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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA TEORIAS DA APRENDIZAGEM SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 1 EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E A PRIMEIRA INFÂNCIA ....................... 05 2 CONSTRUTIVISMO E SOCIOINTERACIONISMO....................................... 10 3 WALDORF .................................................................................................... 12 4 FREINET ....................................................................................................... 14 5 WALLON....................................................................................................... 20 6 TEORIA MONTESSORIANA ........................................................................ 22 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS.......................................... 38 3 INTRODUÇÃO Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) elaborado em 1998 pela equipe do Ministério da Educação, saber o que é estável e o que é circunstancial em sua pessoa, conhecer suas características e potencialidades e reconhecer seus limites é central para o desenvolvimento da identidade e para a conquista da autonomia da criança. A capacidade das crianças de terem confiança em si próprias e o fato de sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas oferecem segurança para a formação pessoal e social. A possibilidade de desde muito cedo efetuarem escolhas e assumirem pequenas responsabilidades favorece o desenvolvimento da autoestima, essencial para que as crianças se sintam confiantes e felizes. 4 O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados com os processos de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias. Isso pode ocorrer nas instituições de educação infantil que se constituem, por excelência, em espaços de socialização, pois propiciam o contato e o confronto com adultos e crianças de várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, costumes, hábitos e valores, fazendo dessa diversidade um campo privilegiado da experiência educativa. O trabalho educativo pode, assim, criar condições para as crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais. Pois bem, partindo das premissas ou justificativas acima, introduzimos o que há de mais importante para que as crianças cresçam saudáveis. Veremos ao longo de todo curso, tópicos voltados para o trabalho com crianças na primeira infância, ou seja, que vai do nascimento aos 6 anos de idade. Passaremos pelas teorias da aprendizagem, discorreremos sobre o desenvolvimento infantil numa perspectiva motora onde teremos contribuições da psicomotricidade, dos jogos e brincadeiras. Embora falemos de várias teorias da aprendizagem, Piaget e Vygotsky serão aprofundados em suas teorias na apostila oito onde trataremos das relações entre a Psicologia e o desenvolvimento infantil. Ressaltamos que o material para estudo trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 1 EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E A PRIMEIRA INFÂNCIA A educação está presente em todas as sociedades e envolve os mais variados membros, desde a família, professores e até mesmo os colegas e companheiros fazem parte dela. Aqui nos cabe discutir a Educação Infantil, primeira etapa formal e com certeza a mais importante no processo de formação do ser humano (sem desmerecer a família considerada o esteio e base para todos acontecimentos importantes). A Constituição de 1988 reconheceu como direito da criança pequena o acesso à educação em creches e pré-escolas. Esta lei coloca a criança no lugar de sujeito de direitos em vez de tratá-la, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto de tutela. Mesmo sabendo que entre a proclamação de direitos na forma da lei e a consolidação da mesma em práticas sociais adequadas existe um grande hiato, esta lei constitui um marco decisivo para o longo caminho a ser percorrido na busca de uma possível definição do caráter que as instituições de educação infantil devem assumir, sem que reproduzam as práticas desenvolvidas no seio das famílias, nos hospitais ou nas escolas de ensino fundamental (CERISARA, 1999). A educação voltada para crianças até seis anos também encontra respaldo no artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): ―A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade‖. No artigo 30, a LDB distingue os espaços para a Educação Infantil como creches, entidades equivalentes, para crianças até três anos; e, pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Não basta sabermos que a legislação avançou e o poder público tem papel importante nas diversas fases da educação, no sentido de garantir a integração social dos cidadãos mirins, tão importante quanto, está a necessidade de qualidade do ensino, quer seja ela pública ou privada. 6 Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), o espaço da educação infantil não pode ser visto como simplesmente um local onde os pais deixam os filhos para poderem trabalhar, esse espaço vai muito além, pois é ali que acontece a integração, a interação, o aprendizado de desenvolvimento das diversas dimensões do conhecimento. Uma das particularidades da sociedade brasileira é a diversidade étnica e cultural. Essa diversidade apresenta-se com características próprias segundo a região e a localidade; faz-se presente nas crianças que frequentamas instituições de educação infantil, e também em seus professores. O ingresso na instituição de educação infantil pode alargar o universo inicial das crianças, em vista da possibilidade de conviverem com outras crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diversos, de aprender novas brincadeiras, de adquirir conhecimentos sobre realidades distantes. Dependendo da maneira como é tratada a questão da diversidade, a instituição pode auxiliar as crianças a valorizarem suas características étnicas e culturais, ou pelo contrário, favorecer a discriminação quando é conivente com preconceitos. As crianças vão, gradualmente, percebendo-se e percebendo os outros como diferentes, permitindo que possam acionar seus próprios recursos, o que representa uma condição essencial para o desenvolvimento da autonomia (BRASIL, 1998, p. 13). Falando em criança, esta deve ser vista como um agente vivo dentro da escola que precisa e merece todo cuidado e atenção dos educadores, os quais devem vê- las como um ser heterogêneo que são, dotados de características e especificidades inatas a todo ser humano. Quanto a aprendizagem, este é um processo de aquisição do conhecimento, permitindo a todos os seres humanos a experiência da transformação, uma vez que todos os seres humanos ao aprenderem, modificam-se e, por conseguinte, levam ao desenvolvimento da humanidade. 