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10 - Biodiversidade e biopirataria

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Biodiversidade e biopirataria
Apresentação
A biotecnologia é onipresente no dia a dia, desde o alimento e a roupa que se veste, até o 
medicamento que se consome. De alguma maneira, direta ou indiretamente, tudo isso é provido 
graças à diversidade de recursos biológicos oriundos da natureza. Infelizmente, algumas vezes, a 
biotecnologia é usada a favor de interesses econômicos privados, acabando por nos afetar 
negativamente.
A biopirataria é uma palavra relativamente nova para uma prática antiga, a qual tem chamado mais 
atenção nas últimas décadas devido a suas danosas consequências à biodiversidade mundial. Os 
agentes envolvidos com a biopirataria muitas vezes fazem uso da biotecnologia, de modo a 
possibilitar a sua prática.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você compreenderá algumas maneiras de como o eixo de relação 
entre biotecnologia, biodiversidade e biopirataria pode afetar muitas vidas. Ainda, entenderá 
melhor tudo que envolve os conceitos de biodiversidade e biopirataria, além de verificar de que 
maneira eles estão relacionados à biotecnologia. Por fim, conhecerá alguns meios legais, além de 
instituições existentes, que visam à proteção da biodiversidade, prevenindo a prática da 
biopirataria.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Conceituar biodiversidade e biopirataria.•
Relacionar biodiversidade, biopirataria e biotecnologia.•
Explicar a relação entre biopirataria e proteção da biodiversidade.•
Infográfico
A biotecnologia possibilita a identificação de processos que condicionam o desenvolvimento 
industrial em diversos setores, como: agricultura, pecuária, alimentação, saúde e meio ambiente. Ao 
mesmo tempo, ela também pode contribuir com investimentos em tecnologias, de modo a frear o 
processo de extinção de espécies, preservando, assim, a biodiversidade. Por outro lado, o avanço 
da biotecnologia e a facilidade de registrar marcas e patentes em âmbito internacional têm 
provocado um aumento na biopirataria mundial.
O Brasil é um país riquíssimo em biodiversidade, a saber pela sua grande variedade de biomas. Essa 
grandeza em biodiversidade, infelizmente, atrai a biopirataria de maneira intensa.
Neste Infográfico, você vai visualizar de que maneira a biotecnologia, como tema central, se 
relaciona à biodiversidade e à biopirataria. Por meio de exemplos você vai ver que os três conceitos 
se interrelacionam a todo momento.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/dba64168-da9a-4fd9-aae2-8971bda9dd95/2dd40f0f-c993-4e3e-9080-7ac4c74c4b92.png
Conteúdo do livro
A biodiversidade mundial tem sido alvo de grande interesse econômico por parte de grandes 
nações internacionais. Esta intensa busca por lucros contribui para uma constante e grave ameaça 
de recursos biológicos mundiais — a biopirataria. O avanço desenfreado da biotecnologia muitas 
vezes acaba por reforçar essa prática exploratória.
No capítulo Biodiversidade e biopirataria, da obra Biotecnologia, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, você vai estudar a inter-relação entre as palavras biopirataria, biodiversidade e 
biotecnologia.
Boa leitura.
BIOETECNOLOGIA
Juliana Oliveira Rangel
Biodiversidade 
e biopirataria
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Conceituar biodiversidade e biopirataria.
 Relacionar biodiversidade, biopirataria e biotecnologia.
 Explicar a relação entre biopirataria e proteção da biodiversidade.
Introdução
A biodiversidade constitui um dos bens mais valiosos de uma nação 
e, por isso, sempre foi alvo de ganância. Tamanha é a sua relevância 
que a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 2010, ano in-
ternacional da biodiversidade, um plano estratégico para a década 
2011-2020. O Brasil é referência mundial nas variedades biológicas, 
possuindo cerca de um terço de florestas tropicais que ainda restam 
no mundo e uma das maiores reservas de água doce. Em decorrência 
dessa riqueza na biodiversidade, existe uma constante e preocupante 
ameaça exploratória de recursos biológicos, a biopirataria. Com o avanço 
da biotecnologia e a possibilidade de manipulação genética, diversos 
compostos derivados de plantas silvestres, ou mesmo de espécies 
animais, têm sido considerados alvos de lucros por parte de algumas 
empresas nacionais e internacionais. 
