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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO DIREITO EMPRESARIAL 2 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Diniz, Fernanda Paula. Direito Empresarial / Fernanda Paula Diniz; Vívian Lacerda Moraes. – Serra: Multivix, 2019. EDITORIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo à disciplina de Direito Empresarial! Esta disciplina é centrada na análise e no conhecimento dos diversos tipos de sociedades. A disciplina será dividida em seis unidades e, ao longo destas, serão discutidos os conceitos de empresa, empresário e empresário individual, também chamado de unipessoal, bem como dos mais variados tipos societários e suas distinções. A necessidade de compreensão da disciplina de Direito Empresarial independe da área de atuação escolhida, proporcionando conhecimento fundamental da estrutura legal das sociedades e de seus critérios de escolha. Para o melhor entendimento dos temas aqui trabalhados, é de fundamental impor- tância que você, como aluno, participe das atividades, fóruns de discussão, leitura dos materiais fornecidos e, materiais extracurriculares, assim como a integração com os demais alunos, professores e tutores. Bons estudos! 6 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Objetivos de Aprendizagem da Unidade Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Definir o conceito de Direito Empresarial. • Identificar os princípios constitucionais voltados à ordem econômica e à ativi- dade empresarial. • Descrever o Direito de Empresa, segundo o Código Civil. • Definir a aplicação das regras de direito civil e de direito empresarial. • Identificar as sociedades empresariais e simples, suas especificidades dentro do contexto legal e seus principais institutos no tocante a constituição, altera- ção, transformação e extinção. • Definir as sociedades comerciais em espécie e as cooperativas. • Definir o conceito de fusão, incorporação, transformação e a cisão. • Descrever as normas e doutrina pertinentes ao campo do Direito Empresarial. 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO > QUADRO 1 - Fixação das características do empresário unipessoal 27 > QUADRO 2 - Quadro comparativo Empresário Individual X EIRELI 29 > QUADRO 3 - Assembleia Geral Ordinária x Extraordinária 110 > QUADRO 5 - Características do registro 124 > QUADRO 6 - Comparativo entre patente e registro. 125 LISTA DE QUADROS 8 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO > FIGURA 1 - O empresário 16 > FIGURA 2 - Esquema de definição de empresa 17> FIGURA 3 - Princípios do nome empresarial 20 > FIGURA 4 - O comércio 23 > FIGURA 5 - O empresário individual 25 > FIGURA 6 - A sociedade 30 > FIGURA 7 - Tipos de pessoas jurídicas 31 > FIGURA 8 - Sociedade simples 36 > FIGURA 9 - Sociedade em comum 43 > FIGURA 10 - Sócio oculto 47 > FIGURA 11 - Tipos de sócios da sociedade em conta de participação 48 > FIGURA 12 - Sociedade em nome coletivo 50 > FIGURA 13 - Os sócios 52 > FIGURA 14 - Sociedade 54 > FIGURA 15 - Sociedade 60 > FIGURA 16 - O coletivo 62 > FIGURA 17 - Contrato 66 > FIGURA 18 - O capital 68 > FIGURA 19 - Sócio e a empresa 73 > FIGURA 20 - A administração 77 > FIGURA 21 - Características dos tipos de administração. 78 > FIGURA 22 - Relação de sociedade 79 > FIGURA 23 - Etapas da resolução da sociedade 82 > FIGURA 24 - Sociedade 86 > FIGURA 25 - Mercado de Capitais 90 > FIGURA 26 - Constituição 93 > FIGURA 27 - Os tipos de subscrição 95 > FIGURA 28 - Capital 96 > FIGURA 29 - Ações 99 LISTA DE FIGURAS 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 30 - Os tipos de ações e suas características 101 > FIGURA 31 - Natureza do direito de autor 127 > FIGURA 32 - A propriedade intelectual 133 > FIGURA 33 - Ilustrativo sobre a participação recíproca 142 > FIGURA 34 - A holding 143 > FIGURA 35 - Constituição de uma subsidiária integral 146 > FIGURA 36 - O consórcio 149 10 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 1UNIDADE 2UNIDADE 1 EMPRESA E EMPRESÁRIO COMERCIAL: COMERCIANTE INDIVIDUAL 15 1.1 EMPRESA E EMPRESÁRIO 16 1.1.1 NOME EMPRESARIAL 17 1.1.2 VERACIDADE, NOVIDADE E ANTERIORIDADE 20 1.1.3 MARCA 21 1.1.4 ESTABELECIMENTO COMERCIAL 23 1.2 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (UNIPESSOAL) 25 1.2.1 EIRELI - EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 27 1.3 SOCIEDADE EMPRESÁRIA 30 1.4 O SÓCIO E A SOCIEDADE COMERCIAL 31 CONCLUSÃO 33 2 TIPOS SOCIETÁRIOS 35 2.1 TIPOS SOCIETÁRIOS 35 2.1.1 SOCIEDADE SIMPLES 36 2.2 SOCIEDADE EM COMUM 43 2.3 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 47 2.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 50 2.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 52 2.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES 54 CONCLUSÃO 57 3 SOCIEDADE LIMITADA: CONCEITO 60 3.1 CONCEITO DE SOCIEDADE LIMITADA 60 3.2 NATUREZA DA SOCIEDADE LIMITADA 62 3.2.1 CONTRATO SOCIAL 66 3.2.2 CAPITAL SOCIAL 68 3.2.3 CESSÃO DE QUOTAS 73 3.2.4 PENHORA DE QUOTAS 75 3.2.5 SÓCIO REMISSO 76 3.2.6 ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE 77 3.2.7 DELIBERAÇÕES SOCIAIS 79 3.2.8 RESOLUÇÃO, DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA. 82 CONCLUSÃO 83 3UNIDADE 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4 SOCIEDADE ANÔNIMA 85 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE ANÔNIMA 86 4.2 MODALIDADES 88 4.3 MERCADO DE CAPITAIS 90 4.3.1 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM 91 4.3.2 BOLSA DE VALORES E MERCADO DE BALCÃO 92 4.4 CONSTITUIÇÃO DA S/A 93 4.4.1 SUBSCRIÇÃO PÚBLICA OU CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA 94 4.4.2 SUBSCRIÇÃO PARTICULAR OU CONSTITUIÇÃO SIMULTÂNEA 95 4.5 CAPITAL SOCIAL 96 4.5.1 AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL 97 4.5.2 REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL 98 4.6 AÇÕES 99 4.6.1 QUANTO À FORMA DE CIRCULAÇÃO 102 4.7 ACIONISTAS 102 4.7.1 ACIONISTA REMISSO 102 4.7.2 ACIONISTA CONTROLADOR 103 4.7.3 ACORDO DE ACIONISTAS 105 4.8 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA 107 4.8.1 ASSEMBLEIA GERAL 108 4.8.2 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 110 4.8.3 DIRETORIA 111 4.8.4 CONSELHO FISCAL 111 4.9 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DA S/A 111 4.10 TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO 114 4.10.1 TRANSFORMAÇÃO 114 4.10.2 INCORPORAÇÃO 115 4.10.3 FUSÃO 115 4.10.4 CISÃO 115 CONCLUSÃO 116 SUMÁRIO 4UNIDADE 12 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 5 PROPRIEDADES: INTELECTUAL E INDUSTRIAL 118 5.1 OS DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL 118 5.2 OS DIREITOS DE AUTOR 125 5.3 INFRAÇÕES AO DIREITO AUTORAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS 130 5.3.1 SANÇÕES CIVIS 131 5.3.2 SANÇÕES PENAIS 131 5.3.3 A PROTEÇÃO AO SOFTWARE 133 CONCLUSÃO 135 6 RELAÇÕES ENTRE SOCIEDADES 137 6.1 PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS 137 6.1.1 SOCIEDADES FILIADAS OU COLIGADAS 138 6.1.2 SOCIEDADE CONTROLADA 139 6.1.3 SOCIEDADE DE SIMPLES PARTICIPAÇÃO 140 6.1.4 PARTICIPAÇÃO RECÍPROCA 141 6.2 HOLDING 142 6.2.1 FINALIDADE 144 6.2.2 OBJETIVOS 145 6.2.3 NATUREZA JURÍDICA 145 6.3 SUBSIDIÁRIA INTEGRAL 146 6.4 GRUPO DE SOCIEDADES 148 6.5 CONSÓRCIO 149 6.6 JOINT VENTURE 151 CONCLUSÃO 152 REFERÊNCIAS 153 5UNIDADE 6UNIDADE 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 14 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o conceito de empresário. > Definir o conceito de empresa. > Definir o conceito de EIRELI. > Identificar empresário individual e sócio. > Definir as principais obrigações dos sócios, bem como seus principais deveres. > Identificar as normas e doutrinas pertinentes ao campo do Direito Empresarial. UNIDADE 1 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 1 EMPRESA E EMPRESÁRIO COMERCIAL: COMERCIANTE INDIVIDUAL A empresa é uma criação humana, resultado da evolução dos povos, ou seja, resulta- do da evolução da sociedade como um todo. É um meio organizado e otimizado de atuação voltado para a maximização dos resultados visados para o trabalho humano. Para que exista uma empresa, é necessário empreender, devendo a empresa ter como principal foco uma busca incessante por melhores condições para a realiza- ção de determinada atividade negocial, portanto vale ressaltar que a empresa é uma organização, por menor que venha a ser, que pode ser gerida e criada por uma única pessoa natural ou mais e/ou por pessoas jurídicas. Os conceitos de empresa e empresário são confundidos muitas vezes. A presente unidade, por meio de pesquisas bibliográficas, apresenta definições sobre empre- sa, estabelecimento, empresário, empresário individual. Você verá que trabalho que empresa e estabelecimento comercial são coisas distintas. A primeira visa à atividade desempenhada, mediante organização de bens e serviços; e o segundo, ao local físi- co onde se estabelece a empresa. A empresa pode perdurar no tempo, enquanto o empresário, ser humano que é, certamente terá um fim. Veja, a seguir, no decorrer da unidade os temas necessários para o seu entendimento do conteúdo. Vamos lá!? 16 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.1 EMPRESA E EMPRESÁRIO FIGURA 1 - O EMPRESÁRIO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A legislação brasileira não define o que é empresa, somente o que é empresário. Empresário é “quem exerce profissionalmente atividade econômica orga- nizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002). Diante de tal acepção, pode-se definir empresa como atividade com fins lucrativos, organizada para a produção e circulação de bens e serviços. Dessa forma, pode-se definir a atividade econômica como aquela atividade que visa 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIALSUMÁRIO a lucros; organizada porque a atividade é exercida de forma frequente; e profissional porque produz e circula bens e serviços no mercado em geral. FIGURA 2 - ESQUEMA DE DEFINIÇÃO DE EMPRESA Visa Lucro atividade econômicaEmpresa é organizada para a produção circulação de bens e serviços.e Habitual Profissional Fabricação Venda Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019. Entendido o que é empresa, passa-se a analisar o conceito de empresário: empresário é aquele que, por sua atuação profissional e com intuito de obter vantagem econômica, torna a empresa possível. É dele a iniciativa e a respon- sabilidade pela estruturação material e procedimental da empresa, ainda que outros, dentro da organização ou em atividade terceirizada, executem os atos que a concretizam. Não se confundem os conceitos de empresário e comer- ciante. [...] Comerciante é aquele cuja empresa situa-se numa área específica da economia, o comércio. É espécie, portanto, do gênero empresário. [...] De outra face, é empresário todo aquele que explora, ainda que o faça por meio de sociedade ou sociedades das quais é sócio ou acionista (MAMEDE, 2017, p. 32). O empresário pode ser pessoa natural (empresário individual) ou pessoa jurídica (ex.: S/A, Sociedade Limitada, EIRELI). No entanto, deve ficar claro que não é considerado empresário quem desenvolve atividade intelectual, de natureza científica, literária e artística, por expressa disposição de lei. Assim, uma sociedade de médicos ou advo- gados não será considerada empresária, mas sim um tipo diferenciado de sociedade, será então a sociedade simples. Para que se constitua uma empresa, são necessários diversos requisitos que serão definidos no decorrer desta unidade. 1.1.1 NOME EMPRESARIAL O nome empresarial é aquele nome através do qual o empresário se torna conhecido e é por meio dele que se adquire direitos e obrigações. 18 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O nome empresarial a ser adotado pode ser razão ou firma social que pode ser utili- zado tanto pelo empresário individual quanto pela sociedade. No entanto, quando se trata de razão individual ou firma individual, esta deve ser formada pelo nome do empresário individual, por extenso ou abreviado, que pode ser seguido por um elemento distintivo, ou seja, o nome pode ser composto pelo nome do empresário individual juntamente ao elemento que distingue sua atividade empresária. Veja o exemplo a seguir: Victória Martins Acabamentista Juliana da Silva Cabelereira Felipe Sampaio Cantos V.M ME JS - ME Quando diz respeito à razão social ou firma social, o nome da sociedade empre- sária é formado pelos nomes dos sócios, normalmente pelos sobrenomes, devendo ser devidamente registrado, afinal não pode haver nomes empresariais repetidos na federação. Lacerda e Granatto Sociedade Limitada Lacerda e Granatto e Cia. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO O nome empresarial pode ser também a denominação social o qual deve ser forma- do pela atividade empresarial (objeto), pelo elemento abstrato (algo inventado) e o tipo societário (como “sociedade anônima”, ”COMPANHIA” ou “LIMITADA” por exten- so ou abreviada). Ressalta-se que pode haver no nome empresarial o nome de um ou mais sócios, como homenagem (sendo o elemento abstrato), não sendo seu uso obrigatório. DSO Sistemas Hidráulicos Ltda. BH Vedações Ltda. Companhia Brasileira de Distribuição A junta comercial do Paraná descreve de forma didática como deve ser a denomina- ção social: A denominação DEVERÁ conter palavras ou expressões que denotem ativida- de prevista no objeto social da empresa e, caso haja mais de uma atividade, deverá ser escolhida qualquer uma delas. Poderá ser usada palavra de uso co- mum ou vulgar ou expressão de fantasia incomum, gênero, espécie, natureza, artísticos e dos vernáculos nacional, letras ou conjunto de letras, denomina- ções genéricas de atividades, tais como: papelaria, açougue, construção etc. A atividade-fim da empresa tem de estar presente no nome da sociedade, lembrando-se que, sempre que for compor o nome empresarial com a opção denominação social, não serão admitidas expressões genéricas isoladas, co- mércio, indústria, representação, produção, serviço, consultoria, devendo ser feita a pergunta quanto ao nome: é DE QUÊ? Admitindo-se para os nomes empresariais citados que, no contrato social, o objeto social contemple a ati- vidade econômica de cada uma. Os nomes corretos seriam: DATA COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., SOLUÇÕES INDÚSTRIA DE ELETRÔNICO LTDA. (JUNTA COMERCIAL DO PARANÁ, 2011). Cabe ressaltar que quando há na denominação social a palavra Companhia (abre- viada ou não), no início ou no meio, significa que é uma sociedade anônima. A abre- viatura Cia. no fim do nome indica que foram omitidos nomes em uma razão social. 20 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Viação Cometa Ltda. Construtora Mendes Júnior S/A Fiat Automóveis S/A Companhia Aérea Azul Julio’s Macedo e Cia. Vale ressaltar que o nome empresarial, por estar ligado ao direito personalíssimo, não pode ser transferido a outrem. O empresário pode perder o nome empresarial, caso faça modificações, mas não o registre, devido ao fato de as sociedades serem cons- tituídas com prazo determinado. Nesse sentido, não sendo dada a baixa no nome, perde-se a proteção. 1.1.2 VERACIDADE, NOVIDADE E ANTERIORIDADE Ainda falando sobre o nome empresarial, é necessário ressaltar que, assim como todo o direito, este também é regido por princípios, que neste caso são: FIGURA 3 - PRINCÍPIOS DO NOME EMPRESARIAL Princípio da veracidade Princípio da novidade Princípio da anterioridade Fonte: Elaborada pela UOL Edtech, 2019. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Veja a seguir detalhadamente cada um desses princípios. O princípio da anterioridade está diretamente ligado ao registro do nome empresa- rial, pois, de acordo com tal princípio, para que o registro seja efetuado, é necessário que aquele determinado nome ainda não exista, ou seja, tem de ser algo novo e, a partir do momento que este nome foi registrado não poderá haver outro estabeleci- mento com a mesma denominação social, ou seja, quem registra primeiro é o dono. O princípio da novidade impede a adoção de nome igual ou semelhante ao de outro empresário. Já o princípio da veracidade proíbe a adoção de nome que leve informa- ção falsa sobre o empresário a que se refere. Portanto, os princípios norteadores do nome empresarial visam restringir a concorrên- cia desleal, bem como preservar a reputação do empresário perante seus credores. O uso da firma/razão social pode ser facultativo nas sociedades limitadas ou nas sociedades por ações; no entanto, é obrigatório nas sociedades em nome coletivo e nas comanditas simples. Já a denominação social é usada nas sociedades limitadas, bem como nas sociedades anônimas. Necessário se faz lembrar que, além do nome empresarial, há também mais um elemento distintivo para a empresa, que é a marca. 1.1.3 MARCA A marca não precisa ser a mesma do nome empresarial, ou seja, é qualquer sinal distintivo visual (sinal capaz de identificar ou distinguir pessoa/local/produto ou servi- ços), podendo ser nominativo (sinal constituído por uma ou mais palavras); figurativo (desenho, imagem, figura e/ou símbolo) ou misto (sinal constituído pela combina- ção de elementos nominativos e figurativos) que identifica determinado produto ou serviço. 22 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017,Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A proteção da marca se dá somente em âmbito nacional, de forma a proteger credo- res, consumidores e a própria empresa por protegê-la da concorrência desleal. Como exemplo de marcas tem-se o Mc Donald´s, C&A, Nestlé, Yakult entre tantas outras que têm suas marcas conhecidas em grandes áreas territoriais, mas que muitas vezes têm sua razão social um nome completamente adver- so daquele em que são conhecidas. A proteção do nome empresarial se dá a partir do momento em que se registra o ato constitutivo, tendo assim proteção automática. No entanto, a Lei 8.934 especifica que essa proteção é nacional, mas deve ficar claro que, na prática, a lei não é respeitada, e a proteção se torna somente em âmbito estadual. Nem toda expressão é registrável como marca, por exemplo, quando o elemento, seja ele nominativo, figurativo ou misto, venha ferir a moral e os bons costumes ou até mesmo quando se tratar de nome ou sigla de entida- des públicas e internacionais. Para que uma empresa exista, além do nome e da marca, muitas vezes também é necessário que haja um estabelecimento comercial. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 1.1.4 ESTABELECIMENTO COMERCIAL FIGURA 4 - O COMÉRCIO O estabelecimento comercial é um complexo de bens utilizados pelo empresário no exercício de sua atividade. Este é constituído por bens corpóreos (móveis – máquinas, estoque, etc. e, imóveis - propriedades) e incorpóreos (ponto, clientela, sinais distin- tivos, direitos de propriedade industrial), bem como pelas obrigações trabalhistas, tributárias e contratuais. Deve ficar claro que o local onde se situa a empresa não é somente o ponto empresarial/comercial, mas é o lugar qualificado para que a atividade empre- sarial seja exercida, é onde o empresário fica à disposição do consumidor, ou seja, um determinado lugar/imóvel passa a ter determinado atributo que, antes de a atividade empresarial/comercial se constituir ali, não existia. 24 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O estabelecimento empresarial/comercial adquire determinadas qualidades que fazem com que o consumidor se torne atraído pelo produto/serviço e, por isso, o estabelecimento comercial pode vir a se tornar bem de elevado valor patrimonial. É diante dessa elevada valorização que o ponto empresarial/comercial se torna algo protegido. Por isso, se locatário, o empresário desfruta de especial proteção legislativa para conservar o ponto. Essa tutela exterioriza-se pelo direito de obter reno- vação do contrato de locação do imóvel ou pela percepção de uma indeni- zação. É que, sem dúvida, haveria injustificado locupletamento do locador, se, retomando o imóvel, pudesse instalar-se com estabelecimento e desfrutar da freguesia gerada pelo locatário. Também não se justificaria se o locador se beneficiasse com alugueres maiores precisamente como decorrência da valo- rização produzida pelo locatário. E, também ainda, não teria qualquer sentido permitir que as condições de locação ficassem ao alvedrio incondicionado do locatário, como uma espécie de usucapião oblíquo em decorrência do exercí- cio da empresa (FAZZIO JUNIOR, 2018, p.69). Cumpre acrescentar que a legislação do município estabelece as regras necessárias para que o estabelecimento funcione de forma regular e, por isso, é indispensável que o empresário obtenha licença de localização e funcionamento, expressas em alvará. Os negócios do ramo de alimentação precisam atender a diversas exigências da vigilância sanitária para poder vender alimentos preparados. A cozinha deve ser equipada de maneira a garantir a conservação e preparo de alimen- tos dentro dos padrões técnicos de higiene, entre outros procedimentos. Um tipo de alvará que se exige a quase todos os tipos de empreendimentos é o alvará dos bombeiros que faz com que aquele estabelecimento cumpra diversas regras de segurança, como, por exemplo, número mínimo de extin- tores de incêndio, bem como os tipos corretos a cada tipo de atividade. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 1.2 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (UNIPESSOAL) FIGURA 5 - O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Empresário individual, também chamado de empresário unipessoal, é a pessoa física que sozinha exerce atividade empresarial sem distinção de seu próprio nome, ou seja, seu empreendimento deve ser reconhecido por seu próprio nome e, diferentemente do que ocorre com a sociedade empresária (que é pessoa jurídica e tem patrimônio próprio), não há distinção entre o patrimônio pessoal do empresário unipessoal e o patrimônio utilizado no exercício da empresa. Por isso, o patrimônio do empresário individual responde por todas as obrigações contraídas pela empresa. Para ser empresário individual, necessário se faz ter capacidade civil, ou seja, ter mais de 18 anos ou mais de 16 anos e ter sido emancipado (se tornado maior perante a lei, com autorização dos pais/responsáveis). 26 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No entanto, deve ficar claro que nem todas as pessoas podem se tornar empresários individuais, pois se tem aquelas que são legalmente impedidas, tais como: membros do Ministério Público, juízes, policiais, falidos não reabilitados, despachantes adua- neiros, leiloeiros, prepostos estrangeiros, membros do Poder Legislativo, entre outros, porém, mesmo que essas pessoas não possam ser empresários individuais, elas podem fazer parte de sociedades. No artigo 9741 do Código Civil, há exceções quanto à incapacidade para exercer ativi- dade empresarial de forma unipessoal. No artigo, fica claro que o incapaz (menor, doente mental, pessoas com capacidade intelectual reduzida) que receber a empre- sa de herança ou a pessoa que se torna incapaz depois de iniciar o exercício da ativi- dade como empresário unipessoal poderá exercer a atividade por intermédio de seus representantes ou assistentes, desde que haja autorização. O juiz, além de autori- zar, deverá determinar um patrimônio que não poderá responder pelo exercício da atividade empresarial, que fica protegido até que o empresário se torne novamente capaz. Caso o representante ou assistente não possua condições ou habilitação para gerir a empresa, poderá ser contratado um administrador, com autorização judicial. Se o juiz perceber que o exercício da atividade empresarial está causando danos ao incapaz, poderá revogar a autorização. 