7 A origem da palavra aprendizagem está no latim apprehendere que significa segurar, apanhar, agarrar, tomar conta de, apoderar-se, etc., portanto, seria o ato de tomar conhecimento, guardar na memória. Da aprendizagem não fazem parte somente a memorização e a retenção, mas a construção do conhecimento e esta começa na primeira infância, pois se concordarmos com Brandão (2006), faz parte da missão da escola preparar seres humanos capazes de sobreviver criativamente e criticamente num mundo em permanente mudança, que exigirá deles algo mais do que apenas seguir padrões. Todo esse processo faz parte do seu próprio contexto histórico-cultural. Como afirma Kamii (1995), usando dedos, contas, pedras, entre outros objetos, o homem já ia garantindo o conhecimento e a memória em tempos remotos. Dentro dessa perspectiva, a busca pela compreensão da importância da educação infantil para o desenvolvimento das crianças tem sido alvo de muitos debates e estudo. Desde o final do século XIX, educar as crianças é tido como passo fundamental para o seu crescimento. Numerosos foram os educadores e estudiosos que se dedicaram a estudar essa fase da vida do homem e criaram inúmeras teorias. Neste contexto surge então a preocupação de encontrar uma melhor maneira de educar essas crianças. Pensa-se em utilizar materiais lúdicos nas salas de aula, a fim de não tornar o ensino-aprendizagem um processo apenas retórico. Enfim, veremos algumas das teorias da aprendizagem mais disseminadas ao longo dos anos, pontuando o que elas têm a oferecer. De todo modo, antes, precisamos passar pelo menos rapidamente pelo método de aprendizagem considerado tradicional Essa proposta de ensino privilegia o conteúdo. É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento. O aluno é um elemento passivo, que recebe e assimila o que é transmitido. O seu sistema de avaliação mede a quantidade de informação absorvida. A ênfase está na memorização e na reprodução do conteúdo por meio de exercícios. Privilegia a preparação para o vestibular desde o início do currículo escolar. 8 Essa linha de ensino difundiu-se no século XVIII, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não crítica e ultrapassada nas décadas de 1960 e 1970, mas ainda tem prestígio. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma sólida base de informação. Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina. Segundo Mafra (1987, p. 22) na escola tradicional não se respeitavam as experiências e as necessidades da criança. Ela se resumia numa expressão: passividade do aluno. A criança ia à escola para ouvir e receber conhecimentos. [...] não se levava muito em conta a preparação afetiva e a formação da criança como um todo. São características do método tradicional: Ênfase ao conhecimento memorizado e desenvolvimento social; A mestra desempenha um papel dominante e ativo na atividade de sala; O aluno é um participante passivo no processo de aprendizagem; A mestra atua como a força principal na disciplina; O ensino em grupo é de acordo com o estilo de ensino para adultos; Grupos da mesma idade; Quem ensina é a mestra e não se motiva a colaboração; A estrutura curricular para a criança é feita com pouco enfoque para o interesse da criança; A mestra entrega os conceitos diretamente à criança; Dá-se um tempo específico à criança, limitando seu trabalho; O passo da introdução está usualmente fixado pela maioria do grupo ou pela professora; Se o trabalho é corrigido, os erros são usualmente assinalados pela professora; A aprendizagem é reforçada externamente pela aprendizagem de memória, repetição, recompensa ou desalento (anotações no livro e/ou notas); 9 Poucos materiais para o desenvolvimento sensorial e ensino conceitual de forma, majoritariamente abstrata; A criança usualmente senta-se em sua própria cadeira, insistindo permanentemente de que se sentem quietos e entendam as aulas; Os pais voluntários se reúnem somente para arrecadar dinheiro ou fundos. E, em geral, não participam no entendimento do processo de aprendizagem. Não há dúvidas de que os tempos atuais exigem outros enfoques e outras maneiras de educar, de todo modo não existe uma única maneira, somam-se o que há de melhor em cada das teorias que veremos e aplique-se de acordo com as necessidades e possibilidades da criança. 10 2 CONSTRUTIVISMO E SOCIOINTERACIONISMO O construtivismo nasceu a partir das ideias de Jean Piaget. Sua teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 1970, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas. Hoje está largamente difundido. A proposta dá prioridade à forma como o aluno aprende, enfatizando a construção do conhecimento a partir das relações com a realidade. As escolas que seguem essa teoria têm como ponto de partida a criança e os conhecimentos que ela traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas. O construtivismo sintetiza as teorias que buscam vislumbrar os processos de construção do conhecimento, assim como discutir a complexidade do processo de aprendizagem. Além de Piaget com sua epistemologia genética ou construtivismo liberal piagetiano, encontramos nessa linha, Vigotsky com o construtivismo sócio-histórico, e ainda Henry Wallon e Emília Ferreiro. As teorias construtivistas buscam superar o inatismo1 e o empirismo2. De acordo com o construtivismo, o conhecimento não pode ser concebido nem de uma forma inata, ou seja, a priori, nem a posteriori. Ele vai ser construído a partir das experiências do sujeito e de suas próprias características, ou seja, do modo como organiza seu pensamento. Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relaçõessociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento. 1 Afirma que o conhecimento é a priori (o sujeito nasce com os saberes). 2 Acredita que o conhecimento é produzido a partir das sensações, das experiências (o sujeito é uma tabula rasa e suas experiências vão fornecendo os conhecimentos ao longo da vida). 11 Construtivismo é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. No caso de Piaget, o mundo do conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento. Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da História - da Humanidade e do Universo. Não se pode esquecer que, em Piaget, aprendizagem só tem sentido na medida em que coincide com o processo de desenvolvimento do conhecimento, com o movimento das estruturas da consciência. Por isso, se parece esquisito dizer que um método é construtivista, dizer que um currículo é construtivista parece mais ainda (BECKER, 2001). O sócio-interacionismo é uma teoria de aprendizagem cujo foco está na interação. Segundo esta teoria, a aprendizagem dá-se em contextos históricos, sociais e culturais e a formação de conceitos científicos dá-se a partir de conceitos quotidianos. Desta forma, o conhecimento real da pessoa é ponto de partida para o conhecimento potencial, considerando-se o contexto sociocultural. No início do século XX, Lev Vygotsky, tendo como base a teoria Marxista, procurava reformular a psicologia por meio de uma abordagem que permitisse entender as relações entre os indivíduos, as suas funções psicológicas superiores e o seu contexto social. Os seus achados revolucionários propõem uma situação de ensino/aprendizagem em que o indivíduo aprende por meio de sua inserção na sociedade, da sua interação com outros indivíduos; o contexto social é o lugar onde se dá a construção do conhecimento mediado. 