FGTS, no caso uma poupança “compulsória”) devido à gestão da dívida pública e à atratividade dos ativos financeiros em um cenário de queda do patamar de taxas de juros, como ocorrido recentemente. Em 1996, a TR ficou em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS considerando em patamar suficiente para cobrir a inflação do período; mas é a partir de 2000 - portanto, na sequência da mudança na política cambial que teve reflexos sobre a redução da taxa de juros - que a TR começa uma trajetória de percentuais bastante baixos. Em 2000, o percentual ficou em 2,10%, chegando em 2012 a uma taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013. Nesse período – a partir de 2000, o único ano que apresentou um percentual acima da média foi 2004 (4,65%). Apesar de esse período registrar, na maior parte dos anos, índices de inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003), como a TR LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 8 apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas taxas, como se pode constatar, apresenta números negativos desde 1999. Ou seja, a TR não conseguiu recompor a inflação nos saldos das contas vinculadas do FGTS, que acumularam perdas de 1999 a 2013 de 48,3%. Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação anual da TR superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é superada pelo INPC, com destaque para 2003, quando a diferença foi maior que 10%. Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida de 3% e do INPC, entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das contas do FGTS só não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do percentualde 3% a título de capitalização. Entretanto, após 1999, quando o INPC passa a superar a TR, a diferença cumulativa entre as taxas cresceu tanto que, mesmo considerando o acréscimo dos juros capitalizados, a correção acumulada das contas vinculadas torna-se inferior à inflação acumulada em igual período. O desempenho do FGTS tem se mostrado crescente nos últimos anos, beneficiando-se da conjuntura econômica que tem como marca um expressivo crescimento do emprego formalizado e do rendimento médio da população. Também, as aplicações do fundo têm apresentado resultados superiores aos destinados aos cotistas, bem como têm suplantado os resultados do INPC, na última década. Ficam evidentes as diferenças entre o retorno das aplicações do FGTS, e o retorno dos cotistas indicando claramente “que há uma forte discrepância entre o rendimento do Fundo e o rendimento dos cotistas.” Ou seja, o rendimento das aplicações dos recursos do fundo é bem superior ao rendimento pago aos titulares do fundo. Além disso, o rendimento dos cotistas (Juros +TR) tem sido inferior à inflação no período. DO DIREITO Diante das disposições estatuídas pelo supra referido diploma legal, cabe a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, como agente operador das contas do LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 9 FUNDO DE GARNATIA POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS, centralizar os recursos, expandir atos normativos, definir procedimentos operacionais e elaborar os projetos dos referidos recursos. Assim, legítimo o presente pedido contra a requerida acima nominada para vir integrar a lide. Excelência, a Autora foi trabalhadora regida pelo regime celetista e percebendo, mensalmente, depósitos em suas contas vinculadas, a título de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, criado pela Lei nº 5.107/66, conforme prescrevem seus artigos 1º e 2º: "Art. 1º - Para garantia do tempo de serviço ficam mantidos os capítulos V e VII do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho, assegurado, porém, aos empregados, o direito de optarem pelo regime instituído na presente Lei." "Art. 2º - Para os fins previstos nesta Lei, todas as empresas sujeitas à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ficam obrigadas a depositar, até o dia 30 (trinta) de cada mês, em conta bancária vinculada, importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga no mês anterior, a cada empregado optante ou não, excluídos as parcelas mencionadas nos Artigos 475 e 458 da CLT” Os saldos depositados em contas vinculadas, pelo que prevê a Lei citada, o art. 3º, § 1º e 2º, e artigos 4º e 11º, da mesma Lei, eram corrigidos trimestralmente, pela variação acumulada da inflação do período, acrescida de uma taxa de capitalização de 3% (três por cento) ao ano. Mister se faz mencionar os dispositivos legais: "Art. 3º - Os depósitos efetuados de acordo com o art. 2º são sujeitos a correção monetária na forma e pelos critérios adotados pelo Sistema Financeiro de Habitação e Capitalização dos juros segundo o disposto no art. 4º. § 1º - A correção monetária e a capitalização dos juros correrão à conta do Fundo a que se refere o art. 11º. § 2º - O montante das contas vinculadas decorrentes desta Lei é garantido pelo Governo Federal, podendo o Banco Central do Brasil instituir seguro especial para esse fim." http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Civil-e-processo-civil/Pedido-de-correcao-monetaria-sobre-valores-de-FGTS-em-face-da-Caixa-Economica-Federal LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 10 "Art. 4º - A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á à taxa de 3% (três por cento) ao ano." "Art. 11º - Fica criado o 'Fundo de Garantia por Tempo de Serviço' (FGTS) constituído pelos conjuntos das contas vinculadas a que se refere esta Lei, cujos recursos serão aplicados com correção monetária e juros, de modo a assegurar cobertura de suas obrigações, cabendo sua gestão ao Banco Nacional de Habitação." Com a Lei nº 8.036, em 11/05/90, passou a CEF a ser a única gestora e depositária do FGTS, conforme determina o artigo 7º, I, e 12º, desta Lei: Os depósitos do FGTS constituem patrimônio dos trabalhadores, assim sendo, mesmo em caso de desligamento do emprego, este patrimônio é de caráter inviolável. Desta forma, pretendem os Autores, através da presente, recompor os valores dos depósitos existentes ou que