1 Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da suces- são ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3º O registro público de empresas mercantis a cargo das juntas comerciais deverá registrar contra- tos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sóciorelativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Em relação às principais características do empresário unipessoal, veja a tabela a seguir que explica o que determina este tipo de empresário. QUADRO 1 - FIXAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO EMPRESÁRIO UNIPESSOAL CAPACIDADE Ter mais de 18 anos ou ser emancipado. OBRIGAÇÃO Poderão ser cumpridas com o patrimônio pessoal do empresário. TITULAR A empresa não poderá ser transferida para outro titular, a não ser em caso de falecimento do empresário ou por autorização judicial. CAPITAL SOCIAL Não tem valor estipulado. PESSOAL Não tem mínimo ou máximo de funcionários que podem ser contrata-dos. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019. Diferente do empresário unipessoal que responde pela empresa com seu patrimônio praticar é o empresário que constitui uma EIRELI (Empresa Individual de Responsa- bilidade Limitada), conforme pode ser visto em próximo tópico. 1.2.1 EIRELI - EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA A EIRELI entrou em vigor em 2011, com a Lei 12.441. Este tipo societário é constituído por uma única pessoa que será a titular da totalidade do capital registrado, conforme artigo 980-A2 do Código Civil. A lei não especifica se o empresário deverá ser pessoa física ou se poderá ser pessoa jurídica; no entanto, se pessoa física, esta pode constituir somente uma EIRELI, embo- ra possa, simultaneamente, ser sócia de uma ou mais sociedades (MAMEDE, 2018), e, se jurídica esta poderá ter mais de uma EIRELI. 2 Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no país (BRASIL, 2002). 28 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Deve ficar claro que há instruções normativas que sugerem que as EIRELIs devem ser constituídas somente por pessoa física; no entanto, há doutrinas contrárias a isso. A EIRELI pode ser constituída para serviços de qualquer natureza, inclusive atividades não empresárias. Veja o exemplo: Atividades não empresariais: atividades intelectuais, artísticas, médicas, entre outras. O capital social que deve constituir a EIRELI deverá ser cem vezes o maior salário- -mínimo vigente no país, que serão exigidos no momento da constituição societária, porém não se exige o comprovante de integralização. Pode-se dizer que a exigência do capital da EIRELI é inconstitucional, visto que o alto valor restringe a atividade empresarial a ser desenvolvida. A empresa individual de responsabilidade limitada pode adotar nome empresarial, firma ou denominação; mas é obrigatória a identificação de sua natureza jurídica, o que se fará pela inclusão da expressão “EIRELI” (artigo 980-A, § 1º, do Código Civil). Ao ser utilizada a denominação, deve ser aplicado o artigo 1.158, § 2º, do Código Civil, devendo o nome designar o objeto da empresa. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Uma empresa constituída por Antônio Brandão, um bar na hospitaleira Minas Gerais, pode chamar-se Antônio Brandão EIRELI (firma) ou Bar Chips & Chopps EIRELI (denominação). A EIRELI pode ser constituída de duas formas: originária onde não há sociedade anterior, e sim sua constituição pura e simples, e, formação derivada que decorre da transformação de uma sociedade ou empresário individual em EIRELI. Originária: EIRELI constituída inicialmente como EIRELI - Bar Chips & Chopps EIRELI. Derivada: EIRELLI constituída pela dissolução de uma sociedade Limitada - Bar Chips & Chopps Ltda. Bar Chips & Chopps EIRELI. A administração da EIRELI pode ser feita pelo titular da empresa ou por terceiro escolhido, no entanto, no caso de morte do titular a EIRELI deverá, em tese, ser extin- ta, visto que não há especificação em lei quanto à sua continuidade. QUADRO 2 - QUADRO COMPARATIVO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL X EIRELI EMPRESÁRIO UNIPESSOAL EIRELI OBRIGAÇÕES Patrimônio Pessoal Patrimônio da Empesa CAPITAL SOCIAL Não tem 100 vezes o maior salário-mínimo vigen-te no país CONSTITUIÇÃO Pessoa Física Pessoa física ou jurídica NOME Próprio Nome Firma ou denominação acompanhada da sigla EIRELI Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019. 30 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3 SOCIEDADE EMPRESÁRIA FIGURA 6 - A SOCIEDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. As sociedades são as pessoas jurídicas de direito privado que visam ao lucro. Elas podem ser simples ou empresárias. As empresárias são aquelas que exercem empre- sa. As simples, as que não se enquadram entre as empresárias (atividades artísticas, científicas e intelectuais, além das cooperativas). A sociedade empresária é constituída por pessoa jurídica formada por duas ou mais pessoas e bens, como imóveis, máquinas que auxiliam na atividade empresária, veículos, entre outros. O Código Civil assim descreve: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. (BRASIL, 2002). 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Portanto, em regra, todas as pessoas, sejam elas capazes ou incapazes, têm capaci- dade para ser sócio. As pessoas jurídicas podem ser de dois tipos: direito público ou privado, a primeira sendo dividida entre pessoas de direito público interno e externo. Entre as pessoas de direito público interno estão a União, estados, Distrito Federal, Territórios, municípios, empresas públicas, autarquias e outras criadas por lei; e entre as externas estão os Estados estrangeiros e organismos internacionais. As pessoas jurídicas de direito privado são as associações - união de pessoas sem fins lucrativos; fundações - destinação de bens sem fins lucrativos; sociedades; entidades religiosas e partidos políticos. FIGURA 7 - TIPOS DE PESSOAS JURÍDICAS Pessoa Jurídica Direito Público: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, empresas públicas, autarquias e outras criadas por lei. Direito Privado: associações, fundações, sociedades, entidades religiosas e partidos políticos. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019. Portanto, deve ficar claro que o instituto da sociedade empresária abrange vários tipos de sociedade, mas no sentido geral, entende-se que é a reunião de pessoas que tem como objetivo a obtenção de lucro. 1.4 O SÓCIO E A SOCIEDADE COMERCIAL 32 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Deve ficar claro que sócio e sociedade não se confundem, porém ambos são regidos pelo direito que determina seus deveres e direitos que são diferentes de um e de outro. Você já viu o que é a sociedade empresária, porém, aqui, também é importan- te definir o sócio. Sócio, é a denominação que recebe cada uma das partes em um contrato de deter- minada sociedade, comprometendo-se cada um deles a aportar um capital social. Os sócios não são donos da empresa, que é dona de si mesma, não podendo os sócios fazerem o que bem entendem com a ela, pois não fazem parte da empresa, mas sim da sociedade. As sociedades sempre nascem de um contrato que limitaas ações de cada sócio, descreve seus direitos e deveres e pode também definir quem será o administrador da sociedade. Apesar de a empresa ser dona de si mesma, as obrigações políticas e econômicas são responsabilidades dos sócios. Aquele que tem impedimento para ser empresário individual, pode ser sócio, mas não pode ser administrador, lembrando-se que não podem ser empre- sários individuais os membros do Ministério Público, juízes, policiais, falidos não reabilitados, despachantes aduaneiros, leiloeiros, prepostos estrangeiros, membros do Poder Legislativo, portanto nenhuma dessas pessoas pode ser administrador de uma sociedade empresária, apesar de poderem ser sócios. De forma resumida, pode-se assegurar que o sócio é aquele que financia e estrutura a empresa, já que a empresa é a ação, sendo como já explicado nesta unidade, ativida- de econômica, circulação ou produção de bens e/ou serviços. Portanto, a sociedade empresária é uma pessoa jurídica formada pela união de pessoas, sejam elas físicas e/ ou jurídicas, que tem como objetivo a fusão de capitais e habilidades para exploração da atividade empresarial. Assim, pode-se dizer que a sociedade empresária é uma espécie de empresário que realiza a empresa. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO CONCLUSÃO O Direito Empresarial é um importante instrumento de regulação das relações empresárias e de proteção ao credor e consumidor, apresentando-se como inovador. O que se pode observar, a partir do que foi visto nesta unidade, é que a efetividade do Direito Empresarial se deve, dentre vários outros motivos, por princípios assim como em todas as áreas do direito. Isto porque os princípios servem como norteadores para interpretação e aplicação das normas nos casos concretos. Você viu nesta unidade os conceitos básicos para a compreensão do Direito Empre- sarial como um todo, pois aqui foram abordados os conceitos iniciais de empresa e empresário, sendo debatidos os principais aspectos que formam a empresa, como nome, marca e o estabelecimento comercial. Também foi visto nesta unidade a defi- nição de alguns dos tipos de empresários para que se possa distinguir sem maiores dificuldades o empresário individual, também chamado de unipessoal, e o empre- sário que funda para si uma EIRELI, que tem como qualquer outra instituição vanta- gens e desvantagens, mas que tem como principal vantagem a utilização de capi- tal social próprio para o cumprimento de suas obrigações. Aqui também ficou claro como se denomina a sociedade empresária e o sócio que são institutos diferentes, que não devem ser confundidos, mas que dependem um do outro para existir. Esta unidade foi desenvolvida com o intuito de apresentar o Direito Empresarial a você, para que nas próximas unidades desenvolva uma visão mais ampla dos concei- tos que serão explanados. 34 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar os principais tipos societários. > Definir as características mais importantes de cada tipo societário. > Identificar as principais diferenças entre os tipos societários. UNIDADE 2 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 2 TIPOS SOCIETÁRIOS Nesta unidade será abordada a expansão da compreensão dos tipos empresariais, nos quais se deve superar a distinção entre atividades negociais simples e empresa- riais, não podendo esquecer que o Código Civil (Lei 10.406/02) é que adota a teoria da empresa. É preciso compreender as implicações teóricas desse modelo. Este presente estudo aborda em linhas gerais os diferentes tipos societários: socieda- de em comum, em conta de participação, em nome coletivo, em comandita simples e em comandita por ações. Há no regramento da matéria societária princípios explícitos, como quando se diz que a sociedade é fruto de um contrato plurilateral de organização, e implícitos, como aqueles que dizem respeito à conservação da empresa, autonomia de vonta- de, liberdade de contratar, responsabilidade societária, entre outros. Saber como funcionam as sociedades empresariais é fundamental para a formação dos empreendimentos, e é com base nisso que serão determinadas a constituição do patrimônio da empresa e a quota de responsabilidade de cada sócio. Nesse sentido, a empresa deverá ser um meio organizado e otimizado de atuação voltado para a maximização dos lucros. 2.1 TIPOS SOCIETÁRIOS O nosso Código Civil, ao tratar do tema de Direito Empresarial, define as pessoas jurídicas em duas espécies distintas: as simples e as empresárias. Já o artigo 983 do mesmo Código: Assegurou a essas sociedades a adoção, por qualquer forma ou tipo descritos nos artigos 1.039 a 1.092, facultando às sociedades simples a opção por não adoção de tipo específico, hipótese em que será regida por suas regras pró- prias (GUSMÃO, 2015, p. s/p). 36 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Desta forma, a lei brasileira permite que a pessoa jurídica, seja simples, seja empre- sária, opte por um tipo societário dentre aqueles previstos no rol presente entre os artigos 1039 e 1092. Entenda, agora, os tipos societários em espécie que estão presentes na lei brasileira. 2.1.1 SOCIEDADE SIMPLES FIGURA 8 - SOCIEDADE SIMPLES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A sociedade simples cobre as lacunas existentes na legislação das mais diversas regras das sociedades, principalmente das sociedades limitadas, pois esta é uma sociedade personalíssima, o que nas sociedades simples e limitadas quer dizer que a qualidade pessoal dos sócios prevalece, ao passo que na sociedade de capitais, como a anôni- ma, o fator preponderante é a organização. Para que se possa estudar e compreender melhor as regras que regulam boa parte dos tipos societários, é necessário em primeiro lugar estudar o que vem a ser uma sociedade simples. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A sociedade simples, assim como as sociedades empresárias, é regulamentada pelo Código Civil e corresponde ao tipo de sociedade que regula a atividade econômica não empresarial, de profissionais intelectuais, por exemplo. A constituição da sociedade simples não demanda qualquer forma, sendo imprescindível apenas a celebração de um contrato social por instrumento particular ou público, com a concludente inscrição no Registro Civil das Pes- soas Jurídicas do local de sua sede (VENOSA; RODRIGUES, 2018). O ato constitutivo das sociedades simples – aquele que dá início à socieda- de – é o contrato social e, para que este seja regular, é necessária a presen- ça de algumas cláusulas previamente estipuladas, tendo tais cláusulas seus elementos previstos no artigo 997 do Código Civil, quais sejam: [...] I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pes- soas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreen- der qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 38 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em servi- ços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administraçãoda sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações so- ciais (BRASIL, 2002). O inciso primeiro diz respeito à qualificação dos sócios, ou seja, nos diz que em uma sociedade simples os sócios podem ser tanto pessoas jurídicas quanto pessoas natu- rais. No caso específico em que um dos sócios é uma pessoa natural, as partes devem indicar nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço da pessoa. Já nos casos em que um ou ambos os sócios forem pessoa jurídica, é necessário que se faça a indicação de nacionalidade, firma ou denominação social, forma pela qual a pessoa jurídica se individualiza, e o endereço de sua sede. A sociedade simples – como prevê o incido II citado acima – terá a denominação social como nome adotado, conforme as regras do parágrafo único do artigo 1.155 do Código Civil. Denominação social é um nome dado a uma empresa, formado por uma palavra qualquer ou uma expressão fantasia que pode ou não representar o objeto da empresa. Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adota- da, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Relembrando, como exemplo de denominação social: Armazém São Judas Padaria Irmãos Gerônimo Já o objeto social da sociedade simples deve representar a atividade empresarial a ser executada. Tal especificação é considerada de grande importância, pois é ela que define se a sociedade adota a forma empresarial ou não, além de fazer com que sejam determinados os deveres da sociedade, como a tributação pela qual responderá. Um empreendimento com nome “comércio varejista de peças de vestuá- rio, calçados e acessórios” demonstra que a sociedade se propõe a vender roupas, calçados e qualquer acessório para vestuário, como cintos, para homens e mulheres, adultos ou crianças. É necessário compreender que a sede da empresa é o centro das decisões da socie- dade, não necessariamente sendo o primeiro ponto comercial da sociedade, mas sim onde são as tomadas de decisões sobre o andamento da atividade exercida pela sociedade. A sociedade simples pode ou não ter tempo determinado de existência, no entanto, quando seu tempo for predeterminado, será necessária a manifestação expressa nos casos em que houver o desejo de prorrogação das atividades. Com o término do prazo estipulado de existência da sociedade e não havendo manifesta- ção quanto à prorrogação das atividades, a sociedade pode se extinguir pelo simples decurso do tempo. 40 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Com o surgimento da sociedade, também surge o capital social, que deve ser formado em moeda corrente, podendo ter como elemento formador qualquer bem. Nos casos em que for utilizado bens móveis, este passa a compor o patrimônio da empresa. Todos os sócios são responsáveis pelas perdas, bem como pela participação na distri- buição do lucro, devendo o lucro ser proporcional ao percentual de participação de cada um, exceto nos casos em que houver disposição em contrário, não podendo haver cláusulas em que se exclua qualquer dos sócios da repartição dos lucros, bem como se estende a obrigação de contribuir de qualquer dos sócios. Na sociedade simples a responsabilidade dos sócios é subsidiária e ilimitada, ou seja, uma vez esgotado o patrimônio da sociedade, respondem pessoalmente e ilimi- tadamente os sócios, obedecida a proporção da participação de cada um, em que todos os sócios respondem, com seu patrimônio, de forma igual pela sociedade. Ou seja, as dívidas contraídas pela sociedade podem afetar o patrimônio particular dos sócios, sendo que sempre haverá solidariedade entre eles, portanto, se um não cumprir com a obrigação os demais terão de cumprir. Deve-se salientar que todos os atos da sociedade devem ser públicos, ou seja, todos os atos societários devem ser devidamente registrados em órgão responsável, evitando fraudes contra terceiros e tendo como maior finalida- de a proteção aos credores, e por isso qualquer pacto que não tenha a devi- da publicidade só terá validade entre sócios, nunca com relação a terceiros. Entendida essa noção geral sobre a sociedade simples, entenda mais sobre os direi- tos e obrigações dos sócios. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 2.1.1.1 DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS A partir do momento em que a sociedade é implementada, constitui-se também a responsabilidade de cada um dos sócios, ressalta-se que a constituição do capital social é uma responsabilidade anterior a constituição societária, pois dela provém a constituição, ou seja, as obrigações dos sócios necessariamente não ocorrem somen- te após a formalização da entidade. Diferentemente de quando as obrigações começam, anteriormente à constituição societária, o término das obrigações sociais ocorre quando a sociedade é extingui- da, porém os direitos e obrigações já constituídos antes da extinção da sociedade permanecem como efeitos residuais. 2.1.1.2 SUBSTITUIÇÃO DOS SÓCIOS, SÓCIO REMISSO E TRANSFERÊNCIA DAS QUOTAS Como a sociedade simples é uma sociedade de pessoas, as quotas só podem ser transferidas e os sócios só podem ser substituídos com consentimento expresso dos demais sócios, bem como devida modificação no contrato social, que é o que de fato faz com que haja eficácia perante terceiros. No entanto, deve-se esclarecer que o sócio que transfere suas quotas a um terceiro não tem suas responsabilidades extin- tas imediatamente, pois este continua sendo responsável solidário perante a socieda- de e terceiros por dois anos a partir da averbação do contrato social. Assim como em qualquer outra sociedade, na sociedade simples pode haver o sócio remisso que é aquele que não quitou total ou parcialmente sua parte na sociedade. 42 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O sócio remisso, na sociedade simples, deverá ser notificado para quitar sua dívida em até trinta dias. Vencido o prazo, o sócio deverá pagar o valor principal, bem como os danos causados pelo não pagamento. Nas circunstâncias do sócio remisso, os demais sócios podem optar pela sua exclusão. 2.1.1.3 DIREITOS PROVENIENTES DA SEPARAÇÃO DO SÓCIO E EX-CÔNJUGE/COMPANHEIRO O artigo 1.027 do Código Civil tem o intuito de proteger o empresário do seu ex-côn- juge/companheiro e os herdeiros que têm capital investido em quotas societárias, pois a entrada dessas partes na sociedade pode não ser viável quando se fala em sociedade de pessoas, bem como a retirada de haveres da sociedade poderá afetar o desenvolvimento societário e muitas vezes até causar a sua dissolução, por isso os herdeiros e o ex-cônjuge/companheiro podem retirar seus créditos durante e a divi- são periódica de lucros, até que se liquide a dívida. Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se sepa- rou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade. 2.1.1.4 ADMINISTRAÇÃO O administrador é a pessoa que torna a vontade da sociedade em realidade, mas sem subordinação nem poderes de mandato. Na sociedade simples podem ser sócios pessoas jurídicas, de direito público ou privado; no entanto, seu administrador não precisanecessariamente ser um dos seus sócios, podendo, então, ser um tercei- ro nomeado, desde que essa nomeação seja realizada em contrato social ou em ato apartado seguindo as regras do ato constitutivo (MAMEDE, 2018). O administrador deve ser uma pessoa diligente e cuidadosa no exercício de sua função, além de não poder ser impedida. O administrador que saiba ou que deva saber que está agindo em desacordo com a vontade dos demais sócios deve respon- der por perdas e danos perante a sociedade. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A administração da sociedade simples pode ser feita de forma conjunta, no entanto, para este tipo de administração é necessário a participação dos demais sócios, pois deve haver o consentimento destes para quaisquer atos negociais. Ou seja, todos os sócios tem poderes de administração, mas que só podem ser exercidos de forma conjunta, diferentemente da administração separada, em que cada sócio pode exer- cer seu poder de administrador de forma individual. Deve ficar claro que, apesar de ser necessária a anuência dos sócios para que sejam tomadas as decisões referentes à empresa, nos casos em que houver urgência e puder haver dano irreparável e grave à sociedade, o administrador poderá tomar a decisão sem a autorização dos demais. O administrador terá responsabilidade pessoal perante seus atos quando agir aquém aos poderes que lhe foram atribuídos no contrato social, bem como quando a opera- ção seja estranha ao objetivo da sociedade (VENOSA; RODRIGUES, 2018). 2.2 SOCIEDADE EM COMUM FIGURA 9 - SOCIEDADE EM COMUM Fonte: SHUTTERTOCK, 2019. 44 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A sociedade em comum é aquela que não tem seus atos constitutivos registrados em órgão competente (junta comercial, cartório de registro de pessoas jurídicas, etc.), e é o caso da sociedade em formação. O registro desses atos constitutivos, os atos que dão início de fato à existência de uma sociedade comercial, é uma obrigação de todo empresário e sociedade empresária, mas não de uma sociedade em comum. Diante da falta de registro formal da sociedade, não há a aquisição de personalidade jurídica, entretanto, isso não quer dizer que não haja responsabilidade da sociedade perante terceiros. Pelo contrário, a sociedade em comum tem capacidade processual – pode fazer parte de um processo judicial, tanto no polo ativo quanto no polo passi- vo – e, por isso, estão sujeitas a falência, mas não tem proteção do nome empresarial, não pode requerer sua recuperação judicial, bem como não pode solicitar a falência daquele que lhe deve. Personalidade jurídica é quando um indivíduo deixa de ser apenas pessoa física e por meio de um processo de regularização torna-se uma pessoa jurídica perante a sociedade, respondendo pelos direitos e deveres da sua empresa. O patrimônio que constitui a sociedade em comum responde pelas obriga- ções por ela contraídas, no entanto, caso não seja suficiente para quitação das dívidas, o patrimônio dos sócios poderá ser atingido de forma solidária, ou seja, o credor poderá optar por ir atrás do patrimônio daquele que tiver mais condições de quitar o débito, seja a sociedade em comum, sejam os sócios ou todos juntos. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO No entanto, as obrigações contraídas pela sociedade, bem como seus bens consti- tuem patrimônio especial sendo os sócios os titulares dos mesmos. (CATEB, 2009). Como se trata de sociedade despersonalizada os terceiros interessados não precisam saber quais as limitações de cada sócio e, por isso o Código Civil aduz que a respon- sabilidade dos sócios é solidária e ilimitada perante terceiros. Veja o exemplo a seguir: Uma empresa tem uma dívida de um milhão de reais, mas seu patrimônio é somente de R$ 500.000,00, e esta dívida está sendo cobrada pelo credor. Como a empresa não tem patrimônio suficiente para quitar seu saldo, o patrimônio dos sócios, de forma solidária, será atingido até o pagamento total da dívida. Lembre-se de que há solidariedade quando na mesma obri- gação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou com responsabilidade pela dívida toda, como se fosse o único. Silvio de Salvo Venosa e Cláudia Rodrigues ressaltam que: No período que medeia entre a criação da sociedade e seu registro, os atos praticados por ela são considerados de sociedade irregular, podendo ser, contudo, ratificados. O ato de registro, todavia, não é retroativo. Em situação semelhante, posicionam-se as sociedades que necessitam de autorização governamental, atuando com anomalia até a devida autorização que possibi- litará o registro (VENOSA; RODRIGUES, 2018, p. 115). Pode-se, então, dizer que a sociedade em comum é tanto aquela que não possui um contrato social devidamente registrado quanto aquela em que existe um contrato social, mas ele não foi registrado, ou mesmo teve o processo de registro iniciado e não terminado. Tem-se ainda aquelas situações em que o contrato social existe, foi devidamente registrado, mas por motivos outros não recebeu a devida autorização governamental para o início das atividades. 46 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Assim sendo, enquanto não são registradas ou enquanto seus registros não são plena- mente concretizados, as sociedades em comum são regidas pelas normas da socie- dade simples. E como você verá a seguir, na falta desse registro da sociedade, há a necessidade de se fazer uma prova escrita de sua existência. Mesmo não sendo devidamente registrada, a sociedade em comum pode ser acionada judicialmente e, nesses casos, se faz necessária a comprova- ção de sua existência. Essa comprovação de existência que pode ser feita de qualquer forma lícita pelos credores, ou seja, todas as formas permitidas em lei de que os credores dispuserem – escrituras públicas, escritos particula- res como faturas, pedidos, confirmações de realização de pedidos e serviços, trocas de e-mails, pelos livros contábeis, etc. – e de forma documental pelos sócios. O Código Civil não descreve quais tipos de provas são necessárias para que se demons- tre a existência da sociedade, e por isso a doutrina nos diz que se deve usar como base, por analogia, para definição dos tipos possíveis de documentos, os critérios defi- nidos ainda pelo Código Comercial de 1850, tais como: • Notas dos corretores e certidões extraídas de protocolos. • Correspondências. • Livros comerciais. • Testemunhas. • Aquisição e alienação de bens em comum. • Negociação em comum. Para além da necessidade de comprovação da existência da sociedade em comum, tem-se também a forma como se comporta o patrimônio da sociedade. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Bruno e Heitor resolvem montar uma sociedade chamada B&H Ltda, mas não fazem o devido registro dessa sociedade. Mesmo sem o devido regis- tro, a sociedade formada por Bruno e Heitor tem negócios com a empresa Larica Lanches Ltda, fornecendo a eles matéria prima para a produção de sanduíches e afins. Bruno e Heitor não honram um de seus compromissos com a Larica Lanches, deixando de fornecer parte do insumo contratado. A empresa Larica Lanches pode demandar judicialmente a empresa e seus bens, assim como os bens de Bruno e Heitor. Ultrapassada a noção de sociedade em comum, como você viu, veja agora o que é uma sociedade em conta de participação. 2.3 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃOFIGURA 10 - SÓCIO OCULTO Fonte: SHUTTERTOCK, 2019. 48 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A sociedade em conta de participação pode ser tratada não como um tipo de socie- dade, mas sim como um simples contrato associativo, pois existe entre os partici- pantes um contrato – que pode ser verbal ou escrito – em que uma das partes investe no negócio, mas não tem seu nome figurando publicamente durante os processos de negociação da empresa – permanecendo como um investidor oculto. Já a outra parte atua em seu próprio nome e, por ser o único a ter o nome figurando publicamente na empesa, é quem faz contato com a parte interessada. A sociedade em conta de participação é aquela feita sob contrato participativo ou contrato de participação. Esse contrato vem a ser o: negócio jurídico celebrado para a exploração da atividade econômica pelo regime da sociedade em conta de participação. O contrato participativo é celebrado entre pessoas – naturais ou jurídicas – que desejam explorar de- terminada atividade econômica, quando nem todas as pessoas – os sócios – desejam figurar nessa condição e, mais importante, não pretendem assumir responsabilidade patrimonial pelas obrigações do empresário. (VENOSA; RO- DRIGUES, 2018, p.118). Essa espécie societária possui dois tipos diferentes de sócios: o ostensivo e os partici- pantes. FIGURA 11 - TIPOS DE SÓCIOS DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO Tipos de Sócios Ostensivo Participante Fonte: elaborada pela UOL Edtech, 2019. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO O sócio ostensivo é aquele responsável pelo negócio em questão, aquele que tem seu nome figurando publicamente em todos os registros da empresa. Esse sócio respon- de ilimitadamente – sua responsabilidade não acaba quando o patrimônio da empre- sa acaba, estendendo-se para seu patrimônio pessoal – pelas obrigações assumidas perante terceiros. Já os sócios participantes, também chamados de sócios ocultos, são aqueles que participam apenas dos resultados, conforme pode ser descrito pelo artigo 991 do Código Civil, in verbis: Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome indi- vidual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes (BRASIL, 2002). Sobre essa divisão dos sócios na sociedade em conta de participação, determina o Código Civil que: Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes (BRASIL, 2002). A sociedade em conta de participação surge como uma forma de proteção do patri- mônio daqueles sócios de determinado empreendimento que tem como intuito apenas o investimento no negócio, e não a atuação prática no dia a dia da empresa, pois toda responsabilidade do negócio recairá somente sobre o patrimônio do sócio ostensivo – o sócio público – da empresa. É preciso frisar que esse tipo societário não exige formalização – o registro de um contrato social em órgão específico como junta comercial ou cartório de registro de pessoa jurídica – para sua constituição. Em geral, aqueles que decidem se envolver nesse tipo societário optam por fazer o que é comumente denominado como “contra- to de gaveta”: algo informal, mas que garante uma maior segurança aos envolvidos. Vale dizer que mesmo quando não há contrato formal – devidamente registrado – a sociedade e suas atividades tem respaldo legal. Como o nome do sócio investidor, nesse tipo societário, permanece sempre oculto, a sociedade em conta de participa- ção sempre terá o nome apenas do sócio ostensivo. 50 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Um grupo de pessoas é reunido para investir na construção de um edifício de apartamentos por meio de uma incorporação predial. O nome que figu- rará no contrato da incorporação é apenas o da construtora – o sócio osten- sivo, as pessoas que investem nessa incorporação ficam ocultas e recebem apenas os lucros que essa incorporação gerar. Quem responde por quaisquer problemas advindos da incorporação imobiliária é apenas a construtora. Agora que você já sabe um pouco mais sobre o que é uma sociedade em conta de participação, entenda um pouco mais sobre a sociedade e nome coletivo. 2.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO FIGURA 12 - SOCIEDADE EM NOME COLETIVO Fonte: SHUTTERTOCK, 2019. A sociedade em nome coletivo é um tipo societário em que todos os sócios são solidá- rios e todos respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida da sociedade pode atingir os bens dos sócios. De acordo com o art. 1.039 do Código Civil, 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO essa sociedade é constituída, necessariamente, por pessoas físicas. Nesse sentido, a administração desta sociedade cabe exclusivamente aos sócios, não podendo um terceiro exercer este papel administrativo (art. 1.042, CC). Deve ficar claro que a sociedade em nome coletivo é uma sociedade de pessoas, e por isso as características de cada indivíduo importa não podendo suas quotas serem transferidas sem autorização no contrato social e/ou dos sócios nem serem penhoradas. Cabe ressaltar que o nome empresarial é: Denominado firma ou razão social Formado pelo nome dos sócios Nome empresarial Bruno, Heitor e Ivânia se juntam e resolvem formar uma sociedade empre- sária para trabalhar com publicidade de diversos tipos. Ao optar pelo tipo societário de sociedade em nome coletivo, o nome da empresa de publici- dade e propaganda pode vir a ser: Bruno, Heitor & Cia; Bruno & Cia; etc. A sociedade em nome coletivo tem como ato constitutivo o contrato social que regulamenta as relações entre sócios, sócio e sociedade e, sócio e terceiro. 52 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Todas as peculiaridades da sociedade em nome coletivo estão previstas nos arts. 1.039 a 1.044 do CC. Ultrapassada a noção de sociedade em nome coletivo, como você viu, veja a seguir sobre a sociedade em comandita simples. 2.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES FIGURA 13 - OS SÓCIOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A sociedade em comandita simples é sociedade personificada com capital divido em quotas que possui duas modalidades de sócios, sendo eles os: • Comanditados. • Comanditários. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Os sócios comanditados só podem ser pessoas físicas e são os administradores com responsabilidade ilimitada; já os comanditários podem ser pessoas físicas ou jurídi- cas, têm responsabilidade limitada e provém os fundos para a atividade negocial. Não pode o sócio comanditário praticar qualquer ato de gestão nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado (artigo 1.047 do Código Civil). Contudo, os sócios comanditários podem participar das deliberações da sociedade e fiscalizar as operações sociais, o que não deve ser inter- pretado como ato de gestão, administração ou mesmo representação. Também se permite que o comanditário seja constituído procurador da sociedade, para negócio específico, com poderes especiais, o que não fará com que o tipo de sua responsabi- lidade mude, ou seja, a reponsabilidadecontinua limitada. João e Henrique decidem constituir uma comandita simples, ambos como sócios comanditados, junto com a empresa de TI, Angus Sistemas Eletrôni- cos Ltda, que investiu 40% do valor do contrato social. No entanto, o adminis- trador será Henrique, já que João não tem aptidão para tal cargo, bem como a Ltda não pode exercer a função de administrador. Porém, apesar de João não ser administrador do empreendimento, assim como Henrique pode- rá responder com seu patrimônio, de forma ilimitada pelas dívidas contraí- das pela empresa, enquanto a sociedade Ltda que é sócio deles, só poderá responder pelas dívidas contraídas, até o limite de suas quotas. Como na sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples é uma sociedade de pessoas. No entanto, o sócio comanditário, em caso de morte, a sociedade, salvo disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente. 54 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Este tipo societário tem como ato constitutivo o contrato social. Seu capital social é divido em quotas, e mais uma vez são impenhoráveis e insubstituíveis sem que haja a devida autorização. O nome empresarial adotado é a firma ou razão social e só pode contar o(s) nome(s) do(s) sócio(s) comanditado(s), não podendo constar, mesmo que de forma errônea, o nome do comanditário, pois este passa a ter responsabilidade ilimitada. A Klabin S/A tem, entre os acionistas que compõem o seu bloco de controle, outra sociedade muito interessante: a George Mark Klabin & Cia Sociedade em Comandita. Em 1997, em Curitiba, foi criada a D Agostin & comandita – EPP, uma sociedade em comandita simples cujo objeto social é o comércio de pneus (MAMEDE, 2018). Veja a seguir o que constitui a sociedade em comandita por ações. 2.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES FIGURA 14 - SOCIEDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A sociedade em comandita por ações é uma sociedade com o capital dividido por ações e duas modalidades de sócios, os comanditados e comanditários, sendo estes responsabilizados da mesma forma que na sociedade em Comandita Simples. Este tipo de sociedade tem natureza jurídica híbrida, ou seja, tem características de sociedade de pessoas e sociedades de capital. Tem como principal característica o capital dividido em ações, como acontece com as sociedades anônimas, no entanto, os acionistas ocupam as funções administrativas e têm responsabilidade ilimitada. Considere, por exemplo, que A, B, C, D e E constituem uma sociedade em comandita por ações, possuindo cada um ações que equivalem a um quin- to do capital social de R$ 50.000,00. Logo, os cinco acionistas serão titulares de R$ 10.000,00 em ações. O acionista A vem a falecer e é substituído por seu filho. Os acionistas D e E foram escolhidos como administradores. Em consequência, teremos que o filho de A e os sócios B e C respondem limita- damente pelas obrigações sociais, até o valor de R$ 10.000,00; enquanto D e E respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, mesmo sendo titu- lares de ações no valor de R$ 10.000,00. A lei prevê que a responsabilidade ilimitada é subsidiária. Portanto, primeiro deverá ser esgotado todo o capital social de R$ 50.000,00, para depois serem atingidos os bens pessoais dos acionistas D e E. Aqui fica clara a natureza híbrida da sociedade em ques- tão, visto que o filho de A se tornou acionista sem maiores problemas, ou seja, aqui as características de cada sócio não são tão importantes quanto na comandita simples. Mais um questionamento que se pode fazer neste caso é se os sócios D e E respondem solidariamente ou se há alguma ordem de preferência. No entanto, esta pergunta é respondida pelo § 1º do artigo 1.091 do Código Civil, que aduz que “se houver mais de um diretor, serão solidaria- mente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais” 56 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Este tipo societário tem como ato constitutivo o Estatuto Social e tem como nome empresarial razão social ou denominação social, sempre vindo acom- panhados da expressão “em comandita por ações”. Mendes e Lacerda Comandita por Ações Distribuidora Mendes e Lacerda Comandita por Ações. O direito que rege as sociedades em comandita por ações é o Código Civil em seus arti- gos 1.090 a 1.092, bem como a Lei 6.404/76 que dispõe sobre as sociedades anônimas. Os artigos que regem a comandita por ações tratam somente sobre a admi- nistração da sociedade e sobre a assembleia geral, e principalmente o arti- go 1.090 vem aduzir que as comanditas por ações deverão ser regidas pelas normas relativas à sociedade anônima. Como não há Conselho de Administração, as sociedades em comandita por ações só poderão ter como administradores ou gerentes seus acionistas. Além disso, cabe ressaltar, que os administradores deverão ser nomeados no estatuto e por tempo indeterminado, e somente poderão ser destituídos por deliberação dos administra- dores que somarem no mínimo dois terços do capital social. 57 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Fábio Ulhôa Coelho ensina que: O regime de comandita por ações é o das anônimas. São ambas sociedades de capital e institucionais. Assim, exceção feita às regras próprias, justificáveis pela especial responsabilização dos seus acionistas-diretores, aplica-se às comanditas por ações as preceituadas para as companhias. Desse modo, as ações da comandita podem ser ordinárias ou preferenciais; os titulares des- sas últimas devem ter vantagens estatutárias na distribuição do resultado e podem sofrer restrições ou supressão do direito de voto; a sociedade pode ser aberta para fins de captação de recursos junto ao mercado de capitais, ou fe- chada; os sócios têm direito ao dividendo mínimo definido nos estatutos, etc. (COELHO, 2014, p.478). Portanto, fica claro que a diferença da sociedade em comandita simples e a coman- dita por ações está no capital social, nas quotas e nas ações. Você entendeu um pouco mais sobre os vários tipos societários, suas características e particularidades, bem como sua importância para as definições das sociedades, simples ou empresárias. CONCLUSÃO Nesta unidade você pôde entender que dentro da legislação brasileira existem tipos distintos de sociedade, que podem ser divididos em duas categorias: simples e empresárias, e perceber que a sociedade simples não tem fim comercial, mas suas regras são importantes tanto para a definição de sociedade simples quanto para as sociedades empresárias não regulares, por analogia. Compreendeu, também, que dentre os tipos de sociedade empresária tem-se a sociedade em comum, que é um tipo de sociedade empresária que não possui um contrato social devidamente registrado, mas o próprio exercício de suas atividades empresárias demonstra a sua existência. Além disso, entendeu que a sociedade em conta de participação, apesar de ser uma sociedade empresária, configura-se mais como um contrato associativo, e que, por meio da sociedade em conta de participação, o sócio que pretende apenas investir na sociedade permanece como sócio oculto e aquele que atua sozinho em nome da empresa é o sócio ostensivo. 58 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Você compreendeu, ainda, que a sociedade em nome coletivo é o tipo societário em que aqueles que se reúnem para formar a sociedade empresária respondem solida- riamentee ilimitadamente por quaisquer dívidas da sociedade. E compreendeu, por fim, que existem dois tipos de sociedade em comandita: a sociedade em comandita simples e a sociedade em comandita por ações. Ficou claro que a grande diferença entre a sociedade em comandita simples e a sociedade em comandita por ações está na maneira como se forma o capital social da empresa: por cotas ou por ações. 59 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o conceito de sociedade limitada. > Identificar as principais características da sociedade limitada. > Explicar a importância das sociedades limitada em nosso ordenamento jurídico. > Distinguir as sociedades limitadas dos demais tipos empresariais. UNIDADE 3 60 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 SOCIEDADE LIMITADA: CONCEITO A presente unidade busca sistematizar o estudo sobre as sociedades limitadas, procu- rando demonstrar os benefícios da utilização dessa modalidade societária, em razão da responsabilidade limitada dos sócios, que é restrita às quotas dos sócios. O Brasil foi o quinto país do mundo a legislar sobre as sociedades de responsabilida- de limitada, baixando, em 10 de janeiro de 1919, o Decreto nº 3.708, que introduziu em nosso sistema legal esse novo tipo societário. A sociedade por quotas de respon- sabilidade limitada perdurou, regulada por este decreto, até a entrada em vigor do atual Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Analisando o cenário empresarial brasileiro atual, verifica-se que existem aproxima- damente 5,5 milhões de Sociedades Limitadas, correspondentes a 27.84% do núme- ro total de agentes econômicos do país, segundo dados de 2017 fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. Saliente-se que esse é o tipo societário mais comum de nosso ordenamento jurídico, o que torna notória a importância do presente estudo. 3.1 CONCEITO DE SOCIEDADE LIMITADA FIGURA 15 - SOCIEDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 61 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A sociedade limitada é o tipo de sociedade que possui o capital dividido em quotas e cujos sócios possuem responsabilidade limitada no valor de suas quotas, havendo ainda responsabilidade solidária pela integralização. Mas o que isso significa? As limitadas são as sociedades mais utilizadas no Brasil por limitar a responsabilidade do sócio. Assim, caso a sociedade constitua dívidas, os sócios só poderão ser chama- dos a pagar o que não pagaram à sociedade para a integralização de suas quotas. A Sociedade limitada X possui três sócios – A, B e C. “A” subscreveu (prometeu pagar) 30% das quotas, mas só pagou 20%; “B” subscreveu (prometeu pagar) 50% das quotas, mas só pagou 10%; “C” subscreveu (prometeu pagar) 20% das quotas, e integralizou (pagou) tudo. Supondo que a Sociedade tenha uma dívida de 1 milhão de reais e que o capital social da empresa é de R$ 100.000,00 (que é todo o patrimônio que ela possui), os sócios só poderão ser chamados a completar o valor faltante para a integralização; nesse caso, 30% do capital, ou R$30.000,00. Cada sócio responde solidariamente pela integralização das quotas sociais, portan- to, no caso apresentado, qualquer um dos sócios poderá ser chamado a pagar os R$30.000,00 restantes, inclusive “C”. É claro que aquele sócio que for chamado a pagar terá direito de regresso contra os demais, na proporção do débito de cada um. Desse modo, ao ser alcançada a integralização do capital social, o patrimônio particu- lar do sócio não será afetado por débitos da sociedade, já que ele não responderá por mais nada – apenas em exceções previstas expressamente na lei (como em caso de abuso da personalidade jurídica, dívidas tributárias e trabalhistas, e ainda em ques- tões ambientais). 62 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.2 NATUREZA DA SOCIEDADE LIMITADA FIGURA 16 - O COLETIVO Fonte: SHUTTERTOCK, 2019. No que tange à sua natureza jurídica, há grande divergência doutrinária se a sociedade limitada é sociedade híbrida ou sociedade de pessoas. Segundo ensinamentos de Silvio Venosa (2016), a pessoalidade é elemento marcan- te na sociedade limitada, mas não é essencial, pois se tem um número elevado de sociedades limitadas formadas por famílias e/ou laços afetivos fortes, há também as empresas de grande porte que estão se transformando em sociedades limitadas, pois visam “melhor controle do capital societário e a diminuição de trâmites, adotan- do as normas da S/A como supletivas. Daí por que não se pode afastar a natureza híbrida dessas sociedades” (VENOSA, 2016, p.143). Vale ressaltar também que na maioria das vezes a pessoa/personalidade do sócio é preponderante, por isso debate-se tanto a questão da penhora das quotas quan- to da quebra do affectio societatis, portanto, há preponderância do humano sobre o capital. 63 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO O termo affectio societatis consiste na intenção dos sócios de constituir uma sociedade. É a declaração de vontade expressa e manifestada livremente pelo(s) sócio(s) de desejar(em), estar(em) e permanecer(em) juntos na socie- dade, eis que se a vontade de qualquer deles estiver viciada não há affectio societatis. O sócio na limitada empreende seus esforços na exploração da empresa, assim como faz o sócio da sociedade simples, e por isso há regência suplementar pelas normas da sociedade simples. Porém, o sócio também pode se basear nas normas da sociedade anônima, desde que haja disposição no contrato social, e é aí que vemos a sociedade de capital sobressaindo sobre a sociedade de pessoas (VENOSA, 2016). 