12 3 WALDORF A Pedagogia Waldorf propõe uma educação baseada no ser humano, respeitando todas as suas qualidades em seus níveis de desenvolvimento tanto intelectual quanto moral e social. Esta linha da pedagogia tem como ponto central a relação aluno-professor, baseando-se numa relação humana e inter-humana, ressaltando sempre que o homem é criatura deste contexto, mas também não deixa de ser o criador, uma vez que para isso ele contribui em várias dimensões. É no jardim de infância onde começa essa relação entre professor e aluno. A princípio, na Pedagogia Waldorf, não deveria existir o jardim de infância, porém face às necessidades do mundo moderno este foi institucionalizado e é desenvolvido de uma forma diferente das escolas tradicionais. As salas de jardim são constituídas de alunos de todas as idades (3 a 7 anos), pois os maiores serão, assim, um pouco responsáveis pelos menores, além de tudo, deverá ter dois profissionais trabalhando em cada sala para que possa haver uma ‗réplica‘ de uma família, em que há dois responsáveis e uma diversidade de seres, um brincará com o outro como em um ambiente harmônico e fraternal, esperando-se aí uma imitação da família, já que o ensino do jardim é baseado na imitação. Segundo Lanz (1997) o jardim seria uma forma supletiva, revestindo-se de uma importância cada vez maior, para garantir o desenvolvimento, tão normal e sadio quanto possível, dos pequenos menores de sete anos. No jardim de uma escola Waldorf, valoriza-se a educação em um contexto social, as habilidades de comum convivência entre seres é valorizada mais que o ensino de conteúdos, ou melhor, não ensina-se, de forma alguma, nenhum conteúdo no jardim de infância, seja uma introdução às primeiras letras ou noção de conjuntos, número ou algo do tipo. Neste nível escolar os alunos têm funções que eles possam desenvolver para um caminhar harmonioso do ambiente escolar. Todas as ações são praticadas 13 de forma rítmica e coletiva, sem ordens, pois estas só enfraqueceriam a vontade da criança, além de criar um clima de tensão que prejudicaria a harmonia do trabalho. É contra a Pedagogia Waldorf uma sistematização do ensino, porém algumas atividades são comuns em várias escolas, assim o aluno do jardim de infância teria como atividade o brincar livre e o dirigido, pintar, modelar, recortar, dramatizar, arrumar e organizar todo o ambiente para o lanche, desde pôr a mesa até lavar e guardar as louças, regar plantas, arrumar a sala, guardar brinquedos. Tudo isso sem constrangimento, naturalmente. Neste processo o professor não deve ordenar quem fará as atividades e sim sugerir que estas sejam desenvolvidas, assim cada aluno será capaz, por meio de seu querer, executar alguma atividade. Neste nível, cada sala deveria ter um pátio com alguns obstáculos como pequenos morros, árvores, balanços, gangorras entre outros (BACHEGA, 2009). No jardim o dia é dividido ritmicamente, se possível com períodos de atividade comum, alternando-se com jogos e ocupações em que a criança brinca por si só. As ocupações, isoladas ou em grupos, nunca devem ser passatempos improvisados, mas sim obedecer a um plano previamente elaborado. Essa linha pedagógica baseia-se nos ensinamentos do filósofo alemão Rudolf Steiner. Ele não utiliza materiais artificiais como plástico e aço e evita trabalhar com produtos acabados. Prefere dar à criança um pedaço de madeira para que ela o transforme em brinquedo em vez de comprar um já feito pela fábrica. Suas propostas são baseadas no movimento da criança, na atividade motora. É contra o uso da televisão e a alfabetização antes dos sete anos de idade. Trabalham-se, em conjunto, três aspectos do desenvolvimento: o físico, o individual e o social. Os alunos são agrupados por faixas etárias, pois Steiner acreditava que cada uma tem necessidades básicas a serem atendidas. Para ele, o desenvolvimento ocorre em ciclos de sete anos. O professor é um tutor que guia a mesma turma durante esses períodos. Não há repetência e a relação com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a filosofia. 14 4 FREINET Desconhecida na Idade Média onde não se reconhecia a infância como fase específica da vida humana, a criança marca sua presença na história com Rousseau no século XVIII. Rousseau revela a natureza infantil: ame a infância, estimule seus jogos e encantadores instintos. Considere o homem no homem e a criança na criança. A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se queremos perturbar essa ordem, produziremos frutos precoces sem maturidade nem sabor e que não tardarão a apodrecer; teremos jovens doutores e velhas crianças (ROSSEAU, s.d. apud ELIAS, 2000). As ideias de Rousseau marcam uma época e as concepções de educação, pois revelam que a criança tem maneiras de ver, de pensar, de sentir que lhe são próprias. A partir de Rousseau muitos expoentes em educação passaram a estudar a criança, métodos de ensino, concepções de aprendizagem, dentre eles Pestalozzi, Froebel, Dewey, Montessori, Decroly, Freinet e outros. Com Freinet, os estudos sobre a criança partem da própria criança. Ele procurou conhecer a maneira de ser e pensar da criança para ajudá-la nas dificuldadesquando da estruturação dos próprios conhecimentos. O que a criança diz, o que a criança pergunta, como a criança responde, quais seus centros de interesse, eram o ponto de partida para o trabalho de Freinet, educador infantil. Centrada na criança, a Pedagogia de Freinet se baseia em alguns princípios pedagógicos como: Senso cooperativo; Senso de responsabilidade; Sociabilidade; Julgamento pessoal; Autonomia; Expressão; Criatividade; Comunicação; 15 Reflexão individual e coletiva; Afetividade. A pedagogia de Freinet propõe atividades escolares vivas baseadas num tripé que chamou de Pedagogia do Bom Senso, do Trabalho e do Êxito, sempre considerando a criança como centro de sua própria educação. Sua pedagogia era desenvolvida através de observações da prática. Assim surgem ideias como da aula-passeio, buscando o centro de interesse de cada aluno. Na sala de aula trocavam informações, comparavam e registravam as experiências vivenciadas em forma de textos. Nas aulas de Freinet não havia a separação entre professor e aluno. Influenciado pelas ideias de Ferrer, Freinet destaca a Pedagogia do Trabalho, pois, acreditava que o trabalho é uma ação natural do ser humano. Uma coisa que acontecia naturalmente dentro da sua pedagogia era a interdisciplinaridade, as crianças percebiam que naqueles passeios, entravam em contato com os conhecimentos de Geografia, História, Aritmética, Ciências, e que significavam o despertar para a compreensão do mundo. Afirmava, ainda, que essa proposta de trabalho abriam portas e as paredes deixaram de ser barreiras e a vida entrava dentro da classe junto com a luz do sol (FREINET, 1969, p. 21). Com a aula-passeio surgiu uma variável muito importante para o sucesso educacional, a relação escola/comunidade, pois, a cada dia escolhiam para pesquisar algum elemento da comunidade (padeiro, sapateiro, fábricas...). Dentro da sua pedagogia destacou quatro fases educativas: 1. O período de pré-ensino, reservas de infância, 2. Jardins da infância, 3. A escola maternal / infantil e, 4. A escola primária. Para algumas etapas de ensino Freinet escreveu alguns livros dedicados aos educadores e pais, enfatizando o trabalho no meio natural, tirando daqui a grande simpatia por Rousseau. 