Neste capítulo, você vai estudar a inter-relação entre os termos 
biopirataria-biodiversidade-biotecnologia. Também vai conhecer as 
diversas maneiras como a biopirataria pode afetar a biodiversidade 
mundial, e vai compreender a associação desses elementos com a 
biotecnologia.
Conceitos de biodiversidade e biopirataria
Biodiversidade
O artigo 2º da lei nº. 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional da Unidades 
da Conservação da natureza (SNUC), defi ne a biodiversidade, ou diversi-
dade biológica, como: “[...] a variabilidade de organismos vivos de todas as 
origens, compreendendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e 
outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, 
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies entre espécies e de 
ecossistemas” (BRASIL, 2000, documento on-line). De maneira mais sucinta, 
a WWF Brasil, respeitada organização brasileira dedicada à conservação da 
natureza, defi ne a biodiversidade como a riqueza e a variedade do mundo 
natural. Em outras palavras, os termos biodiversidade e diversidade biológica 
abrangem todas as formas de vida existentes na Terra, sejam elas macro ou 
microscópicas (WWF BRASIL, 2018).
É possível quantificar a biodiversidade por meio de um modelo matemático 
chamado "medidas de riqueza", que estima o número de espécies presentes em 
uma comunidade. Essas espécies compreendem as plantas, animais e micro-
-organismos, e também considera toda a diversidade genética existente entre 
elas. Somada à diversidade genética, ainda é preciso considerar a infinidade 
de habitats e ecossistemas existentes, que interferem diretamente na biodi-
versidade (AMAZON LINK, 2018; BARBOSA, 2001).
Assim, você percebe que a diversidade biológica está em todo lugar: nos 
desertos e savanas, nas tundras congeladas ou mesmo em fontes de água 
sulfurosas. A Amazônia constitui uma das maiores fontes de biodiversi-
dade mundial, justificado em parte pela infinidade de plantas, base de todos 
os ecossistemas. Essa exuberante vegetação floresce com mais intensidade 
devido ao clima quente e úmido, característico dos trópicos. Na Figura 1 se 
verificam os hotspots da biodiversidade, áreas com grande biodiversidade, 
ricas principalmente em espécies nativas. É possível notar que os ecossistemas 
tropicais são os que concentram a maior biodiversidade, e assim acabam por 
atrair altos graus de ameaça (AMAZON LINK, 2018). 
Biodiversidade e biopirataria2
Figura 1. Hotspots da biodiversidade no mundo.
Fonte: Nature Publishing Group apud Myers et al. (2000). 
De maneira geral, considera-se que Brasil, Colômbia, Venezuela, México, 
Equador e Peru são os países da América Latina mais ricos em biodiversidade. 
Nos outros continentes, destacam-se: Zaire e Madagascar (África); China, 
Índia, Malásia e Indonésia (Ásia) e a Austrália, na Oceania. Surpreenden-
temente, das milhões de espécies no mundo, apenas cerca da metade foi 
identificada. Na Figura 2 é possível dimensionar a quantidade de espécies 
nacionais não identificadas comparada com os dados mundiais. Percebe-se 
que no Brasil, até o momento, apenas cerca de 1,7 milhão foram identificadas, 
e isso demonstra o longo caminho que ainda há pela frente (VALOIS, 1998; 
WWF BRASIL, 2018).
Toda essa biodiversidade pode ser importante para a saúde humana, uma 
vez que ela pode fornecer enorme variedade relativa a alimentos essenciais. 