64 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A título de exemplo, pense em uma sociedade limitada em que nas omis- sões ela seja regida pelas normas da sociedade anônima e o contrato social preveja a existência de conselho fiscal e sua instalação, de acordo com cláu- sula contratual, dependa da vontade de, pelo menos, 30% do capital social. A parte do Código Civil de 2002 (artigos 1.052 a 1.087) que trata da limitada é omissa quanto ao quórum de instalação do conselho fiscal. Ocorre que o § 2º, do artigo 161, da Lei n°. 6.404/76, confere ao acionista, titular de 10% das ações com voto, o direito de instalar o conselho fiscal. Portanto, se prevalecer o entendimento de que, na omissão da lei das limitadas, não é lícito ao pacto social contrariar as normas das sociedades anônimas, a cláusula contratual daquela hipotética sociedade será nula, pois contraria o § 2º, do artigo 161, da Lei n°. 6.404/76 (norma cogente, pois protetora dos minoritários, não sujei- ta a negociação). E mais: o quotista detentor de 10% do capital social insta- lará o conselho fiscal. Defende Fazzio Júnior (2016) que a sociedade limitada é uma sociedade intuitu personae, quando: o contrato social estipular cláusula que condicione a cessão de cotas sociais à anuência dos demais cotistas; ou • o contrato social silenciar sobre a cessão de cotas, mas declarar a impenho- rabilidade; ou ainda • omisso quanto a essas matérias, o contrato social estipular que, no caso de morte de um dos cotistas, os sócios supérstites decidirão sobre a apuração de seus haveres (FAZZIO JUNIOR, 2016, p.150). 65 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767,de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Sociedade intuitu personae é quando se leva em consideração a pessoa do sócio, ou seja, é quando uma sociedade se baseia, na confiança, na amiza- de e até nos dotes referentes àquela determinada relação, por isso só aquela pessoa pode executar sua obrigação, sendo necessário autorização para subs- tituir um sócio por outro que não tem relevância para dos demais. Nos casos em que não houver essa configuração, ou seja, nos casos em que não houver o elemento “pessoa do sócio”, a sociedade terá uma maior proximidade com a sociedade de capital. Imagine uma sociedade limitada constituída por três amigos, todos enge- nheiros de alimentos, no entanto, a sociedade precisa de mais capital. Porém, os sócios não têm mais como investir na empresa e por isso decidem abrir quotas para a entrada de um terceiro qualquer, independentemente de sua formação ou de ser amigo ou não, afinal o que eles precisam é de geração de capital, ou seja, nessa sociedade a pessoa do sócio passa a não ser mais fator de preponderância. Fazzio Junior (2016, p. 150) ainda defende que “o hibridismo da sociedade limitada e as lacunas de sua regulamentação permitem-na oscilar entre o intuitu personae e o intuitu pecuniae”, ou seja, o autor defende que, quando há lacunas a serem preenchi- das pelas regras da Sociedade Anônima, a Sociedade Limitada poderá oscilar entre o intuito personae, que é quando a pessoa do sócio importa para a sociedade, e o intui- to pecuniae, que é quando a pessoa do sócio não importa, mas sim o capital inserido na sociedade, fazendo com o que a qualidade pessoal do sócio se torne irrelevante, e assim poderá ser considerada uma sociedade de capital. 66 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Portanto, fica claro que, apesar de haver grande controvérsia doutrinária no que tange à sociedade limitada ser híbrida ou de pessoas, salienta-se que não existe sociedade sem pessoas nem sem capital social. Entenda agora como funciona a constituição do contrato social da Limitada. 3.2.1 CONTRATO SOCIAL FIGURA 17 - CONTRATO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Os requisitos aplicáveis à constituição das sociedades simples devem ser aplicados na sociedade limitada e, desde que não afrontem as características básicas da socieda- de, podem ser inclusas cláusulas diversas daquelas, ou seja, assim como nas socieda- des simples deverão haver cláusulas obrigatórias, conforme previsto no artigo 997 do Código Civil, quais sejam: [...] I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pes- soas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; 67 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreen- der qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em servi- ços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações so- ciais (BRASIL, 2002). Portanto, deve ser feita a qualificação das partes envolvidas na sociedade, seja pessoa física ou jurídica, bem como a qualificação da sociedade em si, como nome, objeto econômico, divisão de quotas e todas as informações que são pertinentes àquele empreendimento. Normalmente nas sociedades limitadas se faz o uso da denominação social, em que se permite a designação do objeto social na formação de seu nome, fazendo com que a sociedade se torne mais atraente aos “olhos” de terceiros. Porém, nada impede o uso da firma social, em que o nome do sócio aparece, conferindo credi- bilidade ao negócio. No entanto, em qualquer das hipóteses é indispensável que o nome contenha o termo “limitada”, por extenso ou abreviada (ltda.), sob pena de descaracterização do limite de responsabilidade (artigo 1.158, § 3º). Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integra- das pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. § 3o A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denomi- nação da sociedade (BRASIL, 2002). Veja os exemplos a seguir de denominação de alguns nomes: 68 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO DSO Sistemas Hidráulicos Ltda Metalcromo Indústria Ltda Silva e Souza Ltda Para um melhor entendimento das sociedades limitadas, também se faz necessário o estudo da formação do capital social, conforme poderá ser visto a seguir. 3.2.2 CAPITAL SOCIAL FIGURA 18 - O CAPITAL Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 69 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO O capital social representa o patrimônio inicial constituído pela sociedade em decorrência da contribuição dos sócios, possibilitando assim a atividade empresarial. Também pode ser considerado como o valor mínimo da responsabilidade da socie- dade, já que é o valor mínimo de patrimônio que ela deve possuir. A legislação brasileira não mensurou o valor mínimo para abertura de uma sociedade limitada, no entanto, subentende-se que o capital social deve ser compatível com as necessidades e atividades empresárias, o que nem sempre é verdadeiro. No contrato social da empresa obrigatoriamente deve constar a quantidade de quotas em que a empresa está dividida, bem como seu valor unitário, podendo as quotas terem o mesmo valor ou valores desiguais. Importante frisar que não é neces- sária a integralização imediata das quotas, mas é preciso que se faça a especificação de tempo e modo para integralização delas. As quotas podem ser integralizadas com dinheiro ou bens, no entanto, os bens deverão ser passíveis de avaliação e ter seu valor compatível com o valor das quotas subscritas, caso contrário poderá ser caracterizada fraude. No caso das sociedades limitadas NÃO se admite a integralização das quotas pela prestação de serviços. A formação do capital social decorre da aquisição de quotas pelos sócios, podendo ser distribuídas de forma igual ou desigual. 70 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Capital social de R$ 1.000,00, divido em 100 quotas de R$ 10,00 cada, sendo 2 sócios com 40 quotas cada e 1 com 20 quotas. Deve ficar claro que, com a aquisição de quotas de determinada sociedade, o sócio adquire, além de direitos, obrigações. 3.2.2.1 AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL O contrato social das sociedades não pode ser alterado a todo tempo, e por isso tem-se uma previsão legal para alteração deste para que haja aumento do capital social, desde que presentes alguns requisitos. Para aumento do capital social, é necessário que todas as quotas tenham sido devi- damente integralizadas e a aprovação da maioria dos sócios. O aumento poderá se dar pela entrada de novo sócio na sociedade, bem como pela incorporação dos lucros (MAMEDE, 2018). O aumento de capital pode se dar pelo aumento do valor de cada quota quanto pela ampliação do número de quotas existentes. Veja o exemplo a seguir. Um aumento para R$ 300.000,00 de um capital registrado de R$ 100.000,00, dividido em 100 quotas, pode ser feito criando mais 200 quotasde R$ 1.000,00 ou elevando o valor de cada quota para R$ 3.000,00, conservan- do-se o número global de 100 quotas. 71 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Deve-se frisar que o sócio quotista tem direito de preferência sobre as novas quotas (para a aquisição das mesmas), podendo exercer seu direito de prefe- rência de forma total ou parcial. No entanto, para exercer este direito o sócio terá trinta dias a partir da deliberação do aumento. Assim como há alteração contratual para aumento do capital social, também há para diminuição. 3.2.2.2 DIMINUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL Gladston Mamede, explica que a deliberação para diminuição do capital social: pode decorrer do fato de os sócios considerarem o capital social excessivo em relação ao objeto da sociedade. A redução também pode decorrer da existên- cia de perdas irreparáveis, desde que o capital esteja totalmente integralizado. Em ambos os casos, contudo, faz-se indispensável uma correspondente mo- dificação do contrato, a exigir a aprovação de sócios que titularizem ao menos 75% do capital social (artigos 997, III, 1.071, V, e 1.076, I), sendo devidamente levada ao Registro correspondente (MAMEDE, 2018, p. 228). Ou seja, quando a diminuição do capital social se dá pela existência de perdas irrepa- ráveis, essa redução torna-se uma adequação à realidade empresária, o que implica diretamente à perda da parte do que os sócios investiram na sociedade, pois a redu- ção do capital será realizada com a proporcional diminuição do valor nominal das quotas, conforme descrito no artigo 1.083 do Código Civil. Mas para que a diminuição seja de fato realizada, é necessário que todas as quotas estejam devidamente integra- lizadas; caso não estejam, deve ser, primeiramente, regularizada essa integralização. Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empre- sas Mercantis, da ata da assembleia que a tenha aprovado (BRASIL, 2002). Grifos nossos. 72 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Uma sociedade limitada que tem como foco a produção de sorvetes, após uma forte chuva, sofre uma inundação e perde 100% do seu material produ- zido, bem como grande parte de sua matéria prima, o que se torna uma perda irreparável. Diante da grande perda sofrida pela empresa e dos proble- mas financeiros que vêm enfrentando, os sócios não conseguem mais injetar capital na empresa, apesar de as partes de cada um estarem devidamente quitadas. Com todos os problemas enfrentados, os sócios decidem conti- nuar com a empresa, mas têm de diminuir seu capital para não precisarem injetar mais capital. Nesse sentido, cada sócio perderá parte do valor inves- tido no empreendimento, mas de alguma forma essa mudança garantirá a continuação da sociedade e da empresa. Como não poderia ser diferente, por ser uma sociedade, a diminuição do capital social deve ser aprovada em assembleia e devidamente registrada. Já quando a diminuição do capital por excesso de capital: Embora também se tenha uma diminuição proporcional do valor nominal das quotas ou no número das quotas, não haverá extinção do valor corres- pondente, assimilado como prejuízo pelos sócios. O valor será reembolsado aos sócios, embora não se possa afastar a possibilidade de sua alocação, defi- nitiva ou temporária, em outras rubricas contábeis, conforme deliberação dos sócios. Se ainda não houve integralização total do capital social, essa redução pode ser feita pela dispensa de realização das prestações ainda devidas (artigo 1.084) (MAMEDE, 2018, p. 228). De acordo com os artigos 1.084 e 1.152 do Código Civil, o capital social das limitadas poderão ser reduzidos. No entanto, para maior proteção de terceiros interessados, é necessário que a ata da assembleia em que foi aprovada a diminuição do capital seja publicada em órgão oficial do estado ou da União e em jornal de grande circulação. Após a devida publicidade, a redução do capital só se tornará eficaz após 90 dias (MAMEDE, 2018). Entendida essa noção geral sobre a limitada, entenda mais sobre as quotas societárias. 73 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 3.2.3 CESSÃO DE QUOTAS FIGURA 19 - SÓCIO E A EMPRESA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. “A palavra ‘quota’ é, inequivocamente adotada no sistema legal brasileiro com a acep- ção de ‘parte’, ‘porção’, ‘quinhão’ de bens, com que o sócio contribui para a formação do capital social” (ABRÃO, 2000, p. 78). Em uma conceitualização básica, Carlos Henrique Abrão (2013, p. 28) define que quota é a “parte representativa da contribuição individual de cada sócio, o termo ‘quota’ caracteriza o aporte de capital auferido pelo quotista, delimitando um conjun- to de direitos e obrigações relativos ao ente empresarial”. Deve-se ter em conta que a cessão de quotas pode ser total ou parcial, sendo que a transferência total de quotas implica a saída do sócio cedente da sociedade, e na transferência parcial, o cedente permanece sócio da sociedade, porém tem diminuí- da a sua participação societária. 74 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Analise as duas situações que estão relacionadas à cessão de quotas: a) um dos sócios passa por graves problemas financeiros e resolve, com o consentimento dos demais sócios, transferir para sua irmã 40% das suas quotas sociais afim de levantar capital para pagamento de suas dívidas; b) um dos sócios de uma limitada resolve morar em outro país e por isso resol- ve transferir suas quotas para os demais sócios em virtude de não conseguir mais fazer parte da administração da sociedade. Para que ocorra a cessão de quotas para terceiros, é necessário que haja cláusula expressa no contrato social ou aprovação de pelo menos três quartos do capital social, conforme expresso no artigo 1.057 do Código Civil: Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de anuência dos outros, ou a estra- nho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social (BRASIL, 2002). Cumpre observar que a cessão das quotas sociais pode ser parcial ou total, porém independentemente do tipo de cessão, em hipótese alguma pode haver oposição de um quarto do capital social. Por óbvio, aquele sócio que se encontra remisso (em débito) na sociedade não pode opinar quanto à cessão de quota de outro sócio. No parágrafo único do artigo 1.057 do Código Civil, observa-se que a cessão de quotas só se faz válida quando há averbação do instrumento, que deverá ser realizada pela alteração do contrato social, bem como este deve ser devidamente reconhecido na Junta Comercial do estado em que pratica seus atos: “a cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes” (BRASIL, 2002). Conforme elencado no parágrafo único do artigo 1.003 do Código Civil, o sócio que fizer cessão de suas quotas não poderá se ausentar da responsabilidade para com as obrigações da empresa pelo período de 2 (dois) anos, mesmo quando a cessão é feita integralmente. 75 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 3.2.4 PENHORA DE QUOTAS A penhora de quotas ocorre quando determinado sócio não tiver bens suficientes para quitar suas dívidas, porém,ensina Barbosa Filho, que: A quota social faz parte do patrimônio do devedor, mas está inserida num âmbito maior, integrada ao capital da sociedade, e, pela própria natureza do contrato aqui tratado, uma execução forçada não pode recair, imediatamente, sobre ela. A escolha dos sócios, numa sociedade simples, deriva de seus pre- dicados individuais; constrói-se um ajuste de vontades intuitu personae. Não é concebível, por isso, recaia, sem o esgotamento de outras possibilidades, uma execução sobre a própria quota social e persista sua alienação forçada, o que atingiria o cerne do contrato de sociedade, tendo o legislador limitado a atuação dos credores (BARBOSA FILHO, 2016, p. 971). Como já dito, as sociedades limitadas podem ser de pessoas ou híbridas. Por isso, a penhora de quotas pode afetá-las de formas diferentes. Na sociedade limitada considerada de pessoas, ou seja, naquelas em que a pessoa do sócio, bem como suas qualidades são indispensáveis para a sociedade, há o princípio do affectio societatis que as torna intuitu personae, o que visa resguardar e prote- ger a sociedade da entrada de terceiros. Assim, é necessária uma cláusula expressa no contrato social que autorize, mediante assinatura de todos os sócios, a cessão de quotas. Salienta-se que na falta do dispositivo a entrada de terceiros não é livre, afinal o que importa nesse tipo societário é a pessoa do sócio. Já na sociedade limitada híbrida, ou seja, naquelas sociedades em que há prepon- derância do capital sobre a pessoa do sócio, a penhora das quotas sociais não afeta os princípios da affectio societatis e nem do intuitu personae. Assim, apesar de haver autorização de penhora no Código de Processo Civil, a doutri- na e a jurisprudência nem sempre são favoráveis a esse tipo de penhora, devendo-se analisar a questão concretamente. Já superado o entendimento da cessão de quotas, deve-se também entender o que é sócio remisso e suas consequências. Vamos lá! 76 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.2.5 SÓCIO REMISSO O sócio remisso é aquele que não integralizou totalmente sua quota parte na socie- dade. Quando o sócio remisso não integralizou parte das suas quotas, os demais sócios podem excluí-lo da sociedade, desde que haja reembolso do valor já integralizado. No entanto, quando não há integralização nem de parte de suas quotas, os demais sócios podem complementar o valor para integralizar o capital social ou até mesmo ceder essas quotas a terceiros admitindo estranhos no quadro societário. Determinada pessoa se compromete a injetar na sociedade o valor de R$ 100.000,00 para que possa ser possuidor de 33,33% das quotas societá- rias de determinada sociedade limitada. No entanto, o tempo estipulado contratualmente para integralização deste valor já foi há muito ultrapassa- do, e o sócio responsável só quitou 10% do valor devido. Por deliberação, este sócio pode ser excluído da sociedade, desde que tenha reembolsado o saldo já pago. Ultrapassada a noção sobre o sócio remisso, veja agora como se dá administração da sociedade limitada. 77 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 3.2.6 ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE FIGURA 20 - A ADMINISTRAÇÃO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A administração da sociedade limitada pode ser realizada por sócios ou não sócios, devendo o administrador ser designado no contrato social ou em ato apar- tado, bem como deverá ser especificado se a administração será exercida conjunta ou separadamente. Os administradores não sócios deverão ser eleitos e destituídos somente pelos sócios, podendo seus mandatos terem duração de tempo determinado ou indeterminado, sendo que tal informação, juntamente com a declaração dos poderes a eles delega- dos, devem constar claramente do contrato social. Entenda a diferença entre os tipos de administração: conjunta e separada. 78 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 21 - CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE ADMINISTRAÇÃO. Administração conjunta • É aquela em que há um órgão colegiado, em que cada administrador, que podem ser todos os sócios, tem o poder de atuar em determinado setor, sendo este o tipo de administração mais recomendado, pois garante uma melhor gestão e organização. • É aquela em que somente um dos sócios, ou um terceiro nomeado, terá tal atribuição.Administração separada Fonte: elaborada pelas autoras. A administração da sociedade é pessoal e intransferível, podendo essa gestão ser realizada por sócio, terceiros e até por pessoa jurídica. O administrador é o responsá- vel pela atuação da empresa, aquele que pratica os atos fundamentais para que ela se desenvolva e consiga realizar seu objetivo, devendo ter seu campo de ação limita- do por cláusulas especificas quando de sua nomeação, ou pode ser limitada apenas pela atividade própria da empresa. Entendido sobre a administração da sociedade limitada, faz-se necessário o entendi- mento de como se dão as deliberações sociais. 79 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 3.2.7 DELIBERAÇÕES SOCIAIS FIGURA 22 - RELAÇÃO DE SOCIEDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Em regra geral, as deliberações obedecem ao disposto no artigo 1.010 do Código Civil, sendo que quando competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações deverão ser tomadas pela maioria de votos, que devem ser contados de acordo com o valor das quotas de cada um. Deve-se observar que o importante não é a quantidade de sócios, mas sim o peso da participação de cada um no capital social, o que pode fazer com que somente um sócio poderá ter poder de deliberação que prevalecerá sobre os demais, sendo suficiente para a decisão o percentual ou a fração do capital estabelecido para cada caso concreto. 80 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O artigo 1.010 do Código Civil aduz que: Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. § 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital. § 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. § 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto (BRASIL, 2002). Nesse sentido, o contrato social pode deliberar sobre: Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias in- dicadas na lei ou no contrato: I - a aprovação das contas da administração; II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado; III - a destituição dos administradores; IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; V - a modificação do contrato social; VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do es- tado de liquidação; VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; VIII - o pedido de concordata (BRASIL, 2002). Pode, também, deliberar sobre outras matérias como exclusão de sócio, bem como a aprovação das contas da administração que deve ser feita em assembleia ou reunião anual que deve ser demonstrada pelo administrador, com necessidade de votação colegiada para aprovação. 81 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017,Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Deve ficar claro que, neste caso, não se busca deliberações sobre decisões administrativas quotidianas ao desenvolvimento da atividade empresária, pois estas são tomadas sem que haja maiores formalidades e são ineren- tes a toda e qualquer atividade, mesmo que não empresária, estando estas dentro dos poderes dos administradores. Portanto, o que se busca com tais regras diz respeito àquelas decisões de maior importância e imprescindíveis à finalidade da sociedade. Entende-se que as deliberações dos sócios serão tomadas em reunião ou assembleia, com a disponibilização dos documentos contábeis pertinentes, conforme previsto no contrato social, por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital social e, ocorrendo empate, deverá prevalecer a decisão aprovada pela maioria dos sócios, independentemente do valor das quotas de cada um, ou seja, a decisão será por cabeça, independentemente do valor das quotas de cada sócio. Permanecendo mesmo assim o empate, será necessária a submissão da questão no Poder Judiciário para que haja resolução do conflito. Veja o exemplo a seguir. 