16 Celéstin Freinet acreditava nesta educação natural, pois ele foi educado no meio rural, estava com o comportamento e valores do homem do campo incorporado em suas condições de vida, influenciando na sua pedagogia. As etapas educativas obedecem ao estabelecimento de processo e graduação. Com o pensamento da livre expressão, Freinet não abria caminho só para a questão de respeito ao pensamento e expressão da criança, mas também abria caminho para a livre expressão e pensamento dos professores. Assim todos tinham a oportunidade de apresentar suas ideias e também de divulgar suas experiências. Desenvolvendo diversas práticas pedagógicas que tinham como objetivo aproximar a escola da vida, Freinet e seus alunos construíram técnicas como: Aula Passeio: para trazer motivação, ação e vida para a escola. Texto livre: base da livre expressão que pode ser em forma de desenho, poema ou pintura, onde a criança determina tema e tempo. Imprensa Escolar: a partir de entrevistas, pesquisas, vivências e aulas passeio, o processo de construção e impressão é coletivo. Correção: acreditando que ―o erro‖ deva ser trabalhado com a criança para que ela perceba o acerto, faz-se a correção para divulgar o texto coletivamente ou em autocorreção. Livro de vida: registro da livre expressão que permite a exposição das crianças quanto aos diferentes modos de ver a aula e a vida. Fichário de consulta: são construídas em sala de aula, pelos professores, na interação com a turma. São exercícios à disposição da criança que se destinam à aquisição dos mecanismos do cálculo, ortografia, história, ciências e etc. Plano de trabalho: permite a organização dos grupos de alunos para a escolha de estratégias de desenvolvimento das atividades realizadas em grupos, duplas ou individuais. Tem o currículo como ponto de partida e as experiências/aprendizagens são registradas em fichas devidamente elaboradas. 17 Correspondência Interescolar: os professores se comunicam e organizam a forma e as crianças fazem a atividade como uma aprendizagem da vida cooperativa. Auto- Avaliação: é o registro do resultado do trabalho da criança. São fichas de auto-avaliação que permite constantes comparações entre os trabalhos realizados. A avaliação do aluno e do professor deve ser feitas regularmente. As técnicas desenvolvidas por Freinet têm o objetivo de favorecer o desenvolvimento dos métodos naturais da linguagem (desenho, escrita, gramática), da matemática, das ciências naturais e sociais. Suas técnicas abrem caminhos para que os professores e alunos compartilhem conhecimentos, se expressem livremente buscando a cooperação. Bem longe de ficarmos satisfeitos com os primeiros sucessos, constrangia- nos as insuficiências e as fraquezas, tínhamos consciência das lacunas a eliminar e não deixávamos de procurar, por tentativas, os ajustamentos materiais e técnicos suscetíveis de tornar mais eficiente todo o nosso sistema educativo (FREINET, 1976). Dos conceitos da Pedagogia de Freinet destacamos: uma pedagogia de trabalho, onde os alunos aprendem realizando trabalhos; cooperativismo, produto do processo da integração, colaboração e cooperação; métodos de tentativa e erro envolvendo trabalho em grupo. A Concepção de Criança segundo Freinet Para Freinet, toda criança precisa de brincar, de correr, de respirar, de estar em contato com a natureza e poder agir nela. Toda criança quer conhecer objetos e fenômenos, tocar, experimentar e criar. Compara a criança com uma semente: em solo com luz e nutrientes, busca a luz, a água e tudo o que precisa para germinar e frutificar. Assim a criança é. Em ambientes propícios cresce e se desenvolve muito bem. A educação deve, sim, corresponder a este terreno fértil que, acolhendo as manifestações naturais e espontâneas das crianças, estimula e desenvolve os sentidos, a percepção e a consciência de agir no meio, na interação com seus 18 pares. A criança a todo instante imagina, inventa e cria, daí a necessidade de ser compreendida e orientada mediante uma pedagogia e uma psicologia da construção e do movimento. Isto seria investir no potencial de vida, próprio do funcionamento do nosso organismo. Se, ao contrário, a criança é impedida de usar sua liberdade e livre expressão, o equilíbrio gerado pelo potencial de vida não pode se cumprir, havendo uma ruptura do equilíbrio necessário. Toda nossa pedagogia visará, precisamente, conservar e multiplicar esse potencial de vida, que os métodos tradicionais depreciam e por vezes eliminam e cuja persistência e exaltação são como que o próprio barômetro de um método são (FREINET, 1976). Por muito tempo acreditou-se que a educação começa quando a criança está na idade da consciência e da razão. Freinet afirma que, ao contrário disto, o primeiro ano de vida tem um valor formativo. Desde o seu nascimento, a criança tem o seu potencial de vida. As primeiras reações são puramente fisiológicas e, é agindo e reagindo no meio que o bebê vai perceber quais reações atendem ao seu choro ou ao seu resmungo. A criança vai tateando o meio, uma espécie de reação mecânica que evolui aos poucos para os reflexos mecanizados, ou seja, se as primeiras ações deram certo a tendência do bebê será repeti-las. Percebe-se aqui o valor da experiência: o que deu certo, aproveito. É a permeabilidade àexperiência, o primeiro escalão da inteligência. Coerente com esses princípios que regem a vida, Freinet defende profundamente que a educação não começa na idade da razão ou da consciência, conforme afirmado anteriormente, começa desde que a criança existe. Salienta que se deve cuidar da saúde do bebê quando ainda na vida intrauterina; cuidar da alimentação, do sono e da higiene quando nasce; e partir para a vida com um potencial de vigor intacto. É muito importante regrar a criança fazendo-a adquirir automatismos de base, ter ritmos de vida. Os adultos devem investigar quais as reais necessidades das crianças antes de satisfazê-las ‗a qualquer custo‘. As crianças precisam aprender a esperar, a lidar com as frustrações e a criar hábitos de vida. São valores importantes para a vida em sociedade. 19 Os grandes exemplos para a formação das crianças não são as palavras ou as lições de moral das leituras elevadas, mas, sim, as atitudes de vida que os adultos lhes dão: as lições teóricas podem influenciar no intelecto, mas não no comportamento. Como o adulto age com relação à disciplina, ao respeito, à retidão, ao desinteresse ou interesse pela comunidade, esses, sim, são exemplos vivos que estão à frente da palavra. 20 5 WALLON Em sua concepção Wallon propunha a construção do conhecimento como um processo elaborado conjuntamente, a partir das relações com as pessoas, tendo em vista a criança em seu âmbito cognitivo, afetivo e motor. Para melhor entendimento da relação existente entre esses domínios, Wallon recorre ao universo infantil para que, por meio de suas manifestações e atitudes, seja possível ingressar na origem dos processos psíquicos. Dessa forma, concebe a infância como fonte para compreensão da evolução psíquica do homem, além de ser uma fase que apresenta inúmeras transformações, considerando ainda o ambiente e seus recursos como fundamentais para o aprimoramento da criança. Destacando ser indispensável a mediação e a estimulação do ambiente externo, a fim de propiciarem interações e vivências, cooperando para o alargamento de suas possibilidades de formação do ser humano. Logo, a teoria walloniana assume que o desenvolvimento origina-se a partir da interação do potencial genético, típico da espécie humana, e de uma grande variedade de fatores ambientais. Considerando esses aspectos sociais e orgânicos fundamentalmente necessários como fatores que influenciam nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Mahoney e Almeida (2005, p. 16) ao citar Wallon (1995, p. 210) ressaltam