Além disso, fornece matéria-prima para a fabricação de medicamentos e grande 
parte da matéria-prima industrial consumidapelo ser humano (BRUNO, 2015; 
BARBOSA, 2001).
3Biodiversidade e biopirataria
Figura 2. A biodiversidade no Brasil e no mundo.
Fonte: Adaptada de Gestão Ambiental UFSM (2012, documento on-line).
Biopirataria
Atualmente, a biodiversidade mundial tem sofrido graves ameaças, com a 
importante redução no número de organismos específi cos e até mesmo a ex-
tinção de espécies. A biopirataria fi gura entre as inúmeras causas para essas 
perdas inestimáveis que vêm ocorrendo em ritmo acelerado. A biopirataria é 
defi nida como a exploração ou apropriação ilegal de recursos da fauna e da fl ora 
e do conhecimento das comunidades tradicionais. O conceito de biopirataria 
surgiu em 1992, nos documentos da Convenção Sobre Diversidade Biológica, 
apresentada durante a Eco92, no Rio de Janeiro (VALÉRIO et al., 2010). 
Entre os pontos fundamentais definidos nessa convenção destaca-se o re-
conhecimento dos direitos soberanos dos Estados sobre seus próprios recursos 
genéticos, oriundos da biodiversidade. Um dos grandes desafios enfrentados pelo 
Brasil e por outros países ricos em biodiversidade é garantir que esses princípios 
sejam respeitados. O Brasil carece de uma legislação eficiente que regule e fisca-
lize o acesso a esses recursos biológicos, o que acaba facilitando sua exploração 
econômica. Isso acarreta a obtenção desses produtos de maneira ilegal, ou seja, 
por meio da biopirataria (AMAZON LINK, 2018; VALÉRIO et al., 2010).
Biodiversidade e biopirataria4
É comum associar a biopirataria às grandes indústrias farmacêuticas. 
Tal fato tem suscitado intensos debates acerca da apropriação indevida de 
conhecimentos de propriedades terapêuticas de produtos da fauna e da flora 
locais, ou de seus princípios ativos utilizados para a confecção de medica-
mentos. Essa posse de recursos biológicos geralmente envolve comunidades 
de agricultores, indígenas e quilombolas, que são explorados por indivíduos 
ou por instituições que procuram o controle exclusivo sobre esses recursos e 
conhecimentos (VALÉRIO et al., 2010).
A estimativa é de que existam mais de 100 milhões de espécies diferentes no mundo.
  De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil abriga a maior 
biodiversidade do planeta devido à diversidade de biomas, que reflete a enorme 
riqueza de fauna e flora brasileiras (Figura 3).
  O grupo de animais com maior diversidade de espécies é o dos invertebrados, 
sendo que mais da metade dos animais já identificados pertence a esse grupo.
 
Figura 3. Biomas brasileiros.
Fonte: Magalhães (2018, documento on-line).
5Biodiversidade e biopirataria
A relação entre biodiversidade, biopirataria 
e biotecnologia
A biotecnologia compreende uma ampla área de conhecimento interdisciplinar. 
Está presente de maneira constante no cotidiano, impactando direta e indire-
tamente a nossa vida. Para o profi ssional da saúde é essencial entender de que 
maneira se dá esse impacto, de modo a aplicar esse conhecimento na solução 
de problemas referentes à saúde humana ou ambiental. Segundo Bruno (2015), 
a biotecnologia é defi nida como um conjunto de conhecimentos que permite 
a utilização de agentes biológicos para obter bens ou assegurar serviços. O 
problema é que a utilização da biotecnologia nem sempre trabalha a favor da 
natureza, mas, muitas vezes, em benefício do lucro individual. 
A biotecnologia visa à saúde humana, animal ou ambiental por meio dos seguintes 
aspectos:
  obtenção ou modificação de produtos;
  melhoramento de plantas e animais;
  desenvolvimento de micro-organismos para usos específicos;
  modificação e desenvolvimento de novos processos industriais.