82 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Se João é titular de quotas representativas de 50% do capital social, enquan- to Júlio e Teodoro titularizam 25% cada um, a cada 10 votos do primeiro corresponderão 5, para o segundo, e 5, para o terceiro. Em caso de empate, desconsidera-se esta proporção e prevalece a vontade do maior número de sócios. Se João votou em Pedro para presidente, enquanto Júlio e Teodoro votaram em Afonso, deu-se o empate; mas, eleito está Afonso, segundo a regra da sociedade simples. Encerradas as questões mais importantes sobre as deliberações da sociedade, para uma melhor complementação de conhecimento, entenda um pouco mais sobre os processos que envolvem a sociedade limitada. 3.2.8 RESOLUÇÃO, DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA. As sociedades adquirem personalidade jurídica a partir do momento que registram na Junta Comercial ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas seu contrato social. Por sua vez, a resolução da sociedade é o processo que extingue a sociedade. Para que ocorra a resolução, ou seja, para que uma sociedade deixe de existir é necessário o cumprimento de três etapas distintas: dissolução, liquidação e extinção. FIGURA 23 - ETAPAS DA RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE Dissolução Liquidação Extinção Fonte: elaborada pelas autoras. 83 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Existem duas formas para a dissolução podendo ser parcial ou total. A dissolução parcial se dá quando há resolução da sociedade para um sócio, e é o que ocorre com o sócio remisso. Já a dissolução total ocorre quando há dissolução de todos os víncu- los contratuais e a empresa deixa de existir. Após a dissolução, tem-se a liquidação, que é a fase em que se apura o ativo, ou seja, os bens e direitos da empresa, para que sejam quitados os débitos e distribuído entre os sócios o saldo positivo remanescente, caso exista. Por fim, vem a extinção, que é a fase em que se tem o término da personalidade jurí- dica e o desfazimento de todos os vínculos pactuados. Portanto, a extinção é o ato final, em que se estabelece um distrato social da sociedade que deverá ser registrado na Junta Comercial ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Diante de tudo que foi explanado, você entendeu um pouco mais sobre a sociedade limitada, suas principais características e suas particularidades. CONCLUSÃO Ficou claro que a empresa de responsabilidade limitada é muito importante para que a economia do país gire de forma mais efetiva A sociedade de responsabilidade limitada consiste em um tipo societário que se estabelece a limitação da responsabilidade de seus sócios por obrigações contraídas pelo empreendimento. Dessa forma, o sócio tem proteção e garantia de que seu patrimônio pessoal não será afetado pelas obrigações contraídas pela sociedade. E, ainda, os credores desta empresa de certa forma também estão protegidos, afinal, em torno da sociedade limitada há toda uma formalização para os principais atos praticados. 84 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o conceito de sociedades anônimas. > Identificar a dinâmica econômica das companhias. > Definir o conceito de sociedade anônima. > Identificar as principais características da sociedade anônima. > Explicar a importância das sociedades anônimas em nosso ordenamento jurídico. > Distinguir as sociedades anônimas dos demais tipos empresariais. UNIDADE 4 85 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4 SOCIEDADE ANÔNIMA Esta unidade tratará das Sociedades Anônimas e do complexo mercado de capitais, em que são negociadas as ações pertencentes aos acionistas das organizações. Na atual situação mundial a globalização impera, e por isso cada vez mais as pessoas buscam estabilidade pessoal, profissional e principalmente financeira para que possam pensar em um futuro mais digno para si próprias – e é com este tipo de preo- cupação que as pessoas acabam formando as sociedades. No Brasil existem diversos tipos societários e, dentre eles, encontram-se com maior destaque a sociedade limi- tada e sociedade anônima, por serem mais utilizadas. Na sociedade anônima o capital social é dividido em ações, limitando, assim, a responsabilidade de cada sócio ao valor que foi investido no empreendimento. A Sociedade Anônima é regida pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das SA), e tem grande relevância no desenvolvimento econômico do país, sendo este um tipo societário idealizado para abarcar grandes negócios e grandes mercados. Tem-se que estas sociedades estão intimamente ligadas às questões macroeconômi- cas e aos sistemas financeiros dos Estados. 86 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE ANÔNIMA FIGURA 24 - SOCIEDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A sociedade anônima é regida pela Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas – LSA) e é aquela sociedade em que o patrimônio dos acionistas será protegido, pois “a companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabili- dade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas” (Art. 1º da Lei nº 6.404/76). A sociedade anônima sempre será uma sociedade empresária e, como descrito no parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 6.404, “qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil”. É prudente afirmar que a sociedade anônima, independentemente do seu objeto, não poderá ser uma sociedade simples. Por ser uma companhia sempre mercantil, com seu capital social dividido em ações, o interesse da sociedade é apenas o investimento gerado pelos acionistas, e por isto é uma sociedade de capital, em que não é possível o controle da entrada e de saída de terceiros. 87 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Como em qualquer outra sociedade, esse tipo societário deve ter no mínimo dois acionistas. No entanto, há exceções: a) pode haver um único acionista por até 1 ano (unipessoalidade temporária) e se no tempo descritonão houver um segundo sócio a empresa será dissolvida ou convertida em EIRELI; b) o capital pode ser subscrito inte- gralmente por uma única sociedade brasileira, conforme elencado nos artigos 206, I, d e 251, §2º da Lei 6.404, respectivamente, a chamada subsidiária integral. Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira. § lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral de- verá aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único. § 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aqui- sição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252 (BRASIL, 1976). As sociedades anônimas adotam como nome a denominação social, ou seja, o nome formado pelo objeto da atividade, seguindo de um elemento abstra- to/inventado e indicação do tipo societário. A indicação é feita pelo termo sociedade anônima por extenso ou abreviado, ou pelo termo companhia, também, por escrito ou abreviado. Veja os exemplos: 88 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Camargo Correia Cimentos S/A Calçados Beira Rio S/A Cia. Vale do Rio Doce Fiat Automóveis S/A Entendido o conceito inicial das características gerais das anônimas, faz-se necessário o entendimento sobre as modalidades advindas deste tipo societário. 4.2 MODALIDADES Em relação às modalidades das sociedades anônimas, elas podem ser de dois tipos: abertas ou fechadas. “Abertas são aquelas habilitadas a negociar seus valores mobiliários no mercado de capitais, pela Bolsa de Valores ou Mercado de Balcão. O capital social, portanto, é captado junto ao público em geral” (VENOSA; RODRIGUES, 2018, p. 181). Já a compa- nhia fechada é aquela “formada por capital obtido pela reunião de sócios, não sendo suas ações ofertadas ao público” 89 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Como exemplo de sociedade aberta temos a Petrobras, Companhia Aérea Azul, AMBEV, Itaú, Vale, Tim, dentre outras. Como exemplo de sociedades de capital fechado temos a Alpargatas (Havaianas), Bematech, Hering, etc. Uma sociedade pode ser constituir de forma fechada e depois se tornar aberta, ou vice-versa. Para a constituição de uma companhia fechada é necessária a subscrição de pelo menos 2 (duas) pessoas; de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia-geral ou por escritura pública, conside- rando-se fundadores todos os subscritores. Já a constituição de companhia de capital aberto, também chamada de compa- nhia por subscrição pública, depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e a subscrição somente poderá ser efetuada com a inter- mediação de instituição financeira, quando há captação de recursos no mercado de investidores. Diante de tal explicação, serão demonstradas a seguir as principais características do mercado de capitais. 90 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.3 MERCADO DE CAPITAIS FIGURA 25 - MERCADO DE CAPITAIS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. O mercado de capitais é um sistema em que são distribuídos os títulos negociáveis de cada companhia aberta. O mercado de capitais pode ser primário ou secundário. Diz-se primário quando existe relação entre a sociedade e o investidor de forma direta, ou seja, é quando a companhia lança títulos novos no mercado. Esses títulos devem ser pagos pelo valor fixado pela S/A (o chamado valor de emissão). Por outro lado, o mercado de capitais secundário é aquele que a S/A não entra na negociação, é a relação investidor-investidor, e o valor a ser pago é o valor de merca- do, que varia de acordo com a oferta e procura (VIDO, 2017). 91 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Uma empresa do setor bancário lança no mercado novas ações para aquisi- ção de novos recursos. Os recursos que são obtidos pela venda dessas ações podem ser utilizados de várias maneiras como novos investimentos, paga- mentos de dívidas, novas aquisições, etc. Portanto, neste caso fala-se de mercado primário, pois quem recebe os recursos é a empresa. Já o mercado secundário é quando um determinado acionista de uma sociedade transfe- re suas ações para outro acionista, fazendo com que a sociedade não receba os recursos, mas sim o acionista que transferiu. Diante do explicado, faz-se necessário conhecer um pouco sobre a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que é quem controla o mercado de capitais. 4.3.1 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM “A CVM é uma autarquia federal, de regime especial, com poderes de agência regu- ladora, vinculada ao Ministério da Fazenda e regulada pela Lei 6.385/76” (VIDO, 2017, p. 235). Conforme elucidado no artigo 8º da Lei 6.386/76, a CVM deve regulamentar o funcio- namento do mercado de capitais, fiscalizar os serviços e atividades do mercado de valores mobiliários, para impedir fraudes e abusos por falta ou excesso de informa- ções, bem como autorizar ou não a constituição de uma nova S/A e a colocação de títulos no mercado. Art . 8º Compete à Comissão de Valores Mobiliários: I - regulamentar, com observância da política definida pelo Conselho Monetá- rio Nacional, as matérias expressamente previstas nesta Lei e na lei de socie- dades por ações; 92 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO II - administrar os registros instituídos por esta Lei; III - fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, de que trata o Art. 1º, bem como a veiculação de informa- ções relativas ao mercado, às pessoas que dele participem, e aos valores nele negociados; IV - propor ao Conselho Monetário Nacional a eventual fixação de limites má- ximos de preço, comissões, emolumentos e quaisquer outras vantagens co- bradas pelos intermediários do mercado; V - fiscalizar e inspecionar as companhias abertas dada prioridade às que não apresentem lucro em balanço ou às que deixem de pagar o dividendo míni- mo obrigatório (BRASIL, 1976). 4.3.2 BOLSA DE VALORES E MERCADO DE BALCÃO “A Bolsa de Valores tem natureza privada, constituída ou por uma associação de sociedades corretoras ou por uma sociedade. Na Bolsa de Valores acontece o merca- do de capitais secundário” (VIDO, 2017, p. 235-236). Diante dos ensinamentos de Vido, fica claro que é na Bolsa de Valores que acontece a negociação entre investidores e é nela que ocorre o pregão, em que são colocados à venda os títulos já negociados anteriormente. Já o mercado de balcão distribui os títulos emitidos fora da Bolsa de Valores e nele podem ocorrer o mercado primário e o secundário. Deve-se ressaltar que a Bolsa de Valores, bem como o mercado de balcão são regulados e fiscalizados pela CVM. (VIDO, 2017). Para um melhor entendimento das sociedades anônimas, também se faz necessário o estudo da sua constituição. 93 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITOEMPRESARIAL SUMÁRIO 4.4 CONSTITUIÇÃO DA S/A FIGURA 26 - CONSTITUIÇÃO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A S/A pode ser constituída de duas formas distintas, sendo por subscrição pública ou particular. A subscrição pública ocorre quando há captação de recursos no mercado com a disponibilização de títulos no mercado de capitais. Já a particular se dá quando os fundadores da S/A garantem os recursos necessários para a formação do capital. 94 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Veja a seguir a explicação de cada uma separadamente. 4.4.1 SUBSCRIÇÃO PÚBLICA OU CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA Para que haja a subscrição pública, que é a forma adotada pelas companhias aber- tas, é necessário que se faça um pedido prévio de registro na CVM que será analisado conforme estudo de viabilidade financeira do empreendimento que deverá ser regis- trado juntamente com o pedido prévio. Após verificação do pedido de registro, poderá haver pela CVM solicitação de retifica- ção dos documentos entregues, bem como o indeferimento nos casos em que não for favorável o empreendimento e/ou seus fundadores não serem idôneos. Assim sendo, entende-se que: Deferido o pedido do registro de emissão e da sociedade, passa-se à fase se- guinte, que compreende a subscrição das ações representativas do capital so- cial. A instituição financeira intermediária oferece, então, as ações ao público, devendo os interessados procurá-la para subscrição. Para tanto, é assinado o boletim ou a lista de subscrição e realizado o pagamento da entrada de 10% (art. 85). Encerrada a subscrição da totalidade do capital social, os fundadores convo- carão Assembleia Geral de Fundação na qual será deliberado acerca da cons- tituição da companhia, bem como avaliados os bens que compõem o capital social, se for o caso (art. 86). Nessa Assembleia, todos os acionistas terão direito a voto, independentemente da espécie de ação da qual são titulares (VENO- SA; RODRIGUES, 2018, p.183). Depois de verificadas todas as formalidades exigidas e não havendo oposição da maioria dos subscritores, será, então, declarada a constituição da S/A e serão eleitos os administradores e fiscais. 95 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4.4.2 SUBSCRIÇÃO PARTICULAR OU CONSTITUIÇÃO SIMULTÂNEA A subscrição particular é muito menos burocrática que a pública, pois neste caso a subscrição é realizada pelos próprios fundadores. Este tipo de subscrição deve ocorrer por meio de assembleia e deve ser lavrada uma ata, na qual deverá haver a qualificação das partes, bem como o estatuto da compa- nhia, a relação de ações tomadas pelos subscritores e seus respectivos valores, e ainda a nomeação de administradores e fiscais, caso seja necessário. Além disso, poderá ser a assembleia substituída pela realização de uma escritura pública em cartório de Notas, que é assinada por todos os subscritores, e deve aten- der aos requisitos estabelecidos. Após as formalidades exigidas (a lavratura da ata da assembleia ou a escritura públi- ca), é necessário que a companhia seja devidamente registrada na junta comercial e só após deverá realizar sua atividade mercantil. Sintetizando o exposto, veja a diferenciação das subscrições existentes: FIGURA 27 - OS TIPOS DE SUBSCRIÇÃO SUBSCRIÇÃO PÚBLICA SUBSCRIÇÃO PARTICULAR Prévio Registro na CVM Assembleia de Fundação Intermédio de Instituição Financeira Registro na Junta Comercial Assembleia de Constituição Registro na Junta Comercial Fonte: elaborada pelas autoras. Como já visto sobre a constituição da sociedade anônima, é necessário entender sobre um dos pontos mais importantes de toda sociedade: o capital social. 96 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.5 CAPITAL SOCIAL FIGURA 28 - CAPITAL Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. “O capital social das companhias é o valor correspondente ao montante das contri- buições dos acionistas para a constituição da sociedade” (VENOSA; RODRIGUES, 2018, p. 184). O valor subscrito por cada acionista pode ser em dinheiro ou bens suscetí- veis de avaliação em dinheiro (artigo 7º LSA), no entanto, o capital social não pode ser subscrito em forma de serviços e deve estar descrito no estatuto social. O capital social que for subscrito por bens: 97 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Art. 8º - será feita [avaliação] por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembleia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. (BRASIL, 1976). § 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia (BRASIL, 1976). Ainda no mesmo artigo, em seu parágrafo 6º há previsão de que acionistas e avalia- dores responderão perante a companhia em caso de culpa ou dolo. § 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os acio- nistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avalia- ção dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham incor- rido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária (BRASIL, 1976). Ao se estabelecer o capital social, estabelece-se também o número de ações com o qual será composto. 4.5.1 AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL Assim como na sociedade limitada, a sociedade anônima também pode alterar seu capital social. O aumento do capital social pode ocorrer quando as ações se valorizam ou há entrada de subscritores, pois eles adquirem ações, aumentando o patri- mônio da companhia. 98 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A S/A em algum momento poderá necessitar de aumento de capital, o que pode ser feito através de novas ações que poderão ser negociadas entre os acionistas já exis- tentes, bem como a terceiros, mas deve ficar claro que para haver aumento do capital é necessário que pelo menos 75% do capital social tenha sido integralizado, deven- do ser discutido em assembleia ou estar previsto no estatuto social, assim como nas limitadas deve ser dada preferência primeiro aos já acionistas para somente após ser aberta a terceiros (MAMEDE, 2017). A Sociedade Anônima “B”, para conseguir ampliar seus negócios, lança no mercado novas ações para o aumento de seu capital social, as quais são todas vendidas por grande valor para terceiros. 4.5.2 REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL Assim como o capital social pode ser aumentado, ele pode sofrer reduções. A redução do capital social pode ocorrer por diversos motivos, dentre eles, reem- bolso de acionista dissidente, pois a Lei 6.404, em seu artigo 45, prevê tal situação, sendo também aceito o reembolso ao acionista remisso, quando este já tiver quitado parcialmente suas ações, mas não tenha previsão para a quitação delas. Assim como há a prática do reembolso, tem-se também a redução quando há prejuízos acumu- lados, os quais não podem ser sanados com a reserva de capital, como previsto no artigo 173 da LSA, bem como quando há excesso de capital que poderá ser restituído aos acionistas ou abstê-los de quitar o montante ainda não integralizados, isto, claro, deve ser autorizado pelos credores no prazo de sessenta dias da publicação, a fim de evitar fraude contra credores (MAMEDE, 2017). Vistas as principais características sobre o capitalsocial, a seguir você irá entender mais sobre as ações sociais. 99 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4.6 AÇÕES FIGURA 29 - AÇÕES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. As ações são os títulos que correspondem à parte do capital social e confe- rem aos detentores deveres e obrigações para com a companhia. As ações podem ter três classificações: ordinárias, preferenciais e de gozo ou fruição. I. Ações ordinárias: são aquelas que conferem direitos e deveres ao acionista comum, mas que dá direito a voto, conforme artigo 16 da LSA. 100 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes di- versas, em função de: I-conversibilidade em ações preferenciais; II-exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou III-direito de voto em separado para o preenchimento de determinados car- gos de órgãos administrativos. Estas ações dão aos acionistas os direitos comuns a todos os tipos de ações, que são: participar dos lucros sociais, participar do acervo da companhia, em caso de liquida- ção, fiscalizar a gestão dos negócios sociais, preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, retirar-se da sociedade (artigo 109 LSA). João adquiriu ações ordinárias de determinada sociedade anônima e em assembleia foi votado sobre o administrador da sociedade. Diante das ações que João possui, este pôde votar no candidato que achava ser o mais apto ao cargo. II. Ações preferenciais: são aquelas que, além dos direitos comuns aduzidos apresentados, possuem restrição ou vedação ao Direito de voto. Todavia, em compensação, são atribuídas algumas vantagens ou preferências, tais como prioridade na distribuição de dividendos e de reembolso de capital investido. Veja o exemplo: 101 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Maria adquiriu ações preferenciais da Sociedade Anônima “ABC” e em assembleia foi votado se dissolviam ou não a sociedade em decorrência dos problemas financeiros por que passavam. Maria não pôde votar, no entan- to, ao se distribuir os dividendos da sociedade, ela foi uma das primeiras pessoas a receber sua parte. III. Ações de gozo ou fruição: são ações que já foram amortizadas, ou seja, que já tiveram o seu valor patrimonial pago de forma antecipada ao sócio. Assim, apenas continuam a existir para futuros acertos ou diferenças a receber. Subs- tituem ações que já estão no mercado, podendo estas ser ordinárias ou prefe- renciais (VIDO, 2017). Maria recebeu os valores referentes aos dividendos da sociedade, mas conti- nua a ter suas ações, agora transformadas em ações de fruição, para, no caso de haver saldo remanescente a ser pago, ela poder receber sua parte. O esquema a seguir ilustra os tipos e a constituição de cada ação. FIGURA 30 - OS TIPOS DE AÇÕES E SUAS CARACTERÍSTICAS AÇÕES ORDINÁRIAS AÇÕES PREFERENCIAIS AÇÕES GOZO OU FRUIÇÃO Direitos comuns Direitos comuns Direitos comuns Direito a voto Preferência distribuição de dividendos Já amortizadas Direito de voto restrito ou vedado Fonte: elaborada pelas autoras. 102 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.6.1 QUANTO À FORMA DE CIRCULAÇÃO Quanto à forma de circulação, as ações podem ser nominativas ou escriturais, sendo as nominativas aquelas que, quando precisam ser transferidas, precisam de registro por termo lavrado em Livro de registro de Ações Nominativas, portanto necessitam de maior formalidade; e as escriturais se comprovam através do extrato da conta de deposito emitida pela instituição que realizou a vendas as ações, ou seja, possuem um documento individual que certifique sua existência, sendo representadas apenas por um registro em uma conta de depósito (CAMPINHO, 2017). Por determinação de Lei, não se pode mais emitir ações ao portador, bem como nominativas endossáveis, que permitem a transferência pelo simples endosso, o que leva ao descontrole sobre as titularidades. Tratado dos tipos de ações, entenda sobre quem as detém: os acionistas. 4.7 ACIONISTAS O acionista tem como dever a integralização do valor de suas ações, diferentemente da responsabilidade do sócio da limitada, que é solidário ao valor da integralização do total de quotas. Nas companhias, os acionistas são responsáveis exclusivamente pela integralização das ações adquiridas. Entenda a seguir os tipos existentes de acionistas. 