que estas resoluções de idade para idade não são improvisadas por cada indivíduo. São a própria razão da infância, que tende para a edificação do adulto como exemplar da espécie. Estão inscritas, no momento oportuno, no desenvolvimento que conduz a esse objetivo. As incitações do meio são sem dúvida indispensáveis para que elas se manifestem e quanto mais se eleva o nível da função, mais ela sofre as determinações dele: quantas e quantas atividades técnicas ou intelectuais são à imagem da linguagem, que para cada um é a do meio. Portanto, o desenvolvimento das capacidades humanas está atrelado às condições estabelecidas tanto por fatores culturais quanto por fatores orgânicos, que respondem pela constituição do ser humano de forma integral em seus aspectos afetivo, cognitivo e motor, sendo esses, os pilares, nos quais o autor identifica e 21 entende a estruturação do ―eu‖, da personalidade e do comportamento do ser humano. Tais aspectos são denominados pelo autor como campos funcionais e divididos em afetividade, ato motor, conhecimento e pessoa. Durante todo processo de desenvolvimento eles estão presentes alternando- se e sobrepondo-se no decorrer da vida humana. Segundo Wallon (s/d), para reconhecê-los é preciso identificar o estilo próprio de cada um e não se limitar à simples enumeração das características que neles se observa, simultaneamente ou isoladamente. A partir da integração dos campos funcionais motor, afetivo e cognitivo estrutura-se o quarto campo funcional, denominado por Wallon de ―pessoa‖. Para o autor, em qualquer momento ou fase do desenvolvimento, a pessoa é sempre uma pessoa completa. 22 7 TEORIA MONTESSORIANA Maria Montessori desenvolveu uma teoria científica do desenvolvimento infantil e elaborou uma linha pedagógica que ganhou força a partir da Primeira Guerra Mundial, a qual daremos uma ênfase maior nesta apostila. De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. É esperado que o aluno, consciente de suas atividades, adquira maior autoconfiança. Sua concepção está voltada para as atividades motoras e sensoriais: trabalhos, jogos e atividades lúdicas. Propõe uma aproximação do aluno com a arte, a música e a ciência. As escolas que seguem essa linha enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para se obter a concentração individual e o aprendizado. O professor é um guia, um orientador que remove obstáculos à aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades da criança. As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão presentes até hoje em escolas que não seguem necessariamente sua linha: a disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos lógicos de madeira para o ensino da matemática. Nos anos iniciais do século XX, Maria Montessori dedicou-se à educação de crianças excepcionais, que, graças à sua orientação, rivalizavam nos exames de fim de ano com as crianças normais das escolas públicas de Roma. Esse fato levou Montessori a analisar os métodos de ensino da época e a propor mudanças compatíveis com sua filosofia de educação. Segundo Maria Montessori, a criança tem necessidade de mover-se com liberdade dentro de certos limites, desenvolvendo sua criatividade no enfrentamento pessoal com experiências e materiais. Um desses materiais era o chamado material das contas que, posteriormente, deu origem ao conhecido Material Dourado Montessori. Também influenciada por Rousseau e pelo desejo de adequar a educação às possibilidades das crianças, Montessori inaugurou em 1907, em Roma, a famosa 23 Casa dei Bambini, onde experimentou inúmeras inovações. Em 1908, funda a Casa do trabalho, sob a direção de Anna Marcheroni, colaboradora de Montessori, onde se fabricavam materiais educativos (MAFRA, 1987, p.16). Foi com ela que surgiram novidades tão básicas como mesas e cadeiras menores para as salas de Educação Infantil e a utilização de brinquedos educativos. Ainda que suas posições fossem avançadíssimas para sua época, algumas das concepções de Montessori foram criticadas por educadores (entre eles, Freinet), que apontavam o risco de promover um trabalho excessivamente diretivo e isolado do contexto cultural das crianças. E, de fato, ao consultarmos seus textos, podemos constatar que, na concepção de Montessori, cada brinquedo educativo tem uma função muito clara (por exemplo, ensinar a amarrar os sapatos, mostrar as formas geométricas, etc.) e ela chega a afirmar que até os gestos da criança devem ser guiado pelos educadores caso não se conformem à função de cada objeto. Atualmente, a importância dos brinquedos e de brincar é vista de uma maneira diferente, e sabe-se também a importância dos jogos em que os brinquedos podem ser aproveitados de maneira mais livre pelas crianças, integrando-se aos seus processos de imaginação. Asescolas montessorianas Centros de educação inspirados em Montessori possuem ambientes bem organizados, com inúmeras opções de atividades para as crianças. Hoje em dia, na maioria dos casos, escolas que se autodenominam montessorianas equilibram seu currículo com atividades lúdicas mais abertas que as preconizadas pela grande educadora italiana em seu trabalho pioneiro e ainda interessante para nós. Nas escolas montessorianas o espaço interno era (e ainda é) cuidadosamente preparado para permitir aos alunos movimentos livres, facilitando o desenvolvimento da independência e da iniciativa pessoal. Assim como o ambiente, a atividade sensorial e motora desempenha função essencial. Ou seja, dar vazão à tendência natural que a garotada tem de tocar e manipular tudo que está a seu alcance. 24 Maria Montessori defendia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que os pequenos exploram e decodificam o mundo ao seu redor. ―A criança ama tocar os objetos para depois poder reconhecê- los‖, disse certa vez. Muitos dos exercícios desenvolvidos pela educadora – hoje utilizados largamente na Educação Infantil – objetivam chamar a atenção dos alunos para as propriedades dos objetos (tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho). O método Montessori parte do concreto rumo ao abstrato. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos de seu trabalho. São objetos simples, mas muito atraentes, e projetados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem. Como exemplos desses materiais temos os blocos maciços de madeira para encaixe de cilindros, blocos de madeira agrupados em três sistemas, encaixes geométricos, material das cores, barras com segmentos coloridos vermelho/azul, algarismos em lixa, blocos lógicos, material dourado, ‗cuisenaire‘ (constituído por uma série de barras de madeira, sem divisão em unidades e com tamanhos variando de uma até dez unidades. Cada tamanho corresponde a uma cor específica), ábaco, dominó, etc. Os doze pontos do Método Montessori 1. Baseia-se em anos de observação da natureza da criança por parte do maior gênio da educação desde Froebel. 2. Demonstrou ter uma aplicabilidade universal. 3. Revelou que a criança pequena pode ser um amante do trabalho, do trabalho intelectual, escolhido de forma espontânea, e assim, realizado com muita alegria. 4. Baseia-se em uma necessidade vital para a criança que é a de aprender fazendo. Em cada etapa do crescimento mental da criança são 25 proporcionadas atividades correspondentes com as quais se desenvolvem suas faculdades. 