A aplicação desses processos geralmente envolve grandes empresas de biotecno-
logia, assim como da indústria farmacêutica.
Em relação à biodiversidade, a biotecnologia apresenta duas faces dis-
tintas. Por um lado, a maioria das descobertas na área biomédica acerca das 
diferentes espécies de plantas e animais, deu-se graças à intensa investigação 
da biologia e genética. Técnicas in vitro e bancos de DNA, por exemplo, 
são ferramentas valiosas para a conservação da biodiversidade de plan-
tas. Os cientistas procuram maneiras de desenvolver novas variedades de 
melhor rendimento e alta qualidade que possam resistir a doenças, pragas 
em constante evolução e estresses ambientais. De outro lado, o avanço 
da biotecnologia junto à facilidade de se registrar marcas e patentes em 
âmbito internacional, tem possibilitado o aumento da exploração de re-
cursos biológicos. Por exemplo, a engenharia genética — importante ramo 
Biodiversidade e biopirataria6
biotecnológico — tem propiciado uma maneira fácil de evitar mecanismos 
de vigilância e segurança. Bastam algumas células para se reproduzir uma 
espécie, dificultando sua detecção no transporte, em função do reduzido 
tamanho da amostra (BRUNO, 2015; BARBOSA, 2001). 
O banco de DNA é um exemplo prático de como a biotecnologia pode agir em benefício 
da biodiversidade. Esse banco constitui um método eficiente, simples e de longo 
prazo usado na conservação de recursos genéticos para a manutenção da diversidade 
biológica. Requer apenas pequeno tamanho da amostra para armazenamento e 
mantém a natureza estável do DNA no armazenamento a frio. 
Os usos podem ser bem variados, mas pode-se citar entre os mais comuns estudos 
de filogenia molecular, de variabilidade populacional e, mais recentemente, aplicação 
de técnicas de identificação de espécimes através de DNA. Dentro dessa perspectiva, 
bancos de DNA têm um grande potencial em longo prazo, por exemplo, para biopros-
pecção de genes de interesse biotecnológico, médico ou farmacêutico.
A possibilidade de driblar a vigilância por meio da biotecnologia, somada 
à incipiente legislação no ramo da biopirataria, acaba por favorecer a explo-
ração e comercialização da biodiversidade mundial. O termo "biopirataria" 
não se refere apenas ao contrabando de diversas espécies de plantas e ani-
mais. A apropriação e monopolização dos conhecimentos das populações 
locais onde se concentram os recursos biológicos, também é considerada 
biopirataria. Além disso, o patrimônio genético tem se constituído outro 
alvo. Esse patrimônio se refere a toda informação de origem genética, contida 
em amostras de espécies vegetais, fúngicas, microbianas ou animais, seja 
na forma de moléculas ou qualquer substância derivada do metabolismo 
desses organismos. No Brasil, evitar a biopirataria é um trabalho árduo. Ela 
ocasiona tristes consequências como o desmatamento florestal, exploração 
da madeira e a sumiço da fauna local. As populações locais, como quilom-
bolas e indígenas, vêm perdendo o controle sobre esses recursos. A toda 
hora alguma espécie entra em extinção, e dificilmente saberemos se um 
estudo sobre ela nos auxiliaria na descoberta de um novo fármaco ou vacina 
(VALÉRIO et al., 2010). 
7Biodiversidade e biopirataria
  Segundo o Ibama e confirmado pela ONU, o tráfico de animais silvestres é o ter-
ceiro maior do mundo, perdendo apenas para o contrabando de drogas e armas.
  No mercado mundial de medicamentos, 30% dos remédios são de origem vegetal 
e 10% de origem animal. 
  Na Amazônia foram identificadas 105 espécies medicinais que estão entre as mais 
visadas. Entre alguns dos produtos mais procurados pelos biopiratas estão: as 
cascas da catuaba e do ipê-roxo, folhas da pata-de-vaca e cipó da unha-de-gato.