4.7.1 ACIONISTA REMISSO O acionista remisso é aquele que não integraliza todas as suas ações confor- me acordado. Após o acionista ser considerado remisso, será necessário que os 103 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO administradores da companhia publiquem três avisos na imprensa para conceder ao devedor o prazo de trinta dias para quitar sua obrigação. O acionista remisso, após ser chamado, poderá ser executado e será responsável, também, pelo pagamento de juros, correção e multa prevista no estatuto social que não poderá ser superior a 10% do valor devido. Pode a S/A tomar as ações do remisso e negociar as ações do devedor na Bolsa de Valores, conforme aduzido nos artigos 106 e 107 da LSA, ou ainda adquirir para si essas ações (se houver disponibilidade de caixa). Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas. § 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da presta- ção e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos órgãos da administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias, para o pagamento. § 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no esta- tuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação (BRASIL, 1976). Não obtendo êxito em nenhuma das outras hipóteses, poderá excluir o acionista e reduzir o capital social, no valor correspondente às ações não integralizadas. 4.7.2 ACIONISTA CONTROLADOR O acionista controlador pode ser pessoa física ou jurídica, ou até mesmo um grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto. O acionista controlador detém a maioria dos votos nas deliberações e por isso tem o poder de eleger a maioria dos adminis- tradores. Também é ele quem dirige as atividades sociais e orienta o funcionamento dos órgãos da companhia, no entanto, deve ficar claro que o acionista controlador não pode fazer o que bem entende, afinal deve sempre realizar suas ações em prol da companhia cumprindo com seus deveres e obrigações, conforme artigo 116 da LSA. 104 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Parágrafoúnico. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender (BRASIL, 1976). Quando houver dano à sociedade causado por abuso de poder do controlador, este deverá ser responsabilizado. 105 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO São exemplos de abuso de poder do controlador: a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao inte- resse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangei- ra, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional; b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incor- poração, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; c) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente; d) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favore- cimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade, dentre outros. 4.7.3 ACORDO DE ACIONISTAS entre os acionistas da companhia e traz uma maior estabilização entre os acionis- tas, pois podem predefinir comportamentos que garantam harmonia entre eles. De acordo com Sérgio Campinho: De modo geral, pode o acordo de acionistas ser definido como um contrato celebrado entre acionistas de uma mesma companhia, tendo por fim ime- diato a regulação de certos direitos de sócios, tais como a compra e venda de ações, a preferência para adquiri-las, o exercício do direito de voto e o poder de controle social (CAMPINHO, 2016, p. 263). 106 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Deve ficar claro que o acordo de acionistas é um ato em apartado que depen- de da existência da companhia, por isso diz-se que é acessório, e é plurila- teral, por ser composto por um número variável de participantes, que estão todos em prol da sociedade e de seus interesses pessoais. O acordo de acionistas pode ser de duas modalidades: típico e atípico. O acordo de acionistas típico é aquele previsto no artigo 118 da LSA que tem cláu- sulas limitadas à compra e venda de ações, bem como sobre direito de voto e poder de controle. Já o acordo atípico é aquele que trata de questões de interesse dos acionistas de forma ilimitada, desde que observados os limites legais e estatutários, sempre respei- tando os interesses da companhia acima dos interesses individuais. Cabe ressaltar que em nenhuma das duas espécies podem os acionistas se eximirem de cumprir suas obrigações. O acordo pode ter prazo: • determinado, • determinável ou • indeterminado. O prazo por tempo determinado é aquele tempo certo para sua vigência, não sendo lícita perpetuidade. O prazo determinável é quando o acordo depende de uma ação futura. 107 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Nos acordos com prazo por tempo determinado haverá o desaparecimento do controle acionário nos acordos de comando. Não havendo no acordo estipulação do tempo ou de ação futura, este será de tempo indeterminado, contudo não há perpetuidade do acordo, e por isso a resilição poderá se dar a qualquer tempo, por qualquer uma das partes. Quanto à forma não há estipulação, mas é certo que o acordo típico por ser previsto em Lei e ser necessário seu arquivamento nos livros de registro e nos certificados de ações emitidos; não há que se falar em acordo verbal, devendo ser escrito, por outro lado os acordos atípicos podem se dar de forma verbal, contudo, normalmente se estipula de forma escrita por ser considerado meio de prova e assim garantir com que o que foi acordado seja devidamente cumprido. Veja a seguir o funcionamento de cada órgão ligado à administração da sociedade anônima. 4.8 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA A administração da sociedade anônima se dá através de divisões entre os órgãos sociais, que são caracterizados como centro de poderes que são divididos para que atribuições específicas sejam remetidas aos órgãos competentes, fazendo com que haja um melhor desempenho em cada um deles. Tais órgãos serão estudados a seguir. 108 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.8.1 ASSEMBLEIA GERAL Assembleia geral é a reunião de acionistas para que sejam realizadas as prin- cipais tomadas de decisão. “A assembleia-geral, [é] convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar conve- nientes à sua defesa e desenvolvimento” (BRASIL, 1976, art. 121). A assembleia geral é o “poder decisório supremo da sociedade anônima, que, como se consignou, é dotada dos poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar conve- nientes à sua defesa e ao seu desenvolvimento” (CAMPINHO, 2016, p. 275), devendo ficar claro que, apesar de ser o núcleo das tomadas de decisões, a assembleia geral não tem poder absoluto e ilimitado, pois determinados atos, mesmo quando decididos em assembleia, só poderão ser homologa- dos caso haja determinação em lei, como é o caso de alteração do valor nominal das ações. Ao solicitar a alteração do valor nominal de determinada ação, mesmo que seja deliberado seu novo valor em assembleia geral, é necessário que o moti- vo esteja elencado na Lei 6.404/76, conforme explícito no artigo 12, que aduz: “o número e o valor nominal das ações somente poderão ser alterados nos casos de modificação do valor do capital social ou da sua expressão mone- tária, de desdobramento ou grupamento de ações, ou de cancelamento de ações autorizado nesta Lei”. 109 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Diante da explanação sobre a assembleia geral, é necessário entender como esta funciona. Entenda a seguir. a. Convocação A assembleia geral é convocada pelo conselho de administração ou pelos diretores, conforme definido no estatuto social, podendo também ser convocada pelo Conse- lho Fiscal, por qualquer acionista. Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto, convocar a assembléia-geral. Parágrafo único. A assembléia-geral pode também ser convocada: a) pelo conselho fiscal, nos casos previstos no número V, do artigo 163; b) por qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em lei ou no estatuto; c) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital social, quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; d) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital vo- tante, ou cinco por cento, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quan- do os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de con- vocação de assembleia para instalação do conselho fiscal (BRASIL, 1976). Nas companhias fechadasa assembleia é convocada por meio de três publicações no Diário Oficial em jornal de grande circulação com no mínimo oito dias de antece- dência. Nos casos das companhias abertas, devem, também, ser três publicações no Diário Oficial, porém, com no mínimo quinze dias de antecedência da sua realização. Para que a assembleia ocorra, é necessária a presença de pelo menos ¼ do capital social votante. 110 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO b. Assembleia geral ordinária e extraordinária A assembleia geral ordinária é obrigatória e deve ser realizada em até quatro meses após o término do exercício social, que é de um ano, para serem discutidos assun- tos de rotina como deliberar sobre destinação de lucros, eleger administradores e membros do conselho fiscal, dentre outros. A assembleia geral extraordinária pode ser realizada a qualquer tempo para resolução de assuntos urgentes ou não rotineiros. QUADRO 3 - ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA X EXTRAORDINÁRIA ASSEMB. GERAL ORDINÁRIA ASSEMB. GERAL EXTRAORDINÁRIA 4 primeiros meses após o término do exercício A qualquer tempo Assuntos Rotineiros Assuntos Incomuns Fonte: elaborada pelas autoras. 4.8.2 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO O conselho administrativo é órgão responsável por fixar a orientação geral dos negó- cios da companhia, eleger e destituir diretores, bem como atribuir-lhes funções, deli- berar sobre emissão de ações quando autorizado, escolher e destituir os auditores independentes, dentre outros. O conselho administrativo é um órgão obrigatório nas companhias abertas, sociedade mista e sociedade de capital autorizado, devendo ser composto por no mínimo três conselheiros, pessoas físicas, com mandato de não supe- rior a três anos, os quais são escolhidos por assembleia geral, em que devem prestar contas (VIDO, 2017). 111 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4.8.3 DIRETORIA A diretoria é um órgão obrigatório nas S/A, que deve ser composto por pelo menos dois acionistas, que devem ser pessoas físicas e domiciliadas no Brasil. Os diretores são eleitos pelo conselho de administração, com mandato não superior a três anos, que têm como função a representação da companhia e a prática dos atos necessá- rios ao seu funcionamento regular. 4.8.4 CONSELHO FISCAL O conselho fiscal é órgão colegiado formado por no mínimo três e no máximo cinco membros, previsto para fiscalizar as ações da administração para proteger os interes- ses da companhia, bem como dos acionistas. O conselho fiscal deve ser composto por pessoas naturais, residentes no país, com nível superior ou que tenham exercido por pelo menos três anos cargo de adminis- tração de empresa ou conselheiro fiscal. Deve ser esclarecido que a existência do Conselho Fiscal é obrigatória, mas seu funcionamento é facultativo, exceto nas sociedades de economia mista que têm seu funcionamento obrigatório. 4.9 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DA S/A Antes de discutir separadamente a dissolução, liquidação e extinção, deve-se enten- der que são conceitos diferentes, pois a dissolução trata da cessação da atividade de uma companhia, enquanto a liquidação compreende o processo entre a disso- lução e a extinção. 112 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Deve ficar claro que estes processos são uma cadeia, portanto, a liquidação transforma os ativos da sociedade em dinheiro e procede o pagamento de seus débitos, liquidando as dívidas. Por sua vez, a extinção representa a baixa da personalidade jurídica, ou seja, é o desfazimento da companhia, que pode se dar de duas formas: pelo encerramento da liquidação ou pela incorpora- ção, fusão e cisão total. A dissolução da companhia se dará a partir de uma causa que desencadeará a extin- ção da pessoa jurídica, iniciando com a liquidação do passivo e a partilha do acervo remanescente entre os acionistas. A sociedade poderá ser dissolvida de três maneiras: • de pleno direito; • por decisão judicial; ou • por decisão administrativa. A dissolução de pleno direito irá ocorrer pelo término do prazo de duração da compa- nhia, quando este é estipulado, por deliberação da assembleia geral, pela existência de um único acionista por mais de um exercício e pela extinção da autorização de funcionamento. Já a dissolução por decisão judicial ocorre quando por vontade de qualquer dos acionistas é anulada sua constituição, quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social, ou em caso de falência. (CHAGAS, 2017). Quanto à dissolução por decisão de autoridade administrativa competente: As pessoas jurídicas ficam submetidas a um regime de liquidação forçada, sendo a causa dissolutória a decisão, na forma da lei, de autoridade adminis- trativa competente (CAMPINHO, 2016, p. 396). Nesses casos há tratamento especial, que é justificado pelo interesse público sobre os objetos sociais das companhias. 113 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Algumas das sociedades que têm tratamento especial pelo interesse públi- co são: - Sociedades operadoras de planos de assistência à saúde - Cooperativas de crédito - Sociedades seguradoras Durante o período de liquidação deverá ser nomeado, pela assembleia geral, o liqui- dante, que pode ser uma ou mais pessoas, atuando em conjunto ou isoladamente, e o Conselho Fiscal. O liquidante será o representante legal da companhia, que deve prestar contas à Assembleia Geral, que por sua vez deverá ser convocada a cada 6 meses. O liquidante está habilitado a praticar todos os atos necessários à liquidação, inclusive: Alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar quitação (caput do art. 211). Não irá ele, insta esclarecer, administrar a companhia, como fazem os seus diretores em condições normais de operação. Sua atuação não é propria- mente a de um administrador (CAMPINHO, 2017, p.398). O liquidante deverá apresentar as contas finais em assembleia geral e, depois de aprovadas, encerra-se a liquidação e com ela a companhia, realizando-se sua extin- ção (CHAGAS, 2017). O aluno deverá realizar a leitura da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades Anônimas). 114 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.10 TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO No transcorrer da existência de uma sociedade, ela pode sofrer mudanças em sua estrutura, mudanças estas que podem alterar seu curso legal (transformação) ou que podem levar a sua dissolução (fusão, incorporação e cisão). Deve ficar claro que tais operações não são atinentes apenas às sociedades anônimas, podendo ser objetadas por qualquer tipo societário. Dessa forma, este tópico tem o objetivo de apresentar, conceituar e caracterizar estas operações que tanto influenciam na sobrevivência ou não de determinada sociedade. 4.10.1 TRANSFORMAÇÃO A transformação da sociedade se dá quando há alteração do tipo societário sem que haja dissolução ou liquidação dele, ou seja, é uma simples mutação. Sociedade Anônima em Sociedade Limitada Sociedade Limitada em Sociedade Simples Comandita por Ações em Sociedade Anônima É um ato unilateral, pois, para alteração do tipo societário, faz-se necessária somen- te a declaração de vontade da sociedade. No entanto, deve-se esclarecer que, para a realização da alteração, é necessária autorização unânime dos sócios, previsão em estatuto, ou contrato social, ou a saída do sócio dissidente.Deve-se ressaltar, também, que não haverá transformação do capital social (CAMPINHO, 2016.) 115 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 4.10.2 INCORPORAÇÃO A incorporação já é mais complexa que a transformação, pois nela uma ou mais socie- dades, de mesmo objeto social ou não, incorporam outra, ou seja, uma sociedade absorve a outra, o que não faz com que surja uma nova sociedade, mas sim prevaleça aquela que incorporou sucedendo, então, a incorporada. Com a incorporação da sociedade ocorre também a incorporação de direitos e obrigações, bem como seu patrimônio será totalmente integrado à incorporadora (CAMPINHO, 2016). 4.10.3 FUSÃO Na fusão, duas ou mais empresas, com mesmo objeto social ou não, se unem para formar uma terceira sociedade, ou seja, diferentemente da incorporação, neste caso há o surgimento de uma nova sociedade que deverá suceder as sociedades anterio- res em direitos e obrigações e extinguir as anteriores. Na fusão há a possibilidade de integração do novo patrimônio líquido com o patri- mônio líquido das antigas sociedades, recebendo os sócios a divisão destes valores dentro da proporção de participação de cada um deles (CAMPINHO, 2016). 4.10.4 CISÃO Na cisão, há transferência de capital social para uma ou mais empresas, podendo ser uma transferência total ou parcial. De acordo com Sérgio Campinho, verifica-se que a cisão é uma forma de reorganiza- ção empresarial: A reorganização empresarial almejada por meio da cisão, em diversas tipó- te- ses, visa à racionalização da estrutura negocial existente, conferindo-lhe maior dinamismo na busca da realização do seu fim lucrativo. Reorganiza-se a ati- vidade da sociedade, que reparte o seu patrimônio entre outras sociedades, para que cada pessoa jurídica possa autonomamente explorar um segmento específico do mercado, com melhor especialização administrativa, técnica e de investimentos. Destina-se, ainda, a possibilitar a composição entre grupos dissidentes que integram o quadro social, que se utilizam da formula legal 116 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO da cisão para obter uma separação patrimonial e de negócios, sem ter que recorrer à dissolução da sociedade. Observa-se, também, a operação servindo como um veículo de viabilização da alienação de controle, com o aporte, por exemplo, de capital na sociedade por parte do adquirente para, em segui- da, proceder-se à sua cisão, com a versão do patrimônio correspondente aos recursos aportados em prol de outra sociedade que o vendedor irá integrar (constituída para esse fim) ou que já integra (já existente) (CAMPINHO, 2016, p. 414). Ou seja, pode ocorrer transferência parcial de capital social onde não há extinção da sociedade que transferiu, e transferência total do capital onde haverá a extinção da sociedade que transferiu, que cindiu. Diante de tudo que foi detalhado na presente unidade, você conseguiu entender um pouco mais sobre a sociedade anônima, sociedade esta que tem grande influência econômica no atual momento financeiro do país. CONCLUSÃO Diante do estudo das sociedades anônimas, percebe-se que esta é uma constituição societária voltada para as grandes corporações que necessitam de grandes mercados e de investimentos maiores ainda. Esclarece-se que a nossa legislação atribui diversos direitos e obrigações, além de critérios rígidos para a formalização da constituição societária, com o intuito de que se possa evitar fraudes contra credores e contra a sociedade em geral. Nesta unidade foram apresentadas as características mais importantes para o desen- volvimento da sociedade, conceituando seus principais institutos. Em primeiro lugar, foram definidas as características gerais das anônimas e as suas modalidades, para depois entendermos um pouco mais sobre o seu mercado e como se dá a sua cons- tituição. Em seguida, foram abordadas questões sobre investimento e como estes se transformam em ações que são controladas por acionistas, fazendo com que a socie- dade se torne de fato uma empresa que busca lucros. Também é importante destacar que, diante da busca desenfreada das sociedades anônimas por lucro, é necessário que haja uma determinada organização em suas tomadas de poder, afinal estas são grandes empresas para grandes negócios que podem impactar diretamente na sociedade de modo geral. 117 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o conceito de Propriedade Industrial e sua abrangência. > Identificar os Direitos de Autor, suas características e sua proteção. > Definir os Direitos de Propriedade Industrial, seus objetos de proteção e os principais aspectos jurídicos. UNIDADE 5 118 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 5 PROPRIEDADES: INTELECTUAL E INDUSTRIAL Diante do cenário econômico e tecnológico dos países, e do processo de aprofun- damento internacional da integração econômica, social, cultural e política entre os países, foi necessária a criação de regras que norteassem as relações culturais, inte- lectuais, políticas e econômicas, bem como os seus agentes. Por isso, em um mundo onde o conhecimento e a informação acelerada se mostraram os meios mais impor- tantes para o desenvolvimento dos países e das pessoas, o Direito Empresarial desen- volveu um mecanismo de proteção para este tipo de relação. O Direito Empresarial vem evoluindo, apesar de lenta e gradativamente, tentando alcançar o crescimento econômico dos países, o que faz com que necessitem de proteção para garantir segurança jurídica aos seus agentes, bem como para incenti- vá-los. Portanto, o Direito Empresarial traz regras que visam disciplinar o mercado e prote- ger os criadores, combatendo atos ilegais contra as obras que vieram ou venham a ser criadas. 5.1 OS DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL Os Direitos de Propriedade Industrial são o conjunto de direitos resultantes das concepções da criação humana que podem ser aplicados na indústria. Nesse sentido, eles são considerados bens móveis por determinação legal, regidos pela Lei 9.279/96, e podem ser divididos em dois grandes grupos: as patentes e os registros. As patentes são direitos de propriedade temporários concedidos aos criadores de invenções e modelos de utilidade. As invenções são coisas novas, nunca antes vistas, como um medicamento para uma determinada doença, que até então não tinha cura. Já os modelos de utilidade são melhoramentos de criações já existentes. 119 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Pode-se citar, por exemplo de modelos de utilidade, o desenvolvimento de um vaso sanitário que faça massagens, toque música, etc. O vaso sanitário já existe, mas tem-se um melhoramento funcional relevante (que não pode ser apenas com relação à aparência). Como exemplo de patente podemos citar o desenvolvimento de um remé- dio para a cura da trissomia simples do cromossomo 21 que causa a síndro- me de Down, é uma “cura do DNA” que ainda não existe. Conforme os arts. 8o e 9o da lei 9.279, são requisitos para que as invenções e modelos de utilidade possam ser patenteados que tanto invenções e mode- los devem ser novos, quanto devem ser provenientes de atividade inventiva, ou seja, não podem ser meramente descobertas, e ainda devem ser passíveis de produção industrial. Para que seja realizada a patente é necessário que o criador verifique se o que preten- de solicitar não foi protegido antespor terceiros. Mesmo não sendo obrigatória, a busca é um importante indicativo para decidir se é possível entrar com o pedido ou não. Assim, para avaliar se o pedido atende aos requisitos de patenteabilidade, é aconselhável fazer uma busca prévia. 120 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Após a realização da busca, é necessário o pagamento da taxa que deve ser paga atra- vés da Guia de Recolhimento da União (GRU) e o devido cadastramento no e-INPI. É necessário, também, que seja realizado o pedido de registro no INPI (Instituto Nacio- nal de Propriedade Industrial) ,que é uma autarquia federal, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O INPI irá analisar se a invenção ou modelo atendem aos requisitos da lei, e, uma vez atendidos, irá deferir a patente. Os prazos de patente são: Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de mo- delo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito. Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial compro- vada ou por motivo de força maior. Destaque-se que os prazos são contados a partir do depósito, ou seja, do pedido de registro. O titular da patente é quem realiza o pedido no INPI ou seus sucessores e herdeiros. Se duas ou mais pessoas são os desenvolvedores, a patente poderá pertencer a todos, desde que cada um deles faça a solicitação ou um faça a solicitação qualificando os demais. No entanto, se de forma isolada duas ou mais pessoas se veem donos de determinada patente, esta será daquele que primeiro realizar o pedido, não importando a data da criação ou da concessão. Para a concessão da patente, o titular deverá solicitar por escrito, com documento que conterá o detalhamento do objeto a ser patenteado, bem como o pagamento da solicitação, que será devidamente confirmado. 121 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Após a confirmação de pagamento, haverá um período de sigilo de dezoito meses para que o titular realize o desenvolvimento de sua criação, podendo solicitar inclu- sive a dispensa do período e assim realizar a publicação no INIPI de forma mais ágil. Tal publicação tem de ser efetuada para que terceiros possam apresentar oposição. Após sessenta dias contados da publicação, o INPI começará a realizar exame técni- co, que só se inicia após novo requerimento, que deve ser realizado em até trinta e seis meses contados do deposito inicial, para garantir que o titular ainda tem inte- resse quanto àquela patente. Caso não haja novo requerimento, o INPI arquivará a solicitação. Após a realização do exame, a patente deverá ser concedida com a carta- -patente. Pode haver solicitação de nulidade da patente, por falta de requisitos neces- sários, por erro no processo de solicitação, como a falta de publicação, ou quando houver pretensão de questionar acerca da titularidade. A nulidade pode ser solicitada pelo próprio INIPI ou por terceiros de forma administrati- va em até seis meses da concessão, ou pode ser solicitada de forma judicial pelas mesmas pessoas. Ter a patente não significa que não se pode transferir a cessão ou licença, pois o titular pode não ter condições ou mesmo não querer explorar a patente concedida. A cessão da patente constitui a transferência da patente para terceiro interessado, podendo ser realizada até mesmo antes da concessão. Há cessão da patente como a compra e venda de um imóvel, ou seja, se foi inventado um remédio para a cura da trissomia do cromossomo 21, é possí- vel vender essa patente a um laboratório ou até mesmo doá-la. 122 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Já a licença se dá quando há constituição de permissão de uso da patente, ou seja, um terceiro interessado passa a ser titular para licença de uso da patente. Na licença o objeto é a outorga de uma autorização temporária, porém sem a transferência de titularidade a terceiro. Ou seja, é possível emprestar a um laboratório a patente do remédio que cura a síndrome de Down por 2 anos para que este possa explorar essa invenção. Já a extinção da patente pode se dar formas diferentes, sendo por decurso do prazo de proteção, ou seja, vinte anos de proteção da invenção e quinze anos do mode- lo de utilidade e, após o prazo de proteção, as criações caem em domínio público e podem ser produzidas por qualquer pessoa, independentemente de autorização ou retribuição ao titular da patente; por caducidade, que é quando a patente não é utilizada por dois anos após a concessão; por não pagamento da taxa de retribuição anual devida ao INPI que começa a ser cobrada após três anos do deposito, e deve ser paga nos três primeiros meses de cada ano, podendo ser paga até seis meses após o prazo para o pagamento; por renúncia do titular, desde que não gere prejuízos a terceiros; e por ausência de procurador qualificado e domiciliado no Brasil para as devidas representações. QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS DA PATENTE PATENTE INVENÇÃO MODELO DE UTILIDADE Coisas novas Melhoramento de criações 20 anos do depósito 15 anos do depósito *Não será menor que 10 anos *não será menor que 7 anos *Como os prazos passam a contar da data do depósito, caso haja demora nos exames, haverá os pra- zos mínimos para cada patente, conforme acima. Fonte: elaborada pelas autoras. 123 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A outra forma de proteção aos direitos de propriedade industrial é o registro. Basi- camente o que o diferencia da patente são os objetos de proteção e os prazos, que normalmente são renováveis (ao contrário da patente). Estão sujeitos à registro: • Desenho industrial: objeto ou conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando visual novo e original na configura- ção externa que possa servir de tipo de fabricação industrial (art. 95). São exem- plos de desenho industrial um novo modelo de farol de carro ou de cadeira. Aqui o que importa é a forma. O inventor do desenho solicita o registro ao INPI, no entanto, este deverá conter sua descrição, foto, desenho, área de aplicação e o comprovante de pagamento de retribuição, que será devidamente conferi- do. No caso do registro, não é automático o tempo de sigilo, devendo este ser solicitado e seu prazo será de 180 dias do pedido. Caso o sigilo não seja devida- mente solicitado haverá publicação imediata e simultaneamente será expedi- do o certificado de registro. Ao seu criador, herdeiro ou cessionário é atribuído o direito de registrar o desenho no INPI, que vigorará pelo prazo de dez anos contados do depósito, podendo ser prorrogado por três períodos sucessivos de cinco anos cada um (art. 108). Assim como na patente, pode ser solicitada a nulidade do registro, podendo ser por via administrativa ou judicial. A proteção do desenho industrial poderá ser extinta pelo lapso temporal de proteção que tem duração máxima de vinte e cinco anos, nos casos em que houver solicitações de prorrogação; pelo não pagamento da taxa de retribui- ção devida ao INPI, neste caso a taxa é quinquenal e será cobrada a partir do segundo quinquênio da data do depósito, e pode também extinguir-se pela renúncia do titular, desde que não prejudique terceiros, bem como pela falta de procurador com poderes representativos. • Marcas:são suscetíveis do registro como marca os sinais distintivos visual- mente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Dividem-se em (art.123): marca de produto ou serviço (como por exemplo o símbolo da Nike); marca de certificação (as ISOs, selo de pureza ABIC, selo do INMETRO); marca coletiva (como a do cooperativismo). Pode ser ainda: nominativas (quando são formadas por letras ou palavras), figurativas (formadas por símbolos) ou mistas (quando possuem ambos). Pode ser requerida por pessoa física ou jurídica, e a proteção é dada a quem primeiro realizar o registro no INPI. O interessado 124 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO em registrar a marca deve, juntamente com seus principais elementos de identificação, acompanhado da taxa de retribuição, enviá-los ao INPI, que fará um exame prévio para análise de requisitos formais e, caso não haja nenhum impedimento será publicada a marca, que poderá ser questionada por qual- quer pessoa no prazo de sessenta dias. Após o prazo, o INPI analisa, conce- de, ou não, e emite o certificado de registro da marca. Conforme o art. 133, o registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos indefinida- mente. No registro da marca, também é possível solicitar a nulidade de forma administrativa ou judicial. A extinção do registro da marca poderá se dar pelo decurso do prazo de proteção sem que haja a solicitação de prorrogação; pela não utilização da marca no período de cinco anos; pela renúncia do titular; e; pela ausência de procurador com poderes de representação. • Indicações geográficas: inclui a indicação de procedência (nome de localidade conhecida pela produção ou extração de determinado produto – chocolate de Gramado e cachaça do Norte de Minas) ou denominação de origem (produto ou serviço cujas qualidades se devem exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico, como vinho espumante da Região de Champagne da França). Uma vez apresentado o requerimento para reconhecimento de uma indicação geográfica no INPI, somente as pessoas das regiões podem utilizar a mesma na divulgação de seus produtos ou serviços. Não há prazo máximo de proteção. QUADRO 5 - CARACTERÍSTICAS DO REGISTRO REGISTRO DESENHO INDUSTRIAL MARCAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS Conjunto de linhas e cores Sinais distintivos Indicação de procedência 10 anos do depósito 10 anos da concessão Não tem prazo de validade Prorrogado 3 x 5 anos Prorrogação por períodos iguais e sucessivos indefinida- mente Máximo de 25 anos Fonte: elaborada pelas autoras. Para melhor ilustrar a diferença entre patente e registro, verifique o comparativo a seguir: 125 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO QUADRO 6 - COMPARATIVO ENTRE PATENTE E REGISTRO. PATENTE REGISTRO INVENÇÃO MODELO DE UTILIDADE DESENHO INDUSTRIAL MARCAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS Coisas novas Melhoramento de criações Conjunto de linhas e cores Sinais distintivos Indicação de procedência 20 anos do de- pósito 15 anos do de- pósito 10 anos do depósito 10 anos da concessão Não tem prazo de validade *Não será menor que 10 anos *Não será menor que 7 anos Prorrogação 3 x 5 anos Prorrogação por períodos iguais e sucessivos indefi- nidamente *Como os prazos passam a contar da data do depósito, caso haja demora nos exames, haverá os prazos míni- mos para cada patente, conforme acima. Máximo de 25 anos Fonte: elaborada pelas autoras. Uma vez entendidos os direitos de Propriedade Industrial, passe agora ao entendi- mento dos direitos de autor. 5.2 OS DIREITOS DE AUTOR O direito de autor é disciplinado pela Lei 9.610/98, além do próprio texto da Constitui- ção, que no seu art. 5o determina a proteção aos direitos autorais. É o ramo do direito que visa proteger as criações humanas voltadas para a satisfação do espírito. Inclui-se nessa categoria a proteção garantida a músicas, vídeos, textos diversos, poesia, escul- turas, peças de teatro, coreografias de dança e obras de arte em geral. A proteção dos Direitos de autor decorre da sua criação, não sendo necessário qual- quer registro, como acontece com os Direitos de Propriedade Industrial. Basta que o autor comprove a autoria, por qualquer meio (documentos, testemunhas, vídeos, etc.), caso haja algum questionamento judicial ou extrajudicial. 126 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Caso interessante é aquele que envolve a música “Ai, se eu te pego”, que se tornou conhecida com o cantor Michel Teló: A novela sobre a disputa da autoria da música “Ai, se eu te pego” está só come- çando. As estudantes paraibanas Marcella Quinho Ramalho, Maria Eduarda Lucena dos Santos e Amanda Borba Cavalcanti de Queiroga querem tirar de Sharon Acioly o direito de ser uma das autoras da canção e inserir o nome delas. Elas alegam que criaram o sucesso durante uma viagem para a Disney. Já Sharon diz que ela e mais três amigas (Karine Vinagre, Amanda Cruz e Aline Medeiros) fizeram a música numa brincadeira no palco do Axé Moi, em Porto Seguro. Originalmente, elas contam que fizeram no ritmo de funk, mas depois Michel Teló e Antônio Dyggs transformaram a música num sertanejo (Fonte: EXTRA, 2018). Nesse caso, as supostas autoras questionavam o direito com base em testemunhas e em vídeos. No caso, os lucros oriundos da música estavam bloqueados até decisão judicial. A lei 9.610 enumera em seu art. 7o os objetos de proteção de Direito de autor. Veja: Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhe- cido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais; IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; V - as composições musicais, tenham ou não letra; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; 127 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenha- ria, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apre- sentadas como criação intelectual nova; XII - os programas de computador; XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, ba- ses de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual (BRASIL, 1998). Os programas de computador (softwares) são também objetos de proteção de Direito Autoral. Contudo, possuem disciplina própria (Lei 9.609/98). De acordo com a Lei 9.610/98, o direito de autor possui natureza complexa, sendo, portanto, formado por duas “partes”: FIGURA 31 - NATUREZA DO DIREITO DE AUTOR Direito patrimonial de autor Direito extrapatrimonial (ou Direito Moral de autor) Fonte: elaborada pelas autoras. 128 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIOO Direito Patrimonial consiste nos direitos de exploração econômica da obra. Confor- me a lei, esses direitos perduram durante toda a vida do autor e até setenta anos contados do 1º de janeiro após sua morte. Dessa forma, se tomarmos por referência Jorge Amado, importante autor brasileiro, falecido em 6 de agosto de 2001, temos que seus sucessores (herdeiros) poderão explorar economicamente sua obra até 1º de janeiro de 2072. Após esse prazo, a obra cai em domínio público e pode ser reproduzi- da por qualquer pessoa, sem pagamento de qualquer valor, desde que faça referência ao nome do autor. Dentre os direitos patrimoniais, podemos citar o art. 29 da Lei 9610: Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como: I - a reprodução parcial ou integral; II - a edição; III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma; V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra óti- ca, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previa- mente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, me- diante: a) representação, recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva; e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental; 129 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a micro- filmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas (BRASIL, 1998). Assim, para que a obra seja reproduzida ou modificada, é necessária a auto- rização do autor, que pode dá-la de forma onerosa (mediante pagamento) ou gratuita. Além do Direito Patrimonial, há o Direito Moral de autor. Esse é o Direito de ser reconhecido como autor da obra, que é eterno e perdura durante toda a vida do autor e até após a sua morte. Esse é considerado um direito de personalidade (Direi- to de todo o ser humano), sendo inalienável (não pode ser vendido) e intransmissível a terceiros. Ou seja, é o direito que o autor João Guimarães Rosa tem de ser o autor da obra “Grande Sertão Veredas” por toda a eternidade, bem como Machado de Assis, tem o direito a ser reconhecido como autor da obra “Dom Casmurro”, enredado pela Maria Capitolina Santiago, a eterna Capitu. Como direitos morais ou extrapatrimoniais, enumera a lei 9.610/98: 130 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anun- ciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de uti- lização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado (BRASIL, 1998). Por força de lei, de forma excepcional, os direitos enumerados nos incisos I a IV são transmitidos aos sucessores do autor, de modo a assegurar a sua proteção. Percebe-se que os direitos extrapatrimoniais se ligam à ideia de autoria, de reconhe- cimento e de que o autor possa determinar o que pode ser feito ou não com sua obra. 5.3 INFRAÇÕES AO DIREITO AUTORAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS Com a modernização em massa da sociedade é possível ter informações das mais variadas de forma rápida, prática e instantânea, de fotos, textos, imagens, sendo estes conteúdos públicos e privados. No entanto, há alguns aspectos que devem ser observados como: cópia de textos da internet para produzir um trabalho acadêmico ou qualquer outro tipo de trabalho; e a republicação de conteúdos de internet em redes sociais. Nesses casos é importante conhecer sobre as infrações que advém dos direitos autorais. 131 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 5.3.1 SANÇÕES CIVIS Conforme a Lei 9610/98, uma vez infringidos os direitos autorais, surgem os seguintes direitos para o titular, dentre outros: • Direito de indenização por danos morais e materiais. • O de requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102). • Aquele que editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular, perderá para este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido (art. 103). • No caso de transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou processo, e a comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpre- tações e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titu- lares, deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicáveis (art. 105). • ser determinada a destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilíci- to civil, assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destina- dos a tal fim ou, servindo eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição (art. 106), além de perdas e dados (art. 107). • Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a identidade, a forma da lei (art. 108). 5.3.2 SANÇÕES PENAIS O desrespeito aos Direitos autorais gera também consequências penais, estabeleci- das no Código Penal, em seu art. 184. Veja: 132 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) § 1o Se a violação consistir em reproduçãototal ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) § 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga ori- ginal ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) § 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário re- alizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do co- pista, sem intuito de lucro direto ou indireto (BRASIL, 1940). No Brasil é muito comum a infração aos Direitos de autor. Normalmente se vê a cópia de músicas vendidas em CDs ou outras mídias, DVDs copiados, fotocópias de livros inteiros (fora as exceções previstas em lei). Todas essas condutas são aptas a gerar responsabilidade penal. 133 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO O esquema a seguir apresenta os diversos conceitos que abrangem a proprieda- de intelectual conforme visto e os tipos de propriedade, bem como as ramificações previstas e amparadas pela nossa lei. FIGURA 32 - A PROPRIEDADE INTELECTUAL Propriedade intelectual Propriedade industrial Patente de invenção e modelo de utilização Desenho industrial Marcas Indicações geográficas Direitos do autor Programas de computador Direito autoral Fonte: elaborada pela UOL Edtech, 2019. Passado o entendimento sobre as sanções que podem ser impostas as pessoas que violam os direitos do autor, é preciso entender um pouco mais sobre um tema de extrema importância nos dias de hoje, que é a proteção ao software. 5.3.3 A PROTEÇÃO AO SOFTWARE Os softwares, ou programas de computador, são protegidos como Direitos Autorais, mas possuem uma lei específica de regência, a Lei 9.609/98. Tal lei os conceitua no art. 1º: Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de ins- truções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tra- tamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféri- cos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados (BRASIL, 1998). Assim, aplica-se aos softwares, no que couber a proteção dos direitos autorais, com as especificidades de sua lei, dentre as quais se pode ressaltar: 134 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direi- tos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o direito do autor de opor-se a alterações não autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação (art. 2º, § 1º). • Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subse- quente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação (art. 2º, § 1º). • Para a proteção dos softwares, não é necessário o registro, mas a lei faculta a sua realização. Nesse caso, deverá o registro ser efetivado no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). • O criador do programa pode ceder seu uso, gratuita ou onerosamente, a tercei- ro, mediante a concessão de uma licença para tanto. Aquele que não possui licença não pode utilizar o programa, a não ser que seja um programa livre (ou seja, aquele que não está protegido, normalmente por vontade do próprio titular, que libera o seu uso a todos, sem custo). A lei enumera as infrações a esse direito e suas consequências, da forma seguinte: Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador: Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa. § 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente: Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa. § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à ven- da, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comér- cio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral. (BRASIL, 1998). 135 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Desse modo, utilizar uma cópia “pirata” de um programa, pode ser caracteri- zada como uma infração penal e passível de imposição de pena. Ressalte-se que, além das sanções penais, é também cabível a responsabili- zação civil, podendo o titular pedir o recolhimento das cópias não autoriza- das, vedar a continuidade de utilização do programa e, ainda, pedir perdas e danos (art. 14 da Lei 9.609/98). CONCLUSÃO Cabe salientar que os bens criados intelectualmente são de extrema importância nos dias de hoje. Assim, a Propriedade Intelectual é um ramo do Direito que visa prote- ger esses bens imateriais que são resultantes da manifestação do intelecto humano nos mais diversos campos como nas indústrias, nas áreas científicas literárias e até mesmo artísticas de todas as formas. E foi com o objetivo de estimular novas criações que foi estabelecido um sistema que protege criador e criação em troca de facilidades para a vida moderna e claro de lucros. Deve ficar claro que o que chamamos de propriedade intelectual é não mais que um privilégio exclusivo da criação, concedido pelas nações. Na presente unidade você conheceu os diversos conceitos que abrangem os tipos inte- lectuais regidos pela Lei e aplicáveis dentro do Direito Empresarial e suas ramificações. 136 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar as diversas relações societárias. > Definir as questões jurídicas atinentes ao ambiente empresarial e à dinâmica econômica das sociedades. > Identificar qual o melhor tipo de relação societária para cada tipo de interesse. UNIDADE 6 137 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicadano D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 6 RELAÇÕES ENTRE SOCIEDADES Esta unidade aborda as relações societárias, visto que no mercado brasileiro, assim como no mercado global, é muito comum haver situações em que duas ou mais sociedades unam esforços para desenvolver de forma mais produtiva e eficiente suas atividades econômicas, podendo essa união dar-se de diversas maneiras. O estudo das sociedades situa-se na área do agrupamento empresarial, em espe- cificamente caracterizado pela conexão relativa entre as sociedades. Nesse sentido, convém ressaltar que se trata da associação entre empresários, em que cada um conservará sua autonomia jurídica e patrimonial, e que se efetiva tanto pela coligação societária (ou seja, participação de uma sociedade em outra) quanto pela criação de grupos de sociedades (organizados formalmente sob uma convenção de grupo), ou, ainda, pela constituição de consórcios. Nesta presente unidade serão estudados, assim, os principais pontos das principais relações comerciais oriundas das relações estabelecidas entre as sociedades. 