5. Ainda que ofereça à criança uma grande espontaneidade consegue capacitá- la para alcançar os mesmos níveis, ou até mesmo níveis superiores de sucesso escolar, que os alcançados sobre os sistemas antigos. 6. Consegue uma excelente disciplina apesar de prescindir de correções tais como recompensas e castigos. Explica-se tal fato por tratar-se de uma disciplina que tem origem dentro da própria criança e não imposta de fora. 7. Baseia-se em um grande respeito pela personalidade da criança, concedendo-lhe espaço para crescer em uma independência biológica, permitindo-se à criança uma grande margem de liberdade que se constitui no fundamento de uma disciplina real. 8. Permite ao professor tratar cada criança individualmente em cada matéria, e assim, fazê-lo de acordo com suas necessidades individuais. 9. Cada criança trabalha em seu próprio ritmo. 10. Não necessita desenvolver o espírito de competência e a cada momento procura oferecer às crianças muitas oportunidades para ajuda mútua o que é feito com grande prazer e alegria. 11. Já que a criança trabalha partindo de sua livre escolha, sem correções e sem necessidades de competir, não sente as tensões, os sentimentos de inferioridade e outras experiências capazes de deixar marcas no decorrer de sua vida. 12. O método Montessori se propõe a desenvolver a totalidade da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais. Preocupa-se também com as capacidades de iniciativa, de deliberação e de escolhas independentes e os componentes emocionais. O material dourado Para falar do material Dourado, primeiramente é preciso dar uma explorada no ambiente que segundo Montessori (s.d) citada por Mafra (1987, p.36) pode modificar, isto é, ajudar ou destruir; jamais criar. 26 O ambiente na educação montessoriana, oferece motivos de atividades racionais numa atmosfera de calma e silêncio criador; provoca o esforço da criança para ultrapassar-se; fornece atividades musculares, sensoriais e intelectuais; e desenvolve o sendo de ordem, organização, equilíbrio, responsabilidade e respeito ao outro. Neste ambiente preparado cuidadosamente, a criança, escolhe o trabalho e executa-o consciente e harmoniosamente, em seu ritmo próprio; adquire conhecimentos experimentais; torna-se ―dona‖ de seus movimentos, de seus nervos e músculos e exercita-se na atenção, no raciocínio, na organização interior e responsabilidade. Agora, após discorrer um pouco sobre o ambiente montessoriano podemos introduzir o ―Material Dourado‖ que foi um dos muitos materiais idealizados pela médica e educadora italiana Maria Montessori para, entre outros, o trabalho com matemática. A importância fundamental do material montessoriano é ser, em si mesmo, o próprio professor: ele estimula, ensina e corrige. Não é um novo meio que se põe na mão das antigas professoras para ajudá-las a cumprir sua missão, mas um instrumento capaz de suprimir a exclusiva atividade da mesma e transferi-la para o aluno (MAFRA, 1987). Outro ponto a se considerar é que as crianças precisam perceber que estes materiais não são meros brinquedos, mas sim materiais de trabalho. Embora especialmente elaborado para o trabalho com aritmética, a idealização deste material seguiu os mesmos princípios montessorianos para a criação de qualquer um dos seus materiais, a educação sensorial: 1) Desenvolver na criança a independência, confiança em si mesma, a concentração, a coordenação e a ordem; 2) Gerar e desenvolver experiências concretas estruturadas para conduzir, gradualmente, a abstrações cada vez maiores; 3) Fazer a criança, por ela mesma, perceber os possíveis erros que comete ao realizar uma determinada ação com o material; 4) Trabalhar com os sentidos da criança. 27 Segundo Pacheco (2002), embora esse material permitisse que as próprias crianças compusessem as dezenas e centenas, a imprecisão das medidas dos quadrados e cubos se constituía num problema ao serem realizadas atividades com números decimais e raiz quadrada, entre outras aplicações possíveis para o material de contas. Foi por isso que Lubienska de Lenval, seguidor de Montessori, fez uma modificação no material inicial e o construiu em madeira na forma que encontramos atualmente. O nome "Material Dourado" vem do original "Material de Contas Douradas". Em analogia às contas, o material apresenta sulcos em forma de quadrados. Pode- se fazer uma adaptação do material dourado para o trabalho em sala de aula, com papel quadriculado de 1cm X 1 cm. Exemplos dos cubos do material dourado. unidade dezena centena (1 X1) (1 X 10) (10 X10) 28 Este material em papel possui a limitação de não ser possível a construção do bloco, o que é uma desvantagem em relação ao material em madeira. O primeiro contato do aluno com o material deve ocorrer de forma lúdica para que ele possa explorá-lo livremente. É nesse momento que a criança percebe a forma, a constituição e os tipos de peça do material. Ao desenvolver as atividades o professor pode pedir às crianças que elas mesmas atribuam nomes aos diferentes tipos de peças do material e criem uma forma própria de registrar o que vão fazendo. Seria conveniente que o professor trabalhasse durante algum tempo com a linguagem das crianças para depois adotar os nomes convencionais: cubinho, barra, placa e bloco. O material dourado destina-se a atividades que auxiliam o ensino e a aprendizagem do sistema de numeração decimal-posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamentais (ou seja, os algoritmos). No ensino tradicional, as crianças acabam dominando os algoritmos a partir de treinos cansativos, mas sem conseguirem compreender o que fazem. Com o material dourado a situação é outra: as relações numéricas abstratas passam a ter uma imagem concreta, facilitando a compreensão. Obtém-se, então, além da compreensão dos algoritmos, um notável desenvolvimento do raciocínio e um aprendizado bem mais agradável. O material, mesmo sendo destinado ao trabalho com números (na matemática) pode ser utilizado com crianças de até seis anos de idade, para desenvolver a criatividade, motricidade e o raciocínio lógico-matemático. Os blocos lógicos na educação infantil Geometria exige uma maneira específica de raciocinar, explorar e descobrir, fatores que desempenham importante papel na concepção de espaço pela criança. As figuras geométricas mais conhecidas pelos alunos são o quadrado, o retângulo, o triângulo e o círculo que são trabalhadas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. 29 Segundo Falzetta (1998) e Ferrari (2003), nas classes de educação infantil, os blocos lógicos, pequenas peças geométricas, criadas na década de 1950 pelo matemático húngaro Zoltan Paul Dienes, são bastante eficientes para que os alunos exercitem a lógica e evoluam no raciocínio abstrato. Foram utilizados de modo sistemático com crianças pelo psicólogo russo Vygotsky (1890-1934), quando ele estudava a formação dos conceitos infantis. Eles facilitarão a vida dos alunos nos futuros encontros com números, operações, equações e outros conceitos da disciplina. Sua função é dar aos alunos ideias das primeiras operações lógicas, como correspondência e classificação. Essa importância atribuída aos materiais concretos tem raiz nas pesquisas do psicólogo suíço Jean Piaget. Para Piaget citado por Pacheco (2002), a aprendizagem da Matemática envolve o conhecimento físico e o lógico-matemático. No caso dos blocos, o conhecimento físico ocorre quando o aluno manuseia, observa e identifica os atributos de cada peça. O lógico-matemático se dá quando ela usa esses atributos sem ter o material em mãos (raciocínio abstrato). A seguir um exemplo de jogo com os blocos lógicos: 30 A HISTÓRIA DO PIRATA Contar a seguinte história: Era uma vez um pirata que adorava tesouros. Havia no porão de seu navio um baú carregado de pedras preciosas. Nesse porão, ninguém entrava. Somente o pirata tinha a chave. Mas sua felicidade durou pouco. Numa das viagens, uma tempestade virou seu barco e obrigou todos os marinheiros a se refugiarem numa ilha. Furioso, o pirata ordenou que eles voltassem a nado para resgatar o tesouro. Mas, quando retornaram, os marujos disseram que o baú havia sumido. 