  De acordo com estudos realizados por pesquisadores brasileiros, o mercado far-
macêutico global rende cerca de US$ 320 bilhões anuais. 
  Estima-se que 25 mil espécies de plantas sejam usadas para a produção de 
medicamentos.
  A internet é um dos meios mais utilizados para a venda ilegal de animais silvestres.
Biopirataria e proteção da biodiversidade
A biodiversidade permite que ecossistemas se realinhem após um evento 
trágico, como um incêndio ou uma inundação extrema. Da mesma maneira, 
a diversidade genética previne doenças e permite que espécies se adaptem 
a alterações ambientais. Emboraa extinção de algumas espécies seja parte 
natural da história, hoje as espécies vêm se extinguindo em uma velocidade 
alarmante em função de graves mudanças ambientais e climáticas provocadas 
pela interferência humana. Para agravar a situação, a biopirataria é outro 
fenômeno que contribui para esse ritmo acelerado no prejuízo à biodiversi-
dade. Estima-se que atualmente as espécies têm se extinguido cerca de cem 
a mil vezes mais rápido do que seria esperado para a taxa natural de extinção 
(BARBOSA, 2001; AMAZON LINK, 2018; BRASIL, 2000). 
A biopirataria tem trazido sérias consequências à saúde mundial e embora 
não pensemos a respeito, somos afetados pela crise da biodiversidade. A 
WWF defende que a diversidade biológica é um recurso do qual dependem 
famílias, comunidades, nações e gerações futuras. E o patrimônio natural 
da Terra é composto por plantas, animais, terra, água, atmosfera e os se-
res humanos. Juntos, fazemos todos parte dos ecossistemas do planeta. A 
perda de diferentes habitats ou sua degradação, associada a essa exploração 
exagerada dos recursos naturais, pode favorecer a propagação de pragas ou 
doenças. Um exemplo bem prático de ameaça que já nos atinge diretamente 
é a perda de acesso à água doce. Atualmente, cerca de um terço do total de 
espécies conhecidas se encontra ameaçada de extinção, segundo a União 
Biodiversidade e biopirataria8
Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Esse número engloba 
cerca de 29% dos anfíbios, 21% dos mamíferos e 12% de todas as aves. Além 
do perigo de extinção, que tanto espécies vegetais quanto animais sofrem, 
a biopirataria pode acarretar outros danos, tais como: risco de perdas de 
exportações por restrições decorrentes da patente de compostos com origem 
no próprio país, e privatização de recursos genéticos (derivados de plantas, 
animais e micro-organismos) anteriormente disponíveis para comunida-
des tradicionais. A biopirataria ainda ocasiona um importante prejuízo à 
economia brasileira. O Ibama informa que as cifras perdidas, decorrentes 
da biopirataria internacional que leva as matérias-primas brasileiras e os 
patenteia em seus países, alcançam a ordem de bilhões de dólares ao ano 
(BARBOSA, 2001; WWF BRASIL, 2018). 
Existem alguns casos interessantes de recursos biológicos de origem brasileira que 
foram pirateados por indústrias do exterior: o açaí, a copaíba, o cupuaçu, jaborandi, 
andiroba e o veneno de jararaca. O açaí é um exemplo de produto que teve a patente 
recuperada pelo Brasil, porém a maioria dos outros casos teve a patente registrada 
em nome de grandes empresas milionárias do Japão e Alemanha. O princípio ativo 
do veneno da jararaca (descoberto por um brasileiro), por exemplo, acabou rendendo 
a patente de um conhecido medicamento contra a hipertensão — o captopril — a 
uma empresa americana.
Outro caso histórico, que constitui o primeiro caso de biopirataria no Brasil, é o do 
pau-brasil. Sua resina servia como corante para indústria têxtil na Europa e sua madeira 
era utilizada para móveis, utensílios, instrumentos musicais e também na construção 
civil e naval. Toneladas de árvores eram derrubadas e transportadas a partir de mão de 
obra indígena. Essa intensa exploração exercida pelos portugueses por volta de 1500 
acabou por colocar o pau-brasil na lista de espécies ameaçadas de extinção, em 2004.