existiam à época, em suas contas vinculadas do FGTS entre os anos de 1999 à 2013, período que houve ilegal e comprovada lesão ao patrimônio deles, trabalhadores. Como bem demonstrado, a legislação pertinente ao FGTS, mesmo com as constantes alterações na política interna do país, decorrentes das frustradas tentativas de conter a inflação galopante através da edição de pacotes econômicos, não restou alterada, permanecendo os mesmos critérios de atualização de seus saldos, ou seja, a aplicação integral da correção monetária ocorrida, face a constatação de real inflação no período. Realmente ilegal, inconstitucional e arbitrária a atitude do Poder Executivo, a qual resultou em prejuízos econômicos no patrimônio da Autora e demais trabalhadores brasileiros optantes pelo regime do FGTS, pois, de acordo com o já expedido, os saldos depositados deveriam ser corrigidos monetariamente pela aplicação integral e real dos índices inflacionários ocorridos em todos os meses. A Autora tem direito a aplicação integral da referida correção monetária aos seus saldos do FGTS. Não poderia o Governo, com a edição de regras diferenciadas das que normatizavam as condições para a atualização das contas do FGTS, prejudicar o direito adquirido dos Autores e desrespeitar uma situação de poder, do qual os LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 11 mesmos eram e são titulares através do ato jurídico perfeito firmado pelo contrato de trabalho de cada um. Conforme tese defendida, o STF declarou ilegal a correção monetária pela TR no caso dos RPV/Precatórios (conforme decisão enviada), os efeitos desta decisão extrapolou os limites do processo em referência, abrindo assim o precedente para a correção do FGTS que estava praticamente congelado, em 2012 a correção foi de 0%. Diante das razões expostas invoca a Autora a proteção da justiça a fim de vera incorporados em seu saldo do FGTS o valor real das perdas, responsabilidade da requerida. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUÍTA A autora é carecedora do benefício da assistência judiciária gratuita de que trata a Lei Federal nº 1.060/50, com igual respaldo do texto insculpido nos artigos 5º, inciso I e artigo 6º, VII, ambos do CDC e, ainda, forte no artigo 5º, inciso LXXIV da Carta Magna de 1988, porque não possui condições financeiras de arcar com o pagamento das despesas processuais, sem o prejuízo de seu sustento básico e de sua família. Por fim, a autora declara a impossibilidade de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme “Declaração de Pobreza ” anexa. (Doc. Anexo). DIANTE DO EXPOSTO, REQUER: Em análise de mérito, determine à Caixa Econômica Federal que: a) Declare o direito da Autora à obtenção de correção monetária em suas contas vinculadas do FGTS, existentes. b) Venha a pagar à parte autora o montante correspondente ao valor corrigido pelo índice de correção monetária deferido (INPC/IPCA/outro definido pelo Douto Juízo) nos meses em que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e vincendas; LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 12 c) Pagar à parte autora o montante correspondente ao valor corrigido pelo índice de correção monetária deferido (INPC/IPCA/outro definido pelo Douto Juízo), desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas foi menor que a inflação do período ou, alternativamente, pagar a favorda parte autora o montante correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação do índice de correção definido, correspondentes às perdas inflacionárias do trabalhador nas contas do FGTS, no entender deste Juízo, desde Janeiro de 1999, inclusive nos meses em que a TR foi zero. d) A declaração de inconstitucionalidade da parte do artigo 13 da Lei n° 8036/90, a qual determina a utilização da Taxa Referencial como indexador de correção monetária para os depósitos realizados na conta vinculada ao FGTS. e) Que se ordene a citação da requerida, para querendo contestar a presente ação, sob pena de revelia e efeitos da confissão; f) A concessão de correção monetária e juros legais sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima; g) A condenação da Ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios na ordem de 20% sobre o valor da condenação; h) Junta em anexo Contrato de Honorários Advocatícios para reserva de honorários advocatícios, i) Em caso da Autora, quando da execução da r. sentença, estar desligada do empregador (por dispensa ou aposentadoria) e já ter levantado os depósitos existentes em suas contas vinculadas, seja a condenação pleiteada nas letras b.1, b.2 e b.3 convertida em pagamento direto perante esse r. juízo dos valores correspondentes às diferenças apuradas em liquidação, e que se referem às correções monetárias sonegadas. j) A concessão dos benefícios da justiça gratuita à parte autora, uma vez que pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração de hipossuficiência anexa.(se for o caso) LUCIANA ALVEZ Luciana dos Santos Alvez OAB 66.766 13 REQUERIMENTOS FINAIS Requerer a Autora à citação da requeridas para, no prazo legal, oferecerem a contestação que pretenderem, sob pena de revelia. Seja intimado o Ministério Público Federal para acompanhar os termos da presente Ação contestada ou não, pede-se seja a presente julgada procedente, a fim de serem as requeridas condenadas nos termos do pedido além dos honorários base de 20% sobre o valor da condenação, mais custas processuais. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, principalmente prova documental – pugnando desde já pela juntada dos extratos do Fundo de Garantia apenas em sede de liquidação de sentença, conforme exposto preliminarmente. Adicionalmente, pede a declaração expressa de prequestionamento de todos os dispositivos direta e indiretamente mencionados nesta exordial, de maneira a possibilitar o protocolo de posteriores recursos. Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais (sem prejuízo de eventual complementação posterior). Termos em que, Pede deferimento. Porto Alegre, 15 de junho de 2021. LUCIANA DOS SANTOS ALVEZ OAB/RS 66.766