'Um de vocês pegou', esbravejou o pirata desconfiado. Nesse ponto, começa o jogo com as crianças. Peça que cada uma escolha um bloco lógico. Ao observar as peças sorteadas, escolha uma delas sem comunicar às crianças qual é. Ela será a chave para descobrir o marujo que está com o tesouro. Apresente então um quadro com três colunas. Supondo que a peça escolhida seja um triângulo pequeno, azul e grosso, você diz: "Quem pegou o tesouro tem a peça azul". Pedindo a ajuda das crianças, preencha os atributos no quadro. Em seguida, dê outra dica: "Quem pegou o tesouro tem a forma triangular". Siga até chegar ao marinheiro que esconde o tesouro. A atividade estimula mais que a comparação visual. Também exercita a comparação entre o atributo, agora imaginado pela criança, e a peça que a criança tem na mão. A negação (segunda coluna do quadro) leva à classificação e ajuda a compreender, por exemplo, que um número pertence a um e não a outro conjunto numérico. O PROFESSOR DA PEDAGOGIA MONTESSORIANA Na linha de Montessori, segundo ela mesma, o professor tem o papel de um guia seguro e prático e como algumas de suas funções, preparar o ambiente e o material; levar a criança a se auto-corrigir, a se auto-disciplinar e a respeitar o trabalho dos colegas; servindo de intermediário entre o material e a criança; ensinando o manuseio do material e o método de trabalho e sendo um elo de união entre o meio e a criança. Mas para tanto, o professor montessoriano deve, diminuir sua participação para que a criança possa crescer; deixar a criança ser o entro do 31 processo educativo; ser alguém que influencia e não impõe, pois influir é agir por dentro; ser firme e seguro na colocação de limites, constante e observador, para que possa levar a criança a ser normalizada, responsável, educada e realmente consciente e evitar ajudas inúteis naquilo que a criança mesma tem capacidade de fazer (MAFRA, 1987, p.32). No quadro abaixo temos os dez mandamentos que devem nortear a ação educativa do professor, dentro do método montessoriano: 1º - Jamais interromper uma criança sem ser convidado por ela. 2º - Jamais criticar negativamente uma criança em presença de outros ou em sua ausência. 3º - Ajudar a criança, proporcionando um meio onde ela possa se concentrar e com isso crescer. 4º - Ser observador: que as crianças mantenham as coisas em seus devidos lugares e que a técnica usada na manipulação dos materiais seja exata. 5º - Estar sempre pronto para responder a uma criança em suas perguntas e em sua necessidade. ―Escute-a sempre!‖. 6º - Respeitar os erros iniciais das crianças na manipulação do material, pois posteriormente estes tenderão a desaparecer ou mesmo serão auto- corrigidos. 7º - Respeitar as crianças que param por um momento para olhar o que fazem os outros, ou que estejam refletindo. Não interrompê-las. Não forçá-las para a atividade. 8º - Ajudar as crianças que procuram atividade, sem as encontrar. 9º - Ser infatigável na apresentação de um material que a criança se recusou a aprender, ou naquele em que teve dificuldade de compreensão. 10º - Tratar sempre a criança da melhor maneira e oferecer-lhe o que de melhor existe, dentro de nós mesmos. Fonte: MAFRA (1987, p. 32) 32 Montessori propõe que o professor deva dar liberdade e ao mesmo tempo conduzir a criança a uma disciplina ativa, que a acompanhará por toda vida, não apenas na escola, mas em todo ambiente social. Tal liberdade da criança deverá ter como limite o interesse coletivo. Assim, o professor deve impedir à criança, tudo aquilo que possa ofender ou prejudicar os outros, porém, deve tolerar e observar todas as manifestações que tenham um fim útil (MAFRA, 1987, p.33). Ainda, de acordo com Mafra (1987), para Montessori, o educador passa a ocupar a posição de um observador, ensinando pouco, falando pouco e orientando a atividade psíquica e o desenvolvimento fisiológico das crianças, passando a ser denominado ―orientador‖ e não mais ―mestre‖. ATINGINDO A AUTO-EDUCAÇÃO INFANTILDentro da pedagogia montessoriana, o ambiente só estará devidamente preparado quando professora e materiais que compõem o ambiente, elementos essenciais para a educação, tiverem sido devidamente apresentados às crianças, utilizando para tanto, segundo Angotti (1994), o emprego da ―Lição dos Três Tempos‖ que poderiam ser assim sintetizados: Estruturar e preparar o ambiente; Apresentar os materiais; Guiar o aluno para que não desperdice energia e tempo no que pode ser supérfluo à sua formação. Podemos agrupar os materiais utilizados na educação infantil a partir da seguinte classificação: Material de desenvolvimento para as atividades de vida prática; Material de desenvolvimento destinado à educação sensorial; Material de desenvolvimento para a aquisição de cultura (leitura, escrita, numeração, aritmética). 33 No primeiro grupo temos exercícios para a vida cotidiana, que são fundamentais para o favorecimento do processo de autonomia, observação, atenção, percepção e desenvolvimento das habilidades físico-motora das crianças, em seus perfeitos movimentos, envoltos de graça, delicadeza e segurança, na perfeita realização da atividade (ANGOTTI, 1994). Essas atividades relacionam-se à leveza dos gestos e movimentos, na utilização segura de instrumentos, no seu carregar, transportar, no movimentar-se com desenvoltura em diferentes ambientes. Qualquer objeto existente no cotidiano social e escolar pode ser considerado material de vida prática. O vestir, despir, lavar, pentear-se, toda a preocupação com o asseio e higiene, presentes ou não nos diferentes ―Cantos de Atividades‖ propostos para as salas organizadas, são condições fundamentais de realização prática. Neste sentido, podem ser destacados os espaços e instrumentos destinados à Casinha de Bonecas, situação de vivência real das diferentes tarefas e papéis vividos em família. Destacam-se, na situação, as atividades de limpeza de ambientes, a arrumação da casa, o lavar e passar, o tirar o pó, o pôr e tirar a toalha sobre a mesa, a manipulação dos materiais de jardinagem, entre outros. Os quadros para abotoar também têm papel fundamental, pois, por meio de sua utilização em sucessivos e repetidos gestos, as crianças aprendem a amarrar, dar laços, a abrir e fechar diferentes tipos de fechos, botões, presilhas, zíperes, colchetes, condições para o vestir-se. Já o segundo grupo é constituído por uma série de objetos agrupados segundo uma determinada qualidade dos corpos, tais como cor, forma, dimensão, som, grau de aspereza, peso, temperatura, etc. (MONTESSORI, 1965, apud ANGOTTI, 1994). Dentre os materiais passíveis de serem apresentados