Sobre a proteção à biodiversidade, o artigo nº. 225 da Constituição Federal 
incumbe o poder público no dever de preservar todo o patrimônio genético 
brasileiro e fiscalizar as instituições de pesquisa que manipulam material 
genético. No entanto, a reação brasileira ainda é incipiente em relação à bio-
pirataria, mesmo com o grande prejuízo nacional. Por enquanto existe apenas 
uma Medida Provisória (nº. 2.186) sobre o tema, criada logo após a conclusão 
da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de 2003, que investigou a bio-
pirataria no Brasil, e sem grande sucesso. Esse problema não fica restrito ao 
Brasil, há diversas fontes no mundo demonstrando que grandes companhias 
9Biodiversidade e biopirataria
de países desenvolvidos têm se utilizado de recursos biológicos extraídos 
de outros países ricos em biodiversidade, sem prévia autorização. Toda essa 
exploração é baseada na relevância socioeconômica da biodiversidade. Para 
se ter ideia dessa dimensão, os serviços a ela associados, como a indústria 
de biotecnologia e de atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais 
rendem anualmente cerca de 30 trilhões de dólares, representando quase o 
dobro do PIB mundial (VALÉRIO et al., 2010; GALISTEU, 2011). 
No intuito de tratar o problema, alguns países liderados pelo Brasil e pela 
Índia, elegeram a Organização Mundial do Comércio (OMC) como o melhor 
local para se discutir a questão da biopirataria. Esses países referem que o 
acordo atual de propriedade intelectual da OMC (o Acordo TRIPS, sigla em 
inglês para o Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao 
Comércio) dá permissão à biopirataria, e por isso tentam alterá-lo. A questão 
é discutida desde 1999, e encontra grande resistência de países desenvolvidos, 
como Estados Unidos e Japão (GALISTEU, 2011).
Em meio a todos esses atrasos, felizmente existem áreas destinadas à 
proteção da biodiversidade. Esses locais são essenciais para redução das 
altas taxas de extinção, servindo como refúgios para espécies e abrigos 
para a diversidade genética. O governo brasileiro protege as áreas naturais 
por meio de Unidades de Conservação. Para atingir esse objetivo de forma 
efetiva e eficiente, foi instituído no ano 2000 o SNUC (BRASIL, 2000; 
BARBOSA, 2001). 
Tipos de unidades de conservação 
Ao todo, existem 12 tipos de Unidades de Proteção Integral. Aqui estão algumas delas: 
  Estações ecológicas: áreas de preservação natural, onde não é permitido que 
haja a presença de propriedades privadas. Apenas pesquisas científicas podem 
ser feitas nessas estações e a visitação pública é proibida. 
  Reservas biológicas: é proibida a presença de propriedades privadas e de visitação 
pública (exceto com fins educacionais), e até as pesquisas científicas dependem 
de autorização dos órgãos responsáveis.
  Parques nacionais: o objetivo é a preservação de ecossistemas naturais de grande 
relevância ecológica, sendo permitidos a realização de pesquisas científicas e o 
desenvolvimento de atividades de educação, recreação e turismo ecológico.
Biodiversidade e biopirataria10
A biodiversidade é a base da saúde do planeta e tem um impacto direto 
sobre a vida de todos nós. A redução da biodiversidade significa que milhões 
de pessoas estão diante de um preocupante futuro em que os estoques de 
alimentos serão mais vulneráveis a pragas e doenças e a oferta de água doce 
será escassa. Assim, preservar o meio ambiente e os recursos naturais significa 
garantia de vida. Por essa razão, medidas mais efetivas são necessárias para 
assegurar a proteção do rico patrimônio da biodiversidade mundial. Os índices 
alarmantes de extinção requerem com urgência a união de forças de governos 
mundiais no combate à biopirataria, utilizando-se de leis mais rígidas e intensa 
fiscalização de atividades exploratórias. Não esqueçamos que é possível utilizar 
os recursos naturais de modo sustentável, sem esgotá-los.