6.1 PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS As participações societárias são as ações de sociedades anônimas ou quotas de socie- dades limitadas que uma sociedade adquire de outra, sendo chamadas de investido- ra e investida. Nesse sentido, tem-se ainda que as participações societárias podem ser de dois tipos: temporárias ou permanentes. As participações societárias temporárias são aquelas adquiridas com a intenção de especulação, ou seja, é o ato de negociar um ativo, podendo ser uma ação, quotas de fundos de investimento, dentre outros, com o intuito de vendê-los quando o merca- do for favorável. Já as participações societárias permanentes acontecem quando se adquire o ativo de determinado empreendimento com a intenção de permanência, ou seja, sem a intenção de venda, representando uma extensão da atividade econô- mica da investidora. Normalmente esse tipo de participação societária são as ações de Coligadas, Controladas, Não Coligadas e Não Controladas, conforme você entenderá a seguir. 138 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6.1.1 SOCIEDADES FILIADAS OU COLIGADAS Conforme descrito no Código Civil em seu artigo 1.099, as sociedades tornam-se coli- gadas quando existem entre elas o mínimo de 10% (dez por cento) do capital social, sem que haja controles umas sobre as outras. Por isso, pode-se dizer que aqui não há relação de poder, mas sim de relevância, pois decorre da detenção de capital. De acordo com o § 1º do art. 243 da Lei no 6.404/76, “são coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa”. Já no § 4º do mesmo artigo, “consi- dera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la”. No entanto, deve ficar claro que, de acordo com o §5º do mesmo artigo, é PRESUMIDA a influência significativa quando a sociedade investidora for titular de 20% ou mais do capital e que, além dos direitos comuns, tem o direito de votar, ou seja, quando é portadora das ações ordinárias da investida, porém, sem controlá-la. No Código de Processo Civil a COLIGADA é uma entidade, incluindo aquela não cons- tituída, ou seja, é a chamada parceria, sobre a qual o investidor tem influência signifi- cativa e que não se configura como controlada, ou participação em empreendimen- to sob controle conjunto. Como não há relação de poder, as ações ou quotas não dão direito de voto ou quais- quer outros poderes que influenciem diretamente nas deliberações societárias. As relações entre estas sociedades serão regidas através da convenção de grupo, porém, deve ficar claro que cada sociedade terá conservado seu capital social, bem como sua personalidade. A Companhia ABC Paulista possui 9% do total das ações da Companhia Triângulo Mineiro. Supondo que aquela tenha influência significativa nesta, então ABC e Triângulo são coligadas, ou seja, 9% ações (ordinárias ou não) com influência ABC e Triângulo SÃO coligadas. 139 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO A companhia Z possui 23% do total das ações da Companhia W, sendo todas essas ações com direito a voto nas assembleias de acionistas (ações ordi- nárias). Assim, Z e W são coligadas, independentemente de qualquer outro fato, pois há presunção de influência significativa. Em investimentos em sociedade Coligadas e Controladas, a existência de influência significativa pelo investidor geralmente é evidenciada pela repre- sentação no conselho de administração ou até mesmo na diretoria; partici- pação nos processos de elaboração de definições estratégicas que servem de base para as tomadas de decisão, inclusive em decisões sobre a distribuição dos ganhos da empresa; e fornecimento de informação técnica essencial. Visto o que são as sociedades coligadas, entenda agora o que são as chamadas socie- dades controladas. 6.1.2 SOCIEDADE CONTROLADA De acordo com o § 2º do art. 243 da Lei 6.404/76, “considera-se controlada a socie- dade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores”. Portanto, entende-se que para que haja controle é necessário que a sociedade inves- tidora tenha de forma direta ou indiretamente mais de 50% do capital com direito a voto da sociedade investida, ou seja, a sociedade controladora deverá ser detentora de mais de 50% das ações ordinárias da sociedade controlada. 140 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Cia. XY possui 70% do capital da Cia. BO, e esta, por sua vez, possui 60% do capital da Cia. P. Todas as ações do capital social das investidas são ordinárias, sendo 70% e 60%, respectivamente. Dessa forma pode-se presumir que a sociedade controladora XY controla diretamente a controlada BO com 70%, e que a sociedade BO controla diretamente a controlada P com 60%. Tendo a controlada XY administrando indiretamente, através de BO, a controlada P com 60%. Por isso pode-se dizer que a participação indireta de XY em P é de 70% × 60%, ou seja, é 42%. Ao afirmar que a controladora XY controla de forma indireta a sociedade P com 60%, não se utiliza uma relação matemática e sim uma relação de controle, ou seja, se XY controla BO e esta controla P diretamente com 60%, então, indiretamente, XY tem o poder dos 60% de P, através de BO. No caso de ser utilizada a relação matemática, pode-se dizer que a participação indireta de XY em P é de 70% × 60%, isto é, 42%. Se assim fosse para avaliar o controle, XY não controlaria P, pois teria menos de 50%. Então, para ficar mais claro, no exemplo dado pode-se fazer dois tipos diferentes de perguntas: se a pergunta for com quantos por cento XY controla indiretamente P, a resposta será 60% (relação de controle e não matemática); no entanto, se for pergun- tado qual a participação indireta de XY em P, a resposta será 42% (relação matemáti- ca e não de controle). Assim, cabe ressaltar que se deve prestar muita atenção no tipo de pergunta para que não haja interpretações equivocadas. 6.1.3 SOCIEDADE DE SIMPLES PARTICIPAÇÃO As sociedades de simples participação são aquelas que detêm menos de 10% de determinada sociedade, mas têm direito de voto. Deve-se esclarecer que mesmo tendo direito a voto, nesse tipo de participação também não deverá haver signifi- cativa influência na gestão societária. Conforme artigo 1.100 do Código Civil, “é de simples participação a sociedadede cujo capital outra sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto”. 141 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Ou seja: Sociedade “A” 8% Sociedade “B” Ações Ordinárias Direito a Voto Ressalvados os principais aspectos das sociedades de simples participação, entenda as sociedades de participação recíproca. 6.1.4 PARTICIPAÇÃO RECÍPROCA O artigo 1.101 do Código Civil trata também da participação recíproca entre socie- dades, devendo essa participação ser limitada ao valor das reservas societárias, que não deve ser ultrapassado sob pena de não poder efetuar nenhuma participação recíproca. Art. 1.101. Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva legal. Parágrafo único. Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas em excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oi- tenta dias seguintes àquela aprovação. A comprovação do valor da reserva deverá ser realizada através das contas do exercí- cio anterior, o que faz com que, caso após o balanço a participação seja superior ao limite estipulado, as quotas ou ações sejam transferidas para a sociedade coligada em até 180 dias. Veja os esquemas a seguir para entender como funciona a participação recíproca: 142 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 33 - ILUSTRATIVO SOBRE A PARTICIPAÇÃO RECÍPROCA Empresa “A” Empresa “B” Empresa “A” Empresa “B” Empresa “C” Proibido por Lei Possível Temporariamente Fonte: elaborada pelas autoras. Entenda a seguir o que é uma holding. 6.2 HOLDING Holding “é uma sociedade juridicamente independente que tem por finalidade adquirir e manter ações de outras sociedades, juridicamente independentes, com o objetivo de controlá-las, sem com isso praticar atividade comercial ou industrial.” (LODI, 2012, p. 4), mas conforme ensinamento de Edna Pires Lodi, este é o conceito original de holding que no Brasil é tratada de maneira diferente. Nacionalmente a holding é aquela que participa de outras sociedades, como sócio, ou seja, como acio- nista ou quotista, portanto, convém ressaltar que é uma sociedade estabelecida, com personalidade jurídica própria e capital social, sendo uma parte própria e outra ou com participações societárias de outras pessoas jurídicas e/ou físicas. 143 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO Entenda como é a atuação da holding a partir do esquema a seguir: FIGURA 34 - A HOLDING Holding Empresa 1 51% Empresa 1 60% Empresa 1 53% Fonte: elaborada pelas autoras. A holding surgiu através da preocupação que o empreendedor tem em expandir seu negócio, portanto, perante as análises acima define-se que a holding é “uma solução mais voltada para as pessoas físicas e uma complementação técnica e administrativa para a pessoa jurídica” (LODI, 2012, p. 8). Deve-se esclarecer que a sociedade holding não tem lei própria que a defina, sendo regida pela Lei da sociedade que a incorporou. • Holding incorpora Limitada regida pelas normas da sociedade simples e da sociedade limitada. • Holding incorpora S/A será regida pela Lei 6.404 LSA. A sociedade holding não se trata de um único tipo societário, pois é possível a consti- tuição de uma sociedade com o objetivo de ser a titular de determinado patrimônio, podendo este patrimônio constituir-se de bens imóveis, bens móveis, propriedade imaterial (patentes, marcas etc.), aplicações financeiras, direitos e créditos diversos. Desse patrimônio podem constar, inclusive, quotas e ações de outras sociedades. 144 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Veja alguns conceitos acerca das sociedades com caráter de holding: • Holding pura: sociedade constituída com o objetivo exclusivo de ser titular de quotas ou ações de outra ou outras sociedades. É também chamada de socie- dade de participação. • Holding de controle: sociedade de participação constituída para deter o controle societário de outra ou de outras sociedades. • Holding de participação: sociedade de participação constituída para deter participações societárias, sem ter o objetivo de controlar outras sociedades. • Holding de administração: sociedade de participação constituída para centra- lizar a administração de outras sociedades, definindo planos, orientações, metas etc. • Holding mista: sociedade cujo objeto social é a realização de determinada atividade produtiva, mas que detém participação societária relevante em outra ou outras sociedades. • Holding patrimonial: sociedade constituída para ser a proprietária de deter- minado patrimônio. É também chamada de sociedade patrimonial, dentre outras como a familiar e a imobiliária. (Fonte: adaptado, https://jus.com.br/artigos/54436/holding-familiar>. Acesso em: 26 mar. 2019.) Entenda a seguir a finalidade deste tipo de sociedade. 6.2.1 FINALIDADE A holding, dentre diversas, finalidades tem a de preservar de forma majoritária as ações de determinada empresa para que seja possível o controle do grupo acionário, evitando que haja diminuição do capital social por diversos motivos. Também tem o intuito de ter o controle acionário, não necessariamente com maior número de ações, mas de forma a conseguir influir nas decisões da sociedade; visa manter ações de companhias internacionais, facilitando assim o investimento estrangeiro, a impor- tação e exportação, agindo como elo; e também a holding pode manter, de forma minoritária, ações de outra empresa simplesmente como investimento de forma a estabelecer parcerias, assim como tantas outras finalidades (LODI, 2012). 145 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 6.2.2 OBJETIVOS Dentre os objetivos da holding, tem-se como função principal o controle de grupo e o planejamento da sociedade. Nesse sentido, sua atenção volta-se para investimento, desenvolvimento, consultoria jurídica e técnica, com foco maior no controle acioná- rio. Para aumento do seu lucro, a holding pode prestar serviços essenciais ao bom funcionamento da sociedade (LODI, 2012). Veja alguns exemplos de holding: Aluguel de máquinas Serviços técnicos de informática Administração Relações comercial Deve ficar claro que a holding não deve interferir diretamente nas ações da empresa, devendo limitar-se a prestar os serviços nas áreas em que o empreendimento não consegue atuar de forma satisfatória. 6.2.3 NATUREZA JURÍDICA O artigo 2º, §3º da LSA, deixa a entender que as sociedades de participação só podem ser constituídas sob a forma de sociedades por ações, bem como há afirmações de que só poderia ser uma sociedade simples com registro em Cartório de Regis- tro de Pessoas Jurídicas; o que não se faz verdade, visto que não há limitação ou determinação sobre a natureza jurídica de uma holding, dado que tais sociedades podem adotar como natureza jurídica simples ou empresária e, dependendo do tipo 146 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO societário que venham a adotar, poderão ser registradas na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. Portanto, a natureza jurídica que se dará à holding constitui uma alternativa estra- tégica à disposição da sociedade e, considerando as particularidadesde cada caso, elegerá a melhor alternativa. 6.3 SUBSIDIÁRIA INTEGRAL Subsidiária integral nada mais é que uma companhia que será única acionista de uma outra companhia, ou seja, é uma pessoa jurídica que constitui outra pessoa jurí- dica para ser sua única acionista, conforme artigo 251 da Lei 6.404 (LSA), pois a unici- dade societária será aceita, visto que a sociedade controladora tem pluralidade socie- tária, devendo ficar claro que a subsidiária integral tem personalidade jurídica, bens e obrigações próprias. Veja o esquema a seguir para entender como funciona a questão subsidiária integral. FIGURA 35 - CONSTITUIÇÃO DE UMA SUBSIDIÁRIA INTEGRAL Subsidiária Integral 100% ações empresa “A” Empresa “A” Fonte: elaborada pelas autoras. Como a subsidiária integral trata-se de uma companhia que controla a outra, portan- to, sempre será uma sociedade anônima constituída no Brasil e seguirá as leis nacio- nais e com sede no país, devendo ser levado em consideração que, se porventura a 147 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO sociedade controladora estiver sendo controlada por um único acionista, de forma temporária, não há que se falar em invalidade de sua subsidiária. A constituição da subsidiária deverá ser realizada por meio de escritura pública, visto que há somente um acionista; no entanto, quando a companhia subsidiária é uma companhia aberta, sua constituição deverá se dar sob as normas e controle da CVM, por poder bater de frente com os interesses dos acionistas da sociedade controladora. A criação de uma subsidiária integral deverá ser debatida pelo Conselho de Admi- nistração, se houver, ou da diretoria. Por isso, se a sociedade instituidora optar por subscrever o capital de subsidiária integral em bens, deverá ela, companhia subscri- tora, aprovar o laudo de avaliação, sendo civilmente responsáveis por tal aprovação os administradores que a deliberaram, além dos avaliadores. Pode-se criar uma subsidiária integral ou transformar uma sociedade anônima em subsidiária integral, o que será feito quando uma sociedade brasileira, independente- mente de sua forma societária, adquirir todas as ações de uma determinada compa- nhia, convertendo-a em subsidiária. A subsidiária integral poderá ser convertida de duas formas: pela aquisição de todas as ações de uma companhia e pela incorporação de uma companhia, mas nos casos em que forem companhias abertas deverão fechar seu capital social, visto que não se pode falar em participação no mercado aberto de valores mobiliários, pois a compa- nhia será controlada por uma única pessoa. A companhia que se transforma em subsidiária integral poderá reverter essa condi- ção, admitindo novos acionistas para o aumento do capital social, bem como com a emissão de novas ações, podendo-se manter o controle acionário. A subsidiária integral pode fundir-se com outra sociedade, o que deve resultar na transformação da subsidiária em sociedade controlada, pode ser incorporada ou incorporar aceitando novos sócios ou adquirindo a totalidade das ações, pode realizar também cisão resultando partes que podem ser subsidiárias integrais, submetidas à mesma sociedade controladora dentre outros. Também pode ocorrer de a subsidiá- ria integral ser incorporada pela sociedade controladora, o que implica sua extinção, bem como pode ser dissolvida, com correspondente liquidação e extinção, incluin- do a pressuposição de falência da subsidiária integral, o que não atinge a sociedade controladora nem seus administradores. 148 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6.4 GRUPO DE SOCIEDADES As sociedades que de alguma forma tornam-se controladora e controlada podem, em algum momento, constituir um grupo de sociedades que será regulado por convenção específica para que possam ser cumpridas as obrigações pertinentes a cada grupo. A convenção do grupo de sociedades deverá conter a qualificação do grupo, ou seja, o seu nome deverá conter o termo grupo de sociedades ou grupo, podendo ser utili- zado o núcleo da denominação de uma das sociedades do grupo. A sociedade controladora deverá necessariamente ser brasileira e estar devidamen- te indicada na convenção, bem como as sociedades filiadas; deverá, também, haver indicações das condições de participação das diversas sociedades, esclarecendo como será a combinação de recursos e/ou esforços para a realização dos seus objetos sociais, a participação em atividades ou empreendimentos comuns, respeitando a lei e os atos constitutivos; deverá, caso haja, o prazo de duração e, as condições de extin- ção; bem como as condições para a entrada e saída de sociedades. Deverá, também, estar expressa na convenção estrutura administrativa do grupo, bem como a nacio- nalidade, devendo haver qualificação das pessoas naturais ou jurídicas que estão no comando da sociedade de controle. Os grupos societários são regidos pela lei 6.404/76 LSA e por isso não deverá haver desrespeito jurídico. A convenção do grupo societário deverá ser aprovada por pelo menos metade das ações com direito a voto, desde que no estatuto da sociedade não haja exigência de aprovação diferente, garantindo aos acionistas dissidentes reembolso de suas ações ou quotas. Aprovada a convenção por todas as sociedades envolvidas, esta deverá ser arquivada no registro do comércio da sede da sociedade controladora, junto com as atas das assembleias gerais ou instrumentos de alteração contratual de todas as sociedades. Os grupos de sociedade não têm natureza jurídica própria, pois é somente uma convenção entre pessoas jurídicas, ou seja, os grupos não são tratados como pessoas jurídicas, apesar de haver distribuição de cargos administrativos e de créditos e 149 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO débitos, podendo a sociedade controladora ter de indenizar as demais sociedades caso venha causar dano a elas 6.5 CONSÓRCIO “As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento” (Art. 278 – LSA), ou seja, pode-se definir o consorcio como formação empresarial conjunta temporá- ria, normalmente constituído para a realização de determinado objetivo, pois, sem a associação das sociedades não seria viável sua execução. FIGURA 36 - O CONSÓRCIO Empresa A Empresa B Empreendimento X Fonte: elaborada pelas autoras. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado por todas as consorcia- das, devendo ser devidamente registrado pelo órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, ter cláusulas obrigatórias e ser devidamente registrado em órgão competente, conforme disposto nos incisos do artigo 279 da LSA, in verbis: I - a designação do consórcio se houver; II - o empreendimento que constitua o objeto do consórcio; III - a duração, endereço e foro; 150 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO IV - a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consor- ciada, e das prestações específicas; V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados; VI - normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver; VII - forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que cabe a cada consorciado; VIII - contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver. Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro do comérciodo lugar da sua sede, devendo a certidão do arquiva- mento ser publicada (BRASIL, 1976). O registro do contrato de consórcio dever ser realizado para que haja conhecimento público de terceiros sobre o agrupamento empresarial afim de evitar fraudes. No contrato de consórcio normalmente não há preocupação com o intuito personae, pois neste tipo de contrato não há oposição quanto à entrada de novos empreende- dores, não sendo necessário o consenso de todos os demais, afinal esse agrupamento temporário se dá com o intuito de melhora financeira para a realização de objetivo em comum (VENOSA; RODRIGUES, 2018). Deve ficar claro que o principal objetivo do contrato de consórcio, além da presunção de veracidade, é a efetividade dos efeitos jurídicos que começam a produzir efeito após o registro. Resta esclarecer que se não observar o que foi estabelecido na LSA faz com que o contrato não seja eficaz perante terceiros. A administração poderá ser exercida pelo consorciado administrador ou por dire- ção autônoma, sob a forma de mandato negocial e judicial, conferindo poderes para contratar com terceiros em nome do consórcio e representá-lo judicialmente. Diante das breves explanações sobre consórcio, entenda agora o conceito de Joint Venture. 151 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO 6.6 JOINT VENTURE A joint venture, assim como no consórcio, é um agrupamento de pessoas, de forma temporária, para um único projeto. No entanto, aqui o contrato pode ser expresso ou tácito, devendo haver divisão de débito, crédito e até mesmo de controle, além disso na joint venture deverá haver responsabilidade solidária entre as associadas. Tal qual o consórcio, a joint venture tem como objetivo a racionalização de esforços econômico-financeiros para assim aumentar o lucro de todas as partes envolvidas, bem como a competitividade mercantil (VENOSA; RODRIGUES, 2017). Apesar de na joint venture não ser obrigatória a celebração de contrato formal, não se pode dizer que não há responsabilidades, no entanto, quando há celebração contra- tual pode-se formar ou não uma nova personalidade jurídica para execução do proje- to pré-determinado. A joint venture pode ser efetivada por diversas vias como por meio de cisão, fusão, consórcio, bem como adquirindo participação acionária em outros empreendimen- tos, podendo abranger diversos modelos jurídicos, como nas holdings, pois depen- derá do arcabouço de negócio que será empreendido, e por isso qualquer modelo societário legal poderá usado. (FARIA) A joint venture poderá se constituir por diversos elementos, dentre eles tem-se: • Nas associações de cunho comercial, como as associações para repre- sentações, filiais comuns em países estrangeiros. • Na exploração de recursos naturais, como a mineração e a extração de petróleo. • Nas alianças empresariais. 152 DIREITO EMPRESARIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Ficou claro com esta unidade que os grupos societários são uma realidade em tempos de modernização exacerbada e, portanto, não há como fugir da sua existência, seja ela formal ou informal. Assim, o operador do direito deve ter uma maior cautela ao analisar as questões envolvendo os grupos de empresas, pois a regra é de que a sua existência não cria um novo ente independente, porém, os entes formadores dos grupos algumas vezes podem vir a perder sua capacidade de negociação própria, mantendo apenas de maneira formal a sua personalidade. Diante do estudo das relações societárias, percebe-se que esta é uma constituição societária voltada para os grandes negócios, bem como para a saúde econômica empresarial. Esclarece-se, portanto, que a nossa legislação atribui diversos direitos, obrigações e critérios rígidos para a formalização das relações societárias. 153 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO EMPRESARIAL SUMÁRIO REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. 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