para o desenvolvimento sensorial serão destacados os que seguem abaixo. Os encaixes sólidos: quatro blocos iguais em forma e dimensões, de madeira pintada com verniz reluzente, que trazem dentro sequência de dez cilindros lisos com uma pequena haste. Os cilindros diferenciam-se em altura, diâmetro, 34 altura com qualidades que vão se compondo e diferenciando de um cilindro para outro em nos diferentes blocos. Os blocos, segundo Montessori (1965 apud ANGOTTI, 1994) caracterizam- se por ―[...] Grandes pedaços de madeira envernizada, de cor viva, em três sistemas por nós determinados: a) o sistema de barras e comprimentos (as barras vermelhas); b)o sistema de prismas (a escada marrom); e o sistema dos cubos (a torre rosa)‖. As Barras Vermelhas recebem este nome pela sua cor, totalizam dez barras que reservam a diferença de dez centímetros uma das outras, compondo-se desde a dezena isolada até o metro e mantendo todas 13 mm em cada um de seus lados. A Escada Marrom são prismas que mantém a mesma qualidade em termos de comprimento, mas que se diferenciam na graduação de seus diâmetros, todas têm os mesmos 20 cm de comprimento, porém sofrem decréscimo em sua altura e largura. A Torre Rosa, composta por dez cubos na cor rosa, que variam em todas as suas três dimensões, decrescendo em tamanho de 10 até 1 cm em seus lados. Os materiais descritos favorecem a atividade motora, bem como o desenvolvimento visual. O material utilizado para o desenvolvimento do senso cromático (discriminação de cores e intensidade) é intitulado como material das cores, compõe-se de uma série de 63 pequenos tabletes enrolados em fios de seda de cores vivas, assim descritos por Montessori (1965, p.129) apud Angotti (1994) ―[...] compõe- se de pequenos tabletes ao redor dos quais são enrolados fios de seda em cores vivas; esses tabletes têm em ambas as extremidades uma guarnição de madeira de modo a impedir que os fios de seda se desenrolem sobre a mesa, permitindo também manipular os tabletes sem gastar o colorido dos fios‖. Montessori escolheu nove cores: a cada uma delas corresponde a sete guarnições de intensidade diferentes: resultam, pois, sessenta e três tabletes com as seguintes cores: cinza (do branco ao preto), vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, violeta, marrom e róseo [...]. 35 Os encaixes geométricos ou encaixes planos constituem-se em figuras geométricas (quadrado, retângulo, círculo, triângulo, trapézio, oval) na cor azul, encaixadas em seis molduras distintas de madeira. Sua utilização visa o desenvolvimento da criatividade, a fixação das formas, o domínio psicomotor, a ordem, o equilíbrio e a noção de limites. Este material foi acrescido de molduras de apresentação, uma coleção de formas geométricas, além de uma coleção de três séries de cartões utilizadas para a reprodução das diferentes formas. A apresentação dos materiais destinados ao desenvolvimento da aquisição de cultura (leitura, escrita, numeração, aritmética) não pode prescindir do devido reconhecimento de riqueza e do papel que representam para o perfeito entendimento da lógica processual no uso da língua e na instigante tarefa de motivar o funcionamento do raciocínio lógico no trabalho com os algoritmos num contexto real de atividades de caráter simbólico-concreto, pelas vias dos materiais auto- educativos. No desenvolvimento da leitura e da escrita podem ser destacados os seguintes materiais: as Letras de Lixa ou Alfabeto de Lixa, constituídos por um conjunto de letras recortadas em lixa e pregadas em cartões, sendo que as vogais são pintadas em fundo vermelho e as consoantes em azul. O Alfabeto Móvel, duas caixas que contém letras feitas em madeiras que podem ser utilizadas individualmente na composição de palavras, em uma das caixas estão as vogais recortadas em cartões na cor vermelha e na outra as consoantes na cor azul. E por fim, os Ditados Mudos, caracterizados por uma série de mais de quarenta figuras identificadas por seus nomes com as letras do Alfabeto Móvel, ou seja, estes materiais se complementam em seu uso. Os materiais utilizados para o desenvolvimento da numeração e da aritmética são bastante interessantes e ricos. Seguindo as letras feitas em lixa, encontram-se também os Algarismos de Lixa, que reservam os mesmos objetivos sensório-motores, além de possuírem correspondência com plaquetas que expressam suas quantidades. Destacam-se, ainda, as Barras Vermelhas e Azuis que favorecem o conceito de ordenar, juntar, repartir, além de permitir a aquisição do conceito de numeração; 36 a Caixa de Fusos, duas caixas com dez compartimentos, divididos do 0 aos 4 em uma e dos 5 aos 9 em outra, nas quais se utiliza dos fusos para a realização de atividades com o objetivo de desenvolver a noção de quantidade e conjunto; além da Caixa de Numeração, dos Tentos, das Tábuas de Séguin, a Serpente, a Tábua de Pitágoras dos Blocos Lógicos e doMaterial Dourado. Ainda sobre o Material Dourado ou das Contas, segundo a descrição de Montessori (1965, p. 256) apud Angotti (1994), este é ―[...] um material destinado a representar os números sob a forma geométrica, bem como mediante objetos móveis que se poderiam combinar. Trata-se de excelente material denominado material das contas. As unidades são representadas por pequenas contas amarelas; a dezena ou -10- é formada por uma barra de dez contas enfiadas em arame bem duro; esta barra é repetida dez vezes em dez barras ligadas entre si, formando um quadrado, o quadrado de dez, e somando um total de 100. Finalmente, dez quadrados sobrepostos e ligados formam um cubo – o cubo 10, isto é, 1000‖. Os materiais descritos poderão ser utilizados pelas crianças durante as atividades individuais, a serem realizadas nas mesas ou ―tapetinhos‖. Estes se destinam a delimitar o espaço físico de trabalho das crianças, bem como a proporcionar local limpo, seguro, sobre os quais serão efetivadas atividades com os materiais propostos. [...] Os instrumentos pedagógicos montessorianos aqui apresentados se completam e podem ter objetivos comuns ou complementares na aquisição de cultura, de preparação para a vida prática, ou na educação sensorial. Ou seja, os materiais se complementam, se interligam em objetivos a alcançar, através da proposta de utilização, do nível de aprofundamento e das suas possibilidades de variação. O conhecimento científico sobre a criança ofereceu essência à Drª Montessori para a construção de materiais, instrumentos pedagógicos que estivessem à altura de favorecer o ―crescimento‖ infantil, ou seja, materiais determinados para cada etapa do desenvolvimento, em que se pudessem fazer aflorar as energias interiores da criança, suas potencialidades num esquema de livre escolha dentro do conjunto específico de instrumentos colocados à disposição, frente às etapas a serem atingidas em momentos distintos da infância (ANGOTTI, 1994, p.37). 37 Para além de qualquer crítica ou discordância que se possa ter em relação ao método Montessori, não se pode negar sua importância na história da educação nacional e mundial, bem como o exemplo de coerência e organicidade apresentado. 38 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ANGOTTI, Maristela. O trabalho docente na Pré-escola: revisitando teorias, descortinando práticas - São Paulo: Pioneira, 1994. BACHEGA, César Augusto. 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