Qual o problema afinal?
Tanto o uso dos componentes da biodiversidade para fins terapêuticos diretos, quanto 
o desenvolvimento da biotecnologia, têm sido positivos para a melhoria da saúde e 
da qualidade de vida de parte da população humana. No entanto, existem problemas 
de várias naturezas:
  Interesses econômicos e exclusão: a maior parte dessas novas pesquisas biotec-
nológicas é desenvolvida por empresas que visam lucro acima de tudo. Assim, o 
resultado pode ser a produção de medicamentos ou tratamentos caros e inacessíveis 
para grande parte da população.
  Conhecimento tradicional e propriedade intelectual: o conhecimento de po-
tenciais alvos terapêuticos vem, muitas vezes, de usos tradicionais quepovos indí-
genas e comunidades locais fazem de plantas, animais e micro-organismos. Assim, 
questões como direito da propriedade de direito intelectual podem ser levantadas.
  Acesso aos recursos biológicos: na fase de análise e testes do potencial alvo 
terapêutico, podem surgir questões jurídicas como o local de coleta do recurso 
biológico, se é área pública ou privada, onde serão realizadas as pesquisas com o 
composto, e como se dará a comercialização do produto (nacional ou internacional).
  Florestas nacionais: áreas com cobertura florestal nativa com o objetivo básico de 
uso sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica. São de posse e domínio 
públicos, e áreas particulares dentro do seu domínio devem ser desapropriadas. 
  Áreas de proteção ambiental: área destinada à preservação de recursos ambientais 
que pode ser constituída por terras públicas ou privadas. Nas áreas sob propriedade 
privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação, 
observadas as exigências e restrições legais.
11Biodiversidade e biopirataria
Informações sobre coleções de DNA estão disponíveis on-line nos sites de instituições 
que promovem iniciativas em relação à biodiversidade. Acesse os links a seguir e 
conheça as bases de dados:
  Global Biodiversity Information Facility (banco de dados, disponibiliza várias 
ferramentas) 
https://goo.gl/hHfYrW
  Species 2000 (índice global de espécies)
https://goo.gl/V5opnV
AMAZON LINK. Biopirataria na Amazônia: perguntas e respostas. 2018. Disponível 
em: <https://www.amazonlink.org/biopirataria/biopirataria_faq.htm>. Acesso em: 
11 nov. 2018.
BARBOSA, F. B. C. A biotecnologia e a conservação da biodiversidade amazônica, sua 
inserção na política ambiental. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, DF, v. 18, n. 2, 
p. 69-94, maio/ago. 2001. Disponível em: <https://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/
article/viewFile/8843/4974>. Acesso em: 11 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº. 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e 
VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF, 2000. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm>. Acesso em: 11 nov. 2018.
BRUNO, A. N. (Org.). Biotecnologia I: princípios e métodos. Porto Alegre: Artmed, 2015.
GALISTEU, F. H. Biodiversidade e propriedade intelectual. 2011. Disponível em: <https://
jus.com.br/artigos/20639/biodiversidade-e-propriedade-intelectual>. Acesso em: 11 
nov. 2018.
GESTÃO AMBIENTAL UFSM. SNUC e a biodiversidade no Brasil. 03 dez. 2012. Disponível 
em: <http://gestaoambientalufsm.blogspot.com/2012/12/sunc-e-biodiversidade-no-
-brasil.html>. Acesso em: 11 nov. 2018.
MAGALHÃES, L. Biomas Brasileiros. 2018. Disponível em: <https://www.todamateria.
com.br/biomas-brasileiros/>. Acesso em: 11 nov. 2018.
Biodiversidade e biopirataria12
MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 
853-858, 2000.
VALÉRIO, C. et al. A biopirataria: problemas da modernidade. In: SEMINÁRIO DE PES-
QUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 6., 2010, Caxias do Sul. Anais... Caxias do Sul: 
UCS, 2010. Disponível em: <https://www.ucs.br/ucs/eventos/seminarios_semintur/
semin_tur_6/arquivos/10/A%20biopirataria%20problemas%20da%20modernidade.
pdf>. Acesso em: 11 nov. 2018.
VALOIS, A. C. C. Biodiversidade, biotecnologia e propriedade intelectual: um depoi-
mento. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, DF, v.15, n. especial, p. 21-31, 1998. 
Disponível em: <https://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/view/8914/5034>. 
Acesso em: 11 nov. 2018.
WWF BRASIL. O que é biodiversidade? 2018. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/
wwf_brasil/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biodiversidade/>. Acesso em: 
11 nov. 2018.
Leituras recomendadas
MARTINS, H. C. C.; MILANEZI, N. G. Biopirataria no Brasil: análise dos mecanismos de 
proteção dos conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade. 2011. Dispo-
nível em <http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/6mostra/artigos/SAUDE/HELLEN%20
CRISTINA%20CLEMENTE%20MARTINS%20E%20NAT%C3%81LIA%20VON%20GAL%20
MILANEZI.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2018.
O ECO. O que é o SNUC. 16 abr. 2014. Disponível em: <https://www.oeco.org.br/dicionario-
-ambiental/28223-o-que-e-o-snuc/>. Acesso em: 11 nov. 2018.
RODRIGUES, S. ONU lança plataforma para monitorar biodiversidade. 2018. Disponível em: 
<https://www.oeco.org.br/blogs/salada-verde/onu-lanca-plataforma-para-monitorar-
-biodiversidade/>. Acesso em: 11 nov. 2018.
13Biodiversidade e biopirataria
Conteúdo:
Dica do professor
A biopirataria consiste na exploração, manipulação e apropriação ilegal de espécies da fauna e da 
flora, de material genético e de conhecimentos das populações tradicionais de uma nação para a 
exploração comercial em outra, sem o devido pagamento de patente.
Nesta Dica do Professor, você vai ver alguns exemplos práticos de biopirataria (com alguns casos 
que ganharam fama no Brasil), assim como os fatores que estão contribuindo para o aumento dessa 
prática.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/234190e5b99442fb9d245aa047ec6745
Na prática
Em uma viagem de férias para curtir a natureza, Cristiano conheceu um senhor na pousada na qual 
se hospedou. Esse senhor relatou que a grande área florestal vinha sofrendo constantes 
depredações, com recente despejo ilegal de lixo. Questionado se era uma região protegida, ele 
afirmou que não sabia.
Veja a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Projeto Drake: a Polícia Federal contra a biopirataria
Leia o seguinte artigo para conhecer a ação da Polícia Federal contra a biopirataria, entendendo 
melhor algumas normas jurídicas que configuram essa prática.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Biopirataria I
Leia o seguinte artigo para observar que a maior parte dos medicamentos são frutos da 
biodiversidade, além de conhecer alguns novos casos de recursos brasileiros biopirateados, 
compreendendo a falha legal de proteção ao emprego de patentes estrangeiras.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
A biodiversidade em disputa
Leia o seguinte artigo para conhecer como o manejo de recursos biológicos, assim como os 
conhecimentos associados a eles, podem ser assegurados.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/projeto_drake%3A_a_policia_federal_contra_a_biopirataria.html
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/biopirataria_i.html
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/a_biodiversidade_em_disputa.html
Biotecnologia agrícola: dez anos de benefícios e um futuro 
promissor
Leia o seguinte artigo para entender a importância da modificação genética dentro do ramo da 
biotecnologia agrícola.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/biotecnologia_agricola%3A_dez_anos_de_beneficios_e_um_futuro_promissor.html

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